Diário da velha part 1

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texto & desenhos

HENRIQUE NANDE


Título: Histórias Soltas do Diário da Velha Autor: Henrique Nande Todos os direitos para a publicação desta obra reservados por: Henrique Nande Capa, Design e Arte-final: Henrique Nande Edição de Autor: Henrique Nande© 2015

Reservados todos os direitos. É proibida a reprodução desta obra por qualquer meio, sem o consentimento expresso do autor. A violação destas regras será passível de procedimento judicial, de acordo com o estipulado no Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos.


Dedico este livro, em primo lugar, claro, à Beatriz. Depois a todas as figuras que provocaram a gana e me deram corda para o fazer… às inevitáveis Marias, Adozindas e Leocádias, ao Garcia, ao Machado, à Alice, que me aturaram das boas, ao Franquim, ao Gaston e ao Marsupilami, aos Miguéis, Joões e Zés, à Celeste, que planta chuchus de cu para o ar, ao avô António, à Isilda, à Anas, à Maria Callas e à Tina Turner, ao Rantamplam e ao Galo de Barcelos, ao inventor do fogão a petróleo, ao inventor do papel, que deve estar triste por esta edição ser digital… (se houver edição em papel, revejo isto, prometo!), aos chineses e à tinta da china, aos meu lápis, ao mau feitio de algumas criaturas, que inspiraram algumas das páginas que se seguem. Se continuar a enumerar figurões de que me recordo e que gostaria de presentear com esta singela homenagem, esta coisa ficaria com um número de páginas inumerável, o que para mim seria uma seca e para o leitor outra. Por isso termino, sed ut perspiciatis unde omnis iste natus error sit voluptatem accusantium doloremque laudantium, totam rem aperiam, eaque ipsa quae ab illo inventore veritatis et quasi architecto beatae vitae dicta sunt explicabo. Nemo enim ipsam voluptatem quia voluptas sit aspernatur aut odit aut fugit, sed quia consequuntur magni dolores eos qui ratione voluptatem sequi nesciunt. Neque porro quisquam est, qui dolorem ipsum quia dolor sit amet, consectetur, adipisci velit, sed quia non numquam eius modi tempora incidunt ut labore et dolore magnam aliquam quaerat voluptatem. Ut enim ad minima veniam, quis nostrum exercitationem ullam corporis suscipit laboriosam, nisi ut aliquid ex ea commodi consequatur? Quis autem vel eum iure reprehenderit qui in ea voluptate velit esse quam nihil molestiae consequatur, vel illum qui dolorem eum fugiat quo voluptas nulla pariatu. At vero eos et accusamus et iusto odio dignissimos ducimus qui blanditiis praesentium voluptatum deleniti atque corrupti quos dolores et quas molestias excepturi sint occaecati cupiditate non provident, similique sunt in culpa qui officia deserunt mollitia animi, id est laborum et dolorum fuga. Et harum quidem rerum facilis est et expedita distinctio. Nam libero tempore, cum soluta nobis est eligendi optio cumque nihil impedit quo minus id quod maxime placeat facere possimus, omnis voluptas assumenda est, omnis dolor repellendus. Temporibus autem quibusdam et aut officiis debitis aut rerum necessitatibus saepe eveniet ut et voluptates repudiandae sint et molestiae non recusandae. Itaque earum rerum hic tenetur a sapiente delectus, ut aut reiciendis voluptatibus maiores alias consequatur aut perferendis doloribus asperiores repellat.

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Era uma vez um gato maltês. Não tocava piano, . s ê c n a r f a v la a f m ne

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Era uma velha muito velha, ranzinza e ferunfunfelha . la e n a p a m u e u q a lh e v e mais

O gato jantava Ă mesa e a velha na gamela.

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A velha era muito velha, mais velha que a av贸 dela. Num p茅 usava um sapato e no outro uma chinela!

Fez um cachecol ao gato e esqueceu-se da ourela.

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Quando saía para a feira, corria de lés-a-lés.

À tarde voltava a casa onde não lhe cabiam os pés. 7


Um dia ao vir das mĂŠrcolas ferunfunfelha e lampeira, deu de caras no quintal com uma nova laranjeira!

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a l e z i d — ! o b a i d e u q s a M — com ar de poucos amigos.

Não tardaram dois minutos e a laranjeira deu figos!

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Dá voltas à mioleira

enquanto arruma tarecos. — Não rego a laranjeira e ela dá figos secos!

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N達o regou a laranjeira e foi fazer um ser達o.

Enquanto cosia meias, A 叩rvore deu um mel達o!

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Ao romper da bela aurora, foi para o forno fazer p達o.

Como o forno estava frio,

fez gelado de mel達o. 12


Eram horas de almoçar, pensou assar carapaus.

, s a r p m o c r e z a f Foi à feira . s u a r c a l e d r a d i u g l a trouxe um

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O gato, assim que a viu, pensou que ia haver festa. A velha n達o foi de modas, . a t s e t a n u a r c la deu-lhe com um

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A velha, que era pitosga, e via no c茅u dois s贸is. Escondeu-se com uma peneira, mas a ideia foi ronceira.

Tapou um olho com um tacho e choveram carac贸is.

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Apanhou os bichos m贸is, e foi um ver-se-te-avias.

