Tricotilomania

Page 1

Tricotilomania As pessoas com tricotilomania arrancam os próprios cabelos ou pêlos, normalmente das sobrancelhas ou pestanas, mas podendo ser de qualquer parte do corpo. Esta perturbação pode surgir em qualquer idade mas parece ser mais frequente nas crianças, podendo ser temporária, pelo que só é considerada perturbação se durar vários meses. Algumas pessoas só arrancam os cabelos após eventos stressantes, podendo ter períodos longos em que a perturbação não se manifesta. Outras arrancam cabelos quando estão mais quietas, a ler ou ver televisão. A depressão, o stress e os estados ansiosos parecem ser factores desencadeantes, bem como falta de controlo sobre a actividade motora, mas não existem ainda estudos suficientes que demonstrem a existência de uma causa, mas o que é claro é que existe um distúrbio emocional profundo. A intensidade é variável mas a pessoa sente o impulso de arrancar os cabelos e não tem controlo sobre o mesmo. Imediatamente antes do acto de arrancar cabelos sente uma tensão crescente e tentar ignorar esse impulso aumenta ainda mais a tensão. O acto de arrancar os cabelos dá uma sensação de prazer intenso ou noutros casos de alívio que, no entanto, não dura mais que uns instantes. Na idade adulta, esta perturbação parece ser mais comum nas mulheres, no entanto, nas crianças a prevalência é semelhante. Quem sofre de tricotilomania pode também ter outros comportamentos associados a este, como mastigar ou comer os cabelos que arrancam, coçarse ou roer as unhas. Nas crianças é também comum arrancarem pêlos a animais de estimação ou peluches. A tricotilomania surge também associada a comportamentos de auto-mutilação, sejam impulsivos ou utilizados para disfarçar as zonas com menos pelos. Se não for excessivo, este comportamento passa despercebido, até porque geralmente as pessoas não arrancam os cabelos na presença de outros e tentam disfarçar apanhando o cabelo. No entanto quando é perceptível, as pessoas que sofrem desta perturbação sentem-se incompreendidas, são alvo de comentários reprovadores e, no caso das crianças, frequentemente gozadas. As próprias pessoas não sabem porque o fazem e sentem-se inibidas de falar com outros sobre esta situação que as incomoda. Esta perturbação afecta também a auto-estima, não só devido às alterações estéticas mas também pelo sentimento de impotência por não conseguirem controlar os impulsos de arrancar os cabelos e de não perceberem o que provoca esta vontade. A aparência e o sentimento de inadequação podem levar a comportamentos de evitamento e inibição em contextos sociais, o que, na idade adulta, prejudica também a vida profissional. Este acto não é fruto de um delírio ou alucinação nem um comportamentos obsessivo, é um impulso que as pessoas não conseguem controlar. As pessoas relatam frequentemente que não sabem porque o fazem mas não conseguem evitar, outras nem sequer se apercebem de que estão a arrancar os cabelos até alguém os alertar ou verem os cabelos nas mãos. A psicoterapia serve para perceber o que leva as pessoas a sentir o impulso de arrancar os cabelos para poderem diminui-lo, mas também é fundamental para lidar com as consequências da tricotilomania, sejam sociais, familiares ou emocionais. Com os familiares pode também ser feito um trabalho de esclarecimento para que possam lidar melhor com o impacto que a tricotilomania tem e para ajudarem a pessoa que sofre da perturbação. Autoria: Dra. Célia Brás - Psicologia - São João das Lampas



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.