Uma palavra...
A princípio, partiu-se de uma análise bastante criteriosa e imersiva sobre o território do Cangaíba, distrito da Zona Leste da cidade de São Paulo, acerca de sua posição urbana, sua posição econômica, sua posição física e sua posição social.
A partir deste estudo, foi realizado um plano de diretrizes urbanas gerais à região, que posteriormente viriam a se afunilar até alcançar o ponto chave deste trabalho. Primeiro semestre de 2021 foi o período mais dramático da pandemia da covid-19. Neste período, problemas antigos e que estavam resolvidos até então voltaram à tona, enquanto muitos outros se agravaram drasticamente. Um deles foi o quadro da fome.
A fome no Brasil já vinha sendo agravado com o quadro do desemprego, e ainda pioraria mais dia após dia de emergência sanitária, sobretudo nas periferias dos grandes centros urbanos e capitais. Dessa forma, partindo deste cenário em movimento em tempo real e da condição periférica do território estudado, definiu-se como eixo temático do trabalho a escassez, abordada a partir da perspectiva da fome.
A partir das reflexões de Sauer sobre a relação entre arquitetura e escassez (Arquitetura x escassez, PROPAR/ UFRGS - Porto Alegre, 2019) e da publicação RADICAL.
50 Arquitecturas Latinoamericanas (Arquine - Cidade do México, 2017), foram abordados quais os impactos que a escassez de recursos provoca não só na arquitetura e no urbanismo, mas em praticamente todas as atividades humanas ,e quais são os caminhos para nos adaptar a essas mudanças que já estão ocorrendo. Assim, definiu-se como tipologia de projeto a fazenda urbana, unidades produtiva inserida em meio urbano e adaptada ao contexto da cidade. Ocupando um trecho inutilizado do Parque Ecológico do Rio Tietê, o programa se divide em seis tipos de unidades semiautônomas de produção e pesquisa, que correspondem a três eixos programáticos: Comunidade, Educação e Serviço, com as respectivas funções de produção e comércio da população local para o restante da cidade, pesquisa e programação educativa para a população local e serviços de apoio logístico, técnico e social. A disposição das unidades no terreno forma núcleos internos, onde seriam produzidas e pesquisadas Plantas Alimentícias Não Convencionais, como uma intersecção dos eixos programáticos do projeto.
Zonas tipológicas
Fases de implantação
Plantas Alimentícias Não Convencionais
Cambuci
Banana-verde Cambuci
Grumixama
Dente-de-leão
Jaracatiá
Jenipapo
Almeirão-roxo
Aroeira-vermelha
Plantas Alimentícias Não Convencionais
Beldroega
Ora-pro-nóbis
Uvaia
Pitomba
Unidade A
Unidade B
Uma palavra...
Este é um museu de arte contemporânea, implantado no Tatuapé, a poucas quadras da estação Tatuapé do Metrô e da CPTM, em frente a um ponto de grande importância para o bairro, a Praça Silvio Romero. Para este exercício, alguns edifícios deixaram lugar para o projeto do museu, e essa foi a primeira diretriz de implantação: considerar a morfologia pré-existente, seja por meio dos gabaritos até à relação com as ruas em contato com o projeto. Outra medida tomada para definir a implantação foi considerar a influência da praça para a criação de fluxos de pessoas. É uma região muito movimentada, por onde diversas linhas de ônibus passam. Então, decidiu-se por dar continuidade ao espaço da praça, ao mesmo tempo que o terreno se abre para a cidade e para as pessoas, criando um espaço público independente do museu. Para isso, foi preciso dividir o programa da instituição em dois blocos, que conservariam o gabarito das pré-existências e seriam ligados por duas passarelas. E no meio desse espaço aberto, ainda teria um gramado, que acompanharia a topografia natural do terreno.
O terreno desce 5 metros a partir da Rua Coelho Lisboa, em frente à Praça Silvio Romero, até à Rua Serra de Juréa, paralela àquela. Dessa forma, não foi necessário escavar um sub-solo para implantar estacionamento e áreas técnicas, apenas dar continuidade ao piso térreo inferior, à cota 756. Assim, o projeto segue uma diferença entre níveis de 5 metros, encaixando-se perfeitamente às condições do terreno e adequada para o programa do museu. Além disso, com a separação do edifício em dois blocos, foi possível implantar o auditório como um equipamento independente, no piso térreo superior, à cota 761.
