TFG Pousada em Madeira - Hellen Souza

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pousada em

madeira -

hellen souza





CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

HELLEN SOUZA

POUSADA EM MADEIRA

São Paulo 2021



HELLEN SOUZA

POUSADA EM MADEIRA

Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo sob orientação do Professor Msc. Ricardo Ruiz Martos.

São Paulo 2021



À minha mãe, Mari, Ao meu namorado, Luiz Felipe, Por eles serem meu refúgio e me encorajarem a ser e entregar minha melhor versão em tudo o que faço.


Agradeço imensamente meus pais e irmãs, Mari, Jorge, Aline e Leticia, por

todo amor e carinho, pela atenção em ouvir diversas vezes a explicação desse trabalho e sobretudo pelas opiniões, que foram de extrema importância. Obrigada por serem minha base e pelo apoio incondicional aos meus sonhos.

Um agradecimento especial à minha mãe, Mari, por ser a fã número 01 até

dos rabiscos sem pé e nem cabeça que faço, por me incentivar em cada noite não dormida fazendo projeto, por toda a ajuda na rotina trabalho-faculdade, seja colando uma maquete, fazendo comida ou me buscando diariamente as 23h no ponto de ônibus.

Ao Lui, por 8 anos de amor, companheirismo e mais do que isso, por ser meu

melhor amigo. Obrigada por não medir esforços para elogios e principalmente por confiar e me encorajar constantemente. Pelos milhares de ombros cedidos e conselhos que me fizeram, e fazem, enxergar luz onde parece não existir. Suas ideias, orientações e revisões de conteúdo foram fundamentais para que esse trabalho desse certo.

Às minhas amigas, pelo incentivo e apoio, principalmente Agatha, por estar

sempre presente, vibrando em cada conquista e me inspirando a viver de uma forma mais leve.

Aos amigos feitos ao longo da faculdade: obrigada por cada risada, apoio

emocional, comprometimento e companheirismo. Feliz por ter encontrado pessoas incríveis, que não medem esforços para compartilhar conhecimento ou ajudar. Um agradecimento especial à Maysa C. e André M., pela amizade, companheirismo, carinho, risadas e apoio dentro e fora da faculdade.

Ao meu querido orientador Ricardo Martos, que além de todo suporte téc-

nico com diretrizes incríveis para esse projeto, foi um ombro amigo e conselheiro, sempre me incentivando e tranquilizando em momentos difíceis ou confusos. Obrigada por ter me acompanhado nessa jornada!

Aos professores, que compartilharam conosco todo conhecimento e percep-

ções, em especial Aline Nasralla Regino, por todas as indagações e provocações ao longo da faculdade, que me despertaram a vontade de desvendar e ser uma eterna aprendiz dessa profissão tão linda e desafiadora.

À professora Mônica Bueno Leme que, em conjunto com a Aline Nasalla, me


ajudou a desenvolver a proposta teórica-conceitual desse trabalho, sempre direcionando a refletir os aspectos de forma crítica e embasadas por pesquisas acadêmicas.

Ao professor Ivanir Reis Neves, por me orientar nos primeiros traços desse

projeto, abrindo meus olhos para conceitos que foram fundamentais em todo o processo. Obrigada principalmente pelas inspirações a partir do seu olhar e paixão pela arquitetura, foi uma honra tê-lo como professor!

Agradeço a todos que, de uma forma ou outra, contribuíram para a realiza-

ção desse trabalho. Fico intensamente feliz, orgulhosa e grata por todo aprendizado, pela trajetória e escolhas feitas, desde o momento em que me dediquei e conquistei bolsa integral nesta faculdade que tenho o prazer de pertencer, Belas Artes. E por fim, é exatamente a ela que agradeço: obrigada, BA, por essa experiencia incrível, por acolher todos os alunos e nos proporcionar uma educação de qualidade. Obrigada!

...


Utilizar a madeira deixa de ser uma expressão puramente pessoal para ser uma expressão de caráter comunitário, justamente por ser um material de sustentabilidade, pela própria natureza da matéria prima, tornando um bem agradável para a comunidade e sociedade a partir do seu bom uso (Marcelo Aflalo, 2020).


“A tarefea da arquitetura é tornar visível o modo como o mundo nos toca” (PALLASMAA, 2017).


resumo

Esse trabalho apresenta o desenvolvimento de um projeto de arquitetura

para uma pousada, que utiliza a madeira como elemento construtivo e possui como causa a redução dos impactos ambientais e uma participação colaborativa com o meio ambiente. Para isso e explorando pesquisas acadêmicas, foi possível confirmar que os materiais mais utilizados na construção civil, aço e concreto, causam consequências negativas à natureza, afetando a qualidade de vida ambiental e humana. Como alternativa para substituir esses materiais, de forma que atenda as exigências técnicas e estruturais, escolheu-se a madeira, pois não destrói o meio ambiente e é uma matéria prima naturalmente renovável que absorve e retem o dióxido de carbono, diminuindo a emissão dos gases de efeito estufa e contribuindo para a causa ambiental. Além do uso consciente dos recursos naturais, a pousada – inserida em um terreno íngreme, à margem de uma represa do interior paulista e cercada por vegetação –, foi desenvolvida com a causa de baixo impacto em mente, de forma que toca o solo com cuidado e convida a natureza para se hospedar ao edifício.


abstract

This work presents the development of an architecture project for an inn,

which uses wood as a constructive element and has as its cause the reduction of environmental impacts and a collaborative participation with the environment. For this and exploring academic research, it was possible to confirm that the materials most used in civil construction, steel and concrete, cause negative consequences to nature, affecting the quality of environmental and human life. As an alternative to replace these materials, in order to meet the technical and structural requirements, wood was chosen, as it does not destroy the environment and is a naturally renewable raw material that absorbs and retains carbon dioxide, reducing the emission of greenhouse gases and contributing to the environmental cause. In addition to the conscientious use of natural resources, the inn – located on steep terrain, on the edge of a dam in the interior of São Paulo and surrounded by vegetation – was developed with the cause of low impact in mind, in a way that it touches the ground carefully and invites nature to stay in the building.



