(TFG 2) Arquitetura I Hospital Infantil Meia Ponte - Henrique Dantas

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HENRIQUE DANTAS CONRADO ARQUITETURA E URBANISMO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS



HENRIQUE DANTAS CONRADO Hospital Infantil Meia Ponte

Trabalho

apresentado

ao

curso

de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Goiás como requisito para obtenção de

de

Trabalho

aprovação de

na

Graduação

matéria Final

II

Orientador: Patrick di Almeida Zechin

Anápolis, 2016


A complexidade de uma proposta com o tema de saúde é de conhecimento geral, principalmente de um hospital de grande porte. Fora da academia, um hospital deve ser sempre ser desenvolvido por uma equipe grande e multidisciplinar. Dessa forma, desde o começo do processo deste trabalho, eu sempre soube que precisaria da ajuda do máximo de pessoas possíveis para que eu pudesse atingir um resultado com nível satisfatório. Foram tantas pessoas que me ajudaram nesse primeiro momento que decidi listá-las com seus devidos créditos, especificando a área em que me orientaram ou deram consultoria. Meus profundos agradecimentos a todos vocês que contribuíram de alguma forma com o desenvolvimento desse trabalho, direta ou indiretamente.

agradecimentos agradecimentos agradecimentos agradecimentos agradecimentos agradecimentos


CO


Dedicatoria Ao meu sobrinho e afilhado JoĂŁo Jorge, que ilustra a capa deste trabalho. A Ăşnica pessoa que consegue me fazer sorrir mesmo depois de longas e estressantes viradas de projeto.


JoĂŁo Jorge, um lindo.


SUMÁRIO Apresentação

01

Agradecimentos

02

Dedicatória

04

Introdução

07

O Tema

08

Saúde Hospitais Pediatria Oncologia infantil

O Lugar Goiânia 2 O ambiente natural Demandas e potencial

O Projeto

08 11 12 15 19 19 25 29 32

Programa Memorial justificativo Referências projetuais Projeto

32

Referenciais

40

Anexos

43

Quadro síntese

44

35 36 38


IN TRO DU CAO

Este trabalho foi montado a

de hospitais e pediatria, até o

situação atual e tendências de

partir da mistura de um plano

micro, e tema mais específico,

desenvolvimento. Logo após, é

traçado por minha orientadora e

a

eu, juntamente com os requisitos

cada conceito, fazendo-se um

do manual do TFG da UEG.

panorama

Foram

devidos

sobre eles, e partindo para uma

feita uma análise ambiental da região do entorno e levantamento do terreno em si. Aproveitase a leitura do espaço para fazer uma análise da demanda

cuidados para não retirar nada

análise da situação atual de

geral do hospital, de Goiânia e

do requisito mínimo contido

cada um, procurou-se, além

região, verificando o potencial

no manual, adicionando itens

de nos introduzir ao tema,

do equipamento e procurando

necessários e específicos ao

entender melhor qual a sua

soluções para otimizá-lo.

tema, e tentando organizá-los

relevância e pertinência com a

em uma sequência lógica onde

contemporaneidade,

cada capítulo se conecta com

com o desenvolvimento do conceito

o anterior, resultando em uma

de Câncer Urbano, e o linkando

proposta

à escolha, leitura e estudo do

tomados

projetual

os

embasada

onco

em todo o processo teórico e

espaço.

analítico.

pediatria.

geral

Definindo

e

histórico

finalizando

Com a conclusão das análises, parte-se para os estudos de caso formais e funcionais, os quais, juntamente com todas as análises anteriores, resultam na definição

O estudo do lugar, que se

do programa de necessidades

O trabalho começa com a

inicia com a escolha do terreno,

e do memorial justificativo da

apresentação do tema, partindo-

se desenvolve com a análise do

nossa proposta projetual, que é,

se do tema macro e geral, a

bairro escolhido, dando ênfase à

por sua vez, apresentada como a

saúde, passando pelos conceitos

sua dinâmica de transformação,

conclusão deste trabalho.


SAÚDE Definição de Saúde

O TE MA

A Organização das Nações Unidas (ONU), através da criação da Constituição da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1946), definiu em 1946 durante a reunião realizada na cidade de Alma-Ata que saúde é um estado de bem estar físico, mental e social completo, sendo não apenas a ausência de doenças ou enfermidades. Esta definição de saúde pela OMS, apesar de ser uma das mais abrangentes ao não restringir a saúde a apenas o estado de um indivíduo em que há exercício regular das funções orgânicas, como outros autores defendem (GOÉS, 2011) (VIEIRA, 2003), é a definição mais aceita no mundo atualmente. Esta definição de saúde é o primeiro dos nove princípios básicos para a felicidade, as relações harmoniosas e a segurança de todas as pessoas da constituição da OMS. Além deste princípio básico, outros dois são significativos para este trabalho. Em um deles, a organização cita especificamente a saúde infantil ao dizer que o desenvolvimento saudável da criança é de básica

importância; e que a habilidade de viver harmoniosamente em um ambiente de total mudança é essencial para tal desenvolvimento. Dentro destes princípios, a OMS também coloca a responsabilidade sobre a saúde da população em seus governos, e diz que essa responsabilidade pode ser cumprida somente pela provisão de medidas sociais e de saúde adequadas (WHO, 1946). No Brasil, o direito à saúde como responsabilidade do Estado está garantido não somente a partir da conferência de Alma-Ata, mas também da Constituição Federal e das Leis Orgânicas da Saúde.

Saúde no Brasil – Um panorama histórico Analisando o panorama histórico da saúde brasileira, podemos perceber que a saúde pública avançou intensivamente em menos de 35 anos, mas que ainda conta com muitos desafios a superar. A implantação do SUS – Sistema Único de Saúde – em 1990 no Brasil foi um marco determinante na história de políticas públicas e sociais. Mas, apesar de ter quase 25 anos, ele ainda é um sistema de saúde que está em construção, que ainda

passa por inúmeras mudanças para efetivação dos seus ideários (SOUZA & COSTA, 2010). Dada sua importância para o tema de saúde e saúde pública no Brasil, a seguir apresentamos a linha do tempo dos principais acontecimentos que culminaram na criação do SUS em 1990, e logo após seguimos com uma análise do sistema e de como ele vem sendo gerenciado nesses 24 anos de existência, levantando alguns de seus avanços e desafios a serem superados.

“SAÚDE É UM ESTADO DE BEM ESTAR FÍSICO, MENTAL E SOCIAL” WHO, 1946.


Década de 80 -

1979 -

O Brasil se encontrava em um momento crítico. O Diretas Já e outros movimentos políticos de redemocratização, somados a uma década difícil de conflitos sociais, desigualdades, desempregos, grande quantidade de miseráveis e filas infindáveis para atendimento médico, resultaram no esgotamento do modelo médico assistencial privatista existente.

Conferência de Alma-Ata (Realizada no Cazaquistão, ex URSS) Estabeleceu a participação efetiva dos Estados na saúde do seu povo através da Declaração de Alma-Ata

Fig 1 - Conferencia de alma ata. Fonte: Wikipedia

Fig 2 - Diretas Já. Fonte: Wikipedia Fig 4 - Brasília - O deputado Ulysses Guimarães mostra a Constituição brasileira, promulgada em 1988 Fonte: Arquivo ABR

1986 – Conferência Nacional de Saúde – Com uma massiva participação popular (BRASIL, 1986) discutiu-se a necessidade de uma ampliação do conceito de saúde e de um novo Sistema Nacional de saúde, assim como a separação de saúde e previdência e a orientação financeira para o setor de saúde. Seu relatório final influenciou a elaboração da nova Constituição de Saúde do Brasil de 1988 Fig 3 - VIII Conferência Nacional de Saúde em Brasília Fonte: Ministério da Saúde

1988 – Constituição Federal de 1988

- consagrou a saúde como “direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas sociais e econômicas que visam à redução do risco de doença e de outros agravos e possibilitando o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988) conceito de saúde este que resultou, na prática, na criação do SUS.

É criada a Lei Orgânica de Saúde (Lei 8.080 de 19 de Setembro de 1990) que dispõe acerca das condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, organização e funcionamento dos serviços correspondentes, mostrando de forma clara os objetivos do SUS, suas competências e atribuições, assim como as funções da União, dos Estados e dos Municípios (Brasil, 1990a) É criada também a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de

recursos financeiros na área da saúde (Brasil, 1990b). É criado então o Sistema Único de Saúde, tendo a Constituição Federal e as Leis nº 8.080 e nº 8.142, como sua base jurídica, constitucional e infraconstitucional

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Dos princípios do SUS – setor de saúde, capital este e no repasse, como desvios, preventivas, sem prejuízo dos para um sistema nacional, porém advindo quase exclusivamente prejudicam o setor de saúde ao serviços assistenciais”. É o de difícil realização integral Seus avanços e desafios

