CENTRO DE SAÚDE E BEM-ESTAR PARA A TERCEIR A IDADE
HENOIA LUCIANA DA SILVA SAMPAIO
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APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
O aumento da expectativa de vida e a redução da fecundidade foram fatores essenciais para o aumento do envelhecimento populacional no Brasil. Dados estatísticos mostram que o envelhecimento da população brasileira está em escala crescente. A estimativa, segundo o IBGE (Censo demográfico 2010), é que a população idosa totalize dois milhões de pessoas até o ano de 2050. Diante desta realidade, as cidades deveriam ser planejadas para que todos pudessem usufruí-las plenamente, no entanto, percebe-se que o meio urbano não dispõe de espaços adaptados as limitações do idoso. Por este motivo, atividades corriqueiras como, um simples caminhar pelas ruas, podem se tornar bastante difíceis para qualquer cidadão e, sobretudo, para aqueles que apresentam dificuldades de locomoção decorrentes da idade. A carência de equipamentos e de áreas de lazer que respeitem as necessidades específicas da terceira idade é evidente na cidade de Fortaleza. Nesse contexto, verifica-se a ausência de um Centro destinado à terceira idade que contemple atividades de lazer, educativas, culturais e, além disso, que possam oferecer ao idoso serviços de saúde. Possibilitar ao idoso uma cidade mais acessível, acolhedora e também poder oferecê-lo a oportunidade de frequentar lugares adequados as suas necessidades, são fatores fundamentais que poderão contribuir para a inclusão social, o fortalecimento da autonomia e a qualidade de vida do indivíduo.
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JUSTIFICATIVA
A escolha de trabalhar com um tema direcionado à terceira idade surgiu, ao observar de uma forma mais ampla, a carência de espaços acessíveis aos idosos em nossa cidade e verificar que ainda há muito a se fazer, no espaço urbano, para uma população que só tende a crescer. Além disto, a convivência com a minha avó me fez constatar as necessidades e as limitações que o idoso adquire ao longo da vida e, sobretudo, o desejo de continuar exercendo uma vida mais ativa. Esses aspectos, portanto, me motivaram a pensar em algo que pudesse ser originado para oferecer mais qualidade de vida e propiciar mais interação social ao idoso.
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OBJETIVOS
METODOLOGIA
A metodologia que será adotada para a elaboração da seguinte pesquisa utilizará a consulta bibliográfica e a coleta de informações por meio de materiais referentes ao tema proposto, tais como pesquisas estatísticas, normas técnicas e código de obras e posturas. A observação dos espaços que desenvolvem atividades destinadas aos idosos e acolhem esta população terá como procedimento a realização de visitas técnicas feitas nestes locais. Para melhor compreensão das necessidades do idoso e avaliação dos espaços destinados à terceira idade, serão produzidas entrevistas com idosos e profissionais que lidam com o público da terceira idade.
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REFERENCIAL TEÓRICO
A presente pesquisa busca ressaltar, em seu Referencial Teórico, dados atuais referentes ao envelhecimento no Brasil, bem como a sua progressão no futuro. Nesse sentido, apresenta como o idoso pode ser percebido na atualidade, salientando a importância da qualidade de vida para o favorecimento do envelhecimento bem-sucedido. Em seguida, faz-se uma abordagem em relação aos equipamentos destinados ao idoso, destacando a origem histórica dos mesmos. Por último, para maior compressão das legislações de amparo ao idoso, será realizada uma descrição destes instrumentos criados para assegurar o direito da população de mais idade. O presente trabalho define também como é tratada a acessibilidade para tornar o ambiente mais adequado ao idoso.
