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Conselho Federal de Administração
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO ANO 27 Nº 127 NOVEMBRO-DEZEMBRO 2018
UMA CIÊNCIA FUNDAMENTAL
Pilar de sustentação do mundo desde a modernidade, a Administração é indispensável à chegada de uma nova Era tecnológica
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editorial
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ÉTICA EMPRESARIAL E CIDADANIA Presidente do Conselho Federal de Administração (CFA) CRA-RJ nº 01-02903-7
Adm. Wagner Siqueira
Se o século XX ficou conhecido como a era da violência, da ciência e da tecnologia,o século XXI desponta como a era da cidadania, do civismo e da ética.
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mbora os primeiros movimentos desse novo século ainda arrastem os restos da cultura autoritária que marcou a era da violência, nunca o cidadão e a sociedade civil estiveram tão organizados e exigentes na cobrança de mais ética, respeito aos seus direitos e responsabilidade social. O crescimento do movimento ambientalista, a proliferação das entidades de defesa do consumidor, de denúncia da corrupção, as manifestações crescentes por maior equidade nas relações entre as nações – e entre as corporações e os cidadãos – começam a moldar uma nova ordem. O tráfico de drogas, a corrupção e a lavagem de dinheiro ainda movimentam bilhões de dólares no sistema financeiro internacional. Mas o clamor da sociedade civil pela ética tem levado governos e organismos multilaterais a apertarem o cerco aos paraísos fiscais, e os legislativos a tornarem cada vez mais rigoroso o arsenal de leis e órgãos reguladores. Multiplicam-se, hoje, os fundos de investimento que aplicam seus recursos somente em empresas socialmente responsáveis, que respeitam o meio ambiente e são transparentes com seus acionistas, fornecedores e clientes. Organismos internacionais de financiamento e órgãos reguladores dos principais mercados financeiros estabelecem regras e exigências éticas cada vez mais rigorosas para a listagem de corporações que desejam se habilitar aos seus recursos. A responsabilidade social corporativa deixa de ser figura de retórica a emoldurar as publicações institucionais das empresas para constar dos balanços e relatórios apresentados às assembleias de acionistas e ao mercado; passa a ser parte do negócio. Não só porque os grandes fundos de investimentos não querem correr riscos de aplicar seus recursos em empresas sujeitas a multas ambientais, ações civis ou trabalhistas, mas também porque seus cotistas, mais que investidores, são cidadãos, que descobrem que podem cobrar não apenas lucro, mas também ética, compromisso ambiental e responsabilidade corporativa.
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O observador atento, que se demore na leitura de balanços e relatórios das grandes corporações e se preocupe em compará-los com publicações semelhantes de alguns poucos anos atrás, perceberá com facilidade a mudança substancial na qualidade da informação, na transparência e, com certeza, no volume de recursos endereçados à área social e ambiental das companhias. Empresas que confessam em seus relatórios danos ambientais decorrentes de suas atividades, punições de empregados e executivos envolvidos em corrupção, e mortes resultantes de falhas em seus sistemas de segurança constituem fenômeno bem recente no mundo dos negócios, assim como a prática dos recalls. Se a globalização dos mercados derruba barreiras comerciais e fronteiras políticas, a transnacionalização das empresas obriga seus executivos a negociarem cada vez mais com representantes do poder político local, agentes legislativos e órgãos reguladores mais severos e atentos. Se as comunidades abrem suas portas ao consumo e franqueiam seus mercados, cobram também das empresas a retribuição social, ética no relacionamento e o respeito às suas leis, ao meio ambiente e aos consumidores de seus produtos. Foi-se o tempo em que a função social da empresa era produzir, dar emprego, pagar imposto e respeitar a lei. O cidadão do novo século exige mais. Quer que as empresas sejam mais que agente econômico: que sejam parceiras num projeto de bem-estar social. Cobram uma relação de troca de benefícios, transparência na ação, ética no relacionamento e investimento no desenvolvimento sustentável da comunidade onde atuam.
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A empresa que não se ajustar aos novos padrões de exigência será varrida do mercado no século da cidadania. Sucumbirá à avalanche de multas ambientais e fiscais, ações civis e trabalhistas, à restrição gradativa de crédito e ao cerco dos órgãos reguladores. Mais ainda: perderá os seus clientes. Para que se ajuste, tem que mudar rapidamente sua postura. Precisa criar nova cultura, estabelecendo padrões
éticos de conduta para todo o tecido funcional. Fazer com que seus executivos e empregados entendam que seu negócio é mais que vender produtos ou serviços. Além disso, precisam vender credibilidade e transparência, estabelecer relação de respeito e confiança com seus acionistas, fornecedores e clientes. O cidadão do novo século começa a entender que os governos não são os responsáveis por todos os males,
nem a solução para todos os problemas. Descobre, gradativamente, que há poucos inocentes nas sociedades contemporâneas. Mas recusa-se, também, a aceitar que a venalidade seja traço congênito dos homens. Acredita numa nova ordem e cobra soluções. Como já dizia Albert Camus, diante de circunstâncias igualmente escandalosas: agora já não há mais cegos ou ingênuos, apenas cúmplices.
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sumário
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13 Diante de uma nova Revolução Industrial, a Administração continua sendo a chave para o sucesso
Romeu Zema, administrador e Governador eleito de Minas, promete gestão profissional
25 Pós-eleições: o que esperar do Brasil em 2019 e como fiscalizar seus governantes
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CFA e Embaixada da França contra as fake news: informação é o melhor remédio
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Conheça meios alternativos de curtir as férias com muita troca de experiência e pouco gasto
50 60 62 O Doutrinador: anti-herói brasileiro sai dos quadrinhos para combater a corrupção nas telonas
Serviço voluntário do CRA-RJ garante premiação internacional à Casa Ronald McDonald
CFA-Gesae chega ao sul da Bahia: Porto Seguro passa a utilizar o sistema na gestão de água e esgoto
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leitor
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Me identifiquei com a matéria que trata sobre as mudanças no mercado de trabalho, para o profissional da área de Administração. De fato o profissional precisa estar atento e preparado para o novo no universo administrativo. Fernanda Vasconcellos • Estudante de Administração Muito interessante a revista ter abordado o tema "Eleições" e ter apresentado as propostas dos candidatos à presidência. É uma pena que a maioria da nossa população não dê o devido valor a este tipo de conteúdo. O conhecimento poderia nos fazer ser mais atuantes na cobrança de melhorias nas políticas públicas de nosso país. Adriana da Silva • Gerente de Gestão O tema Fake News foi o mais abordado neste ano, devido às eleições. A RBA mostra o quanto está comprometida em trazer temas atuais e importantes para a nossa sociedade. Como administradores temos o dever de buscar conteúdos que agregam à nossa profissão e que sejam de fontes confiáveis. Felipe Schmit Ruíz • Diretor de empresa Fiquei encantada com a entrevista realizada com a empresária Luiza Helena Trajano. É importante saber que as mulheres tem buscado um lugar de destaque em um mercado tão dominado pelos homens. Valéria Rizo • Empreendedora
EDITOR Conselho Federal de Administração CONSELHEIROS FEDERAIS DO CFA 2017/2018 Adm. Marcos Clay Lucio da Silva - AC • Adm. Carolina Ferreira Simon Maia - AL • Adm. José Celeste Pinheiro - AP • Adm. José Carlos de Sá Colares - AM • Adm. Tânia Maria da Cunha Dias - BA • Adm. José Demontieux Cruz - CE • Adm. Carlos Alberto Ferreira Junior DF • Adm. Marly de Lurdes Uliana - ES • Adm. Samuel Albernaz - GO • Adm. Aline Mendonça da Silva - MA • Adm. Norma Sueli Costa de Andrade - MT • Adm. Gracita Hortência dos Santos Barbosa - MS • Adm. Sônia Ferreira Ferraz - MG • Adm. Aldemira Assis Drago - PA • Adm. Marcos Kalebbe Saraiva Maia Costa - PB • Adm. Sergio Pereira Lobo - PR • Adm. Joel Cavalcanti Costa - PE • Adm. Carlos Henrique Mendes da Rocha - PI • Adm. Wagner Siqueira - RJ • Adm. Ione Macêdo de Medeiros Salem - RN • Adm. Ruy Pedro Baratz Ribeiro - RS • Adm. André Luís Saoncela da Costa - RO • Adm. Antonio José Leite de Albuquerque - RR • Adm. Ildemar Cassias Pereira - SC • Adm. Mauro Kreuz - SP • Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa - SE • Adm. Rogério Ramos de Souza - TO DIRETORIA EXECUTIVA DO CFA 2017/2018 Presidente: Adm. Wagner Siqueira • Vice-Presidente: Adm. Carlos Henrique Mendes da Rocha • Diretor Administrativo e Financeiro: Adm. Ruy Pedro Baratz Ribeiro • Diretor de Fiscalização e Registro: Adm. Marcos Kalebbe Saraiva Maia Costa • Diretor de Formação Profissional: Adm. Mauro Kreuz • Diretor de Desenvolvimento Institucional: Adm. Rogério Ramos de Souza • Diretor de Relações Internacionais e Eventos: Adm. André Luís Saoncela da Costa • Diretor de Gestão Pública: Adm. Antonio José Leite de Albuquerque • Diretora de Estudos e Projetos Estratégicos: Adm. Sônia Ferreira Ferraz CONSELHO EDITORIAL Prof. Adm. Idalberto Chiavenato • Prof. Carlos Osmar Bertero • Prof. Milton Mira de Assumpção Filho CONSELHO DE PUBLICAÇÕES Adm. Mauro Kreuz • Adm. Marcos Kalebbe Saraiva Maia Costa • Adm. André Luis Saoncela da Costa • Adm. Sônia Ferreira Ferraz • Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa • Adm. Antonio José Leite de Albuquerque COORDENAÇÃO DOS CONSELHOS Adm. Rogério Ramos de Souza PRODUÇÃO Coordenação Geral: Renata Costa Editor-chefe: Wellington Penalva Projeto gráfico: Renata Maneschy Diagramação: André Eduardo Ribeiro Redação: Lívia Davanzo, Pâmella Cardoso, Gabriela Andrade, Giovanna Carvalho, Carolina Menkes, Paulo Melo e Max Monjardim Revisão: Valéria Lima Tiragem: 2 mil exemplares A RBA é uma publicação bimestral do Conselho Federal de Administração sob a responsabilidade da Câmara de Desenvolvimento Institucional. As matérias não refletem necessariamente a opinião do CFA. OUVIDORIA DO CFA ouvidoria.cfa.org.br Telefone: 0800-647-4769
entrevista
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ADMI
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MINISTRADOR NO GOVERNO DE MINAS GERAIS Eleito governador de Minas Gerais, no segundo turno das últimas eleições com 71,8% dos votos, o administrador e candidato estreante Romeu Zema será o 39º chefe do Executivo mineiro. Sua gestão promete ser marcada pela primazia do profissionalismo no serviço público.
entrevista
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omeu nasceu na cidade mineira de Araxá e é bisneto do empresário Domingos Zema, fundador do Grupo Zema, organização criada em 1923. Até 2016, o governador eleito ocupou a presidência da empresa da família. Agora, atuando no mais alto cargo político estadual, o administrador quer aplicar seu conhecimento no setor público. Em entrevista à RBA, Romeu Zema contou um pouco da sua experiência na área da Administração privada e de que forma pretende usá-la ao favor do governo que chefiará a partir de janeiro de 2019. RBA – Sendo experiente na gestão privada, o senhor acredita que seu know how seja um diferencial para cumprir as atribuições de chefe do Executivo de Minas Gerais? Ou seja, o que aplicará do seu conhecimento na gestão pública?