sumário



introdução

21

1. conceituação

25

1.1 material renovável

28

1.2 madeira laminada colada

30

1.3 pousada

32

2. local

35

2.1 contextualização do local

36

2.2 legislações

42

3. estudo de casos

47

3.1 casa grelha - fgmf arquitetos

48

3.2 minimod - mapa arquitetos

50

3.3 resort ruông - h2 arquitetura

52

4. o projeto

55

4.1 programa de necessidades

56

4.2 implantação

64

4.3 plantas

66

4.4 cortes

88

4.5 perspectivas

92

4.6 diagramas e detalhes

94

considerações finais

101

referências

105



introdução


Com a redução dos impactos ambientais e uma participação colaborativa com

a causa ambiental em mente, esse trabalho consiste em um projeto de arquitetura que utiliza a madeira laminada colada (MLC), uma das opções de madeira engenheirada, como elemento construtivo para aplicar em uma pousada à margem da represa Itupararanga, localizada na estância turística de Ibiúna, região metropolitana de Sorocaba. A partir de pesquisar acadêmicas, observou-se que os materiais mais utilizados no setor da construção civil, aço e concreto, emitem uma taxa alta de dióxido de carbono - além de serem materiais não renováveis, andando no sentido oposto à natureza. A escolha da madeira como elemento construtivo ocorreu por ela ser uma matéria prima naturalmente renovável, que absorve e retém o dióxido de carbono, diminuindo consideravelmente a emissão dos gases de efeito estufa e contribuindo para a causa ambiental.

A partir disso e em um terreno que possui aproximadamente 23m de desnível

com uma área extensa, o programa foi proposto em uma grelha de MLC suspensa que acompanha os níveis ao decorrer do percurso. Dessa forma, foi mantida a distância da estrutura em madeira da umidade, movimentando o mínimo de terra possível para preservar a drenagem natural do terreno – que possui uma taxa baixa de ocupação.

A empolgação em escolher a madeira para guiar esse trabalho decorreu da

inquietação e desejo em experimentá-la como elemento construtivo projetual, devido ao baixo contato obtido durante a faculdade. A pousada, no entanto, segue como uma justificativa para implementar esse material e foi escolhida de forma que abrangesse um número maior de pessoas.

O presente trabalho se divide em 04 capítulos, sendo:

Capítulo 01: dedicado aos principais conceitos abordados para o desenvolvimento do projeto; Capítulo 02: apresentação do terreno escolhido e sua localização, analisando o contexto, as legislações e demais informações pertinentes à viabilidade de implementação da pousada; 22


Capítulo 03: apresentação dos estudos de casos, ou referencias projetuais, que serviram como guia para o desenvolvimento do projeto; Capítulo 04: por fim, esse capítulo é dedicado à apresentação do projeto da pousada em madeira, com todo o conteúdo técnico e gráfico para compreensão da proposta.

...

23



conceituação


...

Concreto, tijolo, pedra e aço são materiais construtivos que fizeram parte do

meu trajeto na faculdade e, consequentemente, sugerem um determinado tipo de arquitetura. Já a madeira, embora estudada em aula, foi raramente experimentada ou exemplificada, o que me surgiu a inquietação: que tipo de arquitetura poderia resultar desse material? Que se intensificou quando, em meio a pesquisas sobre os temas de trabalho final de graduação, me deparei com o arquiteto Marcelo Aflalo, em uma live na rede social do Núcleo da Madeira, dizendo que utilizar a madeira deixa de ser uma expressão puramente pessoal para ser uma expressão de caráter comunitário, justamente por ser um material de sustentabilidade, pela própria natureza da matéria prima, tornando-se um bem agradável para a comunidade e sociedade a partir do seu bom uso. Essa descrição me encantou ao ponto de ficar convencida de que estudar e utilizar a madeira em projeto permitiria que eu me aproximasse da sua causa sensível e tão importante ao meio ambiente.


27


1.1 material renovável

A arquitetura possui grande potencial para contribuir positivamen-

te com o meio ambiente, uma vez que o setor da construção civil emite aproximadamente 33% de dióxido de carbono mundialmente – desde a extração de minério até a vida útil dos edifícios, passando pela fabricação de produtos e transporte ao canteiro de obras (GREEN, 2013). Além disso, a construção civil possui outras consequências à natureza, conforme pode ser observado no Gráfico 01.

Fonte: HIROMOTO (2020)

Outro ponto importante é que os materiais estruturais mais utili-

zados nesse setor, aço e concreto, não são renováveis e causam impactos ambientais negativos na sua extração, por usarem minérios em sua composição.

E esta é justamente uma das opções que a arquitetura pode propor

em projeto para contribuir com o meio ambiente: substituir a utilização desses materiais estruturais não renováveis para outro renovável, visto que estes não se esgotam facilmente, devido a rápida velocidade de renovação e capacidade de manutenção.

