TFG: A praça, o espaço - Requalificação da Praça Rotary, Vila Buarque - SP

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REQUALIFICAÇÃO PRAÇA ROTARY, VILA BUARQUE - SP TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO | HOMÃ SANTANA ALVICO PROF° ORIENTADOR EDSON LUCCHINI PROF° CO-ORIENTADOR LUIS GUILHERME RIVERA DE CASTRO FAU MACKENZIE| DEZ. 2013



AGRADECIMENTOS: Ao meu orientador e hoje amigo, Edson Lucchini pelas inúmeras conversas e por sempre estimular e acreditar no potencial do trabalho. E ao meu orientador de iniciação científica Luis Guilherme Rivera de Castro pela sempre serena e ao mesmo tempo sincera opinião, por sua paciência e estímulo. Figuras vitais na concepção deste trabalho. Agradeço também aos professores e amigos que ao longo do curso participaram ativamente da minha formação. Agradeço à minha família pelo conjunto de valores. E a Michele Guillen pelo companheirismo, carinho e ouvidos.


RESUMO/ ABSTRACT OBSERVANDO PESSOAS E O ESPAÇO 12

INTRODUÇÃO: 1- PREÂMBULO: 2- PROBLEMATIZANDO A PROBLEMÁTICA... 3- DA RELAÇÃO ENTRE PESQUISA/PROJETO:

OS

OBJETOS

DE

4- OBJETIVO DA PESQUISA 5- OBJETIVO DO PROJETO 6- METODOLOGIA E REFERENCIAIS TEÓRICOS 24

CONCEITUAÇÃO: 1- A PRAÇA COMO INTEGRAL REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO 2- MIDIATECA, PRODUTO DA COMUNICAÇÃO 3- ACESSIBILIDADES 4- SEGURANÇA E SENSAÇÃO DE SEGURANÇA 4.1- ENSAIO: O PROCESSO DE FEUDALIZAÇÃO DA CIDADE 5- ATRAÇÃO DE USUÁRIOS A INTERVENÇÃO


6- SOBRE A CONSERVAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO: TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS 6.1- EXPERIMENTOS ESPAÇOS PÚBLICOS

SOCIAIS

EM

6.2- O CASO DO SESC E METRÔ DE SP HISTÓRICO DA ÁREA:

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SOBRE O EXISTENTE:

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O LUGAR: 1- MAPA COM EQUIPAMENTOS IMPORTANTES DO ENTORNO 2- IMPLANTAÇÃO DA PRAÇA VIA SATÉLITE 3- DINÃMICA DE FLUXOS 4- HIDROGRAFIA O EDIFÍCIO: 5- PLANTAS ORIGINAIS DE APROVAÇÃO JUNTO À PREFEITURA – EDIFÍCIO DA BIBLIOTECA AS PESSOAS: 6- PESQUISA COM USUÁRIOS


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POSICIONAMENTO: 1- MANTER OU RETIRAR? EXISTENTE DA BIBLIOTECA

EDIFICAÇÃO

2- CONCILIAÇÃO COM A HISTÓRIA: O DESAPARECIDO TEATRO LEOPOLDO FRÓES 3- COMO INTERVIR CONSTRUTIVAMENTE EM UMA PRAÇA PÚBLICA? 4- DESENHO DA PRAÇA: BREVE ANÁLISE E NOVA CONFIGURAÇÃO 5- ACESSOS 6- E O CÓRREGO QUE PASSA POR AQUI? OPERAÇÕES: 86

ESTUDOS DE CASO:

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PROPOSTAS DE PROJETO: 1- PROPOSTA INICIAL 2- CRÍTICA 3. PROPOSTA FINAL 4. PROCESSO


RESUMO Este trabalho tem como objetivo o levantamento e questionamento das principais inquietudes que surgiram durante o processo de intervenção projetual na Praça Rotary em São Paulo. Assim como a apresentação do processo e resultado formal destas discussões.

ABSTRACT This paper aims to survey and questioning of the main concerns that arose during the intervention process projetual in Rotary Square in São Paulo. As the presentation of the formal process and outcome of these discussions.

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O B S E R V A N D O P E S S O A S . E O . E S P A Ç O

A luz no estado de lusco-fusco, clima agradável para sair de casa, e do sétimo andar observo a praça em frente. No edifício ao lado vejo uma cena que se repete periodicamente: uma mulher de seus 40 anos fazendo cooper em seus extensos 5 metros de terraço, dividindo espaço entre vasos e varais. Pela quantidade de vezes que já presenciei a cena ela deveria perder a sua graça, mas pela excentricidade do contexto em si, sempre é um espetáculo a ser assistido da minha janela. A “corredora” mal dá 4 passos e já tem que inverter sua direção, e dependendo do dia esses 4 passos são com barreiras, barreiras de blusas, calças e roupas íntimas no varal que fica bem acima de sua “pista”. Talvez a cena, tivesse um pouco mais de sentido se este dito edifício fosse localizado em uma avenida de tráfego intenso de veículos, ou em uma rua onde a calçada fosse exígua demais, ou em um bairro violento. Mas não, o edifício em questão defronta-se com uma praça pública com 400m de perímetro, praça esta que possui uma biblioteca, com excelente acervo, e posto policial em uma de suas esquinas. A corredora é só mais um exemplar, mais uma cidadã vítima da alienação da cidade. Temos espaços parcialmente públicos, mas é só isso, um espaço parcialmente público; Estes infelizmente, não recebem o tratamento urbanístico/ arquitetônico que contemple efetivamente uma vida pública, capaz de intensificar as relações interpessoais, de modo a propiciar mais segurança, e que ao mesmo tempo seduzam pela forma e tenham multiplicidade de atividades e usos.

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INTRODUÇÃO:


1 - P R E Â M B U L O :

1- Segundo pesquisa realizada pela rede social Facebook a partir de dados da consultoria comScore, os brasileiros ficam conectados em média 8 horas por mês na rede social. É o país com mais horas de acesso, enquanto a média mundial é de 6,3 horas. http://www1. folha.uol.com.br/mercado/1153943-brasileiro-gasta-8-horas-por-mes-no-facebook-e-supera-media-global.shtml. Acesso em 22/10/2012. 2- E.life: instituto que analisa os hábitos e comportamentos dos usuários nas mídias sociais, 2012. Página Inicial. Disponível em http://elife.com.br/. Acesso em 22/10/2012. 3- Segundo a pesquisa, os usuários da internet a acessam com o intuito de; manter contato com amigos e colegas; obter informações de interesse; conhecer pessoas; obter informações sobre lazer e entretenimento; passatempo e diversão; para fins profissionais; e para divulgar conteúdo próprio. “Estudo Hábitos”. Disponível em http:// elife.com.br/cadastropapers/?c=estudo-habitos-2012. Acesso em 22/10/2012. Id. ibid. 4- Id. ibid. 5- “Grande São Paulo tem alta prevalência de transtornos mentais” (CASTRO, Fabio de). Disponível em http://agencia.fapesp. br/15215. Acesso em 22/10/2012. 6- “Os condomínios empobrecem SP” – Matéria publicada em 05/05/2011. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/909279-os-condominios-empobrecem-spdiz-arquiteto-julio-katinsky.shtml. Acesso em 22/10/2012.

Em tempos de redes sociais virtuais, participações virtuais, relações virtuais, o espaço público parece perder parte de sua importância, significados, objetivos e funções. Analisando dados do Brasil e da cidade de São Paulo, os brasileiros são os que ficam maior tempo conectados às redes sociais¹, segundo pesquisa realizada pela E.life², os objetivos dos usuários nas redes são essencialmente os mesmos objetivos dos indivíduos em freqüentar espaços públicos, mais especificamente praças³. Em São Paulo são raros os casos de locais públicos que realmente servem à população e são adotados pela mesma. Limita-se o morador da cidade a ficar confinado em sua residência ou a espaços comerciais de tipo shopping-center, frequentemente identificados como os únicos espaços possíveis de permanência e convívio. Em pesquisa que avalia o índice de satisfação dos moradores da cidade, mais de 50% dos entrevistados queriam se mudar de São Paulo4. E segundo pesquisa realizada pela OMS a qual reuniu dados epidemiológicos de 24 países, a prevalência de transtornos mentais na metrópole paulista foi a mais alta registrada em todas as áreas pesquisadas, constatou-se que quase 30% possuem transtornos mentais5. O que pode estar relacionado com as características dos espaços constituintes da cidade, base das relações cotidianas. Relacionando os dados acima apresentados, o estudo dos espaços públicos se mostra de grande pertinência nos dias atuais, seja pela complexidade de atores e contextos formadores de uma realidade, a qual Bauman nomeia de “modernidade líquida”, ou seja pela carência dos espaços públicos, tanto em quantidade quanto qualidade. O arquiteto Julio Katinsky, curador da exposição “O Coração da Cidade - A Invenção do Espaço de Convivência”, afirma em entrevista ao jornal da folha que em São Paulo há poucos locais que favorecem o encontro entre as pessoas6. Reconhecendo essa carência, o plano estratégico para a cidade de São Paulo SP 2040 coloca como uma das propostas o aumento de espaços coletivos, que denomina de Projetos Catalisadores:

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“criação de parques e praças de vizinhança e convívio da população exatamente nas áreas onde são escassos – o objetivo é proporcionar a cada morador da cidade uma área verde distante 15 minutos a pé de sua casa.” (SP 2040, 2012. Disponível em http://sp2040.net.br/ sp2040/ proje tos-catalisa dores/. Acesso em 21/10/2012) Um dos aspectos importantes a considerar, por exemplo, é o papel desses espaços públicos em relação à sua utilização por crianças e seu aspecto formativo e educacional. Em sua tese de doutorado, Cláudia Oliveira apontou a carência de espaços públicos na cidade de São Paulo e buscou relacionar a disponibilidade e qualidade destes espaços com a formação das crianças, e conclui que em um ambiente urbano o espaço público se mostra fundamental para a formação das mesmas.

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“As crianças necessitam do espaço público próximo a suas casas, para poderem, a qualquer dia e hora, optar e realizar o lazer no seu tempo disponível e construir sua autonomia. Estes espaços precisam ser vivos e diversificados, melhorando a qualidade de vida na cidade” (OLIVEIRA, 2002, PP. 01).


É possível sintetizar algumas sentenças baseadas nos fatos acima apresentados: - Os brasileiros são os que ficam maior tempo conectado às redes sociais. - Os objetivos das pessoas em frequentar as redes sociais digitais, são exatamente os mesmos de uma pessoa em uma praça pública – principalmente antes da criação das redes sociais. - Na cidade de São Paulo há pouca oferta de espaços que favoreçam o encontro amistoso entre pessoas. E os poucos espaços existentes não tem a devida atenção por parte dos gestores públicos. - São Paulo é a cidade com maior prevalência de transtornos mentais de todos os países estudados pela OMS. - O índice de satisfação da cidade é baixíssimo, 1 em cada 2 moradores da cidade desejam se mudar da mesma.

7 -Por violência, fazer uso do conceito adotado por Angelo Bucci no livro São Paulo, razões da arquitetura: da dissolução dos edifícios e de como atravessar paredes.

Uma hipótese possível a partir da criação de uma relação entre os dados acima apresentados é que pela falta de espaços públicos de qualidade em São Paulo as pessoas refugiam-se nas redes sociais digitais, como forma de dar vazão às necessidades sociais iminentes ao homem, contudo, o espaço digital não substitui o físico e vice-versa. A cidade cria uma relação de violência7 com seus cidadãos, e torna legível esta relação nos violentados, seja pela alta prevalência de transtornos mentais, ou mais claramente pelo desejo dos mesmos em migrar de cidade. Em suma, a criação e requalificação de espaços públicos em são Paulo estão na ordem do dia, e se mostra evidente, pois até a população leiga em relação ao urbanismo sabe da importância e carência do mesmo na Cidade.

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8 - “A educação do Arquiteto é sobretudo a educação do olhar. Construir um olhar sensível e generosos é sempre a tarefa primordial (...). O projeto (expressão) é a resposta do olhar comovido (impressão).” Sant’anna apud. Guatelli, 2008: 6)

Sinteticamente à ultima escala possível, a pesquisa científica se propõe a responder problemáticas /questões, e para que haja sucesso nesta empreitada é necessário fragmentar, isolar e aumentar o foco sob a questão a qual se deseja estudar, obtendo desta forma respostas menos abertas, e por consequência, mais aceitáveis. No campo do projeto de arquitetura por sua vez, é buscado um olhar amplo8, capaz de enxergar a maior parte possível das problemáticas existentes em uma intervenção, onde o “desconsiderar” ou a negação de uma [existência] é sinal de um projeto autofágico e/ou imaturo. Desta forma, já é notória a existência da primeira problemática na concepção de um estudo em que é ao mesmo tempo um artigo científico e o estudo de um projeto em arquitetura. Neste contrassenso, se projetam dois percursos, com seus riscos agregados. Proponho-me a tornar as principais inquietações que pessoalmente surgiram no processo de projeto como objeto de estudo, reconhecendo, porém, a alta complexidade existente em uma intervenção arquitetônica, desde já desculpo-me por involuntárias representações superficiais.

9- Como por exemplo a recente revolução egípcia de 2011. A Praça Tahrir foi palco da manifestação de mais de um milhão de cidadãos.