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O SUS possui como princípios constitucionais a descentralização, a integralidade e a participação popular. O Sistema está presente em todos os níveis federativos - União, Estados, Distrito Federal e Municípios - de forma que o que é da alçada de abrangência nacional será de responsabilidade do Governo Federal, o que está relacionado à competência de um Estado deve estar sob responsabilidade do Governo Estadual, e a mesma definição ocorre com um Município (BRASIL, 1988, pp. art 198 - I). Dessa forma, cada município tem maior liberdade em relação à forma de lidar com os investimentos da saúde, levando-se em consideração todas as suas diferenças locoregionais e culturais existentes devido ao tamanho continental do Brasil. O financiamento ocorre por parte das três esferas do governo, enquanto que a execução das políticas públicas fica a cargo dos municípios. Segundo Souza e Costa (2010), alguns municípios não dispõem de capital suficiente para suprir as demandas do

através desse repasse do governo federal. Dessa forma, as autoras defendem que a regionalização torna-se necessária para que as pessoas possam buscar soluções aos seus problemas de saúde nos municípios-polo, mesmo que distantes do seu local de moradia. Na prática, essa regionalização já ocorre, e municípios menores do interior dos estados preferem transportar seus cidadãos que necessitam de serviços de saúde aos grandes polos e seus hospitais. Isto resulta em uma demanda maior dos centros de referência de saúde, como o tema deste trabalho, que têm que prever esta demanda regional, além da local, para que não ocorram as lotações destes centros que estamos acostumados a ver. A descentralização tem como objetivo melhorar a qualidade da saúde ao individualizar os problemas e a gestão dos recursos. O problema que ocorre atualmente neste sentido é que o repasse financeiro para os estados e municípios não é administrado com responsabilidade e grande parte das finanças não é aplicada na saúde (SOUZA & COSTA, 2010). Os problemas na gestão

minimizar a possibilidade de melhorias e investimentos em infraestrutura, equipamentos e equipe. Outra dificuldade do SUS atualmente é aplicar na prática o princípio de integralidade. A integralidade, conforme o artigo 198 (BRASIL, 1988), é o dever que o Estado tem com o “atendimento integral, com prioridade para as atividades

“A DESCEN TRALI ZAÇÃO TEM COMO OBJETIVO MELHO RAR A QUALIDA DE”

reconhecimento na prática dos serviços de que: • cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade; • as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também um todo indivisível e não podem ser compartimentalizadas; • as unidades prestadoras de serviço, com seus diversos graus de complexidade, formam também um todo indivisível configurando um sistema capaz de prestar assistência integral. (BRASIL, 1990) Entretanto, como observa Souza e Costa (2010), essa integração não ocorre; seja por descompromisso daqueles que trabalham, pela existência de profissionais sem o perfil adequado para este tipo de atendimento, por dificuldades impostas pelas unidades e, ainda, por uma série de razões que deixam a população sem a devida atenção e continuidade de tratamento e sem conhecimento dos seus direitos. Durante nossa pesquisa, percebemos que o SUS consiste de propostas legislativas completas

em um país com problemas de gestão como o Brasil. O SUS deve ser entendido como um processo que não se iniciou em 1988 e nem tem data para terminar ou estar pronto, mas que está em constante evolução e estará, por muitos anos, sujeito a aprimoramentos. Os dados da tabela I mostram como o SUS vem sendo importante para o Brasil, e reforça um compromisso com os cidadãos para um futuro melhor na saúde pública. Mas vimos, ao longo desse tempo, que não é nada fácil tornar realidade todos os seus princípios. Portanto, é necessária a articulação entre todos os autores envolvidos, gestores, servidores, usuários, para que as políticas públicas possam ser bem aplicadas de modo a promover a qualidade de vida da população. Além disso, se olharmos de volta a definição abrangente de saúde da OMS, vemos que a população merece bem mais do que lhe é dada, e que se faz necessária também uma integração entre o setor de saúde com diversos outros para se alcançar o estado de saúde de fato e de direito.


Número de beneficiados: 201 milhões de pessoas Pessoas que dependem exclusivamente do SUS para ter acesso aos serviços de saúde: 152 milhões de pessoas (80% do total) Procedimentos ambulatoriais anuais: 2,8 bilhões Transplantes anuais: 19 mil Cirurgias cardíacas anuais: 236 mil Procedimentos de quimioterapia e radioterapia anuais: 9,7 milhões Internações anuais: 11 milhões Número de usuários com acesso ao SAMU - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência: 130 milhões de pessoas Tabela I – Indicadores de desempenho do SUS em 2013 Fonte: Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde, Ministério da Saúde (BRASIL, 2013)

HOSPITAIS Segundo o ministério da saúde (apud CAMPOS, 1995) o hospital é definido “parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médico-sanitária completa, tanto curativa como preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, e cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos

e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamentos de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente.”

Níveis de atenção O SUS ordena o cuidado com a saúde em níveis de atenção, que são de básica (nível primário), média (nível secundário) e alta complexidade (nível terciário). Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento das

ações e dos serviços do sistema de saúde (BRASIL, 2004). Nível primário – caracterizado por ações de promoção, proteção e recuperação, no nível ambulatorial, por meio de pessoal elementar médio, clínicas gerais e odontólogos. A estrutura física para este nível são os postos e os centros de saúde. Nível secundário – Além das atividades e apoio ao nível primário, este nível desenvolve atividades das quatro clínicas básicas: clínica médica; clínica cirúrgica; clínica ginecológica e obstétrica; e clínica pediátrica. Em nível ambulatorial são feitos atendimentos com internações de curta duração, urgências e reabilitação. A estrutura física para este nível compreende as unidades mistas, ambulatórios gerais, hospitais locais e regionais. Nível terciário – Nível que trata dos casos mais complexos e específicos do sistema, no nível ambulatorial, urgência e internações. A estrutura destinada a esse nível são os ambulatórios, os hospitais regionais e os especializados. São considerados hospitais especializados:

• Hospitais de doenças infectocontagiosas • Hospitais psiquiátricos

Egípcios – Reconheciam várias doenças cardíacas, abdominais e oftalmológicas, além da angina e de diversos distúrbios da bexiga e de vários tipos de edemas.

• Hospitais oncológicos

Gregos – Asclépio, hospital templo.

• Hospitais pediátricos

Índia – 226 a.C. O rei Asoka era um grande construtor de hospitais, influenciado pelo budismo

• Hospitais geriátricos • Hospitais universitários • Hospitais penitenciários

Histórico A palavra hospital vem do latim hospitalis, adjetivo derivado de hospes (hóspede, estrangeiro, viajante, conviva). Por extensão, o que dá agasalho, que hospeda. Nas suas origens, os hospitais eram locais para onde as pessoas iam para morrer com um mínimo de dignidade. Eram instituições filantrópicas e agências de auxílio aos pobres (GOÉS, 2011). Há documentos que registram a existência de hospitais na Babilônia e no Egito. A seguir um breve histórico sobre os hospitais, desde suas primeiras aparições no mundo até alguns dos principais hospitais brasileiros.

LINHA DO TEMPO

Cristianismo – O nosocomiun passou a ser tido como um lugar para tratar doentes 269-372 d.C. – São Basílio funda um nosocômio em Cesárea, Capadócia, o primeiro hospital cristão. 335 d.C. – Imperador Constantino edificou o hospital de inspiraçao cristã em Constantinopla, sobre os escombros do Esculápio, para atender os estrangeiros e peregrinos em viagem a Jerusalém. 542 – O arcebispo Landri constrói o Hotel Dieu, em Lyon, considerado marco de progresso na assistência hospitalar na idade média. 707 – Califa El Welid constrói grande hospital em Damasco 970 – Advd-Al-Daula organiza, no Cairo, um grande hospital que também funcionava como escola de medicina 1524 – Fernão Cortez constrói o primeiro hospital da América, no México 1543 – Brás Cubas funda o primeiro hospital do Brasil 1963 – Surge a Congregação das Irmãs de Caridade de São Vicente de Paula, no Hotel Dieu, em Paris 1772 – Incêndio do Hotel de Dieu (1.100 leitos individuais e 600 coletivos – máquina de contaminação) Academia de Ciências de Paris forma uma comissão para elaborar um projeto de reforma 1804 – Surge, na Inglaterra, o hospital St. John de St. Bartolomeu. O primeiro construído pela igreja dentro dos fundamentos de um hospital geral Renasença – As congregações religiosas foram perdendo o controle dos

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1934 e 1936 – Paulo Nunes constrói o Pavilhão de Óbitos da Faculdade de Medicina (atual sede do IAB de Pernambuco) e o Hospital da Brigada Militar, já com o partido de “bloco” em detrimento do partido em “pavilhões”, regente na época.

12 1942 – Jorge Moreira (RJ) projeta o hospital da universidade do Brasil

1943 – O médico Januário Cicco constrói o hospital geral de Natal, hoje Maternidade Escola da UFRN.

1954 – Rino Levi projeta o Hospital Israelita Albert Einstein, um dos maiores e melhores hospitais da América Latina (AMERICAECONOMIA, 2009).

1959 – Oscar Niemeyer e Germano Galler projetam o Hospital de Base de Brasília.

1994 – João Figueiras Lima projeta o Hospital Sarah Kubitschek, em Salvador. Referência em sustentabilidade até hoje.

PERÍODO PRÉ COLONIAL SÉC. XVI E XVII SÉC. XVIII

obras importantes o nascimento da 1833 - Francisco Júlio Xavier, professor dessa matéria, teria focalizado pela primeira vez “a patologia da criança (...) tendo defendido tese intitulada “Considerações

Histórico

1832 - Depois da reforma que deu autonomia às Faculdades, cria-se a matéria de Partos, Moléstias de Mulheres Pejadas e Paridas e de Meninos Recém-Nascidos

contribuiu para uma forma de demarcação geracional e de concepção da infância como tempo singularizado da vida. A seguir apresentamos como a pediatria surgiu.

1826 – Joaquim da Rocha Mazarém – primeiro professor de anatomia, cirurgia e partos do império, publica o Quadro Sinóptico das doenças das mulheres, dos partos e dos recém-nascidos.