Romeu Zema - Com certeza vou levar para minha gestão toda a experiência de 30 anos que trago da iniciativa privada. Primeiramente, não vamos gastar mais do que arrecadamos. Numa empresa, se você gasta mais do que ganha, vai à falência. Depois, vamos medir o desempenho dos funcionários, valorizando a competência. Outro ponto é que não adotaremos critérios políticos para preenchimento dos cargos; serão critérios técnicos. Tanto é que, nesse período de transição, temos a colaboração de duas consultorias especializadas que estão identificando nomes e avaliando os perfis mais adequados para cada cargo. Não só do primeiro escalão, mas também do segundo e terceiro.
Pelo prisma da Ciência da Administração, o que falta à gestão pública no país para que problemas ordinários sejam solucionados sem a interferência de paixões ideológicas ou outras?
Acredito que falta justamente uma visão privada ao desempenho da gestão pública. E é isso que vamos fazer. Claro que, no Executivo, precisaremos da parceria e colaboração do Legislativo e do funcionalismo. Mas o perfil dos parlamentares está mudando, deixando para trás aquelas velhas práticas, das quais a população está cansada e quis dar um basta [por meio do voto] nas urnas. Prova disso é o crescimento do Partido NOVO, por exemplo, que traz um jeito diferente de lidar com a política e a coisa pública.
Mecanismos como governança corporativa e compliance se mostram muito eficientes no setor privado. Considera que isso também aconteça na área pública?
Esses mecanismos são alguns dos recursos da experiência privada que, com certeza, só irão melhorar e facilitar minha gestão no Estado. A essência da governança corporativa está na transparência. Tenho sempre dito que um dos pilares da minha administração será justamente esse. Quero ser totalmente transparente com a população mineira e com os deputados. Por exemplo, ao tomar alguma medida, direi: ‘É preciso fazer 80. Eu fiz 10, que é minha parte, mas os outros 70 dependem disso ou daquilo’ E vamos nos reger por outras bases da governança corporativa: equidade, prestação de
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minação e dedicação. No nosso grupo, sempre buscamos a excelência, com humildade e honestidade. Atuamos em constante proximidade com os funcionários, buscando valorizá-los e estimulá-los ao crescimento. E [estamos] sempre atentos em corresponder ao que os consumidores precisam, com respeito e transparência. Tanto é que nosso atual presidente começou na empresa como frentista. Diante da dinâmica da Quarta Revolução Industrial (ou Revolução 4.0), qual conselho o senhor daria para os jovens profissionais de Administração que estão saindo das universidades?
Praça da Liberdade em Belo Horizonte
contas e sustentabilidade. No âmbito público, o conceito de compliance é de grande valia, pois nos faz agir de acordo com leis e regulamentos, como é o caso da lei anticorrupção. De que maneira da Ciência da Administração e os administradores podem contribuir com a política e os governos brasileiros? O que a área tem a oferecer à sociedade?
Creio que é a visão de quem lida com os desafios da gestão num mercado competitivo e em constante evolução. Os administradores são formados e preparados para fazer com que as empresas funcionem bem, com sucesso e constante evolução, dentro da área em que atuam. E isso, claro, também pode ser aplicado à administração pública. Sou administrador formado pela
Fundação Getulio Vargas. Somos [administradores] fundamentais para a retomada da atividade econômica brasileira. Também temos uma função social primordial. Na geração do emprego, difusão de tecnologia, acesso à educação. A nossa presença é vista em todas as áreas produtivas. Como governador e administrador, nossa gestão será pautada no dinamismo para facilitar a vida de quem empreende em nosso estado. O senhor é presidente do Conselho de Administração do Grupo Zema, uma empresa familiar com quase um século de existência. Em organizações familiares, o que é preponderante para o sucesso e a longevidade dos negócios?
Em qualquer negócio, familiar ou não, a receita se baseia em trabalho, deter-
Leiam, se aprimorem. Busquem alternativas de formação para as novas profissões que vão advir, que ainda não existem, mas que necessitarão sempre de bons gestores para gerir o negócio. Cargos privativos do profissional de Administração muitas vezes são ocupados por outros profissionais, principalmente na máquina pública. Como o senhor pretende tratar essa questão em seu governo?
Como disse anteriormente, no meu governo não haverá preenchimento de cargos por apadrinhamentos ou troca de favores, até porque não precisei fazer qualquer conchavo para me eleger. Na minha gestão não haverá desvio de funções, afilhados políticos ocupando o lugar de profissionais adequados para determinado cargo. Vamos priorizar e valorizar o profissional capacitado para cumprir determinada tarefa, sempre com critérios técnicos.
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A ciência que nasceu para sustentar a evolução da sociedade permanece fundamental para a construção de novos tempos e realidades POR GIOVANNA CARVALHO
O FUTURO PRÓSPERO DA
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dministração e seu ensino continuam evoluindo no Brasil e no mundo. Ao contrário do que disse o Mapa do Ensino Superior 2018, em reportagem veiculada pela Globo News em setembro passado, a área tem crescido ao longo de sua história e continua em ascensão; mais do que isso, se adapta à realidade emergente do século XXI e está preparada para viver a experiência da chamada 4ª Revolução Industrial. Longe do fim, os cursos no campo da gestão fazem parte do salto ao futuro. Enquanto algumas profissões chamam pouca ou nenhuma atenção no mercado de trabalho, outras ganham força e status, como a Administração. O documento do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), intitulado Mapa do Ensino Superior 2018, apontou, segundo a reportagem do jornal Em Ponto de Hoje, da Globo News, que diversos cursos serão totalmente remodelados ou extintos até 2030 (inclusive os mais procurados atualmente, como a Administração). De acordo com o Mapa, o motivo para a extinção é justamente o que tem mais beneficiado os profissionais da Administração: o avanço tecnológico. Para começo de conversa, a tecnologia, a inteligência artificial e suas automações são as verdadeiras aliadas dos administradores na otimização do tempo. Elas garantem espaço para o profissional se capacitar cada vez mais, identificar estratégias aos seus negócios e investir no lado humano do trabalho. Foi o que informou o presidente do Conselho Federal de Administração (CFA), Wagner Siqueira, em pronun-
ciamento oficial em nome do Sistema CFA/CRAs sobre a reportagem. Segundo Siqueira, a 4ª Revolução Industrial tem impulsionado os cursos e profissionais de Administração a cumprirem papéis ainda mais relevantes para o desenvolvimento sustentável das organizações. Ainda segundo o presidente do CFA, um tema tão importante como este não poderia ter sido levantado pela matéria da Globo News sem ouvir o lado dos principais agentes da história: os administradores. É o que disse também Leonardo Fuerth, superintendente do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ). "O documento Mapa do Ensino Su-
perior 2018 é muito mais abrangente e profundo do que foi reportado pela Globo News. Quando analisamos a pesquisa, verificamos que o curso de Administração continua sendo um dos mais procurados no Brasil, quiçá no mundo. Então, com que base o depoimento dado à Globo News diz que o curso de Administração vai acabar até 2030? Isso não encontra sustentação nem na própria pesquisa em questão”, avaliou Fuerth. O superintendente do Regional fluminense também criticou o trecho da reportagem que menciona a transformação que os cursos de graduação devem passar. “Se observarmos a linha histórica de quaisquer cursos, eles se transformam na medida em que a so-
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A 4ª Revolução Industrial tem impulsionado os cursos e profissionais de Administração a cumprirem papéis ainda mais relevantes para o desenvolvimento sustentável das organizações. Wagner Siqueira, presidente do CFA
ciedade apresenta novas demandas. As faculdades, as universidades, os centros de pesquisa e as associações de profissionais do Ensino Superior já estão atentos e cuidando dessas transformações. Existem pesquisas feitas regularmente para cuidar disso”, completou. Há mais de 20 anos, a própria autarquia responsável por zelar pela Administração no Brasil tem promovido ações a fim de atualizar o seu público. A partir de variáveis que compõem o ambiente socioeconômico do país, o CFA desenvolve estudos de cenários, visando orientar e preparar os profissionais da área para as oportunidades seletivas que os mercados de ensino e trabalho oferecem.
A melhor forma de se preparar para os novos mercados é prestar atenção às transformações que estão acontecendo e reconhecer nelas as bases desse futuro: meio acadêmico, ambiente de trabalho, tendências de consumo, entre outros. O Brasil se encaminha para uma mudança no seu quadro de Gestão Pública. Portanto, é mais do que oportuno destacar a formação do profissional administrador, capaz de atuar nas diversas formas organizacionais existentes. Nesse contexto, vale lembrar uma das citações de Ralph Waldo Emerson, escritor, filósofo e poeta norte-americano do século XIX: “Este tempo, como todos os tempos, será esplêndido, se soubermos o que fazer dele”.
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O começo Assim como citou Fuerth, o ensino da Administração está relacionado ao processo de desenvolvimento do país. Seu início, segundo consta nos estudos acadêmicos, remonta a década de 1940, quando a sociedade brasileira passava de um estágio agrário para a industrialização.
A partir desse período, o contexto para a formação do administrador no Brasil começou a ser delineado, com a necessidade de mão de obra para dar suporte às questões econômicas e administrativas. Com o crescimento acentuado das grandes empresas, na década de 1960, principalmente estrangeiras e estatais, surgiu a necessidade de profissionais com treinamento específico para executar diferentes funções internas nas organizações. Diante desse cenário, as grandes empresas começaram a adotar a profissionalização de seus quadros, tendo em vista o tamanho e complexidade
das estruturas e, assim, a utilização dos administradores que passaram pelo sistema escolar. Com essas mudanças econômicas, a tendência à profissionalização do administrador foi acentuada. Em 9 de setembro de 1965, esse movimento culmina na regulamentação da atividade pela Lei nº 4.769. Então, o administrador torna-se um profissional habilitado legalmente pelo diploma, no curso superior de técnico de Administração – nomenclatura usada à época. Além do reconhecimento oficial da categoria profissional e também da Ciência da Administração, foi determinada, em paralelo, a criação de um Conselho profissional, com instâncias regionais e federal, para registrar e fiscalizar o exercício da profissão.
A evolução A evolução da Administração como disciplina acadêmica e o crescimento da importância dos negócios na sociedade motivaram milhares de jovens a estudar tal contexto com mais afinco. Para o administrador Mauro Kreuz, diretor de Formação Profissional do CFA, é evidente a evolução do ensino superior da Administração no Brasil, seja sob a ótica quantitativa, seja a qualitativa, cujos dados estatísticos do Censo da Educação Superior do Ministério da Educação comprovam. Segundo Kreuz, o curso e o profissional de Administração continuarão sendo fortemente demandados pelo mercado de trabalho. Por isso, revisões e atualizações frequentes são essenciais para lidar permanentemente com o novo, no contexto das organizações. O acadêmico e administrador Nelson Mello e Souza, com 92 anos de idade e em
plena atividade, também acredita no que defende o diretor do CFA. Membro da Academia Brasileira de Ciência da Administração, Mello e Souza, além de diretor de planejamento da Organização dos Estados Americanos (OEA), foi um dos fundadores da Escola Brasileira de Administração Pública e de empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Fundação Roberto Marinho. Em entrevista à RBA, no último mês de maio, Nelson comentou a importância da atualização constante e sugeriu algumas obras, autores e assuntos relevantes que, segundo ele, nenhum estudioso deve deixar de ler por contribuírem para a base da formação. “Estratégia e estrutura” e “A mão invisível”, de Alfred Chan-
dler Júnior, são dois livros considerados fundamentais para ele. E Max Weber é o autor mais significativo, na sua opinião. “Weber é central, básico. Desenvolve uma série de conceitos-chave que têm importância decisiva na formação do ensino da Administração”, afirmou Mello e Souza. Além disso, citou Inteligência Artificial como um assunto que o profissional deve estar atento. "Sinto que a máquina vem ganhando presença cada vez maior e tem influído muito no t r a b a l h o”, comentou à época.