Em virtude disso, a alternativa mais sustentável é a madeira, pois

ela não destrói o meio ambiente e é uma matéria prima naturalmente re-

novável que absorve e armazena o dióxido de carbono durante toda sua

tensidade

vida úti, diminuindo a emissão dos gases de efeito estufa: cada 01 metro

ambiente

cúbico de madeira é capaz de absorver 01 tonelada de CO2 (WAUGH e

qualidade

THISTLETON, 2018).

pessoas s

28

Ass


sim como a Terceira Lei de Newton nos afirma “a toda ação corresponde uma reação de igual in-

e, mas que atua em sentido oposto”, uma vez que temos uma participação colaborativa com o meio

e, utilizando conscientemente os recursos naturais disponíveis na natureza, é possível aumentar a

e de vida do planeta e consequentemente da humanidade. É uma via de mão dupla: planeta saudável,

saudáveis. 29


1.2 madeira laminada colada (mlc)

É possível utilizar a madeira como elemento construtivo a partir de duas for-

mas: madeira nativa bruta ou engenheirada. A primeira, como o próprio nome prevê, consiste na utilização do material em seu estado natural e consequentemente heterogêneo, podendo conter imperfeições. Essa madeira é retirada a partir do manejo florestal, um mapeamento das florestas nativas cercado de cuidados para extrair apenas o que a floresta proporciona e não o que se deseja retirar dela, princípios totalmente desvinculados do desmatamento.

Já a segunda opção, passa por um processo industrial pelo qual a madeira vai

atravessando até virar um elemento estrutural de performance técnica semelhante ao concreto armado ou metálica. Dentro desse processo, possui o tratamento e impregnação em autoclave, ciclos de secagem visando estabilidade dimensional e checagem de resistência de cada tábua (MADEIRA E A ARQUITETURA, 2020). Ou seja, nesta opção, a heterogeneidade da madeira vai sendo “consertada” através de uma linha industrial e ela é retirada a partir da silvicultura, florestas certificadas e rastreáveis onde ocorre plantio e replantio com o intuito de regenerar os povoamentos florestais para satisfazer as necessidades do mercado e, ao mesmo tempo, fazer a manutenção das florestas. Essas atividades de plantio e replantio são importantes para o meio ambiente, pois elas são capazes de retirar gás carbônico da atmosfera, uma vez que a madeira absorve grandes quantidades desse composto químico.

A silvicultura foi introduzida no Brasil entre 1965 e 1985, justamente para

começar um processo de substituição do uso indiscriminado da madeira nativa brasileira, que estava sendo consumida para produção de energia em usina de cimento e siderúrgicas. Atualmente, a tendencia mundial é ampliar as silviculturas com o uso da madeira engenheirada e preservar cada vez mais a madeira nativa brasileira, utilizando esta apenas para usos específicos (MADEIRA E A ARQUITETURA, 2020).

Dentre os produtos da madeira engenheirada, também conhecida por madei-

ra industrial, destacam-se os elementos construtivos CLT (sigla em inglês para cross laminated timber – madeira laminada cruzada) e o MLC (madeira laminada colada), que segundo a empresa florestal Amata, ambos possuem uma alta performance capaz de suportar intensas cargas, atingir grandes vãos, otimizar o canteiro de obra, diminuir a quantidade de resíduos e reduzir os prazos da construção. Eles se dife30


renciam pela sua aplicação, a MLC é fabricada para uso em vigas e colunas, enquanto o CLT é fabricado em painéis de grandes dimensões para utilizar em paredes, lajes e coberturas.

Para esse trabalho, foi escolhido como elemento construtivo a madeira lami-

nada colada, devido a possibilidade de trabalhar com pórticos e evitar paredes de vedação, proporcionando uma vista livre à paisagem do local. Segundo a construtora ITA, as peças de MLC recebem tratamento contra organismos xilófagos e apodrecedores (cupins, brocas e fungos), além da pintura final com stain, para proteção hidrofugante e garantia de estabilidade, o que torna o material à prova d’água e envelhecimento.

A relação da madeira laminada colada com a água, performance técnica estru-

tural e organismos xilófagos e apodrecedores já foram apresentadas, mas há outro tópico muito polêmico sobre a utilização desse material como elemento construtivo: sua ligação com o fogo. A madeira é um material combustível que pega fogo, mas possui uma performance segura em situações de incêndio e esse é o seu paradoxo. Segundo Waugh e Thistleton (2018) e conforme pode-se observar na figura abaixo, a madeira pega fogo devagar, de acordo com uma taxa de queima linear, se carboniza protegendo o miolo e mantem até 80% da sua capacidade estrutural abaixo da camada carbonizada, o que a torna 15 vezes mais eficiente do que o concreto e 400 vezes mais do que o aço.

31


1.3 pousada

Com o intuito de propagar os conceitos anteriores dentro de um projeto

onde abrangesse um número maior de pessoas e que também tivesse uma característica turística, o programa escolhido para utilizar esse material foi uma pousada. A pousada, segundo o Ministério do Turismo, é classificada como um empreendimento de característica horizontal, composto de no máximo 30 unidades habitacionais e 90 leitos, com serviços de recepção, alimentação e alojamento temporário, podendo ser em um prédio único com até três pavimentos, ou contar com chalés ou bangalôs

Dentro das classificações do Ministério do Turismo, os tipos de pousadas se

diferenciam por número de estrelas e para o trabalho em questão, foi definido a opção de 04 estrelas, que deve conter os seguintes requisitos mínimos: •

Serviço de guarda dos valores dos hóspedes;

Sala de estar com televisão;

Mesa/banqueta com cadeira em 100% das UH;

Instalações para recreação de crianças;

Salão de jogos;

Mini refrigerador em 100% das UH;

Bar e restaurante;

Área de estacionamento.

Mas, ao contrário do que uma pousada normalmente oferece, o intuito do

programa apresentado nesse trabalho é ser aberto ao público, para pessoas que desejam desfrutar das áreas de convivência e serviços, apenas com as unidades de hospedagens privativas aos hospedes. 32


1.4 mapa mental (resumo dos conceitos)

arquitetura

uso consciente dos recursos naturais

lei de newton ação e reação

material renovável em projeto

participação colaborativa com o meio ambiente

madeira 1m³ = 1 ton

planeta saudável = pessoas saudáveis

causa: meio ambiente

propagação da causa para mais pessoas, contexto turístico

redução do impacto ambiental

madeira nativa bruta (manejo florestal)

madeira engenheirada (silvicultura)

madeira laminada colada (mlc)

pousada em madeira

...