Ao longo da história a praça tem sido tradicionalmente o ponto focal da vida na cidade, e fator definidor da identidade urbana. Palco de reinvindicações populares, e de revoluções9. E também atendendo ao polo oposto, lugar onde as crianças brincam e se desenvolvem como cidadãos, local de encontro da cidade, uma clareira urbana, onde mais claramente ocorre o exercício da democracia. Espaço cujo programa é comportar paradoxos.

2-PROBLEMATIZANDO A PROBLEMÁTICA:

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3.1- DA RELAÇÃO ENTRE OS OBJETOS DE PESQUISA/PROJETO:

Ao longo deste estudo ficará mais clara a relação entre os objetos foco da pesquisa e projeto. Além da consideração das pré-existências do local, onde basicamente mantenho a temática de praça e biblioteca, há também uma entidade que contamina todo estudo, e de certa forma é “indiretamente o objeto central”, que é a comunicação, a informação, a inter-relação.

ESPAÇO DIGITAL 17

PRAÇA PÚBLICA

COMUNICAÇÃO

ESPAÇO PÚBLICO

MIDIATECA


4- DO OBJETIVO DE P E S Q U I S A :

O objetivo da pesquisa é contribuir para a compreensão das articulações existentes entre os usos e atividades que se desenvolvem atualmente nos espaços públicos das cidades contemporâneas, relacionando-os aos elementos e às formas urbanísticas e arquitetônicas neles presentes, por meio do estudo da Praça Rotary, no Bairro de Vila Buarque, em São Paulo, com apoio na literatura recente sobre o tema. Pretende-se que os resultados da pesquisa contribuam para a elaboração de estratégias projetuais arquitetônico-urbanísticas voltadas para espaços públicos, e mais precisamente à praça em questão, que é objeto de projeto. Em uma segunda fase a pesquisa se propõe a estudar o local em suas diversas grandezas, como; história, constituintes geográficos, contexto construído, relações sociais existentes, dinâmica de fluxos e a percepção dos usuários da mesma.

5DO OBJETO DE P R O J E T O :

O objeto de projeto será a requalificação da Praça Rotary. Não se limitando à criação de um, ou outro edifício, mas sim realizando as ações julgadas necessárias para que o espaço se torne vibrante de vida pública, desejável e útil à cidade. O projeto busca ser referência para a intervenção em praças, não se limitando às legislações existentes à este tipo de projeto, que muitas vezes aparentam se opor à qualidade do espaço em si. Contudo, desejando se manter na linha da factibilidade.

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METODOLOGIA.E R E F E R E N CIAIS.TEÓRICOS

O método adotado para atingir os objetivos propostos consistiu em: LEVANTAMENTO E REVISÃO DA LITERATURA Levantamento e aprofundamento da compreensão da literatura, a saber, livros, periódicos e artigos científicos que envolvem os temas de espaço público, antropologia urbana, condição urbano-social da cidade de São Paulo, assim como sua história, praças e suas características morfológicas e de projeto arquitetônico-urbanístico. Será feita a identificação e discussão dos conceitos utilizados pelos diferentes autores. Segue a bibliografia estudada ao final deste trabalho. LEVANTAMENTO DE DADOS E INFORMAÇÕES O levantamento de dados e informações envolveu uma preparação inicial e um pré-teste dos métodos de levantamento e observação indicados principalmente por Low (2000), Whyte (1980) e Carr (1995). Envolveu ainda: Levantamento dos elementos arquitetônicos, paisagísticos e urbanísticos presentes na praça baseados nos estudos de Alex Sun (2008). Levantamento em 3d do entorno da praça: Exercício de compreensão e estudo dos limitantes físicos do entorno, traçado e topografia das ruas, relação dos vazios entre si e com a praça, gabarito predominante no entorno da praça, relação das fachadas e aberturas para a praça. Confecção de maquete física realizada por fresadora CNC: A partir do modelo 3d realizado foi confeccionada a maquete com o objetivo de materialização dos resultados obtidos, e para se tornar um objeto para constante estudo e verificação. Pesquisa e obtenção de cópia de arquivos de desenho da arquitetura da biblioteca existente e da praça, assim como documentos que datem as ampliações e alterações no desenho da mesma.

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Pesquisa de mapas históricos da região: Mapa da Capital da Província de São Paulo. Mapas da zona central de São Paulo de 1868, 1881, 1890, 1897. SARA Brasil. GEGRAN. Mapa das divisões de chácaras na região da Vila Buarque/ Higienópolis em 1880. Levantamento do histórico da vila Buarque, e do terreno onde está a praça Rotary: Pesquisa no livro “Higienópolis: Grandeza e decadência de um bairro paulistano”. Arquivos pertencentes à biblioteca Monteiro Lobato, contendo a história do equipamento. Contato com o grupo “Em busca da vila Buarque; Um retrato cultural”. Notícias do acervo histórico dos jornais Folha de S. Paulo, e o Estado de S. Paulo, relativas à suposta existência de um projeto para transformar a praça Rotary em um Centro de Artes, e a demolição do Teatro Leopoldo Fróes. Pesquisa da memória do local: Por meio de conversa com moradores antigos da região e entrevistas em vídeo já realizadas por outras pesquisas. 20

QUESTIONÁRIOS SEMIESTRUTURADOS PARA AS ENTREVISTAS COM: Diretora da biblioteca Monteiro Lobato, Sueli Nemen Rocha. Foram abordadas questões como: a programação cotidiana da biblioteca e praça e periodicidade dos mesmos, usos propostos e existentes. História da praça e biblioteca. Responsabilidade pela manutenção da praça, e como acontece na prática. Existência de projetos de requalificação para a Praça e biblioteca, e as barreiras que os mesmos encontram para a efetivação. Presidente da associação de amigos da Praça Rotary, José Carlos Luis. Foram abordadas questões como: a existência do gradeamento da praça e os motivos que levaram o isolamento da mesma, a existência do posto policial dentro da praça, história da implantação do mesmo, entraves burocráticos para uma melhor manutenção da praça e presença efetiva do estado.


Usuários da praça, questionário estruturado com as questões: Idade. Sexo. Profissão. Relação de proximidade com a praça (trabalho, escola, residência), e a que distância? Frequenta a biblioteca monteiro lobato? Quantas vezes já foi a mesma? E por quê? Que atividades poderia haver na praça de forma a torna-la mais interessante para você? Foi aplicada a pesquisa com cerca de 20 usuários, e continuará até atingir uma amostragem de 50 usuários. OBSERVAÇÃO PARTICIPATIVA Fotografia da praça em diversos dias e horários. Compreensão da dinâmica de usos e atividades presentes na praça diariamente, circulação de pessoas, e transportes nas ruas lindeiras e verificação da atratividade que o equipamento representa. Dinâmica de estacionamento no perímetro da mesma. Espaços nulos, não utilizados, ou não usáveis. Estacionamento interno à praça, ocupando área pública. Levantamentos empíricos em campo:- Registro de dinâmica de usos por meio de Tabela, sendo realizada em diversos dias e horários, onde se pretende atingir uma amostragem mínima de 100 leituras. O que possibilitará análises que conduzirão a um entendimento do público atual da praça, a dinâmica de ocupação da mesma em relação aos horários e dias da semana, assim como a dinâmica de uso do principal equipamento da mesma (quadra esportiva) e da Biblioteca Monteiro Lobato. Já foi realizado o teste da adequação da planilha aos seus objetivos e o resultado foi positivo.

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MANIFESTAÇÃO POPULAR NA PRAÇA TAHRIR, EGITO. FOI ALTERADO O REGIME POLÍTICO DE UM PA

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AÍS EM UMA PRAÇA. 2013. FONTE: HTTP://WWW.RCINET.CA/ARABE/ARCHIVES/CHRONIQUE

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CONCEITUAÇÃO:


1-A.PRAÇA.COMO INTEGRAL.REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO P Ú B L I C O

Para Sun Alex, uma praça pública deveria ser a última instância das diversas escalas entre o público e privado, um espaço ícone da possibilidade de acesso por todos. A palavra “público” indica que os locais que concretizam esse espaço são abertos e acessíveis, sem exceção, a todas as pessoas (ALEX, 2008). Segundo Herman Hertzberger, o espaço público é definido por uma área acessível a todos a qualquer momento, implicando, portanto em uma responsabilidade coletiva (HERTZBERGER,1999). Contudo, a grande maioria das praças e parques se encontram gradeados na grande São Paulo, com segregação de seus espaços e exiguidade de entradas que acabam limitando e desestimulando o acesso, e ainda o fechamento dos espaços em determinados horários. Os motivos apresentados para o isolamento de praças e parques em geral se baseiam na segurança do espaço, e na segregação de uso, afastando os indivíduos que Zigmunt Bauman chama de “supérfluos” - indivíduos que ficaram fora das classes, não desempenham nenhuma função aprovada, ou útil à sociedade, e que não contribuem para a vida social. Bauman cita uma tendência por parte da sociedade ao isolamento local e a abertura global, como uma forma equivocada de sensação de segurança (BAUMAN, 2009). Fenômenos análogos aos apontados por Bauman foram analisados por Caldeira (2000) tendo como referência a cidade de São Paulo. Em relação à vitalidade dos espaços públicos, Jan Gehl (2008) argumentou que a concentração de pessoas em um determinado local cria uma perspectiva de revitalização. William Whyte (1980) fez um estudo detalhado das atividades nos espaços públicos em cidades norte-americanas, estabelecendo uma metodologia de observação empírica sobre os usos desses espaços. Setha Low (2000) fez uma análise detalhada das praças parque central e Plaza de La Cultura em de San Jose, Costa Rica, iluminado diversos aspectos e significados dos usos dos espaços públicos. Para Carr (1995), a condição de acesso ao espaço público é a questão inicial para qualificar as possibilidades de uso do mesmo, e compreende a acessibilidade sendo possível em 3 níveis distintos; físico, visual, e social ou simbólico.

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2-MIDIATECA, PRODUTO DA COMUNICAÇÃO:

Simbolicamente o conceito de biblioteca surge do desejo ancestral de reunir o conhecimento e a memória universal. Segundo Umberto Eco as bibliotecas são “uma espécie de cérebro universal, onde podemos reaver o que esquecemos e o que ainda não sabemos”. Seria assim “a melhor imitação possível, por meios humanos, de uma mente divina, onde o universo inteiro é visto e compreendido ao mesmo tempo.” (ECO, 2003, p. 4) SÍNTESE HISTÓRICA: Para melhor compreensão das formatações do programa ao longo da história é possível dividi-la em cinco fases, sendo; período Paleolítico, Antiguidade Clássica, Idade Média, Idade Moderna e Contemporaneidade. Podemos atribuir a primeira biblioteca ao período paleolítico. O homem utiliza de maneiras de representações para conservar aquilo que lhe era necessário, expressava-se através de desenhos realizados no interior de cavernas, mostrando acontecimentos de seu cotidiano, ou incomuns. Mantendo desta forma o conceito de biblioteca, “comunicar e preservar informações às gerações futuras”. (DIAS, 2005)

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10 - Dados retirados da site da atual Biblioteca de Alexandria http://www.bibalex.org/ home/default_EN.aspx

Na Antiguidade Clássica - período compreendido entre o século VIII A.C ao sec. V D.C (ORTEGA, 2004) – ocorre o aperfeiçoamento das maneiras de registro e também dos locais que abrigariam os mesmos. Havia o mesmo objetivo dos homens primitivos, o de conservar o conhecimento adquirido na época. Inicialmente eram utilizadas tábuas de argila para suporte dos registros que eram feitos com escrita cuneiforme. Posteriormente, há um avanço em relação ao suporte, começaram a ser usados papiros e pergaminhos, e deste modo tem-se a necessidade de criação de um espaço de armazenagem. Diante dessa necessidade há a criação da biblioteca de uma forma mais próxima como conhecemos hoje. A biblioteca mais significativa e simbólica deste período é a Biblioteca de Alexandria no Egito, criada no sec. III A.C. Nela continha praticamente todo saber registrado da Antiguidade, possuindo cerca de 700.00 papiros e pergaminhos10.


No período da Idade Média há um retrocesso em relação ao acesso a informação. Todo o conhecimento produzido na Antiguidade e também o recém-adquiridos eram monopolizados pela igreja Católica (SIQUEIRA, 2010). Os manuscritos eram lidos copiados e ilustrados, um a um pelos monges. A principio toda a produção era mantida em mosteiros e conventos, restrito ao povo e até mesmo a alguns monges. No século X começam a aparecer paralelamente bibliotecas religiosas, universitárias, e particulares, pertencentes a reis e nobres, o que aumenta a demanda de livros e de artesões para copia-los. Na Renascença há importantes conquistas, e quebras de paradigmas em relação ao acesso à informação. Em 1455 foi inventada a prensa tipográfica por Gutenberg, o que possibilitou a produção de livros em série, acarretando em maior disseminação da informação e consequente estímulo para a alfabetização. Neste período as bibliotecas ganham autonomia como instituições, passando a ser símbolo do saber intelectual e do poder econômico e social. (SIQUEIRA, 2010) E no século XVII surgem as primeiras bibliotecas públicas, neste momento o espaço é interiormente redefinido de forma a possibilitar o acesso ao maior número de pessoas possível. Na contemporaneidade pode ser admitida uma terceira revolução na evolução do programa, o advento dos meios digitais, e da propagação via internet. O que simboliza de certa forma uma cisão com a dependência do espaço físico.Segundo Robert Darnton, um dos maiores historiadores contemporâneos, o espaço (na verdade, a falta de espaço) sempre foi um problema sério para os bibliotecários, e houve um momento em que alguns deles imaginaram que a solução para o crecente problema da falta de espaço sem suas prateleiras seria resolvido pela microfilmagem (e, mais recentemente pela digitalização) de livros, prateleiras e documentos antigos. A possibilidade de substituição do suporte tradicional em papel por microfilmes e arquivos digitais representaria uma transformação radical em nossa ideia de biblioteca. Nos Estados Unidos, ela chegou a ser vislumbrada, com o argumento de que o tempo de vida do papel era demasiadamente curto. Sob o pretexto de proteger a memória, biblio-

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tecas americanas teriam destruído cerca de um milhão de livros depois de microfilmá-los. Depois de muitos protestos, “o grande massacre do papel”, como Darton o chamou, teve fim, e hoje há uma consciência generalizada de que os novos suportes não vieram para substituir mas para somar-se ao suporte tradicional que é o papel.