1824 – Iniciativa de José Bonifácio de Andrada de reconhecimento do “valor econômico da criança” ao propor o artigo 18 da Constituição nos trabalhos da Assembleia Constituinte de 1824 que previa que “a escrava durante a prenhez e passado o 3º mês não será obrigada a serviços violentos e aturados; no 8º mês só será ocupada em casa; depois do parto terá um mês de convalescença, e passado este durante um ano não trabalhará longe da cria” (ROCHA, 1947, p. 44)

Duas marcam Não havia um vínculo forte entre mãe e filho para os seus cuidados, pois os filhos dos nobres e senhores de engenho eram amamentados por suas amas de leite (escravas negras).

relação ao corpo adulto. Ela o faz a partir do pressuposto de que “o corpo infantil é inconcluso, está em desenvolvimento e em crescimento e é ‘em processo de ser’, residindo nisso a singularidade do tempo da infância segundo a pediatria (PEREIRA, 2006, p. 5)”. Pode-se dizer, portanto, que a pediatria

A atenção à criança era precária, pois não existia no século XVIII uma política ou especialidade médica voltada especificamente para o cuidado junto a criança.

1790 - Francisco de Mello Franco escreve, em Portugal, o Tratado da Educação Física dos meninos, considerado por Rocha como “o primeiro livrinho verdadeiramente útil à criação das crianças” (ROCHA, 1947, p. 42)

Ação curativa dos Jesuítas classificada, pelos autores, como “empirismo indígena”, usando-se de milagres sanativos assim como os prestigiosos feiticeiros nativos.

Os cuidados gerais à saúde infantil eram ministrados por pajés, nos quais os indígenas confiavam, cegamente, acima dos remédios.

A pediatria é uma parte especial da medicina por não ser voltada para uma doença ou parte do corpo - como a oncologia e a ortopedia, por exemplo mas para uma idade específica. Nesse sentido, ela é especial por não segmentar o corpo, mas pensar o corpo infantil em sua integridade e diferença em

Trato amoroso das índias com seus filhos. “Carinhosa e vigilante, a primitiva mãe brasiliense cingia sempre o filhinho ao seio, com faixa de algodão fiada por suas mãos” (ROCHA, 1947, p. 13).

Indígenas considerados pelos autores como selvagens e primitivos. Mas precursores de maneiras rudimentares de cuidar de crianças como hábitos do banho frio (considerado profilático), do asseio corporal e da ausência de cueiros na pequena infância (ROCHA, 1947).

1930 - Carlos de Lima Cavalcanti, governador de Pernambuco, traz o arquiteto Luís Nunes para desenvolver um trabalho de reestruturação dos edifícios públicos da capital perrnambucana, criando o Departamento de Arquitetura e Urbanismo - DAU

Marcado pela falta de ação pública e de conhecimentos higiênicos das famílias indígenas. Além de costumes exóticos no cuidado da criança, “atrasados e inadequados” (MONCORVO FILHO, 1926)

hospitais e estes adquirindo um caráter mais municipal. No Brasil, com a independência e o regime republicano, praticamente não houve iniciativas governamentais que estabelecessem normas para a construção de hospitais. Somente após as revoluções de 30 houve novas iniciativas que tentaram reestruturar os conceitos, padrões e normas das construções hospitalares.

PEDIATRIA

Definição especialidade no Brasil e são referência para toda a historiografia da pediatria: 1926 – Histórico da proteção à infância no Brasil – Moncorvo filho 1947 – Introdução à história da puericultura e da pediatria no Brasil – José Martinho da Rocha


SÉC. XIX SÉC. XX

1947 – 1ª Jornada de Puericultura e Pediatria

situação, fazemos uma análise sobre as possíveis causas desse déficit. Em todos os casos, a imprensa parece ter sido alertada sobre o fato pela própria SBP, que ainda fornece os dados para os argumentos das matérias. Na maioria dessas matérias aparecem alguns relatos da população, principalmente de

1945 – Lei 7.955 de 13 de Setembro de 1945 cria os Conselhos de Medicina

1934 – Foi lançado o primeiro número da revista A pediatria (SBP)

1931 – Reforma Francisco Campos, regulamenta a oferta de cursos de especialização para a formação de especialistas em vários ramos da medicina, reconhecendo a especialidade da pediatria

relação cai para 1 pediatra para cada 4 mil habitantes. Mas não seria preciso analisar os números para tirar essa conclusão, basta notar a quantidade de notícias das denúncias da população e da SBP sobre a falta de pediatras nas unidades de saúde de Goiânia e região, tanto na rede pública quanto privada.

1929 – O médico V. Batista indica que as áreas urbanas teriam sido as precursoras do processo de especialização, em razão da desconfiança técnica em relação à medicina generalista, considerada pouco eficaz e pouco fundamentada.

1910 – Fundação da Sociedade Brasileira de Pediatria, no Rio de Janeiro, Mantendo relações estreitas com a Nestlé desde o princípio. Mantendo-se eminentemente local, quase carioca, até 1951.

No mundo, outros adventos ocorrem na Idade Moderna que contribuem para o fortalecimento da saúde da criança e de técnicas novas de atendimento (ex: invenção da incubadora, pulmão de aço, avanço em técnicas cirúrgicas). A vinda da Família Real para o Rio de Janeiro, trouxe algum progresso e reformas para a nova capital, que concretizou-se, através de medidas que atenderam na melhoria da qualidade de vida da população, e no tratamento e na prevenção das doenças.

com o Censo do IBGE (IBGE, 2010), a população goiana entre 0 e 14 anos gira em torno de 1.500.000 pessoas, ou seja, a relação pediatras x crianças é de 1 pediatra para cada 3 mil habitantes, três vezes mais que o indicado pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde, que é de 1

Graças às reformas sanitaristas, a criança recebe alguma atenção quanto aos cuidados com a alimentação, saúde, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento.

O Almanak Laemmert para 1877 já teria registrado, no Rio de Janeiro: 13 Médicos oculistas, 39 operadores; 1 especialista das moléstias da cavidades nasais, 4 especialistas em medicina das mulheres, 4 em medicina da garganta, 11 do útero, 10 da pele, 14 de sifilíticos e 21 especialistas em moléstias de crianças.

No fim do séc. XIX ocorre um movimento de problematização da atuação do clínico generalista, o que leva à criação das diversas especialidades clínicas.

A pediatria atualmente, não só em Goiânia e região, como no país inteiro, sofre com um déficit de profissionais em relação à demanda de crianças em espera de atendimento. Em números absolutos, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP (apud DIÁRIO DE GOIÁS, 2014),

Até o final do séc. XIX os cuidados médicos com crianças se voltavam em especial para recém-nascidos e era praticada em momentos imediatamente “durante e após” o parto, dedicando-se cuidados e recomendações apenas aos primeiros momentos da vida.

1882 – CONSIDERADA A DATA DE CRIAÇÃO DA PEDIATRIA NO BRASIL – Carlos Arthur Moncorvo de Figueiredo criou uma instituição que ofereceu curso regular de formação para o cuidado médico com crianças (Policlínica Geral do Rio de Janeiro) e propôs a criação, para o ministro Rodolfo Dantas, de uma matéria de Clínica das Moléstias das Crianças, separando-a da clínica de mulheres pejadas e paridas.

José Pereira Rego, diretor do Ambulatório de Clínica de Crianças da Santa Casa do Rio de Janeiro, começa a utilizar estatísticas sobre a mortalidade infantil no Rio de Janeiro para classifica-la como um problema, em detrimento da naturalização da mesma que existia à época.

sobre os cuidados e socorros que se devem prestar aos meninos na ocasião do seu nascimento e sobre as vantagens do aleitamento natural”

Mas por que isso acontece? mães, sobre a situação que Situação atual da Goiás possui 695 pediatras pediatra para cada mil crianças. cadastrados, sendo que 500 Se ainda considerarmos os Através de recortes de jornais estão passando ou passaram pediatria em Goiânia e deles estão ativos. Já de acordo adolescentes de 15 a 18 anos, essa de 2014 com notícias sobre essa pela busca por pediatras na Região capital; aparentemente sempre insatisfeitas com os serviços realizados, mesmo quando tudo ocorre bem. Como no caso de uma moradora de Aparecida de Goiânia, que conta de sua jornada entre ser informada que não havia pediatra para atender seu neto no Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa),

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até receber o laudo médico no Cais Jardim Nova Era, passando por um total de 3 hopitais, incluindo o exame de tomografia no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). “Resolveu, mas foi um sufoco”, conclui a avó na matéria (RODRIGUES, 2014). Na matéria de Rodrigues, em O Popular, a causa dessa falta de profissionais da área em Goiás se deve às políticas passadas que desmereceram a especialidade e fizeram com que muitos médicos desistissem ou deixassem de optar pela pediatria. Em matéria de Abril de 2014, em O Hoje, Cristiane Lima aponta, com dados da SBP, que o Brasil é o 5º maior país do mundo em números absolutos de médicos, e que a área de pediatria é uma das que os profissionais mais têm se especializado, e adiciona que, porém, é a área em que esses profissionais mais se recusam a atuar pela tabela paga do SUS. Segundo Lima, a estimativa é que 36 mil profissionais atuem nessa área, porém a grande maioria trabalha no setor privado ou em clínicas particulares. A autora relaciona isso ao fato da precariedade dos serviços públicos de saúde, onde faltam não só os médicos, como

recursos, leitos hospitalares, medicamentos, equipamentos e profissionais de saúde em geral (LIMA, 2014). Já na matéria de Junho de 2014, feita pela redação do Diário de Goiás, o presidente da Sociedade Goiana de pediatria, Leônidas Fernandes, diz que é inevitável o desestímulo à permanência destes especialistas na assistência às crianças, assim como a formação de novos profissionais da área. Segundo

a falta de médicos pediatras em Goiânia relatam casos de pessoas que buscaram os serviços nas unidades de saúde da capital e se sentiram prejudicadas com a falta dos especialistas. Porém, o que mais chamou a minha atenção é que a maioria das reclamações pareciam ser causadas por falta de conhecimento dos próprios usuários a respeito do funcionamento do SUS. Uma matéria do O Popular

pediatra de plantão. Sua filha estava com a garganta inflamada e com febre alta. Se levarmos em conta o funcionamento hierárquico do SUS, onde os atendimentos acontecem numa espécie de triagem em que os casos especiais e mais complexos são encaminhados a unidades e profissionais mais especializados, teríamos como consequência que casos como esse poderiam