33



local


2.1 contextualização do local - localização

O terreno escolhido para implementar a pousada está localizado à margem da represa Itupar

ranga, em Ibiúna, região metropolitana de Sorocaba, conforme as figuras a seguir. O local é cercado p chácaras inseridas em condomínios fechados, mas o terreno não se encontra nessa situação.

36


2.1. contextualização do local - sistema viário

ra-

por

SP-250 RODOVIA BUNJIRO NAKAO

37


2.1 contextualização do local - imagens terreno e entorno

38



2.1 contextualização do local - entorno

Classificada como estância turística, Ibiúna possui diversas atrações para os

visitantes, desde religiosas ao ecoturismo e atividades esportivas. Além de estar à margem da represa e, portando, possibilitar atividades náuticas como canoagem, lancha, wakeboard, wakesurf etc., o terreno foi escolhido considerando a proximidade com alguns desses pontos turísticos, conforme destacado abaixo.

40


Para conferir qual a concentração de oferta existente no local, foi realizado

um levantamento das hospedagens existentes que poderiam competir com a pousada em estudo. Como podemos ver na Figura 7, as hospedagens que estão à margem da represa são Sinpeem Park hotel (esquerda) e Clara Ibiúna Resort (direita), sendo a primeira exclusiva aos sócios do Sindicato dos Profissionais em Educação no ensino municipal e a segunda, a 7km de distância, um Resort e, portanto, possui diversos serviços exclusivos aos hospedes que distinguem do público que deseja apenas desfrutar o dia na represa e/ou se hospedar em uma pousada.


2.2 legislações

De acordo com a Pesquisa de Demanda Turística realizada pela Secretaria de

Turismo de Ibiúna, a região recebe turistas que viajam a trabalho, passeio ou estão em família a veraneio. Conforme indicado na tabela 01 abaixo, podemos entender que as viagens realizadas por pessoas que estão a passeio ou veraneio representam 53,62% e devido isso, o programa da pousada foi elaborado pensando nas pessoas que desejam passar o dia desfrutando a represa, áreas de convivência, serviços, praticando atividades náuticas e/ou se hospedar nas pousadas.

Segundo Art. 41 da Lei nº 2129, de 01 de dezembro de 2016 (Ibiuna (SP),

2016), que institui a revisão e os subsídios do Plano Diretor da Estância Turísticas de Ibiúna, o terreno está localizado na Macrozona de Interesse Ambiental 01 – Norte. Esta área é destinada à concentração de atividades de recreação, lazer, turismo e extrativismo vegetal que conciliem a proteção dos bens naturais e culturais.

A ocupação do solo, definida pela mesma lei mencionada acima, é classificada

por usos: residencial, comercial, serviços, institucional e industrial. Para o segmento de serviços, como é o caso da pousada desse trabalho, considera-se as informações conforme tabela 2.

42


Como o terreno está localizado em área de proteção ambiental, deve seguir

os seguintes objetivos definidos pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (2010): I - Conservar a quantidade e a qualidade da água da bacia de contribuição do reservatório Itupararanga; II - Conservar as cabeceiras dos cursos d’água formadores da rede hidrográfica da sub-bacia; III - Garantir a manutenção da vegetação nas áreas de preservação permanente do reservatório e seus principais afluentes, garantindo a fixação do solo e a manutenção do micro-clima em seu entorno; IV - Manter a permeabilidade do solo; V - Recuperar as várzeas (CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, 2010).

Além de respeitar a cota máxima de inundação, 830m, mantendo um distan-

ciamento de 50 metros a partir da represa.

43


2.2 legislações

O terreno possui uma área total de 33.292m² e, descontando os recuos fron-

tais, laterais, fundo e recuos de proteção ambiental, recomendados pela legislação, passam a ser 26.135m², conforme destacado abaixo.

50m

135m

44


250m



estudo de casos


3.1 estudo de casos - casa grelha

O projeto para a Casa Grelha foi implementado sobre uma grelha estrutural de 5,5x5,5x3m

questões: demanda por uma casa térrea, relação direta do terreno com a natureza e a umidade do

cheios e vazios, permitindo ventilação cruzada, iluminação natural e permitindo que as árvores de e casa.

Considerando que o terreno escolhido para o trabalho em questão possui um desnível de 23 m

projeto para a casa grelha com o sistema de grelha em madeira suspensa, apoiada sob pilotis de concr de terra possível para gerar os níveis de acesso e permanência. Autor: FGMF Arquitetos Local: Serra da Mantiqueira - São Francisco Xavier, SP. Data: 2007

48


m em madeira laminada colada, que se encaixa no terreno sobre pilares de concreto, a partir de três solo na região (ARCHDAILY, 2013). Além disso, a grelha possui uma certa composição de módulos

espécies vegetais nativas atravessem a estrutura, transformando a casa em terreno e o terreno em

metros em seu comprimento e visando uma participação colaborativa com o terreno e a natureza, o

reto, serviu como guia para o projeto da pousada em madeira, com o intuito de movimentar o mínimo

49


3.1 estudo de casos - minimod Autor: Mapa Arquitetos Local: Catuçaba – SP Data: 2013

Segundo a equipe de projeto, Minimod é um refúgio que “pro-

põe uma alternativa inovadora, inteligente e sustentável de habitar, aproveitando os benefícios da tecnologia da construção seca” (ARCHDAILY, 2019) e possui uma flexibilidade projetual devido sua produção em série pré-fabricada, podendo abrigar diversos usos que vão desde um refúgio, pequenos showrooms para eventos, até hotéis e pousadas. O partido arquitetônico do Minimod é a experiência da paisagem, como se fosse uma linha tênue do interior construído com o entorno e um “convite a habitar a fronteira entre a natureza e artifício” (ARCHDAILY, 2019).

