Relatório do TCC: Livro infantil sobre o folclore brasileiro para crianças surdas

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Universidade Presbiteriana Mackenzie Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Curso de Design

Henrique Silva Conceição

Design Editorial:

Livro infantil sobre o folclore brasileiro para criança surdas

São Paulo 2017


Henrique Silva Conceição Design Editorial: Livro infantil sobre o folclore brasileiro para crianças surdas Trabalho de Conclusão de Curso – Relatório Científico apresentado à Universidade Presbiteriana Mackenzie, Curso Design, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Design Orientadora: Profª. Ms. Zuleica Schincariol Banca Examinadora _____________________________________________ Profª. Ms. Zuleica Schincariol Orientadora

_____________________________________________ Prof. Dra. Andrea de Souza Almeida UPM Design

_____________________________________________ Prof. Ms. Marcos A. Castanha Junior UPM Design


Agradecimentos Eu agradeço a Deus, aos meus pais por todo apoio, carinho e dedicação. Agradecimento especial a minha orientadora Zuleica Schinchariol por toda ajuda e paciência durante todo o projeto, agradeço também a todos os professores que ajudaram nestes anos da minha formação acadêmica, quero agradecer ao professor Pedro Figueiredo e ao interpréte Rony Carvalheiro da Escola Verbo em Movimento pela coparticipação neste trabalho, e agradeço aos meus amigos que me apoiaram ao longo do processo de criação e desenvolvimento deste projeto. Muito obrigado a todos vocês!


Resumo Este projeto tem por objetivo a criação de um livro infantil sobre o folclore brasileiro para crianças surdas. Este assunto é abordado através de pesquisas bibliográficas sobre o design editorial de livros infantis, as crianças surdas, as questões sociais e o folclore brasileiro, também são utilizadas as pesquisas de campo, entrevistas e análise de projetos similares que envolvam materiais destinados aos surdos. O foco é incentivar a criação de livros que sejam mais adequados aos surdos com articulação das linguagens visual, gesto visual (LIBRAS) e textual de forma colaborativa e que este projeto sirva como base para futuros trabalhos na área do Design Inclusivo. Palavras-Chave: Design Editorial - Livro Infantil - Folclore Brasileiro - Crianças Surdas - Questões Sociais


Sumário 1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------ 14 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 2.1 Metodologia de pesquisa aplicada ao projeto ----------------- 20 2.1.1 Ferramentas metodológicas de pesquisa ---------------------- 24 2.2 Metodologia para configuração do projeto --------------------- 38 2.2.1 Ferramentas utilizadas no processo de configuração do projeto -------------------------------------------------------- 40 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Design Editorial de Livros Infantis ---------------------------------- 50 3.2 Crianças Surdas ------------------------------------------------------------- 68 3.3 Questões Sociais ------------------------------------------------------------ 78 3.4 Folclore Brasileiro ----------------------------------------------------------- 86 3.5 Análise de Projetos Similares ------------------------------------------ 96 4. CONFIGURAÇÃO DO PROJETO 4.1 Condicionantes do projeto --------------------------------------------- 116 4.2 A lenda escolhida ---------------------------------------------------------- 118 4.2.1 Narrativa -------------------------------------------------------------------- 120 4.2 2 Concepção de personagens ---------------------------------------- 126

4.3 Projeto Gráfico ---------------------------------------------------------------- 156 4.3.1 Formato ---------------------------------------------------------------------- 156 4.3.2 Materiais -------------------------------------------------------------------- 162 4.3.3 Ilustrações ------------------------------------------------------------------ 164 4.3.4 Espelho ----------------------------------------------------------------------- 166 4.3.5 Tipografia ------------------------------------------------------------------- 170 4.3.6 Cores -------------------------------------------------------------------------- 176 4.3.7 Relação texto e imagem --------------------------------------------- 178 4.3.8 LIBRAS ---------------------------------------------------------------------- 180 5. PROJETO FINAL 5.1 Livro ------------------------------------------------------------------------------ 184 5.2 Memorial descritivo ------------------------------------------------------- 198 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ----------------------------------------------- 202 7. REFERÊNCIAS ----------------------------------------------------------------- 206


1. Introdução

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Ao levarmos em consideração a relevância de um projeto editorial de um livro, a importância da leitura no desenvolvimento da criança e a criação de livros para crianças surdas é bastante pertinente fazer um elo entre esses temas. Em livros infantis são encontradas as mais diversas experiências visuais e a construção destes também fogem dos padrões de livros comuns. Segundo Heller (1994) o principal ganho do mercado editorial infantil está na diversidade das publicações que vão desde as mais tecnológicas até as mais experimentais. As crianças adoram a interação com os livros seja a manipulação das páginas, as texturas, as brincadeiras contidas neles. Dondis (1997) defende que a informação visual pode ser percebida de muitas maneiras: A primeira experiência por que passa uma criança em seu processo de aprendizagem ocorre através da consciência tátil. Além desse conhecimento “manual”, o reconhecimento inclui o olfato, a audição e o paladar, num intenso e fecundo contato com o meio ambiente. Esses sentidos são rapidamente intensificados e superados pelo plano icônico – capacidade de ver, reconhecer e compreender termos visuais, as forças ambientais e emocionais (DONDIS, 1997, p.6).

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A literatura infantil é composta pela arte, o belo, estimula o gosto pela literatura, comunica e lida com a emoção das crianças, contribuindo na formação do ser humano. Segundo Lourenço Filho (1943) com base na psicologia, estas são sugestões de classificação dos livros de acordo com a faixa etária das crianças: a) álbuns de gravuras, coordenadas por um só motivo, ou não, com reduzido texto, ou ainda sem texto, para crianças de 4 a 6 anos; b) contos de fadas e narrativas simples (fábulas, apólogos) para crianças de 6 a 8 anos; c) narrativas de mais longo entrecho, para crianças de 8 a 10 anos; d) histórias de viagens e aventuras, para crianças de 10 a 12 anos; e) biografias romanceadas, idem. (LOURENÇOFILHO, 1943, p. 160).

O mercado editorial brasileiro está em expansão e as publicações de livros estão cada vez mais divididas em publicações físicas e digitais. Os escritores e editores necessitam focar em um nicho e falar com um público específico, atualmente é muito raro encontrar livros que atendam todos os gostos e também há uma busca maior por serviços personalizados e com públicos leitores bem definidos. Tendo como referência os levantamentos de literatura e campo e buscando atender as novas demandas do mercado editorial, o presente estudo tem como foco a criação de um livro infantil sobre o folclore brasileiro para crianças surdas. 15


A educação dos surdos é feita de uma forma mais complexa, eles fazem uso da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), a escolarização destes alunos tem demandado muitos estudos e apresenta vários desafios de aprendizagem. A literatura ajuda as crianças surdas na interação com outras pessoas, possibilita uma existência coletiva e o entendimento a si e ao outro. O folclore brasileiro está bastante presente nas escolas é conhecido como uma das mais antigas formas de manifestações das lendas populares brasileira. Pode ser dividido entre lendas e mitos.

Os objetivos gerais deste trabalho são: criar e desenvolver um projeto de um livro infantil para crianças surdas com a temática folclore brasileiro, compreender o universo das crianças surdas, proporcionar produtos mais adequados e incentivar a leitura. Dentre os objetivos específicos estão: construção de um livro ilustrado, interação entre o texto e a imagem, personagens que utilizam a LIBRAS, apresentação de uma lenda folclórica e criação de um projeto gráfico especialmente para os surdos.

As lendas são as estórias contadas pelas pessoas e que são transmitidas ao longo dos tempos e misturam fantasias com fatos históricos e reais. Os mitos são narrativas que possuem um forte componente simbólico e também servem como forma de passar conhecimentos a outras pessoas. Neste trabalho as lendas serão empregadas na construção do livro. A justificativa de escolha desse público leitor são as poucas publicações literárias nas editoras, em levantamentos nos sites das principais editoras e livrarias percebe-se um número muito pequeno de títulos, e a maioria são traduções de histórias de um público ouvinte, esse foi mais um motivo para a criação de um livro específico na literatura surda (uso da LIBRAS). O conhecimento e afinidade com o tema são fatores muito importantes e estes estudos também servirão como um incentivo na criação destes tipos de livros por outros designers. 16

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2. Procedimentos metodolรณgicos

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2.1 Metodologia de pesquisa aplicada ao projeto 1 - O levantamento de literaturas que trabalhassem com a temática foi realizado em campo e conhecendo profissionais da área. Segue um resumo de cada uma das referências principais: Elementos do design gráfico dentro do design editorial O livro “Sintaxe da linguagem visual”, ” da designer e professora Donis A. Dondi (2003) que ajuda no entendimento de como funciona o processo de aprendizagem visual e na construção dos elementos visuais do livro; “Guia de design editorial” de Timothy Samara (2011), que mostra os conceitos e as características do design aplicados nas publicações editoriais; “ O livro e o designer II” de Andrew Haslam, que descreve todos os processos e procedimentos importantes na criação dos livros. Design de livros infantis “Ilustração do livro infantil” de Luís Camargo (1995) explica como é a leitura das crianças e como deve ser construído os livros infantis; “Para ler o livro ilustrado” de Sophie Van der Linden (2011), mostra um panorama do mundo editorial com foco no livro infantis e faz também a análise crítica dos títulos.

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O universo infantil e a alfabetização das crianças surdas “A literatura infantil na escola” livro da professora Regina Zilberman, é fundamental para a compreensão de como funciona ao aprendizagem na escola e como os livros ajudam no seu desenvolvimento cognitivo; Os livros “Educação especial a educação dos surdos: Volumes I, II e III” de Giuseppe Rinaldi (1997) e Educação dos Surdos (2008) de Ronice Muller de Quadros, são imprescindíveis na compreensão de como funciona a alfabetização dos surdos e quais características devem estar presentes na criação de materiais desenvolvidos para este público especifico. A Linguagem LIBRAS O “Livro ilustrado de língua brasileira de sinais” (2014) das professoras Márcia Honora Lopes e Mary Lopes Esteves Frizanco, descreve a história, as leis e as forma de uso da língua de sinais, portanto é de extrema importância no entendimento da LIBRAS. “Atividades Ilustradas em Sinais da Libras” de Elizabeth Crepaldi Almeida e Patrícia Moreira Duarte, mostras algumas atividades lúdicas e os principais símbolos utilizados na língua brasileira de sinais.

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O folclore brasileiro

3 - Escolha da lenda do folclore brasileiro

“Abece do folclore “ de Rossini Lima (1972), e “Apontamentos do folclore de Frederico Eldeweiss, mostram as origens históricas do folclore brasileiro, lendas, danças e festas folclóricas e desenvolvem desta forma a compreensão do que são e como as pessoas contam as lendas folclóricas; As obras de Monteiro Lobato também têm um papel fundamental na compreensão do universo infantil, do folclore e como as lendas são representadas nos livros infantis.

Na criação e desenvolvimento do livro foi necessária uma pesquisa sobre o folclore utilizando os seguintes processos: Levantamento das principais lendas do folclore brasileiro; Definição da lenda a ser utilizada na história do livro de acordo com os estudos feitos sobre os surdos.

2 - Análise de projetos referenciais: Algumas obras foram levantadas para direção do projeto e estas apresentam as seguintes características e requisitos: Livros infantis para crianças surdas (LIBRAS + Língua portuguesa); Livros infantis para crianças ouvintes (Língua portuguesa); Livros infantis para crianças surdas que utilizam a língua escrita de sinais “Signwriting” (LIBRAS + Língua portuguesa + Signwriting); Publicações sobre o folclore brasileiro; Ilustrações do Tikinho (ilustrador surdo); Contação de histórias em vídeo com o uso da LIBRAS.

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• Cultura Surda

2.1.1 Ferramentas métodologicas de pesquisa

https://culturasurda.net/

Pesquisa Desk Pesquisas em web sites, blogs e artigos sobre os Surdos, publicações, vídeos e todos os tipos de materiais desenvolvidos para a comunidade surda dentre os quais se destacam: Figura 2: Cultura Surda Fonte: Site Cultura Surda, 2017.

• INES http://www.ines.gov.br

Figura 1: NES Fonte: Site do INES, 2017.

• Editora Arara Azul

O Instituto Nacional de Educação de Surdos, localizado no Rio de Janeiro, atende alunos da Educação Infantil ate o Ensino Médio, possui também ensino profissionalizante e estágios que ajudam os surdos a ingressarem no mercado de trabalho e também apoiam o ensino e pesquisa de novas metologias. O acesso a site possibilitou o conhecimento de alguns materiais e apostilas sobre os surdos e a LIBRAS.

http://editora-arara-azul.com.br

Figura3: Editora Arara Azul Fonte: Site da editora, 2017.

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Blog dedicado a todas produções produções culturais relacionadas as comunidades surdas de diferentes países do mundo. Artes plásticas literatura, teatro, filmes, curtas, projetos, músicas em línguas gestuais: as culturas surdas em exibição. Uma observação muito importante é que este site também mostra trabalhos desenvolvidos pelos Surdos.

Editora responsável pela produção de materiais e serviços tendo como público alvo pessoas surdas e profissionais que atuam na área da surdez, também incentiva estudos e pesquisas produzidos por surdos e para os surdos. Esta editora foi uma das poucas que possuemlivros infantis para surdos, nos site de grandes livrarias, os livros que são encontrados são sobre a surdez faltam livros sobre a literatura surda e também seções dedicadas as crianças surdas. 25


Figura 4: Reportagem Fonte: Site da G1, 2017.

