A Arquitetura da Cenografia: a experiência na construção de um espetáculo

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A ARQUITETURA DA CENOGRAFIA

:

A EXPERIÊNCIA NA CONSTRUÇÃO DE UM ESPETÁCULO


ILUSTRAÇÃO: FABRIZIO LENCI


TRABALHO DE GRADUAÇÃO 2017 ESCOLA DA CIDADE

HELENA PERES CAIXETA SILVA

orientador

FABRIZIO LENCI


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AGRADECIMENTOS

aos amigos queridos da turma de 2011: Ana, Marina, Manuela, Luisa, Marília, Júlia, Ariel, Fernanda, Marcela, Rebeca, Roberto, Helena, Alessandra, Daniel, Laura, Cauê e Beatriz. às amigas companheiras da reta final: Olívia, Camila, Pini, Bidó e Laura. aos colegas de trabalho durante o estágio no escritório DGT Architects. Foram onze intensos meses de testes em maquetes de escala quase aproximada, trabalho fundamental para o desenvolvimento deste projeto de conclusão. aos funcionários da Escola da Cidade, pelo carinho. à Luna Foncesa, pela gentileza. à Camila Toledo, pelo convite. ao Breno, pelo entusiasmo. à tia Nely, pela escrita e música. aos meus pais, primos e irmãos, pelo incentivo. ao Paulo e Gabriel Pederneiras, pela aula sobre iluminação cênica. ao Renan, Frank e toda equipe do Corpo Molde, pela parceria. ao Willian Farias, Lucas Colen, Ellen Rodrigues, Gabriel Vianna, Laura Ayko, Luiz Gustavo e Mariá Marques, pela dança e força. ao Instituto Ana Rosa, pela oportunidade. ao Bio, por me introduzir às técnicas necessárias e me fazer perceber que insistência é perseverança quando se quer solucionar um problema. ao meu orientador Fabrizio, por não falhar em nenhum momento, sempre


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ÍNDICE INTRODUÇÃO AO TEMA A CENOGRAFIA DA DANÇA ILUMINAÇÃO COMO CENOGRAFIA MULTIMÍDIAS COMO CENOGRAFIA

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EXPERIÊNCIA NO ESTÚDIO VERTICAL

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O GRUPO CORPO NO TEATRO ALFA

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PARCERIA GRUPO CORPO MOLDE

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BAMBAQUERÊ

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BIBLIOGRAFIA

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INTRODUÇÃO AO TEMA

O objetivo da minha pesquisa de conclusão de curso foi entender o avanço da tecnologia aplicada à criação de espetáculos cenográficos, com foco em iluminação cênica e multimídias. Ilustro casos nos quais o roteiro se interliga à técnica, potencializando o conflito entre o corpo presente e a manifestação imaterial de sua imagem. Por meio dessa pesquisa, conheci o trabalho de vanguarda de Josef Svoboda e o conceito de polyekran, criado em Bruxelas na Expo 58. Pela primeira vez, posicionaram-se em palco oito projeções sincronizadas com música. Filmes e fotos formavam uma composição audiovisual sem performance ao vivo. Desde então, houve uma multiplicação e desenvolvimento das técnicas cenográficas ligadas à tecnologia. Algumas décadas depois, espetáculos como os criados pelos franceses da Cia. Adrien M. & Claire B. nos surpreendem pela construção de um cenário inteiramente virtual. Não há nada material além dos corpos no palco. A projeção mapeada junto a sensores de movimento se responsabiliza pelo resultado sedutor. A pesquisa foi se modificando ao logo do percurso, e os interesses foram se afunilando à medida que descobria todas as possibilidades que um cenário podia trazer a um espetáculo, sobretudo no caso da dança. Uma cenografia bem sucedida expande e potencializa a compreensão do movimento do corpo, ressalta traços, traz magia, amplia e reduz espaços e surpreende o espectador. Ora complementar, ora protagonista. No meio do processo, um elemento sobressaiu: a luz, seja ela produzida por um refletor ou por um projetor.