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3-ACESSIBILIDADES: O acesso é fundamental para o uso e apropriação do espaço. Entrar no espaço é a condição inicial para poder utiliza-lo. Contudo a acessibilidade não se restringe a esfera física, e segundo Stephen Carr, pode ser classificada em três tipos de acesso; físico, visual, ou simbólico e social. O acesso físico diz respeito à existência de barreiras espaciais, desníveis, dimensões de entradas, percursos, a condição de travessia das ruas lindeiras, o paisagismo, entre outros. (ALEX, 2008) Acesso visual, ou visibilidade, define a qualidade do primeiro contato, a possibilidade de leitura do espaço, perceber e identificar possíveis ameaças a distância é um ato instintivo antes de se adentrar o local. É possível também colocar em pauta o quão atrativo visualmente o espaço é, afinal, se o espaço não exercer sedução sobre os usuários não há motivo para usa-lo. O acesso simbólico talvez seja o menos físico dos três tipos, no entanto, é tão presente quanto qualquer um deles. Diz respeito à o que os transeuntes aferem ao lerem o espaço. Refere-se à presença de sinais sutis ou ostensivos, que sugerem quem é e quem não é bem vindo ao lugar. De política de preços da região, tipos de comércio, atividades próximas, a presença ou não de porteiros e guardas na entrada, tipo e padrão da decoração. Tudo isso se apresenta como mensagem ao transeunte, que inconscientemente vai avaliar se o espaço é acessível por ele, ou não.

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4- SEGURANÇA E SENSAÇÃO DE SEGURANÇA:

Em Morte e Vida das Grandes Cidades Jane Jacobs trata extensivamente sobre a questão da segurança do local, de modo que o sucesso do espaço depende muito deste conceito. Quando se afirma que uma cidade ou parte dela é perigosa o que basicamente estamos querendo dizer é que as pessoas não se sentem seguras nas calçadas. “Não é preciso que tenha muitos casos de violência em uma rua, ou distrito para que as pessoas os temam. E quando temem as ruas, as pessoas as usam menos, o que torna as ruas ainda mais inseguras.” (JACOBS, 1966). Jacobs cita três características essenciais para que uma rua seja segura: “Primeira, deve ser nítida a separação entre o espaço público e o privado. O espaço público e o privado não podem misturar-se, como normalmente ocorre em subúrbios e conjuntos habitacionais.”

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“Segunda, devem existir olhos para a rua, os olhos daqueles que podemos chamar de proprietários naturais da rua. Os edifícios de uma rua preparada para receber estranhos e garantir a segurança tanto deles quanto dos moradores devem estar voltados para a rua. Eles não podem estar com os fundos ou um lado morto para a rua e deixa-la cega.” Trazendo a discussão iniciada em 1966 para os dias atuais da cidade de São Paulo, vemos que há muito a ser aprendido e aplicado. A questão do uso misto na cidade, comércio nos térreos, uma constatação recente do órgão legislador a respeito de seus benefícios, pra ser mais preciso no mandato atual iniciado em 2013. A criação de condomínios clubes que geram um grande muro para a calçada, e o edifício em si implantado distante do recuo. Um ato de violência contra a cidade, que sem dúvida expõe as casas, pequenos comércios da rua e principalmente os transeuntes da mesma. Há uma “lógica” existente na cidade que a entrega à violência, que a logra a inexistência de seus benefícios. Uma praça que é fechada das 23h às 6h, que possui apenas dois exíguos portões de acesso. Um bairro no centro da cidade a qual é recomendado não andar a pé por ele. Morar em um prédio e não criar nenhum vínculo social no mesmo, a ponte de nem ao menos saber o nome de um dos vizinhos, tudo a fim de se res-


guardar, afinal “o inferno são os outros”11. 11 - Célebre frase do sociólogo Jean-Paul Sartre.

Como terceira característica Jacobs cita a presença de usuários transitando ininterruptamente, tanto para aumentar os olhos atentos, quanto para dar motivo às pessoas que estão dentro dos prédios na rua a olharem das janelas. O movimento na rua estimula a observação por criar paisagens dinâmicas, na qual o ser humano é o agente principal. E continua seu raciocínio afirmando que é inútil tentar esquivar-se da questão da insegurança urbana tentando tornar mais seguros outros elementos da localidade, como pátios internos ou áreas de recreação cercadas. De forma geral parece que a solução é simples: “tentar dar segurança às ruas em que o espaço público seja inequivocamente público, fisicamente distinto do espaço privado e daquilo que nem espaço é, de modo que a área que necessita de vigilância tenha limites claros e praticáveis; assegurar que haja olhos atentos voltados para esses espaços públicos da rua o maior tempo possível”. Contudo, não é tão simples atingir estas metas, especialmente a última. Não se podem forçar as pessoas de utilizar a rua sem motivo, ou vigiar ruas que não querem vigiar. Em primeiro momento parece inconveniente delegar a vigilância também aos cidadãos, em vez de só a polícia. Contudo, a segurança da rua é mais eficaz dessa forma, mais informal e envolve menos traços de hostilidade e desconfiança exatamente quando as pessoas as utilizam e usufruem espontaneamente e estão menos conscientes, de maneira geral, que estão policiando. Em Confiança e Medo na Cidade, Bauman fala sobre o processo de abertura global através das redes sociais digitais, e isolamento local através dos condomínios, prédios-fortaleza, seguranças particulares como garantia de uma falsa segurança. O medo afasta, afasta de pessoas, de lugares, de situações, e principalmente do espaço público. Contudo, dos sofrimentos humanos, o medo em si, inclusive o medo de sofrer é o pior e mais penoso exemplo de sofrimento. (BAUMAN, 2005). Castel conclui que a insegurança moderna não deriva da perda de segurança, mas da “nebulosidade de seu objetivo”.

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“Em lugar de segregar, classificar, diferenciar os outros, trata-se de valorizar o espaço público como local em que se aprendem e praticam os costumes e as maneiras da vida urbana satisfatória, por que este espaço constitui o ponto crucial no qual nosso futuro é decidido neste exato momento.” – BAUMAN, 2005.

32 12 - “Pessoas que não somam a qualquer categoria social legítima, indivíduos que ficaram fora das classes, que não desempenham algumas das funções reconhecidas, aprovadas, úteis, ou melhor, indispensáveis, em geral realizadas pelos membros “normais” da sociedade; gente que não contribui para a vida social. A sociedade abriria mão deles de bom grado e teria tudo a ganhar se o fizesse.” BAUMAN, 2005.

A arquitetura do medo e da intimidação espalha-se pelos espaços públicos das cidades, transformando-a sem cessar – embora furtivamente – em áreas extremamente vigiadas, dia e noite. A inventividade não tem limites nesse campo. Podemos mencionar alguns aparatos, a maioria de origem norte-americana, mas que são amplamente imitados, “à prova de mendigos”: bancos em forma cilíndrica que contêm sistemas de irrigação, bancos estes colocados em parques de Los Angeles, ou sistemas de irrigação combinados a um ensurdecedor estrondo de música eletrônica, muito úteis para afastar desocupados e vagabundos. Há cidades que vão ainda mais longe e retiram bancos de muitos espaços públicos. (BAUMAN, 2005) Pessoalmente já presenciei diversas situações em que o objetivo – e parecia ser o único - era afastar os indivíduos a qual Bauman nomeia de supérfluos12, por exemplo, em uma grande avenida de um bairro de classe alta havia um comércio que duas vezes ao dia os funcionários passavam creolina na calçada para produzir forte odor e impedir que moradores de rua se deitassem sobre a mesma, o que de certa forma é um contrassenso, pois o forte odor do produto químico afastava não somente os mendigos, mas todos os transeuntes da área, inclusive potenciais clientes.


4 O F D

. 1 - E N S A I O .PROCESSO.D E U D A L I Z A Ç Ã A . C I D A D

: E O E

Estamos mudando de regime econômico, boa parte da cidade já participou da transição. Está sendo implantado o Neo-Feudalismo, os órgãos legisladores à tempo incentivam a transição, políticos, advogados, administradores, economistas... Todos apoiam e vivem o novo regime. Sabemos que há a existência de bárbaros na cidade, gente da pior espécie, ávidos a pilhar, matar e pedir esmolas. Portanto, criamos aparatos inspirados no período fantástico do feudalismo, marcado pela ignorância e pela existência das castas sociais. Construímos feudos, com altos muros, portões que só se abrem se um dos senhores feudais permitir, guardas para proteger a fortaleza de qualquer ameaça externa. Quanto mais central ao terreno o castelo for locado melhor é, poupa visualmente os nobres da barbárie que ronda às ruas. Nada diferente do regime inspirador, manso senhorial que se preze deve ficar no centro. E quando um dos senhores precisa sair de sua fortaleza ele faz uso de seu tanque de guerra com janelas fechadas e insulfilmadas, onde até o ar é passível de segregação, de posse. O tanque é acessado de dentro da fortaleza que abre sua comporta por uma fração de segundos para a saída do veículo bélico que logo encontrará seus similares, tanto quanto as estradas suportarem e ainda mais. Mas não se enganem há também diversão no feudo, temos áreas verdes inspiradas nos bosques feudais, áreas gourmet, quadras esportivas, piscinas, que nunca vai usar, mas é bom ter a sensação de posse. Tudo isso com o mínimo de interação social possível, depois de 10 anos habitando o feudo, provavelmente

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não saberá nem o nome dos vizinhos, muito menos terá uma conversa mais profunda do que as de elevador. E para manter em ordem todas estas repartições do feudo, temos servos, que limpam piscina, chão, abrem os portões, podam os arbustos, trocam luminárias, passeiam com nossos animais de estimação, limpam também internamente o castelo, da suíte à cozinha e até cuidam de nossos filhos. Sabemos que não dá certo simplesmente implantar uma ideia de outro período e país, temos de ter as adaptações à cultura local, e como herança de nosso passado colonial temos nossos “Personal Slaves”. Que ao adentrar ao feudo às 7h da manhã magicamente se transformam dos bárbaros que transitam pelas ruas a servos e já não há mais perigo.

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Esqueça a corveia, talha banalidade, censo, tostão de Pedro, nós simplificamos toda essa burocracia de impostos, e substituímos por um único, chamado de “condomínio”. Ainda mais que há tantos impostos fora do feudo à pagar.

PRÓPRIA AUTORIA


5 - A T R A Ç Ã O . D E U S U Á R I O S . A I N T E R V E N Ç Ã O :

13 - O caso da Cidade Tiradentes na extrema Zona Leste da Cidade de São Paulo. Quase 40 mil apartamentos populares isolados de qualquer centro urbano. Segundo Raquel Rolnik, “... o caso de Cidade Tiradentes é uma situação extrema. Mas, infelizmente, este continua sendo o modelo que tem caracterizado a produção habitacional popular em todo o país. O resultado, como não podia deixar de ser, é absolutamente perverso: “favelização”, formação de guetos e reforço do apartheid social.”

14- O caso da ampliação de faixas na Marginal Tietê em 2010, iniciativa que chegou a custar 1,75 bilhão aos cofres públicos, e em menos de 3 meses de concluída a obra, a avenida voltou a operar com congestionamentos. Dados de 2012 revelam que o índice de congestionamento já superava o anterior à obra.

O espaço precisa ser bonito, e sedutor para que haja usuários no mesmo. Ninguém deseja frequentar lugares tediosos, vulgares ou/e desprovidos de beleza. Propositadamente as afirmações realizadas se encontram no senso-comum, não há novidade em nenhuma parte delas. Contudo, a obviedade destas afirmações talvez sejam inversamente proporcionais às suas aplicações, e isto por motivos diversos. Ao longo do texto serão abordados alguns. No Brasil há uma cultura de desdém do poder público em relação às obras públicas, e é possível fazer esta afirmação concretamente sabendo que o processo seletivo para a contratação de uma construtora e até projetos de arquitetura na maior parte das vezes baseia-se única e exclusivamente na politica de menor preço. O que com frequência geram resultados deficientes. Sem dúvida o dinheiro público deve ser bem gerido e criteriosamente aplicado, e exatamente por estes motivos que a singular política do “menor preço” se apresenta ineficaz, pois comumente empresas que não estão preparadas e não possuem a real qualificação necessária são contratadas, e não conseguem concluir a obra em um prazo aceitável, com a qualidade mínima exigida, usando dos meios e formas procedimentais adequadas, o que resulta em mau uso do erário público, pois quando o objetivo central da intervenção não é atingido satisfatoriamente, de forma que a finalidade e interesse social não foram alcançados há, forçosamente, um esvaziamento da iniciativa, calcado em má gestão, desperdício de empenho pecuniário e desrespeito frontal ao principio da eficiência, que deve regrar a administração pública. Á exemplo: Habitações sociais que se transformam em guetos13, praças e parques públicos que não atraem a população, ampliações viárias que não suportam o mínimo de tempo desejado14. Fora o já citado, há também o agravante da corrupção, que parece estar sempre no cerne das iniciativas de obras públicas no país. Outro ponto é a criação de uma arquitetura corporativista e autofágica, que se perde em seus discursos conceituais e divagações teóricas, que nascem e terminam dentro de discussões arquitetônico-artísticas elitistas. Que em seu resultado final nada tem de atrativo à população geral, mais

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se assemelha a um jogo que se utiliza da linguagem corporativista, jogo este financiado com erário público. Há de ser feita a diferenciação entre arte e arquitetura – que também é arte, mas não é exclusivamente um objeto artístico, pois desta forma deixa de cumprir suas funções, que no caso da arquitetura, são muitas.

