Revista Healthers - Edição 17

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1º Simpósio LatinoAmericano em Experiência do Paciente Tendências, Conceitos, Casos Nacionais e Internacionais.

Conheça as principais tendências e casos práticos sobre esse conceito C

inovador, que apresenta uma visão holística

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sobre o atendimento, aprofundando

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o conhecimento de hábitos e necessidades

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BAL E S T R I N

de pacientes e familiares, envolvendo-os

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Um r e t r a t o do Br a sil: O que o f ut ur o nos r e se r v a ?

nas decisões sobre o tratamento

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e garantindo assim uma satisfação integral.

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Ao inspirar líderes e motivar colaboradores, ENTREVI STA CO M

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2 CAPA

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ÍNDICE CAPA Entrevista com Valdir Ventura

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ENTREVISTA Carlos Eduardo, InterSystems

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ROBERTO CRUZ Entrevista com o CEO da Pixeon

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ESTRATÉGIA

FINANÇAS

Por Professor Luis Augusto Lobão Mendes

Por Carlos Marsal, Sírio Libanês

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TI

INOVAÇÃO E EDUCAÇÃO

Por Luiz Comar

Kip Garland, fundador da InnovationSEED

38 HOSPITAIS PRIVADOS

MARKETING

Por Francisco Balestrin

As novas e velhas tendências do mercado de saúde

42 PESSOAS Por Roberta Valença, especializada em projetos de sustentabilidade e inovação.

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LIDERANÇA A MARCA DO LÍDER – Diplomata Empresarial

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ARTIGOS

MEDICINA O Panorama da Medicina Diagnóstica no Brasil

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A partir da página 54, autores: Manoel Carlos Jr, Ana Lúcia Zanovello, Severino Benner, Ana Paula N. Perez, José Luiz Bruzadin, Daniel Branco, David Uip, Denise Santos, Domingos Fonseca, Enrico de Vettori, Felipe Lourenço, Daniel Gentil, Fernando Parrillo, Iomani Engelmann, Jocelmo Pablo Mews, Anna Carolina M.A.B. Maldonado, Luiz Menezes, Marcio Cavalieri, Mohamad AKL, Paulo Magnus, Paulo Cury, Renato Carvalho, Roberto Magalhães, Roberto Schahim e Renato Tilkian, Rodrigo Lopes, Wagner Macedo, Telma de Mônaco e Raymundo Peixoto.


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EDITORIAL

OS EXTRAORDINÁRIOS E INSPIRADORES O que faz uma edição ser especial? Eu diria que um conjunto de três indicadores. O primeiro deles é sobre quem você terá o prazer de ter nas matérias, artigos e entrevistas. Essa edição está recheada de gente boa, na verdade, gente ótima, extraordinária. O Segundo tem a ver com quem trabalha com você na edição, amigos, freelancers, fotógrafos, apaixonados. Em terceiro o clima. Escrevo este no meio de um clima de novo presidente no país, e mesmo que tenha recebido mais de 54 milhões de votos em cédulas como vice, continua a ser questionado como não eleito. Temo por um país medíocre em lembrança. Temo por muitas coisas. Temo muito pouco pela economia, ela na verdade vem governando o nosso querido Brasil. Se dependêssemos de reformas que nunca saem do papel, de pessoas capazes na gestão pública, de governança pública, de justiça, já teríamos usado nossos passaportes para viagens mais longas. A questão é que temos aqui um compromisso, com pessoas, lugares, com nossas almas brasileiras. Vamos então arregaçar nossas mangas, mostrar nossos punhos cansados e ir a luta. Pessoas extraordinárias transpiram menos e inspiram mais. Precisamos de mais inspiração, mais tempo meditando sobre o que iremos fazer no momento seguinte. Aprendi vendo lutas que ganha quem sempre começa depois. Aprendi vendo debates políticos que o primeiro a atacar é o primeiro a sair, que o primeiro a mostrar as garras num programa sensacionalista como Big Brother é quem sai primeiro. Há pouca inspiração, há muita transpiração. Uma revista existe para trazer conteúdo rico e ajudar as pessoas na inspiração de seus momentos 4

de decisão mais duros, no dia a dia. Sem isso nossa base para a decisão de ir para lá ou cá é, mesmo que madura, ingênua e imprecisa, como a maioria dos socos dados pelo primeiro oponente a atacar. Aquele que observa e aprende com os erros do oponente é quem pode no final dar o ritmo e as cartas mais interessantes. Quando vejo os textos enviados de pessoas do país todo, de empresas pequenas, medias, grandes, gigantes, penso que assim um país se desenvolve, pessoas aprendem, evoluem, e passamos a fazer a roda girar. Entendo pouco de lutas, mas posso dizer que aquela que estamos travando no dia a dia só me faz pensar cada vez mais que, mesmo sem muita técnica, somos treinados a cada dia na difícil arte de superar nossos medos e inspirar outros. Inspiração é o que nos ilumina a cada escuridão.

É isso. Boa leitura a todos. Alberto Leite Publisher


EXPEDIENTE Alberto Leite Publisher / Editor Chefe alberto@healthers.com.br _ Guilherme Montoro Diretor Financeiro e Operacional montoro@healthers.com.br _ Marcelo Nucci Diretor Executivo marcelo@healthers.com.br _ Daniela Ogias Diretora Geral daniela@healthers.com.br Jéssica Miranda Marketing e Audiência jessica@healthers.com.br _ Danusa Vanuchi Producer dan@healthers.com.br _ Neelkeen Design e Ilustração neelkeen@neelkeen.com

HEALTHERS é uma revista direcionada aos executivos do setor de saúde brasileiro, cujo objetivo é compartilhar conhecimento técnico e prático para comunidades de marketing, TI em saúde, RH, Compra, Venda, Finanças e CEOs. A publicação traz, também, conteúdo acadêmico e artigos escritos por especialistas, além de cases internacionais. As informações contidas nas mensagens publicitárias publicadas pela revista são de exclusiva responsabilidade das empresas anunciantes. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião dos editores da revista. Todo o conteúdo da HEALTHERS, revista e portal, é de livre reprodução, sendo necessária a citação da fonte, conforme legislação de direitos autorais. Marketing e audiência: Saiba como promover e valorizar sua marca, seus produtos ou serviços na HEALTHERS. Solicite nosso Mídia Kit pelo e-mail: contato@healthers.com.br ou pelo t (11) 2339 - 6351 Editorial: Para falar com a redação da HEALTHERS ligue: (11) 2339-6351/ 2339-6412 ou envie suas notícias para contato@healthers.com.br Publicidade: Para anunciar na revista, no portal HEALTHERS, ou discutir uma estratégia de comunicação para aumentar as vendas de seu produto ou serviço, ligue para (11) 2339-6351 ou marcelo@healthers.com.br. Distribuição Nacional: Correios Impressão: Gráfica Resolução HEALTHERS – Apaixonados por Saúde Rua Antônio Comparato, 160 Campo Belo – São Paulo/SP - Brasil

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E N T R E V I S TA

E N T R E V I S TA VA L D I R V E N T U R A CEO do Grupo São Cristóvão Saúde

Já entrevistei, nos últimos 15 anos, mais de 100 pessoas na área da saúde, presidentes, diretores, superintendentes, secretários, governadores, ministros, prefeitos, e nenhuma entrevista foi tão gratificante quanto essa, com meu amigo Valdir Ventura. Apesar de presidir um grupo que possui mais de 100.000 vidas, hospital, maternidade, ambulatórios, possui uma capacidade incrível de se mostrar interessado em todas as novidades, ouvir e declarar em alto e em bom som que não sabe algo. Essa capacidade de materializar a humildade e ao mesmo tempo a forma humana como trata todos ao seu redor, o coloca num patamar de uma das pessoas mais relevantes da saúde. Engenheiro, talvez avesso a sangue, um sobrevivente da crise em que o país se enfiou, inovador, alegre, humano e profissional, esses seriam os adjetivos que daria a este grande empresário. A entrevista foi feita na sede da Expressa, na sala do próprio Sergio Braga, presidente da empresa, numa das vistas mais bonitas da cidade de São Paulo. E mesmo com essa vista linda conseguimos conversar sobre a saúde.

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C A PA

Healthers: Valdir, como um engenheiro vira presidente de Hospital? VV: Na realidade, depois de 32 anos trabalhando na FORD e tendo um laço familiar dentro do hospital, iniciando lá atrás com o meu avô José Augusto e meu pai, Américo, eu tinha uma proximidade muito grande com o hospital. Estava chegando no final dos meus 32 anos na Ford e já estava muito desgastado, muitas viagens , a Ford exige muitas viagens, e o Conselho deliberativo do Hospital, ou melhor, da Associação como um todo, não só o Hospital, me convidou. Eles precisavam de alguém lá, acabei indo pois falou mais alto o coração e acabei enveredando para essa área, hospitalar. Então basicamente foi isso, esse é o resumo da nossa história. Healthers: E essa diferença que você experimentou entre áreas, da área automobilística para a área hospitalar, como já dizia nosso saudoso Peter Druker, sendo uma das empresas mais complexas para se trabalhar, para se administrar, você concorda com isso? Vê diferenças? E quais as semelhanças? Aquelas que você viu na indústria automobilística e que você conseguiu aplicar no hospital.

“VOCÊ PRECISA DE ELEMENTOS COMO UM B O M T I M E PA R A T E S U P O R TA R , P O R Q U E V O C Ê N Ã O VA I C O N H E C E R D E TA L H E S D E C O N TA B I L I D A D E , D E TA L H E S D E FA R M Á C I A , DA ENFERMAGEM, DOS MÉDICOS, ENFIM”

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VV: É, eu não imaginava a complexidade de um hospital, quem sou eu para discordar de uma pessoa tão ilustre. Eu acho o seguinte, tem uma complexidade bem diferenciada de um lado e do outro, tem dificuldades, mas é assim. Na área hospitalar eu apanhei bastante no início, não só no início, apanho hoje e sempre, mas ela é realmente muito complexa. Uma hora você está falando em contabilidade, outra hora administrativa, outra hora planejamento, farmácia, médicos, enfermagem, a complexidade é, realmente, muito maior, principalmente na responsabilidade de conduzir todas as áreas. Você precisa de elementos como um bom time para te suportar, porque você não vai conhecer detalhes de contabilidade, detalhes de farmácia, da enfermagem, dos médicos, enfim. Então precisa de um time bem desenvolvido. A maior dificuldade que eu tive, comparando com a indústria automobilística, é a de que lá eles são mais desenvolvidos, obviamente com capital, com Know How estrangeiro, Americano, alemão, ingles e eles vão sempre trazendo as modernidades da indústria automobilística, e lá na associação, há sete anos atrás, a gente teve muita dificuldade. Eu vim com uma cultura e a cultura daqui era muito diferente, ou estava muito aquém do que a gente estava acostumado a fazer lá na Ford. A maior dificuldade que a gente teve foi a cultura e as primeiras dificuldades que eu tive foram na área médica. Healthers: O que você trouxe da indústria automobilística para o hospital e que gerou impacto positivo?


VV: Cultura. A gente tenta mudar a cultura da organização, e ela vem mudando a cada dia. Implementamos um departamento de planejamento estratégico, nós não tínhamos um departamento desse lá, e estávamos acostumados com planejamento. Aí desenvolvemos um planejamento estratégico, que é atualizado de 3 em 3 meses de acordo com a situação do país, da concorrência, enfim, até aí nenhuma novidade, implementação de planejamento estratégico e a cultura foi mudando. Em seguida fomos ao segundo ponto. Lá era tudo muito no “achismo”, eu acho isso, o outro acha aquilo, e acabávamos tomando decisões erradas, então criamos um departamento de viabilidade técnica e econômica, onde são feitos todos os estudos técnicos e econômicos, com isso os dados vem todos mastigados e tomamos decisões mais embasadas, com dados concretos e não com aquele conceito pessoal dos “achismos”. Essas foram as duas primeiras mudanças, planejamento e viabilidade, e como vim de uma cultura automobilística cheia de processos, e engenheiro gosta muito de processos, a gente tinha ISO lá e tudo mais, então formei um outro departamento, além dos outros dois, que é de qualidade e processos. Esse departamento de processos fica hoje em baixo da qualidade. Para que? Para buscarmos certificações de qualidade, para melhorias de nossos processos e com isso a cultura nova começou a se expandir para todos na organização e alinhar todos os níveis da instituição com a mesma cultura. Essa foi a parte mais difícil, mas tivemos grande sucessso, se me permite, o primeiro deles foi o CQH, que era regido pelo CRM, e para nós foi muito difícil pois não tínhamos nada sobre isso, em seguida trabalhamos a ISO 9001, conseguimos a ISO e o CQH. Em seguida partimos para a área hospitalar a ONA. Conseguimos então a ONA nível I e abandonamos o CQH, porque assim achamos que seria melhor para a instituição. Aí fomos para ONA nível II e ONA nível III, então hoje somos certificados com excelência e já fomos recertificados em dezembro de 2015 por mais três anos e, de seis em seis meses são feitas aquelas avaliações periódicas para ver se não estamos fugindo. Continuamos com a ISO 9001 e em seguida nós conseguimos o SINASC, selo ouro, para controle dos nascidos vivos na maternidade. Conseguimos o Chico Mendes sócio ambiental também por quarto anos já, pelos projetos de captação de água de chuva, reúso de água, poços artesianos que a gente fez lá, projetos de luzes em LED e uma série de outros projetos menores e que nos faz angariar o selo verde

sócio ambiental Chico Mendes. Nós conseguimos também um selo Latin America Quality Awards, conseguimos também um outro projeto que acho bastante significativo para a enfermagem, que é o COREN, só para a enfermagem e agora estamos quase na metade do caminho da certificação canadense. Isso fez com que não só a gente exigisse índices de qualidade e metas, mas os auditores externos exigissemm de todas as áreas, os nossos processos ficam melhores e mais enxutos. É isso que tem trazido um bom resultado e que veio da cultura automobilística. Lá, como fizemos com o Green Belt e o Black Belt, que a gente usava muito, há muitos anos atrás, e agora estamos querendo do Lean Manufacturing criar o Lean Healthcare, mas ainda vai passar muita água embaixo da ponte, porque é realmente muito difícil. Começamos no pronto Socorro, começamos a cronometrar e foi um….bom ainda não estamos preparados pra isso. Healthers: A participação de todos cria engajamento certo? As pessoas vão participando e fazendo com que cada etapa torne-se deles mesmos. Você sentiu isso no corpo clínico por exemplo? VV: Nas primeiras vezes foi diferente. Uma que me marcou bastante. Nós viemos de indústria automobilística, trabalhamos com just in time, aí eu chegava na farmácia ou mesmo no almoxarifado e via aquilo. A farmácia tinha um estoque de 75 dias, R$ 3 milhões de estoque e eu olhei aquilo e não acreditei. Estávamos com dificuldades financeiras e um estoque daqueles. Aí fiz uns cálculos não muito científicos e cheguei e falei que teríamos que chegar em 15 dias. 11


C A PA

“ H O J E N O S S O E S TO Q U E VA R I A D E 9 A 1 1 D I A S , CHEIO DE PROCESSOS, ERAM R$ 3 MILHÕES, HOJE SÃO R$ 320 MIL E EU TENHO TODAS ESSAS INFORMAÇÕES TODAS ON-LINE EM TEMPO REAL N O S PA I N É I S T R A N S PA R Ê N C I A Q U E T E M O S N A EMPRESA.” 12


Estávamos numa reunião na minha sala e os médicos falavam: “você pensa que aqui é que nem na empresa onde você trabalhava?, que você fica ali montando caminhãozinho um atrás do outro…”. Então tinha essa mentalidade, mas hoje é bem diferente, hoje nosso estoque varia de 9 a 11 dias, cheio de processos, eram R$ 3 milhões, hoje são R$ 320 mil e eu tenho essas informações todas on line em tempo real nos painéis transparência que temos na empresa. O almoxarifado a mesma coisa, saiu de R$ 2.7 milhões e hoje é R$ 130, 140 mil de estoque. Healthers: Com esse choque de gestão você teve que adequar seu quadro de pessoal? Aconteceu muito isso com você? VV: Aconteceu. O que nós procuramos trabalhar muito lá é na redução de custos e desperdício, custo variável. A gente focou em custo variável e não em custo fixo. Com as certificações e as exigências, todos com metas e todos os meses as pessoas sendo avaliadas e reavaliadas, as pessoas foram mudando. A gente procurou não mexer muito nessa parte de custo fixo, porem começamos a fazer também, com a ajuda da área de recursos humanos coach, mais coach, dando uma oportunidade, uma segunda oportunidade, e as pessoas começaram a compreender quando não estavam preparadas para as novas exigências e algumas saíram, mas não foram muitas. No momento estamos mais rígidos nessa parte, se foram dadas as chances, coach, e a pessoa não responde… Ano passado tivemos que cortar 27 pessoas. Healthers: Isso num universo de um hospital é muito pouco… VV: E isso em todos os níveis. Healthers: Alguns hospitais recentemente, e o caso talvez mais emblemático foi o Santa Catarina, abriram mão da maternidade. Mais uma vez o São Cristóvao, na contramão foi lá e inaugurou uma belíssima maternidade. Nos fale sobre essa estratégia de ir na contramão novamente do Mercado. VV: Estrategicamente porque estamos privilegiando a maternidade e o atendimento a crianças, de onde também muita gente está fugindo.

Nosso plano de saúde vem crescendo e para crescer precisaríamos ter pontos de atendimento, onde até então tínhamos vários parceiros terceirizados que atendiam nossos clientes do plano de saúde. Cada vez mais, quando o paciente é atendido lá for a o que é cobrado é preço. Se eu atender em casa, é custo. O hospital vai cobrar do plano de saúde São Cristóvao, mas vai sair de um bolso e entrar no outro. Então quanto mais crescer mais rede preciso. Preciso ir na contramão senão cada vez fica mais difícil para nós financeiramente. Basicamente o que temos feito, nós não atendemos outros convênios. No passado chegamos a atender 42 convênios. O nosso cliente chegava e não tinha hospital e ia para outro e isso era um tiro no pé. Healthers: A carteira de clientes vem mudando certo? VV: A media de idade quando entramos lá mudou muito, e tínhamos cerca de 41.000 vidas e hoje cerca de 112.000 vidas, para nós que somos pequenos é um crescimento significativo e tivemos que nos adequar antecipadamente. Para vocês imaginarem quando a gente descredenciou os planos de saúde que a gente atendia, nós estávamos com 35 partos/mês. Hoje fazemos 130, 140 partos. Houve uma mudança bastante drástica para nós. Nós não podemos comparer com esses planos maiores, mas para nós sair de 35 para 140 partos é uma mudança bastante expressive. Se estivéssemos mandando todos para fazer for a estaríamos perdidos. Healthers: Você acredita que a verticalização é a grande saída? VV: Olha, pelo pouco conhecimento que tenho, e não posso dizer que tenho grande conhecimento nessa área, mas pela experiência adquirida no São Cristóvão, o exemplo mais próximo foi esse da maternidade, como das crianças (tínhamos 12.000 crianças e hoje temos mais de 25.000 crianças), nós tivemos que verticalizar. O custo externo estava crescendo demais com relação a nossa receita, a sinistralidade estava aumentando muito. Fizemos então um PS infantile moderníssimo, uma outra unidade ambulatorial pediátrica, própria, ali na avenida paes de barros, e criamos ano passado um andar inteirinho pediátrico, onde temos 26 leitos de enfermaria e 10 de UTI.

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C A PA

Tudo isso fez com que a gente conseguisse reverter a despesa externa e contra balancear com a interna. O exemplo mais recente é que no ABC nós crescemos muito e não temos rede nenhuma lá. A única coisa que temos no ABC é uma parceria de marketing com o volei feminino de São Caetano e por conta disso temos crescido um pouco, não somente em São Caetano, mas no ABC como um todo. Tivemos então que ter novos parceiros lá. Temos a Beneficiência Portuguesa de Santo André, de São Caetano, parcerias que tivemos que criar para atender nossos clientes. Healthers: Diante desse novo cenário de concentração, imaginamos que a verticalização pode ser uma saída para quem ainda caminha sozinho, certo? VV: Nós fizemos um estudo financeiro. Pegamos a mesma especialidade de quem ficava no São cristóvão (era uma especialidade que o paciente ficava internado cerca de 5 ou 6 dias) e analisamos a mesma especialidade em 3 outros hospitais, para comparar o preço que nos era cobrado versus o custo que tínhamos em casa. Depois fizemos com outras 2 especialidades. O custo que descobrimos e que pagávamos, considerando a media dos 3 hospitais que comparamos, eles eram 2,7 vezes a mais. Gastava R$ 10.000 no São cristóvão, gastava R$ 27.000 nos outros 3. Então enveredamos para a verticalização. Fizemos a maternidade primeiro e depois a pediatria. E também estava todo mundo fugindo de maternidade e pediatria e pensei: onde vou atender nossos clientes? Cada vez menor a rede externa e mais cara. Healthers: Algumas mudanças até aumentam o número de pessoas, como no caso da verticalização. VV: Uma coisa é você querer verticalizar tudo. Não é assim também. Por exemplo, lavanderia, a nossa era verticalizada. Com o tempo, o maquinário começa a ficar mais caro, você tem que ter pessoas especializadas nessa área e não é o seu core business. Você ocupa muito espaço para ter uma lavanderia e nós temos somente um hospital. Temos vários ambulatórios, mas só um hospital, então fica inviável você querer concorrer com os preços de uma empresa que só faz isso. A mesma coisa é laboratório. Éramos verticalizados e passamos a externos. Porque? Pra você manter toda aquela aparelhagem toda, é muito complicado. Então tudo precisa de estudo. É por isso que temos o 14

departamento de viabilidade técnica e econômica lá para fazer esses estudos para nós. A pergunta sempre será: qual é o seu core business. Vale a pena mesmo ou não ter aquilo. Healthers: Estacionamento? VV: Esse era externo e verticalizamos. A chave dessa decisão foi o atendimento ao cliente. Conseguimos um controle maior, não foi nem financeiro aqui. Nós estamos tentando trabalhar cada vez mais em hotelaria, a gente queria que a hotelaria fosse válida para o atendente da recepção, o manobrista, o segurança, todos embaixo da mesma gerência e assim podemos ter o mesmo nível de atendimento. Healthers: O core business é atendimento e serviços médico hospitalares. VV: Isso mesmo. Healthers: Vamos falar de economia. Como estão as vendas do Plano de Saúde, considerando a crise que o país passa.


VV: A gente via aqui no Brasil inúmeras crises que passaram, e não foram poucas, mas a gente via isso de forma isolada em alguns setores. Uma hora era na construção civil, outra hora no automobilístico, mas hoje a nossa percepção é de que todas as áreas estão com problemas e todas tem que trabalhar e nós, como todos, estamos sofrendo muito. Não é um privilégio do São Cristóvão. Eu vejo várias outras entidades iguais. Eu tive essa reunião essa semana na FEHOSP com as Santas Casas, filantrópicos, e todos eles estão sofrendo demais. A gente sempre escutou no passado que os problemas que esses tipos de entidades tinham eram por conta de má gestão, mas hoje esse pessoal tem um amadurecimento muito grande e a gente vê um problema que não é só politico, é confiança. A confiança faz com que a gente se sinta mais preso. Agora o que nós fizemos? Nós estamos sentindo isso há mais tempo. Ontem mesmo esteve conosco no São Cristóvão um pessoal me oferecendo 27.000 vidas da região do ABC. Nós estamos fazendo o estudo, mas é uma carteira que não é boa pra nós, não interessa. Mas porque que está sobrando planos pra cá e lá? Planos pequenos. Porque realmente está muito difícil de equilibrar o balanço entre a receita e a despesa. Então hoje, cada vez mais temos que usar a velha frase e fazer mais com menos. E vem a ANS, não tenho nada contra a ANS, e vem privilegiando a população, o que está certo, e não quero entrar no mérito se era direito ou dever do governo. O beneficiário do São cristóvão, ele tem hoje inúmeros privilégios que não tinha no passado e daqui a alguns anos vão ser maiores ainda. Por outro lado nós temos que ser mais eficientes no que estamos fazendo. E por este motive nós temos e estamos fazendo há uns 5 anos aqueles projetos de brainstorms logo no início do ano e a gente trabalha em redução de desperdício. Uma das áreas que eu trabalhava lá na Ford era redução de custos e aqui trabalhamos na redução de desperdício, temos um time muito focado nisso com targets, inicialmente previstos e o departamento de viabilidade técnica e econômica que acompanha por 12 meses se aquela ação que foi previamente aprovada continua sendo efetiva. Se depois de 12 meses ela continua sendo efetiva nós conseguimos “bookar”ela num software que desenvolvemos dentro da instituição para poder fazer o acompanhamento mais facilmente. Eu e todos de lá se dedicaram muito mais dentro dos processos e ideias e todos lá vem com boas ideias. Criamos projetos de bonificação para

“SE AGENTE QUISER SOBREVIVER A GENTE VA I T E R Q U E S E R C A DA VEZ MAIS EFICIENTES, CADA VEZ MAIS PROFISSIONALIZAR NOSSOS COLABORADORES...” quem dá ideias e depois de 12 meses implementada ela deu resultados Healthers: Em detriment a tudo isso temos agora o advento da chegada do capital estrangeiro no país. Como o São Cristóvão se vê dentro desse novo cenário? VV: Se a gente quiser sobreviver a gente vai ter que ser cada vez mais eficientes, cada vez mais profissionalizar nossos colaboradores, nossos médicos, realmente dar as mãos e remar para o mesmo lado. Não dá pra você competir com essas grandes empresas, não tem nem dúvida. Você vê a United HealthCare vem aqui com capital estrangeiro e a última foi a do Samaritano. Foi algo como R$ 1.3 bi, agora para esses investidores Americanos isso dá o que? R$ 300 milhões? Para eles não é nada. Eu acho. Eu trabalhei muito tempo para Americanos, eles não dão ponto sem nó, não investem se não houver retorno. Para nós vai ficando mais difícil e a gente ouve boatos de que outros planos ao nosso redor, até maiores do que nós, tem a possibilidade e estão sendo negociados. Isso acarreta uma apreensão para todos nós… Healthers: Até a hora em que você um procurado também… VV: É. Eu diria que já fomos procurados, mas não temos intensão nenhuma de vender. Uma que somos uma associação filantrópia e sem fins lucrativos, é uma situação muito mais difícil e se eu abandonar o barco acho que lá atrás, meu avô, meu pai, acho que ficarão bravos comigo. 15


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A EXPRESSA É UMA EMPRESA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS COM 31 ANOS DE ATUAÇÃO E PRESENÇA EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL. NOSSA MISSÃO É PROMOVER O ACESSO AOS MELHORES PRODUTOS E PRÁTICAS NAS ÁREAS DA SAÚDE, E FAZEMOS ISSO ATRAVÉS DE UMA LOGÍSTICA ÁGIL E ABRANGENTE, DE UM ROBUSTO TRABALHO COMERCIAL E DE UMA ATUAÇÃO EFICIENTE, RESPONSÁVEL E ÉTICA, TANTO NA ÁREA PÚBLICA QUANTO NA ÁREA PRIVADA.