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Na dança, ela revelou-se o principal fator de construção cenográfica; é, ao mesmo tempo, simples e poderosa. Ela exige, no entanto, um domínio que vai além da teoria. Antes de lidar pela primeira vez com todas as possibilidades da luz em cena, busquei conhecer mais sobre técnica e suas aplicações práticas. Isso envolveu desempenhar tarefas simples, como soldar uma fita de LED e conectar um circuito DMX, até mapear e projetar a luz de um espetáculo de trinta e cinco minutos, meu maior desafio desse projeto. Neste livro, ilustro com detalhes todo o processo de construção do espetáculo BAMBAQUERÊ, coordenado por Renan Marangoni, diretor do grupo de dança contemporânea Corpo Molde, da Zona Sul de São Paulo. Na verdade, meu trabalho acabou não se resumindo à cenografia. Percebi que era impossível dissociar o cenário do seu contexto. Assim, o projeto de iluminação foi feito a partir da trilha sonora, concebida por Frank Van Garret, em cuja criação me envolvi com referências e sugestões. Ao cabo de quase sete meses o projeto foi concluído. Nesse período, fui responsável pela construção do cenário e montagem elétrica. Foram cinco apresentações em dois dias no auditório do Instituto Ana Rosa. Este livro e a apresentação do espetáculo compõem meu trabalho de conclusão de curso da Escola da Cidade.

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FOTO: HAUPT & BINDER

SEU CORPO NA OBRA - OLAFUR ELIASSON SESC POMPÉIA, 2011

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TRIZ - GRUPO CORPO

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FOTO: JOSÉ LUIZ PEDERNEIRAS


A CENOGRAFIA DA DANÇA 14

ILUMINAÇÃO COMO CENOGRAFIA

“Em uma série de espetáculos é possível possível notar que o espaço é pensado de forma geométrica, o movimento se faz percorrer linhas imaginárias. Em Benguelê, por exemplo, observa-se um espaço inteiramente recortado por faixas luminosas. A iluminação tem um papel tão importante quanto a música, e parece indicar o movimento. Já em 21 os bailarinos se movem no início como peças em um tabuleiro de xadrez. Aos poucos a grade é quebrada e o movimento tende a se tornar mais solto. A liberdade dos gestos, não obstante, surge a partir desse espaço ortogonal. Tudo parece se tornar caótico, mas aos poucos os bailarinos revelam uma singularidade gestual, semelhante ao movimento de um relógio, como se estivessem seguindo uma regra. Há uma tensão constante entre o indivíduo e o grupo, entre o singular e o plural; muitas


vezes um bailarino aparece remando contra a maré, ele se desgarra do grupo e passa a se movimentar na direção oposta. Mas um esforço harmônico logo recoloca as peças em seus devidos lugares. Somente ao final uma linha diagonal percorrida desafia o espaço previamente determinado. (...) Se no primeiro instante vemos um espaço recortado por planos, eles passam a interagir entre si, a ponto de amenizar o espaço gemométrico de sua composição. (...)”

Giannotti, Marco. Reflexões sobre O corpo e o espaço. Oito ou nove ensaios sobre o grupo Corpo, Inês Bogéa (org.) Cosac Naify, 15


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FOTO: JOSÉ LUIZ PEDERNEIRAS

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A CENOGRAFIA DA DANÇA

MULTIMÍDIAS COMO CENOGRAFIA

“O virtual é a única maneira de espessarmos o essencial do homem, sua essência, talvez: o imaginário. Ele é o manifesto no sentido etimológico de sua aparência, condição palpável. Virtual e real não deveriam portanto se opor, mas se complementar.”

ADRIEN M & CLAIRE B, La neige n’a pas de sens, LYON, FR: EDITIONS SUBJECTILES, 2016. 18


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EXPERIÊNCIA NO ESTÚDIO VERTICAL 22

Com o objetivo de entender tecnologia como TÉCNICA, ARTE E OFÍCIO, o trabalho no Estúdio Vertical foi calcado na construção de projeção mapeada. No início, envolveu uma breve pesquisa introdutória sobre o avanço e transformação das técnicas cenográficas. Abordamos desde questões acústicas e visibilidade, geometria e tipologia dos palcos, tecnologia náutica para desenvolvimento da cenografia até a luz como elemento cenográfico. Após uma aproximação do tema, procuramos aplicar a técnica de projeção mapeada baseada no trabalho do cenógrafo Philippe Decouflé. Buscamos entendê-la como um MODO DE FAZER e PENSAR simultâneos. Em um terceiro momento do trabalho, propomos um projeto de uma instalação cenográfica. No subsolo do edifício IAB, montamos um cubo com arestas de dois metros e o cobrimos com tecido branco. Dois projetores foram instalados, de forma que cada um deles mapeasse dois lados do cubo. Diferentes elementos interferem na construção de um projeto cenográfico. Tome-se o exemplo da triha sonora. No nosso caso, a narrativa que guiou o trabalho partiu do poema O menino que guardava água na peneira, do escritor Manoel de Barros. Os despropósitos imaginários de uma criança foram inspiração para se criar uma animação projetada no cubo. Pensou-se a