O documento Mapa do Ensino Superior 2018 é muito mais abrangente e profundo do que foi reportado pela Globo News. Leonardo Fuerth, superintendente do CRA-RJ
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O futuro Apesar de todo o contexto tecnológico e da necessidade de manter-se atento para assuntos como a Inteligência Artificial, a tecnologia não deve ser encarada com pessimismo pelos profissionais, rondando os seus imaginários sobre o futuro. Ela não irá substituí-los, mas sim, empoderá-los. É o que mostra o estudo "Futuro do Trabalho", realizado recentemente pela rede social profissional LinkedIn em parceria com a WGSN, empresa de análises e previsão de tendências. A pesquisa mostra que as competências humanas e tecnológicas podem andar juntas e serem complementares no mercado profissional, pois elas aprimoram processos e rotinas de trabalho. Ainda de acordo com o estudo, o excesso de tecnologia, como alguns consideram, tem revelado a importância das competências humanas e interpessoais para a gestão, como a inteligência emocional, que só o humano possui. Além disso, as empresas precisam das pessoas para persuadir e negociar, entender as necessidades e construir culturas; todas são tarefas rotineiras dos administradores. Mais do que nunca, hoje é impossível sustentar que tanto os cursos quanto a atividade profissional da Administração tem seus dias contados. A verdade é que a classe e seus atores tem muito com o que se ocupar hoje, amanhã e no futuro a perder de vista.
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Sinto que a máquina vem ganhando presença cada vez maior e tem influído muito no trabalho. Nelson Mello e Souza, administrador
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Conheça o que especialistas em gestão esperam do novo Presidente da República nos próximos anos e de que maneira acreditam que o Estado deve se comportar POR GIOVANNA CARVALHO
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BRASIL PÓS ELEIÇÕES
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oje, a menos de um mês da posse de Jair Bolsonaro (PSL) como o 38º Presidente da República do Brasil, o Conselho Federal de Administração (CFA) continua imbuído em despertar e estimular os seus profissionais a refletir sobre como contribuir para uma sólida gestão pública à serviço da cidadania. Por isso, a RBA traz neste caderno a análise de especialistas a respeito do governo eleito, da reformulação do Congresso Nacional e dos mecanismos de fiscalização popular. Em junho, durante o Fórum CFA de Gestão Pública (Fogesp 2018), o presidente da autarquia, Wagner Siqueira, declarou: “Democracia e Gestão Pública são motes que precisam perpassar por todos os debates e discussões no país”. Com o objetivo de avançar nas discussões, o CFA produziu eventos, debates, análises das propostas dos candidatos à presidência da República e produções jornalísticas em seus meios de comunicação e de parceiros, ao longo deste ano eleitoral. De acordo com a PhD em Educação e especialista em Assistência Social, Wanda Engel, também palestrante do Fogesp 2018, “nós gestores precisamos ter uma visão sistêmica. E saber para onde vai [a gestão pública] e o caminho a seguir são estratégias fundamentais que facilitam a escolha de ações futuras”.
Wanda Engel
Para o Brasil voltar a crescer Os desafios estruturais e conjunturais demandarão do novo presidente do país o planejamento e a implementação de estratégias no campo da gestão pública, a fim de enfrentar problemas e gargalos cada vez mais urgentes. Tal atuação tem o potencial de fazer o Brasil voltar a crescer. O primeiro passo para alcançar esses objetivos, segundo Engel, é superar a radicalização de divergências políticas que se mostrou exacerbada nas últimas eleições. "Estamos vivendo uma polarização social que prejudica a possibilidade de articula-
ção de trabalhos. Temos problemas sérios, complexos e espacialmente expandidos. Para mim, não há outra saída a não ser integrar os esforços em torno dos mesmos objetivos para o aumento de resultados de impacto”, argumentou. Segundo o economista Claudio Porto, diretor fundador da Macroplan, empresa especializada em Estratégia e Gestão, a população demanda integridade, ofertas de trabalhos e melhores políticas e serviços públicos. Já o Estado, com uma trajetória fiscal e financeira insustentável, exige um projeto de reforma para recuperar a sua capacidade de servir à população. Por esse prisma, uma agenda reformista precisa surgir como o primeiro passo do novo governo.
"Ou reformamos e compactamos profunda e rapidamente o Estado brasileiro, ou estaremos condenados a um cenário de estagnação e decadência econômica e social. Nesse cenário, a população continuará sendo a maior prejudicada. De todas as reformas, há um consenso de que a previdenciária é a mais importante e urgente, e que a causa principal do desequilíbrio está na previdência pública”, argumentou Claudio Porto. O diagnóstico não é novidade. Em artigo publicado no livro Retomada do Crescimento, ano passado, Porto propõe uma agenda de reformas com seis grandes focos:
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Reforma do financiamento do setor público, com destaque para a simplificação tributária e imposição de limites para expansão do gasto público;
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Reinvenção da organização e da gestão das políticas e dos serviços públicos, com ênfase na qualidade, produtividade e avaliação sistemática;
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Novo Recursos Humanos para os servidores públicos, ressaltando a meritocracia e o espírito público;
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Papéis e instituições estatais (compactação, mais regulação e menos execução, incluindo amplo processo de privatização);
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Revisão do pacto federativo, com ênfase na descentralização de responsabilidades, recursos e auto-sustentação de cada ente federativo;
Ou reformamos e compactamos profunda e rapidamente o Estado brasileiro, ou estaremos condenados a um cenário de estagnação e decadência econômica e social Claudio Porto, diretor fundador da Macroplan
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Um salto radical do Estado do modo analógico para o digital.
Quanto às suas expectativas, Porto comentou o que aguarda do presidente eleito. "Espero um protagonismo pelo exemplo – medidas concretas, baseadas em bons diagnósticos e atitudes e comportamento exemplares –, não só no plano simbólico, mas sobretudo na liderança de uma ampla agenda de modernização e melhoria do Estado. Muita firmeza e serenidade para unir os brasileiros, olhando em primeiro lugar para os interesses da população e dos contribuintes. Afinal, ele foi eleito para isso”, finaliza.
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Espero capacidade de construção de consensos políticos que deem amparo às reformas profundas e tão necessárias ao país, utilizandose dos melhores instrumentos de gestão. Renata Vilhena, professora da Fundação Dom Cabral
Renata Vilhena, ex-secretária estadual mineira de Planejamento e Gestão e professora da Fundação Dom Cabral, também comentou o que deseja do governo Bolsonaro: “Espero capacidade de construção de consensos políticos que deem amparo às reformas profundas e tão necessárias ao país, utilizando-se dos melhores instrumentos de gestão. É necessário ainda a conscientização da importância da gestão para a implementação das políticas públicas que irão gerar valor para a sociedade brasileira”.
Vilhena também foi uma das palestrantes do Fogesp 2018 e, na oportunidade, teceu comentários sobre o futuro da gestão. "Apesar de viver em um contexto ainda permeado por valores patrimonialistas e referências burocráticas fortes, o país já deu passos importantes na direção de um modelo gerencial e de governança. Contudo, a importância da inovação será sempre fundamental nesse processo para trazer modelos mais consistentes e mais confiança, com mais liderança”, destacou.
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Histórico 1955
Nasceu em Glicério, São Paulo
1977
Formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras
1988
Ingressou na reserva, no posto de capitão Concorreu à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, sendo eleito vereador
1990
Conquistou o primeiro dos sete mandatos consecutivos no cargo de deputado federal
No dia 28 de outubro de 2018, Bolsonaro foi eleito o 38º presidente da República Federativa do Brasil, com quase 58 milhões de votos no segundo turno.
Atuação
Futuro
Em seus mandatos parlamentares, segundo consta em sua página oficial da internet, destacou-se pela defesa dos direitos dos militares ativos, inativos e pensionistas, lutou por maior rigor disciplinar nas instituições de ensino, pela redução da maioridade penal, pela posse de arma de fogo para o cidadão de bem e direito à legítima defesa, pela segurança jurídica na atuação policial, pelos valores cristãos e pela família tradicional.
Para o futuro da Gestão do País, na sua proposta de governo, o novo Presidente da República prometeu o enxugamento da máquina pública com a redução de ministérios; os ministros passarão a ser executivos em suas respectivas áreas, com a missão de coordenar esforços de governadores, prefeitos e seus secretários para o atingimento de metas. Cada gestor, diante de suas metas, terá que justificar as demandas por recursos públicos e as prioridades e metas passarão a ser a base do Orçamento Geral da União.
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CFA NO CONGRESSO
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Com a renovação substanciosa e parlamentares, o trabalho do Conselho para garantir os direitos do administrador está ainda mais intenso. A prioridade é o PLS 439/15, que trata sobre o exercício de atividades nos campos da Administração POR CAROLINA MENKES
nquanto o Brasil aguarda a atuação dos novos governantes que assumem a partir de janeiro de 2019, o Conselho Federal de Administração (CFA) segue com o trabalho de acompanhamento e monitoramento de projetos de leis que tramitam em esfera federal e que podem, direta ou indiretamente, refletir na atuação dos profissionais de Administração. O país acaba de passar por um importante e histórico processo eleitoral. Nunca se viu tanta polarização na política nacional, com ânimos exaltados e renovações substanciais tanto no âmbito estadual quanto federal. Na Câmara dos Deputados, houve renovação em 47% das cadeiras. No Senado, a mudança foi ainda mais significativa: das 54 vagas disputadas, 46 foram ocupadas por novos nomes, o que representou uma renovação de mais de 85%. Fora isso, a principal mudança se deu com a eleição de Jair Bolsonaro como presidente da República e a consequente mudança do grupo político que irá gerir a nação, destituindo o grupo que se mantinha no poder há três legislaturas. Rogério Ramos, coordenador da Comissão de Assuntos Parlamentares do CFA, explica que a articulação política é necessária. “Temos que acompanhar as mudanças políticas do país. Elas mexem em tudo que está sendo discutido e articulado no Congresso Nacional. De lá, saem leis que vão impactar diretamente o nosso dia a dia”, afirma. A ação da autarquia junto aos parlamentares possui duas variáveis: a primeira é viabilizar a aprovação de projetos que tragam benefícios para os administradores e o exercício profissional; a segunda, logicamente oposta, visa a derrubada de pautas danosas à área.
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Para nós, é estratégico que pautas importantes sejam discutidas e votadas ainda este ano. Com o início do próximo governo, é natural haver mudanças no direcionamento das matérias. Jenner de Morais, consultor parlamentar do CFA
Prioridade O assunto de maior relevância para o CFA é a discussão do PLS 439/15, que reestrutura o trabalho do profissional de Administração. “O Projeto é resultado de estudos do Sistema CFA/CRAs e de outras entidades, e está embasado na Lei 4.769/1965, que regulamenta a profissão de administrador”, afirma Wagner Siqueira, presidente da autarquia. Trata-se da maior mudança estrutural nas atividades exercidas desde a criação da profissão. A proposta dá pelo menos cinco atribuições formais e cartoriais ao administrador, o que significa que essas funções precisarão
ter um profissional registrado como responsável técnico. De acordo com a nova proposta, passam a ser atuações exclusivas do administrador: auditoria administrativa, plano de negócios, planejamento estratégico, plano de cargos e salários, e folha de pagamentos. “Da mesma forma que uma obra necessita ser assinada por um engenheiro responsável e um exame precisa ser feito por um médico, acreditamos que essas atividades precisam ter um administrador como responsável”, afirma Ramos. Jenner de Morais, consultor parlamentar do CFA, afirma que, além do PLS 439/15, o CFA segue articulando outras matérias relevantes. “Está havendo uma movimentação muito
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O PLS 439/15
intensa, com a tentativa de voltar à discussão de assuntos de interesse do atual mandato, antes do seu término. Para nós, é estratégico que pautas importantes sejam discutidas e votadas ainda este ano. Com o início do próximo governo, é natural haver mudanças no direcionamento das matérias”, explica.