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E N T R E V I S TA

E N T R E V I S TA CARLOS EDUARDO KUHL NOGUEIRA InterSystems

H: A InterSystems está presente em vários países da América Latina. Em sua opinião quais países estão mais à frente da Saúde Conectada?

2 - Os Modelos atuais de remuneração diferentes no mundo tem alguma conexão com a evolução tecnológica?

Carlos Eduardo: Chile, Colômbia, Costa Rica, Peru e Uruguai são os países considerados mais avançados.

A evolução tecnológica ajuda os profissionais de saúde a promover um melhor atendimento ao paciente, e vários países já baseiam a remuneração com base na qualidade do atendimento.

Juntos, eles formam a Red Americana de Cooperación sobre Salud Electrónica (RACSEL), uma associação para estudar e pesquisar melhorias na saúde, por meio do estabelecimento da padronização das informações clínicas dos pacientes, para tornar possível o compartilhamento desses dados entre diferentes organizações de saúde e médicos. A RACSEL tem como proposta instalar uma agenda estratégica comum para o desenvolvimento do Eletronic Health Record (EHR) nos países da América Latina e do Caribe, para reforçar as iniciativas em andamento e criar uma linha de base para os países adotarem as melhores práticas validadas em cada região. 18

Um exemplo são os EUA, que criaram, em 2011, a Accountable Care Organization (ACO), uma organização de prestadores de cuidados de saúde caracterizada por um modelo que entrega cuidados de saúde com base em pagamentos, que procura vincular os pagamentos a métricas de qualidade e reduções no custo total de cuidado. A ACO estabelece um sistema de coordenação que permite aos médicos e hospitais locais colaborarem e cumprirem de forma mais eficiente e efetiva com suas funções. São estabelecidas métricas de qualidade de performance, que são usadas para medir e premiar estas organizações.


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E N T R E V I S TA

As ACOs em geral possuem três grandes objetivos: melhorar a qualidade do serviço de saúde oferecido da população pela qual é responsável; melhorar a experiência dos pacientes sob seus cuidados; e fazer isso de forma mais eficiente, por um custo menor do que o normal. H - Temos hoje no país empresas multinacionais e brasileiras comercializando sistemas de gestão assistencial e administrativos. Nos últimos anos esse mercado não se consolidou como se esperava e sim, se multiplicou em número de players. Você acredita que isso tem a ver com a demanda diferenciada ou que não há solução completa ainda para os clientes? O mercado de saúde está passando por uma grande transformação. A demanda por eficiência tem impulsionado as organizações de saúde a investirem cada vez mais em soluções de TI que permitam melhorar os processos de gestão. E, paralelo a isso, o mercado de saúde brasileiro e dos demais países da América Latina tem avançado na informatização, no intuito de melhorar a gestão da informação para melhorar a administração, os fluxos de trabalho e a qualidade, de maneira geral. A maioria das organizações hoje adota uma abordagem puramente táctica para lidar com estas questões, implantando soluções pontuais para enfrentar cada desafio, cada problema. Entretanto, essa abordagem tem criado mais do que resolvido problemas, pois os sistemas são desenvolvidos em silos que dificultam a interoperabilidade e a visão integrada e, por consequência, a adoção de inovações. O mercado possui hoje diversos players que oferecem soluções para gestão da saúde, das operadoras de planos de saúde e de diagnósticos, e a integração entre esses sistemas e a conectividade com os equipamentos é que fará a diferença na oferta de soluções para o mercado de saúde.

A INTEGRAÇÃO ENTRE SISTEMAS E A CONECTIVIDADE C O M O S E Q U I PA M E N TO S É Q U E FA R Á A D I F E R E N Ç A 20

H - Quais os próximos passos da InterSystems no mercado local após a entrada de players globais como a Cerner? Continuar investindo no aperfeiçoamento de nossas soluções para ajudar os clientes a antecipar tendências, aumentar a produtividade, reduzir custos e oferecer um melhor atendimento aos pacientes. A abordagem do mercado brasileiro uma abordagem puramente táctica para lidar com estas questões, implantando soluções pontuais tem criado mais do que resolvido problemas, pois os sistemas são desenvolvidos em silos que dificultam a interoperabilidade, por isso estamos trabalhando com o InterSystems HealthShare, plataforma de tecnologia para saúde que fornece tecnologia avançada para interoperabilidade estratégica e análise de dados, que proporciona: A melhoria na comunicação entre fornecedores, agências de serviço comunitário, gestores de cuidados, pacientes e familiares. A conectividade de dispositivos, softwares e organizações de atendimento à saúde. O apoio ao o intercâmbio de informações sobre saúde em nível nacional e regional A identificação de oportunidades para melhorar e aperfeiçoar os resultados e processos de atendimento H - Qual a principal diferença do mercado chileno e brasileiro? Além do tamanho dos países, que reflete automaticamente no tamanho da população a ser atendida, no Chile, a estrutura da saúde pública é maior do que a privada. O Governo chileno também não tem tantas esferas como no Brasil, onde as decisões em relação à saúde passam por diferentes autoridades divididas em âmbitos federais, estaduais e municipais. O país tem um projeto de Estratégia de Saúde Digital chamado SIDRA (Sistema de Información de la Red Asistencial), que visa automatizar os processos clínicos e administrativos em unidades de saúde (hospitais e clínicas), e integrar a rede de cuidados


de saúde em todos os níveis de atenção, através de sistemas de informação que proporcionem informações em tempo real, para otimizar e agilizar a tomada de decisão. Já o mercado de assistência à saúde no Brasil é complexo, assimétrico, fragmentado, com alta demanda, devido à população numerosa, entre outras características. No âmbito da saúde pública, a gestão do Sistema Nacional de Saúde está concentrada no Ministério da Saúde, que transfere receitas a estados, municípios, hospitais universitários e entidades de caridade, e supervisiona suas atividades, para serem repassadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). No que se refere à saúde privada, o acesso da população está cada vez maior. Pesquisas indicam que são mais de 50 milhões de pessoas com plano de saúde. É inegável que a iniciativa privada tornouse um importante elo do sistema de saúde brasileiro. Atualmente, o setor privado responde por mais de 53% de tudo que é investido em saúde no Brasil. Mas, os problemas sócio econômicos do país trazem desafios semelhantes aos setores público e privados, como: redução de custos, revisão de processos, melhorias em sistemas de informações gerenciais, treinamento de equipes médicas e administrativas, atualização de equipamentos, etc.. H - O último HIMSS teve um número de brasileiros consideravelmente grande, comparado a anos anteriores. Você acredita que a crise pela qual o Brasil passa tem trazido impacto violento nas tecnologias ou o Brasil procura soluções com impacto em performance para ajudá-los nesse momento? O mercado brasileiro tem procurado por soluções que ajudem a melhorar a gestão da saúde, para trazer redução de custos, e ao mesmo tempo, melhorar o atendimento aos pacientes.A pressão por melhorar a qualidade, a acessibilidade, e a eficiência, e ao mesmo tempo reduzir custos, tem motivado as organizações de saúde a investirem em soluções de TI. H - Quanto da receita da InterSystems hoje vem de governo e privado no Brasil? Isso é parecido com outros países no mundo? Não podemos divulgar números locais.

PESQUISAS INDICAM QUE SÃO MAIS DE 50 MILHÕES DE PESSOAS COM PLANO D E S A Ú D E . É I N E G ÁV E L Q U E A I N I C I AT I V A P R I V A D A T O R N O U - S E U M I M P O R TA N T E ELO DO SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO. H - O médico ainda tem muita influência na tecnologia da informação? Sim. Uma pesquisa realizada pela Accenture constatou que ferramentas tecnológicas fazem cada vez mais parte do setor de saúde brasileiro. Segundo o estudo, a maioria dos médicos nacionais (70%) domina melhor o uso de registros médicos eletrônicos do que há dois anos. No entanto, 63% dos profissionais ainda acreditam que o uso de TI nos cuidados de saúde diminui o tempo que eles passam com os pacientes. Os profissionais de saúde precisam se adaptar a uma nova geração de pacientes que está cada vez mais engajada no tratamento, e que espera obter os dados em tempo real. Esse envolvimento pode aumentar seu entendimento sobre suas condições, melhorar a motivação e servir como um claro diferencial para os cuidados de saúde prestados pelos médicos. Por isso, é ideal que os médicos estejam preparados para o futuro e entendam a importância da revolução da informação na transformação da medicina, pois isso pode significar uma grande melhoria no atendimento aos pacientes e no trabalho dos profissionais de saúde. H - Há em sua opinião muito investimento em tecnologias médicas em detrimento das tecnologias da informação? Cada vez mais, médicos experientes optam por soluções inteligentes de comunicação em tempo real com seus pacientes. Entre os recursos de TI que os médicos no Brasil, de acordo com estudos de mercado, são: inserção de observações eletrônicas 21


E N T R E V I S TA

“ O Q U E P R E C I S A M O S É D E I N OVA Ç Ã O O R G A N I Z A C I O N A L , P R O J E TA R E C O N S T R U I R U M SISTEMA DE SAÚDE QUE FUNCIONE NÃO COMO BASE N A F I L O S O F I A Q U E P R I O R I Z A N Ã O O PA G A M E N TO PELA ASSISTÊNCIA MÉDICA, MAS SIM EM COMO TO R N A R A A S S I S T Ê N C I A M É D I C A PA G ÁV E L . ” sobre os pacientes (61%); uso de ferramentas de administração eletrônica (38%); acesso a dados clínicos sobre pacientes examinados por outra organização de saúde (27%); recebimento dos resultados clínicos diretamente ao RME do paciente (24%) e uso de apoio à decisão clínica (24%).

A quebra de paradigma envolve a definição de padrões, terminologias, legislação, consentimento, ou seja, não é apenas uma questão da pura adoção da tecnologia, mas sim da inovação sistemática que define a arquitetura ideal para gerar um ecossistema sustentável

Os investimentos caminham em paralelo.

O que precisamos é de inovação organizacional, projetar e construir um sistema de saúde que funcione não com base na filosofia que prioriza não o pagamento pela assistência médica, mas sim em como tornar a assistência médica pagável.

Há uma percepção de que a tecnologia para diagnósticos proporciona uma melhor saúde. Ao mesmo tempo, há a percepção que a tecnologia voltada para a gestão das informações clínicas dos pacientes, também é fundamental para promover um melhor atendimento aos pacientes e reduzir custos às organizações de saúde, aprimorando a gestão. 10 - Quando iremos conectar todas as tecnologias? Há casos reais envolvendo a InterSystems nesse aspecto? O desafio não está em conectar tecnologias, pois as tecnologias para conexão já estão disponíveis e ao alcance de muitos hospitais, proporcionando uma relação custo benefício altamente favorável. O que é preciso é rever o processo e quebrar paradigmas. Hoje, como citado na pergunta 4, a maioria das organizações adota uma abordagem puramente táctica para lidar com a adoção de tecnologia, implantando soluções pontuais para enfrentar cada desafio, cada problema, que vão surgindo. Entretanto, essa abordagem tem criado ainda mais problemas, ao invés de resolvê-los, pois os sistemas são desenvolvidos em silos que dificultam a interoperabilidade e a visão integrada e, por consequência, a adoção de inovações. 22

11 - De quais produtos hoje vem as maiores receitas da InterSystems? Não informamos números. 12 - A saúde é hoje quanto do negócio da InterSystems no mundo? 80% dos nossos negócios são saúde. 13 - O que podemos esperar em termos de inovações na InterSystems para os próximos anos? Continuar investindo continuamente na melhoria e desenvolvimento das nossas soluções, para que possam ser adequadas às exigências atuais e futuras dos nossos clientes, e proporcionar Integração, Interoperabilidade e Conectividade entre sistemas e equipamentos. Isso é o que fará a diferença na oferta de soluções que permitem às empresas gerirem todo o ciclo de atendimento do paciente.


NÓS CRIAMOS EXPERIÊNCIAS INOVADORAS PARA OS SEUS PACIENTES.

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E N T R E V I S TA

E N T R E V I S TA ROBERTO CRUZ Pixeon

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H - Por favor nos conte como a Pixeon nasceu.

H - Por que a fusão com a Medical Systems?

Uma das maiores empresas brasileiras de tecnologia para a saúde, a Pixeon nasceu, em 2012, a partir da fusão de duas empresas. Melhor do que explicar como nascemos é entender como nos desenvolvemos: por meio de uma visão “one stop shop software provider” – que oferece uma solução completa de serviços em HIS, LIS, RIS e PACS – nossa empresa conseguiu combinar capacidade de entrega rápida, suporte local em todo país e produtos robustos prontos para atender um mercado em crescimento exponencial no Brasil.

A fusão entre as duas empresas aconteceu em 2012, criando a Pixeon, na época já com 1200 clientes e oferecendo soluções de RIS e PACS para a área de radiologia. A fusão foi uma oportunidade percebida pelas duas empresas para crescer de forma estruturada e ampliar o portfólio de produtos, já que a empresa catarinense era desenvolvedora do PACS Aurora e, a paulista, do RIS X Clinic.

Devido ao nosso foco ser em um crescimento estruturado e sustentável de longo prazo, a Pixeon dobrou de tamanho entre 2013 e 2015, o que mostra que estamos seguindo nosso planejamento de nos tornarmos líderes de mercado até 2019.

H - Que mercados novos vocês pensam em chegar que são completamente diferentes dos mercados de nascimento da empresa? A Pixeon expandiu sua atuação nos mercados de hospitais e laboratórios depois das aquisições da MedicWare e Lablink, esta última, empresa de interfaceamento de equipamentos laboratoriais.


Dessa forma, a empresa conseguiu atingir públicos que antes não eram seu mercado inicial. Além disso, crescemos regionalmente, atendendo agora as cinco regiões brasileiras com soluções completas e suporte local. H - Como está constituída hoje a divisão societária da empresa? A divisão societária da empresa conta com os três sócios fundadores, que tem participação majoritária, além de dois fundos de investimentos internacionais: Intel Capital e Riverwood Capital. H - Quantas aquisições foram feitas nesse período todo? As aquisições foram feitas em 2014, houve primeiro a compra da Lablink, empresa de interfaceamento de equipamentos laboratoriais, seguida da Medicware, referência nacional em HIS (Hospital Information System) e de soluções de Prontuário Eletrônico, Gestão Clinica e de Laboratórios, a Pixeon passou a ser uma das líderes de mercado em seu segmento. H - Os conflitos de cultura são visíveis na empresa? O que está sendo feito paramitigar os riscos dos choques de cultura? 25


E N T R E V I S TA

A P I X E O N E X P A N D I U S U A AT U A Ç Ã O N O S M E R C A D O S D E H O S P I TA I S E L A B O R AT Ó R I O S D E P O I S D A S A Q U I S I Ç Õ E S DA MEDICWARE E LABLINK

Com a soma das operações, passamos a contar com uma equipe de 350 colaboradores. E desde o início foi promovida a integração de todos os times, inclusive os de gestão, que passaram a trabalhar em conjunto. Embora seja complexa essa união de diferentes culturas, possuímos diversos programas internos que estimulam os colaboradores a se sentirem como parte fundamental da empresa, desde programa de desenvolvimento a ações de comunicação como uma revista interna. Os times também participam de eventos de seus setores em outras unidades, com o objetivo também de integração. Além disso, a empresa se preparou com tecnologias para promover videoconferências e possibilitar comunicados a todos simultaneamente. Além disso, os gestores frequentemente se deslocam entre as unidades facilitando o processo de integração e comunicação entre todos. Integramos talentos, aproximamos relações e simplificamos vidas, dessa forma cada colaborador é parte desse organismo vivo que a Pixeon representa.

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H - Sobre o futuro: como veem o futuro da tecnologia em saúde? Por sermos uma empresa totalmente voltada a evolução e inovação, estamos sempre atentos às tendências do mercado de tecnologia para a saúde. Tendências como, por exemplo, internet das coisas, mhealth e telemedicina estão em nosso radar, pois sabemos que é necessário estar sempre à frente do mercado. Nossa parceria com a Clínica Mayo para codesenvolvimento de novos produtos ou serviços por meio do acesso ao seu know-how e licenciamento de tecnologias do portfólio de produtos da instituição, deixará o futuro ainda mais próximo à Pixeon. E assim, poderemos contribuir, cada vez mais, para o futuro da tecnologia em saúde noBrasil e no mundo. Durante a exposição do estande da Pixeon nas feiras JPR e Hospitalar 2016, a empresa exibiu um ambiente de realidade virtual aplicado para medicina diagnóstica onde os visitantes da feira poderão ter uma experiência futurística simulada de uma sala de laudo. Iniciativa condizente com a visão da Pixeon sobre o setor, que visou mostrar ao público o futuro da tecnologia da informação aplicada a saúde.


“ D U R A N T E A E X P O S I Ç Ã O D O E S TA N D E D A P I X E O N N A S F E I R A S J P R E H O S P I TA L A R 2 0 1 6 , A E M P R E S A EXIBIU UM AMBIENTE DE REALIDADE VIRTUAL A P L I C A D O PA R A M E D I C I N A D I A G N Ó S T I C A . . . ”

H - Quais os aspectos mais relevantes observam nos últimos 10 anos sobre a evolução da tecnologia? No geral, observamos a consolidação da internet no Brasil, o desenvolvimento e adoçãoem massa das tecnologias mobile e ainda a utilização de equipamentos cada vez mais leves e práticos, que podem ser adotados de forma relativamente simples por qualquer pessoa. Especificamente na área, acompanhamos o desenvolvimento cada vez mais consolidado de tecnologias que colaboram com diversos pontos relevantes para o acesso à saúde: uma melhor visualização de exames de imagem, um acesso imediato a prontuário do paciente, possibilidade de laudos de exames remotamente, melhor controle dos exames laboratoriais e de imagem por meio dos sistemas de gestão, assimcomo melhor controle de toda a cadeia de fluxo de trabalho da instituição, desde a chegada do paciente até a administração do backoffice.

H - A empresa se mantém em Florianópolis. Tem sentido dificuldade em se manter tão longe do polo SP-RJ? A empresa está presente no polo SP-RJ, considerado pelo mercado como o centro do país. A empresa atualmente se divide em três unidades: São Bernardo do Campo (SP), na qual está o presidente da companhia, Florianópolis (SC) e Salvador (BA). As três unidades contam com times completos de desenvolvimento e suporte. A empresa ainda possui escritório em Belo Horizonte (BH) e equipes comerciais e de entregas pelo Brasil. A empresa hoje está presente em todo o território nacional.

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E S T R AT É G I A

É HORA DE TRABALHAR A S U A E S T R AT É G I A Prof. Luis Augusto Lobão Mendes

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A formulação de estratégias vem-se constituindo um dos grandes desafios dos dirigentes das organizações modernas. O crescimento, quando não a mera sobrevivência, tem exigido excelência em escolhas cada vez mais complexas, em função das incertezas e, sobretudo, da ambiguidade crescente no ambiente de negócios. Acompanhando essa tendência, podemos apontar a dificuldade da leitura e interpretação das variáveis externas às organizações. Em consequência, as abordagens convencionais e prevalecentes associadas à concepção e à elaboração de estratégias começam a ser questionadas no que tange a sua efetiva capacidade de criar valor para as empresas. Paralelamente, novas propostas metodológicas são apresentadas, com destaque para a importante influência dos processos cognitivos pertinentes à coleta, seleção e interpretação de dados e informações sobre o ambiente.

“ O Q U E S E PA R A UMA EMPRESA DE EXCEPCIONAL DAS DEMAIS É O JEITO COM QUE SEUS GESTORES ENCARAM SUA MANEIRA DE CONDUZIR O NEGÓCIO.”

Além das dificuldades com o processo de concepção estratégica, as empresas passaram a priorizar movimentos em direção à qualidade e a revisão de seus processos. O como fazer se sobrepunha ao o que fazer. E o planejamento estratégico deixou de ser realmente estratégico. Posso afirmar que o gargalo da estratégia está na alta direção. A ortodoxia estratégica é defendida pelos administradores mais antigos e, usualmente, mais prestigiados da empresa. A formulação da estratégia implica o inesperado, a abrangência do processo, com novos participantes e diferentes pontos de vista, assegura algum grau de novidade ou inovação no que se refere ao produto final. Estratégia é uma questão de perspectiva e não de inteligência, a empresa e o próprio ambiente devem ser vistos sob novos ângulos, e não apenas através de uma ótica mecanicista. Concepção estratégica implica transformação e perpetuidade, deve envolver conhecimento individual e interação social, deve ser cooperativa mesmo quando conflitante, deve incluir tanto análise a priori quanto programação a posteriori e negociação durante todo o processo e, finalmente, deve responder às demandas do ambiente. Parece evidente que, se se pretende a transformação de uma empresa em uma value innovator, condição proposta para a otimização de seus resultados em uma economia caracterizada pela hipercompetição em mercados saturados, não há como fugir da necessidade de se desenvolver competências para a leitura de ambientes ambíguos – competências para a “exploração” do futuro, com vistas à concepção de estratégias efetivas. Os grandes desafios dos gestores ao desenvolverem estratégias é o de se garantir que esta estratégia não apenas reflita seus vieses ou até mesmo sua própria ignorância sobre o ambiente de negócios e sua evolução. A sobrevivência das organizações dependente de sua habilidade de processar informações sobre o ambiente e de transformar esta informação em conhecimento o qual as capacita a se adaptar efetivamente à mudança. O que separa uma empresa de excepcional das demais é o jeito com que seus gestores encaram sua maneira de conduzir o negócio. A maioria das empresas faz de tudo para alcançar e ultrapassar seus rivais, adotando práticas de benchmarking e monitoram os movimentos da concorrência. O resultado é que suas estratégias tendem a ser semelhantes. É o que denominamos convergência 29


E S T R AT É G I A

estratégica, todos competem com os mesmos atributos de valor e estruturam seus negócios no mesmo formato, desta forma, perdendo a sua vantagem competitiva pela similaridade da oferta e operação, falta singularidade e diferenciação. Existem três coisas que uma empresa tem de entender muito bem se quiser competir com vantagem sobre seus concorrentes: (1) Seu modelo de negócio, (2) A estratégia de negócio para desenvolver esse modelo, (3) A execução da estratégia para colocá-la em prática. A primeira parte, o modelo de negócio, é “o quê fazemos e porquê”. A segunda, a estratégia, é “como, quando, onde, por quem e para quem vai ser feito”. A terceira, a execução, é realmente fazer aquilo que foi decidido. Modelo de negócio é a forma pela qual uma empresa cria valor para todos os seus principais públicos de interesse. Em um nível mais abstrato, um modelo de negócio é uma série de elementos e suas inter-relações.

“A E X E C U Ç Ã O É EXTREMAMENTE DIFÍCIL, POIS ANTES D E T U D O E X I G E M U I TA DISCIPLINA.”

Um bom modelo de negócio responde a algumas perguntas: “Quem é o cliente?” e “O que é valor para o cliente”. Também responde perguntas fundamentais que qualquer gestor deve se perguntar: “Como nós fazemos dinheiro nesse negócio?” e “Como nós podemos oferecer valor para o cliente com um preço apropriado?”. Em síntese, é um método científico: você começa com uma hipótese, testa na realidade e revisa se necessário. É importante ressaltarmos que modelo de negócio não é a mesma coisa que estratégia de negócio – e muita gente confunde seus conceitos. Modelo de negócio mostra o sistema da empresa: como as peças do quebra cabeça se unem. O modelo de negócio é formado por quatro elementos, que devem ser trabalhos com a equipe executiva de forma continua: proposta de valor, interface com o consumidor/cliente, modelo de operação e modelo econômico. Estes elementos devem ser muito bem encaixados: Proposta de Valor: É a forma pela qual a empresa define qual é o seu diferencial no mercado, como se torna única e se destaca de todas as demais empresas que participam desse mesmo mercado. A proposta de valor devem ter atributos relacionados às necessidades do cliente/consumidor. Interface com o Consumidor: Esse elemento descreve onde, quando e como uma empresa interage com os seus consumidores. Essa interação pode se dar através do seu canal de distribuição e seu modelo de criar e manter o relacionamento. Modelo de Operação: É como que uma empresa faz para projetar e produzir o seu produto e/ou serviço. Deve prever todas as etapas necessárias para

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Mas, se execução é essencial para o sucesso, por que um número maior de organizações não desenvolve uma abordagem disciplinada em relação a ela? Por que as empresas não dedicam mais tempo desenvolvendo e aperfeiçoando processos que as ajudem a obter resultados estratégicos importantes? E por que muitas empresas não conseguem executar ou implementar bem as estratégias e colher os frutos desses esforços?. A resposta é muito simples. A execução é extremamente difícil, pois antes de tudo exige muita disciplina. viabilizar sua produção, passando por logística, incluindo competências e modelo de gestão. Modelo Econômico: É onde se demonstra a viabilidade financeira de uma empresa. Esse modelo mostra como uma empresa ganha recursos e paga suas despesas a fim de atingir a sustentabilidade. É cada vez mais indispensável ser capaz de questionar e melhorar seu Modelo de Negócios dentro da atual conjuntura global e altamente competitiva dos negócios, mesmo em setores tradicionais e já estabelecidos. Mas atenção!! Uma estratégia brilhante, um produto arrasador ou uma tecnologia revolucionária podem colocar a empresa no mapa competitivo - mas só uma sólida execução será capaz de mantê-la ali. Não há nada mais frustrante do que perder uma grande oportunidade por causa de uma execução medíocre. Parece que agora o mundo se divide entre os rápidos e os lentos e isto não é uma mera questão metafórica, nações inteiras enfrentam um fato inexorável: a sobrevivência do mais rápido. Obviamente isso afeta diretamente as empresas, que não podem “ficar para trás” sob o risco de sua própria extinção. Formular a estratégia é difícil, mas implementá-la pode ser ainda mais desafiador. A execução hoje exige comprometimento e paixão pelos resultados, independente do nível da administração. Infelizmente, ainda sabe-se muito mais sobre planejamento do que sobre realização, sobre a criação da estratégia, do que sobre o seu funcionamento real. E sabemos muito bem que os planos ruins e mal concebidos geram resultados ruins. A estratégia conduz ou afeta um grande negócio, devendo ser desenvolvida com cuidado. Logo, estratégias fracas resultam em planos fracos de execução.