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6- SOBRE A CONSERVAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO: TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS15

15 - Pesquisa realizada em: http://www. princeton.edu/~achaney/tmve/wiki100k/ docs/Fixing_Broken_Windows.html. Acessado em 05/11/2013.

A deterioração da paisagem urbana é lida como ausência dos poderes públicos e a inexistência de indivíduos ou organizações que se importem com local/objeto em questão, portanto enfraquece os controles impostos pela comunidade, aumenta a insegurança coletiva e convida à prática de crimes. Em 1982, o cientista político James Q. Wilson e o psicólogo criminologista George Kelling, americanos, publicaram um estudo na revista Atlantic Monthly, estabelecendo, pela primeira vez, uma relação de causalidade entre desordem e criminalidade. Nesse estudo, utilizaram os autores da imagem das janelas quebradas para explicar como a desordem e a criminalidade poderiam, aos poucos, infiltrar-se na comunidade, causando a sua decadência e a consequente queda da qualidade de vida. O estudo realizado pelos criminologistas teve por base uma experiência executada por um psicólogo americano, Philip Zimbardo. Philip deixou um carro estacionado em um bairro de classe alta na cidade de Palo Alto, Califórnia. Na primeira semana, o veículo permaneceu intacto. Contudo, após ter uma de suas janelas quebradas, após poucas horas o


16- Tolerância Zero. Nos anos 70 e 80 a criminalidade em Nova Iorque teve um crescimento lento e constante, em virtude da tolerância aos pequenos ilícitos. Criminosos que cometiam pequenos delitos não eram punidos e o número de “gangues” e criminosos só aumentava. Em 1993, Rudolf Giuliano venceu a disputa para prefeito de Nova York, trazendo para a polícia Willian Bratton. Bratton foi encarregado de solucionar o problema do metrô de Nova Iorque. Ao proceder a uma análise da situação, logo percebeu que haviam janelas quebradas. Bratton encontrou dificuldade para colocar em prática sua política criminal, pois os policiais estavam mais voltados ao combate à macro-criminalidade (homicídios, estupros, etc.). Após suplantar esse obstáculo, finalmente implantou e começou a aplicar a “Broken Windows Theory”. Em poucos meses o Comissário e sua equipe conseguiram equacionar o problema do metrô. Se havia alguma janela quebrada, logo era consertada. Desordeiros que pulavam a catraca, para evadir-se ao pagamento do ingresso, eram repreendidos. Os mendigos eram conduzidos a abrigos. Os pichadores eram presos e o rabisco, logo apagado. Solucionado o problema do metrô, era a vez de recuperar as ruas de NI. Em apertada síntese, o resultado da aplicação da “Broken Windows Theory” foi a redução, de forma satisfatória, da criminalidade em NI, que, se era em um passado próximo conhecida como a capital do crime, é seguramente, hoje, a cidade mais segura dos Estados Unidos. (ANDRADE, 2011)

automóvel estava completamente danificado, tendo sido furtado depois por marginais locais. Nesse cenário, ampliando a análise situacional, se uma janela de uma fábrica ou escritório fosse quebrada e não fosse, logo que possível, consertada, quem por ali passasse e se deparasse com a cena logo iria concluir que ninguém se importava com a situação e que naquela localidade não havia autoridade responsável pela manutenção da ordem. Como consequência, moradores que se preocupam com a qualidade de vida deixariam aquela comunidade, relegando o bairro à mercê de desordeiros, pois apenas pessoas desocupadas ou imprudentes se sentiriam à vontade para residir em uma rua cuja decadência se torna evidente. Pequenas desordens levariam a grandes desordens e, posteriormente, ao crime. Define-se um novo marco no estudo da criminalidade, pois aponta o estudo que a relação de causalidade entre a criminalidade e outros fatores sociais, tais como a pobreza ou a “segregação racial” é menos importante do que a relação entre a desordem e a criminalidade. Não seriam somente fatores ambientais (mesológicos) ou pessoais (biológicos) que teriam influência na formação da personalidade criminosa, contrariando os estudos da criminologia clássica. Nas últimas três décadas a criminalidade nos EUA atingiu níveis alarmantes, preocupando a população e as autoridades americanas, principalmente os responsáveis pela segurança pública. Nesse diapasão, foi implementada a Política Criminal de Tolerância Zero16, que seguia os fundamentos da “Teoria das Janelas Quebradas”.

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6.1-EXPERIMENTOS SOCIAIS EM ESPAÇOS PÚBLICOS:

Um grupo de holandeses da Universidade de Groningen publicou um estudo na revista “Science”, que esclarece os pontos obscuros da “teoria das Janelas Quebradas”. O primeiro experimento foi realizado num estacionamento para bicicletas, numa área de compras da cidade de Groningen. Para simular ordem, os pesquisadores limparam a área e colocaram um aviso bem visível de que era proibido grafitar. Para a desordem, grafitaram as paredes da mesma área, apesar do aviso para não fazê-lo. A grafitagem constava apenas de rabiscos mal feitos, para evitar confusão com arte. Em ambas situações, penduraram um panfleto inútil nos guidões das bicicletas, de modo que precisasse ser retirado pelo ciclista antes de partir. Não havia lixeiras no local. Na situação ordeira, sem grafite, 77% dos ciclistas levaram o panfleto embora. Na presença do grafite, apenas 31% o fizeram; os demais jogaram-no no chão.

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Uma segunda experiência foi realizada no estacionamento de um supermercado. No portão em que as pessoas normalmente entravam para buscar o carro, foi colocada uma cerca com uma abertura de 50 cm. Nela, foram afixados um aviso para andar 200 metros a fim de alcançar um portão alternativo e outro que proibia amarrar bicicletas na cerca. Na condição de ordem, quatro bicicletas foram estacionadas a um metro da cerca; na de desordem, as quatro foram acorrentadas a ela. Na ordem, 27% das pessoas entraram pelo portão proibido; na desordem, 82%. No terceiro estudo, também conduzido no estacionamento de um supermercado, foi colocado um aviso para devolver o carrinho de compras num determinado lugar, depois de descarregá-lo no porta-malas. Ao mesmo tempo, foram pendurados os panfletos inúteis na parte externa do para-brisa. Para simular ordem, nenhum carrinho foi deixado à vista; na situação de desordem, quatro deles ficaram expostos. Quando havia ordem, 30% dos motoristas atiraram o panfleto no chão, atitude tomada por 58% dos


que encontraram os carrinhos abandonados. O quarto estudo se baseou numa lei holandesa que proíbe fogos de artifício nas semanas que antecedem o Ano Novo, contravenção punida com multa de 60 euros. O cenário foi um abrigo de bicicletas junto a uma estação de trens. O mesmo panfleto dos experimentos anteriores foi pendurado nos guidões. A situação de desordem foi representada pelo espocar distante dos fogos no momento em que o ciclista chegava para retirar a bicicleta; a de ordem, pelo silêncio. No silêncio, 52% jogaram os panfletos na rua; ao ouvir os fogos proibidos o número aumentou para 80%. Nos estudos cinco e seis, foi testada a tentação para roubar. Numa caixa de correio da rua, foi colocado um envelope parcialmente preso à boca da caixa (como se tivesse deixado de cair para dentro dela), com uma nota de 5 euros em seu interior, bem visível para os transeuntes. Na situação ordeira, a caixa estava sem pichação e sem lixo em volta. Numa das condições de desordem estava grafitada; na outra, sem pichação, mas com lixo ao redor. Dos transeuntes que passaram diante da caixa sem pichação nem lixo, 13% roubaram o dinheiro. Esse número aumentou para 27% quando havia pichação e para 25%, quando havia apenas lixo ao redor.

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6.2 - O CASO DO SESC E METRO DE SP:

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Trazendo a discussão sobre uso e conservação do espaço público à cidade de São Paulo, acredito que existem dois exemplos de espaços públicos bem utilizados e mantidos pela instituição e também pelos usuários, contudo, é interessante antes de comentar sobre os casos específicos, entender a complexidade de uma intervenção arquitetônico-urbanística na Cidade de São Paulo. Angelo Bucci em seu livro “São Paulo, razões de arquitetura” afirma que a violência na cidade de São Paulo atua como norma no ambiente urbano. E prova sua afirmação baseando-se no fato de que a cidade cobra em vidas a sua existência, vidas estas perdidas na quantidade de horas diárias no transito, na quantidade de homicídios, suicídios, mortes infantis precoces que na maioria dos casos devem-se a desigualdade social e a falta de acesso a recursos básicos. Assim como a corrupção, que usurpa a oportunidade de aplicação destes recursos em pró da população, e diretamente ou indiretamente vidas são roubadas. Essas ações implicam na cristalização da violência na construção do espaço urbano. “A violência permeia imperceptivelmente os hábitos e costumes, ou seja, o nosso modo de vida na cidade. A questão é que por um processo de inversão de valores – e da própria razão [...]– a violência passa a atuar como norma: estabelece parâmetros, que por sua vez se desdobram em normas de conduta que pautam as nossas ações no espaço urbano. [...] Tal inversão de valores coloca em crise a própria ideia de cidade como instituição, ou como acordo ético travado entre seus habitantes e que deveria ser expresso nas regras que regem nosso convívio. Aquele acordo deixa de prevalecer para ser, paulatinamente, substituído por uma falta: a ausência de acordos e regras que caracteriza o quadro em que a violência urbana se alastra.” “A crise na ideia de cidade põe em crise o propósito da arquitetura” E continua seu raciocino com a questão: “Como propor projetos em uma cidade que parece já ter perdido o sentido?”.


Tendo em vista a complexa condição urbana e social da cidade, apresento duas das existentes exceções tratando de espaços públicos em São Paulo: O METRÔ DE SÃO PAULO: Há alguns anos atrás, quando residia na zona oeste de São Paulo e fazia uso de trem e metrô diariamente, havia uma dinâmica curiosa percebida por todos os usuários. O trem era conhecido por seu ambiente selvagem, pela quase inexistência de regras de utilização. As janelas acrílicas eram riscadas, as paredes pixadas, o chão era utilizado como lixeira, com papéis e embalagens diversas. No entanto, a desordem não operava somente no ambiente, mas também e principalmente nas relações entre os usuários, havia furtos, discussões, abusos de mulheres, e até mesmos as conversas não tinham o mínimo de preocupação quanto ao volume ou conteúdo exposto aos demais usuários. E o metrô por sua vez, era conhecido pela civilidade, e pelo bom uso do equipamento, sendo que as situações de desordem presentes no trem quase que inexistiam no metrô. Não havia pichações, a limpeza tanto do veículo quanto da estação era sempre impecável e por mais que o veículo estivesse cheio havia um “contrato no inconsciente coletivo” sobre como se comportar de modo a respeitar o espaço do próximo. O ponto curioso da situação era que; a grande maioria dos usuários de trem eram os mesmos do metrô. As próprias pessoas que tinham comportamentos selvagens no trem, ao descer do mesmo e fazer a baldeação para o metrô milagrosamente comportavam-se como cidadãos civilizados. O metrô de São Paulo com todas as carências e problemas da cidade, é exemplo de qualidade e eficiência de serviço até mesmo a muitos países desenvolvidos. Possui manutenção e limpeza contínua, há funcionários bem treinados responsáveis pela segurança, informação e auxílio no embarque, e no serviço oferecido em si é perceptivelmente buscada a excelência. No caso dos trens não havia manutenção com uma constância minimamente desejada, as peças danificadas ou depredadas não eram

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arrumadas ou trocadas, eram comuns problemas técnicos nos veículos a ponto de deixa-los inoperantes entre as estações, os funcionários eram desmotivados, não prestavam satisfatoriamente o objetivo a qual foram atribuídos, talvez por todo o contexto do ambiente em si, ou por outros fatores internos à empresa. A conclusão dos motivos a esta curiosa dinâmica são explicados pela “teoria das janelas quebradas” e empiricamente aferidos nos experimentos sociais acima apresentados. O SESC: O SESC - Serviço Social do Comércio – apesar de ser um equipamento privado mantido pelos empresários do comércio de bens e serviços, recebe estímulo do governo já que há abatimento nos impostos da empresa que colabora com a entidade. E a grande maioria dos serviços oferecidos são abertos a sociedade em geral, então, para efeito prático, vamos considera-lo um equipamento público. Por mais que esse “detalhe” possa fazer toda a diferença. 42

17 - Site acessado em 05/06/2013 - http:// www.sesc.com.br/portal/sesc/o_sesc/

“Educação, Saúde, Cultura e Lazer são as áreas de atuação do Sesc que chamamos de Programas. Dentro desses quatro Programas existem diversos projetos e ações, desenvolvidos pelo Departamento Nacional, executados pelos Departamentos Regionais e suas unidades, de acordo com a realidade local de cada um. Com ações abrangentes a todas as faixas etárias e infraestrutura que contempla suas áreas de atuação, o Sesc tem como principal marca a responsabilidade social. Oferece programas de saúde e educação ambiental, turismo social, programas especiais para crianças e terceira idade, projetos de combate à fome e ao desperdício de alimentos, de inclusão digital e muitos outros.” Texto retirado do site da entidade17. Adicionando informação ao texto acima citado, o SESC é um equipamento de excelência no país, só no estado de São Paulo conta com 31 unidades, as programações são de altíssima qualidade cultural e de infraestrutura. Os funcionários são contratados dentro de um rigoroso processo seletivo e são visualmente motivados e valorizados, o que trona


a relação usuário-funcionário agradável. A concepção do edifício em si sempre é objeto de concurso, garantindo a qualidade do espaço e prioridade ao melhor projeto dentro das especificações pré-estabelecidas no edital. Operando dentro de uma cidade que tem a violência como norma, há um equipamento que atende todas as classes sociais, e todas realmente a frequentam em uma relação horizontal e indiscriminada, o equipamento se mantêm em perfeitas condições de ordem, limpeza e qualidade de programas. Após estes dois exemplos de equipamentos na cidade que atuam com sucesso é possível visualizar a aplicação da “teoria das janelas quebradas” na cidade de São Paulo, e concluir que a sociedade respeita equipamentos que operam em padrão de excelência.