Otimismo Morais também se mostra otimista com as renovações no Congresso brasileiro. “As pessoas precisam se tranquilizar. Não há perspectiva de que nenhuma tragédia ocorra desestruturando as bases da Câmara ou do
Senado. O parlamentar que chegar a qualquer uma destas duas casas como visionário e não realista, não conseguirá fazer absolutamente nada”, afirma. Ramos afirma que uma das primeiras ações do CFA em 2019 será estreitar relações com a nova Frente Parlamentar de Administração que vai se formar no Congresso Nacional. Trata-se de um grupo permanente de congressistas que discute e luta pelas causas da profissão na Câmara e Senado. “Fazemos reuniões constantes com esses parlamentares, motivando e apresentando nossas causas. Com a renovação, voltaremos a estreitar laços para dar continuidade a esse trabalho”, explica.
O Projeto de Lei do Senado n° 439, de 2015, é de autoria do Senador Donizeti Nogueira (PT/TO) e dispõe sobre o exercício de atividades nos campos da Administração. Seu atual relator é o Senador Paulo Paim (PT/RS). Ementa: Estabelece que cargos e funções com atribuições voltadas para os campos da Administração em organizações privadas, não governamentais e públicas, somente poderão ser providos por Tecnólogos e Administradores profissionais regulares na forma da lei, que ficam obrigados a comprovar, anualmente, perante organização empregadora, a regularidade com o Conselho Regional de Administração – CRA. Estabelece multas aplicáveis pelos CRAs.
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DEMOCRACIA Após o comparecimento às urnas, aplicativos e sites ajudam na fiscalização dos candidatos eleitos POR CAROLINA MENKES E LÍVIA DAVANZO
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criação de aplicativos e outras iniciativas digitais desde as eleições de 2014 mudou a forma de interação com a política, facilitando não só o acompanhamento das votações, mas também o monitoramento e fiscalização dos eleitos. A democracia 2.0 é um dos pilares desse novo movimento, pensando em como a tecnologia pode aperfeiçoar o exercício democrático e dar mais poder ao cidadão. A população brasileira mostrou nestas eleições um envolvimento e interesse político crescentes, indo além do período eleitoral. Segundo a pesquisa do instituto Datafolha divulgada em 20 de setembro, o crescimento foi considerável: em 2017, apenas 35% dos entrevistados disseram ter grande interesse nas eleições; neste ano, o índice cresceu para 43%. Já os que se mostraram desinteressados no ano passado chegaram a 33%, enquanto em 2018 foram apenas 25%. Com isso, cresceu também a participação dos eleitores na vida política do país, cobrando mais dos candidatos eleitos. Afinal, a política vai além do momento da votação, e esse engajamento pode gerar resultados mais efetivos e formas de se basear a escolha de candidatos nas próximas eleições. Um exemplo dessa realidade é o aplicativo Poder do Voto, criado pelo empresário Mario Mello e disponível desde agosto deste ano. A ferramenta já conta com 8 mil usuários ativos e permite escolher parlamentares para acompanhar sua atuação no Congresso Nacional, possibilitando ao eleitor observar leis em votação, mandar sua opinião a respeito da aprovação e verificar se o representante está votando de acordo com a posição de seus eleitores. Mello acredita que a ferramenta
pode servir como instrumento de pressão aos eleitos. “O aplicativo foi criado pensando em um Brasil mais participativo, com mais cidadania e cobranças por parte da sociedade. O voto não terminou em outubro; o cidadão tem a responsabilidade de acompanhar o seu político e continuar expressando sua opinião”, destaca. Segundo o empresário, o instrumento busca resolver três questões: o que chama de “amnésia política”, ou seja, o esquecimento das propostas; a pressão sobre os eleitos em relação a leis que impactam a vida de todos; e o ponto que considera mais importante, a sintonia entre o eleitor e o deputado/senador em quem votou: se o parlamentar não representa seus ideais políticos, o aplicativo mostra
outros candidatos que pensem de forma mais parecida da sua. “O aplicativo monitora as leis e gera alertas. A ideia é gerar de dois a três alertas por semana, para a pessoa conseguir ler a pauta e se posicionar antes do deputado votar”, explica Mello. São emitidos relatórios diários aos deputados e senadores indicando o número de usuários contra e a favor das leis que são votadas. O parlamentar recebe as informações diretamente no seu e-mail. O aplicativo não tem fins lucrativos e é financiado por pessoas físicas: conta com contribuição de entidades de classe e movimentos para dar parecer sobre as leis. “Um pilar muito importante para nós é a neutralidade, pois não definimos as leis, chamamos
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O aplicativo foi criado pensando em um Brasil mais participativo, com mais cidadania e cobranças por parte da sociedade. O voto não terminou em outubro. Mario Mello, empresário criador do Poder do Voto
várias entidades para as definirem”, explica Mello. Outro aplicativo, o VotenaWeb, desenvolvido por uma equipe de estudantes do Webcitzen, foi lançado em 2009 também com a proposta de ser apartidário e apresentar os projetos de lei em tramitação no Congresso. Seu objetivo é aumentar o engajamento da sociedade e oferecer uma maneira fácil de acompanhar, votar e debater o trabalho dos políticos. É possível, ainda, checar todos os deputados que estão na Câmara e tudo o que foi feito por eles, incluindo os votos em cada sessão. Em outubro deste ano, o Facebook disponibilizou o Portal do Cidadão, uma área que permite um contato mais direto com os políticos eleitos.
O Brasil é o segundo país no mundo a receber o Portal, que já está liberado desde 2016 para os usuários da rede social nos Estados Unidos. “Proporcionar uma via de comunicação fácil pode ajudar as pessoas a terem voz no governo, além de ajudar a manter os representantes eleitos e agências governamentais mais acessíveis e transparentes”, disse o Facebook, em comunicado. A seção oferece opções para seguir a página e mandar e-mail para os políticos. Ela também permite definir uma cidade e acompanhar representantes municipais, estaduais e federais. O recurso já está disponível no menu do aplicativo do Facebook para Android e iOS.
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Campanha Anticorrupção Um movimento autodenominado “Unidos contra a Corrupção” foi criado em conjunto por organizações sem fins lucrativos e movimentos e instituições sem vínculos partidários, com o objetivo geral de promover a luta contra a corrupção e propor soluções. O movimento conta com 70 propostas legislativas, divididas em 12 blocos. Entre essas medidas, estão projetos de lei, propostas de emenda à Constituição e resoluções administrativas, todos voltados para o fim da corrupção. Antes das eleições, os eleitores puderam consultar, no site do “Unidos contra a Corrupção”, os compromissos assumidos (ou não) pelos candidatos e pressioná-los a se comprometerem com as medidas, além de compartilhar as informações com outras pessoas. As ações continuam após as eleições e permitem que os eleitores se cadastrem para receber as notícias com o monitoramento dos candidatos eleitos e seu comprometimento com as medidas no Congresso Nacional. O consultor sênior da Transparência Internacional Brasil e integrante do comitê gestor da campanha “Unidos contra a Corrupção”, Fabiano Angélico, acredita que é preciso combater esse mal de forma sistêmica. “É importante destacar que combatemos a corrupção como um meio, e não como fim. A ideia é enfrentá-la, porque destrói direitos e a própria democracia. A nossa luta é, então, por direitos, justiça social, paz e prosperidade”, afirma. Angélico ressalta que quase 500 mil pessoas já aderiram ao movimento e, desse grupo, cerca de 20 mil se cadastraram para ter participação mais ativa
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39 e receber as informações por e-mail. Ao se falar de monitoramento dos candidatos, a leitura do plano de governo dos eleitos também é fundamental para conhecer suas propostas e acompanhar o cumprimento do que foi prometido na campanha. Segundo a Lei nº 12.034, aprovada em 2009, o presidente da República, o governador e o prefeito devem entregar obrigatoriamente à Justiça Eleitoral uma plataforma ou plano de governo. Nesse documento, devem constar as ações que o candidato pretende executar ao longo dos seus quatro anos de mandato.
Governança e transparência De acordo com o Tribunal de Contas da União, a governança no setor público é um dos mecanismos para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão e garantir políticas públicas e serviços de interesse da sociedade. “De forma bem simples, a governança é a capacidade que uma organização tem de gerar resultados”, explica o professor do Instituto Brasileiro de Governança Pública (IBGP) e auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Jetro Coutinho. Quando o nível de governança é baixo, a população sente no seu cotidiano: filas nos hospitais, baixa qualidade da educação, entre outras falhas na prestação dos serviços públicos. A boa governança pressupõe transparência e accountability, ou seja, prestação de contas às partes interessadas. “Quando o cidadão vai ao órgão público, exige que as demandas sejam atendidas, busca informações nas instituições e cobra transparência, ele está ajudando
a melhorar a governança pública”, aponta Coutinho. Em abril deste ano, o TCU tornou público, pela primeira vez, dados de um estudo sobre governança na administração pública federal realizado em 488 organizações. Os resultados apontaram baixo nível de maturidade na governança em mais da metade delas. Isso demonstra que grande parte dessas instituições públicas não conseguem entregar resultados satisfatórios à sociedade e, por isso, é preponderante promover ações para reverter esse quadro. “É preciso chamar a responsabilidade dos administradores na gestão da governança. Quando eles conseguirem olhar com cuidado para o tema, serão gerados melhores resultados”, indica Jetro Coutinho. Segundo a professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), Carmen Migueles, palestrante do Fórum CFA de Gestão Pública, realizado em junho deste ano, quanto maior confiança existe no país, mais facilmente as pessoas se engajam em metas de médio e longo prazo. “Por outro lado, em um país de baixa confiança como o Brasil, não se consegue chegar a um nível alto de transparência”, constata. Um dos desafios para caminhar em direção à boa governança, segundo Migueles, é aumentar a capacidade de traduzir complexidade e especialização. “Temos complexidade na gestão pública e precisamos aumentar a capacidade de usar melhor e de forma mais inteligente o uso dos recursos”, finaliza. Em janeiro de 2019, se iniciam novos governos, além de uma atividade parlamentar renovada, já que a Câmara e o Senado ganharam quantidade expressiva de integrantes inéditos. Agora, mais do que nunca, a democracia 2.0 deve alavancar suas atividades a favor do cidadão e da eficiência do Estado brasileiro.