Figura 5: Design Culture Fonte: Site do Design Culture, 2017.

• Design Culture, artigo sobre o “Design Inclusivo” • Reportagem do site G1 de Minas Gerais: “Literatura em Libras estimula inclusão e desenvolvimento de crianças surdas” http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2011/10/literatura-em-librasestimula-inclusao-e-desenvolvimento-de-criancas-surdas.html Essa reportagem mostra como as hístórias impressas ajudam no desenvolvimento da criança, melhoram o relacionamento na família e na escola e como o processo de leitura ajuda odesenvolvimento e aprendizagem das crianças. O acesso a essas informações, foi exatamente de encontro aos objetivos deste trabalho que são: compreender ao universo dos surdos, melhorara a qualidade dos livros oferecidos aos surdos e incentivar a leitura, portanto isto demonstra o quanto a literatura é importante para a comunidade surda. 26

http://designculture.com.br/design-inclusivo/ Site com artigos e diversas dicas sobre Design, criatividade e comunicação. O artigo publicado descreve o sobre os produtos e serviços dedicados as pessoas que possuam alguma deficiência, Cruz define o Design Inclusivo da seguinte forma: “(…) o design inclusivo passa pela criação de produtos para um público com características limitadoras, que necessita de equipamentos que atenuem limitações e permita maximizar a sua integração nasatividades diárias.” (CRUZ, 2010, p.5).

O acesso a este e a outros artigos do Designer Islard Rocha formado na UniversidadeFederal da Paraíba, possibilitou a compreensão do contexto no qual este trabalho está inserido que é o Design Inclusivo. 27


Painéis semânticos sobre a surdez

Figura 6: Painel semântico sobre a surdez Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura 7: Painel semântico sobre a surdez Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Pesquisa de Campo Escola verbo em movimento Figura 8: Escola Verbo em Movimento Fonte: Site da escola, 2017.

Figura 9: Escola Verbo em Movimento Fonte: Site da escola, 2017.

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Visita na escola de surdos localizada no centro de São Paulo, esta escola possui atividade profissional nas áreas do ensino da Língua de Sinais Brasileira - Libras, por meio de cursos, interpretações, palestras de sensibilização e acessibilidade em órgãos públicos e privados por meio de cursos, interpretações e palestras de sensibilização e aulas particulares.

Figura 10: Escola Verbo em Movimento Fonte: Site da escola, 2017.

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Informações com pessoas especializadas em LIBRAS e educação dos Surdos

Desde o começo do desenvolvimento deste trabalho a principal aspecto levado em consideração é encontrar pessoas e materiais ligados diretamente com os surdos, um exemplo disto foi uso do livro “Educação de surdos” da professora Ronice Muller de Quadros, que é filha de pais surdos. Estas são pessoas que foram consultadas e que estão contribuindo neste processo de desenvolvimento do trabalho:

Professor Pedro Figueiredo, formado em Pedagogia, leciona na Escola Verbo em movimento e é surdo, com o professor foi possível obter conhecer mais informações sobre os surdos e este também fez indicações de livros entre eles: “Livro ilustrado de língua brasileira de sinais” (2014) das professoras Márcia Honora Lopes e Mary Lopes Esteves Frizanco, que contrbuiu bastante na comprensão da LIBRAS.

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Professora Débora Rodrigues Moura, licenciada em Pedagogia, com especialização em surdez e Mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com pesquisa ligada ao ensino de Língua Portuguesa para Surdos, lecionou na Universidade Presbiteriana Mackenzie com disciplinas ligadas a surdez, educação e alteridade e ao ensino de LIBRAS em diversos cursos de graduação que envolvem licenciaturas e também em cursos Pós Graduação. O marido da professsora é surdo e trabalha com educação, os livros indicados pela professora foram: “Vendo vozes” de Oliver Sacks e um livro dela mesma chamado “Libras e Leitura de Língua portuguesa para surdos”.

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Entrevista Principais pontos da entrevista com o professor surdo Pedro Figueiredo com o auxílio do instrutor e interpréte de LIBRAS Rony Carvalheiro • Contato dos surdos como SignWriting: O “SignWriting é a Libras na forma escrita, é utilizado em alguns livros infantis para surdos. Na entrevista o professor Pedro comentou que muitas crianças ainda desconhecem o SignWriting, portanto a melhor forma de criação do livro é representar nas imagens os simbolos feitos com as mãos utilizando a LIBRAS. • Falta de livros direcionado aos surdos: Na conversa com o professor, ele confirmou a falta de livros impressos direcionados surdos que foi observada desde a pesquisa desk, e disse que o livro sobre o folclore brasileiro é muito interessante no aprendizado das crianças surdas. • Cultura brasileira: O professor comenta como também faltam materiais sobre a cultura do Brasil e as dificuldades que os surdos tem em entender algumas adaptações. • Acessibilidade: Este foi um ponto bastante discutido na entrevista, o pouco acesso que os surdos tem a materiais principalmente ligado a área da saúde e educação. 34

• Reatech: É uma feira que ocorre em São Paulo sobre as novas tecnologias utilizadas para pessoas que tenham necessidades especiais. • Informação: Como as informações chegam para os surdos, o professor comentou que apesar da preocupação das pessoas, algumas vezes as informações são traduzidas de formas confusas. • Imagem e Figura: Nos livros direcionados aos surdos, professor falou que a imagem e a figura são muito importantes, principalmente nas publicações destinadas as crianças. • Faixa etária a ser produzido o livro: Com relação a faixa etária do livro sobre o folclore brasileiro, o professor comentou que pode ser feito para crianças de 6 a 10 anos, que já compreendem muito significados e também passa pela fase de alfabetização e letramento. • Palestras e os surdos estrangeiros: O professor disse que no Brasil nas palestras dos surdos, cada surdo quando vai dar sua opinião tem que ser direcionado ao palco, fazer os gestos em LIBRAS e depois direcionado ao lugar onde estava, isto para cada pessoa, ele comentou que é um processo muito demorado e nas palestras que ocorrem em outros países, tem uma câmera que foca no rosto e é a imagem passa para os telões então do lugar dele mesmo o surdo pode expressar a sua opinião

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• LIBRAS: Os professor comentou alguns dos principais aspectos encontrados na LIBRAS, além dos sinais a expressão e entonação é muito importante para os surdos. • Família: Este ponto também foi discutido, ele comentou sobre como é a relação do surdo que nasce em famílias de ouvintes e também que as crianças muitaz vezes só tem a possiblidade de treinar a LIBRAS nas escolas mitas ou especializadas em surdos. • Surdos contam estórias: Ele comentou como as estórias contadas pelos surdos e sobre os surdos,e também muitas vezes faltam o registro desas estórias para serem estudadas e aprendidas. • Idade dos surdos: Os surdos aprendem bastante com os surdos mais velhos, devido as suas experiencias de vida em tudos que eles foram enfrentando na sociedade. • Empatia com o o surdo: Nos trabalhas desenvolvidos par os surdos é necessário que as pessoas possuam empatia ou seja se colocar no lugar dos surdos.

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2.2 Metodologia de pesquisa aplicada ao projeto • Análise da lenda selecionada do folclore brasileiro; • Estudos sobre as possíveis ilustrações utilizadas nos livros e como demonstrar o uso da LIBRAS no livro; • Criação de um roteiro para um livro que motive as crianças surdas a conhecerem sobre o folclore brasileiro; • Na história mostrar o convívio, amizade e o respeito entre uma criança ouvinte e uma criança surda; • Estudos sobre o formato do livro e materiais a serem utilizados na sua confecção; • Desenvolvimento do livro com acompanhamento de um professor surdo; • Estudos e testes de tipografia e cores; • Testes de Diagramação; • Impressão de mock-ups; • Boneco final; • Apresentação. 38

Figura 11: Menino surdo Fonte: iStock, 2017.

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2.2.1 Ferramentas utilizadas na configuração do projeto Painéis semânticos sobre os formatos de livros

Figura 12: Painel semântico sobre os formatos dos livros Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura 13: Painel semântico sobre os formatos dos livros Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Painéis semânticos sobre ilustrações

Figura 14: Painel semântico sobre ilustrações Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura 15: Painel semântico sobre ilustrações Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Painéis semânticos sobre publicações com o Saci-Pererê

Figura 16: Painel semântico sobre publicações com o Saci-Pererê Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura 17: Painel semântico sobre publicações com o Saci-Pererê Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Pesquisa de campo na Biblioteca Monteiro Lobato

Figura 20: Fotos da Biblioteca Monteiro Lobato Fonte: Elaborado pelo prรณprio autor.

Figura 21: Fotos da Biblioteca Monteiro Lobato Fonte: Elaborado pelo prรณprio autor.

Figura 18: Fotos da Biblioteca Monteiro Lobato Fonte: Elaborado pelo prรณprio autor.

Figura 19: Fotos da Biblioteca Monteiro Lobato Fonte: Elaborado pelo prรณprio autor.

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Figura 22: Fotos da Biblioteca Monteiro Lobato Fonte: Elaborado pelo prรณprio autor.

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3. Fundamentação Teórica

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3.1 Design Editorial de Livros Infantis Panorama sobre design editorial Os livros são uma das formas mais antigas de documentação, eles registram as ideias, as crenças de um povo e os seus conhecimentos, a história dos livros está ligada a história da humanidade, e na sua criação estão ligados alguns aspectos: os seus componentes físicos, as suas formas de construção e as funções na indústria editorial relacionadas à venda, consumo e os meios de divulgação dos livros. De acordo com Andrew Haslam (2000) na sua história os primeiros tipógrafos são os que tinham a responsabilidade de fazer a composição e criação das páginas, e também criavam as suas versões, com as produções de livros, a produção de linguagem foi industrializada, estes métodos de impressão tornaram-se bem mais rápidos que as cópias caligráficas e também se tornaram mais viáveis e disponíveis a todos. Atualmente existem muitas definições sobre o livro, muitos dicionários abordam e interpretam à sua maneira os conceitos relacionados ao livro e suas funções na sociedade, segundo Andrew Haslam (2000, p.58) o livro é “... um suporte portátil que consiste de uma série de páginas impressas e encadernadas que preserva, anuncia, expõe e transmite conhecimento ao público, ao longo do tempo e do espaço”. 50

O mercado editorial nos tempos atuais envolve uma grande quantidade de dinheiro, são atividades muito lucrativas e o número de livros que são impressos aumenta cada vez mais ao longo dos anos, mesmo com o uso da ISBN que é responsável pelo monitoramento e codificação dos livros, alguns faltam ser catalogados o que aumenta bastante essa quantidade. A produção de livros possibilitou um conhecimento muito grande, existem muitas bibliotecas localizadas em vários países, com a criação da tecnologia digital e da internet foram revolucionadas a escrita, venda e a distribuição dos livros e com todo o uso desta nova tecnologia, em vez destes serem substituídos, eles continuam a ser produzidos e possuem altos números de vendas. A informação está sempre em expansão e mesmo com as novas formas de leitura, muitas pessoas ainda preferem os livros tradicionais, muitos consideram bem mais confortáveis e agradáveis de ler do que os que são apresentados na tela, estes fatores observados contribuem bastante para o aumento da produção de livros. Os livros mudaram bastante o desenvolvimento cultural, intelectual e econômico da sociedade, os conhecimentos e visões de vários autores puderam ser conhecidos por muitas pessoas, o acesso a essas obras aumentou o interesse das pessoas pela leitura, até daquelas que estão mais afastadas dos grandes centros urbanos. 51


São muitos os profissionais que estão envolvidos na criação de um livro, as indústrias possuem alguns caminhos básicos a serem seguidos, cada um dos envolvidos exercem funções específicas na produção destes livros e em alguns casos estas funções podem ter uma variação entre as editoras. Design de Livros Infantis O livro ilustrado que é inicialmente destinado aos mais jovens, se torna uma forma de expressão, os leitores se entretêm em cada página, prestam atenção aos efeitos da diagramação utilizada no livro, as notáveis imagens e suas narrativas, seus leitores descobrem e impressionam- se com a relação entre o texto e imagem. Segundo Sophie Van der Linden (2011): Quando as imagens propõem uma significação articulada com a do texto, ou seja, não são redundantes à narrativa, a leitura do livro ilustrado solicita apreensão conjunta daquilo que escrito e daquilo que é mostrado”. (LINDEN, 2011, p. 8).

As imagens no livro ilustrado possuem um papel muito importante, da mesma forma que o texto possui seus códigos e sua interpretação. Ao longo da evolução histórica a imagem foi ganhando um espaço importante, são utilizados uma variedade muito grande de estilos e os ilustradores sempre pensam nas

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mais diversas possibilidades na sua construção e uma diversidade muito grande de técnicas são utilizadas. De acordo com Linden (2011) o livro infantil vai muito mais além do que simplesmente ler o texto e a imagem, é necessário também observar como são feitos os enquadramentos, o formato nos quais os livros são feitos, ordem da leitura nas páginas e a relação entre a capa e seu conteúdo. O termo livro ilustrado em alguns países recebe outros nomes como por exemplo “álbum ilustrado”, em seu livro a autora Linden (2011) usa a seguinte definição: Livros ilustrados Obras em que a imagem é espacialmente preponderante em relação ao texto, que aliás pode estar ausente [é então chamado, no Brasil, de livro-imagem]. A narrativa se faz de maneira articulada entre texto e imagens. (LINDEN, 2011, p. 24).