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HISTÓRICO.DA.ÁREA:


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Historicamente a cidade de São Paulo iniciou seu processo de ocupação urbana na colina entre o vale do Anhangabaú e do Tamanduateí, formando o triângulo histórico delimitado pelas ruas Direita, São Bento e XV de Novembro, e nas últimas três décadas do séc. XVIII a região foi perdendo sua função residencial e concentrando atividades de comércio, administrativas, religiosas e de lazer, onde os antigos moradores da região proporcionalmente iniciam um processo de ocupação sentido oeste da cidade, principalmente formando chácaras, sítios e fazendas, e os viadutos tornam esta separação geográfica de usos viável, sendo o primeiro deles o viaduto do Chá, inaugurado em 1892. Neste período de 1875 a 1900 a cidade teve um crescimento populacional como nunca na história da mesma, de 28.000 habitantes passou a 200.000 em fração de 25 anos, a maioria da população era composta de imigrantes que serviriam de mão de obra não só para a lavoura como também a indústria incipiente. A elite paulistana ocuparia gradativamente a zona oeste da cidade, pas-


sando pela região da Luz, Santa Ifigênia, Campos Elíseos até a Barra funda, onde em 1891 foi fundada a chácara Carvalho. Depois, evitando os terrenos da várzea do rio Tietê, partiu a burguesia rumo ao Oeste, subindo as vertentes do espigão mestre – hoje av. Paulista – em direção ao Rio Pinheiros, enquanto nas áreas mais baixas do espigão, antigas chácaras davam lugar a bairros médios como a Consolação, Santa Cecília, Vila Buarque, e Liberdade. 18 - Vide mapa da separação das propriedades de chácaras de Higienópolis e Vila Buarque. Fonte: (HOMEM, 1980, p. 56).

A área que abrange a Praça Rotary pertencia ao Dr. Rego Freitas18 (antiga chácara Marechal Arouche Randon), área que receberia em meados de 1880 o hospital Santa Casa mediante doação do Dr. Rego Freitas, que o fez com a intenção de trazer a “atração do progresso para o Bairro”, e desta forma agregar valor a sua gleba. Contudo, o fator mais importante para a promoção da área foi a mudança de Dona Veridiana para a Rua Higienópolis (antiga Rua Pacaembu). Dona Veridiana gozava de grande prestígio social, vinha de família abastada e de grande atividade no mundo econômico e político. A “Vila Maria” como ficou conhecida a chácara

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de D. Veridiana era frequentada por artistas, políticos, figuras importantes da época, onde até o Imperador D. Pedro II a visitou. Prova de seu simbolismo de presença no local que duas das ruas que possibilitavam acesso a chácara receberam seu nome (as atuais, rua Dona Veridiana e Rua Higienópolis).

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19 - Não necessariamente um fato urbano se restringe a um elemento físico: podem ser simplesmente “lugares” dotados de um valor simbólico próprio: “o fato urbano, de fato, apresenta uma qualidade específica sua, que é dada principalmente pela sua persistência em um lugar, da capacidade de desenvolver uma ação precisa, da sua individualidade”. Mas não só: eles podem ser reencontrados também no “plano” da cidade: “afirmo agora – acrescenta Rossi – que considero o plano um elemento primário, da mesma forma que um templo ou um forte”.Rossi – que considero o plano um elemento primário, da mesma forma que um templo ou um forte”. 20- Dados encontrados no site da instituição, acessado em 02/10/2013 - http://www. mackenzie.br/historia_mackenzie.html

21- Dados encontrados no site da instituição, acessado em 02/10/2013 - http://www. santacasasp.org.br/portal/site/quemsomos/ historico

22- http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ leaoserva/2013/10/1352755-algumas-novasconsideracoes-sobre-o-minhocao.shtml

É importante ressaltar a enorme influência na história que alguns equipamentos exerceram na região, que podem ser conceitualmente entendidos como “fato urbano”19, termo primariamente empregado por Aldo Rossi, podendo caracteriza-lo como elemento gerador e formativo da estrutura urbana de um determinado período histórico. A partir do estudo da história e simbolismo da região é possível elencar os fatos urbanos da mesma. Como já citado anteriormente a Chácara de D. Veridiana é de extrema importância para a promoção e simbolismo da região em sua gênese. A escola Americana – que viria a ser a Universidade Mackenzie – foi percursora de ocupação da região, datando de 1870 sua implantação no local, implantação esta proporcionada pela doação de cerca de 27.000 m² de área à Igreja Presbiteriana por D. Maria Antônia. Hoje a instituição possui 40 mil estudantes20, o que juntamente com o hospital Santa Casa de Misericórdia define o macro fluxo da região. A Irmandade Santa Casa de Misericórdia se instalou na região em 1884, por meio de doação do Dr. Rêgo Freitas, proprietário vigente da Chácara na área onde hoje é a Vila Buarque, o hospital registrou no ano de 2012 um número de 1.817.237 atendimentos de emergência, 5.776.728 exames, entre outros, a entidade possui 13.000 funcionários entre médicos e ajudantes gerais21. De forma que é possível visualizar o protagonismo que a instituição juntamente com o Mackenzie exerce no local. Dentre os fatos urbanos citados, talvez o que tenha a maior presença simbólica e política no local seja um elemento que nem ao menos é um edifício, e, no entanto é extremamente determinista do contexto imediato e também indireto. O fato urbano em questão é o elevado Costa e Silva22, mais conhecido como “minhocão”, sua história tem inicio no ano de 1949 quando o então prefeito paulistano Linneu Prestes contrata o urbanista norte-americano Robert Moses, influente criador de planos viários para grandes cidades, especialmente em Nova York, Moses hoje é conhecido


na história como o grande criador de atrocidades contra a cidade. A essência de seus projetos era baseada na extrema priorização do transporte individual, a ponto de ignorar a escala do pedestre, a escala humana. Podemos dizer que a grande maioria de críticas que Jane Jacobs produziu ao modelo urbanista vigente eram exatamente obras e ideias de Moses, a quem fazia declarada oposição. Retornando à história do minhocão, dentro do planejamento realizado por Moses, havia a criação de uma via expressa de ligação leste-oeste da cidade que para realiza-la no nível do chão seria preciso fazer inúmeras indenizações o que se mostrou inviável economicamente já que a área era bastante valorizada. No ano de 1965, mandato do prefeito Faria Lima, os técnicos da prefeitura propuseram a via elevada de forma a evitar indenizações, mas temendo baixa popularidade o projeto foi engavetado. Em meados de regime autoritário, onde não havia consulta pública, ou temor de impopularidade, afinal os cargos de prefeito eram frutos de indicação, o jovem prefeito Maluf realizou a obra recusada pelo seu antecessor em apenas onze meses. No momento em que foi construído já não havia qualquer estudo de demanda viária que justificasse a obra. E mal construído já havia propostas de demolição do mesmo que persistem até hoje (SERVA, 2013). Mas o que mais importa ressaltar foi seu impacto degradante na região, de forma a se tornar um referencial de lugar ruim para se estar ou morar. A Vila Buarque tem seu inicio com a venda da chácara que fora do general Arouche Rondon pelos herdeiros de Antônio Pinto do Rego Freitas por volta de 1893, para Empresa de Obras Brasil, cujos sócios eram o senador Rodolpho Miranda e o engenheiro Manoel Buarque de Macedo; a gleba foi arruada, dando origem à formação da “Vila Buarque”. A quadra que hoje está implantada a Praça Rotary e a biblioteca Monteiro Lobato, era de propriedade do Senador Rodolfo Miranda que possuía um palacete e jardim que ocupava a metade oeste da quadra, e a porção restante tinha sua ocupação por pequenos sobrados. No ano de 1945 a prefeitura adquiriu a quadra em vista a implantação de uma biblioteca infanto juvenil que já estava em funcionamento desde 1936 na rua Major Sertório n° 638. De 1945 à dezembro de 1950 a biblioteca esteve em funcionamento na antiga residência do Senador Rodolfo Miranda até a

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23- Informação adquirida no site Cine Mafalda acessado em 20/06/2013. 24- O Quartier Latin é uma área que fica no 5º arrondissement e em parte do 6º bairro de Paris, na França, na margem esquerda (sul) do Rio Sena, em torno da Universidade de Sorbonne.É conhecido pelo seu ambiente animado, pela alta concentração de universidades, como a École Normale Supérieure, a École des Mines de Paris, e os Jussieu campus universitário, há também grande quantidade de bistrôs, e também é conhecido por ter reunido muitos artistas e escritores em sua história.

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inauguração da nova edificação que abrigaria a biblioteca fosse concluída. A antiga residência foi demolida no mesmo ano, dando lugar ao Teatro Leopoldo Fróes, que possuía 65023 lugares e foi no seu tempo um marco cultural para a região que já possuía o título de “Quartier Latin”24 paulista, por motivo da concentração de artistas/ músicos, eventos culturais e universidades. Contudo, teve suas atividades encerradas em 1973, quando foi demolido por uma promessa do governo em construir um “Complexo Cultural” com diversos equipamentos, e com prazo de obra de apenas um ano, mas como podemos verificar atualmente, apenas foi substituído por uma quadra de esportes. O trecho abaixo é retirado de notícia publicada no Jornal “O Estado de S. Paulo” do dia 16 de Junho de 1973 – pg. 7. “Centro de arte em São Paulo - A prefeitura vai construir um Centro de Arte – com uma escola de grau médio, escola de música, de bailados, musicoteca e um teatro – no local onde hoje funciona o teatro Leopoldo Fróes, na Vila Buarque, que será demolido. Orçado em 10 milhões de cruzeiros, esse centro deverá ficar pronto em um ano. Foi planejado por 11 técnicos de diferentes setores, que fizeram os projetos de acústica, cenotécnica, concretagem hidráulica, segurança contra incêndio e outros pormenores integrados ao projeto arquitetônico. O prédio, em forma circular, terá cinco andares. No subsolo será instalado o fosso da orquestra, o porão do palco de teatro, equipamentos de ar condicionado, depósitos e camarins. No andar térreo, serão instaladas a musicoteca, onde o público poderá consultar partituras, e a fitoteca, onde poderá ouvir músicas. Ambas funcionarão de forma integrada para que o interessado possa ler a partitura ao mesmo tempo em que ouve por fones individuais.


Terá ainda uma plateia semi-circular para 240 pessoas e o fosso da orquestra comportará 60 figurantes, além da ala para o coral de 60 pessoas. A frente do teatro ficará para a rua General Jardim e pela rua Major Sertório haverá acesso para os alunos. A concorrência deverá ser publicada dentro de um mês. No mezanino funcionará a escola de grau médio, com seis salas para 60 alunos cada uma. No primeiro andar, será instalada a escola de música, com 15 salas e várias outras para a prática de instrumentos de percussão e de pequenos conjuntos e um anfiteatro para treinamento do coral e de ensaios de música de câmara, além de oficinas para o conserto dos instrumentos de corda, estúdio de gravação e um salão para a Orquestra Sinfônica Jovem Municipal. Todas as salas terão tratamento acústico especial. No segundo andar funcionará a escola de bailados, com cinco salões de aulas, com capacidade para 30 alunos.” No entanto, moradores da região e a própria situação de implantação da área, assim como a proximidade de alguns equipamentos formadores de posição política, contam os reais motivos da demolição do teatro. O ano é 1973, auge da ditadura militar instaurada em 1964, e levada às últimas consequências em 1968, ano de implantação do AI5, o teatro Leopoldo Fróes, assim como a praça distanciavam-se apenas duas quadras da USP e da Universidade Mackenzie, e ficavam a menos de 20 metros da FESPESP (faculdade de sociologia e política), neste período as universidades estavam sob intensa vigia da ditadura militar, que por vezes infiltravam investigadores nas salas de aula, as mesmas estavam proibidas de discussões políticas, principalmente as tendenciosas à esquerda, e por o Teatro Leopoldo Fróes estar desvencilhado fisicamente de qualquer instituição, pois era um equipamento “solto” em uma praça pública, era um ambiente que propiciava e sediava reuniões de grupos da esquerda política, portanto, um equipamento indesejável à ditadura vigente.