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Conhecimento é a nova moeda de troca da economia compartilhada, que promete aumentar a qualidade de vida e o consumo consciente POR GIOVANNA CARVALHO
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s fake news têm sido tema de debate em diversas localidades e nichos profissionais, pois afetam marcas, pessoas e instituições, além de fragilizarem e desestabilizarem os laços criados com o público. Preocupado em entender esses impactos na Administração Pública brasileira, o Conselho Federal de Administração (CFA) tem discutido o tema com frequência em seus meios de comunicação e fomentado debates com especialistas. "Nós sentimos na pele, nos últimos meses, o quão grave é essa realidade que avança no mundo corporativo, em vários vieses da Administração Pública no Brasil”, comentou o diretor da Câmara de Gestão Pública do CFA, Tom Zé Albuquerque, em evento sobre fake news na sede do Conselho, realizado em novembro, em parceria com a Embaixada da França. Segundo o presidente do CFA, Wagner Siqueira, os pesquisadores franceses têm um ponto de vista importante para o Brasil. “Por muito tempo focamos na experiência estadunidense. O Estado francês é muito mais parecido com o nosso do que os Estados Unidos. Por isso, trouxemos especialistas da França para debater sobre o assunto”, argumentou Siqueira. Com pesquisas que mensuram os efeitos das notícias falsas, os franceses Dominique Cardon, professor da Universidade de Paris Est, e Patrick Le Bihan, PhD em Ciências Políticas pela Universidade de Nova Iorque, argumentaram que as fake news assumem circulação maior quando a população começa a comentá-las. “Não quero dizer que as fake news não têm importância, não quero diminuir as
inquietações dos pesquisadores, mas fico me perguntando se não estamos dando poder excessivo às novas mídias”, disse Cardon durante o evento promovido pelo CFA. Cardon destacou ainda que a maioria das pessoas se expõe, na internet, a conteúdos que confirmam argumentos e ideias nos quais elas já acreditavam anteriormente. Ao citar um exemplo para esse contexto, Dominique lembrou o caso da eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. “Não sabemos se o eleitor de Trump já acreditava
nas fake news e por isso votou, ou se ele foi convencido por elas. É a mesma história do ovo e da galinha”, explicou. Falando sobre o efeito das notícias falsas em períodos de eleição, Patrick Le Bihan acrescentou que os eleitores estão cada vez mais vulneráveis a elas. De acordo com o pesquisador, durante as disputas políticas mais acaloradas – como a ocorrida aqui no Brasil no último pleito –, as pessoas se tornam menos racionais e mais emotivas. Somando isso ao desgaste causado pela corrupção, os sufragis-
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tas acabam por considerar que todos os candidatos são corruptos. Le Bihan afirma ainda que o nível de escolaridade dos cidadãos não influencia diretamente no compartilhamento das informações falsas. O jornalista britânico Matthew d’Ancona, repórter do The Guardian, reforça essa linha de pensamento em seu livro "Pós-verdade, a nova guerra contra os fatos em tempos de Fake News”. De acordo com ele, a novidade não é a desonestidade dos políticos, pois a mentira é parte integrante da política desde que os primeiros seres
humanos se organizavam em tribos. "A novidade é a resposta do público a isso. A indignação deu lugar à indiferença e, por fim, à conivência”, comentou o jornalista, em sua publicação lançada no primeiro semestre de 2018. De acordo com d’Ancona, foi baseado em argumentos como “Quem se importa com os fatos?” que Donald Trump fez a sua campanha em 2016 e se tornou o 45° presidente americano. O autor britânico explica que as pesquisas de opinião realizadas em 2016 mostraram que os norte-americanos estavam perfeitamente
conscientes de que Trump não era um candidato simpático e tinha suas falhas. No entanto, o presidenciável passou para eles uma empatia enraizada não em estatísticas, informações ou dados verificáveis, mas em apelos emotivos de fácil identificação. Para a população, o significado foi: "esse candidato é diferente e talvez atenda meus anseios”. "Hoje, o cidadão, massacrado por tantas informações – muitas vezes, contraditórias –, tem desistido de tentar discernir o que é verdade e aceita, entre tantas versões, aquela que lhe traz segurança emocional”, analisa o repórter do periódico inglês. E é nesse contexto – dos apelos à emoção e das crenças e ideologias terem mais influência na opinião pública do que os fatos objetivos – que nasceu o que os especialistas têm chamado de era da post-truth (pós-verdade, em português). A palavra está tão em voga que o dicionário britânico Oxford a elegeu como de maior destaque na língua inglesa em 2016. A pós-verdade não é, portanto, o culto à mentira, mas a indiferença com a veracidade dos fatos. Tanto faz se os acontecimentos podem ou não existir, se ocorrem ou não da forma divulgada, pois nada disso afeta preferências já consolidadas e o julgamento das pessoas. É como o personagem Chicó, escrito em 1955 por Ariano Suassuna em o Auto da Compadecida. O sertanejo contava histórias sem coerência, de forma absolutamente imaginosa e, quando lhe perguntavam como aquilo era possível, ele respondia, rotineiramente: “Não sei, só sei que foi assim”. Portanto, mais pós-verdade do que as respostas de Chicó, impossível, não é? O que diria o paraibano Ariano Suassuna se soubesse que a sua criação está mais atual do que nunca?
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44 Estratégias para derrotar as fake news
Nós sentimos na pele, nos últimos meses, o quão grave é essa realidade que avança no mundo corporativo, em vários vieses da Administração Pública no Brasil. Tom Zé, diretor da Câmara de Gestão Pública do CFA
Cardon e Le Bihan concordam que a criminalização das fake news não é vista com bons olhos pela academia. De acordo com os franceses, criminalizá-las é uma atitude perigosa que pode afetar a liberdade de expressão devido a linha tênue entre o que é verdadeiro e falso. Além disso, a medida seria contraproducente, graças à dramaticidade e velocidade de disseminação atreladas às notícias falsas. “Com o argumento de que está sendo impedido de falar, o sistema das fake news pode ser fortalecido com a propagação de mais fatos inverídicos”, explicaram os especialistas. Então, o que fazer? Para os franceses, o ideal é a regulamentação de plataformas como o Facebook. Já o jornalista britânico Matthew d’Ancona defende que todos devem se tornar editores: filtrar, checar e avaliar o que é lido. Isto significa analisar os textos que misturam informações verídicas com boatos, os vídeos antigos que são publicados em outro contexto, as fotos manipuladas, as legendas sensacionalistas e as informações que refutam a realidade. Christine Nyirjesy Bragale, vice-presidente da organização não governamental The News Literacy Project, enfatiza que é preciso ensinar os estudantes a distinguir fatos de ficção, por meio de uma alfabetização utilizando notícias. O objetivo é discernir entre material jornalístico verídico e falso. "Da
mesma forma que crianças são ensinadas a entender textos impressos, elas devem ser ensinadas a navegar na web com discernimento”, ressalta a pesquisadora americana. De acordo com Bragael, em períodos eleitorais, por exemplo, se as pessoas não souberem fazer essa distinção, a democracia fica fragilizada pela falta de pleitos baseados em informações concretas; uma situação alarmante. É o que mostra a pesquisa da Universidade de Stanford, realizada em 2016. O estudo definiu como “lamentável” e "alarmante" a capacidade que os jovens têm de processar informações disponíveis nas redes sociais. Os testes foram feitos com 7.800 alunos dos ensinos fundamental, médio e superior, por um período de 18 meses, em 12 estados americanos. Em todos os níveis de escolaridade, os pesquisadores foram surpreendidos pela falta de preparo dos estudantes. A educação digital aparece, portanto, como ferramenta essencial para a garantia da democracia. Esse é um tema não só para o futuro, mas para a atualidade também. Para se defender da mentira, nada melhor do que aprender a identificar o que de fato é verdadeiro. Afinal, expressões como “Não sei. Só sei que foi assim” só têm valia na boca de Chicó.
O PROFISSIONAL DE ADMINISTRAÇÃO COLABORANDO COM A GESTÃO DO SANEAMENTO MUNICIPAL SOB DIVERSOS ASPECTOS.
Acesse: GESAE.ORG.BR
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O DOUTRIN O anti-herói brasileiro que luta contra a corrupção nasceu em HQs e já chegou aos cinemas do país. A identificação da população com o tema certamente é um fator favorável ao sucesso alcançado POR PÂMELLA CARDOSO
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história em quadrinhos estreou nos cinemas de todo Brasil no dia 1º de novembro. Com direção de Gustavo Bonafé, O Doutrinador roubou a cena e já é sucesso nas telonas. Além do longa-metragem, o anti-herói brasileiro terá uma série de TV, que será exibida no canal Space em março de 2019. Ano de eleições municipais, operações contra o desvio de dinheiro público, prisões, crise na economia mundial, insatisfação e revolta dos brasileiros. Estamos falando de 2008. Nesse cenário, nasceu a ideia para a criação de O Doutrinador. O caminho até a publicação não foi fácil. Em busca de um lançamento, o designer gráfico Luciano Cunha teve muitas dificuldades para encontrar editoras que publicassem a história. Anos depois, resolveu encarar os fatos e fazer com as próprias mãos o HQ acontecer. A revolta com a classe política brasileira fez com que o designer colocasse a mão na massa. “Enviei para 14 editoras no Brasil e 11 delas responderam basicamente da mesma maneira: ‘achamos interessante o material, mas nossos advogados nos aconselharam a não publicar, pois podemos ser processados por políticos influentes’”, conta Cunha. Depois de tanto insistir, o projeto foi engavetado. Anos se passaram e, vivendo a realidade das manifestações que pararam o Brasil, em junho de 2013, o autor aproveitou as redes sociais e começou a se autopublicar pelo Facebook. Curtiu, assim, o sucesso da primeira história, confirmando também a edição impressa. O designer gráfico destaca a gratidão pelo sucesso. “Já vendi mais de 5 mil edições da HQ, o que é um excelente número para um quadrinho adulto autoral brasileiro”, afirma. Com o sucesso e, em parceria com o músico e ativista Marcelo Yuka, surgiu a segunda edição chamada de Dark Web, impressa em 2015. Juntos, uniram os talentos e lançaram mais uma aventura do anti-herói. Agora, os fãs de O Doutrinador aguardam a terceira edição, intitulada Zonas Autônomas. A HQ está prevista para ser publicada no primeiro semestre de 2019 e promete ser mais um sucesso da franquia. Mas não é só isso, Luciano afirma que já tem outras histórias: “O próximo roteiro chama-se Fator S e espero publicá-lo ainda no final de 2019”, conta.
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Com o sucesso, o personagem foi ganhando força e presença nas redes sociais. Segundo Luciano, tudo ocorreu naturalmente e, desde 2013, há interesse de diretores e produtores de cinema. “Mas foi só no final de 2015 que conheci o meu atual sócio, Gabriel Wainer, quando levamos o projeto para a Downtown Filmes que apoiou imediatamente a ideia”, diz Cunha. Agora, além da espera para a continuação da história, já é possível contar com o anti-herói brasileiro nas telonas.