“A ESTIMATIVA É QUE 36 MIL PROFISSIONAIS ATUEM NESSA ÁREA, PORÉM GRANDE MAIORIA TRABALHA NO SETOR PRIVADO OU EM CLÍNICAS PARTICULARES.” ele, seria necessário que todos os interessados promovessem ações que contemplassem “os anseios dos pediatras, assegurandolhes adequadas condições de desempenho ético da Medicina, justa adequada remuneração, respeito e dignidade profissional” (DIÁRIO DE GOIÁS, 2014). A população é quem sofre com essa atual situação. A maioria das matérias dos jornais sobre

conta a história da empregada doméstica Cleonice de Castro, de 33 anos, que levou sua filha de quatro anos à emergência do Cais do Guanabara III por três dias seguidos sem encontrar um pediatra. Levando-a então no dia seguinte ao Cais do Setor Vila Nova, onde teve que esperar em uma fila com outras 25 crianças que também esperavam atendimento de um único

ser resolvidos, em casos de emergência, por clínicos gerais e emergencistas das unidades de saúde, atendendo mais crianças e desafogando por consequência o atendimento para aquelas que realmente precisam de um especialista. Porém, por ser leigo em medicina, levei o relato de Cleonice ao Dr. Thiago Soares, clínico geral do Cais Colina

Azul, para esclarecimento dessa hipótese. Thiago conta que, neste caso em específico, realmente, não seria difícil o diagnóstico por parte de um clínico geral. Porém, ressalta que além do diagnóstico existem outras variáveis, como por exemplo a dosagem do medicamento, que o clínico não é obrigado a saber (SOARES, 2015). “Por isso existe uma especialidade médica só para cuidar de crianças, pois nessa faixa etária tudo é diferente”, afirma o médico, que nos leva a crer que a presença de um pediatra em cada Unidade de Saúde é imprescindível. Essa não é a realidade, porém. Desde dezembro de 2013, uma portaria municipal, considerando que “todo Profissional Médico, que atua nos serviços de urgência e emergência, tem, no âmbito da pratica da Medicina de Emergência, o aprendizado, a capacidade, a experiência e o comprometimento ético necessários para exercer a medicina de forma eficiente”, resolveu que os profissionais médicos lotados em designadas unidades de saúde do município deveriam “prestar assistência médica de urgência/emergência aos pacientes submetidos ao


atendimento, qualquer que seja o ciclo da vida em que este se encontre (criança, adulto, idoso, etc.), não havendo subdivisão do atendimento por especialidades médicas (pediátrica, clínica, etc.)” (GOIÂNIA, 2013), permitindo, dessa forma, o atendimento a crianças e adolescentes por clínicos gerais. Essas exigências foram instituídas nas seguintes Unidades de Saúde de Goiânia: 1. CAIS Bairro Goiá; 2. CAIS Chácara do Governador; 3. CAIS Curitiba; 4. UPA Itaipu; 5. CAIS Finsocial; 6. CAIS Cândida de Moraes. A respeito dessa problemática achada no tema deste trabalho, procuramos saber até que ponto a Arquitetura e o Urbanismo poderiam ajudar. Em entrevista com Reginaldo Ramiro, representante da Maternidade Dr. Alberto Pereira, em Anápolis, levantamos a possibilidade de um hospital escola de referência poder ajudar a aumentar o número de profissionais a procura dessa especialidade. A conclusão chegada foi a de que essa opção poderia chamar a atenção dos profissionais para a especialidade, mas que provavelmente pouco ajudaria

de fato. Outro fato que pesa para essa conclusão é a de que a pediatria é a terceira especialidade com maior número de médicos registrados em Goiás (695), segundo o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), perdendo apenas para ginecologia e obstetrícia (789) e cirurgia geral (735). O que se levantou como reais motivos para estes profissionais estarem rejeitando os serviços públicos de saúde foram a baixa remuneração em comparação com outras especialidades e algumas dificuldades implícitas na profissão, somados à falta de qualidade dos locais de trabalho destes profissionais, no setor público, com poucos recursos e equipamentos. Neste caso, um hospital infantil público regional e de grande porte, de qualidade e completo, atrairia esses profissionais que almejam por um espaço onde possam realizar seus serviços de cuidado à saúde da criança e do adolescente com qualidade e dignidade. Servindo de referência e ajudando a suprir a demanda de atendimentos pediátricos, não só de Goiânia, como da região onde está inserida.

ONCOLOGIA INFANTIL A pediatria oncológica (ou onco-pediatria) é uma subespecialidade da Oncologia que se ocupa do tratamento das doenças proliferativas que acometem crianças. No Brasil, são necessários dois anos de residência médica em Cancerologia pediátrica para se conseguir esse título. Surgiu como uma subespecialidade nos Estados Unidos seguindo as observações, em 1948, de Farber e seus associados sobre os benefícios da quimioterapia para a Leucemia aguda (WOLFF, 1991). Segundo o site da Fundação Cristiano Varella, é uma das especialidades médicas que mais evoluíram nos últimos anos. “Graças ao desenvolvimento de novas técnicas diagnósticas e terapêuticas, tanto para tumores sólidos quanto para leucemias, os especialistas podem curar, em média, cerca de 70% das crianças

com câncer. Para alguns tumores, os índices já passam dos 90%” (FCV, 2014). A importância da especialização segue os mesmos argumentos da criação da pediatria no final do séc. XIX. Por ser um corpo ainda em desenvolvimento, a criança apresenta diferenças consideráveis no tratamento de patologias. E apesar do câncer infantil ser raro em comparação com o adulto, em números absolutos, existe uma grande relevância por se tratar de crianças. O tratamento do câncer, em si, é complexo, duradouro e com procedimentos difíceis; algo que já é bastante difícil para qualquer adulto. Em crianças, o diagnóstico do câncer pode levar à substituição de uma infância livre por consultas médicas frequentes, exames invasivos e tratamentos demorados, como a quimioterapia. Isso resulta em jornadas longas, dolorosas e tediosas em hospitais. Nesse ponto, o planejador de um hospital tem o importante papel de conseguir criar um ambiente que possa ajudar com o trabalho dos profissionais e aumentar o conforto dessas crianças, assim como seus acompanhantes, como pais e irmãos.

15


O câncer urbano

16

O câncer urbano é uma analogia urbanística ao câncer do tecido humano. Vendo a especulação imobiliária como um processo cancerígeno que consome os recursos da cidade (como os tumores fazem no corpo) e como as construções irregulares degradam o meio ambiente (assim como os tumores destroem tecidos e órgãos saudáveis), pretendemos focar em formas de se tratar esses problemas da cidade baseados nos próprios tratamentos do câncer. De modo a fazer entender nosso conceito de câncer urbano, nos valemos da utilização de ilustrações que demonstram de forma superior o que levariam páginas em texto. O texto a seguir foi retirado do vídeo Cancer Explained (2013), da produtora Planet Nutshell, que descreve o que é um Câncer. As ilustrações são do autor.

Fig 5 - Conceito de câncer urbano - Desenho do autor


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O câncer urbano pode ser entendido não só como a especulação e as construções irregulares, mas como qualquer intervenção no tecido urbano que possa comprometer sua vitalidade. Assim como existem vários tipos de tumores, a cidade pode sofrer várias alterações que provocam um impacto negativo, seja ambiental, seja na mobilidade, ou até mesmo na sua infraestrutura. O câncer no corpo humano, depois de instalado, pode ser combatido por quatro tipos de tratamentos: 18

Cirurgia – Se diagnosticado cedo, muitos tumores podem ser retirados por cirurgia Radiação – Um outro tipo de tratamento, ele tenta matar as células de câncer ao mirar pequenas doses de radiação em áreas bem precisas. Mas às vezes o câncer se espalha para tecidos distantes. Quimioterapia – Nestes casos, os médicos podem indicar a quimioterapia para atacar as células de câncer que se dividem rapidamente. Infelizmente, esse tipo de tratamento afeta outros tipos de células que se dividem rápido, como as que constroem

cabelo e pele. Terapia direcionada – Existe também um novo e promissor tipo de tratamento chamado Terapia direcionada. Que usa drogas que são precisamente direcionadas às mutações subjacentes do DNA que estão causando o crescimento do tumor. Esses medicamentos podem ser mais efetivos e menos tóxicos que os métodos tradicionais. Testes são feitos para conhecer que mudanças ocorridas, usando o DNA, são únicas de cada tumor, o que leva a cada tratamento ser feito sob medida para cada tipo. Então, drogas especializadas podem ser usadas para atacar especificamente as células de câncer, com menos efeitos nas células saudáveis. Novas terapias contra o câncer estão trazendo mais esperança aos pacientes diagnosticados, mas o melhor remédio para sua cura ainda é a prevenção. Dr. Ademar Lopes, vice-presidente do Hospital A.C. Camargo, em entrevista ao Jornal Nacional, lembra que se for feito o diagnóstico precoce e tratamento correto, 90% dos casos de câncer serão curados, e, mais importante ainda, a baixo custo e sem

mutilação (GLOBO.TV, 2013). Isso se aplica também ao conceito do câncer urbano. Uma vez que se faz o diagnóstico precoce de uma área em processo de especulação, ou construção irregular, existem vários instrumentos para que o munícipio faça cumprir a função social de determinada área ou terreno. Analisando a cidade de Goiânia para a escolha do terreno do projeto deste hospital pediátrico, uma área nos chamou a atenção, além aspectos como demanda da região e potencial de atendimento, por se encaixar neste processo de propagação de novos empreendimentos imobiliários que são, muitas vezes, de cunho oportunista. Isto é, investidores que se aproveitam de uma situação de potencialidade atual para construção de imóveis em grande escala, sem qualidade, e sem preocupações urbanísticas. O que levou à motivação de se fazer um diagnóstico do local, a fim de se comprovar a situação de câncer urbano, e poder propor o hospital não apenas como um equipamento com grande impacto para a população por si só, mas para combater outras construções que potencialmente “adoeceriam” a região.