Alguns dos livros ilustrados desenvolvidos para crianças são feitos por designers, fotógrafos, pintores e em alguns casos estes objetos são considerados estranhos ou diferentes pelos adultos, que muitas vezes custam a acreditar que estas obras foram feitas especificamente para crianças, quando na verdade foram muito bem elaborados estudados por seus autores.

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Sobre a questão do gênero nos livros ilustrados Linden (2011) comenta que dentro dos livros ilustrados infantis podemos encontrar os variados gêneros da literatura em geral, dentre eles podem estar desde histórias policiais, poesias até os famosos contos de fadas. Em seu livro a autora demonstra que os livros ilustrados são uma forma de expressão, que vão muito além da simples diagramação de textos e imagem em um livro. Os livros ilustrados são muitas vezes desenvolvidos levando em consideração os mediadores, ou seja, as pessoas que lerão os livros para as crianças, em alguns casos as crianças estão na fase de alfabetização ainda sentem problemas na questão da leitura, portanto precisam dos adultos que em muitas vezes leem os livros para eles em voz alta. São também os adultos que comprarão estes livros, então criadores e editores possuem dois destinatários: os adultos e seu público principal que são as crianças. As imagens nos livros ilustrados são elaboradas em um processo longo de estudos e são feitas em várias etapas de produção que tiveram que ser cumpridas até a criação daquela ilustração. Na criação dos livros ilustrados o papel dos intermediários, sejam eles diretores de arte, fotógrafos ou designers, é primordial porque são eles que escolherão as imagens, a tipografia, a diagramação, deles dependem os resultados que serão alcançados com os livros.

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Sobre o texto no livro ilustrado Linden (2011) comenta que é um pouco complicado fazer comparações entre as poucas palavras que aparecem nos livros infantis e os grandes textos dos livros de leitores fluentes, só o que os textos nos livros infantis apresentam algumas características importantes: os textos devem ser breves já que a imagem será preponderante nas páginas duplas e o tamanho do corpo utilizado nos textos geralmente é maior porque é destinado a leitores iniciantes. Com relação ao uso do texto e a imagem na diagramação: No livro ilustrado, a diagramação é trabalhada no intuito de articular formalmente o texto com as imagens. Assim os textos dependem do suporte, do tamanho das imagens, e em geral devem acompanhá-las tanto quanto possível. (LINDEN, 2011, p.47).

Com relação ao formato dos livros ilustrados, estes apresentam uma grande variedade, a própria organização das mensagens na página dupla e o tamanho e localização de cada uma das imagens também vão depender da própria dimensão do livro, desta forma o formato do livro se torna uma forma de expressão porque do mesmo jeito que um pintor escolhe um formato de tela para criar sua obra, o criador do livro ilustrado compõe em função do formato do livro.

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O formato também abrange a questão do tamanho do livro. Os manuais de diagramação distinguem em três categorias de tamanho em função da mão do leitor: livros que abertos são segurados facilmente com uma mão, como os de bolso; livros que podem ser pegos com uma mão quando fechado, mas que seguramos com as duas durante leitura; livros que pegamos com as duas mãos e devem ser lidos com algum suporte. Essa distinção permite determinar espaços e margens que devem ser reservados para as mãos do leitor. (Linden, 2011, p. 55).

Um fator importante na construção do livro é a capa, é por meio dela que o leitor terá seu primeiro contato com o livro, a capa passa algumas informações sobre o tipo de ilustração, o discurso e provoca no leitor uma expectativa sobre o livro ilustrado. A narrativa do livro ilustrado depende bastante da relação entre o texto e a imagem, em alguns casos eles se ignoram ou se complementam, estão presentes no mesmo espaço que é o da página dupla. LINDEN (2011) descreve em seu livro que as relações do texto e imagem de acordo com a narrativa do livro pode ser de redundância caso o texto e a imagem tratem exatamente da mesma coisa, relação de colaboração quando o texto complementa o que está sendo visto na imagem e pode ser também de disjunção, caso um pouco mais raro em que texto e imagem tratam de coisas completamente diferentes, pode gerar algumas intepretações bem interessantes da narrativa do livro. 56

A própria função do texto e a imagem em um livro ilustrado seguem uma organização, ou seja, deve-se conhecer qual deles tem prioridade naquela página dupla que faz parte da narrativa: Cada obra propõe um início de leitura quer ele por meio do texto, quer da imagem, e tanto um como outro pode sustentar majoritariamente a narrativa. Se o texto é lido antes da imagem e é o principal veiculador da história, ele é percebido como prioritário. A imagem aprendida em um segundo momento, pode confirmar ou modificar a mensagem oferecida pelo texto. Inversamente, a imagem pode ser preponderante no âmbito espacial e semântico, e o texto ser lido num segundo momento. (LINDEN, 2011, p. 122).

Na criação do livro devemos considerar um aspecto importante: o enquadramento que será utilizado nas ilustrações, ele que vai ditar a percepção do leitor, qual parte de uma certa situação da narrativa é importante, e também gerar expectativas e surpresa no leitor. A cada virada de página o leitor se sente cada vez mais envolvido com a narrativa e com as situações que estão sendo vividas pelos personagens. A passagem de tempo também é um assunto que deve ser cuidadosamente criado no livro ilustrado, como os leitores perceberão a passagem de tempo seja ele no cenário ou na idade do próprio personagem, quais características estarão presentes, por exemplo caso o personagem esteja correndo, as 57


causas disto e de que forma passar isso para o leitor de forma que ele se identifique com a narrativa, estas representações são primordiais na construção dos livros. A própria função do texto e a imagem em um livro ilustrado seguem uma organização, ou seja, deve-se conhecer qual deles tem prioridade naquela página dupla que faz parte da narrativa: Cada obra propõe um início de leitura quer ele por meio do texto, quer da imagem, e tanto um como outro pode sustentar majoritariamente a narrativa. Se o texto é lido antes da imagem e é o principal veiculador da história, ele é percebido como prioritário. A imagem aprendida em um segundo momento, pode confirmar ou modificar a mensagem oferecida pelo texto. Inversamente, a imagem pode ser preponderante no âmbito espacial e semântico, e o texto ser lido num segundo momento. (LINDEN, 2011, p. 122).

Na criação do livro devemos considerar um aspecto importante: o enquadramento que será utilizado nas ilustrações, ele que vai ditar a percepção do leitor, qual parte de uma certa situação da narrativa é importante, e também gerar expectativas e surpresa no leitor. A cada virada de página o leitor se sente cada vez mais envolvido com a narrativa e com as situações que estão sendo vividas pelos personagens.

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A passagem de tempo também é um assunto que deve ser cuidadosamente criado no livro ilustrado, como os leitores perceberão a passagem de tempo seja ele no cenário ou na idade do próprio personagem, quais características estarão presentes, por exemplo caso o personagem esteja correndo, as causas disto e de que forma passar isso para o leitor de forma que ele se identifique com a narrativa, estas representações são primordiais na construção dos livros. Livro Infantil: Alfabetização e leitura na escola A literatura infantil é muito importante para o desenvolvimento dos pequenos leitores, ela proporciona uma rica contribuição em seu aprendizado e forma um futuro cidadão, a utilização dos livros na educação nos faz questionar como os livros considerados de poesia ou ficção estão sendo utilizados nas escolas que muitas vezes priorizam o uso de livros didáticos. Os livros de ficção devem ser utilizados também como forma de aquisição de conhecimento e ampliam as possibilidades cognitivas dos leitores. O escritor Ricardo Azevedo (2010) questiona nosso atual sistema de educação: Ocorre que a educação tende a expressar o sistema cultural oficial e este, o que domina nosso tempo, é essencialmente técnico. Ou seja, privilegia informações técnicas e objetivas em detrimento das questões humanas, subjetivas e inerentes à sociabilidade. (AZEVEDO, 2010. p. 4). 59


As escolas assumem um papel importante no desenvolvimento dos alunos, ao mesmo tempo que elas ensinam os conceitos para as crianças, aos poucos vão conduzi-las ao mundo adulto, a literatura contribui bastante nesta formação da criança. Segundo a professora Regina Zilberman (2005): Preservar as relações entre a literatura e a escola, ou o uso do livro em sala de aula, decorre de ambas compartilharem um aspecto em comum: a natureza formativa. De fato, tanto a obra de ficção como a instituição de ensino estão voltadas à formação do indivíduo ao qual se dirigem. (ZILBERMAN, 2005, p. 25).

A literatura tem alguns pontos que se encontram entre a ficção e o que o leitor convive diariamente, desta forma apesar de algumas obras possuírem uma grande diferença da época que foram escritas com os dias atuais, elas ainda são muito lidas porque conseguem manter este diálogo com os leitores. A professora Zilberman (2005) afirma que os professores devem se atentar ao fato muito importante que é a escolha dos textos ou de obras adequadas aos alunos, valorizando a literatura e os benefícios proporcionados e destacar a importância que esta possui em sua formação. Os livros infantis são muitas vezes categorizados por faixas etárias, Lourenço Filho (1943) inclusive sugere alguns temas de 60

livros que de acordo com a psicologia podem ser utilizados em cada idade. Ricardo Azevedo (2010) questiona esta classificação que desconsidera as experiências de vida, crenças, questões morais, singularidades e diversas culturas entre outras características, ou seja, crianças que possuem a mesma idade são diferentes e isto deve ser considerado na indicação dos livros, ele ainda reforça a diferença do livro didático e do livro de ficção neste processo: Creio que enquanto os livros técnicos e didáticos reforçam a diferença entre as faixas de idade, afinal, são divididos em graus de conhecimento, os livros de ficção e poesia, muitas vezes, fazem o oposto: tratam de temas capazes de gerar identificação em todos os seres humanos. (AZEVEDO, 2010. p. 6).

Do contexto entre o mundo que está sendo apresentado na obra e a vivencia da criança surge a relação do leitor com a obra, o aluno consegue entender muitas situações da realidade por meio da obra de ficção que apresenta os subsídios necessários a compreensão utilizando linguagens simbólicas. O conhecimento adquirido com o livro deve ampliar as possibilidades do aluno, de acordo com a professora Zilberman (2005) este também deve proporcionar mais de uma mensagem, ou seja, o aluno deve fazer a sua interpretação da situação demonstrada na obra e relacionar com as coisas pelas quais ele passa em seu dia a dia, convivendo na sociedade. 61


Sobre os livros de literatura, Azevedo (2010, p. 9) escreve que “... são sempre textos de ficção e poesia (ou seja, não abordam fatos concretos, mas sim realidades inventadas);“ devido a este fato estes livros são muitos desprezados porque estamos sempre condicionados a valorização da informação e a técnica, só que Mikhail Bakhtin e outros autores afirmam que a ficção é uma forma de experimentar a verdade e que pode tratar de assuntos importantes e verdadeiros. A literatura proporciona aos alunos o complemento da alfabetização e compreensão dos códigos utilizados na leitura. Os livros devem despertar nos estudantes a curiosidade e os questionamentos acerca dos assuntos contidos nas obras, isso refere-se a sua emancipação pessoal, em como ele compreende a comunidade em torno dele e inclusive gerando ideias e soluções para os problemas da nossa sociedade e também deles. Os livros de literatura compartilham emoções e eventos humanos, Azevedo (2010) os descreve como sendo discussões subjetivas e como tal possibilitam múltiplas interpretações e este é o fato que os tornam importantes para o aprendizado, os livros podem ainda inventar e brincar com as palavras, servem como estímulo a imaginação e processo criativo das crianças:

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... o discurso poético, o texto literário por definição, pode e deve ser subjetivo; pode inventar palavras; pode transgredir as normas oficiais da Língua; pode criar ritmos inesperados e explorar sonoridades entre palavras; pode brincar com trocadilhos e duplos sentidos; pode recorrer a metáforas, metonímias, sinédoques e ironias; pode ser simbólico; ... (AZEVEDO, 2010, p. 3).

A literatura oferece amplas possibilidades criativas sendo obra de ficção e levando em consideração o mundo das crianças, esta também representa uma parte do funcionamento da realidade, Zilberman (2005) menciona que por meio dos seus significados e comparações, demonstra também os confrontos entre a criança e realidade adulta. Desta forma conseguem alcançar níveis de compreensão muito maiores que os conceitos mostrados pelos adultos na sua família ou até mesmo nas escolas. Na produção dos livros infantis, devemos procurar conhecer as formas e características presentes neste tipo de produção literária, buscar uma compreensão deste público, lembrando que existem pais e professores que estão sempre se preocupando e indicando o que é melhor para eles só que também deve ser feita uma análise pela perspectiva da criança e ter empatia, tentar se colocar no lugar dela e imaginar como ele recebe estas informações.

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Segundo a professora Zilberman (2005): A desigualdade entre o emissor e o leitor interfere, pois, no processo de escrita, restringindo o campo da criação da obra. Mais uma vez transparece o dualismo da literatura infantil, evidenciado agora com base no exame de sua produção; visto fenômeno do ângulo de sua recepção, novas características podem ser acrescidas a ele. (ZILBERMAN, 2005, p. 53).