O bloco 1, norte, é mais baixo, possui 2 pavimentos além do térreo superior. Nele, está o auditório, na cota 761, térreo superior; no térreo inferior, cota 756, foram alocadas duas lojas externas que conservariam a vocação comercial da Rua Serra de Juréa; acima, estão os espaços destinados à museologia e à administração, além de haver a passarela de ligação entre os blocos; e por último, um pavimento destinado às exposições temporárias, também com uma passarela, agora servindo como extensão do espaço expositivo.
O bloco 2, sul, é mais alto, possui 3 pavimentos além dos térreos superior e inferior, que servem como primeiro espaço expositivo contínuo. O 1º pavimento, interligado ao bloco 1, recebe áreas destinadas às atividades educacionais. Os pavimentos superiores são destinados às exposições permanentes, com o 2º pavimento ligado ao bloco 1. Os blocos são constituídos por materialidades diferentes, bem como as passarelas. O bloco 1 é feito em concreto armado, além das caixas de circulação vertical, com lajes nervuradas, enquanto o bloco 2 é todo em estrutura de CLT e as passarelas, estrutura metálica. No entanto, o revestimento externo dá unidade ao conjunto: um envelope de placas cerâmicas fixadas numa grande grelha metálica, referenciando a telha cerâmica muito utilizada no bairro como cobertura e protegendo o interior da luz.
VAGA PARA IDOSOS VAGA PARA IDOSOS VAGA PARA IDOSOS S S 756,00 756,00 Sub-solo/Térreo inferior esc.: 1:400 Expositivo Loja Área de funcionários Áreas técnicas Lojas externas Estacionamento
S 756,00 756,00 756,00 756,00 S S S
Auditório Café
Expositivo
S S S S 761,00 761,00 761,00 761,00
S S 756,00 756,00 759,00 756,00 761,00 760,00 761,00 S S S S S S Térreo superior esc.: 1:400
Museologia Administração
Passarela
Educacional
S S S S 766,00 766,00 766,00
S S 1º Pavimento esc.: 1:400
Expositivo
Expositivo
Expositivo
S S S S 771,00 771,00 771,00 S S
2º Pavimento esc.: 1:400
S S 771,00
S S
S S S 776,00
Expositivo Ático
S S
S 3º Pavimento esc.: 1:400
776,00 776,00
778,50 781,00
783,50
Cobertura esc.: 1:400
783,50
Corte AA esc.: 1:400
corte setorial 01
corte setorial 02 Corte BB esc.: 1:400
Corte CC esc.: 1:400
corte setorial 01 esc.: 1:100
sistema de fachada em estrutura de aço e placas cerâmicas rufo de alumínio
estrutura em concreto armado impermeabilizante manta asfáltica contrapiso de regularização em argamassa de cimento forro em ripas de madeira com tabica
piso de porcelanato acetinado branco contrapiso de regularização em argamassa de cimento
cabo de aço d=30mm forro acústico em madeira
revestimento acústico em madeira
carpete em fibras de nylon estrutura do palco em madeira vidro temperado insulado piso de porcelanato terra, 1,20x1,50m contrapiso de regularização em argamassa de cimento radier em concreto armado obs: o radier atua em conjunto com o sistema de estacas na fundação
detalhe construtivo 01
estrutura horizontal em perfis de aço tubular, seção quadrada de 50mm
estrutura vertical em perfis de aço tubular, seção quadrada de 50mm
placa cerâmica em cor vermelha
parafuso sextavado, 80mm, d=8,9mm
detalhe construtivo 01 revestimento da fachada esc.: 1:20
elevação frontal revestimento da fachada esc.: 1:40
estrutura vertical: fixação na estrutura do edifício
estrutura horizontal: fixação das placas cerâmicas e interface com a estrutura do edifício
elevação posterior revestimento da fachada esc.: 1:40
folha de policarbonato ondulado, 4,50x4,30m diagonal em aço, perfil H, 30x30cm parafuso alongado sextavado, 200mm, d=8,9mm
detalhe construtivo 02 estrutura da fachada e revestimento interno esc.: 1:10
folha de policarbonato ondulado, 4,50x4,30m
cantoneira perfil L, 15x10cm
piso de porcelanato branco, 1,20x1,50m
laje steeldeck
parafuso alongado sextavado, 240mm, d=8,9mm
tirante de aço, cantoneira perfil L, 10x10cm