GOIÂNIA 2

O LU GAR

Uma área com histórico cheio de altos e baixos, o Loteamento Goiânia 2 recentemente voltou a chamar a atenção dos mais atentos. Com as novas obras construídas do Shopping Passeio das Águas, o Parque Leolídio Caiado e os novos viadutos da Av. perimetral, o bairro apresenta uma nova, e poderosa, valorização imobiliária (e com ela um futuro incerto). O plano original do loteamento, feito pela Encol nos anos 80, já foi modificado pela atual dona da área, Tropical Urbanismo, cujos intuitos reais com a área ainda não são claros, já que o projeto não está disponível ao público na Seplam (Secretaria de Planejamento de Goiânia).

Dada a importância ambiental da área, que comporta grande parte da bacia do Rio MeiaPonte e Ribeirão João Leite, somada à grande dimensão de área não construída ou ainda nem urbanizada do bairro, o momento presente se configura como importante marco para o seu futuro, assim como da cidade como um todo, uma vez que as futuras obras arquitetônicas e urbanísticas do lugar irão definir toda a identidade da região. Nesse sentido, este trabalho analisou o bairro na tentativa de compreender todo o processo que o trouxe até este momento, buscando prever parte deste tecido ainda saudável que pode estar em risco de um câncer urbano.

19


MAPA DE LOCALIZAÇÃO LOTEAMENTO GOIÂNIA 2 Localização GOIÁS GOIÂNIA

BRASIL

A área urbana denominada “Goiânia 2”, localizada no munícipio de Goiânia, situa-se ao norte da área central da cidade, próxima ao Campus Universitário, limitada pela rodovia Go-080, pelo ribeirão João Leite e rio Meia Ponte, sendo cortada pela Via Perimetral Norte. Essa área dista aproximadamente 3,5 km do centro, considerando o acesso pelo Setor Crimeia Leste. Está situada entre as coordenadas norte 8.158.600 e 8.161.400 e leste 658.900 e 687.800, no sistema de projeção UTM da cidade de Goiânia (ENCOL, 1982).

Histórico

20

O loteamento Goiânia 2, aprovado em 11 de Março de 1983 a ser construído pela Encol S/A (GOIÂNIA, 1983), possui projeto de Conjunto Habitacional de Natureza Social. A Encol possuía um projeto completo para a área que, assim como outros projetos urbanos de Goiânia, não foi implantado integralmente e chegaram a ser interrompidos no meio do processo

GO - 080

AV. PERIMETRAL NORTE

por conta do falimento da empresa. A parte restante

RIO MEIA PONTE

do bairro pertencente à massa falida da Encol foi

RIBEIRÃO JOÃO LEITE

comprada pela Tropical Urbanismo, que indica em

GOIÂNIA 2

sua página na internet que o projeto original “passa por novas definições de diretrizes sustentáveis e viáveis para o bairro” (TROPICAL, 2015).

N Fig 6 - Localização do bairro Goiânia 2 - Desenho do autor

SEM ESCALA


Fig 7 - Histórico: Zoneamento e Estudo do Solo Fonte: Encol

Dinâmica de transformação (2004) Existente: 1. ETE 2. Aeroporto 3. Corpo de Bombeiros 4. SESI 5. Hospital Santa Genoveva (2007) Mudanças:

Fig 8 - Histórico: Estudo 1 Fonte: Encol

Fig 9 - Histórico: Estudo 3 Fonte: Encol

1. Criação de nova vias 2. 21 novas casas 3. 26 novas casas 4. 107 novas casas 5. Construção de 2 quadras esportivas

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(2012) Mudanças: 1. Começo das obras do Passeio das Águas Shopping 2. Construção do trincheiro ligando um lado da Av. Perimetral Norte à parte norte do bairro 3. Construção do parque Leolídeo de Ramos Caiado e novas vias

22

4. Começam as construções dos edifícios altos na Av. Pedro Paulo de Souza 5. Construção de 255 novas casas (2014) Situação Atual: 1. Shopping estabelecido 2. Abertura de desvio da GO-080 para a obra da construção do futuro viaduto 3. Área residencial quase completamente cheia, restando poucos lotes vagos na parte mais antiga e consolidada

Tendências de desenvolvimento Em 2011 começaram as obras do condomínio vertical Reale da Brookfield Incorporações S/A na Avenida Pedro Paulo de Souza. Junto com elas começaram as denúncias de irregularidade ambiental. Vistorias foram feitas, um laudo técnico foi elaborado por professores do Instituto de estudos Socioambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás (UFG) e a área foi definida como Área de Preservação Permanente (APP). A Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) pediu a paralisação da obra à construtora e o logo após o Ministério Público também entrou com uma ação cautelar para sua paralisação (PUPULIN, 2011). Um projeto de decreto legislativo do vereador Elias Vaz que suspendia as obras da construção das nove torres foi aprovado na Câmara, para a surpresa do próprio vereador (PIMENTEL, 2011). Em abril de 2011, a Delegacia Estadual do Meio Ambiente (Dema) indiciou os proprietários das empresas


MB Engenharia e Brookfield Incorporações S.A., que formam o consórcio responsável pela construção do condomínio vertical Reale, afirmando que “os empresários impediram a regeneração natural do terreno e construíram em local não edificável, uma área de inundação e de preservação permanente” (LONGO, 2011). Contudo, em todo esse processo, a construtora sempre deteve o alvará de construção emitido pela prefeitura (Seplam), que permitia a construção dos edifícios por razão da área não estar dentro das APP’s do Plano Diretor. De fato ainda não está. A única demanda em relação às edificações próximas aos leitos contida no plano diretor de Goiânia de 2007 parte da lei Federal Nº 7.803, de 18 de Julho de 1989, de considerar área de preservação permanente as faixas ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja: de 30 m para os cursos d’água de menos de 10 metros de largura; de 50 m

para que tenham de 10 a 50 m; de 100m para os que tenham de 50 a 200 m; de 200 m para os de 200 a 600 m; e de 500 m para os que tenham largura superior a 600 m. Limitando-se e excluindo vários outros fatores que podem influenciar na designação de uma área como APP, como a topografia da encosta, o tipo de solo e etc. Apesar da negligência da Prefeitura, a pressão sofrida por tantos atores resultou no embargo da obra, que continua parada até o momento deste trabalho (2015). Um caso onde o poder econômico não prevaleceu à preocupação ambiental é rara, mas pode significar mudanças de rumo no planejamento de nossas cidades. Porém, este caso ainda confirma a teria anteriormente colocada, sobre os possíveis casos de câncer urbano acontecerem na região do Goiânia 2. Assim como a teoria de que o diagnóstico precoce e tratamento correto desses possíveis tumores resultam na preservação do tecido saudável da cidade. Fig 10 - Notícias sobre o empreendimento


Escolha do terreno

24

Partindo da análise por áreas com risco de câncer urbano, nos deparamos com a área mais ao sul do loteamento, localizada no encontro das águas do Rio MeiaPonte com o Ribeirão João leite [01]. A área parecia perfeita para nosso conceito. A mini península entre os rios fornecia área suficiente para o equipamento e ficava próxima a uma avenida de fácil acesso, ao mesmo tempo que limitava a interferência de edifícios vizinhos pela barreira dos rios e da faixa de preservação [02]. Tinha vista permanente e panorâmica da vegetação da faixa de proteção, que poderia ser usada como foco dos visuais dos quartos de internação, em especial por acontecerem principalmente nas fachadas sudoeste, sul e sudeste, onde a insolação é menor e as aberturas podem ser mais generosas [03]. O local perfeito. Até o cruzamento de informações com os dados do embargo da obra das nove torres da Brookfield Incorporadora. A localização do Residencial Reale, ao lado do Corpo de Bombeiros, é adjacente à nossa primeira opção de terreno de projeto, o que implica que os mesmos problemas da obra

da incorporadora poderiam se aplicar ao nosso projeto, dado que sua dimensão e impactos como grande equipamento seriam semelhantes às torres residenciais [04]. Em um segundo levantamento foi confirmado que a área, devido sua topografia peculiar, é o que se denomina planície de inundação, tanto do Rio Meia Ponte quanto do Ribeirão João Leite (SANTOS & ROMÃO, 2010) (SOUSA, 2015) [05]. Sendo assim, toda a região em cinza do mapa de Sousa se configura (ou deveria se configurar) como Área de Proteção Permanente, que é, por definição do novo código florestal, “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (BRASIL, 2012). Sendo proibida então qualquer intervenção de grande impacto na área [06]. A lei ainda é fraca, e dá brechas para a supressão de vegetação nativa em APPs em casos de utilidade pública ou de interesse social, o que é o caso do objetivo