As obras são produzidas para as crianças só que a reflexão sobre o que estes livros estão oferecendo, sempre são feitas pelos adultos que farão uma análise de acordo com seus próprios interesses e sempre farão comparações com aspectos das obras que estão disponíveis para eles, ou seja, aos conceitos e métodos que estão mais relacionados com sua realidade. É atribuída aos livros uma tarefa educativa, que serve de complemento as atividades pedagógicas, sejam elas feitas em casa ou na escola, caso as crianças apresentem uma falta de interesse pela leitura é necessário a criação de novos formatos de representar o livro a estas crianças, pesquisando formas de linguagens e avaliando o alcance destas obras. Um fato bem curioso também é que os livros são feitos por adultos para crianças, só que estes também poderiam ser feitos pelas crianças, a vivência infantil é igualmente importante neste processo, as crianças que estão em uma mera posição 64

de expectadores do que os adultos acreditam que seja melhor e passa a ter uma participação na criação destes livros. Azevedo (2010) menciona como pode ser interessante as crianças e jovens passarem a considerar os adultos como pessoas que também estão em fase de aprendizagem, com todos os seus sentimentos e emoções, e que estão sempre tentando passar da melhor forma possível seus conhecimentos para as crianças. Conforme foi mencionado neste documento é muito importante a empatia, e tentar compreender como as crianças, pensam, desenvolvem, como funciona o seu processo criativo, desta forma os autores podem fornecer produtos que sejam mais adequados as crianças. A literatura infantil está cada vez mais presente no mercado cultural, a sua principal função é a formação da criança, mesmo que a intenção seja o de impulsionar a indústria dos livros e o ganho financeiro, os livros devem proporcionar formas de compreensão do mundo e o convívio da nossa sociedade. Azevedo (2011) escreve que da mesma forma que os livros didáticos, as obras literárias também proporcionam aos leitores novas formas de pensar sobre a vida e o mundo, são igualmente importantes na educação. Os autores também podem levantar algumas questões importantes para o aprendizado em seus livros,

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Zilberman (2005) menciona que eles podem fazer questionamentos sobre as formas que a realidade é representada para as crianças, quais são os principais objetivos a serem alcançados e principalmente incentivar a leitura em todos os ambientes. Os livros de ficção são importantes na formação dos futuros cidadãos, Azevedo (2010) menciona que eles devem ter consciência de que são responsáveis além de suas vidas particulares, também pela construção da sociedade na qual vivem. Devem estar sempre atentos ao conteúdo das mensagens que são apresentadas a eles: É preciso formar nossas crianças e jovens de maneira que sejam capazes de perceber que discursos válidos e civilizadores podem eventualmente ser utilizados como ações de marketing e propaganda (e também por políticos corruptos e regimes autoritários. (AZEVEDO, 2010, p. 16).

A educação deve estar em constante desenvolvimento, avaliar como está sendo feito o ensino nas escolas, como os livros contribuem neste processo, quais as tecnologias que estão sendo lançadas e podem facilitar o acesso ao conhecimento e aos mais variados tipos de culturas e encontrar novas alternativas que complementem o aprendizado na sala de aula. As crianças também devem ter sempre os seus direitos respeitados, Zilberman (2005) menciona que os usos destes estudos sobre a literatura na escola contribuem para que sejam formados indivíduos plenamente mais conscientes e engajados em soluções para os problemas da sociedade. Uma construção organizada e preocupada com os conceitos pedagógicos faz dos livros ferramentas pelas quais a criança começa a entender o funcionamento e organização das estruturas que estão presentes na sua comunidade.

A forma como a sociedade funciona também deve ser conhecida por eles, o consumo, organização, as influências exercidas pelos meios de comunicação, como funcionam a crenças dos mais variados grupos da sociedade e aprender a respeitar as pessoas, Azevedo (2010, p. 17) escreve que “É importante que saibam respeitar, conviver e ser capazes de se identificar com hábitos, valores e crenças diferentes dos seus”. Os jovens também devem ter o conhecimento dos avanços encontrados atualmente, e também em suas contradições, por exemplo o fato de ainda termos tanta desigualdade na nossa sociedade. 66

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3.2 Crianças Surdas A Deficiência Auditiva A diminuição da capacidade auditiva é chamada de deficiência auditiva, as pessoas são consideradas surdas funcionais quando são totalmente desprovidos de audição ou parcialmente surdos quando ainda possuem uma audição mesmo que deficiente e isto é contado com ou sem a ajuda de aparelhos. Algumas pessoas nascem surdas e outras adquirem problemas auditivos durante suas vidas. Segundo Giuseppe Rinaldi (1997): Existem dois tipos principais de problemas auditivos. O primeiro afeta o ouvido externo ou médio e provoca dificuldades auditivas “condutivas” (também denominadas de “transmissão”), normalmente tratáveis e curáveis. O outro tipo envolve o ouvido interno ou o nervo auditivo. Chama-se surdez neurossensorial.” (RINALDI, 1997, p.31).

Muitas vezes são realizados exames para identificar a surdez em bebês e tratar de uma forma mais adequada estes problemas possibilitando um desenvolvimento melhor das crianças e posteriormente sua vida adulta.

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Com relação a aprendizado das crianças surdas devemos levar em consideração que existem diferentes tipos de portadores de deficiência auditiva de acordo com com o nível de audição. Giuseppe Rinaldi (1997, p. 55) diz que “Com nível de audição menor, os problemas linguísticos dos surdos serão maiores e consequentemente terão que receber um atendimento especializado”. Alguns professores sentem dificuldades em lidar com os alunos em sala de aulas principalmente mistas (sala de aula formada por surdos e ouvintes), e também como fazer com que estas crianças possam acompanhar as aulas com eficiência e de forma que elas se sintam parte também da escola e de um grupo, sem se sentirem protegidas devido a particularidades que tem e sim respeitadas pelos seus colegas de classe. É neste contexto que este trabalho vem auxiliar com informações sobre a educação e os problemas relacionados a surdez de forma que seja adquirido conhecimento necessário para a construção de um livro infantil adequado aos surdos. Alfabetização Geralmente pensa-se que uma pessoa por ser surda e sem problemas de visão, acreditam que compreendem e produzem bem o texto escrito, só que na maioria das escolas as crianças surdas possuem bastante dificuldade no aprendizado da Língua 69


Portuguesa e este se torna um processo complicado tanto para seus professores e os alunos. O fato de ver um texto é completamente diferente de entender os significados das palavras. Giuseppe Rinaldi (1997) menciona que: A compreensão e a produção de um texto escrito requerem estratégias linguístico-cognitivas complexas que vão além da decifração das letras e de sua pronúncia correta, além da decodificação das palavras e do simples fato de saber falar a língua alvo escrita... (RINALDI, 1997, p. 148).

A problemática do surdo brasileiro é porque a maioria das metodologias de aprendizado da língua portuguesa usam o aspecto fônico para ensinar as letras do alfabeto gráfico e são apresentadas sem uma ênfase no significado das palavras e por consequência se tornam muito complicadas de serem compreendidas pelos surdos. O português escrito pode ser melhor compreendido pelo surdo caso utilizem métodos visuais na sua aprendizagem. Propostas de educação dos surdos são criadas nas escolas para que os alunos desenvolvam suas capacidades, só que a prática é bem diferente, muitas destas propostas apresentam várias limitações e problemas e os surdos ficam sem entender os conceitos escolares. O modelo de educação bilíngue foi o que se mostrou mais adequado aos surdos, este defende que a língua de sinais é a

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linguagem natural dos surdos que mesmo sem audição podem desenvolver esta língua gestovisual, então a ideia é ensinar a língua de sinais e a língua portuguesa e que estas sejam apresentadas ao surdo com suas características próprias sem se misturar uma com a outra. A educação bilíngue tem como principal objetivo possibilitar que criança surda tenha um desenvolvimento similar ao das crianças ouvintes. Em alguns países, como o Brasil, as experiências são restritas a poucos centros e também ainda possuem a resistência de muitos em aceitar a a língua de sinais como uma língua mais adequada para se trabalhar com os alunos surdos. É através da língua que os seres humanos entendem os conceitos formados pelos signos, desta forma os surdos podem ter um bom funcionamento linguístico se acesso a esta língua for feitos pelos canais que estarão disponíveis a eles como por exemplo o canal visual da criança. Este trecho mostra a visão de Campos (2014) sobre os surdos: [...] aquele que apreende o mundo por meio de contatos visuais, que é capaz de se apropriar da língua de sinais e da língua escrita e de outras, de modo a propiciar seu pleno desenvolvimento cognitivo, cultural e social. (CAMPOS, 2014, p.48).

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O interprete de LIBRAS é um dos profissionais mais importantes na formação destas crianças, mas existem também outros profissionais que possuem uma grande importância como o instrutor surdo, que tem a função de ministrar as aulas para todas as crianças da instituição de ensino tanto as ouvintes quanto as surdas. Em muitos casos as crianças chegam as escolas sem possuírem uma primeira língua, porque a maioria delas vem de famílias formadas somente por pessoas ouvintes, o mais correto é que as crianças cheguem as escolas com a LIBRAS já aprendida e cabe as escolas incentivarem o seu uso porque muitas vezes este é o único ambiente em que elas utilizarão esta linguagem (CARVALHO, 2010). Uma questão muito relevante na alfabetização dos surdos é a escrita, durante muitos anos as escolas estão alfabetizando as crianças surdas em língua portuguesa e estão sempre relacionando o vocabulário da língua portuguesa com a língua de sinais, quando na verdade como foi comentado a primeira língua que os surdos devem aprender é a língua de sinais. De acordo com a professora Ronice Müller (2000, p.58), “Particularmente, considero que a literatura impressa em sinais seja um dos pontos críticos do processo de alfabetização, uma vez que a literatura está impressa em português [...]”. 72

Outra forma de escrita que vem surgindo aos poucos é o signwriting ou língua escrita de sinais que é um conjunto de símbolos que podem descrever qualquer língua de sinais em diversos lugares do mundo e vem como forma de complementar as estratégias educacionais utilizadas no ensino dos surdos, consolidando a cultura surda e mostrando essa cultura por meio do próprio surdo. LIBRAS A língua de sinais surge, através da convivência entre as pessoas, portanto é a primeira língua aprendida pelos surdos e ela pode ser comparada em complexidade com as línguas orais, transmite também conceitos sejam eles concretos, emocionais, racionais, entre outros e é organizada, ou seja, vai muito além de simples junções de gestos. Segundo as professoras Marcia e Mary (2014): As línguas de sinais distinguem-se das línguas orais porque se utilizam de um meio visual-espacial e oral-auditivo, ou seja, na elaboração das línguas de sinais precisamos olhar os movimentos que o emissor realiza para entender a mensagem[...] (HONORA; LOPES, 2014 p. 41).

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Cada país possui sua própria língua de sinais utilizada pela comunidade surda, este fato ocorre porque estas línguas foram produzidas pelos próprios surdos e são diferentes inclusive em alguns casos nos mesmos locais geográficos. Devido também ao fato de que estas línguas são utilizadas sem um registro escrito é muito complicado sabermos as origens delas. A LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais é a língua utilizada pelos surdos brasileiros e qualquer pessoa interessada nesta comunidade pode aprender esta língua e considerada um forte instrumento linguístico com grande força e poder e possui todos os elementos necessários para a sua classificação como língua. Segundo estes conceitos para uma boa formação dos alunos: O domínio da linguagem tem estreita relação com a possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento. [...]. Considerando os diferentes níveis de conhecimento prévio [do aluno], cabe à escola promover a sua ampliação de forma que, progressivamente, durante os oito anos doensino fundamental, cada aluno se torne capaz deinterpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra e, como cidadão, de produzir textos eficazes nas mais variadas situações. (BRASIL, 1997, p. 23).

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A LIBRAS então tem um papel fundamental na educação dos alunos surdos é através dela que os alunos irão conversar e se expressar tanto com os professores quanto com seus colegas de classe. Esta formação bilíngue vai possibilitar esta completa formação do indivíduo, ao mesmo tempo em que eles aprendem os diferentes aspectos da língua portuguesa eles também podem fazer uso de sua primeira língua, a língua de sinais, nas salas de aulas. Desta forma consideramos que a LIBRAS deve ser a língua materna dos surdos devido aos bloqueios que eles possuem para a aquisição das línguas orais, esta linguagem, portanto é tão complexa quanto a nossa língua falada e possui suas particularidades tanto no aprendizado dos surdos quando o de pessoas ouvintes que estão aprendendo, seja para serem tradutores, professores ou somente com o intuito de conversar com os surdos. Giuseppe Rinaldi (1997) menciona que: Os surdos são pessoas e, como tal, são dotados de linguagem assim como todos nós. Precisam apenas de uma modalidade de língua que possam perceber e articular facilmente para ativar seu potencial linguístico e, consequentemente, os outros e para que possam atuar na sociedade como cidadãos normais. Eles possuem o potencial. Falta-lhes o meio. E a Língua Brasileira de Sinais é o principal meio que se lhes apresenta para “deslanchar” esse processo. (RINALDI, 1997, p.10) 75


O vocabulário infantil é construído com base nas experiências da criança, seu relacionamento com seus familiares, com outras crianças e o ambiente que convivem no seu dia a dia, o desenvolvimento de seu vocabulário, depende principalmente do seu desenvolvimento léxico que são o conjunto das palavras de uma língua e estes são formados através de mecanismos, sintáticos, semânticos e morfológicos e são utilizados em estruturas da linguagem de uma forma produtiva. Eles possibilitam então diversas construções e representações da LIBRAS e uso adequados destas estruturas são regidos por estes princípios, os itens do léxico são os sinais. A comunicação se forma, portanto, com o uso desses sinais, a configuração das mãos, o ponto de articulação onde estes sinais são realizados, os movimentos de alguns sinais, em qual direção os sinais são feitos e as expressões que são feitas com estes sinais.