A NOVA CONFIGURAÇÃO DEMOGRÁFICA
A população, durante o processo de Industrialização do Brasil, era formada, predominantemente, por crianças e jovens. Entre as décadas de 1970 e 2010, o avanço da medicina e o nível de instrução da população foram fundamentais para a redução da taxa de mortalidade e de natalidade. Isto fez com que a expectativa de vida aumentasse e, consequentemente, o percentual de idosos subisse no país. Evidenciando esta situação, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao realizar o Censo 2010, verificou uma diminuição absoluta dos grupos etários menores de 20 anos no Brasil. Nos últimos dez anos, o crescimento absoluto da população do Brasil se deu, principalmente, em função do crescimento da população adulta, com destaque para a participação da população idosa (IBGE, 2010). As constatações do IBGE nos mostram que a população do Brasil envelhece em ritmo acelerado. Esta dinâmica do envelhecimento já ultrapassa a das sociedades mais desenvolvidas. De acordo com o texto publicado no site do jornal Folha de São Paulo, a expectativa é que a população idosa triplique nos próximos 20 anos. A nova realidade demográfica do país tem sido assunto recorrente nos veículos de comunicação, como pode ser verificado em recente matéria publicada no jornal Diário do Nordeste, onde foram destacados dados referentes ao Censo de 2010. Conforme a publicação, o Brasil terá mais pessoas de 60 anos ou de mais idade (40,3 milhões) do que de 0 a 14 anos a partir de 2029. A notícia indica também que o número de mortes irá suplantar o de nascimentos em 2043, segundo o IBGE. Ainda, de acordo com a matéria, o Ceará segue a mesma projeção nacional, caracterizado pela redução do número de nascimentos entre os anos 2000 a 2030, resultando uma queda de 37% (trinta e sete por cento) em trinta anos.
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A figura 2, a seguir, elucida os dados estatísticos mencionados na publicação.
Figura 2: Dados estatísticos que configuram o envelhecimento populacional. Fonte: Imagem do jornal Diário do Nordeste.
Diante deste processo, é imprescindível um maior entendimento de como lidar com a situação do envelhecimento populacional, para uma melhor elaboração dos serviços que auxiliem os idosos a terem uma vida saudável e uma velhice plena. Pensar como oferecer uma melhor qualidade de vida aos idosos é um grande desafio a ser considerado.
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O idoso na atualidade
Durante muitos anos, o idoso foi visto como um ser improdutivo e sem perspectivas futuras. Contradizendo esta visão, vários idosos, atualmente, desfrutam de uma vida mais ativa e vivenciam novas experiências. Esta realidade nos mostra que a velhice não é sinônimo de estagnação. A concepção do envelhecimento como uma fase da vida onde começam a ocorrer o deterioramento físico e mental da pessoa também contribui para a desvalorização da velhice. Debert (2004) esclarece que as novas imagens e as formas contemporâneas de gestão da velhice ajudam a mudar esta percepção negativa ao fazer uma revisão dos estereótipos referentes ao envelhecimento. Deste modo, o autor estabelece que as doenças físicas e o declínio mental podem ser compreendidos como fenômenos normais no estágio mais avançado da vida e que afetam as pessoas em qualquer idade. Um dos fatores que favorecem o envelhecimento bem-sucedido é a qualidade de vida. Percebe-se, nas últimas décadas, uma maior preocupação com a qualidade de vida saudável durante a velhice. Desse modo, é essencial ter um estilo de vida mais ativo para evitar os riscos à saúde e a mortalidade. A mudança no estilo de vida, bem como a manutenção de hábitos alimentares adequados e associados com a prática de atividades físicas, intelectuais e cognitivas contribuem para conquistar uma vida próspera e saudável. Conforme mencionam Terra e Dornelles (2003), há várias formas de se obter uma vida saudável, tais como: a prática de atividade física regular, uma nutrição equilibrada, o convívio social, além de outros comportamentos relacionados à saúde. Nesse sentido, a maior conscientização dos idosos fez com que tivessem uma mudança de comportamento e despertassem a vontade para realizar atividades prazerosas. Ter uma vida mais produtiva e praticar atividades físicas possibilitam, além de melhorias à saúde, uma maior motivação e elevação da autoestima do idoso. Estes benefícios são fundamentais para evitar a depressão, problema comumente verificado durante a velhice.