O maior erro cometido pela liderança é permitir que o não-atingimento da meta fique sem a devida avaliação. Se não houver a análise do mal resultado, é preferível não conduzir uma gestão por resultados. A força deste gerenciamento é a boa avaliação. Esta reflexão significa analisar através de informações (fatos e dados) a diferença entre o resultado obtido e o valor previsto no contrato de resultados, identificar as causas que geraram tal diferença e apresentar as contramedidas a essas causas. Esta reflexão não pode resumirse numa “desculpa” ou numa “explicação”. “Explicações” não garantem a sobrevivência de uma empresa. Existem organizações que executam um planejamento esplêndido. No entanto, não existe gestão. As metas não são alcançadas na sua totalidade e nada acontece apesar disto. O sucesso de qualquer estratégia, nos dias de hoje, depende muito mais de uma ação rápida do que de um planejamento detalhado. As exigências de um ambiente complexo e em constante mutação, agravado pelo crescimento exponencial dos concorrentes e substitutos, nos impõem novos desafios. A disciplina na execução de uma estratégia lançada para atingir resultados requer líderes comprometidos e preparados. Liderar este processo é o principal papel dos dirigentes atuais. O objetivo do líder genuíno é construir um lugar em que as pessoas desfrutem de liberdade criativa e desenvolvam o verdadeiro senso de realização – um ambiente que desperte o melhor de cada um. Os atuais modelos organizacionais nos induzem a utilizar no trabalho apenas parte de nossa capacidade individual. Precisamos aprender a reconhecer e explorar esta capacidade ociosa que todos os dias cada pessoa traz para a organização. Está ponto? Então mãos a obra... está na hora de trabalhar a sua estratégia!! 31


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FINANÇAS

AS OPORTUNIDADES PROPORCIONADAS POR CENÁRIOS DE CRISE Carlos Marsal, Superintendência de Controladoria e Finanças

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“ S E M P R E R E S S A LT O E M M I N H A S C O N V E R S A S C O M A E Q U I P E , PA R E S E NA MINHA PRÓPRIA CASA QUE S O C I E DA D E S Q U E PA S S A R A M P O R G R A V E S O B S TÁ C U L O S T E M A L G O E M C O M U M : O F O R TA L E C I M E N T O APÓS A SUPERAÇÃO.” Da mesma forma estes fenômenos impactam as organizações. No mundo empresarial de vários países e também no Brasil, administrar contextos de crise e gerenciar seus impactos faz parte da agenda executiva, a cada ciclo a superação traz lições e ensinamentos que se incorporam à intelectualidade coletiva das organizações. Existe um provérbio de Victor Hugo que diz: “a esperança seria a maior das forças humanas se não existisse o desespero”. Este pensamento traz uma reflexão importante sobre a atuação de empreendedores e dirigentes quando o cenário é afetado por situações indesejáveis que comprometem o desempenho das organizações.

Sempre ressalto em minhas conversas com a equipe, pares e na minha própria casa que sociedades que passaram por guerras e outros graves obstáculos tem algo em comum: o fortalecimento após a superação. As crises sempre moveram o mundo e quando as sociedades são fortes em seus propósitos. Quando são movidas pelo trabalho, foco, ousadia, respeito à stakeholders e a coletividade, em sua grande maioria conseguem escrever novas páginas marcadas por desenvolvimento, bonança e prosperidade.

O comportamento normal é reduzir ou até suspender investimentos e projetos, isto sem falar nos cortes de pessoal que em muitas organizações são feitos de forma linear e sem nenhum critério ou avaliação. As preocupações em não conseguir reagir a tempo de causar um impacto irreversível geram atitudes extremas e paralisam empresas e seus planejamentos estratégicos. É evidente que temos dificuldade para manter uma postura positiva em cenários adversos como o que vivemos hoje no Brasil. Às vezes, mesmo com absoluto esforço individual e coletivo é muito difícil enxergar possibilidades neste contexto de crise política e econômica, queda na produção e desemprego crescente. A desesperança impacta uma grande soma de setores de atividade e o clima de desconfiança desestimula mercados e empresas. 35


FINANÇAS

destes elementos são subestimados contudo, diante da crise, a clara definição destes elementos permite uma reação mais rápida e efetiva diante dos cenários adversos. É evidente que as pessoas sempre serão elementos “chave” para viabilizar a reação, são elas que podem operar e ou liderar o cenário de inovação e a criação de ideias garantindo mudanças necessárias para superar estes momentos.

“O DESAFIO DE MANTER OS SERVIÇOS GARANTINDO S U S T E N TA B I L I D A D E E A LT O S PA D R Õ E S D E Q UA L I DA D E E X I G E M U I TA C R I AT I V I D A D E ” Mas será que, como tantas coisas na vida a crise pode ter uma outra face? Será que ela não pode gerar oportunidades importantes ou no mínimo ensinamentos e mudanças de postura dentro das organizações? Eu tenho certeza que sim mas não acredito na simples abordagem destas possibilidades sem uma mudança efetiva de conduta e do pensamento dos dirigentes das organizações. Dizer simplesmente: vamos reagir, vamos reorganizar nosso planejamento, vamos estudar novas possibilidades de negócio ou vamos reduzir custos não é suficiente. Sair da crise demanda muito trabalho, análises efetivas de cenários, reflexão sobre os erros, liderança, avaliação de Nestes momentos, a importância das ferramentas e modelos de gestão ficam muito mais evidentes. Em administração, somos doutrinados a entender a importância de elementos como: o planejamento, a execução estratégica, o modelo de operação e gestão e a importância de gerir o processo de mudança, dentre outros. As vezes todos ou alguns 36

Em nosso setor de atividade, vivemos diariamente grandes desafios que testam sistematicamente nossa criatividade e capacidade de superar adversidades. No ano passado estima-se que houve uma perda de mais de 500 mil vidas na saúde suplementar, trata-se de um dos principais impactos do contexto econômico sobre nosso setor de atividade. Para manter a máquina em funcionamento e garantir a sobrevivência de nossas organizações, temos ainda que nos defrontar cotidianamente com vários outros aspectos conjunturais cuja superação depende de uma complexa mudança no modelo de relacionamento e contratualização entre os principais atores do sistema. O desafio de manter os serviços garantindo sustentabilidade e altos padrões de qualidade exige muita criatividade e um ágil processo de análise e tomada de decisão. Muitas lições são comuns e se aplicam a qualquer setor de atividade contudo, é importante considerar a estratégia, a cultura, a gestão e a disposição para mudanças em cada organização. Primeiramente é preciso iniciar uma reflexão coletiva sobre o contexto que cerca a organização. Sistematizar esta atividade utilizando as ferramentas do planejamento estratégico é fundamental e tem duas finalidades: garantir a obtenção de informações importantes para elaboração dos projetos e planos necessários para a perenidade e sustentabilidade da empresa e contribuir para o alinhamento organizacional em torno do desafio. Outro aspecto importante é desenvolver o senso de copropriedade. É comum em momentos de adversidade ouvir pessoas que fazem parte do mesmo contexto expressarem que não tem nada a


“É EVIDENTE QUE AS PESSOAS SEMPRE SERÃO E L E M E N TO S C H AV E PA R A V I A B I L I Z A R A REAÇÃO, SÃO ELAS QUE PODEM OPERAR E OU LIDERAR O CENÁRIO DE I N OVA Ç Ã O . . . ”

ver com o problema. A empresa é um organismo vivo, é uma engrenagem que depende do adequado funcionamento de todas as suas áreas, processos e sistemas. A participação de todos em sua correta operação é fundamental para atingimento dos objetivos por isto, ações coordenadas de gestão de pessoas promovendo alinhamento organizacional e mudanças de comportamento diante da crise são elementos indispensáveis. Para tanto, não devemos ignorar a responsabilidade de desenvolver ou contar com uma liderança capaz e abnegada. A viabilização de todas as iniciativas deve ser feita pelas pessoas mas tanto o exemplo como o tom devem vir do topo. É preciso estimular a criatividade por meio da viabilização de vários programas coordenados e muito bem geridos. Programas de ideias são sempre muito bem vindos mas muitas empresas falham na sua implementação e praticamente “matam” a iniciativa. Este tipo de atividade, quando não implementada da forma mais adequada, gera desconfiança e baixa adesão. Outro aspecto é a importância de conectar programas de inovação e racionalização ao modelo de gestão da empresa. Algumas destas ações são impopulares contudo, estabelecer relação das iniciativas com programas de melhoria de qualidade sempre ajuda a legitimar e motivar a organização para estas iniciativas. Em minha opinião é muito importante também estabelecer conexão fina de programas de inovação e racionalização com modelos de remuneração por resultados, premiações e outras melhorias nas condições de trabalho. Os colaboradores se motivam quando percebem que as ações implementadas podem geram sustentabilidade a organização e ao mesmo tempo implementação de melhorias voltadas à força de trabalho. Por fim, é importante enfatizar que, apesar de parecer um paradoxo, os momentos de crise também contribuem como alavancas de crescimento individual e coletivo. É comum identificar histórias de pessoas e equipes que conseguiram crescer em suas organizações, com mudanças efetivas de postura diante de cenários adversos. 37


TI

MAIS SAÚDE COM A INTERNET DAS COISAS Por Luiz Comar

A paciente começa a despertar. Sensores identificam a alteração no padrão de sono e fazem as medições de temperatura, pressão arterial e saturação. Preparamse para acionar o dispositivo de medicação, mas antes acionam os profissionais responsáveis por SMS para que liberem o procedimento. Exames da noite checados online, dosagem acertada e liberada, a medicação começa a ser aplicada, sem interrupção do sono do paciente. O café da manhã da paciente está sendo preparado e, em breve, será levado ao quarto por um pequeno e simpático robô. Enquanto isso, a paciente está acordada e as persianas da janela se abrem um pouco, enquanto a cama se levanta.

“A Á R E A D A S A Ú D E É UMA DAS QUE MAIS R A P I D A M E N T E E S TÃ O A D O TA N D O A I N T E R N E T DAS COISAS.” 38

Este hospital está preparado com quartos conectados, prontuários de pacientes e registros eletrônicos, sistemas de notificação e aplicativos para os cuidadores. O centro de enfermagem consegue monitorar a situação de todos os pacientes, a partir de um comando centralizado. Os pacientes têm um painel eletrônico com instruções e prontuário de acompanhamento do tratamento. E como a internet das coisas facilita o atendimento à distância? O grupo mantenedor deste mesmo hospital gerencia um sistema de home care, que conta com os mesmos recursos, monitorando pacientes de forma remota, recebendo informações,


em tempo real, sobre a saúde de cada um e a necessidade de uma visita médica extra-rotina. Como? Um paciente com problemas renais, acompanhado em casa, apresenta uma piora. O atendimento é acionado e ele faz o exame de sangue ali mesmo. Amostra analisada e dados avaliados por médico online. Diagnóstico: ele precisa mesmo ser internado. A verificação de vaga sai imediatamente e ele segue para a unidade indicada. Ao mesmo tempo, a equipe destacada prepara os equipamentos necessários para que estejam disponíveis assim que ele chegar. O trajeto de casa até o hospital pode ser acompanhado por sistema GPS. Quanto tempo você acha que vai demorar para esse sistema existir? Muitas dessas funções já estão em teste. E, como sabemos, a maioria depende de protocolos nos órgãos regulatórios, mas os investimentos estão aí. O MarketResearch.com indicou que até 2020 o mercado para a internet das coisas, na indústria da saúde, ultrapassaria os 117 bilhões de dólares. Aliás, a área da saúde é uma das que mais rapidamente estão adotando a Internet das Coisas. A Internet das Coisas, ou “IoT”, como é conhecida, é a conexão em rede de dispositivos que coletam e compartilham informações que podem ser gerenciadas por um computador central que toma decisões e solicita aos dispositivos que tomem ações. Em resumo, milhões de aparelhos conectados que podem fazer algo sem nossa intervenção direta. Enquanto as empresas de comércio e serviço batalham para colher continuamente dados e informações de clientes, a indústria da saúde aperfeiçoa os sistemas de geração de dados de pacientes (PDG: patient-generated data). A integração de prontuários eletrônicos, relatórios e aplicativos toma parte dos bilhões do orçamento. O acompanhamento de pacientes com doenças crônicas está chegando perto. As soluções para monitoramento de comportamentos, atividades, exames de sangue, glicose, alimentação, à distância se multiplicam assustadoramente, assim como o número de usuários. Sensores domésticos e pulseiras de alerta já proporcionam atendimento imediato a idosos, trazendo conforto e autonomia.

Essa parte ainda é humana. O atendente conversa com a paciente ou, se não tiver resposta, mobiliza família e emergência. Mas a própria Lively já oferece dispositivos que monitoram atividades. Podemos, de um smartphone, saber quando a geladeira foi aberta. Com custo elevado, como toda tecnologia de ponta, é mais comum em países desenvolvidos, mas, de novo, quanto tempo acha que vai demorar para se incorporar as rotinas por aqui? Aposte em menos de uma década. Consequências imediatas para o business? Qualidade e economia. Evita-se, com essas novas rotinas, um dos maiores fenômenos da atualidade: as idas constantes aos Pronto Socorros - que lotam regularmente sem necessidade. Mais vantagens administrativas? A utilização otimizada dos planos de saúde, menos gastos, quem sabe, menos repasses para o bolso do cliente. Só que... (É, porque quando se fala em tecnologia tem sempre o mesmo porém) Todo esse cenário, tem um desafio gigantesco: se um padrão de interoperalidade não for criado, desde o início, a conversa entre dispositivos e equipamentos vai precisar de muita tradução. No backoffice isso quer dizer, projetos de integração e prazos nem sempre bem definidos. Para jogar mais molho na discussão, o lembrete: é preciso fazer tudo isso preservando a privacidade dos dados do paciente e protocolando o compartilhamento destes dados entre as organizações. Outra dica: busque agora, no seu time ou fora dele, o profissional com as competências para desenhar as etapas de adequação das rotinas atuais para as novas tecnologias. A estruturação precisa começar muito antes para acontecer com sinergia. A pergunta que todo mundo me faz: mas que parte dessa mudança vai bater na minha porta em breve? Sabe toda aquela papelada que o paciente recebe e assina quando deixa o hospital? Na alta? A substituição pelo digital está em fase de ajuste em hospitais de São Paulo. Facilidade para você que não vai perder, para o seguro e para o RH da sua empresa, que não vai esperar você levar a justificativa. Aos poucos vamos nos acostumando com caminhos mais curtos e mais rastreáveis.

O Lively Safety Watch, por exemplo, é “quase” algo de internet das coisas. Isso porque ainda é acionado por botão, pelo usuário que alerta uma central. 39


INOVAÇÃO

Kip Garland é o fundador da innovationSEED consultoria de inovação kipgarland@gmail.com

INOVAÇÃO EM EDUCAÇÃO SAÚDE TERÁ UM ENORME IMPACTO SOBRE O DESEMPENHO DAS ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE Alguns meses atrás escrevi um artigo aqui sobre a necessidade de inovação nas abordagens para a educação em saúde. Nesse artigo eu comentei sobre mudança no contexto de aprendizagem para fora da sala de aula e dentro do contexto de desempenho (aprendizagem baseado em ação, por exemplo). Gostaria de enfatizar algumas outras mudanças estruturais que irão desempenhar um importante papel na melhoria da educação em saúde no futuro próximo. Em seu livro “Inovação na Gestão de Saude” Clayton M. Christensen, Jerome Grossman e Jason Hwang tem um capítulo inteiro dedicado ao “O Futuro da Educação em Saúde”. Neste capítulo eles se concentram na necessidade de mudar a faculdade de medicina. A arquitetura da escola de medicina atual foi criada há mais de cem anos atrás, e ainda é seguida por quase todas as escolas de medicina aqui no Brasil. O design desta educação seguiu basicamente três elementos. Em primeiro lugar há dois anos de ciências básicas. Isto é seguido por uma ciência aplicada adicional, e, finalmente, um estágio. Este modelo fragmentado faz a integração entre teoria e prática ser extremamente difícil, quase garantindo que a teoria será esquecida até o momento em que o aluno a aplicará. Há uma grande necessidade de ir 40

além da separação entre teoria e prática e passar para uma abordagem mais unificada. Os profissionais na área de saúde hoje em dia precisam colaborar dentro de um sistema cada vez mais complexo. Porem o currículo médico (de cem anos atrás) enfatiza a tomada de decisão de forma autónoma. Hoje, para o profissional de saúde ter sucesso ele tem que aprender a trabalhar de forma colaborativa e não tomar decisões isoladas do resto do sistema. Na saúde moderna, as decisões tem que incluir outros papéis e tecnologias como elementos tão importantes quanto a experiência do médico. A educação médica tem que cada vez mais ajudar o médico a trabalhar em parcerias. Médicos também precisam aprender trabalhar diretamente com as tecnologias em diagnóstico e terapia. Porem as atuais abordagens de ensino médico no Brasil estão ainda baseadas na intuição do médico. Pior ainda são as organizações que representam os médicos que resistem aos esforços importantes para capacitar trabalho em parceria, por exemplo, reconhecendo papéis importantes como o dos profissionais de enfermagem e outros profissionais técnicos. Organizações como o Conselho Regional de Medicina (CRM) deveriam estar envergonhados de suas


o caráter subjacente, capacidades de trabalho em equipe, disposição para colaboração, inteligência emocional e empatia do candidato são revelados em condições realistas. Compare isso com a outra escola médica no Brasil, onde a sua capacidade de “passar no teste” é o fator determinante para ganhar um ponto. No SBIBAE é a sua capacidade de cooperar, empatia, ajudar os outros e desenvolver uma visão sistêmica que contam.

Photo credit: NEC Corporation of America / CC BY

práticas vergonhosas de resistir aos esforços para dar mais potência e um papel maior aos enfermeiros, técnicos ou outros profissionais. No entanto, mesmo com os maus exemplos, como o do CRM, há também alguns bons exemplos no Brasil. A organização filantrópica Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (SBIBAE), iniciou recentemente um programa de formação de médicos baseado no Team Based Learning (TBL). O programa é verdadeiramente único para o Brasil, e irá definir o padrão que outras instituições como as escolas de medicina de universidades públicas vão precisar seguir. A diferença começa no início, na própria seleção dos candidatos. O programa já se tornou a escola de medicina mais competitiva do país com mais de 11.000 aplicações para apenas 50 lugares. No entanto, em vez de usar testes padronizados para selecionar seus candidatos cobiçados, foi usada uma série de mini-simulações. Muitas destas mini-simulações não tinham relação com a medicina em si, mas com como os candidatos trabalhavam com outras pessoas dentro de um sistema em um determinado conjunto de circunstâncias. Por exemplo, em uma simulação o candidato deve decidir como entregar a notícia de uma doença na família a um colega de faculdade. Depois de mais de trinta destas mini-simulações,

E as diferenças só começam aqui. Uma vez admitido o estudante começará uma abordagem totalmente nova para a aprendizagem. Os alunos não tem aulas. Em vez disso, o conteúdo é entregue através de uma plataforma de aprendizagem social que inclui vídeos, artigos, exercícios, etc. O conteúdo tem que ser trabalhado antes de entrar na sala de aula. A sala de aula, em seguida, assume um novo significado. Em vez de ser o lugar onde a informação é adquirida, a sala de aula torna-se o lugar onde as equipes trabalham em conjunto para resolver problemas, aplicar conceitos, e aprender interações baseadas em equipe. Além disso, a cada quatro semanas as equipes e os indivíduos avaliam-se em um sistema robusto de avaliação. Ao longo dos seis anos do curso, se desenvolve um portfolio muito robusto de avaliação formativa. Há muito a ser aprendido com a abordagem da SBIBAE. Há também muito potencial para futuras inovações. Uma nova plataforma para micro-certificação de competências, chamada de “Badges Digitais”, que produz microcertificações que atestam domínio de habilidades específicas tem grande potencial disruptivo para educação em saúde no Brasil. Nos Estados Unidos, a organização Badge Alliance trabalha pela popularização do open badge, um distintivo ou medalha digital que comprova o aprendizado. Em vez de confiar em provas tradicionais, estes emblemas digitais com rubricas apropriadas medem o desempenho de competências dentro do contexto real de performance complementando informações dos currículos tradicionais. Badges permitirá que indivíduos, equipes e organizações visualizem claramente as lacunas de competências, mantenham e acompanhem o desenvolvimento de competências. Inovação como “Badges” terão um papel importante na inovação em educação de saúde no Brasil.

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H O S P I TA I S P R I VA D O S

U M R E T R AT O D O B R A S I L : O QUE O FUTURO NOS R E S E R VA ?

Francisco Balestrin, Presidente do Conselho da Anahp Não é de hoje que a área de saúde no Brasil dá provas de saturação. O Sistema Único de Saúde (SUS) não consegue proporcionar atendimento básico para os 150 milhões de brasileiros que dependem do setor público, e o setor privado, após um período de intenso crescimento, começa a sentir os efeitos de recessão no país.

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O estrago que os nossos governantes estão fazendo no país, refletindo a elevação das taxas de juros e a alta do dólar, por exemplo, impactam diretamente na elevação dos custos dos hospitais privados e inviabilizam os novos investimentos. Ou seja, a situação é ruim


para os setores público e privado. Todos saem perdendo, especialmente em meio a um momento político-econômico delicado como o que vivemos atualmente. Hoje, ainda somos dependentes da importação em quase 30% dos nossos medicamentos e insumos. Como resultado, os hospitais privados apresentaram em 2015 – pela primeira vez nos 10 últimos anos -- uma queda em suas receitas líquidas. O que não deixa de ser preocupante para os empresários e também para os usuários, diante do caos da saúde pública. Dados divulgados recentemente pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) indicam que em 2015 houve redução de mais de 750 mil beneficiários de planos de saúde. Este número devese principalmente a quantidade de pessoas que perderam o emprego ano passado, e a tendência é que este dado cresça em 2016 e cada vez mais brasileiros voltem a depender exclusivamente do SUS. A limitação de recursos é um fato inegável, agravada pela maior crise econômica dos últimos anos e pela redução dos investimentos. Mas, pior do que a falta de recursos é o mau uso do dinheiro público – que nada mais é do que dinheiro de toda a sociedade. Deveria ser do conhecimento das autoridades governamentais um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que aponta uma perda de 20 a 40% das verbas destinadas à saúde em decorrência de desperdício, ineficiência, erros médicos e operacionais, procedimentos e equipamentos inadequados, falta de treinamento dos profissionais e a má gestão administrativa, além – é claro – da corrupção denunciada diariamente pela imprensa. Lamentavelmente, a saúde não é – e não tem sido nas últimas décadas -- prioridade para os nossos governantes, embora o tema surja de forma pontual em todas as campanhas eleitorais, como meio de alavancar as pesquisas de opinião e de intenção de votos, ao atender virtualmente as expectativas da população. Diferentemente de outros setores da economia, vale ressaltar ainda que a saúde é fragmentada, falta diálogo e vontade dos atores envolvidos para mudar este cenário. Um dos nossos maiores desafios é buscar a integração entre o público e o privado, de forma a fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS). A convergência dos encaminhamentos feitos por

essas duas esferas, no preparo de suas políticas e estratégias, é fundamental neste processo. E os objetivos mandatórios devem prever a sustentação econômica do sistema, a melhora do atendimento ao beneficiário do SUS e da saúde privada, assim como a garantia da acessibilidade e a satisfação do usuário. Os próximos líderes a governarem o Brasil devem entender que não é possível governar sem competência técnica. Ocupar um cargo público é uma oportunidade para servir os seus concidadãos, e não de criar um feudo político-econômico. O modelo atual está claramente falido. Para os principais cargos de confiança da República, no próximo governo, as nomeações devem ter como critério básico a capacidade da pessoa de exercer, com efetividade e lisura, o seu cargo. No Ministério da Saúde, entregue no ano passado como moeda de troca ao PMDB, a situação é assustadora. Para além da redução de investimentos – o Ministério foi um dos mais afetados pela tesoura governamental, perdendo mais de 12% do seu orçamento em termos reais – a saúde vem sofrendo com a elevação de impostos sobre os seus insumos e com uma crise de gestão profunda. A zika e a chikungunya, que vêm se somar aos anos de descaso no combate à dengue, são desafios a mais para um Ministério que, hoje, está singularmente despreparado para lidar com os desafios que já tem. De tão comum, a crise da saúde deixou de ser notícia. Há material suficiente para chocar a todos cotidianamente, mas de tão anestesiados, os brasileiros padecem em silêncio. Após cada destruição, entretanto, vem um renascimento. É de um renascimento com bases sólidas que a saúde brasileira precisa. São necessárias profundas reformas, tanto no setor público, quanto no setor privado. Precisamos rever o modelo assistencial, o modelo de remuneração, o modelo de gestão e o modelo organizacional. Esperamos, em primeiro lugar, que comece em breve a nova alvorada do Brasil, e, em segundo, que os nossos próximos líderes sejam pessoas dignas e que não lhes falte coragem para enfrentar os graves desafios que virão.

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MARKETING

A S N OVA S E VELHAS TENDÊNCIAS NO MERCADO DE SAÚDE.