AV. PEDRO PAULO DE SOUZA

RIBEIRÃO JOÃO LEITE

RIO MEIA PONTE

ÁREA 1

01

02

03

LOCAL DO RESIDENCIAL

PLANÍCIES DE INUNDAÇÃO

ÁREA 1

04

05

FONTE: SOUSA, 2014

NÃO TOCAR

H

07 Fig 11 - Diagramas, Desenho do autor

06

08

RECOMPOR VEGETAÇÃO

09

APP


deste trabalho. Porém, mesmo estando dentro da legalidade, por uma brecha, a opinião do autor é contra essa exceção por achar que o equipamento, mesmo sendo público e de interesse social, continuaria impactando o meio ambiente da mesma forma, legalmente ou não, e que a área deveria apenas passar pela recomposição da vegetação que se encontra desmatada atualmente, conforme previsto no § 1º do Art. 7º Do Regime de Proteção das Áreas de Preservação Permanente (BRASIL, 2012) [07] [08]. Portanto, dado o exposto acima, a área do nosso terreno passa a ser a área recentemente reurbanizada pela Tropical Urbanismo, limitada pela Avenida Pedro Paulo de Souza, pela rua ainda sem nome do Parque Leolídio de Ramos Caiado (a rua ainda está sem nome no mapa da Google, os mapas da prefeitura estão desatualizados e o projeto da Tropical não está disponível ao público) e a Av. Blvd. Das Esmeraldas [09]

O AMBIENTE NATURAL Existiam no projeto original do Loteamento Goiânia 2

diretrizes criadas no sentido de minimizar o impacto que a urbanização iria provocar no meio-ambiente natural, tomando alguns cuidados especiais, para a se evitar a destruição da vegetação natural existente. A justificativa era a de que essa vegetação era importante pois, além de dificultar a ocorrência de erosão e assoreamento dos cursos d’água, atenuaria a aridez e os inconvenientes da poeira, lama, insolação excessiva, etc, características dos primeiros anos de implantação de áreas habitacionais (ENCOL, 1982). Considerações pertinentes observadas pelos urbanistas do projeto. Partindo dessa premissa, destacaram a faixa de proteção ecológica de 100 meros do rio Meia Ponte e 50 metros do ribeirão João Leite, e traçaram diretrizes para a incorporação das matas existentes ao sistema de áreas verdes da cidade, recebendo tratamento paisagístico e de uso recreativo. Além disso, proporam que essas áreas fossem utilizadas para a localização de equipamentos educacionais e institucionais. Estes equipamentos, por sua vez, não foram instalados.

Levantamento fotográfico

PARQUE

TERRENO

25

Fig 12 - Mosaico Fotos Parque Leolídio de Ramos Caiado, Fotos do Autor


Levantamento planoaltimétrico

26

A área do bairro possui declividade variando entre 5% a 10% contendo algumas áreas alagadiças próximas aos córregos, no entanto, situadas dentro da área de preservação permanente. A declividade do terreno é sobremaneira favorável à captação das águas pluviais e esgotamento sanitário, em condições básicas econômicas. O bairro tem uma área total de 196,8123 ha. (ENCOL, 1982) O terreno escolhido para o projeto possui topografia praticamente plana.

Fig 13 - Levantamento planoaltimétrico, desenho do autor


Micro-clima Insolação

INSOLAÇÃO hora 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out Nov

Dez

Sombreamento necessário

VENTOS

INSOLAÇÃO hora 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

Jan

Fev

Mar

Abr

27

ESTRATÉGIAS PERÍODO SECO DE PROJETO Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Sombreamento necessário

VENTOS PERÍODO SECO RESFRIAMENTO EVAPORATIVO

Out Nov

Dez

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set RESFRIAMENTO EVAPORATIVO

hora 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

Out Nov

Massa Térmica Aquecimento Conforto Ventilação Resfriamento Evaporativo Condicionamento Artificial

PERÍODO ÚMIDO Fig 14 (à esquerda) - Cartas Solares, Desenho do autor

VENTILAÇÃO Quadros 2 e 3 (acima) - Insolação e Estratégias de Projeto, fonte desconhecida.

Dez


4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

Ventos A fim de se obter conforto, é necessária ventilação durante 50% do período anual. Além de resfriamento evaporativo em 13% do ano. O tempo seco na área (inverno) é crítico e necessita ventilação e umidificação. Dessa forma, foram estudados os ventos predominantes durante essas épocas e observou-se que esses ventos, por passar pelo Ribeirão João Leite e Rio Meia Ponte, possuem como se manterem úmidos mesmo em épocas mais críticas, viabilizando a climatização natural dos ambientes que não necessitam de condicionamento de ar. 28

6 8 10 12 14 16 18 20 22

Sombreamento necessário

VENTOS PERÍODO SECO RESFRIAMENTO EVAPORATIVO

Acústica O terreno é tangenciado pela Avenida Pedro Paulo de Souza, via arterial de 2ª categoria produtora de ruídos pelo seu grande movimento. Porém, possui vizinhança tranquila, sendo cercada em uma parte pelo parque Leolídio de Ramos Carvalho.

Fontes de poluição O terreno fica próximo à Estação de Tratamento de Esgoto de Goiânia (ETE), produtora de mal cheiro durante o ano. Porém, a estação se encontra a oeste do terreno, e os ventos durante todo o ano são predominante a leste, o que diminui o impacto da estação no Hospital.

Fig 15 - Ventos predominantes período seco/úmido. Fonte: Vasari

Massa Térmica Aquecimento Conforto Ventilação Resfriamento Evaporativo Condicionamento Artificial

PERÍODO ÚMIDO VENTILAÇÃO


Hidrografia A região é rica em mananciais. É cercada pelo Rio Meia Ponte e Ribeirão João Leite, que propiciam um ambiente mais úmido durante o ano. Porém, ao contrário dos córregos que cortam a cidade de norte a sul, como Cascavel, Botafogo e Vaca Brava, que seguiram as diretrizes do Plano Diretor de Saia (1962) e possuem um número adequado de travessias, estes mananciais ainda se apresentam como fortes barreiras físicas, que dificultam o acesso à região.

Solos Segundo a Embrapa, a área do terreno possui solo composto por uma mistura de Latossolo Vermelho distrófico, Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico e Latossolo Vermelho Eutroférrico. São solos em geral profundos, velhos, bem drenados, com baixo teor de silte, baixo teor de materiais facilmente intemperizáveis, homogêneos, com estrutura granular, sempre ácidos e nunca hidromórficos (EMPRAPA, 2011). Não apresentam problemas de drenagem, o que propicia a utilização de qualquer método

de drenagem como tática de preservação sustentável da área.

DEMANDAS E POTENCIAL A demanda por hospitais pediátricos em Goiânia As diferenças regionais demográficas e econômicas no Brasil são determinantes para investimentos na área da saúde, a capital de Goiás pode ser uma alternativa de investimento que irá atender toda a região Centro-Oeste. A sugestão se dá a partir da análise exploratória dos dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) para o ano de 2012, disponibilizados no site do DATASUS. A identificação da teoria de transição demográfica (CADWELL, 1976) a qual o Brasil perpassa (VASCONCELOS & GOMES, 2012), especificamente o momento previsto pela teoria

em que se observa o crescimento da razão de dependência, principalmente devido a inversão na pirâmide etária da população; foi fundamental para o recorte etário estabelecido, ou seja, optou-se por analisar a população de 0 a 15 anos de idade pois uma consequência marcante dessa inversão, é a perda no contingente populacional da PEA(População economicamente ativa) o que nos leva a trabalhar no sentido de garantir saúde de qualidade à parcela da população que, segundo a teoria, irá diminuir, sendo uma opção de garantia de estabilidade na qualidade de vida da população brasileira em detrimento da perda da PEA. Com a comparação das capitais dos estados da região estudada, Goiânia se destaca como a segunda maior em proporção média de leitos pediátricos em relação ao total de leitos em 2012, cerca de 12%. E como a capital de GO é mais próxima das outras 3 capitais, com exceção da distância entre Cuiabá e Campo Grande, Goiânia

Tabela II - Proporção média de leitos pediátricos em 2012

torna-se no mínimo uma segunda opção de destino na falta de

infraestrutura de saúde.

DISTÂNCIA ENTRE AS CAPITAIS DISTÂNCIA ENTRE AS CAPITAIS DA REGIÃO CENTRO-OESTE DA REGIÃO CENTRO-OESTE

CUIABÁ CUIABÁ BRASÍLIA BRASÍLIA

GOIÂNIA GOIÂNIA

CAMPO GRANDE CAMPO GRANDE

N

SEM ESCALA N SEM ESCALA

Fig 16 - Mapa região centro oeste, desenho do autor Tabela 12 - Distância entre capitais da região centro oeste, fonte: Google

29


O Â T Ã I S I G D RE DA O estado de Goiás possui, também, o maior número de instituições mantenedoras de saúde (instituições de ensino das ciências da saúde) cerca de 320 contra 71, 177 e 127 nas outras capitais. Portanto, mais profissionais são formados nesse estado, criando uma procura por ofertas de emprego nessa área

C

30

A UI

BR

Ao compararmos a proporção nos estados da mortalidade infanto-juvenil em relação a mortalidade total na própria região. Das mortes infantojuvenil ocorridas no centro-oeste 46% estão no Distrito Federal de modo que Goiás pode ser uma opção de suporte preventivo as causas dessas mortes, já que o

estado possui o maior número de estabelecimentos de saúde, além da vantajosa proximidade física com a capital Brasília. No entanto, como a segunda maior proporção de mortes, cerca de 25%, se concentra no estado de GO, a construção de novos estabelecimentos se faz necessária para não sobrecarregar

M CA

P

RA G O

os estabelecimentos já existentes, além de atender a procura por empregos na área de saúde estabelecida pelo alto número de instituições mantenedoras presentes no estado. A partir da análise de alguns indicadores de saúde, verificamos que Goiânia é um lugar apto a receber investimento em

A

I SÍ L

A

infraestrutura de saúde que irá dar suporte para toda a região centro-oeste, pois a cada dia formam-se mais profissionais na área, além do posicionamento estratégico da cidade em relação as outras capitais dentro da região.