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O atual edifício da Biblioteca Monteiro Lobato (nome batizado em 1955 em homenagem ao escritor) é de autoria do arquiteto William Hentz Gorham que na época pertencia a Divisão de Arquitetura da prefeitura de São Paulo. O edifício existente da Biblioteca Monteiro Lobato possui 2.334 m² de área construída, e a praça possui 6.710 m² (o restante da quadra). A biblioteca já passou por diversas reformas e ampliações. Sendo as reformas/ ampliações mais notáveis em 1975, 1988 e em 2000. O gradeamento da praça data de 1985, fazendo parte de uma politica da prefeitura em relação aos parques e praças da cidade. Na região em sua situação natural havia o córrego Anhanguera, que pela sobreposição de mapas históricos com a malha viária atual, é possível constatar que o mesmo passava na quadra onde hoje está localizada a Praça Rotary. Apoiado em tese realizada pela arquiteta Maria João Figueiredo. 52

PERSPECTIVA - PROJETO DO ATUAL EDIFÍCIO DA BIBLIOTECA MONTEIRO LOBATO FONTE: ARQUIVO FÍSICO DA BIBLIOTECA


INAUGURAÇÃO DO PRIMEIRO EDIFÍCIO DA BIBLIOTECA MONTEIRO LOBATO - 1936 (MÁRIO DE ANDRADE AO CENTRO) FONTE: ARQUIVO FÍSICO DA BIBLIOTECA

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PRIMEIRO EDIFÍCIO DA BIBLIOTECA MONTEIRO LOBATO - 1936 RUA MAJOR SERTÓRIO, 632 FONTE: ARQUIVO FÍSICO DA BIBLIOTECA


PALACETE DO SENADOR RODOLPHO MIRANDA (INTERNO À PRAÇA) - 1946 FONTE: ARQUIVO FÍSICO DA BIBLIOTECA

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PALACETE DO SENADOR RODOLPHO MIRANDA (INTERNO À PRAÇA) - 1946 FONTE: ARQUIVO FÍSICO DA BIBLIOTECA


ATUAL EDIFÍCIO DA BIBLIOTECA MONTEIRO LOBATO EM CONSTRUÇÃO - 1948 FONTE: ARQUIVO FÍSICO DA BIBLIOTECA

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ATUAL EDIFÍCIO DA BIBLIOTECA MONTEIRO LOBATO EM CONSTRUÇÃO - 1949 FONTE: ARQUIVO FÍSICO DA BIBLIOTECA


ATUAL EDIFÍCIO DA BIBLIOTECA MONTEIRO LOBATO RECÉM INAUGURADO - 1950 FONTE: ARQUIVO FÍSICO DA BIBLIOTECA

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ATUAL EDIFÍCIO DA BIBLIOTECA MONTEIRO LOBATO RECÉM INAUGURADO - 1950 FONTE: ARQUIVO FÍSICO DA BIBLIOTECA


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MAPA DA CIDADE EM 1897 - GOMES CARDIN


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MANCHAS DE OCUPAÇÃO QUE ANTECEDERAM O BAIRRO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS 1880


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FONTE: HOMEM, MARIA CECÍLIA NACLÉRIO. HIGIENÓPOLIS : GRANDEZA E DECADÊNCIA DE UM BAIRRO PAULISTANO. SÃO PAULO: PMSP, 1980.


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PANORAMA, COM DUAS FOTOS, A PARTIR DA ATUAL UNIVERSIDADE MACKENZIE, NA CONFLUÊNCIA DAS RUAS MARIA ANTÔNIA E MAJOR SERTÓRIO COM A AVENIDA HIGIENÓPOLIS. 1911


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FONTE: IMAGENS DE Sテグ PAULO. GAENSLY NO ACERVO DA LIGHT - 1899-1925


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SOBRE.O.EXISTENTE


O

.

L

U

G

A

R A Praça Rotary, localiza-se no bairro de Vila Buarque, junto à área central da cidade de São Paulo, parte do distrito da Consolação, o qual apresenta densidade populacional média correspondente a 167 habitantes/ hectare. As ruas que ladeiam a praça são Major Sertório, ao sul, rua Dr. Vila Nova, a oeste, rua General Jardim, ao norte, e rua Dr. Cesário Mota Jr., a leste. (Fig. 2). No entorno da praça predomina a ocupação vertical, com algumas quadras de usos predominantemente comerciais e de serviços, e outras constituídas de edifícios de uso misto com comércio no térreo e residências nos demais andares. O uso residencial é compatível com níveis de renda média (EMPLASA, 2012). Diversos equipamentos culturais e educacionais localizam-se nas proximidades da praça, tais como o SESC Consolação, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, o centro Universitário SENAC, o Centro Universitário Maria Antonia da USP, o COGEAE da PUC-SP, a faculdade de Arquitetura e Urbanismo Escola da Cidade, a Aliança Francesa, o IAB, a Escola de Medicina e o Hospital Santa Casa; e em uma das laterais da praça, na rua General Jardim, encontra-se a Escola de Sociologia e Política (Fig. 3)

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1-MAPA.COM.EQUIPAMENTOS.IMPORTANTES.DO.ENTORNO

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FONTE: ACERVO PRÓPRIO


2 - I M P L A N T A Ç Ã O . D A . P R A Ç A . V I A . S A T É L I T E

65 FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA SOBRE BASE DO GOOGLE EARTH

FONTE: ACERVO PRÓPRIO


3 - D I N Â M I C A D E . F L U X O S

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O terreno em questão tem proximidade com quatro estações de metrô (Santa Cecília, República, Paulista, e a nova estação Higienópolis-Mackenzie), e em um raio de 400m possui cinco pontos de ônibus que fazem três trechos distintos, dentro desse raio de atuação encontra-se duas importantes vias de acesso, O Elevado Costa e Silva (Minhocão) que faz a ligação Leste-Oeste da cidade, e a rua da Consolação que possui alto tráfego de veículos e corredor de ônibus. Foram realizados também levantamentos de campo a fim de estudar o fluxo e utilização da Praça Rotary, o levantamento consistia em relacionar os dias, horário e temperatura com a quantidade de transeuntes (em um espaço de tempo de 10 min.), a quantidade de usuários da quadra esportiva e a de usuários totais na praça. Os resultados foram: em um dia de temperatura média (25°C) chegou-se a 162 usuários, e 150 transeuntes (em um espaço de tempo de 10min.) às 12:40h (horário de almoço). Contudo, este número de usuários não perdurou por mais de 30 min, pois logo os mesmos deixaram o espaço, a permanência média para esse horário é de 15 min por pessoa. Foi realizado também entrevistas com os usuários a fim de constatar a sua relação com a Praça, a frequência e por quais motivos, se já entrou na biblioteca Monteiro Lobato (interna a praça) e por quê não, além de perguntar sobre o que poderia haver na praça de forma a torna-la mais atrativa. Os resultados obtidos confirmaram a hipótese inicial do desuso e falta de atratividade da biblioteca existente.


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4-HIDROGRAFIA: Há milhares de rios e córregos em São Paulo, que foram lenta e gradualmente desaparecendo de sua paisagem urbana, alguns foram retificados e confinados em canais, e a outra grande parte foi confinada em dutos e por cima destes vieram terra, asfalto e carros. A cidade parece ter uma relação de negação e rejeição de seus corpos d’água. E só são visíveis quando a chuva o concede forças para uma tentativa de extravasar os limites prisionais impostos pelo homem, neste momento ocorre as inundações de vias e bairros, tão comuns em São Paulo.

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Como parte da regra imposta a Cidade foi descoberto um córrego que passa confinado em um duto abaixo da praça. O córrego em questão é o Anhanguera, que originalmente nascia próximo onde hoje é o portão da universidade Mackenzie localizado na Rua Maria Antônia, descia no local onde atualmente está implantada a rua Dr. Vila Nova, segue e se junta com o córrego Pacaembú na altura da Praça Dr. Íris Meinberg até o rio Tietê. “A bacia hidrográfica do Córrego Anhanguera possui quase 6km² (ver mapa). Estende-se da Avenida Paulista até o Rio Tietê, entre as cotas 815m e 720m. Em 1997, segundo a Pesquisa Origem Destino da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), a região desta bacia possuía quase 94.000 habitantes; sendo aproximadamente 9.500 habitantes do distrito do Bom Retiro, 60.000 de Santa Cecília e 24.500 do distrito da Consolação.” (FIGUEIREDO, 2009)


SOBREPOSIÇÃO MAPA DE 1855 À MALHA VIÁRIA ATUAL

EVIDENCIAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO CÓRREGO ANHANGUERA NA ÁREA DA PRAÇA

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FONTE: ARTIGO DE GRADUAÇÃO: CÓRREGOS OCULTOS: REDESCOBRINDO A CIDADE MARIA JOÃO CAVALCANTI RIBEIRO DE FIGUEIREDO


ÁREA DA BACIA DO CÓRREGO ANHANGUERA

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FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA SOBRE BASE ARTIGO DE GRADUAÇÃO: CÓRREGOS OCULTOS: REDESCOBRINDO A CIDADE MARIA JOÃO CAVALCANTI RIBEIRO DE FIGUEIREDO


O . E D I F Í C I O PLANTAS ORIGINAIS DE APROVAÇÃO JUNTO A PREFEITURA: E D I F Í C I O . D A B I B L I O T E C A :

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FONTE: ACERVO FÍSICO DA BIBLIOTECA MONTEIRO LOBATO


PLANTAS ORIGINAIS DE APROVAÇÃO JUNTO A PREFEITURA: E D I F Í C I O . D A B I B L I O T E C A :

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FONTE: ACERVO FÍSICO DA BIBLIOTECA MONTEIRO LOBATO


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AS.PESSOAS: 6-PESQUISA COM U S U Á R I O S :

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QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA

ANÁLISE DE DINÂMICA DE USOS DA PRAÇA ROTARY ‐ SP

DATA

DIA

HORÁRIO

CLIMA

QUANTIDADE DE QUANT. DE ENTRADAS NA USUÁRIOS NA TRANSEUNTES EM BIBLIOTECA EM 10 PRAÇA 10 MIN. MIN.

QUANT. PESSOAS NA QUADRA ESPORTIVA

OBSERVAÇÕES

TABELA DE COLETA DE INFORMAÇÕES SOBRE A FREQUÊNCIA DE PUBLICO NA PRAÇA


POSICIONAMENTO:

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1- MANTER OU RETIRAR? EDIFICAÇÃO EXISTENTE DA BIBLIOTECA Uma das primeiras questões a ser enfrentada após a definição do lugar e objeto de projeto foi manter o edifício existente da biblioteca ou não, e como tratar da questão em cada caso. Como postura de projeto busquei uma relação mais sensível com o local, por meio de pesquisas com os usuários, entrevistas com agentes administradores do espaço, como a Diretora da Biblioteca e o presidente da associação de amigos da praça. E também a observação participativa no espaço em diversos horário e dias, registrando as relações dos usuários com a praça por meio de fotografias e levantamentos numéricos da dinâmica de uso do espaço.

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Os resultados da pesquisa foram decisivos para a decisão final a respeito do destino do edifício existente. Houve alguns casos que de tão surpreendentes merecem ser citados aqui. Entrevistei um funcionário público de 45 anos de idade, que há seis anos trabalhava na rua Dr. Vila Nova, e segundo ele frequenta a praça todos os dias em seu horário de almoço durante esses seis anos. Como parte do questionário pré-estruturado perguntei sobre quantas vezes tinha entrado na biblioteca ao longo destes seis anos, e ele me respondeu que em todos estes anos nunca havia entrado na biblioteca. Achei curioso e perguntei o motivo, ele não soube explicar ao certo o porquê, mas deixou claro que o equipamento nunca tinha o atraído. Contudo, analisando as questões não verbais de certa forma já dá para ficar surpreso não com o seu desconhecimento da biblioteca interna a praça, mas sim com sua devoção a um espaço que não oferece o mínimo para um descanso digno após o almoço, visto que o indivíduo usava um terno de aparência impecável e estava sentado em uma mureta baixa com 30cm de altura pintada a cal, e tinha que fazer uso de um papel sulfite sobre a mureta a fim de conservar limpa sua calça. Não estava sentado na mureta por capricho, mas sim por que não havia outra opção, visto que todos os


nove bancos duplos da praça estavam ocupados. Sim, em uma praça de aproximadamente 7.000m² só há nove bancos de dois lugares. A entrevista seguiu e foi perguntado se havia alguma coisa que ele mudaria na praça, e foi apontada a pouca vigilância na praça, pois havia usuários de drogas em um canto específico da praça. Quando citei o número de nove bancos existentes, eu na verdade falava dos “possíveis assentos”, por que realmente há alguns poucos mais, contudo, estão localizadas em uma parte da praça que é conhecida por haver usuários de drogas em qualquer horário do dia. Afastando desta forma as demais pessoas daquele espaço. Vamos analisar este fato, dentro da praça há um posto fixo da polícia militar há cerca de 15 anos, mas está locado em um canto da quadra em que o prédio da biblioteca impede qualquer contato visual com a praça, a praça inteira é um ponto-cego do posto policial, com isso perde-se parte do objetivo de um posto policial interno à praça. Quanto ao prédio da biblioteca, neste caso age como protagonista de situações de pequenos delitos, que podem levar a delitos maiores segundo à “teoria das janelas quebradas”. Não só por ocultar a visão do posto policial, mas também por não ter uma relação franca com a praça, pois tem diversas empenas-cegas, e os ambientas que possuem maiores aberturas para a mesma encontram-se sempre vazios e escuros, somando-se ao fato do horário de funcionamento da mesma, que encerra suas atividades às 18h, intensificando a partir deste horário sua função de acobertar pequenos delitos. Outra entrevista que me chamou a atenção foi uma funcionária do SESC consolação com 33 anos de idade que estava sentada em uma mureta há não mais que 3m da porta da biblioteca, estava concentrada lendo seu livro de romance. Trabalhava há três anos no SESC e frequenta a praça em seu horário de almoço todo este tempo. Perguntei sore a frequência dela na biblioteca, e curiosamente respondeu que nunca tinha sequer entrado no edifício em todos estes três anos, mesmo tendo o costume de ler todos os dias neste período. Os motivos segundo ela foi nunca ter se sentido atraída a entrar, em suas palavras “não parece que tenha alguma coisa interessante”. Vamos entender esta resposta; uma pessoa que frequenta diariamente a praça, e tem o hábito da leitura diária, nunca entrou na biblioteca que fica à 3m de onde costuma se sentar. A meu