Marcos Le Pera é um profissional de comunicação que acredita que a cura física só pode existir quando as almas se conectam. Quando se escreve um artigo sobre as novas tendências no mercado de saúde, fica a sensação de que temos que tirar um coelho da cartola. Algo que mostre o quanto inovador se pode ser nesse mercado que ainda ninguém tenha feito ou falado. Mas percebo que sempre que vejo algo dito inovador ou uma nova tendência, apesar da aparente novidade, ela vem sempre com o mesmo DNA: fazer melhor a cada dia.Na área da saúde, não podemos ignorar as questões tecnológicas. Robôs super precisos que auxiliam médicos, softwares que otimizam recursos e facilitam a gestão estão entre o que podemos chamar de novas tendências. Mas existe algo que sempre me chama a atenção quando o assunto é saúde: o ser humano. 44

Aliás, ele é o foco, o princípio e o fim, a causa e a consequência de tudo. Percebo que quando o assunto é ser humano, seja em que nível for (paciente, médico, time, fornecedor), as relações na maioria das vezes não conseguem se aprofundar. Acredito de forma clara que se houvesse uma forma das relações na área de saúde atingissem uma profundidade no nível da “confiança plena”, o índice de cura aumentaria significativamente. Seneca, um importante escritor e filósofo romano disse que “acreditar na cura é metade do ato de ser curado”, e é exatamente nisso que acredito, ou seja, na importância das relações humanas na área de saúde serem aprofundadas de maneira a dar apoio nos processos de cura. Não estou falando apenas do modelo já existente, onde diante de um problema de saúde muitas vezes se recorre ao apoio psicológico. Reconheço a importância dessa ferramenta, mas estou falando de um movimento “mais humano”, além da educação ao receber o paciente, ou do apoio terapêutico. Falo de rompermos as barreiras paciente/médico no trato humano.


Acredito fortemente que além do aspecto profissional e tecnológico que se possa aportar para resolver um problema de saúde, um dos fatores determinantes nesses processos é a relação humana, ou seja, tratar o ser humano de forma próxima e acolhedora. Quando falo sobre o tema com colegas da área de saúde, sempre me pedem exemplos para entenderem do que estou falando. O case Hunter Doherty “Patch” Adams” exemplifica o que tenho em mente nesse artigo. Mais conhecido como Patch Adams, ele é um médico norte-americano, famoso por sua metodologia inusitada no tratamento de pacientes. Usando a alegria, o bom humor e técnicas não ortodoxas, ele desenvolveu uma metodologia de atendimento ao paciente quando esteve internado em um manicômio. Patch Adams criou o Gesundheit Institute nos EUA, onde tratou mais de 15 mil pacientes e treinou milhares de profissionais de saúde com sua filosofia: servir a humanidade por meio da medicina e nunca ter um dia ruim. Claro que a idéia não é transformar

hospitais em circos, mas todos concordamos que os hospitais poderiam ser lugares mais conectados com as pessoas e menos com as doenças. Gostaria de ver (e participar), de algum projeto onde um visionário da área de saúde assumisse essa postura e pudéssemos ir além das salas de emergência da pediatria com bichinhos pintados nas paredes. Para mim hoje, inovar na área de saúde, além das vultuosas (e necessárias somas) investidas em equipamentos, é romper os muros que nossos egos construiram nas relações. Se por um lado esses muros nos protegem dos ataques do mundo exterior, por outro nos impedem que avancemos rumo a uma nova medicina.

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PESSOAS

Roberta Valença, é CEO da Arator, consultoria especializada em projetos de sustentabilidade com inovação - roberta@ aratorsustentabilidade.com.br

QUER QUE DESENHE? Recentemente, a Tesla Motors, do empreendedor sul-africano Elon Musk, lançou o primeiro carro elétrico “popular” da marca, o Model 3. Em menos de 24h, sem ninguém sequer ter visto o carro fisicamente, ou seja, sem nem um test-drive, mais de 115 mil unidades foram vendidas. Algo para refletirmos, não? Enquanto isso, nosso Brasil tenta se equilibrar economicamente em uma das pernas chamada Petrobrás, pautada em programas para desenvolvimento do etanol, pré-sal, construção da indústria naval e etc., ao que parece em uma obsessão na utilização de todo recurso fóssil até o último barril. Essa realidade é reflexo de uma mentalidade focada no “curtoprazismo”. Não só não me oponho, como penso que demandas de curto prazo devem ser geridas, pois este é o básico de qualquer organização. Mas tirá-las do quadrante “urgente” e colocá-las no quadrante “importante” – em detrimento do design de nosso futuro – nos deixará um passo além em direção ao abismo.

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Nesse momento, me torno a personificação da indignação, visto a camisa “yes, we can” e sigo inquieta a pensar. O homem é a única criatura com consciência de que a morte inevitavelmente ocorrerá um dia. Temos a chance diária de desenhar um futuro com outras curvas, pontes, nuances, e assim aumentar as chances de tomar decisões supostamente melhores para um mundo diferente do qual vivemos. Por que não o fazemos? A área da saúde no Brasil tem um potencial imenso para ser um vetor de mudanças positivas. Será que o mercado compartilha da curiosidade de como poderão ser os serviços da saúde daqui a 10 anos? Quais expectativas surgiriam dessa indagação? É aí que meu interesse se torna genuíno. A lente de sustentabilidade está diretamente ligada à inovação para criar um elo, a fim de conectar todos os atores desse filme. Nesse novo roteiro, o propósito é o norte que guiará todos os envolvidos rumo a um modelo mais sadio e interessante para todos. Investir em entender profundamente os movimentos da sociedade em relação aos serviços da saúde é o primeiro passo para esboçar novas rotas, pois tais demandas devem ser atendidas de forma sistêmica, levando em consideração as políticas públicas, regulações, tecnologias existentes, preferências dos stakeholders, concorrentes, indicadores globais de melhores práticas, dentre outros itens internos, como a relação do potencial para investimento versus payback, uso inteligente de recursos disponíveis e todos aspectos de gestão já inerentes ao setor.


Chicago e autor do livro “Liberdade e Capitalismo” afirmava que a responsabilidade social do negócio é aumentar o lucro.

Se olharmos apenas sob a perspectiva “novos segmentos” no ecossistema da saúde, dá para ter uma boa ideia de oportunidades de alto impacto socioeconômico relacionadas aos públicos idosos e de baixa renda, por exemplo, que crescem exponencialmente no Brasil. Como se percebe o approach do setor atualmente para atendê-los? Será que essas demandas interessam aos grandes players? O que os fazem não se interessarem? Cresce de forma ainda tímida o número de novos entrantes atentos a essa fatia do mercado e muitos deles são empresas sociais (definidas como instituições com fins lucrativos que possuem um objetivo social explícito além do lucro). Esse modelo de gestão com propósitos elevados, a meu ver, projeta um resultado que talvez possa ser muito interessante na aproximação do “capitalismo consciente” para um mercado calcado numa forma tradicionalíssima de gestão, como o da saúde. De fato, ainda temos controvérsias do que seria um “negócio social” ou “capitalismo consciente”. Adam Smith, pai do capitalismo, por exemplo, achava “natural” conciliar prosperidade e solidariedade, como nos casos filantrópicos. Por outra perspectiva, o professor Milton Friedman, da Universidade de

“TEMOS A CHANCE DIÁRIA DE DESENHAR UM FUTURO COM O U T R A S C U R VA S . . . P O R Q U E N Ã O O FA Z E M O S ? ”

Independente da controvérsia, o ponto é que a mim soa muito estranho pensar que uma empresa no futuro não se envolva ou contribua efetivamente para resolução de problemas sociais que vão além da agenda atual. É semelhante àquela sensação de incapacidade quando descobrimos que utilizamos apenas 10% do cérebro. Este será o ponto de mutação, o divisor de águas das empresas que ficarão perenes no mercado e que estarão prontas a lidar com as crises econômicas que são cíclicas. O bengalês Muhammad Yunus, conhecido mundialmente como “banqueiro do microcrédito”, financiou algumas startups em parceria com empresas brasileiras que resultaram em dois negócios extremamente impactantes para a massa de nosso país, ou seja, a demanda não atendida. Um deles é o App Meu Doutor, uma espécie de EasyTaxy médico, destinado a conectar pacientes do Sistema Único de Sáude (SUS) com médicos em sua própria região, a preços irrisórios de atendimento, e o dispositivo Solar Ear, um aparelho auditivo movido a energia solar, trazido do Canadá, que custará 10% do preço dos aparelhos tradicionais. Além desses projetos, a Rede Yunus lançou uma parceria entre diversas universidades, dentre elas 12 brasileiras: a Federal do Paraná, o Centro de Inovação em Empreendedorismo e Tecnologia da USP, a ESPM – Escola de Propaganda e Marketing, a Fundação Dom Cabral e a Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, com o intuito de desenvolver projetos em parceria com empresas, ampliar e fomentar ações educacionais e conteúdos relacionados a negócios sociais na saúde, em prol de elevar a régua para um patamar mais abrangente de oferta destes serviços. Esse panorama me deixa muito esperançosa quanto ao futuro do setor, pois esta visão sustentável da criação – a partir do compartilhamento de conhecimentos e o reconhecimento da riqueza nas diversidades da cadeia de valor – pode ser o novo traço do desenho chamado futuro. 47


MEDICINA

O PA N O R A M A DA MEDICINA DIAGNÓSTICA NO BRASIL Pedro de Godoy Bueno, presidente da DASA

O setor de medicina diagnóstica tem crescido significativamente na última década, sobretudo em decorrência do maior acesso da população aos planos de saúde, que se tornaram mais abrangentes e passaram a atender todas as camadas da sociedade – desde as mais simples até as mais elevadas. Podemos dizer que tal crescimento ocorreu, em partes, pela geração de empregos formais ocorrida no início da década. Junto com tudo isso, houve uma conscientização da população em relação à importância de realizar exames preventivos e manter a saúde em dia. No entanto, o cenário mudou. A crise pela qual atravessa o país é, sem dúvidas, um grande desafio para o segmento de Medicina Diagnóstica. Inevitavelmente, houve aumento dos custos, já que a maioria das despesas são atreladas ao dólar e a modernização constante do parque tecnológico não pode ser adiada. Com a alta do desemprego, muitos brasileiros perderam seus planos de saúde, fato que atingiu o mercado de saúde como um todo. Passamos por momentos difíceis em 2015 e continuaremos a enfrentá-los em 2016. Porém, acreditamos que a perspectiva para os próximos anos é positiva. Sabemos que esse é um momento necessário para otimizar despesas e reduzir o desperdício. Temos buscado observar as melhores práticas exercidas dentro da própria companhia, tomando como padrão as boas iniciativas ligadas à eficiência, rapidez e bom atendimento. Por exemplo, algumas unidades permitiam tempo de espera muito inferior que as demais; outras gastavam menos material que a média. 48

Estabelecemos esses padrões internos como meta e focamos totalmente onde havia possibilidade de melhorar ainda mais. Criamos também indicadores de eficiência operacional e de excelência médica, observando em detalhes itens como tempo médio de espera e de atendimento, percentual das chamadas “recoletas” (quando o paciente necessita retornar para uma nova coleta), atrasos, entre outros. O objetivo é garantir que nossos clientes – sejam eles os pacientes, médicos ou fontes pagadoras, contem com o melhor serviço mesmo em tempos difíceis. Somada a toda esta reestruturação, fizemos uma ampla mudança de cultura dentro da DASA, alicerçada em qualidade médica, agilidade, eficiência e excelência em serviços. Passamos a valorizar ainda mais o colaborador, enfatizando a meritocracia e o desenvolvimento profissional, garantindo oportunidade a todos aqueles que realmente possuem comprometimento e que desejam crescer junto com a empresa. Esssa visão vem permeando a busca pela excelência dos serviços. Queremos ser uma empresa ainda mais admirada e desejada por nossos clientes - pacientes e médicos. Sabemos que para ser admirado pelos nossos clientes, precisamos ter os melhores e mais renomados médicos de análises clínicas e diagnóstico por imagem atuando em nossas unidades e centros de produção. Por isso, trouxemos nestes últimos anos as maiores


No ano passado, investimos R$ 4 milhões em um novo aparelho de ressonância magnética (RM), o Magnetom Prisma 3 Tesla PowerPack, o primeiro dessa plataforma na América Latina. Trata-se de um equipamento desenvolvido especialmente para aplicações avançadas e pesquisas de ponta no campo de imagens em medicina. Seus recursos e especificações chegam a atingir até o dobro da capacidade dos aparelhos mais modernos de RM de uso rotineiro, pois são capazes de adquirir, de forma mais detalhada, informações complexas do corpo humano. Tecnologias como essas estão transformando a Medicina Diagnóstica no Brasil, garantindo o acesso dos brasileiros aos laudos cada vez mais acurados e levando nossos médicos a produzirem conteúdos científicos cada vez mais relevantes para a comunidade médica mundial. Esse ano estamos investindo cerca de R$ 50 milhões em novos equipamentos de última geração para diagnóstico por imagem, além dos investimentos em Análises Clínicas. referências do mercado de cada especialidade médica para trabalhar na DASA. Hoje somos, no Brasil, a empresa de Medicina Diagnóstica com o maior número de trabalhos científicos aprovados nos mais importantes Congressos de Medicina Diagnóstica do mundo, o AACC (American Association for Clinical Chemistry) e o RSNA (Radiogical Society for North America). Neste mesmo momento que passamos a contar com essas assumidades médicas, modernizamos todo o nosso parque tecnológico. Somos a empresa que mais investiu no mundo na compra de equipamentos, nestes três últimos anos. Por exemplo, trouxemos para o Brasil o primeiro tomógrafo de alta performance, chamado Revolution CT, capaz de capturar imagens em alta definição do coração inteiro em um único batimento, com imagens das coronárias sem movimentos, em qualquer frequência cardíaca. Trata-se de uma tecnologia pioneira na América Latina, que propicia as melhores imagens em alta definição, além de reduzir em 25% a dose de radiação e em 60% o tempo de realização do exame. Esse equipamento chega para melhorar a qualidade dos exames de rotina e permitir aos médicos aplicações clínicas inovadoras em diversos órgãos, como cérebro, fígado, rins e tecidos com cobertura de até 16 centímetros, utilizando baixo volume de contraste intravenoso.

No ano passado, finalizamos a instalação da maior esteira de alta performance da América Latina em nosso Núcleo Técnico Operacional, situado na cidade de Barueri, no Estado de São Paulo. O sistema é uma plataforma de automação laboratorial de última geração que proporciona análises das amostras com o apoio da tecnologia de informação centralizada. A esteira mantém a precisão e exatidão dos resultados, reduzindo a necessidade de manipulação das amostras. A tecnologia conta com recursos pré e pós-analíticos que permitiram à DASA otimizar o fluxo de trabalho e trazer ainda mais conforto do paciente, uma vez que um único tubo de sangue pode ser utilizado para vários testes, já que circulará por todas as áreas - Bioquímica, Hormônios e Imunologia. Mesmo diante da instabilidade e da crise, não deixamos de acreditar no País. Na contramão das empresas que continuam reticentes com a atual situação econômica, procuramos manter nossos investimentos, adquirindo equipamentos e abrindo novas unidades. A despeito dos desafios que temos pela frente, enxergamos com otimismo o futuro do setor e acreditamos que é possível manter o crescimento. Para atingir nossos objetivos, vamos manter nossa visão de inovação e pioneirismo para garantir a sustentabilidade da operação com foco na excelência dos serviços e na qualidade operacional. 49


LIDERANÇA

A MARCA DO LÍDER – D I P L O M ATA E M P R E S A R I A L Raissa Venezia Borba

Com o novo e moderno modelo de Gestão e de relacionamento surge novo tipo de liderança e de líder que tem o seu estilo diplomático como marca. Essa marca traz o viés de padrão internacional, e que prepara o líder para os mais altos requerimentos da profissão para que atender as necessidades de ponta, de alta tecnologia e de elevadíssimo grau de relacionamento, e ao mesmo tempo prepara-o para os ambientes interno, local e externo transnacional, cuidando com muito zelo seus liderados e com sustentabilidade os ambientes, mantendo equilibrado todos os setores de sua vida e de sua organização. Essa é a sua marca. Ser um líder altamente preparado com padrão internacional relacionado, proativo, assertivo, realizado e feliz para atender as demandas dos ambientes da organização em todos os níveis. 50

Valdir Ribeiro Borba

Surge assim o líder com marca, grife de acreditação internacional no modelo de liderança holística ou plena, com integridade e integralidade permeado por conhecimentos e práticas de gestão e de internacionalismo. Surge o Diplomata Empresarial. A matéria prima dos negócios, cada vez mais, serão as pessoas com talentos, com boas ideias e capacidade de realização. Nesta nova abordagem, no mundo corporativo, o que realmente vale é o talento e as ideias, ou seja, pessoas que realmente façam à diferença, que façam as coisas acontecerem. Pessoas que sentem prazer em assumir riscos com ousadia e inovação. Gente que possui o prazer de realizar um papel importante na história da organização e de efetivamente fazer parte dela.


SUA VERDADEIRA MARCA CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DESSE NOVO LÍDER: Essencialmente éticos e integradores. A excelência do caráter deve preceder a excelência do profissional. A qualidade é pessoal e a excelência do trabalho é fruto da qualidade do homem nas suas relações sociais e de trabalho. “Somente teremos excelentes empresas se tivermos excelentes ambientes com excelentes Homens, relacionando-se em processo de interação de excelência” Esse líder deverá ter valores e princípios de ética e de integridade fortalecidos nos relacionamentos pelo seu comportamento integro que moldam as equipes, agindo com ética e respeito, abrindo mão das vaidades, da prepotência, das verdades prontas e das incorreções e disfunções político-sociais. Com a atuação desse novo e moderno líder, a responsabilidade dos governos e das empresas e organizações evolui, passando do requerimento social para o requerimento essencial. O importante não é parecer correto, mas ser efetivamente correto e integro, em especial com pessoas, natureza, meio ambiente e comunidade, atuando com paradigma de modelo de Governança Corporativa, que se preocupa também com o social. Esse líder socialmente responsável ajuda a construir uma organização empresarial altamente relacionada com os seus clientes sendo a resposta essencial para o desenvolvimento da Sociedade. Aprender sempre - Prazer em aprender constantemente e em todas as situações: Aprender com rapidez a aprender a serem indivíduos com uma formação técnica atualizadíssima, e principalmente deverão ter uma excelente sensibilidade para o trato (relacionamento) com as pessoas e as equipes. Nesse apreender é muito importante além das matérias e assunto profissionais, tais como: Direito internacional, logística, negociações, Economia, Economia internacional, gestão, Comercio Exterior, marketing, ciências políticas, segurança, sustentabilidade e outras. Deverá também dominar

o idioma próprio e demais idiomas, essencialmente o Inglês e o Espanhol e como diferencial o idioma Frances, Mandarim, Japonês, Italiano e outros Habilidades: Talentos a serem desenvolvidos Deverá desenvolver talentos e habilidades de trabalhar, entender e motivar pessoas, além de habilidade nos relacionamentos, habilidades com informática e de sistema, uso de equipamentos de gestão de projetos. Essas habilidades poderão ser desenvolvidas a partir de cursos e de estágios em organizações e empresas em geral. Persuasão e Resiliência Esse novo líder deverá ser preparado para o desafio das Negociações e para isso é importante desenvolver o equilíbrio para enfrentar pressões, oposições, e também treinar e desenvolver o poder de argumentação, provando-se constantemente na pratica de negociações, de forma a defender o processo ganha-ganha, onde todas as partes tem o direito de propor e contrapropor; argumentar e contra argumentar, em um processo salutar de negociações. Pro-atividade Outra grande característica para esse novo líder é a pro-atividade, o espirito de resolução, o sentido de urgência e de rapidez , prontidão e maturidade para mudanças, inclusive geográficas de um continente para o outro. Diplomata empresarial: Representatividade Esse profissional precisa estar disposto e disponível sempre para viagens regionais e internacionais, para resolução de desafios e de negociações em todos os níveis e em qualquer lugar, sempre em defesa da sua organização, ou do seu país. . Esse novo líder é verdadeiramente um diplomata empresarial, a serviço da organização ou governo que defende.

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ARTIGO

O MARKETING DE EXPERIÊNCIA NO AMBIENTE H O S P I TA L A R * Manoel Carlos Jr. é palestrante, um dos pioneiros do chamado Marketing de Experiências na América Latina e criador do termo “Experiencialize”. É publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing , pós-graduado em Gestão de Marketing pela FGV-SP e especialista em Business Comunication pela International English Institute – CA (EUA). www.experiencialize.com

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deixar na programação de uma rádio X, Y ou Z, e buscar proporcionar uma trilha instrumental que transmita tranquilidade e harmonia.

Poucos ambientes são tão suscetíveis a experiencialização quanto o hospitalar. Afinal de contas, o hospital é um lugar onde, normalmente, as pessoas estão mais sensíveis do ponto de vista emocional. O primeiro passo para se estabelecer uma experiência é definir uma causa emocional capaz de criar uma identificação com o paciente internado e sua família, como por exemplo: paixão por vidas, solidariedade, afetividade, entre outros. A partir daí, a instituição começa a criar uma relação de experiência. Caberá ao hospital saber contar a sua história (storytelling) ao cliente, capaz de fortalecer ainda mais a empatia com ele. Essa história pode ser a própria narrativa de criação, estabelecimento e desenvolvimento da instituição. O storytelling pode ser transmitido através de um vídeo a ser exibido nas TVs posicionadas em ambientes comuns de espera e recepção, pode estar em um painel, num material impresso ou até nas redes sociais do hospital. É preciso ter atenção aos detalhes em todos os pontos de contato entre o hospital e seus clientes, tais como: a forma do atendimento telefônico, o modo como o manobrista aborda o cliente, o sorriso e o olho no olho na recepção aos pacientes, a limpeza do piso, os arranjos de flores naturais, a manutenção dos elevadores e da sinalização, etc. Os detalhes podem e devem fazer a diferença. Por exemplo: que tal um funcionário do hospital visitar os pacientes e oferecer a eles uma infinidade de opções de leitura, através de uma parceria com a banca da esquina? Para que esse processo seja um sucesso, é fundamental alinhar os 5 sentidos. Veja a seguir: - Visual: a fachada do prédio do hospital, a recepção, o pronto atendimento, os corredores de acesso, as áreas de internação, os apartamentos e demais dependências, devem estar absolutamente alinhadas com os valores que o hospital deseja transmitir. Por isso, cabe a pergunta: “O visual de fato está alinhado com a promessa que fazemos aos nossos clientes?”.

- Olfato: o aroma dos ambientes pode contribuir para transmitir sensações como calma, tranquilidade e segurança. - Paladar: este sentido pode ser estimulado através de um funcionário da área de nutrição do hospital, caracterizado como maitre, visitando os pacientes em unidades abertas. Ele pode sugerir um cardápio de opções para o almoço ou jantar, respeitando, logicamente, a prescrição nutricional de cada um. Águas aromatizadas e uma bela seleção de café expresso também podem ser oferecidos aos visitantes ou acompanhantes dos pacientes. É claro que tudo isso deve ocorrer de acordo com a política interna e as condições financeiras de cada hospital. - Tato: Finalmente, o tato no ambiente hospitalar, até por uma questão de higiene e segurança, deve ser evitado ao máximo. Desta forma, quanto mais criarmos a possibilidade de não se tocar em portas, utilizando-se de sensores de presença, melhor. Depois de tudo isso, ainda pode-se despertar a memória afetiva dos pacientes e seus parentes como, por exemplo, ter o nome das pessoas que já nasceram no hospital em um painel de led na recepçäo. Para fechar com chave de ouro esse processo constituído por uma série de ações, é preciso surpreender positivamente: provocar o que chamamos de efeito “Uau!”, que consiste em finalizar a experiência entregando algo a mais que o cliente não esteja esperando. No caso hospitalar, que tal, após o cliente ter alta, presenteá-lo com um cartão e flores ou uma caixa de bombons, desejando-lhe uma excelente recuperação? Assim, ele terá como última imagem em sua memória, uma experiência altamente positiva. Criar uma experiência hospitalar única e de valor, pode ser bem mais simples do que se pode imaginar, transformando os pacientes comuns em clientes defensores e divulgadores da sua marca.

- Audição: deve-se ter um cuidado extremo com a trilha sonora do ambiente. É aconselhável evitar 53


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O FUTURO DA SAÚDE NECESSITA DE PROFISSIONAIS QUALIFICADOS

A saúde é um dos setores mais afetados pelo atual cenário econômico no País, em razão da carência de recursos financeiros e de mão de obra qualificada. A medicina avançou por meio da tecnologia, ferramenta que permitiu antecipar o diagnóstico, ampliando o tempo de vida do homem. Contudo, essa tecnologia somente será útil se tivermos profissionais aptos para trabalhar com todos os seus recursos. Observamos que os hospitais sempre atuaram na formação e aperfeiçoamento dos profissionais, ou porque têm a missão de ser um hospital-escola, ou pela necessidade de desenvolvimento de suas equipes. Nesse contexto, para atingirmos os resultados esperados e termos uma assistência segura, os profissionais devem, minimamente, ter competências individuais alinhadas às organizacionais, e esse 54


Ana Lucia Zanovello – Mestre em ensino em ciências da saúde pela Unifesp.

processo de evolução necessitará da intervenção de programas de desenvolvimento profissional para qualificá-los. Para os próximos 10 anos, acredito que as instituições de saúde deverão investir não só em infraestrutura, mas no desenvolvimento de seus colaboradores, podendo adotar diferentes modelos que promovam, constantemente, ações educadoras, como Academias de Excelência, Universidades Corporativas e Institutos de Ensino e Pesquisa. Assim, torna-se necessário aproximar a teoria da prática por meio de aulas em ambientes pedagogicamente preparados ou de parcerias nacionais e internacionais, modernizando os métodos de aprendizagem, a constante atualização da oferta e o lançamento de cursos inovadores. Acredito que o Brasil ainda enfrentará muita carência na área da saúde e uma questão fundamental será a promoção da inovação e da criatividade. Logicamente, existe uma diferença entre ser criativo e ser inovador e, na área da saúde, não temos chance de errar. Então, não poderemos ficar somente no mundo da imaginação; precisaremos ir além para colocar em prática nossas ideias a fim de que nos tornemos inovadores. Nessa lógica, acredito que, pelas carências do setor, poderemos pensar em conjunto, deixar de lado nossas vaidades e, assim, ampliar nosso conhecimento aprendendo

juntos, compartilhando experiências e permitindo que o criativo torne-se inovador em cada ação praticada, possibilitando o crescimento e a troca por meio das redes de relacionamento com a ajuda da brilhante tecnologia. Muitas vezes, não precisamos reinventar a roda, apenas buscar o conhecimento onde ele se encontra. Como cita Leonardo da Vinci, “os que se encantam com a prática sem a ciência são como os timoneiros que entram no navio sem timão nem bússola, nunca tendo certeza de seu destino”.