E embora esse projeto utilize CLT ao invés de MLC, ele au-

xiliou no desenvolvimento dos layouts para os bangalôs, inspirando principalmente na maneira em que a vista da represa preenche o interior dos módulos, conforme a referência propõe.

50


51


3.1 estudo de casos - resort ruông Autor: H2 Arquitetura Local: Vietnã Data: 2019

Esse projeto é uma hospedagem que possui em seu programa os serviços de

restaurante, bar e bangalôs com varandas que aproveitam ao máximo a paisagem circundante do campo onde estão inseridos, para contemplar as vistas. Embora classificado como Resort, o programa dessa referência se aproxima da classificação brasileira de pousada, definida pelo Ministério do Turismo como um empreendimento de característica horizontal, conforme apresentado anteriormente.

As hospedagens da pousada de madeira desse trabalho são distribuídas em

bangalôs na grelha, referenciando-se ao Resort Ruông. Além dessa referência ter sido uma das utilizadas para produzir o programa da Pousada em Madeira.

52


53



o projeto


4.1 pograma de necessidades - conceito

O público-alvo da pousada são pessoas que desejam desfrutar a represa e/ou

se hospedar nas hospedagens e devido a isso, o programa apresenta diversas áreas de convivência e serviços, totalmente abertos ao público, não se limitando aos hospedes. Por essa razão, a pousada é distribuída ao longo das grelhas de forma que oferece movimento e convivências em todo percurso, mas ao mesmo tempo, privacidade aos bangalôs - da seguinte forma:

Assim que chegamos ao local, temos uma grande praça se conectando à calça-

da e ampliando-a para dentro do edifício, de forma que convida o público para desfrutar da paisagem natural e sem obstáculos, pois - devido à topografia acentuada do terreno - todo o programa foi inserido abaixo do nível da rua, com o intuito de manter a vista livre em direção à represa.

Na própria praça de entrada, há uma escadaria suspensa por tirantes que co-

necta a rua com a grelha 01. Nessa grelha, temos a recepção com lounge para espera, espaço para eventos provisórios (como exposições, casamentos, eventos no geral), restaurante e cozinha/apoio e núcleo rígido em alvenaria estrutural com sanitários, caixa de elevadores e escadas que conectam ao restante das grelhas.

Na grelha 02, temos a entrada de veículos, estacionamento, recepção com

lounge de espera, sanitários, administração, área técnica, copa e vestiários dos funcionários, logo abaixo da grelha 01. Ainda no mesmo nível e caminhando em direção à represa, à direita, temos as galerias de comércio de roupas, doces, café e objetos turísticos da região. Já à esquerda, temos um acesso aos primeiros bangalôs, restritos aos hospedes. O acesso para a grelha 03 é feito pela caixa de elevadores e escadas próximo aos bangalôs e galerias.

Na grelha 03, temos 02 praças intermediárias com bancos para convivência

de todo o público, seja tomando um café e comendo um doce comprados nas galerias do pavimento acima, seja contemplando a natureza. Essas praças ficam logo abaixo das galerias e bangalôs da grelha 02 e seguindo em direção à represa, temos o acesso do restante dos bangalôs à esquerda, enquanto à direita, temos o bloco do bar, adega, espaço kids e banheiros, que se distribuem nas três grelhas: 03, 04 e 05.

O espaço kids está inserido nesses três pavimentos, sendo o primeiro andar

(grelha 03), com um escorregador tubular que finaliza na grelha 05 e brinquedoteca. 56


O segundo (grelha 04), com brinquedoteca e o último (grelha 05) com sanitários e escorregador que finaliza em uma piscina de bolinhas. Todos esses pavimentos são conectados por uma escada interna, ou pela escada externa (ao ambiente) do núcleo rígido.

O bar está inserido nas grelhas 03 e 04, sendo o primeiro andar (grelha 03)

com um mezanino acima da bancada do bar com banquetas que fica na grelha 04, logo abaixo. A conexão desses andares é feita por uma escadaria circular interna, ou pela escada externa (ao ambiente) do núcleo rígido. A cozinha do bar está inserida na grelha 03, pois na grelha 04 temos o depósito, que também alimenta à adega, inserida na grelha 05. Todos esses andares são conectados por escadas e elevadores.

Na grelha 05, além da adega, temos a cozinha (que também se conecta inter-

namente ao depósito), o espaço de degustação dos vinhos e lareira externa – para os dias de inverno, muito comum em Ibiúna. Também na grelha 05, temos os vestiários públicos e dos funcionários, além da lavanderia.

A grelha 05 é a mais próxima da represa, afastada a 50m por conta do re-

cuo exigido pela área de proteção ambiental. O acesso até a represa é feito por um sistema de monotrilho, ou caminhando pelo terreno. Na represa é possível praticar diversas atividades náuticas, como canoagem, lancha, wakeboard, wakesurf, ou se refrescar e divertir em um banho de represa – através de um espaço reservado e sem acesso de equipamentos aquáticos.

...


praça

ambientes

quantidade

informações mobiliário/louças/metais

atividades principais

praça acesso rua Praça

1675

1

Área de convivência e lazer

Bancos TOTAL (m²) 1.675

recepção acesso pedestre Recepção (02 pessoas) Lounge

25 75

1 1

200

1

Recepcionar e encaminhar o público externo Espera para atendimento ou fretado TOTAL (m²) 100

Mesa e cadeiras Poltronas, sofás e mesa de apoio lateral

lounge eventos Lounge eventos provisórios (até 100 pessoas)

Exposições de artes, eventos etc.