I GO

E ND

I ÂN

A

M

SE N

CA

ES


HIERARQUIA VIÁRIA

ACESSO

04 05

01

02

Sistemas de circulação A área é servida pela rodovia GO-080 que demanda à cidade de Nerópolis, denominada Av. Presidente Kennedy, e pela Via Perimetral Norte. O acesso principal à área, a partir da região central da cidade, é feito pela Av. Pedro Paulo de Souza, que passa pelo Setor Crimeia Leste. A área é situada relativamente próxima ao Centro, a 6,0 km da Praça Cívica, e está próxima a várias vias de acesso rápido tanto para os usuários que vêm do centro quanto os que se originam de outras cidades. O problema em relação ao acesso ao terreno se dá pelas barreiras físicas impostas pela hidrografia da região, que são transpostas em poucos lugares, “ilhando” a região e provocando engarrafamentos em horários de pico devido a característica de afunilamento que a pouca quantidade de travessias proporciona.

ACESSO

06 ACESSO

31 03

VIAS EXPRESSAS 3ª CATEGORIA 01 - AV. PERIMETRAL NORTE VIAS ARTERIAIS 1ª CATEGORIA 02 - AV. PRESIDENTE KENNEDY (GO 080) 2ª CATEGORIA 03 - AV. PEDRO PAULO DE SOUZA (TRECHO ENTRE MEIA PONTE E AV. PERIMETRAL NOTE

ACESSO

VIAS COLETORAS 04 - AV. FREI NAZARENO CONFALONI 05 - AV. PEDRO PAULO DE SOUZA (TRECHO ENTRE A A. PERIMETRAL NORTE E PRAÇA DA REPÚBLICA) 06 - BOULEVARD CONDE DOS ARCOS

N

SEM ESCALA FONTE: PLANO DIRETOR DE GOIÂNIA


PROGRAMA Pré-Dimensionamento

O PRO JE TO

Afim de definir o tamanho do nosso hospital, levamos em consideração a demanda por leitos pediátricos de Goiânia e região. Apesar da RDC não definir um parâmetro m²/leito para um dimensionamento prévio do edifício hospitalar, alguns autores ainda trabalham com

essa referência para alguns tipos de hospitais (GOÉS, 2011). Neste trabalho, usamos essa referência apenas como um norteador do projeto, e não como um molde definitivo do dimensionamento. Segundo o Censo de 2010, a população de crianças e adolescentes entre 0 e 14 anos em

Goiânia é de 270,641 habitantes. Em Goiás, esse número é de 1,441,549. Segundo a OMS, a relação entre leitos e população deve ser de quatro leitos por 1.000 habitantes. O Brasil estabelece 2,5 leitos por 1.000 habitantes (GOÉS, 2011).

População infantil por faixa etária e sexo, em Goiás e Goiânia | Fonte: Censo IBGE, 2010

Demanda de leitos pediátricos em Goiás e Goiânia de acordo com a OMS e Brasil | Fonte: Censo IBGE, 2010


Em relação aos leitos pediátricos existentes, Goiânia possui 624 leitos, entre pediatria clínica, cirúrgica e UTI, segundo o CNES. Segundo os conceitos do ministério da saúde, conclui-se que faltam 52 leitos pediátricos em Goiânia a fim de se atender a demanda da cidade; já se levarmos em consideração os conceitos da OMS, mais 458 leitos se fazem necessários para atender apenas a população da capital. Fazendo-se uma média dos dois resultados, obtêm-se uma demanda de 255 leitos. Levando-se em consideração ainda que o Hospital deve atender a macrorregião de Goiânia, e até mesmo pacientes de outros estados, 255 leitos (o que o configura como hospital de grande porte) suprem a necessidade de leitos pediátricos em Goiânia e se configuraria, possivelmente, como maior hospital pediátrico do Brasil (pelo levantamento feito pelo autor durante a pesquisa). Porém, comparando o número a outras unidades de saúde públicas e de grande porte como o novo Hospital de Urgências (Hugo 2), que foi construído também na região norte de Goiânia, e que

Leitos por especialidades em Goiânia | Fonte: Ministério da Saúde - Elaboração: SEPLAM-2009

“255 LEITOS SUPREM A NECESSIDADE DE LEITOS PEDIÁTRICOS EM GOIÂNIA E SE CONFIGURARIA, POSSIVELMENTE, COMO MAIOR HOSPITAL PEDIÁTRICO DO BRASIL.”

Relação da demanda e falta de leitos pediátricos em Goiânia | Fonte: Ministério da Saúde - Elaboração: SEPLAM-2009

possui 400 leitos, sendo 40 deles de UTI, o alto número de leitos deste pré-dimensionamento não soa tão exorbitante. Segundo este número, e a partir dos parâmetros de dimensionamento do Manual Prático de Arquitetura Hospitalar de Goés (2011), a subdivisão do hospital se daria da seguinte forma: Dimensionamento mínimo (Relação mínima: 60 m²/ leito): 15.300 m², sendo: • Administração/ apoio técnico e logístico (15 m² / leito): 3.825 m² • Apoio ao diagnóstico e tratamento (15 m² / leito): 3.825m² • Internação (30 m² / leito); 7.650 m² A existência de ambulatórios na estrutura hospitalar pressupõe um acréscimo na sua área total. Segundo Góes (2011, p. 45) esse acréscimo pode corresponder a 1/3 a mais da área prevista para um hospital, ou seja, 5.100 m² a mais no caso deste trabalho.

33


Implantação e relação com o entorno

34

A implantação do edifício se dá de forma a privilegiar a vista dos apartamentos de internação para o Parque Leolídio de Ramos Caiado, que se encontra ao norte do terreno. A tipologia do hospital é a de torre simples, sendo essa torre levemente curvada, de modo a diminuir a sensação de longos corredores dentro do hospital, assim como conservar o conceito de ser menos rígido possível. Além disso, a curva da torre dialoga com os leitos dos rios que cercam a região e são características marcantes da área.

REFERÊNCIAS DE PROJETO A partir da experiência em projetos de arquitetura na academia, pude perceber que a metodologia e a forma como se tratavam os estudos de caso no processo de projeto pouco adiantavam para mim. Que o foco em “apresentar” o estudo de caso, em detrimento de “entender” e usá-los como referência de projeto, acabaram resultando em tarefas vazias para o aprendizado.

Dessa forma, neste trabalho, foi decidido experimentar no sentido de analisar todos os estudos de caso de forma pessoal, sem focar em apresentá-los à correção, e apresentá-los no final do processo como legítimas referências de projeto.

Funcional e programático – Hospital de Oncologia Infantil em Goiânia – Juliana Sousa Marques O projeto de Trabalho de Conclusão de curso de Marques (2013) é um equipamento de saúde especializado no tratamento de crianças portadoras de câncer, entre 0 a 15 anos, com um atendimento misto através de cotas particulares e cotas do SUS, com instalações para 85 leitos. Interessante observar os fluxos criados por Marques, e a forma como foi feita a setorização. A parte de serviços se restringiu ao subsolo enquanto o apoio, que possui equipamentos pesados e precisa ter acesso fácil e rápido, assim como o pronto socorro, que também precisa ter acesso imediato, ficaram no primeiro pavimento. O atendimento ambulatorial

se concentrou em um bloco em questão de setorização e seus concorrentes. pavilhonar anexo, nos pisos contiguidade. O programa se primeiro e segundo, conectado divide com as áreas de apoio no Programa lúdico - The ao bloco principal por uma rampa subsolo, as áreas ambulatoriais, Royal Children’s Hospital externa, contida em um cubo. Um de diagnóstico e tratamento nos – Melbourne, AU terceiro pavimento é exclusivo pavimentos 1 e 2 e interação do O Royal Children’s Hospital para espaços de integração social, 4º pavimento a diante. Possui é implantado ao lado de um partindo de uma nova corrente um bloco separado para cuidar parque, assim como este trabalho, em edifícios hospitalares que de doenças contagiosas e outro e possui programa lúdico extenso criam os chamados “espaços para alojamento de professores e e com atrações incríveis para os lúdicos” para humanização do alunos da universidade. pacientes e acompanhantes se hospital. distraírem, como um enorme No bloco maior, o segundo Paisagismo – Nemours aquário de corais marinhos, pavimento concentra o centro Children’s hospital – mantido por equipes do cirúrgico, as unidades de Orlando, EUA aquário da cidade, um espaço transplante de medula óssea e as O projeto do Nemours envidraçado com suricates, Unidades de Tratamento Intensivo Children’s Hospital recebeu mantido por equipe do zoológico (UTI). O terceiro pavimento prêmios pelo seu paisagismo de Melbourne, dentre outras possui os equipamentos e as inteligente, que utiliza de formas “atrações” como a escultura “The salas de diagnóstico, como e volumes para criar ambientes thing” situada no foyer com pé ultrassonografia, Raio X, diferentes na paisagem. O projeto direito aberto. ressonância magnética e possui certificação LEED de medicina nuclear. As salas de sustentabilidade e possui, assim quimioterapia individual ficaram como que se pode observar em no quarto pavimento com o vários DE hospitais dos Estados setor administrativo. Os HOSPITAL quartos ALUNA: Unidos, um grande número e JULIANA SOUSA MARQUES ONCOLOGIA ORIENTADOR: MSC. FREDERICO RABELO de internação individuais e espaços lúdicos. Talvez isso se INFANTIL as enfermarias ficam nos dois dê pelo fato da saúde no país últimos pavimentos. ser privada, o que torna os hospitais lugares de consumo, e Setorização e os pacientes se tornam clientes, implantação – Suzhou fazendo com que esses hospitais Children’s Hospital – procurem formas de melhorar China sua imagem para atrair mais O projeto é bem resolvido público e concorrer melhor com FACHADA NORTE - VIA 236 ESCALA 1:300