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ver isto é grave, diria gravíssimo. Um equipamento público que nem sequer desperta a curiosidade de uma pessoa que é o exemplo ideal do público-alvo de uma biblioteca. Há algumas hipóteses sobre o edifício em questão que não são excludentes entre si, a primeira é que pela sua especialização no público infanto-juvenil, haja o desinteresse das demais faixas-etárias. A segunda é a respeito de seu projeto de arquitetura em si, com janelas altas de aproximadamente 4m de altura nas principais ruas, acaba dificultando qualquer contato visual com o interior da mesma que poderia proporcionar curiosidade e vontade de entrar, há panos de vidro mais generosos em duas partes, contudo a presença de pequenas arvores, adições de construção posteriores e até mesmo a grade escondem quase que totalmente o interior da mesma, chegando ao absurdo de constatar pela pesquisa que alguns usuários da praça desconheciam que o edifício que ocupa 40% da mesma é uma biblioteca. Apesar do interior da biblioteca sempre estar em ótimas condições de limpeza e estar de fato organizada, dá a impressão de desordem e aleatoriedade na disposição do layout que não possui padronização, ou linguagem. 78

Como já citado anteriormente o edifício da biblioteca ocupa aproximadamente 40% da área da praça (visto que gera espaços inutilizáveis) com uma construção de apenas dois pavimentos, em termos econômicos, o edifício em questão não faz sentido na área que é bem valorizada, e conta com total infraestrutura. Outro argumento favorável a retirada do edifício existente da praça é que já não tem compatibilidade com o contexto que exibe grande vitalidade urbana, com universidades, escritórios, edifícios residenciais, comércios. Dá a impressão de um lugar esquecido, deixado em coma em meio a tanta vida. 2- CONCILIAÇÃO COM A HISTÓRIA: O DESAPARECIDO TEATRO LEOPOLDO FRÓES Como já apresentado no item “histórico da área” o teatro Leopoldo Fróes de 650 lugares teve uma passagem muito curta, porém, de grande importância na região que era conhecida por sua efervescência cultural na cidade. O teatro inicialmente construído para abrigar peças infantis,


logo começou a sediar peças teatrais de prestígio no país. Tendo constante divulgação da programação nos jornais da época. E com menos de vinte anos de uso foi demolido por motivos escusos, e em seu lugar foi implantada uma quadra esportiva que hoje é bastante utilizada, provavelmente com maior frequência até que a Biblioteca existente.

25- Site acessado em 02/08/2013 - http:// www.saopaulominhacidade.com.br/historia/ ver/5913/Vila%2BBuarque

“... Fiquei muito triste quando demoliram o Teatro Leopoldo Froes, cheguei a chorar ao assistir a demolição, pois ali estava um grande pedaço de minha história. [...] Estou agora procurando fotos do meu querido Teatro Leopoldo Froes. Se algum leitor as tiver peço que envie para o meu e-mail. Fará muito bem a minha alma.” Depoimento de antiga moradora ao site25 “São Paulo: minha cidade”. Em conversas com antigos moradores da região tive conhecimento que o teatro era uma referência no local, e ponto de encontro por sua representatividade. Portanto, desde o início houve o desejo de trazer novamente o prestígio da região como referência cultural, e devolver um teatro/ auditório ao lugar. No entanto, adotei como posicionamento de projeto ocupar o mínimo possível da superfície da praça com área construída, e tendo em vista também o alto uso da quadra existente no local. A partir destes conflitos o auditório da midiateca proposta foi locado no subsolo, ligando-se ao pavimento de exposições que deste modo convenientemente se tornará também o foyer para o auditório. O auditório está implantado horizontalmente há poucos metros de onde outrora havia o teatro Leopoldo Fróes, com a alteração da cota, e na superfície por sua vez mantem-se a quadra esportiva, permanecendo a superfície não construída, proporcionando melhor acessibilidade visual à praça. 3- COMO INTERVIR CONSTRUTIVAMENTE UMA PRAÇA PÚBLICA?

EM

Em minha opinião, talvez esta seja a questão principal da proposta. Havia sido formulado um programa de ocupação espacial para que a intervenção tivesse potência de transformação do meio. Contudo, o principal conceito norteador do projeto é a constituição de espaços pú-

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blicos abertos, e a requalificação da praça como uma praça, ou seja, a valorização existencial do vazio. Vazio este, fruto de um projeto que inversamente proporcional deve acomodar grande multiplicidade de usos e funções. Portanto, é possível sintetizar a questão em: a criação do vazio físico repleto de usos, funções e visuais que o passam qualificar como um espaço singular na cidade, atraindo desta forma usuários e tornando o local vibrante de vida pública e saudável. Neste embate entre a qualificação do vazio e a inserção de um volume físico programacional surgiu o projeto, e todas as suas relações verticais e horizontais com o meio. Foram definidos dois volumes perpendiculares, um dentro dos limites da praça, porém suspenso da superfície como uma marquise, e outro – o maior em área – em um lote na quadra em frente à praça. Em uma primeira leitura é possível aferir que se trata de volumes desconexos, contudo, ao visualizar o subsolo que age como ligação entre praça e lote, se têm os volumes como parte superficial/ visível de um único edifício.

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4- DESENHO DA PRAÇA: BREVE ANÁLISE E NOVA CONFIGURAÇÃO 26- A “Praça Aberta” pode ser descrita como um espaço circundado por ruas e delimitada por massas vegetais. Sendo bastante ajardinada, o que diferencia tal praça de um parque é a sua dimensão limitada. Pode ser representada pela praça de bairro. (VIEIRA, 1995)

Atualmente a Praça Rotary – que possui características de Praça Aberta26 - e grande parte das praças do centro de São Paulo estão definidas no binômio; local de passagem e canteiro gramado, canteiro este com árvores e diferença de aproximadamente 30 a 50cm de altura em relação ao nível da passagem. Esta configuração da praça foi largamente “estimulada” pelo regime militar que por gerar espaços não transitáveis e inacessíveis reduzia o espaço de possíveis manifestações e aglomerações populares. Este fato foi trazido à luz em algumas conversas com arquitetos que fizeram projetos de reforma de praças públicas na cidade, era “recomendado” que os espaços acessíveis pelos usuários não fossem generosos.


O problema atual desta configuração, como aponta Sun Alex no livro “Projeto da praça: convívio e exclusão no espaço público” em sua análise à praças do centro da cidade é que os canteiros tornam-se “terra de ninguém”, resultando no abrigo a usos impróprios, como moradias e depósito de lixo. Outro ponto importante é a consequente diminuição da área útil aos usuários. Se no caso da Praça Rotary a biblioteca Monteiro lobato ocupa 40% da área da quadra (contando as áreas inutilizáveis entre edifício –grade, e estacionamento) os canteiros inacessíveis ocupam 20% da área total. Restando à praça propriamente dita não mais que 40% da área total da quadra. 5- ACESSOS Na configuração atual da praça só há dois exíguos portões de acesso – um com 3m e outro com 1,5m – o que acaba dificultando e desestimulando o acesso à praça, e consequentemente só gera uma possibilidade de percurso. Contudo, não adiantaria apenas retirar as grades, pois há diferença de níveis entre a calçada e a praça em praticamente todo o seu perímetro. Como anteriormente discutido no subtema “Acessibilidade” o acesso é fundamental para o uso e apropriação do espaço. Entrar no espaço é a condição inicial para poder utiliza-lo. Desta forma como posicionamento de projeto, a praça será acessível à qualquer ponto. Não haverá barreiras ou diferenças de nível entre calçada e praça. 6- E O CÓRREGO QUE PASSA POR AQUI? Em um projeto de requalificação de uma praça pública que almeja se tornar referência para a cidade não é aceitável partir da desconsideração e consequente negação do córrego confinado. Pois como já tratado no subtema “hidrografia” a situação traz diversos problemas a Cidade, e, portanto, é necessário um enfrentamento da questão. Inicialmente havia a intenção de trazer novamente o córrego à superfície da praça, no entanto, a decisão teria diversas implicações, como;

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- Diminuição considerável da área transitável da praça. - Criação de mecanismos para elevação do corpo d’água. - Grande possibilidade de enchentes na área em períodos de chuva, consequente à abertura do duto. - Incompatibilidade com a relação urbana existente. - O córrego atualmente se encontra parcialmente poluído, pois há ligações clandestinas de esgoto na linha. Portanto, apenas traze-lo a superfície não se sustenta como solução.

82 27- Wetland é o nome dado a um ecossistema natural que fica parcialmente ou até mesmo totalmente inundado durante épocas do ano. Exemplos conhecidos de Wetlands naturais são os pântanos, as várzeas de um rio e os manguezais. A construção de Wetland tem sido utilizada em vários países para a recuperação dos recursos hídricos. A técnica é baseada na construção de ecossistemas artificiais, que visam a mesma melhoria na qualidade da água que uma Wetland natural pode proporcionar. No Brasil, essa técnica tem sido aplicada no tratamento de água para abastecimento urbano e industrial, para o tratamento secundário e terciário de esgotos e para a recuperação de rios degradados.

Dadas implicações que esta intervenção traria, foi buscado um caminho alternativo de forma a conciliar da melhor forma possível os diversos vetores existentes. Tendo em vista as modestas dimensões da praça, trazer o córrego a superfície se apresenta como uma alternativa de baixa potência objetiva. Se mostrou mais interessante converter toda a matéria para um posicionamento de denúncia à toda situação de negação dos corpos d’água na cidade. Posicionar a intervenção de forma a conscientizar a população sobre a relação existente, problemas causados, e o mais interessante, o que pode vir a ser, a potência e beleza na aceitação das águas em meio urbano. É proposta no projeto a retirada controlada de um fluxo constante de água por meio do mecanismo “parafuso de Arquimedes”, o que soluciona os problemas de alteração de fluxo de água no duto enterrado, que podem causar as inundações e descontrole no tratamento da água. Essa pequena quantia de água retirada passa por um tratamento em Wetlands27 localizados na praça, e se juntam com uma porção de água já tratada. Em seguida, a água nos Wetlands que no caso são pequenos lagos que também possuem função paisagística são encaminhadas à uma “marquise de água”. A marquise recebe a água em sua cobertura que possui a materialidade de vidro, tornando-se desta forma uma cobertura dinâmica que cria refrações e movimento abaixo dela. Rompendo o seu


estado de asilo da superfície para criar imagens acima e sobre a superfície. Uma possível leitura conceitual da intervenção é formada a partir das três alterações possíveis de cota do córrego em relação à superfície que se relacionam em par aos três tempos possíveis; passado, presente e futuro.

O P E R A Ç Õ E S :

Como premissa de projeto foram definidas quatro operações básicas de uso da praça, baseados na multiplicidade de atividades, todas já são existentes no local, mas acontecem em uma baixa intensidade, e sem uma hierarquização dos espaços. As operações são: 1. ATRAVESSAR - Passar pela praça, cortar caminho, ou simplesmente usa-la como parte do caminho por ser agradável. 2. FICAR a. ELEVAR ENERGIA – Uso da quadra poliesportiva, brincar, correr, ver o movimento... b. BAIXAR ENERGIA – Relaxar, dormir, ler um livro ao ar livre, fazer yoga e atividades relacionadas... 3. ACESSAR – Acesso a biblioteca, sanitários, bebedores, bicicletário. 4. AGLOMERAR – Possibilidade de aglomeração de pessoas (feiras, pequenos shows, teatros ao ar livre, projeção de cinema...) A disposição dos elementos componentes da praça obedece a uma escala de energia longitudinal, levando em consideração o fluxo das ruas.

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BIBLIOGRAFIA:

ALEX, Sun. Projeto da praça: Convívio e exclusão no espaço público. São Paulo: Editora SENAC, 2008. E.life. Estudo Hábitos: Hábitos de uso e comportamento dos internautas nas mídias sociais, E.Life, 2012. Disponível em http://elife.com.br. BAUMAN, Zygmunt. Confiança e medo na cidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009. HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999 (Edição brasileira do texto referente as palestras dadas na Universidade de Delft em 1973) GEHL, Jan; “La humanización del espaço urbano: la vida social entre los edifícios”. Barcelona: Reverté S.A., 2008 (Originalmente “Livet mellem husene”, Copenhagem, 1971)

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OLIVEIRA, Claudia Maria Arnhold Simões de (2002). O ambiente urbano e a formação da criança. Tese de Doutorado, PO. NIGRIELLO, Andreina. BUCCI, Angelo. São Paulo, razões da arquitetura: da dissolução dos edifícios e de como atravessar paredes. São Paulo: Romano Guerra, 2010. JACOBS, Jane. Morte e vida das grandes cidades. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. VIEIRA, Maria Elena Merege. Arquitetura da Praça: Espaço, arte, lugar. São Paulo, 1995. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie. ROGERS, Richard. Cidades para um pequeno planeta. Barcelona: Gustavo Gili, 2001.