Estava pronta para o petisco, . s a i c n a l e m m mas chovera

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Quando o temporal passou, . r a t n a c a a u r a veio para A voz de cana rachada ! r a v i u a o t a g deixou o

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, a ir e in fr in h c a m o c a Doid farta de tanto banzé, enfiou-se no colchã o.

Meteu uns copos no bucho. Abraçou-se a um garrafão e não se tinha de pé.

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HIPS! (N. do T.)


, s a h in rd a s r a it fr a , e it o n À apertou com o fogão. Ao pôr o feijão ao lume, ! o ã ir e ld a c o m o estourou c 19


Cozeu tripas de carneiro num bidé com etanol. P’ra não ver a trampa feita, l. o s e d s lo u c ó s n u u compro

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Certa manhã muito cedo, chamou o gato de raça. Pegou na cana de pesca, . a ç a c à i o f e a t s numa ce

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(N. do T.)


Foi à horta apanhar couves e ficou com as mãos inchadas.

Nem foi tarde nem foi cedo: — plantou sachos e enxadas! 22


Andou Ă chuva e molhou-se atĂŠ ficar como um pinto. Voltou para casa e afogou-se numa selha de vinho tinto.

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Vai à fonte buscar água, leva na cabeça o pote e pousa-o ali ao pé.

Com a fonte estava seca, trouxe vinho de pacote, de Touriga e Chardonnay . 24


A velha, muito viĂşva, . o id r a m o t x e s o e finou-lh

Nas noites de lua cheia, cantava o fado corrido.

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Malaquias era o nome

. s o d a in f s u e s s o d o do últim Ficou de herança um perú que punha ovos estrelados.

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Convidou a Adozinda P’ra fazeruma excursão. E a Adozinda não quis.

Arranjou-se toda linda, meteu~se num camião e foi de férias para Paris.

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Passeou tanto em Paris que até partiu uma perna.

Voltou a pé para a terra porque é um velha moderna!

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Quando arribou à terrinha após montes de trabalhos, encontrou no mealheiro uma trança feita de alhos.

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, o lh a v r o e d e it o n a Num a espevitada da velha o lh a e d s e t n e d s o u o seme Ă sombra de um candeeiro.

Regou com ĂĄgua de rosas e nasceu-lhe um imbondeiro!

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A velha destrambelhada coava o mosto com um pente. o ic t s lรก p e d e ld a b m u Tinha onde fervia aguardente.

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Viu nos signos de um pasquim, . o in t s e d u e s o a r e o d que o fa

Comprou uma gaita galega e aprendeu violino.

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Num dia de ananases . a g n a r f a u o lt o s a lh e v a

a ir le e t s a p a n e s u o Mont e foi para a praia de tanga.

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Ouviu falar de uma quinta de um capitão marinheiro. Foi à Quinta da Marinha e não viu um tomateiro.

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Viu prados e pinheirais e nos campos um paĂşl. Mas o que lhe agradou mais, l! u z a a g e r e d e u q n a t foi o

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, o h c u b m u u o b u o r o t O ga e fugiu para um barranco.

s a ip r t s a e lh u o v la a lh A ve com sab達o azul e branco! 36


:D 3 < @ rr rr z z z @ g m o ;) l :p lo :D omg wtf :P ;) zzz <3 :P

:p lol ;) @ zzz rrrr @ omg <3 :D

:P :P :P 3 < z z z ;) :P tf w r rs rs rs :D

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(texto extraĂ­do do equipamento encontrado Ă sombra de um morangueiro)


Numa leda madrugada vai a velha para a rega.

s o b a n e s lo e r g s o E rega com uma queimada Galega!

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Para poupar nas batatas, na feijoca e outras tretas, s a t i s i v s a d r para o janta fez sopa de malaguetas!

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Deu a maluca à velha: . a n r o ib t a m u r e — foi faz

Esmigalhou o bacalhau debaixo de uma bigorna! 40


Num domingo de passeio foi da terrinha ao Barreiro. Na excurs達o da camioneta . o ir e t e lh a g io e m u o r p com 41


Contente com o seu feito, , e d a id c Ă a id r r o c e d foi

e na primeira botica ! e d a t e m a r t u o a comprou

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Adormeceu consolada com um caneco de estalo.

De manh達o n達o acordou, nem com o cantar do galo!

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Viu um dia que uns corvos estavam a bicar no alho.

Foi um retrato da av贸 . o lh ta n a p s e ra a p u o s u que 44


o v o n e d u o b u o r o t a g O um chouriço do fumeiro.

A velha topou o caso que já era costumeiro...

Fez um clister de orégãos e enfiou-lho no trazeiro. 45

(bola vermelha no canto superior direito)


Num soalheiro domingo, foi passear Ă charneca.

Passou-lhe uma ventania, . a c e r a c a r e e u q u i r b o Desc

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Remoeu a mioleira . a c u r a z a b r a ic f atĂŠ

Tosquiou o rabo ao gato para fazer uma peruca.

47


Foi gaiteira à cidade e viu-se na confusão.

, s a t s i v s a n r a d m e s r a s Para pas pôs um chapéu de pavão.

48


Correu as tascas do bairro e ficou com um grĂŁo na asa.

Ă€s quatro da madrugada,

foi de tuc-tuc para casa.

49


in·ter·va·lo substantivo masculino 1. Distância que (no tempo ou no espaço) medeia entre duas coisas. 2. Intermitência. 3. Entreacto. "intervalo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/intervalo [consultado em 14-03-2016].


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