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3.3 Questões Sociais Família e Aprendizagem Uma das coisas mais importantes na vida da criança surda é a aceitação dos pais, a quebra de preconceitos e a integração dos surdos nos lugares onde vivem. Para que este objetivo seja alcançado é necessário que seja firmado uma parceria entre a família a escola e a sociedade, para que juntos consigam atuar efetivamente na formação dos surdos. Nós seres humanos percebemos o mundo por meio dos sentidos que são: a visão, a audição, o paladar, o olfato e o tato. A constituição de uma pessoa vai muito mais além de somente ter estes sentidos e mesmo que uma pessoa tenha a privação de um deles, ela continua a ter um grande potencial e o que ocorre em muitos casos é que os outros sentidos são aguçados. Segundo Giuseppe Rinaldi (1997): O surdo está privado do sentido que serve como “antena”, pois proporciona automaticamente informações referentes às flutuações do ambiente. Essa privação provoca o que se chama de “isolamento”, um fator importante para a integração e a estabilidade emocional. (RINALDI, 1997, p. 81).

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As crianças usam outros sentidos, principalmente a visão, para ter um controle do ambiente visto que isso é essencial para manter o domínio da realidade e contribui também para manter o foco e a atenção da criança no conteúdo que está sendo ensinado em sala de aula. Em alguns casos a falta de audição faz com que dificuldades sociais e de personalidade apareçam e também como a comunicação é afetada, isto representa um problema para a interação em sociedade. Atualmente ainda existem muitas atitudes discriminatórias com grupos que se diferem do geral e os surdos são restringidos devido ao fato de serem diferentes das outras pessoas da comunidade. Na família os pais geralmente são os primeiros a perceber alguns dos sinais de que a criança é surda. Uma criança de qualquer faixa etária que tem falta de reação à sons ambientais, instrumentos ou a voz humana, é muito provável que seja surda e neste caso deve receber atendimento educacional e médico especializado e ter de preferência sempre o acompanhamento periódicodestes profissionais. Sendo o primeiro núcleo e o principal aos quais cada um dos seres humanos pertence, a família ampara emocionalmente, fisicamente e socialmente os seus membros. Os papéis desempenhados por uma família em sociedade estão sempre em uma evolução constante, em estágios diferentes, sempre de acordo com o desenvolvimento das crianças. 79


Giuseppe Rinaldi (1997, p.100) menciona em seu livro que: “Ao passar de um estágio para outro, os papéis dos membros da família, bem como as relações entre eles, estão sujeitos a mudanças”. Em muitos casos quando nasce um filho surdo em uma família, esta passa por muita ansiedade e estresse e uma grande fase de adaptação com os surdos. Existem nesta fase muitos conflitos e também um sentimento de responsabilidade por essa deficiência auditiva, com a ajuda de profissionais: médicos, professores fonoaudiólogos, assistentes sociais e psicólogos e também de outros pais, estes passam a usar as suas forças para ajudar seus filhos e como podem fazer contribuições significativas no seu aprendizado. Devido à falta de conhecimento sobre as pessoas surdas e de suas capacidades, estas são discriminadas pela sociedade. Alguns surdos preferem estar entre grupos de surdos que entendem a sua situação, esta atitude é compreensível, só que o ideal é que eles convivam cada vez mais em variados ambientes sociais, desta forma levando a sociedade a questionar sobre tolerância e na reflexão do que é ser diferente e como o respeito por essas diferenças pode e deve trazer inúmeras contribuições para o nosso convívio em sociedade. Algumas pessoas possuem rejeição aos surdos, o que faz com que elas deixem de manter contato ou até fujam de situações nas 80

quais elas tenham que lidar com os surdos, em outras situações alguns possuem uma superproteção, de forma que realizem tarefas no lugar deles, isto também atrapalha o desenvolvimento dos surdos porque faz com que os outros duvidem de suas capacidades. As reações dos pais sobre os filhos surdos diferem em função da maturidade pessoal, condições em que vivem, o seu desenvolvimento intelectual entre outros fatores que contribuem neste processo. O objetivo de informar e esclarecer cada um dos conceitos sobre a surdez é principalmente integrar o surdo na sociedade. Giuseppe Rinaldi (1997) escreve que: Somente com a compreensão dos sentimentos despertados pela surdez adquirem-se atitudes positivas no sentido de responder adequadamente às reais necessidades dos surdos, tornando-os merecedores do direito de serem participantes ativos da família, bem como do direito de usufruírem plenamente de sua cidadania. (RINALDI, 1997, p. 106).

Outro fator comum que ocorre neste processo levando em consideração os pais, é que muitas pessoas exigem que eles sejam fortes para lidar com essa nova situação, sem que muitas vezes eles compreendam os procedimentos médicos ou que tenham 81


alguma orientação e que em pouco tempo possuam as novas responsabilidades que esta deficiência auditiva demanda deles. Por esse motivo cabe aos profissionais da área acompanha-los e os outros membros da família e amigos apoiarem de forma que eles e sintam preparados para lidar com os seus filhos surdos. Com essa orientação os pais começam a ter grandes oportunidades no campo emocional, profissional e cultural e na contribuição da integração social. Estes também desempenham funções de pais-educadores e despertam para uma nova forma de aprendizado, uma maior maturidade, compreensão da comunidade surda, estudo das possibilidades e capacidades dos surdos, cultura, estórias e como podem através de suas atitudes melhorar o convívio dos surdos em sociedade. Alguns pais se destacam também na criação de Associação de Pais e por sua liderança proporcionando, uma conscientização da sua sociedade e melhorando o ambiente dos estudos para seus filhos e para os outros membros da comunidade. Os pais que alcançam esses níveis de conhecimento são capazes de encontrar soluções para os desafios, compreendem a si mesmos e a seus filhos.

Na fase escolar as famílias encontram algumas dificuldades na condução dos seus filhos à escola, a lei afirma que todas as crianças possuem direito a escola e isto serve também para as crianças que possuem deficiência auditiva. Muitas famílias também escondem seus filhos em casa por falta de conhecimento das escolas especializadas ou também por receio de colocá-los nestas escolas. A escolha dos pais é maior nos grandes centros urbanos, que possuem escolas especializadas, classes especiais e inclusão de alunos surdos com alunos ouvintes e também com acompanhamento especializado. Estas escolhas refletem a visão da diferença da criança e também o encaminhamento que elas pretendem fazer e qual a forma de ensino utilizado pelos professores. Em escolas especiais as crianças estarão em convívio com alunos que se encontram nas mesmas condições que as suas e nas escolas comuns elas serão inseridas com crianças diferentes o que ajuda bastante na sua formação e na integração em sala de aula. Seja qual for a forma escolhida é primordial que a família contribua neste processo e complemente o aprendizado que a criança está adquirindo na escola.

Segundo Giuseppe Rinaldi (1997, p.111) menciona: “Os membros da família, quando conscientes das questões relacionadas à deficiência auditiva, aprendem a lidar com as dificuldades dela decorrentes, buscando formas alternativas de ajustamento”. 82

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O acompanhamento e o incentivo dos pais são muitos importantes para essa fase de desenvolvimento da criança, isto também fará com que ela tenha segurança e adquira mais confiança nas suas capacidades, a comunicação deve ser constante da mesma forma que é feita com os filhos ouvintes nos ambientes familiares. A família se torna um importante elemento que facilitará o dia a dia desta criança e como será a sua interação com as outras pessoas, a forma de identificar quando estão falando com elas, a prioridade das coisas, sua autossuficiência ao fazer as tarefas que lhe são atribuídas quando estiver tanto em casa quanto na escola e aumento da sua comunicação. De acordo com Giuseppe Rinaldi (1997): Os pais, bem orientados pelos serviços educacionais, sabem que precisam desenvolver a linguagem de seu filho, ou seja, sabem que as crianças, mesmo surdas, já nascem com capacidade para expressar o que quiserem, por meio do corpo, principalmente dos gestos, e até por meio das palavras. (RINALDI, 1997, p. 114).

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Os pais também devem educar as crianças a terem comportamentos socialmente adequados, auxiliados pelos professores, desta forma possibilitando que a criança possa aos poucos ter responsabilidade e equilíbrio das suas emoções. A família também deve aos poucos ensinar a crianças lidar com seu aprendizado e mostrar que elas são capazes de fazer as tarefas, ainda que de uma forma diferente, realizadas por pessoas ouvintes na sociedade. A educação é uma tarefa complicada e muito importante e cada família vai aprendendo como se relacionar com o filho que tem deficiência auditiva, deve-se acreditar em suas capacidades, facilitar a sua compreensão das situações pelas quais as crianças passam em seu ambiente, estabelecer algumas regras bem objetivas e acompanhar o seu desenvolvimento e a evolução da sua comunicação em casa e nas aulas.

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3.4. Folclore Brasileiro Folclore Brasileiro O termo folclore é inglês e significa a ciência que estuda o saber do povo, são os costumes, as lendas, os contos, provérbios, danças e comemorações. Muitas dessas culturas possuem raízes comuns e em alguns casos podem ser estórias de uma determinada região, muitos deles surgem da pura imaginação das pessoas, passam de geração em geração e também dão origem ás festas populares. Luis da Camara Cascudo (1993, p. 2) usa a seguinte definição para o folclore: ... É uma ciência da psicologia coletiva, com os seus processos de pesquisa, seus métodos de classificação, sua finalidade em psiquiatria, educação, história, sociologia, antropologia, administração, política e religião. (CASCUDO, 1993, p. 2).

As linguagens, direitos, crenças religiosas, a moral e a própria literatura, são considerados produtos de um coletivo, que aos poucos são tão conhecidos que vão se tornando instintivos. Surgem então dois conceitos: o popular e o culto, que são diferentes principalmente no que se refere as formações psíquicas dos quais são formados. Frederico Edelweiss (2001) comenta

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que enquanto no popular predominam os conhecimentos vindos de associações ou dos próprios comportamentos por instintos, nos cultos o que é levado em consideração são os conhecimentos adquiridos pela ciência e guiados principalmente pelo raciocínio. Segundo o professor Frederico Edelweiss (2001): O Folclore, o saber popular, são, em resumo, as manifestações variadas da alma popular através das idéias e dos sentimentos coletivos, inconscientemente feitos e refeitos através dos tempos [...] (EDELWEISS, 2001, p. 20).

O folclore estuda as soluções populares na vida em sociedade, em seu livro Cascudo (1993) também comenta que: “O folclore deve estudar todas as manifestações tradicionais na vida coletiva. A bibliografia do folclore brasileiro tornou-se muito rica e vasta...”. Os estudos sobre este tema são muito importantes porque além de mostrar a cultura e as tradições brasileiras, também servem como forma de compreensão do ambiente nos quais as pessoas vivem e o convívio nas comunidades. Inicialmente foram atribuídos ao folclore brasileiro, as lendas e os contos populares só que foram verificados que estes são muito mais do que simples relatos, tratam muitas vezes de sobrevivências reais, de crenças, costumes de uma comunidade, com base nesses contos foram criados, danças, festas populares,

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o Carnaval, que estão cada vez mais presentes na nossa sociedade. Os estudos folclóricos nos levam principalmente as populações rurais, sertões, pessoas as quais muitas vezes são bem afastadas da tecnologia e agitação dos grandes centros urbanos, possuem suas próprias histórias e vivências, quanto mais nos aproximarmos deste nicho da população mais genuínos serão os fatos apresentados. O Folclore é muito vasto, Frederico Edelweiss (2001) menciona que são necessários anos de estudo para abordar a cultura de cada região, anualmente são publicados muitos livros sobre assunto, uma característica muito importante deste tipo de literatura é o fato de ser formado por relatos coletivos, a população conta as histórias e vão passando um para os outros, em alguns casos até os mesmos contos e lendas podem variar entre as regiões. Frederico Edelweiss (2001, p. 24) também diz que: “Qualquer obra histórica, literária ou artística tem o seu autor individual que imprime os eu cunho. – O Folclore, ao contrário, só trata de produções coletivas”. A forma pela qual muitos aprendem sobre o Folclore é instintiva, essa cultura chega para nós simplesmente já formulada, sem questionamentos, na nossa sociedade estamos acostumados 88

a receber informações que foram provadas, os conceitos muito bem formulados e explicados pela ciência, e no caso do Folclore muitas vezes esse conhecimento é adquirido com uma falta de conhecimento sobre como foi o processo e se possuem algo verídico simplesmente aceitamos que possuem origens muito antigas dessas culturas. A cultura popular passa de geração em geração, são manifestações culturais produzidas pelo povo que participam ativamente, alguns exemplos são: festas, danças, músicas, a arte, o folclore, a literatura, etc. Os contos populares são as estórias, os contos de fadas, da “Carochinha”, o autor Cascudo (1993), menciona que: É de importância capital como expressão da psicologia coletiva no quadro da literatura oral de um país. As várias modalidades do conto, os processos de transmissão, adaptação, narração, ou auxílios da mímica, entonação, o nível intelectual do auditório, sua recepção e, reação e projeção determinam valor supremo como um dos mais expressivos índices intelectuais populares. (CASCUDO, 1993).

O conto popular documenta os registros da época nas quais estão situados, mostram os costumes e tradições dos povos, as estruturas jurídicas, são estórias que carregam as características e crenças da sociedade.