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Dessa forma, além da consciência da importância em praticar atividades físicas, observa-se em alguns idosos o interesse por voltar a estudar. A satisfação proporcionada ao idoso pela obtenção de novos conhecimentos também é outro fator que colabora para a qualidade de vida durante a velhice. Sendo assim, diante desta realidade da população de mais idade, devese propiciar aos idosos a melhor forma de alcançarem o bem-estar e, deste modo, contribuir para que possam continuar usufruindo desse atual estilo de vida. O Brasil, entretanto, ainda não se encontra preparado para oferecer à população idosa condições necessárias ao envelhecimento saudável. Segundo relatório divulgado pelo Índice Global do Envelhecimento, o Brasil ocupa o 56º (quinquagésimo sexto) lugar no ranking de qualidade de vida para os integrantes da terceira idade. Este resultado coloca o país abaixo da média global, ficando muito atrás de outros países da região latino-americana, fato que demonstra a premente necessidade de iniciativas a fim de proporcionar uma velhice com melhores expectativas.
Equipamentos voltados para o idoso
As instituições de longa permanência podem ser consideradas um exemplo de equipamento mais antigo destinado ao público idoso. O primeiro asilo do Brasil surgiu no Período Colonial (ARAÚJO et al.). No início, esses lugares eram parecidos com os primeiros hospitais, pois ambos foram originados para acolher idosos em situação de pobreza e exclusão social. Atualmente, os asilos abrigam não apenas idosos nas situações, anteriormente, mencionadas, mas também aqueles que apresentam uma condição financeira razoável para poder contribuir financeiramente com a instituição. As preocupações com envelhecimento saudável deram origem ao desenvolvimento de lugares onde fosse possível promover mais qualidade de vida à população idosa.
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As primeiras iniciativas com o intuito de promover um envelhecimento bem-sucedido começaram a surgir nos anos 60, de acordo com Debert. Destacase, neste período, o caso do Sesc (Serviços Social do Comércio) que permitiu aos seus associados de mais idade o acesso à atividades consideradas, essencialmente, de lazer. Embora as mudanças tenham surgido nos anos 60, a proliferação das iniciativas, entretanto, começou nos anos 80, como afirma Debert.
Legislações de amparo ao idoso
A preocupação em atender às necessidades de acessibilidade do idoso é um fato que pode ser considerado ainda recente no Brasil. De acordo com Garcia (2008), o conceito de Seguridade Social, introduzido nas disposições da Constituição Federal de 1988, por exemplo, mudou a maneira como o idoso era visto, alterando o enfoque assistencialista da proteção social, para uma atitude de preocupação com a cidadania. Assim, nas duas últimas décadas, a população idosa brasileira obteve importantes conquistas sociais, fato que pode ser comprovado a partir da aprovação da Política Nacional do Idoso (Lei 8.842) estabelecida em 1994. Tal medida surgiu em decorrência das reivindicações sociais que suscitaram a elaboração de normas para os direitos sociais dos idosos, as quais pretendiam garantir autonomia, integração e participação social. Conforme esclarece Garcia (2008, p. 85) “essa política não tem sido aplicada de forma adequada, já que a burocracia brasileira mantém uma política de centralização, com interferência excessiva do Estado”. Nesse sentido, além deste motivo identificado pelo autor, outros fatores, tais como as contradições encontradas nos textos da legislação e, até mesmo, o desconhecimento do conteúdo dificultam a atuação correta dessa política. Com o objetivo de acrescentar novos preceitos à Política Nacional do Idoso, o projeto de Lei 3.561/97 propôs no Congresso o Estatuto do Idoso, o qual
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foi promulgado em 2003 (Lei 10.741/2003). Este instrumento, considerado mais abrangente que a Política Nacional do Idoso, serve como um guia para que as políticas públicas possam trabalhar de maneira adequada, em consonância com o novo significado da velhice. Neste contexto, o Estatuto prevê alguns direitos fundamentais ao idoso, como apresenta o seguinte artigo:
Art. 3º. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, a alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
A estrutura do Estatuto reúne desde a garantia de prioridade aos idosos na prestação de serviços públicos, administrativos ou judiciais, até questões de saúde lazer, transporte e cidadania. O Estatuto já foi um grande avanço para regulamentar os direitos do idoso, no entanto, outras medidas sociais devem ser tomadas para auxiliá-los nos diversos problemas enfrentados em seu cotidiano. A falta de trabalho, dificuldades em aderir ao processo de aposentadoria e a planos de saúde, abandono da família e depressão são alguns dos problemas vivenciados pelos idosos no Brasil.