-

TOTAL (m²) 200

hospedagens (grelha 02 e 03)

4.1 pograma de necessidades - tabela com metragens e informações dos ambientes

Câmera fria Depósito de alimentos Depósito apoio funcionários DML (dep. material de limpeza) Depósito de lixo Monta carga restaurante Cozinha

100 225 7,5

1 1 1

5 7,5 5 2,5 2,5 5 40

2 1 1 1 1 1 1

Poltronas, sofás e mesa de apoio lateral Mesas, cadeiras, bancadas e banquetas Bancada com pia e lixo para separ alimentos / Acesso externo Armazenamento de isumos Prateleiras / Acesso externo Armazenamento de alimentos Prateleiras e geladeira / Acesso externo Guardar utensilhos pessoais Prateleiras / Acesso externo Armazenamento produtos limpeza Prateleiras / Acesso externo Lixo Lixeiras / Acesso externo Elevador de serviço Produção de comidas e bebidas Bancadas para preparo de alimentos, ilha com fornos e fogões, bancada com pia, lavagem geral e depósito de louças limpas / Acesso externo TOTAL (m²) 405

S E C

Espera para mesa restaurante Acomodação do público Checagem da qualidade dos alimentos

Sanitários

25

1

10 25

1 1

Higiene pessoal (M, F e PNE)

p

P

03 femininos, 03 masculinos e 01 PNE - bacia e lavatório TOTAL (m²) 25

b

sanitários (recepção, galerias e vestiários funcionários) Vestiário funcionários (06 pessoas) Sanitário público

15

1

Higiene / Troca de roupa Segurança, Manobrista, Copeira, Limpeza, Recepção Higiene pessoal (M e F) TOTAL (m²) 40

25

1

Copa funcion. (até 06 pessoas)

6

1

Serviço aos funcionários

Depósito de bagagem Depósito de lixo DML (dep. material de limpeza)

5 2 3

1 1 1

Lixo Armazenamento produtos limpeza

S

Mesa e cadeiras Poltronas, sofás e mesa de apoio lateral

bacia, lavatório e chuveiro 03 femininos e 03 masculinos - bacia e lavatório

D (a

grelha 04

Recepcionar e encaminhar o público externo Espera para atendimento ou fretado TOTAL (m²) 35

área técnica

a

S C

-

Estação de Trabalho 1,60m x 0,70m Mobiliário adequado / Proximo à recepção Prateleiras e armários Impressora/copiadora/scanner e papel Arquivo em credenza

estacionamento Estacionamento Estacionamento - exigencia codigo de obra Ibiuna

1250 -

1 -

90% clientes 10% funcionários -

vagas: 37 médias / 2 PNE / 8 motocicletas / 2 idosos / 35m² para bicicletas / 1 caminhão com carga vagas: 37 médias / 1 PNE / 8 motocicletas / 2 idosos / 30m² para bicicletas (Código de obras Ibiuna) TOTAL (m²) 1250

6

-

Salão e recepção

-

-

Espaço aberto para receber clientes

Depósito de lixo

-

-

Lixo

Balcão de recepção, mesas/cadeiras ou o que for necessário, dependendo uso Lixeiras / Acessodoexterno

Depósito de material

-

-

Armazenamento material loja

Prateleiras / Acesso externo

Depósito apoio funcionários

-

-

Guardar utensilhos pessoais

Prateleiras / Acesso externo

Sanitário funcionários e público

25

1

Higiene pessoal (M, F e PNE)

03 femininos, 03 masculinos e 01 PNE - bacia e lavatório

Copa funcion. (até 20 pessoas)

25

1

Serviço aos funcionários

-

1

Relaxamento funcionários

Bancada com pia, fogão, geladeira e microondas área externa TOTAL (m²) 200

58

L

L

D

S

25

Descompressão funcionários

e

S S

S

galerias (lojas - doceria/roupa/café/souvenir) MÓDULOS

la

S

grelha 05

grelha 02

-

Gestão adm. e financeira Runião com clientes e público interno Uso adm - material de escritório Uso da produção Arquivos pousadas / clientes TOTAL (m²) 30

S

S

TOTAL (m²) 16 1 1

e

S

s

Bancada com pia, fogão, geladeira e microondas / funcionários comem fora - Acesso externo Lixeiras / Acesso externo Armários e prateleiras

administração 16 14

s

P

recepção estacionamento Recepção (02 pessoas) Lounge

e

S

S

sanitários restaurante / recepção e lounge eventos

Administrativo (4 pessoas) Sala de reunião (06 pessoas) Almoxarifado Reprografia Arquivo

b

V E C D B

b

Lounge Salão (100 pessoas) Triagem de alimentos

grelha 03

grelha 01

restaurante

b

V E C D B

ES VAG


10

50

1 1 1 1 1 6

-

1 1 1 2 2

bangalôs 50m²

Varanda Estar Copa Dormitório Banho

Módulos de hospedagem

Acesso restrito aos hospedes

Módulos de hospedagem

Acesso restrito aos hospedes

TOTAL (m²) 550

bar (2º andar - mezanino)

Salão Espaço de jogos Cozinha

60 40 25

1 1 1

Acomodação do público Diversão público bar Produção de bebidas e alimentos

Mesas, cadeiras, bancada e banquetas Mesa de bilhar e poker Bancadas para preparo de bebidas, bancada com pia, lavagem geral e depósito de louças limpas / Acesso externo TOTAL (m²) 125

70

1

Diversão crianças

espaço kids (3º andar)

Salão de brinquedos

Brinquedos infantis, televisão, mesas e cadeiras TOTAL (m²) 70

sanitários bar

Sanitários

25

1

Higiene pessoal (M e F)