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As lendas são episódios sentimentais ou heroicos, nas quais aparecem elementos misteriosos ou sobrenaturais, são transmitidas oralmente ao longo dos tempos, misturam a fantasia com fatos históricos e reais. Cascudo (1993) descreve como: “De origem letrada, lenda, legenda, “legere”, possui características de fixação geográfica..., Liga-se a um local, como processo etiológico de informação ...”. Conservam as características dos contos populares: Antiguidade, Persistência, Anonimato, Oralidade. Segundo a professora Daniela Diana (2017) estes são um resumo de algumas lendas do folclore brasileiro:

Iara Conhecida como Iara ou Uiara, a lenda da mãe d’água é de origem tupi. Iara significa “Senhora das Águas”. Esta personagem é representada por uma sereia belíssima que atrai os pescadores com suas doces canções a fim de matá-los. Antes de ser uma sereia, Iara era uma índia bela e inteligente que despertava muita inveja, inclusive de seus irmãos. Assim, para acabarem com o problema, os irmãos resolvem matá-la. No entanto, é ela que os mata. Como punição, Iara é lançada no encontro do Rio Negro e Solimões e, a partir daí, tornase uma sereia com objetivo de matar os homens. (DIANA, 2017).

Saci-pererê Nome de origem tupi-guarani, o Saci-pererê é uma das lendas brasileiras mais conhecidas. É representada por um menino negro que possui uma perna só. Além disso, fuma cachimbo e usa uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos. Muito brincalhão e travesso, o Saci surge como um redemoinho e gosta de assustar pessoas. Embora o Saci-pererê seja o mais conhecido, existem três tipos de saci: O Pererê, o Trique e o Saçurá. (DIANA, 2017).

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Curupira Personagem travesso do folclore brasileiro, o Curupira é a representação de um menino com cabelos vermelhos e pés virados para trás. A origem do nome é tupi-guarani e significa “corpo de menino”. Protetor da fauna e da flora, o Curupira assobia e deixa pegadas com seus pés virados. O objetivo disto é enganar os exploradores e destruidores da natureza. (DIANA, 2017).

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Cuca De origem portuguesa, a lenda da Cuca está associada muitas vezes com o “bicho papão”. Ela é uma personagem muito temida pelas crianças, uma velha feia e malvada com cara de jacaré que raramente dorme. Assim, sua personagem está associada ao rapto de crianças desobedientes e que não querem dormir. Por isso, a tradicional cantiga de ninar crianças diz: “Nana neném que a Cuca vem pegar. (DIANA, 2017).

Boitatá

Em muitos lugares o saci-pererê é considerado uma entidade maléfica, já em outros é simplesmente um menino que gosta de aprontar muitas travessuras, esta lenda está mais presente nos estados da região do Sul do Brasil. Essa é a descrição sobre o saci escrita por Cascudo (1993):

O Boitatá é uma lenda folclórica conhecida em outras regiões do Brasil pelos nomes Baitatá, Biatatá, Bitatá e Batatão. Na língua indígena TupiGuarani significa “cobra de fogo”. Esse personagem folclórico é representado por uma grande serpente de fogo que protege os animais e as matas. Originalmente foi encontrado num texto do século XVI do Jesuíta José de Anchieta. Sua narrativa sofreu muitas modificações ao longo do tempo, de modo que existem diversas versões conforme a região do país. (DIANA, 2017).

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A lenda mais conhecida do folclore brasileiro é a do Saci-Pererê e foi escolhida para ilustrar o primeiro volume da coleção de livros sobre o folclore brasileiro para crianças surdas que é o foco deste trabalho, portanto será um pouco mais discutida neste documento.

“Pequeno negrinho, com uma só perna, carapuça vermelha na cabeça, que o faz encantado, ágil, astuto, amigo de fumar cachimbo, de entrançar as crinas de animais, depois de extenuá-los em correrias, durante a noite...” (CASCUDO, 1993).

A origem do nome do Saci Pererê é Tupi Guarani, o capuz que ele tem na cabeça lhe dá os seus poderes mágicos, ele também permite que o saci desapareça e apareça onde ele quiser, muitos acreditam que dentro de cada redemoinho de vento existe um saci, ele tem medo de água, e as formas de se capturar um saci são jogar um rosário de mato bento ou uma peneira.

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Quando as pessoas são perseguidas pelo saci estas devem jogar uma corda ou um barbante com nó, porque o saci irá desatar os nós e somente depois disto continuará a sua perseguição, em algumas regiões do Brasil esta mesma lenda pode ter algumas variações, e a ele também foram atribuídas algumas características do Curupira, como por exemplo de protetor da floresta. O escritor Monteiro Lobato utiliza bastante o saci em suas estórias, tanto ele quanto Mario de Andrade, foram precursores e contribuíram nos estudos e pesquisas sobre o folclore brasileiro. A escolha desta lenda deve-se também ao fato dele ser bastante carismático e travesso, o que facilita a criação de expressões faciais que são importantes na língua de sinais utilizada pelos surdos.

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Ausência de cores.

3.5 Análise de Projetos Similares Livros infantis para crianças surdas (LIBRAS + Língua portuguesa) Estes são exemplos de livros clássicos infantis: O livro dos três porquinhos e o livro da Branca de Neve, os dois possuem o texto em portugûes e a tradução em línguas de sinais, percebe-se nesta análise que o texto e imagem são totalmente separados um do outro, segundo Sophie Van der Linden (2011) esta é uma relação de dissociação, a imagem está sempre à esquerda e o texto à direita. Imagem está separada do texto e dos sinais. Figura 23: Os três porquinhos Fonte: Site Pinterest, 2017.

Ambos os exemplos são contos de fadas que foram apenas traduzidos para a LIBRAS.

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Figura 24: A Branca de Neve Fonte: Site Pinterest, 2017.

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Livros infantis para crianças ouvintes (Língua portuguesa) A imagem e o texto integrados na página, e uso do texto de forma ilustrativa.

Nestes livros para crianças ouvintes existe um variação muito maior da relação entre o texto e a imagem, as cores nos livros são mais variadas, as lilustrações são mais elaboradas, os apelos visuais das imagens são bem mais significativo, em alguns dos casos também é possível observar que á uma relação de conjunção em que texto e imagens ocupam o mesmo espaço na narrativa. Figura: 25: Livro infantil Fonte: Site Pinterest, 2017.

O texto está inserido junto com a imagem e sua forma segue a ilustração.

Figura: 26: Livro infantil Fonte: Site Pinterest, 2017.

Em uma página o texto aparece juntoda ilustração e na outra página uso do espaço e destaque da imagem. 98

Uso do círculo para destacar as imagens.

Figura: 27: Livro infantil Fonte: Site Pinterest, 2017.

Figura: 28: Livro infantil Fonte: Site Pinterest, 2017.

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Livros infantis para crianças surdas que utilizam a língua escrita de sinais “Signwriting” (LIBRAS + Língua portuguesa + Signwriting) Os livros “Rapunzel Surda” (Silveira, Rosa, Karnopp 2003) e “Cinderela Surda” (Hessel, Rosa, Karnopp 2003), fazem uma releitura destes clássicos e apresentam algumas características da cultura e da comunidade surda, as duas histórias são escritas na língua portuguesa e também na língua escrita de sinais (signwriting), o texto e a imagem também apresentam-se separados, o texto e a escrita de sinais á esquerda e as imagens a direita. Em comparação aos livros anteriores, estes possuem ilustrações com foco nas expressões dos personagens e eles também utilizam a LIBRAS.

Figura: 29: A Rapunzel Surda Fonte: Site Pinterest, 2017.

Os personagens usam a língua de sinais.

Imagem está separada do texto e da escrita em sinais.

Figura: 30: A Rapunzel Surda Fonte: Site Pinterest, 2017.

Ambos os exemplos são sobre contos de fadas que foram reformulados especialmente para os surdos.

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Comparação de livros

Cinderela

Cinderela Surda

Nesta análise do livro da Cinderela o objetivo foi verificar como as duas histórias são representadas de formas visuais bem diferentes, no livro da Cinderela para crianças ouvintes além do uso mais abrangente de cores, o texto mesmo que colocado em quadrado por cima da imagem ainda encontram-se em um mesmo espaço enquanto que no livro da Cinderela foi feita uma adptação da história para as crianças surdas, só que faltou uma preicupação maior com o traço e a questão visual do livro, os surdos enxergam e da mesma forma que as crianças ouvintes observam cada umas das imagens e os formatos dos livros, temos ainda a questão lúdica e o fator de imersão que as crianças tem com os livros. Figura: 31: Cinderela Fonte: Site Pinterest, 2017.

Figura: 32: Cinderela Surda Fonte: Site Pinterest, 2017.

Uso variado de cores, imagem bem desenhada, texto junto com a ilustação.

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Imagem bem simplificada e pouco uso de cores.

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Publicações sobre o folclore brasileiro

Figura: 35: Livro infantil Fonte: Site da folha, 2017.

Coleção sobre o folclore Brasileiro da Folha de São Paulo.

Estes são alguns exemplos de publicações para crianças sobre o folclore brasileiro, destaque nesta parte para o Coleção de livros publicados pela Folha de São Paulo, nestes livros puderam ser observados como é feita a relação entre o texto a imagem e como foram construídas estas ilustrações e principalmente de que forma foram feitas as representações destas histórias do folclore.

Ilustrações com bastante uso de cores e feita em páginas duplas.

Figura: 33: Livro infantil Fonte: Site da folha, 2017.

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Figura: 34: Livro infantil Fonte: Site da folha, 2017.

Figura: 36: Livro infantil Fonte: Site da folha, 2017.

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Ilustrações do Tikinho (ilustrador surdo) O livro “Os Três Patetas Surdos”do desenhista surdo Lucas Ramon Alves, mais conhecido como Tikinho, foi muito importante na compreensão de como usar a linguagem de sinais nas ilustrações do livro, ele utiliza mãos nos desenhos que servem como uma continuação daquele gesto em LIBRAS e também faz o uso de traços de forma que possam ser representado a movimentação que é feita na língua de sinais.

Figura: 38: Os Três Patetas Surdos Fonte: Página doTikinho, 2017.

Uso de traços para demonstrar os movimentos da LIBRAS. Os próprios personagens usam a língua de sinais. 106

Figura: 37: Os TrêsPatetas Surdos Fonte: Página doTikinho, 2017.

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Apostilas e materiais didáticos para os surdos

Nestes casos as ilustrações foram feitas por uma professora que é ilustradora e pedagoga.

Estes são exemplos de página de apostils utilizadas nas aulas do INES (Instituto Nacional dos Surdos), nestas páginas puderem ser obervados como a LIBRAS é representada em materias educativos, são utilizadas ilustrações bem simples dos personagens que foram feitos por uma professora que também é ilustradora, também puderam ser verificados como é feita a diagramação e o uso de cores nestas apostilas. Personagens bem simples.

Figura: 40: Apostila do INES Fonte: Site do INES, 2017.

Figura: 39: Apostila do INES Fonte: Site do INES, 2017.

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Contação de histórias em vídeo com o uso da LIBRAS Pessoa conta a história em LIBRAS e o cenário é estático, em alguns casos o que está sendo contado é diferente do que está sendo mostrado no cenário, esta fato complica o entendimento do conteúdo feito pelas das crianças surdas.

Figura: 41: Videoaula do INES Fonte: Site do INES, 2017.

Este é um DVD que mostra uma história do folclore brasileiro para crianças surdas, neste caso o vídeo é feito para os surdos só que a LIBRAS que é o primordial é deixada em uma janela bem pequena no canto vídeo, quando pensamos na inclusão e como se fosse desconsiderado a importância dos surdos. 110

Neste vídeo sobre um conto de fadas, pode ser observado que o cenárioé dinâmico e foi gravado em uma floresta, o personagem da história faz os sinais da LIBRAS.

Figura: 42: DVD Fonte: Site da Editora Arara Azul, 2017.

Figura: 43: Videoaula do INES Fonte: Site do INES, 2017.

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Tabela com informações técnicas dos livros

Livro

Ano/editora

Autor/ Ilustrador

Saci

2015/ Folha de São Paulo

Laiz B. de Carvalho/ Cris Eich

2011/ ULBRA

Lodenir Karnopp Carolina Hessel Fabiano Rosa

2005/ ULBRA

Lodenir Karnopp Carolina Hessel Fabiano Rosa

Cinderela Surda

Rapunzel Surda

Formato (fechado)

21,5 x 23,5 cm

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Paginas Encardenação

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. Capa dura . Costurado

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. Capa com gramatura maior . Grampeado

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. Capa com gramatura maior . Grampeado

Fonte: próprio autor

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4. Configuração do projeto

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4.1 Condicionantes do projeto As pesquisas, os estudos e os conhecimentos adquiridos na fundamentação teórica serviram como base na criação destas condicionantes: • Criação de uma coleção de livros sobre o folclore brasileiro, sendo que neste trabalho será desenvolvido o volume 1 sobre o Saci-Pererê: São muitas as lendas que formam o folclore folclore brasileiro, inicialmente pensou-se em criar um livro com mais historias só que devido o tamanho das narrativas e o período de desenvolvimento optou-se por fazer a representação de uma lenda e mostrar as outras em forma de uma coleção de livros.

• Livro mais adequado as crianças surdas: O trabalho desenvolvido junto com o professor surdo tem o objetivo de verificar que as ilustrações desenvolvidas sejam compreendidas e adequadas aos surdos. • Interação entre a criança surda e a criança ouvinte: As interações entre a criança ouvinte e a criança surdas são primordiais para que este livro possa ser utilizado em salas mistas. • O incentivo à leitura: Este é um objetivo muito importante está presente na criação de todos os tipos os livros. Conceitos norteadores do projeto

• Roteiro que motive o aprendizado sobre o folclore brasileiro: Atualmente são poucas as opções impressas de livros infantis para os surdos e o folclore é um tema somente abordado em vídeos, portanto é necessário criar um roteiro que desperte o interesse nas crianças.