coreografia atrelada à criação do storyboard. A trilha sonora do compositor Nicolas Jarr complementou todo projeto de criação. As linhas projetadas seguem os movimentos do corpo da dançarina Luna Fonseca, que dança ao redor do cubo e reforça a idéia de “preencher vazios”, inspirada no poema. A projeção virtual foi instrumento essencial para realizar um cenário imaginado a partir de invenções de uma criança. Ao final da coreografia, surgem quatro projeções, cada uma em uma face, de uma série de vídeos do artista Francis Alÿs. Em Children’s Games, quatro crianças de diferentes partes do mundo apropriam-se do espaço para jogos e brincadeiras. O trabalho percorreu um caminho de intensa pesquisa de referências e destrinchamento de técnica de video mapping como cenário. O resultado obtido foi apresentado em vídeo na banca final do Estúdio Vertical, no primeiro semestre de 2017, constituindo-se o primeiro passo da minha pesquisa de conclusão de curso.

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Desenho da planta so subsolo do edifício IAB. Na imagem está representado o desenho do cubo e os cabos de energia e HDMI. A metragem dos cabos é essencial para qualquer projeto de projeção mapeada.

O ESPAÇO DANÇA A LUZ TRABALHO EM GRUPO COM RAFAELA CAMINHOLA, STEPHANIE LIMA, MATHEOS SCHNYDER E POL BARJAU. ORIENTADOR: EDUARDO GURIAN 24

DANÇARINA: LUNA FONSECA


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O GRUPO CORPO NO TEATRO ALFA

uma conversa com Paulo Pederneiras No mês de agosto, o Grupo Corpo apresentou no teatro Alfa, em São Paulo, seu novo espetáculo Gira. Como tradição do grupo, a apresentação dividiu-se em dois tempos. No primeiro, o espetáculo Bach, inspirado na música do compositor. Como definido pelo próprio grupo “(...) um jogo entre o que se ouve e o que se vê, onde o barroco de Bach e o barroco de Minas Gerais, no Brasil, se realizam como dança. A coreografia aspira ao que está acima, e a música, ao que está dentro das partituras de Bach e que Marco Antônio Guimarães, o compositor, nos ajuda a descobrir. Entre azuis, dourados e escuros, uma dança que celebra a arquitetura da vida: fluxo contínuo de onde emergem construções cinéticas surpreendentes”. O segundo tempo do espetáculo, Gira (2017), traz a temática da cultura afrobrasileira do candomblé, com trilha originalmente composta pelo grupo paulistano Metá Metá.

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Durante uma conversa sobre o trabalho do Corpo com a professora e arquiteta Camila Toledo, me surpreendi com um convite para que encontrasse o cenógrafo Paulo Pederneiras. Conhecê-lo e o ouvir descrever o processo de criação da iluminação cênica, foi essencial ao abrir novas possibilidades para minha pesquisa.


Nas conversas que tivemos, ele me disse que o guia principal da obra é a trilha sonora. Portanto, fica a cargo do compositar convidado o desenvolvimento da temática do espetáculo.

“Estou indo jantar com o Paulo hoje. Vem também.” Ao fim da conversa, Paulo me fez um convite: passar o dia seguinte acompanhando, no teatro Alfa, os bastidores de montagem e ensaios dos dançarinos. Hoje em dia, quem coordena e cria junto a Paulo é Gabriel Pederneiras, seu sobrinho. No dia seguite, ao meio dia, lá estava eu no Alfa. Gabriel, mesmo correndo com a montagem, me explicou sobre os equipamentos de iluminação do espetáculo Bach. Entendi o mecanismo do efeito de silhueta; a forma como os refletores iluminam os canos dourados dependurados nas varas de cenário e o papel essencial dos refletores laterais. Conheci o técnico diretor Claudio

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Gutierrez, que compõe a direção técnica do Teatro Alfa e ex-professor da Escola São Paulo de Teatro. Ele me explicou a função dos diferentes tipos de refletores, suas possibilidades de efeitos, o papel das gelatinas das cores, etc. Cláudio me deixou uma lição valiosa ao dizer que o trabalho de Paulo Pederneiras se distingue pela capacidade de atuar mais como um “eliminador” do que um iluminador. Só o que é essencial de luz permanece no palco. Naquele momento, aproximei-me pela primeira vez de fato do mundo da luz cênica e do teatro. Pude ver o espetáculo da cabine do iluminador, sem dúvida o melhor ângulo do lugar. Por fim, às 21 horas daquele dia, acabei assistindo novamente ao espetáculo Bach e Gira. Três dias depois, retornei ao Alfa para fotografar a troca de cenário e bastidores, como mostro nas páginas seguintes. Ao lado, um croqui feito por Paulo Pederneiras ao me explicar sobre o funcionamento dos equipamentos de luz usados pelo Grupo Corpo.