Acessibilidade A norma que trata sobre a acessibilidade em vigência no Brasil é a ABNT NBR 9050:2004. Esta norma apresenta recomendações para que as edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos possibilitem o acesso de pessoas portadoras de deficiência física ou mobilidade reduzida.
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Em 1983, foi realizada a primeira edição da norma e, após três anos a NBR 9050 passou por um processo de revisão. Nesta versão, é possível verificar uma alteração em seu enfoque, pois, além de considerar as pessoas com deficiência, a norma expandiu a sua abordagem para aquelas que têm dificuldades de locomoção, os idosos, obesos, gestantes, entre outros. Objetivando garantir a acessibilidade a todos, os novos regulamentos procuraram trabalhar com o conceito do desenho universal. Compreendendo que a arquitetura deve ser trabalhada de uma forma mais inclusiva, tornando-se acessível a maior parte da população, a NBR 9050:2004 define o seguinte objetivo: [...] proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maneira autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos.
Para que os espaços atendam às necessidades específicas do indivíduo, a norma estabelece medidas mínimas para determinados ambientes. A figura 3 seginte apresenta, por exemplo, as dimensões do mobiliário dos dormitórios acessíveis e as medidas adequadas para a circulação interna.
Figura 3: Circulação Fonte: ABNT NBR 9050:2004.
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Mesmo com a alteração sofrida no enfoque da norma, que passou a considerar idosos, uma pesquisa realizada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) constatou que a NBR 9050 não atende algumas necessidades específicas dos idosos. Segundo a pesquisadora Milani (2004), há uma norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC/ANVISA nº 283) que tenta suprir as deficiências da NBR 9050, regulamentando o funcionamento de instituições de longa permanência, trazendo exigências e recomendações. O regulamento técnico da Anvisa teve como base a NBR 9050, porém para que o ambiente atenda corretamente as necessidades específicas de uma instituição para idosos, algumas pedidas estipuladas pela norma de acessibilidade sofreram alterações. A RDC nº 283 alterou, por exemplo, a largura mínima do vão livre das portas para 1,10 m, de maneira a possibilitar a passagem de macas, conforme observou Milani (2004). A pesquisadora também aponta diferenciações quanto ao espaço de circulação ao redor das camas, a NBR 9050 pede 0,90 m, já a RDC nº 283 aceita 0,80 m. De acordo com Milani (2004), a Anvisa estabelece, entretanto, uma metragem quadrada mínima de 7,50 m² para quartos individuais e 5,50 m² por pessoa para os quartos de duas a quatro pessoas, tais medidas geram espaços adequados para a movimentação em cadeira de rodas, com andador ou macas. Outro ambiente que merece bastante atenção é o banheiro, tendo em vista que este é um dos locais considerados mais perigosos aos idosos, pois é onde ocorre o maior número de acidentes, como as quedas comuns entre idosos. A ABNT NBR 9050:2004 regulamenta medidas de boxes para bacia sanitária acessível, conforme figura 4.
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Código de Obras e Posturas
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O instrumento que permite a administração municipal atuar no controle e fiscalização do espaço edificado é conhecido por Código de Obras. As disposições desta Lei podem ser compreendidas no seguinte artigo: Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre a execução de obras públicas ou particulares, no Município de Fortaleza, sobre as medidas de polícia administrativas de competência do município. No que diz respeito à ordem, higiene, instalação e funcionamento de equipamentos e atividades [...]