• Livro ilustrado com boa qualidade e com uso variado de cores;

• Ilustrações utilizando a LIBRAS: É importante que os próprios personagens utilizem a linguagem de sinais já que o livro será feito especialmente para as crianças surdas.

• Design Inclusivo;

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• Linguagens visual, gesto visual e textual; • Relação de colaboração entre o texto e a imagem;

• Os próprios personagens utilizam a LIBRAS.

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4.2 A lenda escolhida Com base nos conceitos e requisitos do projeto a lenda selecionada para o desenvolvimento deste trabalho foi a do Saci-Pererê: O saci-pererê é representado por um menino negro que tem apenas uma perna. Sempre com seu cachimbo e com um gorro vermelho que lhe dá poderes mágicos. Vive aprontando travessuras e se diverte muito com isso. Adora espantar cavalos, queimar comida e acordar pessoas com gargalhadas. (SITE SUA PESQUISA.COM, 2017).

Esta é uma das lendas mais conhecidas do folclore brasileiro, o saci conforme foi mencionado na fundamentação teórica aparece bastante nas histórias de Monteiro Lobato em seus livros. O autor Câmara Cascudo também escreve sobre o saci e suas aventuras. Estes e outros autores foram responsáveispor trazer as histórias do saci aos grandes centros urbanos. O personagem é muito carismático e travesso, estas características facilitam a criação das expressões que são muito importantes para os surdos. Figura 44: Saci-Pererê Fonte: iStock, 2017.

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4.2.1 Narrativa Duas crianças uma surda e uma ouvinte estão em uma sala de aula, a criança ouvinte está lendo, olha para a criança surda se apresenta, pergunta se a criança conhece sobre o folclore brasileiro e a lenda do Saci-Pererê, comenta e mostra a história que está lendo para a criança surda. Criança ouvinte: Oi meu nome é Nome 1, qual é o seu nome? Criança surda: O meu nome é Nome 2. Criança ouvinte: Você conhece sobre o folclore brasileiro? Criança surda: Folclore, o que é folclore? Criança ouvinte: É um conjunto de mitos e lendas que as pessoas passam de geração para geração. Eu estou lendo sobre o SaciPererê, venha eu vou te mostrar esta lenda. As duas crianças são transportadas para dentro do livro. Eles chegam em um ambiente de fazenda. A criança ouvinte comenta com a criança surda sobre o Saci-Pererê, sobre o seu cachimbo e de onde vem seus poderes mágicos. Criança surda: Onde estamos? Criança ouvinte: Nós estamos dentro da história do Saci-Pererê.

O Saci-Pererê é um menino negro que tem apenas uma perna, está sempre com seu cachimbo e com um gorro vermelho que dá poderes mágicos, apronta muitas travessuras e ainda acha divertido fazer estas coisas. Eles avistam um gorro, é do Saci-Pererê e ele está perto de um celeiro. Criança ouvinte: Olha está vendo aquele gorro vermelho é do saci, vamos olhar o que ele está aprontando perto daquele celeiro. Criança ouvinte: Ele está fazendo uma trança no rabo de daquele cavalo, esta é uma de suas travessuras favoritas. Criança surda: Ainda bem que estamos escondidos, ele me assusta. Os meninos seguem o saci pela floresta. Criança ouvinte: Ele está indo para aquela floresta, vamos segui-lo. Crianças surda: Nossa ele é muito rápido. Criança ouvinte: É devido ao redemoinho de vento dele, faz ele ser muito rápido, estamos quase alcançando ele. As crianças chegam a uma casa bem simples de fazenda. Criança ouvinte: Ele foi para perto daquela casa.

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Crianças surda: O que ele vai fazer lá? Criança ouvinte: O saci adora colocar bastante sal ou queimar a comida das donas de casa, ela está furiosa com o Saci-Pererê. Ele seguiu por aquela estrada, deve estar pensando em fazer alguma coisa.

Os meninos conseguem despistar o Saci-Pererê.

As crianças vão para uma estrada e nela tem um viajante descansando e o Saci-Pererê se aproxima dele.

As crianças estão na escola e começam a conversar, o menino surdo agradece ao ouvinte e se encanta por ter conhecido e participado de uma estória do folclore.

Crianças surda: Tem um viajante descansando perto daquela árvore. Criança ouvinte: O saci está chegando bem perto dele acho que vai assustá-lo com uma de suas gargalhadas. Saci-Pererê descobre as crianças e começa a persegui-los pela floresta. Saci-Pererê: Ei quem são vocês? Criança surda: Ele nos encontrou, o que faremos? Criança ouvinte: Corre bem rápido! Saci-Pererê: Eu vou alcançar vocês meninos. Criança ouvinte: Você tem um barbante? Criança surda: Eu tenho. Criança ouvinte: Faz um nó e joga perto dele, o saci sempre tem que desatar o nó e só depois ele continua perseguindo alguém.

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Criança surda: Acho que despistamos o Saci-Pererê. Criança ouvinte: Rápido vamos embora do livro. Criança ouvinte: Nossa foi por pouco.

Criança surda: Eu adorei conhecer sobre o Saci-Pererê, e obrigado, algumas pessoas tem receio de conversar comigo porque sou surdo. Criança ouvinte: Cada pessoa tem suas diferenças que devem ser sempre respeitadas e nós somos amigos e ainda temos muitas lendas folclóricas para conhecer, vamos nos preparar para mais aventuras.

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A narrativa foi criada de forma que as crianças surdas possam entender a história do saci e incentivar a leitura, a opção dos personagens principais serem crianças deve-se à interação das crianças como se elas se sentissem parte do livro e estivessem embarcando neste livro por meio das crianças protagonistas. Neste processo a leitura dos artigos do escritor Ricardo Azevedo e do livro “Antologia do Folclore Brasileiro” de Câmara Cascudo ajudaram bastante na criação dessa narrativa. Outro fator importante é que as duas crianças, ouvinte e surda, interagem entre si, este caminho surgiu da pesquisa sobre as questões sociais descritas nos livros “Educação especial a educação dos surdos: Volumes I, II e III” de Giuseppe Rinaldi (1997), neles são discutidas as questões das salas mistas nas quais estudam crianças ouvintes e surdas e como ainda faltam materiais que ajudem na integração entre as crianças nas escolas.

Os diálogos criados na narrativa são breves e vão complementar as imagens e linguagens de sinais que são utilizadas no livro. A intenção foi a de facilitar a leitura das crianças e criar a história de forma que fossem mantidas as características originais da história do saci, as crianças se imaginam dentro do livro e participam destas aventuras. Na primeira parte do livro as crianças estão na escola, em uma sala de aula mista, se conhecem e começam a ler o livro, durante a sua jornada os meninos somente observam as travessuras do saci e interagem com o cenário, em um momento do livro são descobertas pelo saci e nesta segunda parte temos a surpresa e a interação direta das crianças com um personagem folclórico.

Sobre a criação dos textos Linden (2011) nota que os textos dos livros estão relacionados com o suporte ou formato nos quais estão inseridos e onde as imagens são preponderantes. Os textos nos livros ilustrados são breves devido principalmente ao espaço e a priorização da linguagem visual, a própria diagramação também é trabalhada de forma a articular os textos e as imagens dos livros.

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4.2.2 Concepção dos personagens

Desenhos iniciais

Saci-Pererê

Saci-Pererê

Um menino negro com uma perna só, é um dos principais personagens do folclore brasileiro, na construção desta representação do saci no livro procurou-se uma representação bem expressiva, sendo um garoto travesso que apronta por diversão. O uso do gorro e do cachimbo que são as características básicas do saci também foram explorados na sua criação e para a compreensão desta lenda. Criança Ouvinte A criança ouvinte possui um espírito aventureiro gosta muito de conhecer novas histórias, adora livros, é muito gentil, se preocupa bastante com as outras pessoas, muito curioso, procura muitas informações e presta bastante atenção nos estudos, ele é muito dedicado em todas as coisas que faz sempre com muita atenção e conhece muito bem a LIBRAS. Criança Surda O personagem surdo é tímido, demora um pouco para se acostumar na escola só que está muito empolgado por estudar em uma sala mista. É inteligente e aprende bem rápido, também se interessa muito por histórias, ele é muito corajoso e se surpreende bastante em conhecer uma lenda do folclore brasileiro, é muito educado com as outras crianças. 126

Figura: 45: Saci-Pererê Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Estudos sobre o formato de desenho do Saci-Pererê e os objetos: gorro, cachimbo e redemoinho dele.

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Criança Surda Criança Ouvinte

Figura: 46: Criança Ouvinte Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Estudos sobre o formato de desenho da criança ouvinte e o uniforme.

Figura: 47: Criança Surda Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Estudos sobre o formato de desenho da criança surda, o uniforme e a representação da surdez com o uso do aparelho auditivo.

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Teste com os personagens vetorizados Estes são os primeiros testes com os personagens caso eles fossem vetorizados, estudos sobre as linhas e as proporções.

Figura: 48: Personagens vetorizados Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Expressões Um dos conceitos orientadores é que os personagens sejam bem expressivos, essa é uma característica muito importante para os surdos, este conhecimento foi adquirido na entrevista com com o professor surdo e nos livros O “Livro ilustrado de língua brasileira de sinais” das professoras Márcia Honora Lopes e Mary Lopes Esteves Frizanco e “Educação dos Surdos da professora“ Ronice Muller de Quadro, que falam sobre a educação e o uso da LIBRAS.

Figura: 49: Expressões Saci-Pererê Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura: 50: Expressões Criança Ouvinte Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura: 51: Expressões Criança Surda Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Testes com uso de texturas e cores Os estudos sobre textura e cores feitos inicialmente em um dos personagens, nas imagens da esquerda para direita temos: uso de cores com as linhas; somente as cores; cores, linhas e texturas na roupa e acessórios; linhas, cores e padrão de texturas na roupa e acessórios; textura em todo o personagem, na roupa e acessórios.

Figura: 51: Texturas e cores Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura: 52: Texturas e cores Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Esboço em LIBRAS da primeira parte da narrativa

Figura: 53: Esboço LIBRAS Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Figura: 54: Esboço LIBRAS Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Criança ouvinte: Oi meu nome é Nome 1, qual é o seu nome?

Criança surda: O que é folclore?

Criança surda: O meu nome é Nome 2.

Criança ouvinte: É um conjunto de mitos e lendas que as pessoas passam de geração para geração. Eu estou lendo sobre o Saci-Pererê, venha eu vou te mostrar esta lenda.

Criança ouvinte: Você conhece sobre o folclore brasileiro? 136

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Novos desenhos Os primeiros desenhos ainda apresentavam os personagens como se eles fossem bonecos, a ideia do projeto é mostrar os personagens bem expressivos e utilizando a LIBRAS, portanto foram criados novos desenhos.

Figura: 55: Formatos de rosto do Saci-Pererê Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura: 56: Proporções Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Proporções do corpo e tamanho das mãos que são muito utilizadas na comunicação em LIBRAS. 139


Figura: 56: Desenhos das mãos e posições dos dedos Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura: 57: Desenhos do alfabeto em LIBRAS Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura: 58: Saci-Pererê Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Saci-Pererê mais expressivo e colocado em poses que podem ser utilizadas no livro.

Figura: 59: Expressões do Saci-Pererê Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Teste com as expressões.

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Figura: 60: Criança ouvinte e criança surda Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura: 61: Criança ouvinte e criança surda Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Análise do livro da autora Suzy Lee Os desenhos dos personagens estavam mais expressivos, só que ainda estavam muito parecidos uns com os outros, então foi feita uma nova pesquisa de referências utilizando o livro “A Trilogia da Margem - O livro imagem segundo Suzy Lee” (2011). Neste livro a Suzan Lee mostra como foi todo o seu processo criativo na construção dos livros: Espelho, Onda e Sombra, foi possível observar como ela faz o uso dos traços nos desenhos, as técnicas que foram utilizadas, as expressões e a autora ainda comenta sobre as principais características dos livros ilustrados.

Figura: 62: Livro Suzy Lee Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Desenhos atualizados dos personagens Novos desenhos foram criados com base nos conhecimentos adquiridos com o livro Suzan Lee, desta vez com o foco nos traços e em melhorar as expressões, utilizou-se os lápis HB, 2B, 4B, 6B e 8B de forma a ter várias espessuras de linhas nos desenhos.

Figura: 63: Estudos criança ouvinte Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Desenho escolhido

Figura: 64: Criança ouvinte Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura: 65: Estudos crianรงa surda Fonte: Elaborado pelo prรณprio autor.

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Figura: 66: Crianรงa surda Fonte: Elaborado pelo prรณprio autor.

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Figura: 67: Saci-Pererê Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Neste processo foi atualizado o gorro do saci e também foram feitos alguns ajustes.

Figura: 68: Dona de casa e o viajante. Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Desenhos dos personagens secundários: dona de casa e o viajante. 153


Desenhos em escala dos personagens escolhidos Proporção

e escala de cada um dos personagens do livro.

Figura: 69: Personagens do livro Fonte: Elaborado pelo prĂłprio autor.