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FOTO: RENAN MARANGONI

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PARCERIA COM GRUPO CORPO MOLDE 40

O Grupo Corpo Molde nasceu em 2013 a partir da vontade do bailarino Renan Marangoni, morador da região do Campo Limpo, de criar um grupo para desenvolver pesquisas corporais e fomentar intercâmbios de estudos. O projeto sociocultural teve início a partir do momento em que outros jovens da região e da ONG Estrela Nova, onde o bailarino dava aulas, sentiram essa mesma necessidade de pesquisar o seu corpo através da dança. Conheci o trabalho do Estúdio Vertical em 2015. Nessa época, um grupo de colegas da Escola da Cidade participara de um projeto junto à Estrela Nova. Retomei o contato em junho deste ano, quando conversei com Renan sobre a possibilidade de criação de um espetáculo juntos. Manifestei o meu desejo de realizar o trabalho de conclusão do meu curso de Arquitetura com a construção de uma cenografia para dança. Conversamos sobre referências com entusiasmo que resultou num projeto de sete meses de duração.


PENSAR

FAZER

EXPERIÊNCIA

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FOTO: RENAN MARANGONI

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BAMBAQUERÊ

bambá substantivo masculino infrm. dança que acaba em confusão; bambaquerê.

O nome do espetáculo surgiu enquanto o projeto se desenrolava, após definição do tema e já com a trilha sonora em andamento. A palavra bambaquerê, de origem nigeriana, vem do Nagô Yorùbá. A sonoridade e o significado dialogam com a temática de jogos e brincadeiras de criança. Além disso, o título relacionase com a música de percussão corporal e coco de roda, uma herança africana que está presente no espetáculo.

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PROJEÇÃO

MAPPING

MATÉRIA

RÍTIMO

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DANÇA


LUZ

CENOGRAFIA

TEMA MÚSICA

COREOGRAFIA

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PROCESSO BAMBAQUERÊ 48

A ESCOLHA E DESENVOLVIMENTO DO TEMA

Sugerida pelos próprios dançarinos do Corpo Molde - Ellen, Gabriel, Laura, Luiz Gustavo, Mariá, Lucas e Willian -, a temática da infância foi ponto de partida para o desenvolvimento do espetáculo. Ao longo das discussões, das quais participaram também o coreógrafo Renan Marangoni e o compositor Frank van Garret, o tema enveredou para jogos e brincadeiras de criança, sons da infância e percussão corporal. A trilha iniciase com os sons ouvidos por um feto dentro da barriga de sua mãe. Em seguida, o mundo externo caótico é neutralizado com a entrada do Bolero de Ravel. As sequências foram nomeadas com jogos infantis: pega varetas, dança das cadeiras e duo de brincadeiras. A última música faz releitura da cantiga de roda Cirandeiro, reforçando o cenário infantil do espetáculo.


TEMA

INFÂNCIA

SONS DE CRIANÇAS

JOGOS E BRINCADEIRAS DE CRIANÇA

SONS DA INFÂNCIA 49


PROCESSO BAMBAQUERÊ

TEMA

MÚSICA

COREOGRAFIA

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CENOGRAFIA


SONS DA INFÂNCIA

PERCUSSÃO CORPORAL E INSTRUMENTAL + COCO DE RODA

DANÇA CONTEMPORÂNEA

LUZ E PROJEÇÕES

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PROCESSO BAMBAQUERÊ

A ESCOLHA DA CENOGRAFIA

Ao longo de seis anos na faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Escola da Cidade, pude conhecer o trabalho de alguns artistas que foram importantes para modificar minha percepção sobre como podemos interpretar, modificar e construir espaços com luz e sombra. Conheci Olafur Eliasson, Cruz Diez, James Turrel, Robert Wilson, Flávio Império e Paulo Pederneiras. Estes arquitetos e artistas foram importantes fontes de inspiração para o desenvolvimento da minha cenografia. Em um primeiro momento, pensou-se em montar um cenário apenas com projeções. Estudei o trabalho da Cia. de dança contemporânea Akram Khan e descobri o função do tecido de voil em seus cenários – perfeito pela sua capacidade de filtrar a luz e produzir um efeito de ilusão. Diante das limitações impostas pelo espaço à nossa disposição, sem falar nas restrições de orçamento e tempo disponíveis, o trabalho foi se modificando e adaptando-se às circunstâncias, sem, no entanto, perder a ideia principal. O estudo da luz em cena permaneceu, sendo desenvolvido do começo ao fim.