A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou o Código de Obras e Posturas do Município em 1981. Este instrumento menciona algumas edificações que deverão seguir critérios dispostos no Código. Em se tratando dos idosos, a Lei nº 5.530 indica especificações para a execução e o funcionamento adequado de asilos. Conforme o artigo 327 da Lei nº 5.530 (FORTALEZA, 1981), a edificação deverá dispor, pelo menos, de compartimentos, ambientes ou locais para: I.
Recepção, espera e atendimento;
II.
Acessos e circulação;
III.
Instalações sanitárias;
IV.
Refeitório, copa e cozinha;
V.
Serviços;
VI.
Administração;
VII.
Quartos e pacientes ou enfermarias;
VIII.
Serviços médico-cirúrgico e serviços de análises ou tratamento;
IX.
Acesso e estacionamento de veículos.
Atualmente, o Código de Obras e Posturas de Fortaleza encontra-se em processo de revisão pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma).
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REFERENCIAIS DE PROJETO
A seguinte pesquisa abrange como referenciais projetuais equipamentos públicos e privados para, assim, ter uma percepção do funcionamento desses espaços, analisar o trabalho desenvolvido com idosos e verificar como este agente é tratado em projetos de usos distintos. O trabalho faz um estudo de espaços de baixo, médio e alto padrão. A análise dos equipamentos também procura identificar como estes lugares lidam com a questão da acessibilidade.
Lar Torres de Melo
Localizada no Bairro Jacarecanga, na cidade de Fortaleza, a entidade foi fundada em 10 de agosto de 1905, como Asilo de Mendicidade do Ceará pela Lojas Maçônicas Fraternidade, Igualdade e Amor e Caridade III e, antigamente, ocupava outro local. No princípio, o objetivo do local era acolher moradores de rua, contudo, em 1979, passou por uma mudança em seus estatutos, sendo necessário definir o tipo de usuário, bem como a modalidade de atendimento. Neste período, a entidade, que já contava com 280 idosos residentes, recebeu a denominação de Lar Torres de Melo, em homenagem a José Ramos Torres de Melo, que exerceu a presidência da instituição durante 31 anos. Atualmente, o Lar Torres de Melo é uma instituição de longa permanência que atende a 224 idosos residentes e mais 100 participantes do Projeto de Convivência. Este projeto busca a integração entre idosos internos e externos (integrantes do Projeto de Convivência), que participam de atividades laborativas, recreativas, expressivas, religiosa, ludoterápica, sociabilizante e cognitiva durante duas tardes na instituição.
Figura 5: Lar Torres de Melo. Fonte: Site da instituição Lar Torres de Melo.
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Dormitórios A instituição apresenta dormitórios individuais e coletivos. Em alguns destes, o conforto térmico é proporcionado pela ventilação cruzada e pelo uso de telhas coloniais. Há quartos, entretanto, que tanto o conforto térmico quanto o lumínico não são adequados, pois não apresentam janelas. Verificam-se, nestes quartos, apenas alguns elementos vazados na alvenaria. Percebe-se também a inexistência de mobília padrão nesses ambientes, pois cada interno tem a liberdade de levar o móvel próprio, bem como objetos pessoais. As figuras a seguir mostram dois exemplos de dormitórios da instituição.
Figura 6: Dormitório onde há maior conforto ambiental. Fonte: Arquivo pessoal (2015).
Figura 7: Exemplo de dormório que não possui janelas. Fonte: Arquivo pessoal (2015).
Todos os dormitórios do Lar Torres de Melo dispõem de banheiros que apresentam barras de apoio fixadas na parede.