A história e o filme O personagem principal é Miguel (Kiko Pissolato), um agente federal altamente treinado. Após descobrir esquemas de corrupção e desvio de verbas relacionadas à situação de calamidade do Sistema Único de Saúde (SUS), começa a investigar e consegue prender o governador Sandro Correa (Eduardo Moscovis). O político utiliza influências e consegue ser liberado. A sociedade se revolta com a falta de impunidade. Em meio a esses acontecimentos, a filha de Miguel é vítima de uma bala perdida e falece por falta de atendimento nas unidades de saúde. O personagem se revolta com a situação e decide partir em busca da verdade. Por meio dessa trajetória pessoal, nasce a sede de vingança. Em uma manifestação contra o governador, Miguel decide assumir o disfarce de “O Doutrinador”. Começa, então, a investigar e tentar fazer justiça com as próprias mãos. Após assumir o papel de “herói”, ele passa a levar vida dupla. Durante o dia, trabalha como policial investigativo e, à noite, busca desmascarar e acabar com esquemas políticos, exterminando magnatas que enriquecem às custas da sociedade. Em meio às manifestações, a jovem
Criador e criatura - Luciano Cunha e o Doutrinador
Nina (Tainá Medina) faz um vídeo de Miguel se transformando no doutrinador. Começa então uma relação de chantagem, de ambos os lados. Com o tempo, Nina decide ajudá-lo a entrar em ação. Mesmo sendo uma hacker genial, a garota não imaginava as consequências. Miguel passa a ter que proteger Nina e os dois começam a encarar a realidade desse sistema perigoso de corrupção. A história gira em torno de roubos, vingança e desigualdade no país. É uma ficção com um pé na realidade. Envolve a jornada de um anti-herói que busca justiça com as próprias mãos e extermina, sem piedade, políticos brasileiros. Para deixar os telespectadores com mais vontade ainda de assistir, o autor da HQ afirma que “a melhor parte é o final, sem dúvida. É um momento catártico. É uma cena para lavar a alma de todo brasileiro indignado com tanta corrupção”. No contexto sociopolítico brasileiro, o filme traz várias reflexões, comuns em época de eleições presidenciais, sobre o lado sombrio do país. A dúvida que paira no ar é: será que valeria a pena fazer justiça com as próprias mãos? Dessa forma, a história traz também uma visão crítica do comportamento da população em relação à corrupção. Segundo Daniel Reininger, crítico de cinema do site CineClick, um dos maiores pontos de reflexão do filme é o fato de a corrupção ser sistêmica no Brasil. “Está presente tanto no alto escalão, quanto no cidadão. Obviamente, o Doutrinador é um exagero, mas é também um grito de socorro de uma sociedade problemática”. Ele
destaca ainda que “se cada um fizesse sua parte, começando por não aceitar o famoso ‘jeitinho’, seria possível mudar esse cenário”. O tema, primordialmente, fez com que a história ganhasse notoriedade e se tornasse o sucesso que é. Outro ponto é a produção, que contou com muitos efeitos especiais de qualidade. Reininger afirma que visitou o set no início das gravações e viu a qualidade da produção. “Fiquei impressionado com o trabalho técnico, a fotografia e a trilha sonora. O tom do discurso, totalmente antissistema, também me agradou e o filme ainda consegue ser divertido”. Produzido pela Downtown Filmes, a adaptação tem 1 hora e 48 minutos de duração. Está classificada dentro dos gêneros policial, ação e nacional. O crítico diz ainda que quem gosta dessas categorias não se arrependerá de assistir. “Quem curte filmes de super-heróis pode esperar algo bem interessante, com tom adulto e uma temática bem brasileira”, afirma. Reininger destaca que a diversão é garantida, mas que também é “um lembrete do quanto o nosso país é refém de políticos e empresários inescrupulosos”. O filme já está em 6º lugar nas bilheterias brasileiras. Arrecadou cerca de R$ 1,7 milhões no primeiro fim de semana. É um sucesso, assim como a HQ. Fiquem atentos ao assistirem com crianças. O filme contém fortes cenas de violência e a classificação indicativa é de 16 anos.
O DOUTRINADOR É O PRIMEIRO FILME DE AÇÃO BASEADO EM UMA HQ NACIONAL O filme foi produzido pela Paris Filmes e a distribuição é da Downtown Filmes. Com direção de Gustavo Bonafé e roteiro de Gabriel Wainer, a adaptação conta com um elenco de atores renomados: n Kiko Pissolato (Miguel) n Tainá Medina (Nina) n Eduardo Moscovis
(Sandro Correa)
n Natália Lage (Isabela) n Tuca Andrada
(Delegado Siqueira)
n Marília Gabriela
(Ministra Marta Regina)
n Samuel Assis (Edu) n Carlos Betão
(Antero Gomes)
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Quando boa fé e boa vontade se unem ao desejo de viajar, é possível dar a volta ao mundo sem gastar muito e viver experiências inesperadas. Saiba como é possível curtir férias alternativas POR GABRIELA ANDRADE
TURISTANDO FORA DA CAIXA
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á pensou em viajar, não pagar pela hospedagem e viver uma experiência turística diferenciada? Diversos viajantes encontraram algumas formas de realizar essa façanha. Há aqueles que trocam a realização de afazeres – desde a limpeza do local até cuidar da alimentação de animais – pela hospedagem, e os que trabalham com diversos tipos de serviços voluntários e recebem estadia gratuita. Geralmente, esses contatos são feitos por meio de aplicativos específicos. Os adeptos ao diverso estilo de viagem garantem que as vantagens vão além da economia, que pode chegar a 40% do custo total. Graças a esse modelo de turismo, eles têm a oportunidade de conhecer um razoável número de pessoas, além deviver e compartilhar experiências diferentes das de um turista comum. A boa notícia para quem embarca na aventura é a possibilidade de conhecer e aproveitar bastante o local visitado. A técnica em Administração Karine Botelho, 26, é uma dessas pessoas. Desde 2014, ela usa o Couchsurfing, uma rede social que conecta pessoas do mundo inteiro e oferece hospitalidade. O nome vem do inglês, que significa “surfe de sofá” na tradução literal. “Eu já me hospedei com pessoas incríveis em Campinas, Fortaleza e Rio de Janeiro e, no exterior, Itália, Bélgica e Portugal. Eu utilizo [o aplicativo] também para oferecer hospedagem em minha casa”, conta. Atualmente, a mineira de Belo Horizonte mora na Inglaterra e trabalha como hostess em um restaurante em Liverpool. Outra pessoa que viaja por meios alternativos é a argentina Lia Almada. Ela começou a jornada em janeiro de
2017 e não parou até hoje. Os lugares que visitou foram recomendados por pessoas que ela conheceu na estrada e por aplicativos. “No sul do Brasil, viajei pelo BlaBlaCar, aplicativo de carona colaborativa”, explica. Assim como Karine, Lia utilizou o Couchsurfing em suas viagens. “É uma forma bacana de intercâmbio cultural que permite ao viajante ficar em casas locais e vivenciar uma experiência diferente da dos outros turistas”, afirma. Ela diz que confia bastante nesses aplicativos. No entanto, adverte que em lugares mais
turísticos é complicado conseguir hospedagem, mas não impossível. Em troca de hospedagem durante as viagens, Lia cuidava de animais, plantas e, às vezes, apenas vigiava a casa de quem a acolheu. “As pessoas me confiaram o imóvel, sem problema”, enfatiza. Outra dica dada pela hermana é procurar viajantes no Facebook. “Tem páginas nas quais se pode buscar hospedagem em troca de trabalho. O mais conhecido é o Workaway, serviço de homestays que oferece moradia na casa de uma família nativa e intercâmbio cultural”, indica.
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Outro que optou por férias alternativas foi o técnico em eletromecânica Fagundo Beltramo, que hoje vive em João Pessoa, Paraíba. Em troca de acomodação, trabalha em um hostel. O jovem de 28 anos é recepcionista voluntário e trabalhou várias vezes na mesma função, no Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. Ele ofereceu hospedagem pelo Couchsurfing, por meio do qual se conectou para compartilhar atividades e trocar ideias, sempre prezando pelo princípio de não gastar dinheiro. “Pretendo continuar utilizando esses meios alternati-
vos, porque eles realmente conectam pessoas de um jeito mais humano e bondoso”, acredita. Natural de São Paulo, Pamela Ferraz passou um mês na Macedônia, país do Sudeste da Europa. Lá, trabalhou com serviços de recepção, limpeza e organização em um hostel. A paulista foi mais uma a utilizar o Couchsurfing e concorda que a rede social é confiável, pois dispõe de referências de pessoas que já se hospedaram no local. Ela deixa a dica: “um bom indicador de hosts é o número de hospedagens que ele possui”.
Os meios alternativos de turismo realmente conectam as pessoas de um jeito mais humano e bondoso. Fagundo Beltramo, recepcionista voluntário
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Para Pamela, despesas com estadia são os itens mais caros numa viagem e cuidar do imóvel de alguém em troca de acolhimento é bastante econômico. Formada em Relações Públicas, ela trabalhava quatro horas diárias e contava com o restante do tempo livre. “Eu também tinha um dia de folga na semana e aproveitava para conhecer pontos turísticos e descansar”, lembra. Lana Fernandes sempre quis viajar de forma alternativa e, com isso, viu uma oportunidade de fazer um trabalho voluntário. Estudante do oitavo semestre de Serviço Social da Universidade de Brasília (UnB), ela teve a primeira experiência na Colômbia, por meio da Aiesec – ONG internacional para estudantes que possibilita trabalho em equipe, intercâmbio, entre outros. “Eu ensinei português, por dois meses, numa casa de proteção para meninas que sofriam abusos”, rememora. O Couchsurfing foi ferramenta importante para a estudante da UnB: além de ofertar hospedagem, a rede social possibilita combinar eventos com outros viajantes que estejam próximos. A respeito da receptividade nas residências em que esteve, Lana diz que uma anfitriã até passeou com ela. “Fizemos muitas coisas juntas. São pessoas que compartilham dos mesmos ideais de viajar com pouco dinheiro e se propõem a ajudar o outro como podem”, conta. A universitária economizou pelo menos 40% do que seria o custo total da viagem. Como nem tudo são flores, Lana diz que não é fácil optar por férias alternativas. “Apesar de ter experiências incríveis e positivas, eu me submeto a passar por qualquer coisa, porque viajar assim é, sobretudo, confiar no outro”, diz.
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55 Ele deu a volta ao mundo O engenheiro elétrico Guilherme Brunner planejou conhecer o mundo. Na Nova Zelândia, ele trabalhou em uma fazenda de criação de gado, ajudando a alimentar os animais diariamente. “Já na Croácia, ajudei um casal a reformar a casa deles e também fiz serviços como a limpeza do quintal. Essa experiência me gerou um emprego remunerado, graças aos contatos que fiz”, conta. Ele também trabalhou por acomodação em hostels, fazendo as vezes de cicerone e ajudando em tudo quanto possível dentro do próprio estabelecimento. O Couchsurfing foi fundamental na aventura de volta ao mundo em-
preendida por Guilherme. “Recebi muitas pessoas pela plataforma quando residi na Nova Zelândia. Depois, me hospedei em locais oferecidos em vários dos outros 34 países que conheci”, recorda. O viajante ainda indica o aplicativo HelpX, que conecta voluntários em busca por estadia. “São plataformas boas e confiáveis para se trocar o trabalho por acomodação”, afirma. Guilherme não vai parar por aí. Para ele, passar a vida fazendo o que não gosta é perda de tempo. “Para mim, se tornou quase um estilo de vida. Já acampei no mato, viajei de carona, dormi no sofá dos outros e até morei em um veleiro por dois meses. O próximo desafio é cruzar algum país a pé ou de bicicleta”, revela.
Conheça algumas plataformas de hospedagem e caronas Aplicativo de carona colaborativa. bit.ly/BlaBlaCaraplicativo
Rede social que oferece hospedagem alternativa gratuita. bit.ly/couchsurfingaplicativo
O aplicativo disponibiliza trabalhos voluntários em troca de hospedagem. bit.ly/worldpackersaplicativo
Guilherme Brunner
Plataforma de serviço de homestay. bit.ly/workawayserviço
dicas
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REDAÇÃO RBA
Na 127ª edição da RBA, o Adm. Idalberto Chiavenato sugere três livros para estimular a mente do profissional de Administração. O conteúdo indicado aborda principalmente o futuro próximo e desconhecido das inteligências artificiais e seus possíveis efeitos na humanidade. Chiavenato é um dos nomes mais notórios da Administração em atividade. É Mestre (MBA) e Doutor (Ph.D.) em Administração pela City University of Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos. Foi professor da EAESPFGV, como também de várias universidades no exterior. Sua extensa bibliografia abrange mais de 20 livros de grande destaque no mercado, além de uma infinidade de artigos em revistas especializadas da área de Administração.