Ana Lucia Zanovello , Mestre em ensino em ciências da saúde pela Unifesp. Atua há 20 anos na coordenação de programas de desenvolvimento profissional pelo Senac São Paulo, com experiências nacional e internacional. Autora do livro Gestão de Serviços de Saúde: da estratégia à operação e de artigos científicos com publicação internacional.Health Care.

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A SAÚDE DIGITAL É UMA REALIDADE QUE DEVE SER MELHOR ESTRUTURADA Não é preciso voltar muito no tempo para lembrar que, há cerca de 10 anos, a gestão dos hospitais era realizada com base em soluções tecnológicas desenvolvidas internamente, tendo como objetivo controlar os processos administrativos e financeiros. Sem dúvida, esse fato é o principal motivo do baixo índice de informatização dos hospitais. Prova disso é o baixo índice de certificações ou implantações de prontuários eletrônicos dos pacientes (PEP) nas instituições de saúde. Para se ter uma ideia, o Brasil tem menos de 200 hospitais com certificação ONA (Organização Nacional de Acreditação), que entre outros requisitos, exige que a instituição faça uso de um PEP, além das grandes redes que não têm um prontuário clínico unificado, ainda temos que conviver com a situação de que somos um paciente diferente em cada hospital, gerando custos adicionais.

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A boa notícia é que o cenário atual está mudando e já conseguimos notar uma ruptura em relação aos modelos e a aplicação da tecnologia na saúde. Os gestores já entenderam a importância de obterem informações em relação à gestão clínica.


contribui muito pouco do ponto de vista do paciente, quando ele está fora do hospital. Infelizmente, o setor está esperando um fato novo externo, como foi a uberização dos taxis, para mudar essa situação. O que está acontecendo com os taxis, por exemplo, já dá sinais do que ocorrerá na área da saúde. Em suma, com a ampliação da adoção de tecnologia de gestão clínica, todas as informações, protocolos, procedimentos, registrados em um só local, os pacientes teriam acesso aos seus registros médicos e isto, certamente, impactaria em uma redução de custos, especialmente, por conta da eliminação da repetição de procedimentos.

EFEITO UBER NA SAÚDE A comunicação entre o sistema de gestão, utilização de barramentos de comunicação, e o prontuário eletrônico é fundamental para um atendimento clínico eficiente. Uma pessoa, por exemplo, que a vida toda foi atendida por uma determinada instituição hospitalar e, repentinamente, durante uma viagem, é acometida por um problema de saúde, não terá acesso ao seu histórico no momento do atendimento.

Sendo assim, fica claro que a cadeia da saúde nos próximos anos deverá passar por grandes transformações em relação ao seu atual modelo, demandando necessariamente que o paciente participe da gestão de sua saúde de forma colaborativa, caso contrário, o sistema entrará em colapso.

Severino Benner , é sócio fundador da BENNER Sistemas e CEO do Grupo BENNER

Para que seja feito um diagnóstico e definida uma linha de tratamento será preciso passar por uma bateria de novos exames, o que não seria necessário se houvesse acesso ao PEP. Isso, além de aumentar os custos da saúde, atrasa o tempo do início do tratamento ou cirurgia, o que pode ser fatal em caso de emergências. Embora haja um debate liderado pelo Conselho Federal de Medicina sobre a propriedade da informação clínica, é irreversível o processo de mudança. Outro ponto crucial a ser pensado é que o paciente é quem deve ser o proprietário das informações relacionadas à sua saúde e ter o poder de dividir seu histórico com quem ele bem entender. E o PEP

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TENDÊNCIAS PARA ARQUITETURA EM SAÚDE O negócio de saúde vem se profissionalizado e se tornando um dos mais importantes meios de crescimento do nosso país. Mesmo nesse momento econômico difícil que estamos atravessando agora, o setor de saúde continua crescendo e investindo o que comprova esta tese. Falando especificamente do produto de arquitetura, acredito que a tendência seja que cada vez mais, os clientes procurem a contratação de produtos integrados, ou seja, não apenas a compra do projeto de arquitetura, pura e simplesmente, mas do conjunto de projetos que vai desde a viabilidade técnica do negócio, passando pelos projetos de arquitetura, instalações e estrutura e até mesmo, introduzindo de uma forma bem objetiva, a obra neste pacote de serviços. Isso minimiza riscos, prazos e os custos, visto que a equipe toda esta integrada desde o início dos processos.

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Ana Paula Naffah Perez é Dirigente na C+A Arquitetura

Hoje temos que focar cada vez mais nas necessidades dos clientes e na rentabilidade futura que o setor ou unidade que estamos criando possa gerar. Dessa forma, a arquitetura de saúde tem que ser pensada e criada com este critério. Reduzir fluxos e circulações e com isso potencializar a operação do setor, criar setorizações eficientes e garantir a satisfação do usuário e do operador, são itens de extrema importância. Outro item importante é a hospitalidade. O cliente tem que se sentir acolhido e o espaço físico tem que proporcionar este sentimento à quem o ocupa. Diante disto, acredito que ficarão no nosso mercado apenas as empresas que se especializarem no tema saúde e que com isso, gerarem um produto de maior qualidade. Não há como fornecer produtos para a saúde sem ter total conhecimento do tema e buscar atualização de conceitos permanentemente. Acredito que a especialização seja um componente imprescindível neste setor.


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ACELERANDO O DIAGNÓSTICO E PERSONALIZANDO O TRATAMENTO Evoluir nos cuidados com a saúde através da singularidade do indivíduo é um passo fundamental para melhores resultados e novas perspectivas, tanto individualmente quanto para toda a população. Conseguir isso significa fazer da medicina personalizada uma prioridade. A Saúde está passando por uma transformação enorme nos últimos anos, que deve acelerar cada vez mais, tendo a evolução das tecnologias da informação um papel fundamental nesse processo. Até os últimos anos, esta tecnologia ajudava principalmente no processo em si, melhorando os fluxos nos hospitais e clínicas, reduzindo erros e viabilizando um melhor controle de custos e serviços. 60

Mesmo que no Brasil isto ainda não é uma realidade plena e homogênea, mas muito tem evoluído. Uma verdadeira revolução se aproxima no horizonte, e ela começa no acúmulo de uma quantidade infinita de dados, imagens e diagnósticos digitais - e é a partir daí antevemos evoluções significativas das tecnologias de sequenciamento genético, a custos cada vez mais reduzidos, muito mais rápidos e, principalmente, cada vez mais acessíveis. Ao conseguirmos comparar eficientemente os dados genéticos com as informações pessoais e populacionais – além de pessoas que tiveram


diagnósticos semelhantes - conseguimos identificar os melhores tratamentos para cada indivíduo, definindo o que funciona ou não. Ao longo do tempo, conseguiremos alcançar e otimizar estas ferramentas, com uma quantidade enorme de comparações de tal modo a saber com uma boa margem de certeza qual o melhor tratamento para cada pessoa. Isso é o que chamamos de medicina personalizada. Os pacientes de câncer serão particularmente mais beneficiados. A Intel está trabalhando com os principais centros de pesquisa em Genômica no mundo para otimizar o e reduzir o tempo de execução. Como são dados de tamanho considerável, são necessários diversos processadores trabalhando de forma paralela, ou HPCs (High Performance Computing). Para os que estão iniciando seus estudos universitários agora, deve-se considerar as disciplinas relacionadas à bioinformática, pois crescerá a demanda por este tipo de profissional. Colaboração entre diferentes organizações é uma outra necessidade, pois precisamos comparar a maior amostra possível de pacientes, genoma e suas patologias de forma segura e anônima. Um exemplo liderado pela Intel é a Rede de Colaboração do Câncer (Collaborative Câncer Cloud - https://communities. intel.com/community/itpeernetwork/healthcare/ blog/2015/08/17/intel-ohsu-announce-collaborativecancer-cloud-at-intel-developers-forum ) lançada em conjunto com o OHSU - Oregon Health & Science University no ano passado.

medir atividades que podem ser definidas por uma equipe de saúde. Alertas podem ser gerados de modo a antecipar possíveis distúrbios. Isso poderá evitar internações para os casos de doentes crônicos, ou mesmo manter as pessoas saudáveis ao estimulá-las a seguir as recomendações. Essa é a tal Internet das Coisas - ou IOT em inglês -, uma das áreas de investimento da Intel em Saúde, com dispositivos e gateways domésticos, sensores, ou até mesmo por meio de “smartwatches” como o “Basis Peak” que monitora também a qualidade do seu sono além das atividades. A Intel, em conjunto com os mais diversos centros de pesquisa no mundo, trabalha para que estas tecnologias permitam que nos próximos 10 anos os diagnósticos sejam precisos, e o tratamento personalizado identificado em até 24 horas. Isso reduzirá de forma drástica o tratamento e os custos associados ao mesmo ao se evitar tratamento desnecessários que causam custos, antecipando o tratamento desde o princípio.

José Luis Bruzadin, Gerente Saúde da Intel

Outra revolução à nossa frente, mas muito mais próxima, é distribuição e organização dos cuidados para além dos hospitais e clínicas. É a materialização dos cuidados com a saúde através de dispositivos móveis e vestíveis, onde as pessoas conseguirão 61


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NOVA COMUNICAÇÃO, NOVA MEDICINA

Trabalho com comunicação em saúde desde 2012, quando fundei o Medicinia. O produto vem evoluindo muito rapidamente, desde então, e já está em sua terceira fase. Começamos como uma plataforma qualificada de perguntas e respostas, por meio da qual pacientes podiam tirar online suas dúvidas em saúde com uma equipe médicos. A intenção era reduzir os problemas causados pelo uso indiscriminado do Dr. Google. A plataforma foi um sucesso enorme, tendo servido mais de 40.000 pacientes, e passa agora por uma reavaliação. Apesar de mais de 300.000 pessoas consultarem mensalmente as respostadas fornecidas, o paciente de hoje não é mais o paciente de 2012, a tecnologia avançou muito e um universo de possibilidades - e urgências - nessa comunicação em saúde que se abriu para o Medicinia. Começamos a oferecer uma plataforma para hospitais, já em 2013. Desde o meu tempo de residente em neurologia (2001-2003), eu fazia uma espécie de exercício de futurologia, imaginando como uma comunicação efetiva evitaria grande parte dos atropelos daquela rotina. E transformei todas essas angústias em subsídios para a criação do Medicinia Hospitais. É incrível, mas os canais de 62

comunicação hospitalares ainda são o telefone, o e-mail, as redes sociais e os apps genéricos de texto, como o WhatsApp! Em outras palavras, hospitais ainda estão muito atrasados em termos de garantir segurança e efetividade da comunicação clínica. Nada fica registrado, nada é monitorado. Com as metas de comunicação efetiva e segurança clínica das entidades de acreditação hospitalar, cada vez mais será necessário que os hospitais formalizem sua comunicação institucional, garantindo a curadoria e a segurança das informações. Em 2015, topamos mais um desafio. Oferecer paralelamente um aplicativo de comunicação profissional para médicos de clínicas e consultórios. O foco passou a ser também profissionalizar e tornar mais segura a comunicação médico-paciente por meio de um canal feito especificamente para esse fim. É inegável que as novas tecnologias impactaram fortemente a área da saúde. Elas mudaram a maneira com que nós, médicos, nos relacionamos com todo o ecossistema de saúde: com os processos, as rotinas e os equipamentos e, especialmente, com as pessoas – sejam colegas ou pacientes.


Nosso problema agora é regulação do uso. Os médicos brasileiros trabalham diariamente numa zona cinzenta regulatória. Isso tem que ser revisto urgentemente. É uma situação real e presente. No Medicinia, vivemos o amanhã. O que nós enxergamos para o futuro é um relacionamento muito mais próximo e ativo de médico e instituições de saúde com pacientes que estão em suas casas, se sentindo saudáveis, sem um evento agudo de saúde para tratar. O que a gente projeta, portanto, é um modelo de prestação de serviços em saúde que ocorre nos consultórios, como sempre foi, mas que é complementado por uma camada de interações médico-paciente online, de menor intensidade, mas de muito maior frequência, garantindo a segurança clínica e o acompanhamento continuado do paciente ao longo de toda a sua vida.

Daniel Branco, É médico pela UFRGS, neurologista e doutor em neurociências pela PUCRS, pós-doutor em mapeamento cerebral pela Harvard Medical School e MBA pela Wharton School of Business. Após criar o primeiro site médico do Brasil (Atlas Eletrônico de Histologia, 1995) e o primeiro site de perguntas e respostas em saúde (Medicinal, 2001), passou a desenvolver uma carreira dedicada à criação de tecnologias e negócios para a saúde. É fundador da DMBranco Healthcare Investments & Advisory e do Medicinia, plataforma online de conectividade médico-paciente para consultórios, clínicas e hospitais.

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PREVENIR É O MELHOR REMÉDIO

Na saúde, prevenir é sempre o melhor remédio. Garante qualidade de vida aos cidadãos e evita tratamentos muitas vezes dolorosos e caros. Estudos apontam que a cada um real gasto em prevenção, quatro reais são economizados com tratamentos de doenças. Essa tendência é inexorável em termos de políticas públicas. O Estado de São Paulo é pioneiro em programas de promoção de saúde, como o Agita São Paulo, de combate ao sedentarismo, e a lei antifumo, contra o tabagismo passivo. Na área da saúde da mulher, a Secretaria de Estado da Saúde lançou em 2014 o programa “Mulheres de Peito”, de rastreamento do câncer de mama, doença que mata meio milhão de pessoas anualmente em todo o mundo. 64

Quatro carretas itinerantes percorrem as cidades do estado oferecendo mamografia grátis, sem necessidade de pedido médico, para mulheres com idades entre 50 e 69 anos. Também há ultrassom e biópsia de mama. Desde então 80,8 mil exames foram realizados e 1,1 mil mulheres, encaminhadas para acompanhamento e tratamento em centros especializados. Em complemento, o Estado também oferece a oportunidade de que a mulher acima de 50 anos agende, no mês de seu aniversário, a mamografia, também sem pedido médico, em um dos 300 serviços do SUS com mamógrafo existente no estado. Sem burocracia. O exame é agendado, feito e, se der alguma alteração, a paciente é encaminhada para acompanhamento em um hospital especializado.


Os homens também foram contemplados com o programa de promoção e prevenção batizado “Filho que Ama Leva o Pai no AME”, que oferece check-up gratuito aos sábados nas áreas de cardiologia e urologia para homens a partir dos 50 anos de idade em 25 AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades), também sem necessidade de encaminhamento médico. Mais de 98 mil consultas já foram realizadas.

Em outra frente, são oferecidos, em centros estaduais, exames de imagem binocular e mapeamentos de retina monocular e outros procedimentos como Fotocoagulação, Vitrectomia e testes de Catarata e Glaucoma para a população em geral, de qualquer idade, visando detectar precocemente problemas de visão. E, em 44 AMEs, são realizados exames confirmatórios do Teste do Olhinho, com objetivo de prevenir a cegueira infantil.

O atendimento é dividido em pelo menos dois sábados. No primeiro, o paciente passa por uma consulta de enfermagem que envolve avaliação do peso, altura e risco cardíaco, uma bateria de exames laboratoriais de sangue e eletrocardiograma. Para o sábado seguinte é agendado o retorno para as consultas com cardiologista e urologista com a avaliação dos resultados dos exames.

Acreditamos que programas como esses podem incentivar a prevenção e garantir uma vida melhor e mais longa a todos os paulistas.

Pelo programa “Vale a Pena Ver”, lançado em 2015, o governo paulista oferece, gratuitamente, óculos com lentes monofocais para idosos com 60 anos ou mais que passarem por cirurgia em hospitais e AMEs estaduais. Eles podem escolher inclusive a armação, com mais de 30 opções.

David Uip, médico infectologista, é secretário de Estado da Saúde de São Paulo

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OS DESAFIOS DA SAÚDE NO BRASIL E A GESTÃO HOSPITALAR FILANTRÓPICA A saúde passa por um momento desafiador e de grandes mudanças. A desaceleração da economia, o crescimento do desemprego e a alta do dólar impactam o setor da saúde de diversas formas. O desemprego faz com que muitas pessoas percam o seu plano de saúde e o aumento do câmbio amplia os custos com produtos e equipamentos importados. Assistimos a receita pressionada, o aumento dos custos e a necessidade de investimentos constante criando um sistema que exige uma gestão eficiente e eficaz. A boa notícia é que o setor começa a abrir portas para um diálogo mais eficiente entre seus stakeholders, discutindo questões estruturais e construindo relações fortes com governo, fontes pagadoras e fornecedores. Mas crescer diante do contexto que vivemos exige foco e, por isso, estruturamos um planejamento estratégico, que envolve desde governança e redesenho de Unidades de Negócios até gestão de mudança e desenvolvimento organizacional para ganhos de eficiência operacional e qualidade. 66

Assim, a Beneficência Portuguesa de São Paulo, referenciado como um dos mais avançados centros de saúde do Brasil, vem aprimorando seu desempenho econômico e investindo cada vez mais em infraestrutura, desenvolvimento de lideranças, capacitação das áreas de atendimento e melhoria da competência técnica. Prova disso, são investimentos como a construção do novo bloco do São José, que teve R$ 97 milhões destinados para ampliação de 70% de sua capacidade, com andar exclusivo a transplante de medula óssea, Pronto Atendimento e área de Medicina Integrativa. Não dá para falar de ganhos operacionais e melhoria contínua sem abordar tecnologia. Por isso, dedicamos mais de R$ 20 milhões nos últimos 3 anos, sendo o maior esforço na implantação do sistemaTasy que está em processo nas unidades do complexo. Os resultados são claros: agilidade, precisão de informações, eficiência e ainda mais segurança ao paciente.


O compromisso da Beneficência Portuguesa sempre foi e será com a sociedade. A vocação da filantropia está em nosso DNA. Acreditamos que todas as pessoas, independentemente de seu nível econômico e social, merecem o melhor em saúde. Somos um hospital privado que oferece atendimento à população advinda do SUS. E reafirmamos o nosso compromisso com a filantropia com a criação do Hospital Santo Antônio, em 2012. Lá o foco é o atendimento médico hospitalar de média complexidade oferecendo a mesma qualidade e excelência que é a nossa marca. Um exemplo mais recente, e que nos dá muito orgulho do trabalho que vem sendo desenvolvido, é a criação do Centro de Parto Normal em parceria com o Instituto João e Belinha Ometto, com uma moderna estrutura para parto humanizado.

Assim, acreditamos que enfrentar os desafios da Saúde no Brasil, significa um constante olhar em eficiência operacional, desenvolvimento de pessoas e incansável foco no paciente como o centro de tudo que fazemos. A Beneficência Portuguesa de São Paulo tem um importante papel para sociedade e continuará buscando as melhoras práticas em busca de sua sustentabilidade e perenidade.

Denise Santos, é CEO da Beneficência Portuguesa de São Paulo e Membro integrante da Comissão de Governança em Saúde do IBGC.

Transparência, confiabilidade, excelência e geração de conhecimento justificam o nosso trabalho e reforçam o nosso compromisso com a saúde no Brasil. 67


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A LOGÍSTICA HOSPITALAR DEVE SER INICIO, MEIO E FIM PARA A PARA A MELHOR GESTÃO DA SAÚDE A boa gestão de insumos médicos e medicamentos é condição sine qua non dentro do organismo da saúde, somando para o melhor aproveitamento de recursos físicos e de mão de obra. Apesar da logística hospitalar ser uma atividade relativamente nova, já configura mudança positiva de cenário para quem nela investe, tanto nas instancias públicas como privadas. Também em virtude do pouco conhecimento sobre sua extensão de atuação, a logística ainda costuma ser minimizada à função de transporte, que é um processo importante, mas que representa apenas uma parcela de toda a inteligência que ela oferece, especialmente no que tange a área de insumos e medicamentos médicos e as suas especificidades de manuseio, armazenamento e regulamentações.

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Na ponta do lápis, a logística hospitalar bem aplicada gera melhor produtividade, melhorias em processos de compra, total controle de estoque, redução de erros de administração no beira leito, maior segurança para gestores, profissionais de saúde e pacientes, economicidade, e muito mais.


de automação, além interfacear estes recursos aos softwares de gerenciamento do fluxo de materiais de uma forma ordenada, que melhorem ou permitam o gerenciamento da cadeia de suprimentos e movimentação de maneira global dentro das instituições de saúde. A evolução acontece todo dia e, para garantir a qualidade desse desenvolvimento, é essencial continuar investindo também no aperfeiçoamento da formação e informação dos gestores hospitalares, prefeitos e população, para que toda a cadeia saiba contratar, gerenciar e reclamar por seus direitos. O fato é que não basta esperar como meros expectadores, é preciso esperançar agindo, bem no estilo daquela famosa canção, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Acreditar na logística hospitalar como uma ferramenta essencial para o futuro da saúde significa fazer agora a diferença, pensando logística como inteligência e gestão, auxiliando de forma profissional, ética e com excelências esse setor que precisa tanto de empenho e profissionalismo para curar todos os males que vemos hoje.

Em uma economia em constante ebulição como a nossa, considero um atraso pensar no presente e no futuro sem a logística hospitalar e não apenas torço, mas trabalho para levar adiante a sua importância e colaboração para a saúde, esperando que daqui a 10 anos, já nem se discuta mais a sua necessidade, mas apenas as inovações que possam torná-la cada vez melhor.

Domingos Fonseca, é CEO da UNIHEALTH LOGÍSTICA HOSPITALAR

Neste contexto, acredito que a RDC 54 (11/12/2013), da ANVISA, que prevê a implantação do sistema nacional de controle de medicamentos e os mecanismos e procedimentos para rastreamento em toda a cadeia dos produtos farmacêuticos sujeitos à registro pela entidade, impulsione o mercado para a profissionalização, ainda que inicialmente na obrigatoriedade, e a partir dela vire um bom hábito de gestão. Para nós, particularmente, o maior desafio neste momento é continuar avançando com os investimentos em robótica e equipamentos 69


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TECNOLOGIA: O FUTURO DA SAÚDE

A indústria da saúde tem passado, no mundo, por mudanças significativas nos últimos anos, mas talvez nunca na intensidade e velocidade que estamos enfrentando. A pressão por redução contínua de custos e por melhora de performance financeira cresce no mesmo ritmo da evolução dos tratamentos e da exigência por serviços com níveis de qualidade cada vez maiores. Esse cenário pede uma reformulação no atual modelo de negócios da cadeia de saúde, que demanda vários fatores, entre os quais, destaca-se a necessidade de implantação de soluções tecnológicas. Parece inexequível combinar redução de custos e melhoria no atendimento, como o mercado está exigindo, mas não é. O desafio é gigante, mas factível, como mostra a edição 2016 do estudo “Global Health Care Sector Outlook”, realizado pela 70

Deloitte. A implementação desse novo modelo tende a se viabilizar por meio de investimentos públicos e privados que integrem a oferta de medicamentos e de diagnósticos de baixo custo com programas de monitoramento de doenças que deem suporte aos profissionais de saúde e às empresas que lidam diretamente com os pacientes, para se anteciparem a problemas e atuar de forma mais certeira tanto na prevenção como na escolha do tratamento. Por mais paradoxal que possa parecer, estamos falando de atendimentos mais personalizados, completos e conectados, em oposição ao atual sistema, ainda massificado. Essa personalização, sem encarecimento do sistema, tende a se viabilizar por vários meios. Um deles consiste do uso de programas de Telessaúde, mHealth, prontuários eletrônicos, consultas por


telefone, equipamentos vestíveis e até mídia social. De acordo com o estudo “Global Health Care Sector Outlook”, só o mercado digital de saúde – que engloba uso de tecnologias sem fio, como algumas mencionadas – deve movimentar US$ 233 bilhões até 2020. Estamos falando de um crescimento expressivo, considerando que, em 2013, esse mercado movimentava US$ 60,8 bilhões. Além disso, os tratamentos que utilizam informações individuais e baseadas na genética têm potencial para estimular o desenvolvimento de terapias que podem melhorar radicalmente os seus resultados – como o uso de smart pills (pílulas inteligentes capazes de monitor os efeitos de um medicamento no organismo). A mesma pesquisa da Deloitte mostra que a adoção de um modelo mais personalizado de atendimento cresce na mesma proporção em que os custos da medicina genética recuam. Esses novos modelos de tratamento tendem a afetar diretamente o desempenho financeiro das empresas, pois ampliam o monitoramento e o trabalho de prevenção, o que, na ponta, reduz custos com tratamentos mais caros e intensivos.

longevidade da população. Essa realidade, que tende a elevar custos, também pode ser amenizada por meio de tecnologias preventivas, como os equipamentos que monitoram batimentos cardíacos ou lentes de contato que fazem controle de glicose no organismo, por exemplo. A inovação, se bem aplicada, comprovadamente reduz custos numa cadeia tão complexa como a da saúde.

Enrico De Vettori, sócio-líder da Deloitte no Brasil para atendimento às empresas do segmento de Life Sciences e Health Care.

Esse impacto positivo da tecnologia na indústria de saúde fica ainda mais visível quando se analisam as tendências de aumento dos casos de doenças crônicas – como o diabetes, a pressão alta e síndromes degenerativas – versus a maior 71


INOVADORES

OS DIFERENCIAIS DA NOVA MEDICINA: TECNOLOGIA, CONECTIVIDADE E GESTÃO RELAÇÃO MÉDICO E PACIENTE A 40 anos atrás foi feito o primeiro exame de ressonância magnética em humanos. Antes dessa inovação, qualquer suspeita de doença exigia uma cirurgia invasiva para investigação. Com a ressonância magnética, os médicos puderam ver o que acontece dentro do corpo do paciente sem a necessidade de uma cirurgia. Claro que hoje em dia os exames são muito mais sofisticados e completos, mas essa invenção revolucionou o setor da saúde.