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4.3 Projeto Gráfico A lenda folclórica foi definida, iniciou-se o processo de configurações e definições utilizadas na construção do projeto gráfico, pelo fato de ser um livro ilustrado a imagem possui um espaço muito grande e com a colaboração do texto constroem a história do livro, o objetivo principal desta fase é desenvolver a narrativa de forma prática e eficaz e que também facilite a compreensão dos surdos.

4.3.1 Formato

A escolha deste formato também está relacionada com a narrativa que está sendo utilizada, em alguns momentos do livro são mostrados os ambientes de fazenda e floresta que são os lugares mencionados nas histórias sobre o saci, então é importante mostrar para as crianças uma visão geral destes lugares, principalmente para as crianças que estão mais acostumadas com os grandes centros urbanos e esse formato quadrado aberto possibilita o espaço para essa representação. Outro fator é que este formato permite ao longo da narrativa que as crianças se aprofundem na história do livro, a imersão aumenta e desta forma podem ser acompanhadas cada uma das travessuras do Saci-Pererê.

Com a montagem dos painéis semânticos sobre os formatos de livros, a pesquisa de campo na Biblioteca Monteiro Lobato e os estudos dos livros “Para ler o livro ilustrado” de Sophie Van der Linden (2011) e “O livro e o designer II” de Andrew Haslam (2000), definiu-se o formato do livro que será quadrado com 20 por 20 cm fechado. Sobre os formatos e a relação com as imagens e o texto Linden (2011) nota que: O livro ilustrado contemporâneo oferece grande variedade de formato. A organização das mensagens a serviço da página ou da dupla, bem como o tamanho e localização das imagens e do texto, estão solidamente articulados com as dimensões do livro. (LINDEN, p. 52, 2011). 156

Figura: 70: Biblioteca Monteiro Lobato - pesquisa sobre formato de livros Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Segundo Andrew Haslam (2000) os livros por razões práticas, estéticas e também de produção deve ter um formato adequado ao manuseio e a leitura e ser viável economicamente, este é um objetivo deste projeto criar um livro viável que tenha acabamentos mais simples e o uso deste formato também permite que o livro seja levado em mochilas ou colocado em estantes ou suportes com outros livros.

Um teste de abertura do livro também foi realizado para estender a página do livro devido a quantidade de desenhos que serão feitos pelo fato das duas crianças conversarem por meio da LIBRAS.

20 cm

2,5 cm 1,5 cm

20 cm

Limite da página

Figura: 72: Abertura do livro Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Figura: 71 Dimensões das páginas do livro Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Margem dos textos

Figura: 73: Abertura do livro Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Boneco O boneco do livro em escala 1/2 foi criado para verificar o posicionamento das imagens e dos textos.

Figura: 76: Boneco do livro Fonte: Elaborado pelo pr贸prio autor. Figura: 74: Boneco do livro Fonte: Elaborado pelo pr贸prio autor.

Figura: 75: Boneco do livro Fonte: Elaborado pelo pr贸prio autor.

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Figura: 77: Boneco do livro Fonte: Elaborado pelo pr贸prio autor.

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4.3.2 Materiais Segundo Andrew Haslam (2000), o papel compõe a forma física do objeto livro, as páginas e toda a superfície impressa, o custo e a disponibilidade também devem ser considerados na escolha do papel mais adequado. A escolha do papel couché fosco 170g/m2 para o miolo é devido ao fato que este papel possui uma boa qualidade para receber a impressão em cores e também oferece um manuseio mais agradável da página porque tem uma superfície bem lisa. Essa gramatura de 170g/m2 também impede que o papel dobre com muita facilidade, o que torna mais fácil seu uso.

Na encadernação optou-se pelo uso da lombada quadrada por meio da costura, possibilita uma maior visualização das páginas duplas com todo conteúdo desenvolvido nas ilustrações, o seu uso permite que se tenha uma larga abertura, proporciona uma resistência à publicação, uma melhor apresentação do livro e também facilita o manuseio pelas crianças.

O autor Fonseca (2008) nota que os materiais, o tipo de papel e os acabamentos que são utilizados nos livros fazem parte de toda a experiência que os leitores terão com esse objeto. A função da capa é proteger o conteúdo do livro devido a este fato o papel escolhido foi o couché fosco 190g/m2, ele é um pouco mais rígido que o papel utilizado nas páginas do miolo e a escolha da utilização da laminação fosca possibilita uma maior resistência á rasgos e gordura, também dá um aspecto mais aveludado à superfície.

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4.3.3 Ilustrações As imagens possibilitam a imersão das crianças nas histórias, fazem parte do cotidiano das crianças, os textos nos livros infantis podem ser mais curtos para facilitar a compreensão das crianças que estão em fase de alfabetização, as ilustrações nos livros infantis dão forma a narrativa e incentivam a leitura, neste trabalho a utilização das ilustrações é muito importante porque mostram as conversas das crianças com o uso da LIBRAS.

Os lápis HB, 2B, 6B, 4B e 8B foram utilizados nas ilustrações com o objetivo de mostrar diferentes espessuras de traços o que possibilitou a criação de mais expressão nestes desenhos.

Figura: 79: Desenho no formato real do livro Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Figura: 78: Ações e expressões dos personagens Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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4.3.4 Espelhos Com base nas decisões projetuais, foi criado o storyboard ou espelho inicial do livro, uso das páginas duplas nas quais as ilustrações ganham um impacto visual muito grande e a definição da quantidade de páginas. Segundo Salisbury (2004): “Quando se planeja um livro, é necessário descobrir como a história se desenvolve ao longo de uma sequência de páginas, e a maneira mais fácil, se não a única, de fazer isso é produzir em forma de storyboard. Para os livros, o storyboard é um plano bidimensional estabelecido de forma que todas as páginas do livro são visíveis ao mesmo tempo. A melhor maneira de fazer um, é elaborar uma série de contorno de páginas em miniatura.” (SALISBURY, 2004).

O uso do espelho permite observar como está sendo a história está sendo representada e fazer a organização das imagens ao longo da narrativa.

Figura: 80: Espelhos Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura: 81: Espelhos Fonte: Elaborado pelo prรณprio autor.

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4.3.5 Tipografia A seleção tipográfica baseou-se na leiturabilidade e legibilidade da tipografia e também a relação que as crianças têm com a leitura, com base nestes parâmetros foram selecionadas as seguintes fontes: DK rabbit on the moo, Bree Serif e Sassoon. Na definição da tipografia foi importante fazer uma análise dos caracteres “a”, “g” e “o”, estas letras principalmente quando se tratam de tipografias utilizadaspara crianças podem ser muito similares entre si, o que torna um pouco mais complicado a leitura.

Bree Serif

Sassoon

ago

ago

Segundo alguns estudiosos em tipografia infantil como Sassoon e Willians, as tipografias caligráficas ou que de alguma forma remetem a forma escrita são ideais para utilização nos materiais utilizados para o público infantil por serem mais fáceis de ler principalmente por crianças que estejam em processo de alfabetização. A doutora Rosemary Sassoon, que foi responsável pela criação da família de fontes Sassoon preocupou-se em investigar fontes que facilitassem o processo de leitura das crianças, a forma que as crianças percebem as letras e também quando desenvolveu a Sassoon, levou em consideração a opinião das próprias crianças. A fonte DK rabbit on the moon foi utilizada na capa por ter um aspecto mais lúdico e divertido, nos textos foi utilizada a fonte Sassoon por ser mais adequada a proposta deste trabalho e em alguns trechos em destaque utilizou-se a fonte Breef Serif que é uma fonte que possui serifas retas e caracteres infantis e oferece uma boa legibilidade, e devido o desenho das serifas, agrega um estilo marcante na composição tipográfica e destaque nas páginas.

Figura: 82: Tipografias Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Bree Serif

Sassoon

Figura: 83: Bree Serif Fonte: Sharesfonts, 2017.

Figura: 84: Sasson Fonte: Sharesfonts, 2017.

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Estudos de diagramação

Depois

Antes

Figura: 85: Estudos diagramação Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Figura: 86: Estudos diagramação Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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Figura: 87: Estudos diagramação Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Figura: 88: Estudos diagramação Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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4.3.6 Cores A cores utilizadas no projeto foram tons pastéis com base principalmente nas referências dos ambientes que são mostrados na narrativa: a fazenda e a floresta. Segundo Farina (2006): “A legibilidade, e a visibilidade de certos detalhes facilitam a leitura e a memorização dos mesmos e, segundo a forma dos detalhes, é preciso adequar a cor principal para adequação do contraste.” (FARINA, 2006, p. 23).

Nas páginas foram utilizadas variação dos tons nos ambientes de forma que pudesse ser percebida a mudança entre estes lugares, com relação ao personagem folclórico foram utilizadas as cores que são mais conhecidas e utilizadas nas histórias dos livros. Os uniformes dos personagens protagonistas possuem características diferentes nas formas só que foram utilizadas cores iguais com o objetivo de lembrar o público leitor que as crianças do livro são alunos.

Figura: 89: Páginas do livro Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Figura: 90: Páginas do livro Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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4.3.7 Relação texto e imagem O livro desenvolvido possui as linguagens: visual, gesto-visual (LIBRAS) e textual, ao longo das páginas foi necessário montar uma articulação concisa entre estas linguagens o que facilita a compreensão da narrativa pelas crianças. A relação de texto que imagem que foi criada neste projeto é a de colaboração, de acordo com Linden (2011, p. 121), as imagens e o texto se complementam, o sentido emerge da relação entre os dois, abre espaço também para a interpretação dos leitores. Neste processo também foi importante o estudo das funções que tem o texto e as imagens que mostra o resultado desta relação entre eles, a função de seleção foi utilizada na concepção deste livro, segundo Linden (2011, p. 123) a imagem pode selecionar uma parte da mensagem do texto ou se concentrar em um aspecto da narrativa.

Em alguns momentos do livro também podem ser encontradas páginas que possuem imagens sem texto, Linden (2011, p. 129), que estas páginas são um espaço reservado para a imaginação, essa articulação deve ser considerada na sucessão de páginas e as imagens assumem a narrativa nestas partes dos livros. As palavras nas páginas também se integram as imagens, quando estas visam representar o seu significado, segundo Linden (2011), os textos podem ter um caráter icônico, o uso deste recurso também aumenta a imersão e favorece a narrativa.

A LIBRAS possui características bem diferentes da língua portuguesa, nos textos do livro, as palavras principais ou conteúdo principal dos textos presentes nas páginas foram selecionados e traduzidos para a língua de sinais de sinais, portanto as imagens, os sinais e os textos atuam em conjunto o que possibilita o entendimento da narrativa tanto por crianças ouvintes quanto por crianças surdas. 178

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4.3.8 LIBRAS A linguagem de sinais são uma das partes mais importantes deste livro desde o começo deste trabalho, uma nova visita de campo foi feita na Escola Verbo e Movimento e em conjunto com o professor surdo Pedro Figueiredo e o interprete Rony Carvalheiro, cada um dos sinais que são utilizados pelos personagens dos livros foram validados por eles. Os textos da narrativa foram estudados e com base neles o professor e o interprete disseram o que é mais importante de cada texto nas páginas para a compreensão dos surdos, eles foram fotografados e filmados fazendo os sinais e posteriormente estes foram transportados na forma de desenhos nas páginas.

Figura: 92: LIBRAS Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Figura: 91: LIBRAS Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

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5. Projeto Final

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5.1 Livro

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5.2 Memorial descritivo Formato: 20x20cm (Fechado). Ferramentas de finalização: Adobe Photoshop, Adobe Illustrator e Adobe Indesign. Papel do miolo: couché fosco 170g/m2. Papel para capa: couché fosco 190 g/m2. Acabamento: Laminação fosca na 1ª e 4 capa. Impressão: Offset, Padrão CMYK, 4x4 Cores. Encadernação: Lombada quadrada com capa dura. Imagens: Todas feitas pelo autor.

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6. Considerações Finais

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Com base nas informações das pesquisas e estudos, foi descoberto o universo dos surdos, suas características, particularidades na criação de materiais didáticos para este público, também observou-se que em alguns casos faltam estudos e consultas aos próprios surdos sobre a eficácia destes conteúdos que são produzidos para eles. É muita vasta a literatura sobre a surdez só que é necessário a produção de mais livros infantis que proporcionarão o conhecimento da nossa cultura e servirão como uma ferramenta de ensino na alfabetização dos surdos. A utilização dos painéis semânticos, as pesquisas de campo e os conhecimentos adquiridos na fundamentação teórica foram muito importantes no processo de configuração do projeto e na compreensão de como criar o livro de forma que fosse cumprido o briefing e os conceitos norteadores que foram propostos. Ao longo de todo processo foram criados muitos desenhos, o foco foi criá-los bem expressivos porque esta é uma característica que deve estar sempre presente nos materiais desenvolvidos para pessoas com surdez.

A validação da LIBRAS foi primordial na criação do desenhos nas páginas, desta forma foi possível fazer uma melhor organização do projeto, os estudos sobre tipografia e os testes de diagramação ajudaram bastante na escolha das fontes do livro. Portanto acredita-se que este trabalho contribuiu no mercado editorial de livros infantis e que servirá também como material de estudo para futuros projetos que envolvam o Design Inclusivo. Conhecimentos foram adquiridos em todas as fases de construção de um livro que tem como principal público leitor as crianças surdas.

Os testes com diferentes traços e espessuras ajudou na criação dos cenários e personagens e também a tradução dos diálogos em língua de sinais possibilitou a escolha de um caminho projetual a ser seguido em que os textos e as imagens se complementam e algumas palavras são representadas em LIBRAS. 202

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7. ReferĂŞncias

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