A instituição promove diversas atividades de lazer, tais como ginástica, jogos lúdicos, oficinas de desenhos e pinturas, bingos, festas e passeios aos idosos residentes. Segundo a assistente social Maria Julia de Barros, a média de idade destes idosos está entre 70 e 80 anos. A profissional relata que há casos que a adaptação dos residentes ao ambiente ocorre mais facilmente, já aqueles que chegam ao local com a saúde debilitada, demoram mais a se adaptar à nova moradia. Barros informa que a instituição também oferece serviço particular a seis moradores, que chegam a investir cerca de dois mil reais. Embora este serviço seja particular, a intenção continua sendo a filantropia, pois as famílias ao pagarem para o parente permanecer na entidade, estão ajudando a manter o Lar Torres de Melo, conforme esclarece a assistente social. No momento, a instituição conta com o quadro de 125 funcionários registrados, dentre eles consta uma equipe multiprofissional (assistentes sociais, médicos, enfermeiros, terapeuta ocupacional, fisioterapeutas, nutricionistas, pedagoga e psicólogo).
Estrutura física do local
O Lar Torres de Melo é considerado a única instituição filantrópica que lida com casos de alta complexidade em diversos graus de depedência. Os recursos do local são provenientes, principalmente, do governo estadual, federal e municipal.
Analisando a estrutura, percebe-se que o equipamento sofreu algumas modificações na tentativa de torná-lo mais adaptado ao uso. O local, apresenta em seu programa de necessidades os seguintes ambientes: recepção, escritórios, consultórios, enfermarias (divididas em duas alas feminina e masculina),
farmácias,
quartos,
banheiros,
cozinha,
refeitório,
cantina,
lavanderia, depósito, sala de costura, salão de beleza, loja (bazar), área de recreação e estacionamento.
Rampas As rampas verificadas no espaço, como mostram as figuras abaixo, apresentam alguns elementos de segurança, tais como piso antiderrapante, guarda-corpo e corrimão, que auxiliam o equilíbrio de quem caminha pelo local.
Figura 8: Rampa. Fonte: Arquivo pessoal (2015).
Figura 9: Rampa com barras. Fonte: Arquivo pessoal (2015).
A estrutura física do Lar Torres de Melo ainda é bastante precária, haja vista as condições dos espaços que não estão, totalmente, adequados para favorecer acessibilidade do idoso. Na figura 10 é possível ver um dos locais de convivência da instituição, um pátio arborizado que fica situado próximo aos refeitórios.
Figura 10: Pátio. Fonte: Arquivo pessoal (2015).
Sesc (Serviço Social do Comércio)
O Sesc, entidade privada mantida por empresários, é considerada a pioneira, no país, a desenvolver o Trabalho Social com Idosos (TSI) que tem como meta oferecer uma qualidade de vida à terceira idade. Este projeto visa trabalhar a pessoa idosa em sua integralidade, considerando as diversas dimensões do envelhecimento e possibilitando que o idoso tenha a oportunidade de interagir com pessoas da mesma idade e de outras gerações. A unidade do Sesc em Fortaleza, situada na Rua Clarindo de Queiroz no Centro da cidade, teve sua inauguração em 1960. O local dispõe de teatro, biblioteca, área de convivência, lanchonete, restaurante, academia, ginásio de esportes e piscinas. Além de promover diversas atividades educativas, o Sesc desenvolve também o Trabalho Social com Idosos (TSI) desde 1983 no Ceará
Figura 10: Prédio oficial do Sesc (Serviço Social do Comércio) Fonte: Site da Instituição Sesc.
O site do Sesc define que o TSI é desenvolvido através das seguintes áreas de atuação: •
Grupo de Convivência: dedica-se a qualidade de vida, a participação social, ao combate do isolamento social do idoso. Atividades: reunião de integração, bailes temáticos, dinâmicas e vivências, dentre outras.
•
Escola Aberta da Terceira Idade: pretende gerar maior autoestima e autonomia no idoso, para isso, tem como objetivo estimular a capacidade cognitiva e proporcionar a obtenção de conhecimentos. Atividades: cursos de idiomas e informática, palestras, oficinas, seminários, fóruns, grupo de estudos sobre o Estatuto do Idoso, dentre outras.