72

Estamos vivendo essa mesma transformação com a chamada “internet das coisas”. Hoje em dia, o único jeito de um médico saber como está a saúde de seu paciente é solicitando uma bateria de exames. Com o advento da tecnologia wearable, em que dispositivos vestíveis captam dados sobre a saúde em tempo real, 24 horas por dia, os exames não serão mais tão necessários. Os wearables podem monitorar: quantidade de passos, qualidade do sono, nível de açúcar no sangue, batimentos cardíacos e várias outras coisas. Todas essas informações podem ser preciosas para um diagnóstico e consequente tratamento.

Daqui 10 anos o paciente vai estar muito mais empoderado. Todos esses dados que ele coletar ao longo do tempo com os wearables vão servir como material para pesquisas personalizadas em aplicativos que vão apresentar possíveis diagnósticos. Ou seja, a inteligência artificial será capaz de analisar dados, cruzar com as particularidades da pessoa que pesquisa, levar em consideração hábitos e estilo de vida, para aconselhar que tipo de medida tomar. Desde uma medicação simples até uma consulta com a especialidade médica mais indicada para o caso. Isso vai mudar totalmente a forma como médicos e pacientes se relacionam. Ao chegar no consultório, o paciente terá ainda mais consciência de seu estado de saúde e algumas possibilidades de diagnóstico possíveis. Mas isso não é algo negativo, na verdade, dá ao paciente o poder de tomar decisões sobre sua própria saúde e também responsável pelo sucesso, ou fracasso, de um tratamento. Além disso, essa objetividade também será responsável por muitos cortes de gastos. O


INOVAÇÃO DENTRO DE CASA paciente, orientado pelo aplicativo, já vai procurar a especialidade mais indicada, ao invés de passar de um especialista para outro. Os exames também serão pedidos para confirmar diagnósticos, e não apenas para investigação. Afinal, os dados já serão capazes de criar um perfil completo da saúde do paciente. Outra mudança, ainda polêmica, é a telemedicina. Com o avanço da tecnologia é totalmente plausível imaginar consultas e até mesmo cirurgias à distância. O médico poderá ver o paciente por meio de imagens 3D, analisar imagens e exames com ferramentas de comparação e dar um diagnóstico mais preciso. Nesse cenário, podemos esperar o surgimento de novas empresas de tecnologia na área da saúde. Softwares de diagnóstico, wearables cada vez menores e mais imperceptíveis, ferramentas de armazenamento de dados, sites que lembram redes sociais onde o paciente atualiza as informações sobre sua saúde, gamificação no tratamento e plataformas de diagnósticos para médicos e hospitais são algumas possibilidades. Claro, as próprias instituições de saúde vão passar por transformações com essa mudança de público. Mas, com certeza, as organizações bem sucedidas terão uma coisa em comum: gestão. Clínicas, consultórios, hospitais, médicos empreendedores, não importa o tamanho, será preciso saber administrar o negócio com eficiência.

Na iClinic já começamos a vislumbrar essas mudanças no cenário da saúde, principalmente me relação ao paciente. Segundo uma pesquisa recente da PWC, 83% dos pacientes desejam compartilhar seus dados de prontuário com vários especialistas, com o objetivo de fornecer mais informações para um diagnóstico completo e um tratamento adequado. Nós pensamos em possibilitar essa integração dos dados da saúde do paciente entre várias especialidades. Assim, os dados do histórico, prontuários, tratamentos já realizados, alergias, medicamentos, entre outros estariam disponíveis a cada especialista que o paciente se consultar. Quando o uso dos wearables for mais popularizado, também podemos criar uma seção para anexar os dados captados. Todas essas informações estariam disponíveis para médicos e profissionais da saúde que atenderem esse paciente, mediante sua autorização. Assim, o prontuário eletrônico passa a ser responsabilidade do paciente, afinal, é de seu interesse registrar e cuidar da sua saúde.

Felipe Lourenço, é especialista em Informática e Gestão em Saúde pela Universidade de São Paulo (USP). É cofounder & CEO do iClinic, um software online de gestão que organiza as informações de clínicas e consultórios de maneira simples e intuitiva, tornando os processos mais inteligentes e produtivos.

73


INOVADORES

DISRUPÇÃO: A TECNOLOGIA NA SAÚDE Os próximos 10 anos serão disruptivos para o negocio de saúde. Os processos como estão hoje farão parte do passado. O grande acelerador para essas mudanças é a tecnologia. A tecnologia estará presente em todos os momentos na vida do paciente: da prevenção ao atendimento intra-hospitalar, do exame laboratorial ao atendimento em domicilio de alta complexidade. Esse novo momento também irá aumentar a competitividade no mercado de saúde, como ocorre outros setores. As empresas vencedoras irão se destacar essencialmente pela qualidade dos produtos e do atendimento prestado ao cliente (empresas e, em ultima instância, os pacientes).

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Ser competitivo no mercado de saúde é pensar em estratégias que tragam vantagens competitivas, sem perder o foco no lucro e na sustentabilidade. Isso tudo dentro de um mercado regulamentado por leis e ética. Os negócios serão cada vez mais influenciados pela percepção de qualidade e interação dos pacientes (clientes). A participação do cliente nas empresas será cada vez mais freqüente, seja pela internet ou, por

Dr. Daniel Gentil é Sócio diretor na Easy Care Saúde

redes sociais. Comentários, criticas, sugestões não podem ser mais ignoradas e irão ajudar a construir um novo ambiente. Resolver o problema do paciente (cliente) de uma forma qualificada e definitiva, valorizando sempre o foco na sua necessidade será uma vantagem competitiva que aumentará muito o valor do negócioEmpresas que não existem hoje, em 10 anos, podem valer bilhões, empresas hoje que valem bilhões poderão não existir em 10 anos. O mercado estará cada vez mais competitivo. Sem dúvida o foco no cliente é o diferencial. As empresas e os profissionais da área de saúde que criarem novas estratégias que vão solucionar a real necessidade dos pacientes serão os vencedores. Novos produtos, medicamentos, procedimentos e tecnologias devem ter esse objetivo. A tecnologia será base dessas transformações.


Há 20 anos transformando comunicação em sucesso. Uma empresa que entende e atende de perto às reais necessidades dos clientes. Isto é motivo de orgulho e empenho para continuarmos escrevendo novos capítulos de sucesso. O Grupo Printer de Comunicação é integrado pelas agências Printer Press, Press, PP publi e BRCom BRCom.. Uma união de soluções em comunicação. • RELAÇÕES COM A MÍDIA • RELAÇÕES PÚBLICAS • ENDOMARKETING E COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL • GERENCIAMENTO DE CRISE • TREINAMENTO DE COMUNICAÇÃO • INTELIGÊNCIA DE MERCADO • COMUNICAÇÃO DIGITAL • PUBLICIDADE • EVENTOS

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75


INOVADORES

INOVAÇÃO DAS OPERADORAS DE SAÚDE: MAIS QUE TECNOLOGIA, INVESTIMENTO EM PROCESSOS E FOCO NA QUALIDADE DE ATENDIMENTO

Como operadora de plano de saúde, a Prevent Senior se especializou no atendimento dedicado às pessoas a partir de 49 anos. Esse público sempre foi visto com receio pelas empresas do setor, porém, com o modelo de gestão acertado, conseguimos alcançar todas as nossas metas de crescimento e qualidade. A Prevent Senior possui ampla rede credenciada e também investe na verticalização do atendimento, justamente para que ele integre o processo por nós desenvolvido. Nossa rede própria, hoje, possui 33 unidades na Grande São Paulo e em Santos e está em constante expansão, com inauguração prevista de cerca de 15 unidades para 2016. Atualmente ela é composta por núcleos especializados – em oftalmologia, cardiologia, oncologia, reabilitação, ort o p e d i a e t ra u ma t o l o g i a – , n ú c l e o s d e multiatendimento, com profissionais de diversas especialidades, laboratórios e a rede de Hospitais Sancta Maggiore, hoje com oito unidades. Embora, para o mercado, a verticalização seja um sinônimo de redução de custos, para a Prevent Senior a verticalização é essencial para o processo de integral cuidado do beneficiário.

76

Se considerarmos os procedimentos separadamente, a rede própria de atendimento implica em custos mais elevados, sobretudo se


forem considerados os investimentos em qualidade e eficiência que se tem buscado. Para a Prevent Senior, a verticalização como um processo permite a interligação de uma cadeia de procedimentos que envolve a atenção à saúde. O sistema, além de celeridade para o beneficiário, se traduz em qualidade no atendimento e, consequentemente, em manutenção da saúde e mais independência nesta fase da vida (maturidade). Atendimento rápido e eficiente é o segredo para redução da sinistralidade. Um beneficiário que passa por um dos núcleos de atendimento e descobre algum problema de saúde é imediatamente encaminhado para o atendimento especializado, recebendo o acompanhamento multiprofissional necessário para evitar o avanço e o agravamento da doença. O diferencial está exatamente aqui. Percebemos que a empresa deve ser a responsável pela saúde do beneficiário. Quando ele passa por um médico, tem que realizar os exames solicitados e, posteriormente, retornar ao profissional que, à vista dos resultados dos exames, pode encaminhá-lo a um especialista para dar início a um tratamento adequado. Perde-se tempo. E tempo, quando tratamos de saúde, é um fator definitivo para a obtenção de bons resultados. Como exemplo de um processo verticalizado na Prevent Senior, que garante qualidade e economia de tempo para o beneficiário, podemos citar o de diagnóstico de câncer de mama. Atualmente, em nossa rede própria, entre o diagnóstico e a cirurgia leva-se cerca de 20 dias, contra 190 dias da média nacional. No projeto “Screening Mamário”, durante a mamografia, a paciente é acompanhada por um mastologista. Se há algo suspeito, ela é imediatamente encaminhada para o ultrassom e para o especialista na mesma unidade, ganhando tempo necessário para que a doença não evolua. Essa disciplina na condução dos processos e da assistência ao paciente reflete o cuidado que a Prevent Senior possui na raiz de seu atendimento, não como um diferencial, mas como essência presente em seu DNA.

Acreditamos que para uma evolução saudável do sistema de saúde, o foco tem que ser exatamente este: o comprometimento integral com a qualidade e com a agilidade do atendimento, que traga resultados positivos tanto para nossos beneficiários quanto para o crescimento da empresa. O processo de atendimento no fluxo da rede própria é ágil e representa bem os nossos valores, alinhados com o que é mais importante para quem busca atenção eficiente à saúde. No início da Prevent Senior, há mais de 18 anos, buscávamos resgatar o conceito do médico de família, aquele que acompanha o paciente em todas as fases e etapas. Esse conceito foi amadurecendo até chegarmos a um processo de atendimento integrado, que garante o mesmo cuidado com maior eficiência. Hoje trabalhamos com uma rede de médicos generalistas e especialistas que têm domínio dos fluxos e procedimentos de toda a cadeia de atendimento. Esse caminho eficiente de gestão garante ao beneficiário o tratamento único e específico para suas necessidades, de forma com que ele receba aquilo que necessita e espera do plano de saúde.

Fernando Parrillo, CEO Prevent Senior

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INOVADORES

TENDÊNCIAS E DESAFIOS PARA UM NOVO MOMENTO NA ÁREA DA SAÚDE A área da saúde está em constante movimento. A cada ano observamos novas tecnologias e serviços chegarem a esse mercado. Mas quais tendências serão realidade nos próximos 10 anos? Acredito que algo que deve se concretizar na área da saúde é o cuidado centrado no paciente, no qual o médico olhe para o paciente como um todo e não apenas de acordo apenas com a sua especialidade. E isso fará com que haja uma maior interação entre os médicos especialistas. Com o cuidado centrado no paciente, o processo de remuneração deve sofrer alterações, tornando-se focado na performance clínica da equipe que realiza o tratamento do paciente. Diferente de hoje, que a equipe médica não tem uma remuneração baseado no grau de saúde que trouxeram ao paciente, ou até 78

mesmo no tempo de recuperação dele, no futuro, outras formas de remuneração podem levar isto em consideração. Do outro lado, a saúde preventiva, na qual evitamos a doença do paciente, pode ser outra forma de remuneração para estas equipes. Atualmente, a atuação no mercado de saúde concentra-se em buscar a cura de doenças ou enfermidades no paciente. No entanto, há uma crescente procura por bem-estar como forma de evitar problemas de saúde futuras. Para atender esses conceitos, as empresas de tecnologia precisam se preparar para essas mudanças. A internet das coisas e os wearables apresentarão um número cada vez maior de informações sobre os pacientes e consequentemente abrirá as portas


desse mercado para empresas voltadas para big data e data analytics. Para tanto, a interoperabilidade será essencial para os sistemas de informação das clínicas e hospitais. Ainda sobre big data, o conceito de computação cognitiva trará um novo conceito para análise de dados dos pacientes, podendo fazer alertas de saúde ao paciente e até mesmo orientar as equipes clínicas de condições especiais que precisam ter no tratamento de saúde daquele indivíduo.

Iomani Engelmann, diretor de novos negócios da Pixeon

Uma outra tecnologia que impactará bastante o setor de saúde serão as impressoras 3D. A impressão de próteses, feita de forma “tailor made” para cada paciente será uma prática comum. Diferentemente do conjunto de próteses apresentado hoje, no qual cabe ao cirurgião fazer a adaptação necessária para usála durante o procedimento, as novas versões serão produzidas de acordo com as características físicas do paciente. Neste novo cenário, em que novas tendências são apresentadas frequentemente, as empresas precisarão se tornar ágeis, inovadoras e tomar decisões rapidamente para acompanhar esse dinamismo. Empresas mais tradicionais e conservadoras podem ter dificuldade de seguir o mercado com a agilidade necessária para esse momento. Abre-se o mercado também para empresas focadas em fitness e bem-estar, que provavelmente investirão na área da saúde, trazendo soluções mais robusta. Essas movimentações trarão também oportunidades para start ups emergir neste segmento, além de empresas de pesquisa e análise de dados de big data. 79


INOVADORES

UM MERCADO MOVIDO PELO RESPEITO À VIDA Federal (STF), de considerar constitucional a Lei 9.637/1998, das Organizações Sociais (OSs). Validase, assim, a eficiência do modelo de gestão, sem deixar margem a qualquer risco de insegurança jurídica quanto ao cumprimento das obrigações por O mercado da saúde agrega um viés que transcende

parte das organizações que assumem os serviços.

em muito às análises de performance, gestão e resultados inerentes a todos os demais setores

Para que o crescimento da Pró-Saúde e outras

de

indispensável

organizações do setor se concretize, há, contudo,

consideração aos aspectos humanitários relativos

algumas questões que precisam ser observadas.

aos cuidados com as pessoas. Considerada tal

Dentre elas, é prioritária a gestão eficiente, o

peculiaridade,

demanda

que significa crescente produtividade e eficácia

crescente nos próximos anos, em especial nos

dos serviços. Não visamos lucro, mas eficiência

sistemas públicos de atenção médico-hospitalar.

administrativa é vital para continuarmos atendendo

atividade.

Refiro-me

à

acreditamos

sua

numa

os

pacientes

com

qualidade,

cordialidade,

Nossa estimativa de expansão baseia-

fraternidade e máximo respeito, ou seja, de modo

se em três premissas. A primeira delas, no caso

coerente com os princípios cristãos que norteiam

da Pró-Saúde, é a qualidade do atendimento nas

nossa entidade. É preciso considerar que são

unidades públicas gerenciadas por nossa entidade,

numerosos os contratos com o poder público, cada

por meio de uma administração eficaz, que fortalece

vez mais pressionado pela questão fiscal.

a confiança do usuário que busca assistência na

80

rede do SUS. O segundo ponto refere-se ao fato

Quando se analisam as tendências do setor de

de, presumivelmente, a elevação do desemprego

saúde, é inevitável, também, reforçar a importância

reduzir nos próximos anos o acesso à medicina

da atuação das OSs, como a Pró-Saúde. No caso de

privada, inclusive por meio dos convênios e do

nossa entidade, a conquista de certificações com

seguro-saúde. E a terceira premissa, que referenda

padrões internacionais e a aprovação dos usuários

as demais, trata da decisão do Supremo Tribunal

superam a 90% em praticamente todos os projetos.


Como não têm fins lucrativos, as OSs atuam com

A gestão privada, em especial quando os contratos

base em custeio compatível com a realidade

são feitos com instituições sem fins lucrativos,

orçamentária dos contratantes públicos.

apresenta boa relação custo-benefício para o Estado e a sociedade, melhora os recursos humanos no

Outra vantagem essencial é no campo dos recursos

aspecto técnico, qualifica mão-de-obra e economiza

humanos: as OSs são as únicas capazes de manter

recursos. Agilidade nas decisões e sinergia entre

médicos mais experientes e renomados trabalhando

os colaboradores terceirizados e os contratados

nas redes públicas de atenção à saúde. Por isso, é

diretamente são aspectos também positivos. O mais

comum encontrar, em estabelecimentos por elas

importante, porém, é que a gestão eficaz viabiliza

gerenciados, profissionais que, em seus consultórios

a meta prioritária de atender bem às pessoas e

particulares e hospitais privados, jamais estariam ao

valorizar a vida!

alcance dos pacientes do SUS.

Jocelmo Pablo Mews, é diretor de Operações da Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar

81


INOVADORES

NOVOS CENÁRIOS E NOVOS DESAFIOS PARA AS ESTRUTURAS DE SAÚDE A pressão de mudança do modelo de financiamento

porte e poder institucional no mercado, apontando

de saúde, atualmente baseado na taxação de

a diferenciação de serviços e o surgimento de

serviços (fee for service), aliada à complexidade

novas alianças e parcerias estratégicas como uma

inerente a esse sistema, aponta para um cenário

alternativa para a manutenção da competitividade

de grandes desafios para o negócio da saúde nos

neste cenário.

próximos 10 anos. Diante deste cenário de incertezas e novas apostas, A reestruturação deste modelo tem como um de

os serviços de caráter estratégico e planejamento

seus principais pilares o foco em valor, Value-Based

de longo prazo, como Plano Diretor Estratégico,

Health Care Delivery, reforçando a tendência do

ganham grande destaque.

cuidado centrado no paciente. Melhoria de eficiência e resolutividade na passagem, desenvolvimento de

Novas modalidades de financiamento e interação

novos protocolos assistenciais, controle e redução

entre instituições de saúde, investidores e agentes

de custos, criação de novos indicadores, atenção à

financeiros também abrem espaço para práticas

experiência do paciente e à gestão da sua saúde são

projetuais mais modernas e maior profissionalismo

alguns instrumentos base desse novo panorama que

no mercado.

irá se consolidar nos próximos anos.

tecnologia BIM (Building Information Modeling)

Apostamos na implantação da

como instrumento de promoção de integração entre Além disto, as fusões e aquisições em saúde,

as disciplinas de projeto, melhoria na qualidade

fomentadas pela abertura à entrada de capital

e confiabilidade no resultado final. Este processo

estrangeiro no Brasil, posicionam players de grande

apresenta maior aderência à realidade e facilidades de operação e manutenção pós-construção, que são de extrema importância para projetos de alta complexidade. Outro benefício é a possibilidade de gerenciar os custos desde as fases iniciais, ferramenta fundamental para projetos desenvolvidos com IPD (Integrated Project Delivery).

82


Nossa influência em projetos restaurativos, aliada às

As fusões e aquisições estão colocando players de

análises de desempenho do edifício desde a etapa

maior porte, com redes de provedores no mercado,

de concepção, se alinha aos conceitos de redução de

por consequência surgirão oportunidades para

custos e foco em valor, não só para o paciente, mas

empresas associadas a um cenário mais dinâmico

para todos os usuários e para a cidade.

no setor, como empresas de gestão de ativos, que poderão oferecer soluções completas em facilities

Outra linha que ganhará força é o serviço de Due

ou quarterização para redes de saúde; redes de

Diligence. A investigação imobiliária e de aderência

varejo em saúde, desde que ligadas a sistemas

de escopo prévia à negociação de ativos é estratégica

mais abrangentes, como Dr. Consulta, ou os

para o sucesso de grandes negociações de fusões e

exemplos norteamericanos, ligados à CVS, Walmart

aquisições.

etc.; e empresas de tecnologia da informação em saúde: gestão de portais de saúde, PEP, APPs para

Cenários

de

reestruturação

oferecem

novas

oportunidades e exigem resposta dinâmica do

gestão de relacionamento com pacientes, médicos e outros players.

mercado. A construção hospitalar tem demandas especificas

devido

à

complexidade

funcional,

integração multidisciplinar, flexibilidade temporal

Anna Carolina M.A.Botelho

e

Maldonado - Diretora Projetos

variedade

do

acervo

construído,

exigindo

experiência e maior adaptabilidade das empresas prestadoras de serviço.

Bruna Monzillo – Coordenadora de Estratégias em Saúde

O investimento em novas tecnologias e processos que aumentem eficiência e qualidade do produto

Kahn do Brasil

final, são de fundamental importância para se manter competitivo no mercado.

83


INOVADORES

GESTÃO INTEGRADA DE CONTEÚDOS E DE IMPRESSÃO É FUNDAMENTAL PARA EMPRESAS DE SAÚDE Há alguns anos, as empresas do mercado de

estrutura de trabalho aos profissionais do setor,

saúde, sejam hospitais, clínicas ou laboratórios de

para que o sistema de saúde seja eficiente, de fato.

análise, têm buscado modernizar sua infraestrutura tecnológica

processos

Para oferecer serviços de qualidade, as empresas

administrativos, clínicos e de relacionamento com

para

melhorar

seus

do setor de saúde precisam ter uma gestão

médicos e pacientes. As iniciativas se devem não

precisa, integrada e lucrativa, algo que só é viável

apenas à importância de gerar novos negócios,

com a gestão de um bem precioso: a informação.

mas principalmente à necessidade de assegurar

A capacidade de capturar, cruzar e gerenciar

o melhor atendimento aos clientes e a melhor

as informações, de forma eficaz e assertiva, se tornou fundamental para todo o sistema de saúde. Isto porque as informações devem estar acessíveis na hora e lugar certos para o profissional

84


de codificação, o que facilita processos e acesso aos conteúdos com excelente custo­benefício; gerir melhor o acesso e atendimentos dos pacientes, assim como as informações clínicas individuais, minimizando deficiências dos quadros e realizando funções avançadas de gestão de documentos. Podem também gerir o conteúdo clínico completo (laudos e imagens), tendo um registro do histórico dos pacientes mais completo para facilitar o atendimento e o acompanhamento dos tratamentos. Além disso, podem registrar e controlar melhor processos administrativos e conteúdos de back correto, e tudo isso se baseia na correta captura,

office; e gerir melhor as impressões para garantir a

armazenamento,

tratamento,

privacidade e segurança dos dados dos pacientes,

distribuição e compartilhamento de conteúdos,

otimizando o uso do parque de impressão, tendo

que são imprescindíveis ao cotidiano de todos os

operações mais sustentáveis.

localização,

departamentos. Portanto, as soluções de gestão de conteúdo Atentos a isto, os grandes fornecedores de

permitem que os gestores tenham uma visão

Tecnologia da Informação (TI), como a Lexmark,

panorâmica do negócio, para aperfeiçoar processos

sabem que o mercado de saúde tem um potencial

estratégicos

expressivo de adoção de soluções integradas, com

aproveitamento dos recursos disponíveis e redução

software, hardware e serviços, especialmente de

de gastos. Se a sua empresa ainda não investiu

gestão de conteúdo (ECM – Enterprise Content

nestas tecnologias, está na hora de começar a

Managment),

pesquisar e incorporá­las rapidamente ao dia a dia

de

preferência,

integradas

à

ferramentas de gestão de impressão.

e

operacionais,

com

o

melhor

para garantir melhores serviços e competitividade. Não há tempo a perder!

Esta combinação viabiliza uma maior escala de digitalização, acesso e compartilhamento de dados, para que as informações percorram a infraestrutura empresarial de maneira precisa, ágil e segura, contemplando dados estruturados (com formato fixo, pré­ definido, provenientes de sistemas de gestão empresarial e de relacionamento com clientes, por exemplo), e dados não estruturados (imagens, vídeos, áudios, contratos, históricos dos pacientes, etc). Trata­ se de algo essencial para uma indústria na qual 90% dos dados não são estruturados e precisam ser devidamente registrados e consultados para subsidiar decisões médicas, de gestão e de atendimento diariamente. Com a adoção destas soluções, as empresas de

Luiz Menezes, presidente da Lexmark do Brasil

saúde podem, por exemplo, administrar de modo eficiente o ciclo de entrada de dados, até informes 85


INOVADORES

A JORNADA EM BUSCA DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE O segmento de Saúde vive uma transformação

Na linha do tratamento, temos exemplos como

sem precedentes em todos os elos da cadeia. Sem

o Patients like me, que é uma plataforma online

dúvida, o movimento de digitalização dos negócios

onde pacientes compartilham informações sobre

que ocorre em todos os setores, também impactará

seus sintomas, tratamentos, efeitos colaterais e

e muito o segmento.

resultados. Eles aprendem uns com os outros a lidar com seu processo de tratamento e recuperação.

Cito dois exemplos da revolução digital que está em andamento. Um deles, relacionado ao bem-

Falando em comunicação, o fenômeno que está

estar. Trata-se do My Fitness Pal, aplicativo com

ocorrendo é que as pessoas não estão mais

80 milhões de usuários e uma base de bilhões de

aceitando ações “empurradas” e interruptivas.Tome

registros de alimentos.

como exemplo, a sua própria jornada de consumo de conteúdo e informação diária. Certamente, os representantes,

meios digitais estão presentes e você escolhe por

como a Nutrisoft, por exemplo, que possui uma

quais canais deseja se informar para tomar suas

plataforma on-line de gestão de pacientes voltada

decisões, quaisquer que sejam. Porém, você quer

a nutricionistas, usando inteligência artificial para

escolher onde buscar.

O

Brasil

também

tem

seus

avaliar continuamente os hábitos de alimentação. Pensem no impacto disso na prevenção de doenças. 86


Um estudo do Google chamado ZMOT (Zero

conteúdos dinâmicos e relevantes na ótica do

Moment Of Truth), que trata do comportamento do

público-alvo.

consumidor, apontou que mais de 80% dos usuários

a transformar em plataformas de conteúdos,

da rede já tomaram uma decisão de compra antes

construindo

mesmo de conversar com alguma marca. Ou seja,

própria e engajada por meio de conteúdo criativo

o potencial cliente já buscou por conta própria

e informativo.