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PROCESSO BAMBAQUERÊ 54

O PALCO ITALIANO

O primeiro estudo em maquete foi feito a partir do desenho do palco italiano, pois se esperava obter um espaço neste formato para a apresentação do espetáculo. Tecidos de voil seriam dependurados nas varas de cenário, formando diferentes composições de profundidade. A iluminação foi pensada tanto para projetores quanto para refletores.


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PROCESSO BAMBAQUERÊ 56

ENSAIO FOTOGRÁFICO SENAC LAPA-SCIPIÃO

Em agosto aconteceram dois ensaios fotográficos com a turma de fotografia do Senac Lapa Scipião. Na disciplina foto espetáculo firmou-se uma parceria entre Renan Marangoni e as professoras Daniela Agostini e Aline Braga. Enquanto os alunos do Senac fotografavam estúdio, camarim e movimentos de dança, a equipe Corpo Molde recebia material de divulgação. Celebrada desde 2015, essa parceria já produziu sete ensaios fotográficos com o Corpo Molde. Para o ensaio do Bambaquerê, sugeri aos alunos de fotografia que pesquisassem o trabalho do artista americano James Turrel. O fundo infinito do estúdio serviu para um ensaio de silhuetas em tons de azul e roxo.


FOTO: FLORIAN HOLZHERR

Turrell cria uma experiencia similar ao“Ganzfeld”: palavra alemã para o definir o fenômeno de perda do senso de profundidade, intensamente explorada em seu trabalho.

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FOTOS: GRAZIELLE SOUSA, FABIANA GRIGONIS, JULIO ZERBATTO, JENNIFER FERREIRA, LUCIANA DO CARMO, MARGARETE JERÔNIMODOS SANTOS, BIANCA MAINO E ELIANE RAMALHO

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PROCESSO BAMBAQUERÊ

COREOGRAFIA E MÚSICA SE DIFININDO

Enquanto não se definia um lugar para a apresentação, a coreografia e trilha sonora iam ganhando corpo. Ao final, criamos nove sequências. A escolha da ordem de cada número foi feita a partir da análise da energia exigida por cada coreografia e música. Para uma apresentação coesa, deve-se mesclar as cenas que requerem mais energia com aquelas menos exigentes. Dessa forma, o espetáculo ganha o equilíbrio suficiente para prender a atenção do espectador. Os ensaios do espetáculo aconteciam aos sábados e domingos na Casa de Cultura do Campo Limpo. Durante alguns finais de semana, pude acompanhar o desenvolvimento das cenas e, ao mesmo tempo, defini detalhes do projeto com a equipe Corpo Molde.

-

SEQUÊNCIA 1

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+

SEQUÊNCIA 2

+-

SEQUÊNCIA 3

+

SEQUÊNCIA 4


FOTO: RENAN MARANGONI

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PROCESSO BAMBAQUERÊ

A ESCOLHA DE UM LUGAR - O INSTITUTO ANA ROSA

Após dois meses de busca por um auditório ou palco italiano, conseguimos firmar parceria com o Instituto Ana Rosa. A escolha do lugar finalmente definiu o projeto cenográfico. Os tecidos permaneceram, mas foram dispostos de maneira diferente do que havia sido pensado inicialmente. O formato do auditório também foi responsável pela alteração de parte da coreografia. O Instituto Ana Rosa, fundado em 1874, foi a primeira iniciativa particular de assistência social e formação profissional do Brasil. Desde sua fundação, é mantido pela Associação Barão de Souza Queiroz de Proteção à Infância e à Juventude.