•
Trabalho Intergeracional: busca estimular a integração e o aprendizado entre gerações. Atividades: promove trabalhos pedagógicos e culturais com a participação de idosos, crianças e adolescentes. Na Figura 12 abaixo, podemos ver a realização de uma aula que faz parte
do Projeto “Era uma vez... Atividades Intergeracionais”, com a interação de idosos e crianças.
Figura 10: Prédio oficial do Sesc (Serviço Social do Comércio) Fonte: Site da Instituição Sesc.
Para combater a exclusão social dos idosos, o Sesc promove o programa Cidadania Ativa – uma nova realidade para o idoso, que pretende incentivá-los a verem e conquistarem o status de existência social; a lutarem por maiores espaços de cidadania e pelo direito de ter direitos, conforme esclarece a instituição. As atividades desenvolvidas pelo projeto têm a participação direta dos idosos, ou seja, aqueles que têm, reconhecidamente, uma expressão cultural, intelectual artística, política ou profissional e almejam participar e transmitir os seus conhecimentos a outras pessoas poderão contribuir para a realização das atividades com outros idosos em situação de vulnerabilidade social. Atualmente, o projeto envolve diretamente 240 idosos com idade acima de 60 anos. Além das atividades promovidas pelo TSI, o Sesc Fortaleza oferece diversos cursos para a terceira idade, tais como hidroginástica, yoga, tai chi chuan e lian gong, fato que torna a entidade referência para as pessoas de melhor idade que buscam manter uma vida mais saudável.
Hiléa
O Hiléa foi um complexo direcionado a pessoas da terceira idade e que abrangia as funções de hotel, residência, clínica médica e clube. A instituição, que ficava situada no bairro Morumbi, zona sul da capital de São Paulo, era especializada no atendimento a pessoas com o mal de Alzheimer. Este centro de vivência surgiu em dezembro de 2007, por meio de uma parceria entre os seus idealizadores (médicos e administradores) e um grupo de investidores. A edificação, projetada pelo escritório Aflalo & Gasparini, era composta por um conjunto formado por dois volumes, os quais estavam inseridos num terreno de 2.600 m². Integravam o conjunto, portanto, um embasamento horizontal com três pavimentos de áreas comuns do hotel e de atividades da clínica; e um volume vertical, um edifício laminar com 50 m de comprimento por 17 de largura, com oito pavimentos onde foram distribuídas as suítes. Na cobertura, foi instalada uma UTI que possuía grandes janelas voltadas para um jardim, possibilitando o contato do paciente com o exterior e, assim, contribuindo com a sua melhora.
Figura 10: Prédio oficial do Sesc (Serviço Social do Comércio) Fonte: Site da Instituição Sesc.
O primeiro pavimento era destinado aos pacientes com Alzheimer e às suas necessidades especiais. Para que idosos portadores desta doença pudessem ter referências do passado, foi criada uma grande praça com pédireito duplo ambientada como um cenário da década de 50. Abaixo, a figura 15 nos mostra este ambiente.
Figura 10: Prédio oficial do Sesc (Serviço Social do Comércio) Fonte: Site da Instituição Sesc.
Nos pavimentos tipos, foi disposto um posto de enfermagem, 18 apartamentos, um refeitório e uma sala íntima. Em todos os apartamentos foram incluídos equipamentos hospitalares de emergência. O projeto utilizou o primeiro subsolo, que tem aberturas para um jardim, para a instalação de piscina coberta, sauna, musculação, fisioterapia e massagem, ateliês de pintura, cabeleireiro e sala para crianças. Dispondo de uma área de 13.400 m², o Hiléa apresentava uma arquitetura contemporânea que utilizava materiais considerados práticos e funcionais. A edificação era composta por madeiras no térreo, nos terraços e na coberta, compondo, desta forma, uma unidade plástica ao conjunto. No volume, podia ser percebido um contrate de tonalidades com a aplicação do revestimento de placas pré-moldadas de laminado melamínico em cor clara. O conforto ambiental foi favorecido com a instalação de pergolados no térreo e na cobertura, que foram utilizados com a intenção de sombrear e gerar uma identidade ao local.