A alegria de termos vivido contigo: somos livres, Soares!
Hoje temos direito a dizer obrigado e a responsabilidade de não nos extinguirmos num lamento
O que nos dói se choramos? Que parte do nosso corpo descarnou subitamente? O que nos falta se ele nos deu tudo o que era? Se não há tragédia nem surpresa? É o adeus. O adeus dói. Mário Soares morreu hoje e hoje autorizamo-nos à emoção da perda. Virá a análise, virá o obituário, virá até o futuro, mas o nosso primeiro sopro depois do seu último é este que dói.
Mário Soares foi o maior. O maior político, o maior português do século XX, o lutador mais permanente pelas liberdades democráticas, o homem que nunca quebrou, como se sempre soubesse que a conquista da liberdade era certa e a sua prevalência é incerta.
O pensamento é sempre livre mesmo na reclusão forçada. Mas Soares fez do pensamento o prefácio da ação, impaciente por fazer e paciente pela vitória desse fazer. Como se a sua força tivesse vontade própria. Talvez por isso nos pare