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FOTOS: DANIEL DUCCI


PROCESSO BAMBAQUERÊ

PERCURSO DEFINIDO - 19 KM CENTRO - ZONA SUL

INSTITUTO ANA ROSA

VILA SÔNIA

TABOÃO DA SERRA

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CASA DE CULTURA DO CAMPO LIMPO


ESCOLA DA CIDADE

REPÚPLICA

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PROCESSO BAMBAQUERÊ

ANA ROSA EM PLANTA E CORTE

DEPÓSITO 01

S

100.10

DEPÓSITO 02 100.10

S

EXPOSITOR

*arquivos gentilmente cedidos pelo escritório de arquitetura Perkins+Wil . 68 S


foi decidido tornar o auditório um teatro de arena, com dois pontos de vista para o palco.

DEPÓSITO 01

S

DEPÓSITO 02

100.10

100.10

S

EXPOSITOR

S

S

S

DEPÓSITO 3

EXPOSITOR

espaço destinado para coxia dos dançarinos.

0

1,25

2,5

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5


PROCESSO BAMBAQUERÊ

ADAPTAÇÃO DA CENOGRAFIA

O formato do auditório exigiu que fossem tomadas novas decisões. A grelha metálica central serviu como espaço de definição do palco e estrutura de apoio ao cenário. A partir desse momento, o público poderia assistir ao espetáculo sob dois pontos de vista. Ao lado, os diagramas de estudo para definição da posição dos tecidos de voil.

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PROCESSO BAMBAQUERÊ 102.20

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MAIS ESTUDOS PARA O POSICIONAMENTO DOS TECIDOS DE VOIL


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PROCESSO BAMBAQUERÊ 74

MAQUETES DE ESTUDO

Ao lado, uma maquete escala 1:20 em que as ribaltas estão representadas por fitas de LED. E abaixo, outro modelo físico em escala 1:50 para estudo do posicionamento dos tecidos.


FOTOS: MANUELA LOURENÇO

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PROCESSO BAMBAQUERÊ

TÉCNICA

CONTEÚDO - AFTER EFFECTS_________________PERMANECE MAPPING - MAD MAPPER______________________PERMANECE REPRODUÇÃO - PROJETOR __________________ ALTERA PARA RIBALTA

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Animação da luz produzida no programa da Adobe After Effects.

Mad Mapper como o software de mapeamento escolhido para receber o arquivo produzido no After Effects.

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PROCESSO BAMBAQUERÊ

MONTAGEM

BORBOLETA

TECIDO DE VOIL

PESO DE MADEIRA

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A montagem do cenรกrio foi feita na marcenaria da Escola da Cidade, com ajuda do seu Ferreira.

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ESPETACULO

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FOTO: LUIZ CACACCI


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PROCESSO BAMBAQUERÊ O ESPETÁCULO


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PROCESSO BAMBAQUERÊ

MONTAGEM


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FOTO: LAIO ROCHA


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FOTO: LAIO ROCHA


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FOTO: LAIO ROCHA


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FOTO: LAIO ROCHA


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FOTO: LAIO ROCHA


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FOTO: LAIO ROCHA


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BIBLIOGRAFIA

-PARKER, W. Scene Design and Stage lighting. CALIFÓRNIA, WADSWORTH, 2003 -DUTRA, PEDRO. O iluminador. IPATINGA, EDITORA MÚSICA E TECNOLOGIA, 2012 -NAVAS, ADOLFO. Fotografia e Poesia (afinidades eletivas). SÃO PAULO, UBU, 2015 -KURASHIMA, TAKAHIRO. Poemotion 2. ZURICH, LARS MULLER PUBLISHERS, 2014 -ELIASSON, OLAFUR. Your Engagement has Consequences on the Relativity of your reality. BADEN, LARS MULLER PUBLISHERS, 2006 -KATZ, HELENA. O Brasil Descobre a Dança Descobre o Brasil. SÃO PAULO, DÓREA BOOLS AND ART, 1994 - GOVAN, MICHAEL. James Turrel. MUNICH, LACMA, 2009 - ELIASSON, OLAFUR. Take your time. GRYNSZTEJN, THAMES & HUDSON, 2008 - TÉLLEZ, GERMÁN. Escribir con luz. BOGOTÁ, UNIVERSIDA DE LOS ANDRES, 2012 -ELIASSON, OLAFUR. LOS MODELOS SON REALES. BARCELONA, EDITORIAL GUSTAVO GILLI, 2009 - GIL CAMARGO, ROBERTO. CONCEITO DE ILUMINAÇÃO CENICA. RIO DE JANEIRO, EDITORA MÚSICA E TECNOLOGIA LTDA, 2012

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TRABALHO DE GRADUAÇÃO 2017

ESCOLA DA CIDADE

HELENA PERES CAIXETA SILVA

orientador

FABRIZIO LENCI

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