OUR FINAL INVENTION: ARTIFICIAL INTELLIGENCE AND THE END OF THE HUMAN ERA (St. Martin Press, 2013)
Nessa polêmica obra, o autor americano Jamens Barrat discute os benefícios potenciais e possíveis riscos da Inteligência Artificial (IA) – dentre eles, o extermínio da raça humana. Barrat entrelaça explicações de conceitos e história de IA e entrevistas com importantes pesquisadores do assunto. O livro enfatiza a dificuldade de controlar ou até prever as ações de algo que pode se tornar mais inteligente do que as mais brilhantes mentes humanas. Apesar dos evidentes exageros sobre o crescente decréscimo do poder humano sobre as máquinas inteligentes, é preciso considerar as fortunas que as organizações estão investindo para ultrapassar o potencial humano.
COMO CRIAR UMA MENTE: OS SEGREDOS DO PENSAMENTO HUMANO (Penguin Press Group, 2012)
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57 CHANGING MY MIND: OCCASIONAL ESSAYS (Penguin Publ. Group, 2009)
Nesse livro, o autor Ray Kurzweil, diretor de engenharia do Google, eleva sua exploração sobre inteligências artificiais a um patamar inteiramente novo: executar a engenharia reversa do cérebro e compreender suas minúcias para, então, aplicar o conhecimento resultante na criação de grandes máquinas inteligentes. Utilizando pesquisas na área de neurociência, além de seus próprios estudos e invenções, o autor descreve sua nova teoria sobre o funcionamento do neocórtex (a parte mais recentemente desenvolvida do cérebro): um sistema hierárquico de reconhecimento de padrões. O assunto interessa a todos os administradores focados no futuro e que constroem cenários a todo instante.
Nesse livro, a autora britânica Zadie Smith apresenta uma coleção de ensaios refinados sobre a nossa visão da vida e do futuro com a mente aberta, em um estilo simpático e cheio de insights interessantes. Dividido em quatro seções ("Leitura", "Ser", "Ver" e "Sentir"), a obra convida o leitor a testemunhar o mundo singular de Smith. A autora lança seu olhar atento sobre material pessoal e cultural, com ensaios maravilhosamente envolventes – alguns publicados pela primeira vez – sobre diversos tópicos, incluindo literatura, filmes, premiação do Oscar, comédia britânica, família, feminismo, Barack Obama, Katharine Hepburn e Anna Magnani. As análises e sondagens de Smith instigam e alimentam o pensamento crítico, encorajando os leitores a atenderem às questões escorregadias de identidade, arte, amor e vocação, que tantas vezes são negligenciadas.
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GESTÃO PÚBLICA
Em entrevista à TV Senado, o líder do CFA fez uma análise do que deve ser enfrentado pelo próximo Governo Federal na administração do Estado
POR PAULO MELO
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presidente do Conselho Federal de Administração (CFA), Wagner Siqueira, participou do programa Agenda Econômica da TV Senado, no dia 30 de outubro. Durante a entrevista à jornalista Antônia Márcia Vale, o líder da autarquia federal comentou assuntos referentes à gestão pública brasileira, analisando demandas que o governo eleito deve enfrentar nos próximos quatro anos. Jair Messias Bolsonaro foi eleito, dentre outros motivos, por defender a diminuição da máquina estatal e o enxugamento dos gastos públicos, com o intuito de equilibrar a vida financeira do país e retomar o crescimento econômico. O assunto foi capitalizado na pergunta de Márcia Vale: “Qual seria o peso da administração pública nas despesas do governo e [qual] o tamanho ideal do sistema de gestão?”. “Mais importante do que o tamanho da máquina pública é a eficiência dos serviços prestados, e isso depende do governo”, iniciou Wagner. “O foco da resolução do problema tem sido historicamente equivocado no Brasil: se coloca em ter mais ou menos funcionários, como se isso fosse resolver o problema. O objetivo essencial da administração pública é o combate à perversão no orçamento. Se a gen-
te quer exercer o peso e contrapeso dos três poderes interdependentes e harmônicos, há de se resgatar a essencialidade do orçamento”, completou. O presidente do CFA também frisou a necessidade de compreender e estudar as deficiências na administração governamental. Para isso, fez alusão ao Índice CFA de Governança Municipal (IGM-CFA). “Se você oferece dados objetivos, também oferece racionalidade ao processo decisório. É preciso ter dados concretos para sair do palpite da sensação. Essa é a contribuição do CFA”, afirmou. O IGM-CFA é um estudo que utiliza dados de quase 2,5 mil municípios brasileiros para avaliar índices de: Gastos e Finanças Públicas; Qualidade da Gestão; e Desempenho. É um mapa que indica questões relativas à gestão pública, ao desenvolvimento econômico do país e aos impactos no dia a dia do brasileiro. “Os dados do Índice foram alocados de acordo com a cadeia de governança, com o intuito de mostrar como o município pode buscar uma boa prática e um resultado que deu certo [em outro município]. A partir de dados oficiais, procuramos identificar e traduzir indicadores da qualidade, a capacidade profissional do município”, concluiu Wagner Siqueira.
Se você oferece dados objetivos, também oferece racionalidade ao processo decisório. É preciso ter dados concretos para sair do palpite da sensação. Essa é a contribuição do CFA. Wagner Siqueira, presidente do CFA
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CRA-RJ NO MUNDO O trabalho desenvolvido pelo Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ) para a ONG Casa Ronald McDonald do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, rendeu frutos em premiação realizada na Finlândia, no dia 30 de outubro. A ação da International Project Management Association (IPMA) concedeu à entidade beneficente o primeiro lugar na categoria Projetos de Serviço Comunitário. A excelência nos serviços prestados pela ONG – assistência a crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer e suas famílias – foi o que lhe rendeu a honraria. No entanto, o resultado é fruto de um processo que trouxe eficiência e trans-
parência à gestão da instituição, promovido por uma grande equipe do CRA-RJ. Tudo começou em 2015, com a visita do coordenador da Comissão Especial de Finanças do Regional, Carlos Roberto Fernandes de Araújo, à Casa Ronald McDonald, para uma palestra na instituição. Observando a necessidade de aprimoramento da gestão, ele convidou empresários juniores e outros parceiros para aplicar processos de administração profissional à entidade, por meio do programa de colaboração fomentado pelo CRA fluminense. Inicialmente, o trabalho seria apenas uma consultoria pontual, mas o administrador percebeu a necessida-
de de estender a ajuda. “A questão era como iniciar os trabalhos em uma instituição do terceiro setor, carente de recursos, cuja maior parte da sua mão de obra é composta por voluntários. O maior problema se concentrava exatamente na área financeira”, explicou Carlos Roberto. As etapas de implantação das práticas de gestão aconteceram gradualmente. O primeiro passo concentrou-se em organizar a área financeira da instituição. Depois, membros do CRA foram convidados para fazerem parte da equipe, atuando nos setores de marketing, gestão das tarefas de funcionários e voluntários, além de outras atividades específicas como o coaching.
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Trabalho voluntário realizado por equipe do Regional fluminense rende premiação internacional à Casa Ronald McDonald do Rio de Janeiro POR GIOVANNA CARVALHO
“O projeto de transformação da cultura organizacional foi considerado prioridade máxima por ter sido responsável por amalgamar hábitos, comportamentos, crenças, valores éticos e morais, bem como políticas internas e externas da organização. Uma cultura saudável pode motivar colaboradores e ajudá-los a crescer”, ressaltou o coordenador da Comissão, ao descrever o esforço empreendido pela equipe durante o projeto. Tendo a premiação como resultado de um trabalho cuidadosamente elaborado e extenso, Carlos Roberto foi exato em sua conclusão: “É essencial inovar, melhorar e buscar soluções sustentáveis como forma de alcançar resultados extraordinários”.
CASA RONALD MCDONALD A Casa Ronald McDonald do Rio de Janeiro foi inaugurada em 1994, a primeira da América Latina e a 162ª do mundo. O projeto é coordenado pelo Instituto Ronald McDonald, que estabelece padrões internacionais de instalação e operação no auxílio a crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer. De forma gratuita, a Casa proporciona hospedagem, alimentação, transporte para os hospitais, suporte psicossocial e atividades recreativas aos pacientes e seus familiares. A instituição oferece ainda
cursos profissionalizantes, acompanhamento escolar e programas sociais que garantem atenção integral às famílias que enfrentam o câncer infanto-juvenil. Desde a sua inauguração, a Casa já atendeu e melhorou a qualidade de vida de mais de 3 mil crianças e adolescentes. Graças a esse trabalho, leitos em hospitais públicos são poupados, dando oportunidade de tratamento para pacientes que não contam com outra forma de assistência. A operação da Casa é garantida por meio de doações.
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Conselho Federal de Administração (CFA) firmou acordo de cooperação técnica com a prefeitura de Porto Seguro, município do litoral sul da Bahia, para melhoria dos serviços de saneamento local, em outubro passado. Por meio da plataforma digital Sistema CFA de Governança, Planejamento e Gestão Estratégica de Serviços Municipais de Água e Esgotos (CFA-Gesae), a autarquia disponibilizará capacitação aos gestores e funcionários do município, da companhia de saneamento e da agência de regulação. Lançada pelo CFA, a plataforma digital utiliza dados do Ministério das Cidades sobre o saneamento de municípios brasileiros. O mecanismo possibilita mais eficiência nas ações dos gestores da área, por meio da análise de informações que apontam os reais problemas relacionados à qualidade da água que chega às residências e ao que é feito com o esgoto produzido. Como parte deste trabalho, a autarquia prepara profissionais de Administração para atuarem em prol do saneamento no país. Presente também em Palmas (TO) e no Consórcio Intermunicipal Multifinalitário do Vale do Aço (CIMVA) – via acordo de cooperação técnica –, o CFA-Gesae é fruto da gestão desenvolvimentista do presidente do CFA, Wagner Siqueira. Após tomar posse, no início de 2017, o atual líder da autarquia pôs em prática sua proposta de auxiliar e promover a atuação dos administradores em serviços prestados à sociedade brasileira. “Esse projeto vai apresentar as contribuições que o profissional de Administração pode dar ao processo de melhoria e desenvolvimento da gestão de água e esgotos”, explicou Siqueira, ratificando sua posição quanto à responsabilidade social do Conselho Federal de Administração. Obviamente, o saneamento se mostrou um dos setores mais carentes no país. De acordo com o superintendente do CFA, Douglas Evangelista Neto, o trabalho desenvolvido pela autarquia é essencial para suprir essa demanda. “A partir dos serviços de saneamento básico, podemos promover as condições mínimas de desenvolvimento social”, afirmou.
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A conhecida cidade do Descobrimento agora conta com assistência federal especializada em serviços de água e esgoto POR PAULO MELO
CFA-GEASE CHEGA AO SUL DA BAHIA
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A partir dos serviços de saneamento básico, podemos promover as condições mínimas de desenvolvimento social. Douglas Evangelista, superintendente do CFA
A plataforma do CFA-Gesae foi desenvolvida por meio de software público. Para ter acesso a ferramenta, o gestor da área de saneamento da prefeitura interessada deve solicitar acesso pelo e-mail cfa@cfa.org.br. O acesso ao Sistema é gratuito.