viga de aço secundária, perfil I, 25x40cm
banzo inferior em aço, perfil I, 30x60cm
viga de aço transversal, perfil I, 30x60cm
forro em ripas de madeira
detalhe construtivo 03 estruturas da fachada e da seção inferior da passarela esc.: 1:10
laje steeldeck, com tratamento hidrofugante calha de aço, perfil U
sistema de fachada em estrutura de aço e placas cerâmicas
banzo superior em aço, perfil I, 30x60cm tirante de aço, cantoneira perfil L, 10x10cm
viga de aço secundária, perfil I, 25x40cm viga de aço transversal, perfil I, 30x60cm forro em ripas de madeira
diagonal em aço, perfil H, 30x30cm
montante em aço, perfil H, 30x30cm
folha de policarbonato ondulado, 4,50x4,30m
piso de porcelanato branco, 1,20x1,50m laje steeldeck
banzo inferior em aço, perfil I, 30x60cm
tirante de aço, cantoneira perfil L, 10x10cm viga de aço secundária, perfil I, 25x40cm
viga de aço transversal, perfil I, 30x60cm forro em ripas de madeira
corte setorial 02 esc.: 1:40
detalhe construtivo 02
detalhe construtivo 03
Elevação 1 esc.: 1:400
Elevação 2 esc.: 1:400
Uma palavra...
Esta unidade do SESC foi planejada para estar na altura do número 5335 da Avenida Celso Garcia, no Tatuapé. A avenida é uma importante artéria que liga a Zona Leste ao Centro de São Paulo. Suas principais características tratam de ser uma avenida bastante densa, de uso diversificado, mas predominantemente comercial, com bastante movimento diurno, mas quase nenhum movimento noturno, com uma tendência recente para a verticalização com grandes empreendimentos a partir da região da Penha. Portanto, o grande desafio, muito além do projeto em si, foi interpretar tais condições do local e propôr a melhor maneira da instituição se estabelecer ali. Diante das interpretações levantadas, a principal ideia era de que seria preciso abrir um “oasis“, um espaço aberto e livre que impulsionasse a apropriação pela população. Então, o térreo foi mantido quase totalmente livre e foi criada uma rua para pedestres que atravessa a quadra a partir da Av. Celso Garcia. Dessa forma, foi implantado o café voltado para a rua projetada, de maneira a se tornar quase independente do programa principal do SESC. Voltada ao grande vazio do térreo, foi localizada a comedoria, aberta para o espaço interno, que também pode funcionar independentemente no conjunto. O anfiteatro, que estava previsto no programa, foi implantado na junção entre o terreno do projeto e uma pequena praça em formato de V, aumentando assim a área livre disponível no térreo para os pedestres. No sub-solo, foi implantado um estacionamento com área para funcionários e áreas técnicas na cota 726, e 2 metros abaixo, na cota 724, o auditório com foyer, que também é espaço para exposições. O volume do SESC acima do térreo foi separado em dois, aproveitando o desnível entre a rua projetada e o térreo vazio. Estes dois blocos, diferentes em nível a cada 2 metros, se articulam por um eixo de rampas bastante largas e com declividade suficiente para dispensarem grandes blocos de saídas de emergência. Assim, logo depois da rua projetada, ao nível 732, há o 1º pavimento, à cota 736. Neste nível, estão localizadas as oficinas multiuso, além das áreas destinadas à administração e também à biblioteca, logo acima da comedoria. No outro bloco, ao nível 738, está o conjunto de quadras poliesportivas, áreas de apoio e também vestiários. Subindo para o nível 740, há as áreas para aulas de dança e vestiários e também uma rampa, que leva para o nível 743, onde ficam as piscinas e mais vestiários. Ao nível 740, portanto, há também entrada para área técnica relacionada à manutenção das piscinas. Para a estrutura, foi feita uma modulação de 15x16m, possibilitada por pilares de concreto armado com seção de 80cm e laje nervurada com espessura total de 60cm.