03 femininos e 03 masculinos - bacia e lavatório TOTAL (m²) 25

praças internas

Praça interna 01

600

1

Área de convivência e lazer

Praça interna 02

400

1

Área de convivência e lazer

Bancos Bancos TOTAL (m²) 1000

bar (1º andar)

Salão

Depósito de bebidas e alimentos apoio bar e adega)

140

1

Acomodação do público

Mesas, cadeiras, bancada e banquetas

25

1

Armazenamento de bebidas e alimentos

Prateleiras e câmera fria

TOTAL (m²) 165

espaço kids (2º andar)

Salão de brinquedos

70

1

Diversão crianças

Sanitário público

10

1

Higiene pessoal (M e F)

Brinquedos infantis, televisão, mesas e cadeiras 02 femininos e 02 masculinos - bacia e lavatório TOTAL (m²) 80

sanitários bar

Sanitários público

20

1

Higiene pessoal (M e F)

03 femininos e 03 masculinos - bacia e lavatório TOTAL (m²) 20

adega

Salão Cozinha

140 25

1 1

300

1

Acomodação do público Armazenamento de bebidas e alimentos TOTAL (m²) 165

Mesas, cadeiras, sofa Prateleiras e câmera fria

areira

Salão

Acomodação do público

Sofá e lareira, área externa TOTAL (m²) 300

espaço kids (1º andar)

Salão de brinquedos Sanitários

42 15

1 1

Diversão crianças Higiene pessoal (M e F)

Brinquedos infantis, televisão, mesas e cadeiras 03 femininos e 03 masculinos - bacia e lavatório TOTAL (m²) 57

Lavanderia

Lavanderia

30

1

Lavagem de roupas de cama e banho para Lavadora e secadora industrial / calandra / bancada com hospedagem cuba Roupas de cama e banho para hospedagem Prateleiras e armários TOTAL (m²) 50

Depósito de roupas limpas

20

1

90

1 Higiene / Troca de roupa público represa (F, M e PNE)

Sanitários e vestiários

Sanitários e vestiários

06 vestiários e 03 banheiros femininos / 06 vestiários e 03 banheiros masculinos / 02 vestiários e banheiros PNE bacia, lavatório, chuveiro e apoio roupas/bolsas TOTAL (m²) 90

TOTAL POGRAMA (m²) STIMATIVA POPULACIONAL (1 pessoa/15,00m² Fonte: Código de Obras e Edificações do Município GAS DE ESTACIONAMENTO (1 pessoa/40 vagas Fonte: Código de Obras e Edificações do Município TERRENO (m²) CA PERMITIDO TO PERMITIDO (20% estacionamento) CA UTILIZADO TO UTILIZADO

6 .6 7 3 445 11 33292,00 4 ,0 0 8 0 ,0 0 % 0 ,2 0 2 0 ,1 2 %

apoio

25

atendimento público / área de convivência

bangalôs 25m²

Varanda Estar Copa Dormitório Banho


4.1 pograma de necessidades resumo e porcentagem das áreas

O programa foi desenvolvido

com a causa de baixo impacto em mente, ele possui 6.675m² e ocupa uma taxa de 20,12% e 0,2 de aproveitamento do terreno, que possui em sua totalidade 33.292,00m².

A estimativa populacional,

segundo o Código de Obras e Edificações do Município da Estância Turística de Ibiúna, é de 01 pessoa por 15m² de área e, portanto, a pousada tem uma estimativa para atender 445 pessoas.

...

60


distribuição das áreas


4.1 pograma de necessidades - distribuído no projeto (perspectiva explodida)

62



4.2 implantação

A pousada foi inserida acompanhando a angu-

lação fechada do terreno, lateral direita em relação à planta, pelo fato de termos uma metragem maior e inclinação mais leve, o que nos ajudou para distribuir as grelhas harmonicamente, aproveitando as transposições de cota. Dessa forma também conseguimos aproveitar a fachada noroeste e sudeste do local – evitando a fachada sul voltada para a rua, paralela à lateral esquerda.

De acordo com a carta solar, na fachada noroes-

te, voltada para a represa, temos sol durante a manhã e tarde nas estações outono, inverno e primavera, com o sol da tarde no verão. Já na fachada sudeste, temos o sol da manhã em todas as estações, mas no inverno com restrição de sol até, aproximadamente, 9h.

Caso estivesse paralela à lateral esquerda, na fa-

chada norte (estaria voltada para a represa), teríamos sol da manhã e tarde durante o inverno, outono e primavera, mas sem sol no verão. Já na fachada sul (estaria voltada para a rua), só teríamos sol da manhã e tarde durante o verão, o que causaria mofo, bolor e problemas respiratórios pela falta de sol nas outras estações.

Na cota 862,00 (01), praticamente nivelada com

a cota da calçada (861,36 com 4% de inclinação), temos a praça de entrada com a escadaria que conecta os pedestres à pousada. O acesso dos automóveis é feito pela lateral direita da grelha (02).

implantação

64


i= % 19

01

i= 5%

01

i= 4%

rua alameda dos pinheiros

02


4.3 plantas - grelha 01

66



4.3 plantas - layout grelha 01 01 recepção e lounge de espera 02 lounge eventos provisórios 03 escadas e elevadores 04 banheiros 05 banheiro pne 06 restaurante e lounge de espera 07 apoio restaurante: 07.1 cozinha - preparação dos alimentos 07.2 depósito de alimentos e bebidas 07.3 câmera fria 07.4 monta carga 07.5 triagem dos alimentos 07.6 depósito de lixo 07.7 depósito de material de limpeza 07.8 depósito apoio funcionários (mochila etc.)