Saneamento básico Em pleno século XXI, problemas estruturais no Brasil fazem o país ostentar um triste número: é apenas a 112° posição, entre 200 nações do mundo, quando o assunto é saneamento básico. A média brasileira, segundo indicadores do Ministério das Cidades, é de pouco mais de 80% das casas atendidas com água tratada. Quando se fala em esgoto, os dados são assustadores: apenas 43% é coletado e tratado. De acordo com o Atlas Esgotos, estudo desenvolvido pela da Agência Nacional de Águas (ANA) em conjunto com a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, apenas 39% da carga orgânica gerada diariamente no país (9,1 mil toneladas) é removida pelas 2.768 Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) existentes no Brasil. Em 10 anos, 26,4 milhões de brasileiros conquistaram o acesso à água tratada. Quando falamos de coleta de esgoto, o avanço foi um pouco maior: passou de 39,5% para 50,3% entre 2005 e 2015. Mais de 35 milhões de pessoas foram incorporadas ao sistema de coleta, um aumento de 48,6% no número de brasileiros atendidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada R$ 1 investido em saneamento há uma economia de R$ 4 em saúde.
Investir em saneamento otimiza os gastos em outros setores essenciais da sociedade. Por isso, o CFA tem se mostrado atuante no setor, a fim de reduzir esse déficit social no país.
Gesae na mídia Não é novidade pra ninguém que o Brasil ainda enfrenta problemas estruturais em relação ao saneamento básico. O Bom Dia Brasil, telejornal nacional da TV Globo, apresentou uma matéria sobre o gasto excessivo de água dos brasileiros, que consomem mais do que o recomendado pela Organização das Nações Unidas. São em média 154 litros de água por pessoa, quando o indicado é apenas 110 litros. A reportagem utilizou os dados do CFA-Gesae para fazer um comparativo de desperdício nas residências brasileiras. Para Wagner Siqueira, o problema vai além da falta de consciência dos consumidores. "Uma coisa é a água que chega aos lares para serem consumidas, a outra é a que vai se gastando desde a fonte origem de produção até as casas. É um mar de irregularidades”, explicou ao telejornal. Outra matéria de destaque sobre a plataforma foi publicada em um importante periódico da Cidade do México, “El Universal”. A reportagem expõe Manaus, capital do Amazonas, como um dos municípios com a tarifa mais cara em todo o Brasil (o 6º no ranking), além de milhares de pessoas que ainda estão sem abastecimento formal de água. As informações são do estudo-diagnóstico da autarquia, que utilizou o CFA-Gesae como base do relatório apresentado durante o 13º Encontro Nacional de Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros (ENECOB), em novembro.
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65 GESAE NO SEU ESTADO A ferramenta já foi apresentada em 20 estados (entre eles, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Maranhão). A apresentação foi feita simultaneamente em dois municípios da Bahia: Salvador e Porto Seguro. Em Porto Seguro, o membro da Câmara de Estudos e Projetos Estratégicos do CFA, Ediberto Correia, mostrou a atual situação do sane-
amento da cidade. Com base nos indicadores do CFA-Gesae, aliado a análise local de especialistas, o público pôde visualizar efeitos em áreas como governança, sustentabilidade e eficiência na gestão dos recursos hídricos, governança e transparência tarifária, entre outros. De acordo com José Antônio Chaves, membro do CFA res-
ponsável pelo sistema, “o resultado do diagnóstico é uma forma dos municípios entenderem o seu sistema de gestão de água e esgoto”. Chaves acrescenta que “quando se examina esses indicadores fazendo uma correlação entre eles, é possível indicar melhorias na administração do sistema, tanto no custo quanto na qualidade da prestação do serviço”.
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endereços CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ACRE (CRA-AC) Presidente: Adm. FÁBIO MENDES MACÊDO Av. Brasil, nº 303 – Sala 201, 2º andar – Centro Empresarial – Rio Branco – Centro – 69900-076 – RIO BRANCO/AC Fone: (68) 3224-3365 – 3223-3808 E-mail: gerencia@craac.org.br Home Page: www.craac.org.br Horário de funcionamento: 7h às 16h
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATO GROSSO (CRA-MT) Presidente: Adm. HÉLIO TITO SIMÕES ARRUDA Rua 05 – Quadra 14 – Lote 05 – CPA – Centro Político e Administrativo – 78050-900 – CUIABÁ/MT Fone: (65) 3644-4769 E-mail: cra.mt@terra.com.br Home Page: www.cramt.org.br Horário de funcionamento: 9h às 17h
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CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAPÁ (CRA-AP) Presidente: Adm. HERLÍGENAS CORRÊA DE OLIVEIRA Rua Jovino Dinoá, nº 2455 – Centro – 68900-075 – MACAPÁ/AP Fone: (96) 3223-8602 – E-mail: cra.amapa@gmail.com Home Page: www.craap.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h Atendimento ao público das 8h às 12h
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CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAZONAS (CRA-AM) Presidente: Adm. INÁCIO GUEDES BORGES Rua Apurinã, 71 – Praça 14 – 69020-170 – MANAUS/AM Fone: (92) 3303-7100 E-mail: gerente@craamazonas.org.br Home Page: www.craamazonas.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30
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CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA BAHIA (CRA-BA) Presidente: Adm. ROBERTO IBRAHIM UEHBE Av. Tancredo Neves, nº 999 – Ed. Metropolitano Alfa – Salas 601/602 – Caminho das Árvores – 41820-021 – SALVADOR/BA Fone: (71) 3311-2583 E-mail: cra-ba@cra-ba.org.br Home Page: www.cra-ba.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h30
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CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO CEARÁ (CRA-CE) Presidente: Adm. LEONARDO JOSÉ MACEDO Rua Dona Leopoldina, nº 935 – Centro – 60110-484 – FORTALEZA/CE – Fone: (85) 3421-0909 E-mail: presidente@craceara.org.br Home Page: www.craceara.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL (CRA-DF) Presidente: Adm. UDENIR DE OLIVEIRA SILVA SAUS Quadra 6 – 2º. Pav. – Conj. 201 – Ed. Belvedere 70070-915 – BRASÍLIA/DF – Fone: (61) 4009-3333 E-mail: presidencia@cradf.org.br Home Page: www.cradf.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO (CRA-ES) Presidente: Adm. HÉRCULES DA SILVA FALCÃO Rua Aluysio Simões, 172 – Bento Ferreira – 29050-632 VITÓRIA/ES – Fone: (27) 2121-0500 E-mail: craes@craes.org.br – Home Page: www.craes.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE GOIÁS (CRA-GO) Presidente: Adm. JOÃO DIVINO DE BRITO Rua 1137, nº 229, Setor Marista – 74180-160 – GOIÂNIA/GO Fone: (62) 3230-4769 E-mail: presidencia@crago.org.br – Home Page: www.crago.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO MARANHÃO (CRA-MA) Presidente: Adm. JOSÉ SAMUEL DE MIRANDA MELO JR Avenida Grande Oriente, quadra 51, casa nº 29 Renascença 1- 65.076-010 – SÃO LUÍS/MA Fone: (98) 3231-4160/3231-2976 e 3231-2976 E-mail: crama@cra-ma.org.br Home Page: www.cra-ma.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARANÁ (CRA-PR) Presidente: Adm. AMILCAR PACHECO DOS SANTOS Rua Cel. Dulcídio, nº 1565 – Água Verde – 80250-100 CURITIBA/PR – Fone: (41) 3311-5555 E-mail: presidencia@cra-pr.org.br Home Page: www.cra-pr.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (CRA-PE) Presidente: Adm. ROBERT FREDERIC MOCOCK Rua José de Vasconcelos, 93 - Tamarineira - 52110-040 Recife / PE – Fone: (81) 3268-4414/3441-4196 E-mail: cra@crape.org.br Home Page: www.crape.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h Atendimento ao público: das 8h às 12h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PIAUÍ (CRA-PI) Presidente: Adm. RODRIGO RIBEIRO COSTA CAVALCANTE Rua Áurea Freire, nº 1349 – Jóquei – 64049-160 – TERESINA/PI Fone: (86) 3233-1704 – Fax: (86) 3233-1704 E-mail: administrativo@cra-pi.org.br Home Page: www.cra-pi.org.br Horário de funcionamento: das 12h às 19h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO DE JANEIRO (CRA-RJ) Presidente: Adm. LEOCIR DAL PAI Rua Professor Gabizo, nº 197 – Ed. Belmiro Siqueira – Tijuca 20271-064 – RIO DE JANEIRO/RJ Fone: (21) 3872-9550 E-mail: secretaria@cra-rj.org.br Home Page: www.cra-rj.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE (CRA-RN) Presidente: Adm. JÚLIO F. DANTAS DE REZENDE Rua Coronel Auriz Coelho, nº 471 Lagoa Nova – 59075-050 – NATAL/RN Fone: (84) 3234-6672/9328
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO ANO 27 Nº 127 NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018
66 E-mail: cra-rn@crarn.com.br Home Page: www.crarn.com.br Horário de funcionamento: das 9h às 18h Atendimento ao público: das 12h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL (CRA-RS) Presidente: Adm. CLAUDIA DE SOUZA PEREIRA ABREU Rua Marcílio Dias, nº 1030 – Menino Deus – 90130-000 PORTO ALEGRE/RS Fone: (51) 3014-4700/3014-4769 E-mail: diretoria@crars.org.br; secretaria@crars.org.br Home Page: www.crars.org.br Horário de funcionamento: das 8h30 às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RONDÔNIA (CRA-RO) Presidente: Adm. MANOEL PINTO DA SILVA Rua Tenreiro Aranha, nº 2988 – Olaria – 76801-254 PORTO VELHO/RO Fone: (69) 3221-5099/3224-1706 E-mail: presidencia@craro.org.br Home Page: www.craro.org.br Horário de funcionamento: das 7h30 às 13h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RORAIMA (CRA-RR) Presidente: Adm. CHARLES BARBOSA MENDES Rua Prof. Agnelo Bitencourt, 1620 – São Francisco, 69.305-170 – BOA VISTA/RR Fone: (95) 3624-1448 E-mail: craroraima@crarr.org.br Home Page: www.crarr.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h Atendimento ao público: das 14h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SANTA CATARINA (CRA-SC) Presidente: Adm. EVANDRO FORTUNATO LINHARES Av. Prefeito Osmar Cunha, 260 – 7º e 8º andares Salas 701 a 707/ 801 a 807 – Ed. Royal Business Center Centro – 88015-100 – FLORIANÓPOLIS – SC Fone: (48) 3229-9400 E-mail: crasc@crasc.org.br Home Page: www.crasc.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO (CRA-SP) Presidente: Adm. ROBERTO CARVALHO CARDOSO Rua Estados Unidos, nº 865/889 – Jardim América 01427-001 – SÃO PAULO/SP Fone: (11) 3087-3208 E-mail: secretaria@crasp.gov.br Home Page: www.crasp.com.br Horário de funcionamento: das 8h15 às 17h50 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SERGIPE (CRA-SE) Presidente: Adm. SIDNEY VASCONCELOS ANDRADE Rua Senador Rollemberg, 513 – São José – 49015-120 ARACAJU/SE Fone: (79) 3214-2229/3214-3983 E-mail: atendimento@crase.org.br Home Page: www.crase.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE TOCANTINS (CRA-TO) Presidente: Adm. EUGÊNIO PACCELI DE FREITAS COÊLHO 602 Norte, Av. Teotônio Segurado, Conj. 01, Lt 06 – 77006-700 – PALMAS/TO Fone: (63) 3215-1240/3215-8414 E-mail: atendimento@crato.org.br Home Page: www.crato.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h