724.00 723.00
Sub-solo (cotas 724 e 726) esc.: 1:750
726.00 726.00
730.00 731.00 730.00 728.80
730.00 732.00 732.00 728.00 731.00 Térreo (cotas 730 e 732) esc.: 1:750
736.00
735.00 736.00 A 732.00 1º Pavimento (cotas 732 e 736) esc.: 1:750
738.00 740.00 0 5 10 20 PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 2º Pavimento (cotas 738 e 740) esc.: 1:750
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 740.00 742.00 742.00 743.00 0 5 10 20 PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 3º Pavimento (cota 743) esc.: 1:750
0 5 10 20 PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION Cobertura esc.: 1:750
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
Corte AA esc.: 1:400
0 5 10 20 Corte AA Esc. 1:200
Corte BB esc.: 1:500
0 5 10 20 Corte BB Esc. 1:200
4................Uma Escola
86
87
Praça Barão de Itaqui, Tatuapé Tamanho: P M _x 8.322,01 m² G Data: 07/2019
Implantação - esc.: 1:2000
Uma palavra...
Esta escola, localizada na Praça Barão de Itaqui, a poucos metros da Avenida Radial Leste e também da estação Carrão do Metrô, deveria estar vinculada a uma corrente pedagógica diferente da tradicional, impactando, portanto, no desenho do edifício. O modelo educacional optado foi o modelo sueco Vittra, uma escola gratuita cuja principal premissa está relacionada à liberdade proporcionada aos seus alunos, de maneira que a arquitetura tem especial relevância - os espaços devem induzir os alunos ao aprendizado e estimular a descoberta e a curiosidade. E assim, este projeto foi pensado. O térreo é aberto, substituindo as grades por vegetação, que circunda o edifício criando aberturas direcionadas. Sobre pilares metálicos, há o volume que dá identidade à escola, onde ficam os espaços educativos de livre apropriação pelos alunos. Voltados para a praça, estão localizados o auditório e a biblioteca. O auditório possui a autonomia de funcionar independentemente do conjunto da escola. A biblioteca também, mas apenas sua porção térrea. A oeste, estão as áreas administrativas, organizadas no térreo em pequenos blocos independentes. E a sul, há o refeitório aberto para a rua e também área de funcionários e cozinha. No centro do grande lote, há ainda uma quadra poliesportiva abaixo do nível do térreo e também uma área livre que conserva a superfície do terreno original. Quanto à materialidade, o auditório e a bibliotecca, no nível térreo, são fechados por uma camada dupla de grandes placas de policarbonato fixados em perfis metálicos, de maneira que possua conexão visual com o exterior, mas que filtre o excesso de radiação solar, bem como ofereça conforto térmico e acústico. Quando ao 1º pavimento, a estrutura é em light steel frame, com revestimento externo em placas de cobre patinado. As grandes aberturas no volume superior atuam também como mobiliário interno, sendo, portanto, pequenos espaços para reflexão e trocas.
Térreo esc.: 1:500
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 1º pavimento esc.: 1:500
STUDENT VERSION
PRODUCED BY AN AUTODESK
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION Cobertura esc.: 1:500
Corte AA esc.: 1:500
Corte BB esc.: 1:500
100
5................Madê
Trabalhos desenvolvidos durante estágio na Madê Marcenaria
101
Obra: Clarissa e Gustavo para AS Design Arquitetura e Interiores
Armários e Painel
10/2021
Obra: Clarissa e Gustavo para AS Design Arquitetura e Interiores 10/2021
Armários e Painel
Armários e Painel
Obra: Clarissa e Gustavo para AS Design Arquitetura e Interiores 10/2021
Obra: Apto Caiubí para Estúdio Copa
Painel e Escrivaninha
09/2021
Obra: Apto Caiubí para Estúdio Copa
Painel e Escrivaninha
09/2021
Obra: Apto Caiubí para Estúdio Copa
Painel e Escrivaninha
09/2021
Obra: Apto Caiubí para Estúdio Copa
Painel e Escrivaninha
09/2021
Cozinha
07/2021
Obra: Apto Caiubí para Estúdio Copa
Cozinha
07/2021
Obra: Apto Caiubí para Estúdio Copa
Cozinha
07/2021
Obra: Apto Caiubí para Estúdio Copa
Gabinete e Armário
08/2021
Obra: Cleci Faria para Studio Tan-Gram
Dezembro, 2022 8ª edição