Com isso, as marcas começam sistematicamente

uma

audiência

todas as informações e referências que considera necessárias para decidir.

A Web mudou as regras e agora seus clientes/ pacientes estão buscando e consumindo informação

Mas em Saúde isso é diferente? Sem dúvida,

de maneira diferente. Você vai ficar de fora disso?

talvez seja ainda mais impactante do ponto de vista de busca de informação e influência. Outro estudo do Google, mostrou que 85% das buscas sobre saúde estão relacionadas à sintomas e doenças, ou seja, os pacientes estão buscando conteúdos que respondam as suas dúvidas,

Marcio Cavalieri Sócio do Grupo RMA (Comunicação e Inbound Marketing para Saúde)

conduzindo individualmente suas jornadas de autoconhecimento e tomada de decisão. Isso significa que cada vez mais os pacientes estão com o poder nas mãos, quebrando a assimetria de informações e relacionamento entre todos da cadeia. Para endereçar isso, as marcas estão procurando soluções diferentes para se comunicar. Um dos caminhos é o Inbound Marketing e o Inbound PR, onde o foco é atrair as pessoas por meio de 87


INOVADORES

CONVERSANDO, A GENTE SE ENTENDE O negócio da saúde é e será cada vez mais importante, não somente no Brasil, mas em todo o mundo. A longevidade está aumentando expressivamente e as pessoas querem, além de viver mais, ter e manter boa qualidade de vida. Os planos de saúde particulares são essenciais a essa perspectiva de vida longa e saudável. Mas será necessário solucionar a judicialização da medicina (concessão judicial de tratamentos não previstos em contrato) para que continuem a prestar assistência médico-hospitalar de qualidade. Para isso, as operadoras precisam se aproximar mais de seus beneficiários. Nesse diálogo, temos de ouvir suas expectativas e ansiedades, além de ajudá-los mais no momento em que adquirem o benefício. Todos os detalhes devem ser explicados detalhadamente, o que inclui direitos e deveres de ambas as partes. 88


tenhamos que oferecer atendimento não previsto em contrato e, consequentemente, em nossos cálculos atuariais. Isso pode levar à inviabilidade do negócio, o que prejudicará diretamente um quarto da população brasileira. Além de minimizar a judicialização e de dialogar com o consumidor, ampliamos os cuidados preventivos. A atenção integral à saúde vem ganhando espaço, pois não se deve tratar uma doença isoladamente, já que o nosso organismo é composto por diversos órgãos e sistemas, e sujeito também a influências emocionais. Tal integralidade é uma das iniciativas que tomamos para responder positivamente ao envelhecimento da população. Outro ponto importante que deve ser considerado é a corresponsabilidade do beneficiário por sua saúde. Na Inglaterra há forte movimento nesse sentido, inclusive em relação à concessão de aposentadorias. Como cobrar mensalidades iguais de pessoas com cotidiano saudável e das que fumam, bebem em excesso e são sedentárias? Essa incompreensão fica bem clara nas questões judiciais contra a Central Nacional Unimed. Cerca de

Consideradas essas premissas, podemos prever

60% das liminares chegam antes mesmo do pedido

que serão bem-sucedidas apenas as operadoras

médico. A Justiça, portanto, deixa de ser uma

que conseguirem controlar a sinistralidade (custo

terceira instância – depois do SAC e da ouvidoria –

da assistência à saúde), atenderem bem os idosos e

para se tornar canal rotineiro de demandas.

fecharem os balanços anuais no azul. Mais que isso, as que estabelecerem relações saudáveis com seus

Há ainda a imagem errônea de que os planos de

públicos. Aposte no diálogo. Conversando, a gente

saúde negam tudo, o que não é verdade. Vou

se entende.

exemplificar com nosso caso. Em 2015, recebemos 16 milhões de solicitações de autorizações, em sua maioria contemplando mais de um procedimento. Somente 1,91% foi negada, por não estar no Rol de Procedimentos da agência reguladora ou nos

Dr. Mohamad AKL, CEO da Central Nacional Unimed

serviços contratados. Para os nossos 1,7 milhão de clientes autorizamos e realizamos 9,5 milhões de consultas, 24 milhões de exames e 320 mil internações. Por tudo isso, a redução da judicialização é indispensável para que a medicina suplementar tenha um futuro. Sua frequência faz com que 89


INOVADORES

AS TENDÊNCIAS PARA O MERCADO DA SAÚDE NA VISÃO DA MV O aumento da expectativa de vida, o envelhecimento populacional, os altos custos com a saúde, a necessidade de maior produtividade das equipes médicas e a exigência por atendimentos de qualidade estão transformando mais rapidamente o modelo de cuidado da saúde no mundo. Para lidar com os novos requisitos dessa realidade, muitos países estão buscando na TI o impulso para a transformação.

90

Por observarem o volume de dados acumulados diariamente em hospitais, clínicas e laboratórios e terem ciência da importância do acesso a esses dados de forma integrada para a prestação de serviços mais efetivos, executivos brasileiros do setor já percebem o que há de positivo na adoção da TI para melhor acompanhamento da saúde, aplicação de


métodos mais assertivos, busca de maior eficiência na gestão e maior embasamento para tomada de decisões. E, felizmente, essa percepção não atinge somente a alta gestão das instituições. Profissionais da área e pacientes também estão mudando seus pontos de vista. Médicos e enfermeiros reconhecem avanços em suas rotinas e na prestação de cuidados ao paciente a partir da facilidade na comunicação entre setores, da mobilidade nas atividades diárias e da possibilidade de diagnósticos mais aprimorados com o acesso a informações completas. Em relação aos pacientes, com a popularização do m-health, é notório o maior comprometimento com a saúde e o protagonismo na reunião e no compartilhamento de informações por meio de dispositivos de monitoramento de hábitos alimentares, atividades físicas, pressão sanguínea, frequência cardíaca, nível de glicose, etc. Como líder nacional em software de gestão da saúde, a MV está atenta a isso e, com o objetivo de guiar o futuro (próximo) em e-health e tornar as instituições mais digitais e seguras, as estratégias de desenvolvimento da nova geração de produtos têm como base tecnologias capazes de armazenar e cruzar informações em tempo real. Big data, wearables, cloud computing, interoperabilidade, inteligência clínica, analytics, soluções BPM mobile, Internet of Things (IoT) e user experience são as tendências que precisam ser acompanhadas com rapidez para a obtenção de vantagens competitivas

e a permanência no mercado. Contribuindo para a evolução desse novo cenário, a plataforma Global Health é um exemplo. Permitindo que tanto pessoas sadias quanto com doenças crônicas tenham facilidade no acompanhamento da saúde de forma preventiva, a plataforma unifica e armazena dados pessoais relacionados a consultas médicas, resultados de exames, além de informações provenientes de aplicativos e wearables, permitindo que as pessoas monitorem os próprios dados e disponibilizem a médicos e hospitais com privacidade e segurança. Com o Global Health, a MV reforça a importância de deixar de tratar a saúde de forma isolada para promover maior embasamento ao avanço da medicina preditiva/preventiva e, consequentemente, o aumento da expectativa de vida com qualidade.

Por Paulo Magnus, Sócio Fundador da MV Sistemas

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INOVADORES

PERSPECTIVAS PARA O MERCADO DE SAÚDE RELACIONADAS À CAPTAÇÃO DE RECURSOS E FUSÕES E AQUISIÇÕES O negócio de saúde no Brasil irá crescer, nos próximos 10 anos, via maior penetração dos planos de saúde; maior parcela da população em idade adulta, demandando esse tipo de serviço; incremento do número de hospitais e da oferta de home care para reduzir custos. Além disso, acreditamos que a gama de serviços desenhada para a baixa renda irá trazer um maior número de usuários para o sistema. Finalmente, novos tipos de exames irão incrementar o grau de utilização por parte dos usuários das classes A/B. O setor passará por um processo de consolidação, porém os diferentes segmentos que compõem esse mercado estarão em momentos diversos desse processo. 92


Os estratégicos irão se focar em ativos que possam alavancar seu posicionamento competitivo, complementar sua oferta de serviços e ampliar a cobertura geográfica do seu negócio. Já os financeiros buscam empresas com alto potencial de crescimento e gestão de qualidade; isso porque, na maioria das vezes, entram como acionistas minoritários aportando capital, networking e contam com a competência de gestão dos empresários que conhecem o negócio. Esse tipo de investidor tem um prazo para retornar o investimento dos seus cotistas (tipicamente de 5 a 7 anos) e buscam incessantemente gerar valor no seu investimento para que o preço de saída seja muito superior àquele pago na entrada, compensando o risco do investimento. Existem algumas questões importantes que os empresários do setor de saúde devem avaliar relacionadas a fusões e aquisições: - qual o momento de trazer um sócio para o negócio Hospitais irão atrair capital estrangeiro pela flexibilização legal da participação desses investidores no seu capital e pela busca de amplitude regional dos players atuais. Acreditamos que serviços relacionados à terceira idade, como hospitais de retaguarda e casas de repouso, estarão no foco dos investidores financeiros; uma vez que haverá incremento de demanda para esse tipo de serviço nos próximos anos e esse é um mercado ainda muito pulverizado e pouco penetrado. O segmento de laboratórios deverá apresentar uma nova onda de consolidação para geração de maior escala neste negócio, em nível nacional. O mercado de capitais via oferta pública de ações irá se tornar, assim que as condições econômicas forem mais favoráveis, uma via de acesso para captação de recursos dos hospitais, laboratórios com porte e governança para esse tipo de operação.

- que tipo de sócio (estratégico ou financeiro) e qual estrutura de capital faz mais sentido para o momento da empresa? - qual o tamanho da exposição do patrimônio dos sócios faz sentido à medida que o negócio cresce e aumentam a complexidade e os riscos As empresas vencedoras serão aquelas que irão combinar crescimento com capacidade em gestão e acesso a capital. Sendo que os dois primeiros itens são condições relevantes para atrair recursos para o seu negócio.

Paulo Cury, sócio-diretor da Condere, boutique de advisory focada em estratégia de negócios e M&A

Acreditamos que haverá fluxo de capital estrangeiro para o setor de saúde nos próximos anos. Dois tipos de investidores - estratégicos e financeiros - irão realizar negócios de fusões e aquisições no mercado de saúde brasileiro nos próximos anos. 93


INOVADORES

TENDÊNCIAS PARA O MERCADO DE SAÚDE Provavelmente, a maioria dos leitores já ouviu falar em “tendências para o mercado de saúde nos próximos anos”, ou seja, todos os esforços e análises que estão sendo realizados para compreender de forma clara como este mercado vem e estará caminhando nos próximos anos. É bem possível que este cenário se dê em razão das mudanças significativas

que

o

mundo

está

sofrendo,

principalmente, por impactarem e influenciarem diretamente nas necessidades de vida das pessoas. Entre 94

as

megatendências

envolvidas

neste

contexto, é possível perceber que o envelhecimento


da população mundial, o aumento de doenças

atender às necessidades da uma população que

crônicas e um consumidor cada vez mais envolvido

está crescendo, envelhecendo e cada vez mais sofre

na gestão de sua própria saúde recebem destaque.

com doenças crônicas.

Para ilustrar isso, é possível utilizar o relatório apresentado pela Organização Mundial da Saúde

A Philips atua em todas as etapas do ciclo contínuo

(OMS) em 2015, mostrando que a população

de cuidados com a saúde e está concentrada em

mundial conta com 900 milhões de idosos, o

oportunidades na área da Tecnologia em saúde.

que corresponde a 12,3% da população total e a

Nós acreditamos que esse seja um caminho

expectativa é de que em 2050 o número total de

importante para diminuir os custos e contribuir para

idosos represente 21,5% da população mundial.

a sustentabilidade de todo o sistema da saúde. Os

Além disso, o relatório mostra também que este

cuidados com a saúde precisam estar cada vez mais

aumento de doenças crônicas é responsável por

conectados, e isso já está se tornando uma realidade.

63% das mortes no mundo. Com isso, os sistemas de saúde ao redor do mundo estão enfrentando uma grande pressão, fazendo com que mais e mais pessoas exerçam um papel ativo na gestão de sua própria saúde e, assim,

Por Renato Garcia Carvalho Diretor Geral para a área de Saúde da Philips Brasil

estão reduzindo o número de pacientes em clínicas e hospitais. Também é importante destacar que os avanços das tecnologias digitais oferecem novas oportunidades e provocam uma transição entre dispositivos e serviços de softwares, impulsionando uma convergência entre mercados profissionais e a saúde do consumidor. Considerando este cenário, acreditamos que os próximos anos serão muito promissores para a nossa missão que é melhorar a vida das pessoas por meio de inovações significativas para cuidados com a saúde, buscando atender à crescente demanda que o mercado de Saúde apresenta. Para o Brasil, nossa estratégia se concentra em 95


INOVADORES

MATO ALTO

Ninguém duvida que em 10 anos veremos uma verdadeira transformação na saúde consolidando o indiscutível e rápido desenvolvimento tecnológico. Temas como a robótica, impressão 3D, computação cognitiva, monitoramento à distância dos pacientes, mobilidade, nanotecnologia, mapeamento genético, telessaúde, fármaco-genética e muitos outros avanços, estarão solidificados e comporão o cenário do cotidiano. Especificamente na seara da tecnologia da informação, bastaria ficar em mobilidade, big data e internet das coisas para já termos o nosso “ToDoList” repleto de ações necessárias, pois temas como esses impactarão todo o processo de saúde.

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Atrelado ao inquestionável avanço tecnológico, inovações disruptivas, já tão presenciadas atualmente através da proliferação de milhares de pequenas e médias empresas, farão com que se mudem os paradigmas de se fazer negócio na saúde e de se prestar assistência. Veremos grandes organizações obrigadas a mudar radicalmente suas operações em nome da sobrevivência.


Certamente haverá avanços extraordinários. Já somos surpreendidos a todo momento com benefícios anunciados pela ciência médica para a longevidade e a saúde humanas. Entretanto, curiosamente, a assistência à saúde, com sua sólida base no método científico da rigorosa experimentação, esteve em grande parte ausente do movimento de melhoria contínua. Apesar dos passos largos que tem caminhado, ainda está muitos anos atrás do amadurecimento atingido pela indústria e pelo setor financeiro. O que teremos em 10 anos, ainda serão ilhas de excelência sobre um mar de difícil navegação. A área de saúde ainda precisará fazer a lição de casa no que eu chamaria de “mato alto”, ou seja, em meio a muita inovação, a grande maioria estará tentando entender os seus custos e mergulhada em processos de melhoria. Isto não significa que não se tenha caminhado nessa vertente. Presenciamos excelentes processos de certificação que colaboram muito nessa evolução. Vemos também, de forma muito tímida ainda, a implantação de programas como a filosofia lean em um ou outro hospital. Mas ainda é muito pouco comparado ao que seria necessário. Apesar de toda ênfase no assistencial, os problemas diários, o desperdício e os processos superados interferem naquilo que provedores e trabalhadores da assistência à saúde querem sempre realizar: proporcionar a melhor assistência possível aos pacientes e manter as pessoas saudáveis. Viabilizar esse anseio tão genuíno se faz aprimorando a gestão, tão defasada quando comparada a outros setores da economia, bem como, trabalhos intensivos de aprimoramento de processos. A tecnologia como figura fundamental na mudança no relacionamento entre todos os elos da cadeia na saúde, não faz milagres. Informações clínicas e gerenciais inconsistentes, processos de trabalho

mal concebidos e mal gerenciados tornarão rapidamente investimentos inovadores em sucatas. A grande alavancagem na saúde não virá de novas tecnologias somente, mas com a mudança do modelo assistencial e de gestão, melhorando a qualidade, a segurança dos pacientes e o envolvimento dos colaboradores. Como resolver a equação: ampliação do acesso à saúde versus aumento contínuo dos custos, sem permitir que o foco deixe de ser o paciente, tornando todo o sistema mais eficiente, acessível, inclusivo e menos oneroso, continuará sendo o desafio maior. Um artigo que fala do futuro frente a uma observação como esta, dá a impressão que não há novidade alguma no discurso e de fato não há. É preciso considerar que, excetuando-se uma ínfima minoria de instituições do setor, o que a grande maioria de fato precisará para estar viva daqui a 10 anos é justamente isto. Cortar o “mato alto” para aí sim, começar a saborear o que a tecnologia tem de melhor. Vai se sobressair quem mantiver a equação acima sempre em mente, alinhando temas fundamentais como envelhecimento da população, novas tecnologias, novas técnicas de gestão, melhores práticas assistenciais e gerenciais. Certamente sucumbirá aqueles que adquirirem tecnologia somente pelo viés tecnológico sem fazer a lição de casa, sem modernizar sua gestão, sem um profundo e meticuloso olhar interno na busca do aprimoramento.

Roberto Magalhães, CEO da Convergence Saúde 97


INOVADORES

TENDENCIAS PARA O MERCADO DA SAÚDE O Mercado Brasileiro de Saúde passou por quatro fases importantes de Junho de 1998 até aqui, elas foram: A instauração da ANS que regulamentou a comercilização dos planos, uma consolidação das operadoras e medicinas de grupo, diagnósticos e hospitais, por ultimo a internacionalizacao de dois players importantes, a Amil e a Intermedica, uma com a entrada da maior operador dos EUA - United Health e a outra com a venda para o fundo de investimentos Bain Capital. Ainda assim, existem muitas oportunidades, pois mesmo diante de todos os desafios macro-economicos e politicos que sempre limitaram o crescimento das instituiçoes, hoje existe uma infinidade de pequenos e medios grupos, alem de instituicoes isoladas que venceram estas limitacoes e sao destaques em seus respectivos mercados. 98

Costumamos fazer um paralelo com nossos clientes com base em nossa experiencia internacional, que basicamente coloca o nosso mercado a uns 20 anos atras dos Americanos em termos de oportunidades de negocios e espaco para invacoes. Eles tem uma economia maior e com uma regulamentacao mais criteriosa, que fez com que o mercado amadurecesse antes. Vemos que muitos dos desafios que nossos clientes e empreendedores estao passando por aqui, ja foram vencido pelos empreendedores de la. Um bom exemplo é a dificuldade na comercialização e comparação dos serviços por falta de padronização de codigos e tabelas. O mercado nacional ainda tem muita oportunidade de desenvolvimento, principalmente na parte assistencial. Aqui o individuo fica limitado ao


Iorque e estamos proximos de anunciar negocios aqui no Brasil.

tratamento em casa ou no hospital. Os pagadores tem medo de credenciar novos serviços e procedimentos, pois terao dificuldades de repassar este custo para os seus clientes, entao o acesso ao que ha de mais moderno e eficaz fica limitado a silos de excelencia e à pessoas com maior poder acquisitivo e saem bem mais caro por falta de escala. Com o aumento da regulação que agora começa a orientar também os prestadores, a tendência e de que ocorra uma nova onda de consolidações, que surjam novos serviços e uma especialização por parte dos existentes. Ou seja, os prestadores de alta complexidade devem se dedicar cada vez mais àquilo que fazem melhor, abrindo espaço para estruturas menores e menos custosas para atender a media e baixa complexidade. No que tange o trabalho da MTS nós vemos uma grande oportunidade, pois todos os Socios e o time da MTS dedicou toda sua vida profissinal ao mercado de saúde.Todos nós trabalhamos em empresas de saude ou fizemos M&A especificamente com empresas de saude. Isso é um grande diferencial quando nos comparamos com outros bancos e advisors que dependem de uma agenda mista e nao podem dedicar-se exclusivamente a um mercado. Estamos vendo uma grande aceitação do nosso trabalho que vai desde pequenos empreendedores ate grandes grupos, por isso, imaginamos que não somente na industria de saúde, mas em geral as boutique de investimento com foco terão grande destaque no futuro. Nos EUA hoje elas representam 2/3 de todas as transacoes de fusao e acquisicao. A MTS no ano passado fez 30 operacoes em sua plataforma de Nova

Acreditamos em iniciativas locais com grande similaridade aos servicos que foram responsaveis por uma transformação no mercado Americano. Uma delas na area de Post Acute ou “pós agudo” na tradução literal, que são estruturas voltadas para a reabilitação de pacientes clinicos, cirurgicos, traumaticos e cônicos. Estas estruturas são uma excelente opção para os pagadores, pois oferecem um atendimento especializado com custo bem menor que os hospitais. Outra é um conceito de atendimento cirurgico ambulatorial para procedimentos de media complexidade que antes ficavam restrito aos hospitais. Temos convicção que o alinhamento entre prestador e pagador e fundamental para o desenvolvimento do mercado e, por isso, soluções que gerem beneficios para os pagadores terão grande aderencia. Por fim, o momento é muito bom para a entrada de investidores e grandes grupos estratégicos por conta da desvalorização cambial e, por isso, uma boa hora para quem gostaria de desinvestir. lembrando que mesmo com o momento politico desfavoravel, o perfil de quem investe na saude e diferenciado e sempre com visao de longo prazo. Acreditamos muito na industria de diagnosticos e de hospitais como sendo grandes catalizadores destes recursos.

Roberto Schahin e Renato Tilkian, Sócios na MTS Partners

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INOVADORES

MINHA AVÓ JÁ DIZIA: É MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR Quando fui convidado a escrever sobre como enxergo o negócio da saúde para os próximos anos, logo me veio à cabeça o ditado que minha avó sempre dizia: “É melhor prevenir do que remediar”. O fato é que nos últimos anos investimos muito em tecnologia e em equipamentos para tornar o diagnóstico cada vez mais precoce. Redesenhamos técnicas cirúrgicas, muitas vezes com o auxílio de robôs, para que os procedimentos sejam cada vez mais precisos e seguros. Trouxemos novos padrões de atendimento e rigorosos critérios de qualidade para garantir uma assistência de excelência ao paciente. Certamente um ganho imensurável para a busca incansável pela cura e por oferecer o melhor em assistência hospitalar. Mas será que estamos no mesmo ritmo para com a saúde e qualidade de vida?

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Seria óbvio responder que sim, estamos contribuindo para a longevidade e para uma melhor expectativa de vida, mas não seria importante também investir com o mesmo empenho na prevenção?


Prevenir ou remediar: qual melhor custo x benefício? Acredito que o melhor é que essa balança esteja em equilíbrio. Na área hospitalar sabemos o quanto é importante gerenciar a sinistralidade e como é cara essa “saúde”. Temos de ter a mais completa infraestrutura para o acolhimento de nosso paciente. Seja para diagnóstico, internação ou no pós-alta, a certeza de que estamos prontos para agir. Teremos recursos de TI que tornarão a telemedicina cada vez mais presente em nossas vidas; mas isso não basta. É preciso ir além, trazer como nosso DNA o cuidar no seu sentido mais amplo, assumindo a responsabilidade e o compromisso com a promoção da saúde. É assim que enxergo o papel das instituições de saúde. Por isso o tema “Promoção da Saúde” faz parte de nosso planejamento estratégico e foi implantado em ações em prol da qualidade de vida, da prevenção de doenças, além do apoio às práticas de esporte. Baseado nos indicadores epidemiológicos de nossos colaboradores, implantamos projetos como o “Medida Saudável”, que tem foco no tratamento da obesidade, na prevenção de doenças cardiovasculares e diabetes. Cuidados com a hipertensão e o incentivo ao antitabagismo também são políticas presentes na Organização. Outros projetos como o “Mexa-Se”, que oferece aos funcionários atividades ligadas à dança, caminhada e corrida, também superaram as expectativas. Hoje, já temos vários colaboradores atletas, disputando corridas e pequenas maratonas – incluindo aqui seus familiares e filhos, que os acompanham em provas. Afinal, é de dentro para fora que se começa a mudança!

Embarcamos na maior aventura de Ricardo Arap, grande ciclista brasileiro que, com seus mais de 40 anos, desafiou seus limites e cruzou cerca de 3 mil milhas no Race Across America, atravessando os EUA de costa a costa. Temos a honra de compartilhar as grandes histórias de Emerson Fittipaldi, bicampeão mundial de Fórmula 1, que além de ser um gênio nas pistas é também um exemplo de saúde. Hoje compartilhamos os “Causos Olímpicos” em nossas redes sociais, uma homenagem a mais um grande parceiro, o medalhista de ouro nos jogos olímpicos de Barcelona (1992), Marcelo Negrão. Ele não é apenas um grande atleta, mas um homem extremamente solidário, que adora dedicar seu tempo ao trabalho voluntário em nossa ala pediátrica. Assim, pouco a pouco, essa balança prevenção x cuidado começa a fazer toda a diferença e está cada dia mais presente em nosso dia a dia! Que estejamos cada vez mais voltados ao “antes” e que os avanços continuem. Ah, vida, que seja sempre plena e saudável! À minha avó, esteja onde estiver, apenas mais uma constatação: você tinha toda razão!

Rodrigo Lopes, Diretor Executivo Hospitais Bandeirantes e Leforte

Apoiamos, há mais de três anos, uma consultoria esportiva focada em ciclismo e corrida. Levamos mais de trezentos ciclistas a um treino no autódromo de Interlagos quando assumimos a retaguarda médico-hospitalar da Le Mans – 6 Horas de São Paulo em 2014. 101


INOVADORES

O DIFERENCIAL COMPETITIVO DO MUNDO DOS NEGÓCIOS A Rosetta Stone Inc. dedica-se, desde 1992, a transformar pessoas através do ensino online de idiomas, proporcionando um aprendizado dinâmico e instintivo. Pioneira no uso de software interativo para acelerar a aprendizagem de línguas, hoje é amplamente reconhecida como líder no desenvolvimento de programas eficazes, sendo utilizada por mais de 12.000 mil empresas e corporações, 9.000 empresas públicas e organizações não-governamentais e mais de 22.000 instituições de ensino em todo o mundo. Com opção de mais de 30 idiomas, a Rosetta iniciou suas operações no Brasil em 2011, representada pela RSBR, trazendo para o mercado nacional a expertise de mais de 20 anos dedicados ao ensino online de idiomas. Observando o crescimento do trânsito internacional de profissionais e buscando fornecer 102

não só o domínio de uma nova língua, mas também o desenvolvimento integral de habilidades, a Rosetta desenvolve cursos específicos para diversas áreas do conhecimento, que preparam profissionais em busca de diferenciação no mercado de trabalho. O mercado e as empresas da área da saúde também necessitam aprimorar-se para receber os milhares de graduados que ingressam no mercado anualmente. As corporações que conseguirem aliar investimento em tecnologia, aprimoramento de gestão e busca pela inovação, certamente estarão preparadas para os desafios que o campo das ciências biológicas enfrentará nos próximos anos.