02

68

0

1

5m


03

06 03

07.1

07.2

07.4

07.3

07.5 04

05

01

07.6 07.7 07.8


4.3 plantas - grelha 02

01 ampliação e informações no próximo slide 02 galerias 03 bangalôs 25m² 04 bangalôs 50m²

03

70


03 04 04 04 03 02

03 03

02

03 04

01


4.3 plantas - ampliação layout grelha 02 01 recepção e lounge de espera

03

02 administração 03 escadas e elevadores 04 depósito de bagagens (lockers 1x1m) 05 corredor livre para monta carga restaurante 06 vestiário funcionários 07 banheiros 08 copa 09 depósito de material de limpeza 10 depósito de lixo 11 vagas estacionamento - carro 12 vagas estacionamento - moto 13 vagas estacionamento - bicicleta 13

03

12

72

0

1

5m


02 01

04

11

05 10 07

06

08

09


4.3 plantas - grelha 03 01 escada e elevadores 02 praça 01 03 praça 02 04 bangalôs 50m² 05 bangalôs 25m² 06 ampliação e informações no próximo slide

04

04

05

04

74

0


06

03

05

02

01


4.3 plantas - ampliação layout grelha 03 01 escada e elevadores 02 banheiros 03 bar (2º andar, mezanino): 03.1 cozinha 03.2 salão (mesas) 03.3 jogos 03.4 escada circular 04 espaço kids (3º andar)

0

76

1


03.1 02

01 03.2

04

03.3 03.4

5m


4.3 plantas - grelha 04 01 ampliação e informações no próximo slide 02 cobertura grelha 05

02

78


01


4.3 plantas - ampliação layout grelha 04 01 escada e elevadores 02 banheiros 03 bar (1º andar): 03.1 depósito (apoio bar e adega/lareira) 03.2 salão (mesas) 03.3 bar, balcão e banquetas 03.4 escada circular 04 espaço kids (2º andar)

80


02

01 03.1

03.3

03.2

04

03.4

0

1

5m


4.3 plantas - grelha 05

82



4.3 plantas - ampliação layout grelha 05 01 escada e elevadores 02 banheiros 03 adega: 03.1 cozinha (serve adega e lareira) 03.2 salão (mesas) 03.3 estantes vinhos 04 lareiras (sofás entorno) 05 espaço kids (1º andar) 05.1 piscina de bolinha

07

05.2 banheiros kids 06 lounge externo 07 vestiários público/funcionários/pne 08 lavanderia e depósito de roupas limpas

0

84

1

5m

08


04

02 03.3

03.2

01

05.2

03.1

03.3 05

06

05.1


4.3 plantas - ampliação bangalô 50m² e 25m²

0 0,5

86


5

2,5m

0 0,5

2,5m


4.4 cortes - corte aa

88



4.4 cortes - corte de pele (corte / fachada, respectivamente)

muro gabião 0

90

1

2,5m

guarda corpo e caixilhos de vid


dro

pilares e vigas em madeira

viga vagão em aço

pilares em concreto


4.5 perspectivas - geral com circulação

92



4.6 diagramas e detalhes - ventilação predominante

94



4.6 diagramas e detalhes - estrutura

pilares em concreto com alturas variadas respeitando a topografia original do terreno vigas e pilares em mlc programa suspenso = umidade distante e drenagem natural preservada cobertura em telha metálica sanduíche piso externo em deck estruturado e nivelado com a viga piso interno em laje pré fabricada de madeira (estruturada por cantoneiras na viga para manter alinhamento externo) e revestida com piso frio passarelas em treliças de madeira para vencer vãos maiores (15/20m) guarda corpo e caixilhos de vidro viga vagão em aço (vão duplo = menos pilares no terreno) muro gabião (praça e garagem = muro de arrimo, guarda corpo e estética) terreno

96


pilar em madeira laminada colada

transição (do pilar da fundação) e fixação (viga e pilar madeira) metálica viga em madeira laminada colada

viga vagão em aço

pilar de concreto


4.6 diagramas e detalhes - escadaria de acesso (vista superior da praça / vista a partir da gre

escadaria de acesso da rua à grelha 01 suspensa atirantada na estrutura da praça bancos no percurso (lazer, plateia externa para eventos grelha 01)

98


elha 01)

fixação dos tirantes na viga

tirantes

escada metálica suspensa



considerações finais


Existe a crença de que trabalhar com a madeira é colaborar com o desmata-

mento, nos afastando das causas ambientais - quando na verdade, trabalhar com a madeira é oposto dessas atividades nocivas à saúde global e humanitária. Quando utilizamos a madeira certificada, elas são oriundas de um manejo correto que não degrada o meio ambiente e contribui para o desenvolvimento social e econômico das florestas, colaborando com a causa ambiental.

Além disso, nos primeiros capítulos foi apresentado que a madeira possui a

capacidade de absorver e armazenar dióxido de carbono: cada 01 metro cúbico de madeira é capaz de reter 01 tonelada de dióxido de carbono, mas, quando uma árvore morre e se decompõe, ela devolve todo esse dióxido de carbono à atmosfera ou ao solo. Porém, se utilizamos essa mesma madeira em uma construção, móvel ou qualquer produto de madeira, ela tem a capacidade de armazenar o carbono e nos munir com um sequestro.

Utilizar a madeira é se desvincular do “comum” e a partir do momento que

deixamos de trabalhar com ideias pré-concebidas e damos espaço para que as informações externas se complementem ao projeto, a forma se adequa naturalmente e o resultado é harmônico, porque o processo foi bem conduzido.

Trabalhar com a madeira é muito mais do que uma causa ambiental, é uma

responsabilidade que é envolvida por uma estética. Quando agregamos processos responsáveis, seja no uso da matéria prima, na acomodação do terreno, com relação aos vizinhos ou cidade, a estética também vai se acomodando e virando uma estética de responsabilidade. E somos responsáveis o tempo inteiro.

...

102




referências


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...

109


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