FACHADA OESTE - VIA 225 ESCALA 1:300

MEMORIAL JUSTIFICATIVO

O terreno possui sua via principal voltado para o Norte, ou seja, independente da apropriação escolhida, o edifício receberá incidência solar durante o dia inteiro, por isso há necessidade de adotar soluções para resolver esse problema sem comprometer as fachadas principais. Por isso serão instalados brises no decorrer dos blocos para impedir que o sol atinja o interior do edifício (imagem 3), mas que também permita a entrada de ventilação natural e diminua os riscos de infecção hospitalar, que por ventura corre em direção para estas mesmas fachadas. Outra solução adotada para diminuir a insolação e melhorar a sensação térmica dentro do edifício, foi propor alguns rasgos na fachada com uma pequena massa de vegetação, que contribui bastante para a estética do edifício. O hospital tem uma diretriz de possuir ambientes flexíveis, por isso foi projetado uma estrutura toda modelada para facilitar nos futuros remanejamentos dos ambientes, a partir daí foi feita uma malha de pilares com 12,50 x 10,00 metros e o pé-direito do hospital tem que ser alto por conta das enormes tubulações que ficam entre o forro e a laje, o qual ficou com 3,85 metros. A partir daí foi dimensionado o tamanho dos pilares, 0,50 x 0,50 metros para suprir esses grandes vãos e a laje é nervurada com 0,35 metros de altura. Outro desafio na hora de projetar um hospital são as interferências das tubulações, e as que causam maior problema são as tubulações hidráulicas com as de ar condicionado, porque a bitola dessas tubulações são grandes, por isso foi adotado uma solução, onde todos os tubos sairão de seus ambientes e vão direto para o corredor principal, o qual possui um forro mais rebaixado para conseguir receber todas as instalações. Mas para isso dar certo, a melhor opção é colocar cada instalação em um determinado lugar, a hidráulica ficará no centro e as de ar condicionado e elétrica ficará de cada um dos lados.

P

D

E

T


PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ‐ PUC GO

DEPARTAMENTO DE ARTES E ARQUITETURA

ESCOLA EDGAR ALBUQUERQUE GRAEFF

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 2 ‐ TC2 ‐ 2013/2

35

6/6


Estudo de caso Lelé

que possam aprimorar o projeto

sustentabilidade,

e

Após enxergar sua importância,

Na apresentação da primeira

arquitetônico

meio ambiente: estudo de caso

era momento de entender quais

Hospital Sarah Kubitscheck -

as causas específicas do renome

Brasília, 2007), Marques (A obra

do

parte deste trabalho, a banca de

fim

desde

trabalho.

TFG 1 me chamou a atenção ao

Para começar o estudo separei

fato de eu não ter incluído uma

três perguntas que julguei cruciais

do

Filgueiras

usando de referências escolhidas

pesquisa sobre João Figueiras

para entender seu trabalho:

Lima, Llé: Projeto, Técnica e

por seu enfoque na descrição

Lima, o Lelé, nos estudos de

Racionalização, 2012), Westphal

geral

caso. Confesso que a escolha

(A Linguagem da Arquitetura

2012), nas questões técnicas

Hospitalar de João Filgueiras

(MONTERO, 2006) (RIBEIRO,

Lima, 2007) e Montero (Ventilação

2007) e plásticas (WESTPHAL,

e Iluminação Naturais na obra de

2007),

de

não

o

estudar

naquele

primeiro momento tinha sido consciente, mas os argumentos

1.Por que estudar a obra de Lelé?

arquiteto

João

arquiteto.

da

Neste

obra

decidi

sentido,

(MARQUES,

mostrar

aqui

dos participantes da banca me

2.Quais

as suas contri-

João Filgueiras Lima, Lelé: Estudo

conceitos que geralmente se

fizeram concordar em o incluir

buições para a prática da

dos hospitais da Rede Sarah

repetiam entre as obras. Não

nos meus estudos. E ainda bem

arquitetura hospitalar?

Kubitschek Fortaleza e Rio de

é meu objetivo aqui esgotar o

Janeiro, 2006), para citar algumas

assunto sobre o arquiteto, que

que o fiz. Após uma pequena 36

do

tecnologia

pesquisa um pouco mais profunda

3.O

que eu posso levar

das obras sobre seu trabalho

é extenso e mais complexo que

sobre Lelé, já foi possível notar

da obra de Lelé para meu

usadas como referência para este

o nosso objetivo primário, mas

que sua obra e seu legado teriam

projeto do Hospital Infantil

estudo.

apenas apresentar um esboço

uma importância crucial no meu

Meia Ponte?

próprio trabalho. O objetivo deste capítulo especial

As suas contribuições para a

do que pude absorver de mais

arquitetura, apesar de se focarem

relevante na Obra de Lelé. A

na arquitetura hospitalar aqui, se

seguir, apresento um quadro com

de estudo de caso é apresentar

A primeira pergunta é básica,

estendem para todas as tipologias

os conceitos que mais aparecem e

um pouco dessa contribuição de

servia para introduzir o estudo,

arquitetônicas, pois o enfoque do

algumas ligações que pude fazer.

Lelé, além de extrair aspectos

e era bastante fácil de responder.

seu trabalho – conforto ambiental,

relevantes do mesmo para o

A relevância do arquiteto e sua

sustenta-bilidade,

objeto desde trabalho, que é o

obra para a arquitetura hospitalar

meio ambiente – é universal.

projeto do Hospital Infantil Meia

brasileira é de conhecimento geral

E Lelé é pioneiro no estudo

Ponte. Procurando fugir da cópia

de todos os arquitetos e estudantes

de

superficial das suas tecnologias e

de arquitetura do Brasil, e essa

para a arquitetura, assunto tão

criações (como os famosos sheds),

relevância

repetidamente

importante na contemporaneidade

mas

lembrada por vários autores, como

e ainda com pouco engajamento

Ribeiro

real dos atores de nossas cidades.

buscando

características

presentes na essência sua obra,

é

(Conforto

ambiental,

alternativas

tecnologia

e

sustentáveis


DA MA

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CONCETRAÇÃO

CARACTERÍSTICAS DE LELÉ

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Quadro síntese

PAV. TIPO

Ver anexo.

Diagrama composto de setorização, fluxos e acessos

1º PAVIMENTO

1 - AÇÕES BÁSICAS DE SAÚDE 2 - AMBULATÓRIO 3 - ATENDIMENTO IMEDIATO 38

TÉRREO

4 - ATENDIMENTO EM REGIME DE INTERNAÇÃO 5 - APOIO AO DIAGNÓSTICO E TERAPIA 6 - APOIO TÉCNICO 7 - RECURSOS HUMANOS E PESQUISA 8 - APOIO ADMINISTRATIVO 9 - APOIO LOGÍSTICO 10 - GERAL ACESSO INDEPENDENTE CIRCULAÇÃO VERTICAL

BLOCOS SEPARADOS


MEMORIAL JUSTIFICATIVO O projeto arquitetônico do Hospital Infantil Meia Ponte parte da vontade de se criar um equipamento que o usuário, nesse caso as crianças, possam se identificar. Mais do que isso, o objetivo buscado aqui é criar algo que essa criança goste, que haja uma conexão entre o usuário e o equipamento. Definir o que crianças gostam pode ser um exercício capcioso, onde devemos tomar cuidado para não cair no senso comum. Para definir nossas diretrizes projetuais partimos de um trecho que nos chamou a atenção na palestra do designer Ross Lovegrove sobre design orgânico (Ross Lovegrove divide design orgânico, 2005). No final de sua palestra, Lovegrove mostra

1

imagens de seu estúdio e diz que costuma receber a visita de várias crianças durante o ano, e que elas adoram o estúdio que, segundo ele, “parece uma mistura entre Museu de História Natural e um laboratório da NASA”. Segundo essa informação: crianças gostam de formas orgânicas. O que faz sentido. Fizemos uma rápida análise, apenas por curiosidade, sem metodologia aplicada para pesquisa, com algumas crianças mostrando imagens de arquitetura e design modernista, de linhas duras e retas, ao lado de imagens de design fluido e orgânico, o resultado foi de total preferência pelo design orgânico. Mas como aplicar o conceito de

2

organicidade na forma de um hospital, que possui um programa funcional bastante enrijecido, e que não permite muita liberdade formal? A resposta aparece no texto de Sperling, Entre conceitos, metáforas e operações: convergências da topologia na arquitetura contemporânea (SPERLING, 2004). No capítulo em que o autor discorre sobre a topologia, ele define seis zonas de convergência na arquitetura contemporânea. Sendo uma delas a Continuidade Espacial, também chamada de modelagem de superfícies, onde uma superfície plana ao ser deformada preserva todas as suas características topológicas, alterando apenas

suas características topográficas. Dentro dessa convergência, a modelagem, ou a dobra, acontece no nível de superfície, não interferindo na estrutura como na modelagem algébrica. Essa característica é importante pois nos permite a criação de uma superfície através de recortes, dobras e deformações, modelando uma superfície orgânica para o hospital, sem interferir na sua estrutura redigida e funcional.

A superfície A superfície que cobrirá parte da estrutura será uma massa paramétrica, criada a partir de uma malha. [1] Baseando-nos do estudo sobre o câncer infantil, analisamos a

3

histologia do tecido humano em busca de inspiração para a malha da superfície, que passa a ter uma malha hexagonal, que lembra as células de um tecido de medula óssea. [2] Em um futuro estudo, essa massa poderá ser analisada por softwares que fornecerão dados sobre a intensidade de insolação recebida em cada “célula”. [3] Esses dados são utilizados como algoritmos, por meio de programação visual a partir do que se chama de design generativo, para definir o tamanho da abertura de cada célula da fachada. [4] Assim, a superfície servirá não apenas como adorno ao edifício, mas como proteção à insolação

4

39


O PROJETO

40


SITUAÇÃO

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ALDAS

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OUZA PAULO DE S AV. PEDRO

R. JÚPI

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41

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A NE XO S


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