HOMEM, Maria Cecília Naclério. Higienópolis : grandeza e decadência de um bairro paulistano. São Paulo: Pmsp, 1980. GEHL, Jan. Novos espaços urbanos. Espanha: Gustavo Gili, 2002. ROSSI, Aldo. L’architettura della città, Milano, Marsilio Editori, I edição, 1966. ANDRADE, Fábio Coutinho de. “Broken windows theory” ou teoria das janelas quebradas. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2811, 13 mar. 2011 . Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/18690>. Acesso em: 5 nov. 2013.

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E S T U D O S . D E . C A S O :


Os estudos de caso foram realizados de forma heterogênea e contínua ao longo do processo de projeto, tendo sido estudado um bom número de arquitetos, programas e projetos. Por este motivo não acredito ser possível a existência de um paralelismo muito claro entre os estudos de caso que serão aqui apresentados e o projeto final.

01- Site oficial do concurso: http://www. cityofsydney.nsw.gov.au/development/majordevelopments/green-square. Acessado em 15/11/2013.

Muito do programa existente da midiateca deve-se ao estudo do edital do concurso “Green Square Library and Plaza”¹ realizado em 2012 na cidade de Sidney, Austrália. O concurso foi muito bem organizado, e cedia um bom material de base programática a uma biblioteca “urbana de bairro” inserida em uma praça verde, a qual também era objeto de projeto.

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OAB

JARDIM BOTÂNICO DE BARCELONA BARCELONA, ESPANHA ÁREA: 14 Ha ANO: 1999

O Jardim Botânico de Barcelona é fruto de uma extensa pesquisa multidisciplinar de quase uma década, o projeto rompe com as formulas até então conhecidas de como se fazer tal objeto. Troca a sinuosidade pela geometria como uma forma de contraposição e complementação das características naturais. 88

Alcança um ideal estético de se tornar um novo paradigma para criação de programas semelhantes. A exemplo, o maior centro de arte ao ar livre do mundo, o Inhotim, inaugurado em 2006, buscou referências estéticas nesta obra.


JKMM ARCHITECTS

BIBLIOTECA DE SEINÄJOKI SEINÄJOKI, FINLÂNDIA ÁREA: 4430.0 M² ANO: 2012

A biblioteca de Seinajoki na Finlândia foi objeto de um concurso realizado em 2010. Trata-se de um projeto de uma biblioteca contemporânea que se relaciona com a existente biblioteca de Alvar Aalto, e funciona como uma extensão da mesma. Por vencer um concurso com este peso, já é evidente suas qualidades arquitetônicas, contudo, o que mais me interessou no projeto foi a organização do layout, com a formatação de novos mobiliários que vem atender novas demandas e desejos dos usuários, que possibilitam relações menos formais com o espaço público. Superam o tradicional limite da dupla: cadeira e mesa.

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PROPOSTAS.DE.PROJETO:

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P R O P O S T A . I N I C I A L :


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PERSPECTIVA DO CONJUNTO

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NOVA

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RUA DR. CESÁRIO MOTTA

RUA DR. VILA NOVA

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IMPLANTAÇÃO GERAL

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SENAC

ED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

RUA MAJOR SERTÓRIO

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

V

4

8

12

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20


PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PR

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUC

S D

PLANTA PAVIMENTO TÉRREO (0.00) BLOCO PRINCIPAL

D

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

D

CORRE

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S

D

S

1° PAVIMENTO (+5.00) BLOCO PRINCIPAL

DUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

SUBSOLO (-5.00)

2

4

6

escala gráfica

8

10


PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT CORRE

S D

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

2° PAVIMENTO (+9.50) BLOCO PRINCIPAL

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D S

3° PAVIMENTO (+14.00) BLOCO PRINCIPAL

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BLOCO PRINCIPAL

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COBERTURA (+22.00)

D

2

4

6

escala gráfica

8

10


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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

D

S

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PAVIMENTO TÉRREO (+0.00) BLOCO MARQUISE

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DUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

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ESQUEMA GRÁFICO DA CONCEPÇÃO À ESTRUTURAÇÃO DO VOLUME BLOCO MARQUISE

2

4

6

escala gráfica

8

10

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CORRE

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D

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PAVIMENTO Tร RREO (+4.50) BLOCO MARQUISE

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PERSPECTIVA INTERNA BLOCO MARQUISE

DUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

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2

4

6

escala grรกfica

8

10

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PERSPECTIVA DO CONJUNTO A PARTIR DA RUA DR. CESÁRIO MOTTA JR.

100


PERSPECTIVA DO BLOCO PRINCIPAL

101


CORTE TRANSVERSAL

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CORTE LONGITUDINAL


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ED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

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2

4

6

8

10


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PAVIMENTO TÉRREO (+0.80) BLOCO AUDITÓRIO

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DUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

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SUBSOLO (-5.00) BLOCO AUDITÓRIO

2

4

6

escala gráfica

8

10


PERSPECTIVA DO CONJUNTO A PARTIR DA RUA DR. GENERAL JARDIM

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CRÍTICA AO PROJETO INICIAL


No projeto inicial havia alguns problemas remediáveis e outros sem uma solução satisfatória para que atingissem o objetivo buscado. Vou iniciar falando das situações mais difíceis de serem superadas. TERRENO ESCOLHIDO PARA O BLOCO PRINCIPAL: Em primeiro momento busquei um terreno que estivesse vazio de construção e de preferência localizado na Rua General Jardim, pois possui características que seriam apreciadas em uma rua dedicada aos pedestres •. E há um terreno ao lado da escola de sociologia que funciona como estacionamento de veículos, este terreno tem como medida 10x40, um terreno bastante delgado. Pelas limitações físicas do terreno o projeto de uma midiateca púbica parece já ficar bastante comprometido, pois, se considerarmos um recuo lateral em ao menos um dos lados sobraria apenas 7m paralelos à rua, o que traria problemas como: locação de circulação vertical incompatível a um edifício de uso público, limitação da quantidade e dimensão das salas de atividade, a existência de corredores, e a baixa representatividade do edifício em relação ao contexto, uma vez que um dos objetivos da intervenção é contribuir para a transformação da região. Portanto, o edifício foi realizado sem recuos laterais, decisão esta que traz outros tipos de problemas. ÁREA ÚTIL DE LAJE DO EDIFÍCIO PRINCIPAL: Dadas as problemáticas acima citadas na adoção de um terreno de10x40 as áreas uteis eram muito exíguas para o uso público, e acabam criando algumas situações dimensionais desconfortáveis e de pouca liberdade projetiva, visto que havia um programa a ser considerado de forma a criar um equipamento realmente potente. SENTIDO DE IMPLANTAÇÃO DO BLOCO MARQUISE: Como foi realizada a retirada do edifício existente da biblioteca interna à praça – por motivos já citados – abriu-se uma clareira na praça, e achei que seria um bom lugar para implantar o edifício marquise, visto que evitaria fazer a retirada de árvores e faria a travessia da quadra sentido Major Sertório – General Jardim. Contudo a medida seccionaria visualmente a praça pela metade, por mais que o volume fosse elevado. E

107


a partir da leitura do livro Morte e Vida das Grandes Cidades de Jane Jacobs, chamou-me a atenção à importância da qualificação da rua e calçada, assim, como locar a implantação do edifício de modo que crie visuais tanto para a rua, quanto à praça como forma de aumentar a vigilância do espaço. Permitindo acessibilidade visual (CARR, 1995) a todo o espaço da praça. BLOCOS DISPERSOS: Outra questão é a respeito da existência de blocos dispersos entre si, a exemplo, o bloco de auditório não se ligava ao edifício da midiateca, e a conexão no subsolo entre o bloco marquise e o bloco principal não estava satisfatória quanto à dimensões e usos na mesma. CONCLUSÃO

108

Certa vez ouvi de um grande arquiteto quando falava sobre um projeto seu, que quando por motivos técnicos, orçamentais ou de conforto ambiental era necessário alterar consideravelmente uma intenção inicial, é preciso que isso seja feito com coragem e de peito aberto para se buscar novas intenções mais compatíveis com os limitantes do projeto em questão, para que o projeto não se torne um vestígio de uma ideia incompleta, mas antes seja o melhor que pode ser dentro de suas limitações. No período entre semestres refleti sobre o projeto, e conclui que para atingir a potência desejada no momento da definição de área e intenção, era preciso de grandes alterações que entre elas, a troca de terreno onde seria implantado o bloco principal, e como por consequência, todo o projeto. Como desde o início do período de TFG, o assumi como sendo a oportunidade para um grande ano de aprendizado aceitei o desafio de refazer totalmente o projeto, agora com estas questões bem mais claras, e consciência das problemáticas envolvidas. O que acredito ter sido uma boa decisão, pois, estou bastante satisfeito com o resultado final do projeto e mais ainda com o processo de desenvolvimento.


PROPOSTA.FINAL

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PERSPECTIVA DO CONJUNTO

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IMPLANTAÇÃO GERAL

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PLANTA PAVIMENTO Tร RREO GERAL

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4

6

8

escala grรกfica

2

10

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114 PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

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BLOCO MARQUISE

CORTE LONGITUDINAL

BLOCO MARQUISE

PLANTA 1° PAVIMENTO

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4

6

8

escala gráfica

2

10

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PERSPECTIVA A PARTIR DA RUA MAJOR SERTÓRIO

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BLOCO MARQUISE

PERSPECTIVA INTERNA

BLOCO MARQUISE

PERSPECTIVA INTERNA

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ELEVAÇÃO 01

4

6

8

escala gráfica

2

10

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CORTE PERSPECTIVADO BLOCO MARQUISE

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.01

.02

.03

ISOMÉTRICA EXPLODIDA BLOCO MARQUISE

121

.14 .15

.13

.12

.11

.10

.09

.08

.07

.06

.05

.04

15. Vidro laminado com película de proteção uv,

14. estrutura suporte do vidro da fachada.

13. Base de sustentação do volume superior.

perfis tubulares em aço.

12. Contraventamento inferior da estrutura |

11. Estrutura de sustentação do piso,

do-temperado.

10. Piso em madeira - laterais em vidro lamina-

09. Vigas inferiores de travamento do sistema,

horizontais.

08. Seções estruturais | montantes verticais e

07. Vigas superiores de travamento do sistema.

perfis tubulares em aço.

06. Contraventamento superior da estrutura |

05. Forro de madeira.

branca - laterais em vidro laminado película com proteção uv.

04. Cobertura | chapa metálica com pintura epóxi

03. Estrutura suporte do vidro da fachada.

02. Vidro laminado com película de proteção uv.

1,5x1,5m chapa met[alica perfurada com esmalte epóxi branco.

01. Barreira solar fachada norte | placas de


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DETALHES CONSTRUTIVOS - BLOCO MARQUISE

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BLOCO PRINCIPAL

1° PAVIMENTO

BLOCO PRINCIPAL

2° PAVIMENTO

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4

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escala gráfica

2

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BLOCO PRINCIPAL

3° PAVIMENTO

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PERSPECTIVAS BLOCO PRINCIPAL

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BLOCO PRINCIPAL

CORTE TRANSVERSAL

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4

6

8

escala grรกfica

2

10

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BLOCO PRINCIPAL

PERPECTIVA FRONTAL

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CORTE TRANSVERSAL

SUBSOLO

4

6

8

escala grรกfica

2

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.01

verticais| estruturação da parede.

12. Montantes

+ lã de PET. (proteção termica)

11. Placas de gesso acartonado

10. Vigas e pilares Metálicos

+ lã de PET. (proteção termica)

09. Placas de gesso acartonado

estruturação da parede.

08. Montantes verticais|

07. Estrutura de suporte das placas.

06. Placa cimentícia.

+ lã de PET. (proteção termica)

05. Placas de gesso acartonado

estruturação da parede.

04. Montantes verticais|

placas

03. Estrutura de suporte das

02. Chapa de aço corten.

01. Subsolo.

.02

.03

.07

.04

.06

.05

.08 .09

ISOMÉTRICA EXPLODIDA BLOCO PRINCIPAL

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.10

.11

.12

.13

.14

.15

tipo “trepadeiras”.

.16 .17 .18

19. Malha de cabos. Suporte para plantas do

18. Guarda corpo metálico. 1,2m de altura.

17. Pano de vidro móvel.

16. Laje alveolar H16.

15. Forro metálico aberto. Perfis transversais.

14. estrutura suporte do vidro da fachada.

placas.

13. Estrutura de suporte das

.19


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DETALHES CONSTRUTIVOS - BLOCO PRINCIPAL E SUBSOLO

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129


MAQUETE FÍSÍCA DO ENTORNO EXISTENTE E SUA RELAÇÃO COM O PROJETO

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MAQUETE FÍSÍCA DE DETALHE - SEÇÃO ESTRUTURAL DO BLOCO MARQUISE

131


132

P R O C E S S O


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