Com uma visão ampla de mercado e ciente das necessidades de empresas e profissionais, a Rosetta Stone desenvolveu o curso English For The Health Sciences Industry, que oferece aos profissionais ligados à área da saúde um programa online de línguas voltado para o seu campo de atuação, desenvolvendo o conhecimento não apenas científico, mas também todas as habilidades necessárias para a comunicação em um outro país. O método de ensino desenvolve habilidades de forma natural e sem o uso de regras ou lista de vocábulos a serem decorados.

Preparando empresas e profissionais, a Rosetta Stone, através da RSBR, dá suporte para que haja segurança na expansão de negócios através da capacitação e percepção de novas culturas, não apenas através da língua, mas também do diferencial competitivo que pluralidade de conhecimentos proporciona. Esse diferencial faz com que empresas de ensino online com a cobertura de um único idioma e sem o foco que os profissionais da área da saúde necessitam no treinamento específico, não sobrevivam à competitividade do mercado ou busquem associar-se a outras empresas com portifólio mais completo.

O processo de aprendizagem começa conduzindo o profissional às questões básicas, tratando aspectos relacionados à estrutura e o funcionamento do corpo, desde as células até os sistemas e estruturas que o compõe, garantindo que haja entendimento completo de todos os termos básicos relacionados à atuação na área de health sciences. O curso aborda também questões voltadas à multiplicidade de conhecimentos, garantindo desenvoltura em situações como primeiro dia de trabalho, entrevista de emprego, a maneira correta de redigir os mais variados tipos de cartas, negociação de salários e leis trabalhistas; fornece vocábulos e noções de comunicação e marketing capacitando o profissional a planejar seminários, realizar pesquisas e formular estratégias de marketing através de estudos de caso; abrange a área de vendas, ensinando o modo correto de receber clientes, prospectar novos parceiros, além de desenvolver habilidades de negociação, persuasão e relacionamento.

Werner Macedo, CEO da Rosetta Stone Brasil 103


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UM CENÁRIO DE MUITOS DESAFIOS

O segmento da saúde no Brasil tende a crescer impulsionado pelo envelhecimento da população, aumento de doenças crônicas (causadas pelo estilo de vida urbano) e pela preocupação das gerações mais jovens com prevenção. O Brasil possui hoje um dos maiores sistemas privados de saúde do mundo. Do total de R$ 500 bilhões gastos com saúde em 2013, cerca de 50% foi privado. Esse potencial faz do segmento de saúde no Brasil um segmento cada vez mais atrativo para investidores. Os investimentos em saúde nos próximos 10 anos terão como objetivo principal aumentar a infraestrutura disponível, aumentando também o acesso para a população, que a cada dia valoriza mais a saúde e busca mais qualidade na prestação 104

desses serviços. Por outro lado, a evolução tecnológica, que traz mais precisão e qualidade ao atendimento vem acompanhada de forte impacto nos custos da prestação de serviço. É um cenário de muitos desafios, com demanda crescente, aumento de sinistralidade, pressão por redução de custos e introdução de novas (e caras) tecnologias. A eficiência da gestão dos players deste mercado será cada vez mais testada. O SalomãoZoppi Diagnósticos trabalha com um direcionamento estratégico muito forte, desenhado num plano diretor de 5 anos, onde buscamos antever cenários e planejar onde e como queremos posicionar a instituição perante o mercado. Este plano prevê um crescimento importante da


Instituição, o aumento da cobertura geográfica e a inclusão de exames de alta complexidade, mas com muita atenção para que os pilares da empresa sejam preservados: Diagnóstico Correto e Acolhimento ao paciente. Esse é o nosso desafio: crescer mantendo a qualidade. Junto com o crescimento da Instituição vem o crescimento das equipes, da estrutura física e de suporte. Para que o diagnóstico seja preciso e o paciente se sinta acolhido, a organização precisa crescer em sincronia, garantindo no mínimo o que oferecemos hoje e nos faz ser reconhecidos no meio médico.

graças a intensificação da atividade de private equity. A busca por eficiência operacional norteará as empresas de saúde. Isso já está resultando em uma consolidação no mercado, em busca de ganhos de escala e diminuição dos custos fixos. Com isso, o segmento tende a ficar mais competitivo e os pacientes devem se beneficiar com o crescimento da infraestrutura e de melhoria de recursos. No médio prazo, as instituições que mantiverem o foco e encontrarem equilíbrio em suas gestões certamente permanecerão no mercado e terão a oportunidade de crescer e se consolidar.

Esse posicionamento e os valores têm sido fortemente reiterados dentro da instituição, de modo que o crescimento de forma alguma se apresente como um desvio de propósito da empresa. Pelo tamanho da saúde suplementar no Brasil hoje e pela tendência de crescimento apontada, principalmente pelo envelhecimento da população, é natural que outros players queiram entrar neste mercado. Desde janeiro de 2015 com a alteração da lei que permite investimento de capital estrangeiro em assistência à saúde, inclusive com participação e controle direto, a tendência é que os grandes players mundiais entrem no segmento. Já estamos vendo um grande número de fusões e aquisições,

Telma De Mônaco, é Superintendente de Marketing no SalomãoZoppi Diagnósticos Health Care. 105


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DESAFIOS DA SAÚDE O atual momento é desafiador para a indústria de saúde, mas isso não significa falta de oportunidades. O aumento da população com 60 anos ou mais, a maior adesão aos planos de saúde e o recente avanço da classe média são fatores que exigem cada vez mais eficiência do setor. Outro exemplo é o crescimento das doenças crônicas, que, se por um lado preocupa a população, por outro exige que as empresas estejam preparadas para prover resultados rápidos. Além disso, a população busca alternativas ao serviço público, o que torna atrativos nichos que antes não eram considerados relevantes para o setor. Os clientes cobram soluções rápidas e eficientes, querem diagnósticos precisos e preventivos. Para acompanhar essa demanda, as empresas terão que se preparar, o que exige investimentos tanto em modernização quanto na ampliação dos pontos de atendimentos disponíveis. Neste segmento competitivo, terá mais chances de sobreviver a empresa que acompanhar as transformações da sociedade. A tecnologia e a velocidade da informação dão mais poder ao consumidor e permitem uma tomada de decisão mais 106

Newton Ferrer - Superintendente de Parcerias - Santander Financiamentos

rápida. Num simples clique, o cliente pode decidir entre manter ou trocar a atual oferta de serviço. Por isso, a empresa que não tiverem medo de ousar e se propuser a sair do convencional terá mais chances de continuar no mercado. Num primeiro momento, esse movimento exigirá investimentos, o que pode levar muitas companhias a decidirem por adiar os planos, principalmente em razão do atual momento macroeconômico recessivo. No entanto, os recursos aplicados na melhora da performance da empresa são dissolvidos à medida que a empresa se torna mais eficiente. A companhia que encarar o desafio e sair na frente nesta disputa tem a chance de se tornar benchmarket para o setor, com custos menores para os clientes. Mas é fundamental que o investimento seja feito no momento certo e com as melhores condições. Para isso, o Santander Financiamentos tem um time engajado, com grande experiência no setor de saúde e focado em trazer soluções na medida exata para cada cliente. Estamos preparados para inovar e facilitar a compra de equipamentos para área de saúde. Mas do que uma financeira, somos capazes de atuar como parceiros de negócios.


Raymundo Peixoto, Vice Presidente de Soluções Empresariais da Dell para América Latina

INVESTIMENTOS EM TI: SETOR DE SAÚDE SEGUE NA CONTRAMÃO DO MERCADO As tendências de mobilidade, uso intensivo de aplicações e serviços na nuvem, digitalização de informações e análises de grandes quantidades de dados têm impactado diretamente as empresas do setor de saúde. Como reflexo, existe uma tendência de crescimento acelerado de investimentos em novas tecnologias e em projetos voltados a esse segmento. As organizações de saúde usam cada vez mais aTI para melhorar a eficiência dos negócios e, principalmente, oferecer soluções direcionadas e orientadas por pacientes e usuários. Isso porque, as empresas do setor têm acordado para o fato de que só ouvindo, entendendo e antecipando as demandas dos clientes serão capazes de sobreviver em longo prazo. O que passa por investir em inovações e melhorias no ambiente tecnológico. Não à toa, um recente estudo global realizado pela consultoria TNS, a pedido da Dell, identificou que as empresas de saúde têm prioridades de investimentos deTI bastante diferentes dos demais setores. Enquanto que a maioria (55%) dos executivos do setor de saúde planeja investir em tecnologias que ajudem a trazem mais eficiência ao negócio, seguido por melhor segurança (53%) e aumento da produtividade dos profissionais (50%), os entrevistados de outras indústrias enxergam a redução de custos como prioridade de investimentos em TI.

A redução de custos aparece como quinta prioridade em termos de investimentos de TI, citada por 44% dos executivos de saúde, atrás de melhorias nos processos operacionais de negócio (46%). Ou seja, comprova que esse mercado tende a enxergar, cada vez mais, a tecnologia como um fator estratégico para o negócio e não apenas como uma forma de reduzir custos. Na prática, a visão estratégica de TI por parte dos líderes do setor de saúde tende a acelerar a adoção de novas tecnologias, como Big Data por parte dessas organizações. Enquanto a adoção de uma estratégia para análise de grandes volumes de dados é um grande desafio para empresas de qualquer segmento, na saúde o tópico é especialmente desafiador para o sucesso das companhias do setor em médio e longo prazos. Só a partir do uso eficiente de Big Data, as empresas conseguirão antecipar demandas e tendências de usuários e pacientes, oferecendo um atendimento diferenciado, que impacte em fidelização dos clientes, redução de custos e aumento da produtividade. Na prática, quem quiser tirar proveito da análise de avalanches de dados estruturados e não estruturados deve começar agora os projetos, com iniciativas pontuais. Isso exige que as empresas de saúde estabeleçam parcerias consultivas e implementem uma plataforma modular, que pode facilitar a criação de uma estratégia de análise a longo prazo consistente e fácil de gerenciar. As empresas de saúde vivem hoje um momento de inflexão, no qual as tecnologias impactam diretamente os modelos de negócio e, quando bem usadas, podem trazer uma enorme vantagem competitiva para o setor. Mais do que isso, caso as expectativas dos gestores de TI das companhias de saúde listados no estudo da TNS se concretizem, esse mercado deve liderar importantes inovações e abrir caminhos para outras indústrias.

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ANS - nÂş 33967-9

Quando um nĂŁo pode, dois se divertem do mesmo jeito.

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Grandes relações são as que marcam a nossa vida. E, para a Central Nacional Unimed, isso significa estar sempre ao seu lado, cuidando de você para que possa realizar todos os seus planos. #ESSEÉOPLANO

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ENCONTRO DE LÍDERES

ENCONTRO DE LÍDERES DO SETOR DA SAÚDE No último mês, reunimos cerca de 40 executivos de algumas das maiores instituições de saúde do Brasil para um momento único de troca de experiências e conhecimentos. Realizado no prestigiado e tradicional Edifício do Banco Safra, o encontro contou com a participação especial de seu Economista Chefe, Carlos Kawall. Confira a seguir os registros dos melhores momentos!

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Acima: Leandro Palmieri (Anatomy), Fernando Planca e Otavio Silva (Printer Press), Marcio Assis (Hospital Ana Costa), Dr. Yeh Lun Chun, Marcelo Nucci (Healthers), Anderson Criativo (Anatomy) Esquerda: Dr. Pedro Palocci (Grupo São Lucas), Dr. George Schahin (Hospital Santa Paula), Leo Ota (Hospital Santa Cruz), Alberto Leite (Healthers)

Esquerda: Newton Takashima (Hospital e Maternidade Cristóvão da Gama). Direita: Dr. Pedro Palocci (Grupo São Lucas), Dr. George Schahin (Hospital Santa Paula), André Lourenço Corrocher (Unidas) 111


ENCONTRO DE LÍDERES

Abaixo: Palestra Carlos Kawall, Banco Safra

Abaixo: Apresentação Alberto Leite, Healthers

Abaixo: Carlos Kawall, Banco Safra

Monica e Roberta (Banco Safra)

Mario Oliveira (Easy Care), Alberto Leite (Healthers), Dr. Mohamad Akl (CNU)

Dr. Mohamad (CNU), Dr. Yeh Lun Chun, Fernando Planca e Otávio Silva (Printer Press) Flávio Benatti e Eduardo Simonelli (Resolv), Paulo Bragança (Amil), Dr. Pedro Palocci (Grupo São Lucas), Dr. George Schahin (Hospital Santa Paula). 112


Acima, esquerda: Marcelo Ayoub (Clinicas Dr. Alegria), Felipe e Wagner Maricondi (Wama Diagnóstica), Carlos Bressiani (BPSP), Daniela Ogias (Samplex) Acima, direita: Mario Sergio Moreno (Unimed Sorocaba), Guilherme Montoro (Healthers) Hedilson Souza (Banco Safra), Jocelmo Mews (Pró-Saúde), Marcelo Abrahão (Clinica Fares) Abaixo, esquerda: Maria Lúcia Capelo (Hospital Edmundo Vasconcelos), Edalmo Araujo Jr. e Rogerio Quintela (Hospital São Camilo), André Lourenço Corrocher (Unidas), André Giordano (Fundação Zerbini), Luiz Tizatto (Unitcare) Abaixo, direita: Adiel Fares (Clinica Fares), Leo Ota e Renato Ishikawa (Hospital Santa Cruz), Newton Takashima (Hospital e Maternidade Cristóvão da Gama), Rodrigo Lopes (Hospital Bandeirantes)

Acima: Adiel Fares e Marcelo Abrahão (Clinica Fares), Daniela Ogias (Samplex), Alberto Leite (Healthers), Roberta (Banco Safra) Esquerda: Mario Oliveira (Easy Care), Jéssica Miranda e Danusa Vanuchi (Healthers)

Esquerda: Marcio Assis (Hospital Ana Costa), Alberto Coutinho, Alberto Leite (Healthers), Albertino Coultinho.

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LIFESTYLE

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QUALIDADE DE VIDA COM ESPORTES

Alimentação equilibrada, prática regular de esportes e manutenção de uma qualidade de vida satisfatória: essa é a base de uma fórmula eficiente para prevenir doenças e manter o bem-estar físico e mental. “Tratase de tendência mundial que os hospitais migrem gradativamente para a divulgação institucional do conceito de ‘centros de tratamento’, que têm por objetivo não só a atuação terapêutica, mas a promoção da qualidade de vida”, afirma Rodrigo Lopes, diretor executivo dos hospitais Bandeirantes e Leforte.

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LIFESTYLE

Para adaptar-se a esse novo cenário, que pretende tornar a ida dos pacientes aos hospitais e consultórios médicos mais rotineira e menos emergencial, o Leforte resolveu apostar na prática esportiva. “Estamos focados em estimular a disseminação do ciclismo. Queremos oferecer assistência médica-hospitalar para quem pratica ou quer começar a praticar o esporte”, afirma o Dr. Marcelo Medeiros, Diretor de Relacionamento Institucional do Hospital Leforte. Em sua primeira incursão no universo da bike, em 2014, o Hospital promoveu o Leforte Cycling Day, um supertreino que reuniu mais de 200 pessoas no autódromo de Interlagos. A ação também marcou o início da parceria do Hospital com a Race Consultoria Esportiva, que tem o ciclista Ricardo Arap como um dos sócios-fundadores. Desde então,

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esporte”, conta o Dr. Marcelo Medeiros. Atualmente, a equipe do Leforte conta com Alexandre Tingas, Campeão Brasileiro de Ciclismo de Estrada e de Contrarrelógio, e com Fabio Tenório, Campeão Paulista de Ciclismo e terceiro colocado no L’Étape Brasil 2015. Em abril, o anúncio do Leforte como hospital oficial da segunda edição do L’Étape Brasil by Le Tour de France, maior evento ciclístico amador da América Latina, consolidou o caráter estratégico do esporte para a Instituição. “Como ciclista e parte do time Leforte fiquei muito feliz com a parceria. Estamos preparando uma grande estrutura para a prova, que envolverá cerca de 70 profissionais e contará com centro médico, posto avançado, helicóptero UTI e mais de 10 ambulâncias. A coordenação será feita pelo Dr. Hassan Neto, responsável médico pelo Pronto-Socorro do Hospital. Sua expertise em eventos de grande porte, como a F-1, será fundamental para nosso trabalho”, conta Rodrigo Lopes. o Leforte participa anualmente do Giro da Race, competindo e prestando cuidados médicos para os atletas. “Nosso trabalho com a Race é fundamental para tornar o nome do Leforte mais conhecido entre os que fazem uso esportivo da bicicleta”, diz o Dr. Marcelo Medeiros. Em 2015, como um dos patrocinadores de Ricardo Arap, o Leforte representou o Brasil no Race Across America, competição que desafia atletas do mundo todo a cruzar os Estados Unidos de bike. “Ao atuar como apoiador da prática de esportes o Hospital Leforte não só se alinha aos grandes centros de tratamento que já seguem essa premissa, mas se diferencia em relação aos seus congêneres, tendo em vista o ineditismo deste tipo de ação no Brasil”, explica Rodrigo Lopes. Neste ano, o investimento no ciclismo se tornou central para o Leforte. Para centralizar todas as ações voltadas à modalidade, foi criado o Leforte Cycling Team. “Com a divulgação de dicas de alimentação e preparação física e patrocínio a eventos e atletas queremos estreitar ainda mais o contato com esse

Além de fazer a retaguarda médico-hospitalar do L’Étape Brasil, que acontecerá entre os dias 16 e 18 de setembro em Cunha, interior de São Paulo, o Leforte lançará planos de check-up desenvolvidos para os participantes da prova. “Queremos ser reconhecidos, cada vez mais, como o hospital do ciclista”, diz Lopes. O Dr. Marcelo Medeiros vê no apoio ao ciclismo uma oportunidade de expandir os negócios e de reafirmar a missão do Hospital. “Nossa primeira ação com o L’Étape Brasil, batizada de Treino Secreto, foi um sucesso. O vídeo do Treino já teve mais de 55 mil visualizações e recebeu centenas de comentários. Por meio do ciclismo estamos fortalecendo nosso compromisso com o aumento da qualidade de vida das pessoas e também percebendo que existem muitas possibilidades a serem trabalhadas nesse nicho”. Para acompanhar as novidades do Leforte Cycling Team nas redes sociais, acesse facebook.com/ LeforteCycling ou instagram.com/LeforteCycling. 117


ARTIGO

O FUTURO PROMETE NA SAÚDE S U P L E M E N TA R DO BRASIL Fabio Sinisgalli é CEO na Sinisgalli Consultoria

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Ao olharmos para trás vimos o setor de Saúde Suplementar no Brasil sobrevivendo a décadas pela falta de incentivos e escassos financiamentos para o crescimento e desenvolvimento de suas empresas. A falta de recursos associada à gestão pouco profissional dos hospitais brasileiros trouxe como consequências situações muito complexas de empresas endividadas, seja no âmbito fiscal, ou com financiamentos insuportáveis, que acabaram atolando os Hospitais em dívidas crescentes, além de criar ambientes com contingências nocivas para a saúde econômica e financeira das Organizações de Saúde. Com a liberação da entrada do capital estrangeiro, através da lei 13.097/2015 publicada em janeiro de 2015, temos a expectativa de um novo cenário pela frente. Teremos investidores financeiros e estratégicos internacionais interessados no Mercado Hospitalar Brasileiro, primeiramente por ter um enorme potencial e demandas muito grandes para a assistência médica hospitalar, em seguida vemos uma excelente oportunidade para os investidores, em função da desvalorização da moeda e por encontrarem empresas necessitando urgentemente de injeção de recursos financeiros para saneamento e desenvolvimento de suas atividades. Contudo, a maioria dos Hospitais Brasileiros estão longe de serem considerados como “plataformas” para os Fundos de Private Equity, que necessitam do Know How de nossas Instituições, além da Gestão Profissional dos administradores do setor. Por isso, estamos diante de um grande impasse: capital estrangeiro à disposição, porém sem ativos relevantes, que possam começar a desenrolar o processo de consolidação dos Hospitais Brasileiros.

significativos, que serão responsáveis pela ótima qualidade dos serviços médicos. A população brasileira, assim como os agentes do setor, ganharão muito com os resultados obtidos da abertura do Mercado. Porém, será preciso “reconstruir” as Instituições de saúde, sejam em suas estruturas físicas, ou simplesmente reorganizações de ordens, societárias, governanças e econômicas. Assim, os investigadores financeiros, ou estratégicos, internacionais, que acreditarem e tiverem paciência para essa “reconstrução” do setor, colherão frutos imensuráveis no futuro e contribuirão de forma substancial para o desenvolvimento da área de Saúde Suplementar Brasileira.

“ P O R I S S O , E S TA M O S D I A N T E D E U M G R A N D E I M PA S S E : C A P I TA L E S T R A N G E I R O À DISPOSIÇÃO, PORÉM S E M AT I V O S R E L E V A N T E S , QUE POSSAM COMEÇAR A DESENROLAR O PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DOS H O S P I TA I S B R A S I L E I R O S . ”

O futuro promete serviços de alta qualidade, com tecnologias avançadas e profissionais muito bem preparados na prestação de serviços médicos hospitalares. Teremos poucas redes de hospitais com processos padronizados e investimentos

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ARTIGO

MUDANÇAS POR NECESSIDADE

Por Luiz Bella, Diretor da Visual Software

Prezados leitores, no início do convite, a mim feito, pela Revista Healthers, para escrever um artigo com no máximo 3.000 caracteres, já achei difícil, imaginem quando terminei de ler o tema do artigo, na verdade vários temas! Fiquei estarrecido, compartilho-os abaixo: Como a Visual Software têm se posicionado, partindo das seguintes questões: A. Como você enxerga o negócio da saúde nos próximos 10 anos? B. Por quais mudanças você acredita que seu negócio passará? C. Que tipo de empresas poderão entrar e/ou sair do mercado durante este processo? Predizer o futuro é no mínimo uma temeridade, um grande desafio, e o futurólogo, literalmente está cercado por muitas armadilhas oriundas de uma conjuntura mais do que complexa. Previsões, não raro, derivam para divagações tendenciosas, segundo premissas de um ou de outro ponto de vista. Com formação de engenheiro, empresário de TI e consultor em modelagem de softwares empresariais dedicados a processos operacionais e de gestão, pelos últimos vinte anos, não farei projeções, mas sim constatações. Portanto ser o mais analítico e cartesiano possível, livre de qualquer tipo de inercia imobilizadora, nos garante afirmar:

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Conhecer o “passado” com suas envoltórias e problemáticas, é fundamental, pois são as necessidades passadas (causas das mudanças), responsáveis pelo que fazemos hoje;

Conhecer o “hoje” com suas envoltórias e problemáticas, é mais fundamental ainda, pois são as necessidades atuais (novas causas de mudanças), responsáveis pelo que faremos no amanhã; Portanto, o futuro não existe por desejo, ou por conjecturas, ele se constrói a partir de causas, que são as necessidades crescentes, quaisquer que sejam, sempre vindas de um passado, seja distante e persistente ou de passado recente de 1 segundo atrás, processo incessante, imposto pela ordem da vida, chamado de “evolução”; Obviamente, quanto mais avançada e complexa é uma sociedade, tanto mais necessidades de evolução ela exige, observando o princípio básico de sobrevivência, para o meio dinâmico em que está inserida; Historicamente, mudanças bruscas globais, estão ligadas a grandes rupturas do conhecido, sejam em desastres naturais ou convulsões político-sociais, o fato em si, mais está para catástrofe do que para uma solução, que inexoravelmente ainda terá de ser construída. Deixemos a ótica genérica, e vamos analisar uma visão mais próxima de nossa realidade, especificamente uma célula empresarial, compondo um grupo econômico, ou uma empresa individual, ou


uma associação empresarial, e facilmente vemos as dificuldades e necessidades diárias, para perseverar na sobrevivência empresarial (manutenção do negócio e na obtenção de lucros continuados), cada qual, em seu ramo de atividade, onde mais cedo ou mais tarde todos cederão a implementação de mudanças, necessárias à sua sobrevivência. Como empresário, devo entender o “negócio da saúde”, como sendo: o resultado contábil auferido nos exercícios, e que exibe sem melindres ou retoques a Grupo de custo

Grupo A: Folha Pagamento

Grupo B: Indiretos Financeiros

% sobre o custo

Convergindo agora para a setor privado de hospitais, vamos nos ater apenas na parcela de Custos, como base simplificada de análise, e teremos aproximadamente a seguinte relação de custos, e facilmente chegaremos à conclusão de onde devemos atuar e promover mudanças:

Foco no negócio

Observação

35% a 40%

Terceirizações direcionadas, diminui Grupo A, implica em aumento de custos para o Grupo C, ou melhoria e automação de processos humanos.

Regras estabelecidas CLT, análise setorial de serviços internos passíveis de terceirização, ou melhoria de processos, gera custos adicionais de controle de resultados e controle da qualidade esperada.

10% a 15%

Análise crítica de necessidades e renegociações. Análises de Fluxo de caixa, endividamento, financiamento, contas a receber atrelado ao modelo comercial atual.

Custos dizem respeito a estrutura física, e financeira atual, grande esforço e controle, baixa capacidade de economias.

45% a 55%

Gestão, operação e auditorias padronizadas, em tempo real, com foco em negociação para todos os processos aquisitivos, e contratos de serviços.

Mat./Med. e Opme, parcela geradora de Receita adicionada ao assistencial. Ativos e Serviços, são historicamente os custos com maior gordura no preço.

Grupo C: Ativos, Materiais Hospitalares, Medicamentos, Serviçose Opme

A virada do resultado na contabilidade, só se faz com a parcela de Receita vinda do repasse de valores ponderados sobre a utilização de medicamentos, materiais e opme.

minha capacidade de sobreviver bem ou mal dentro do setor, e cuja eficiência e excelência na gestão da empresa é traduzida meramente pelo resultado matemático da complexa equação “Receita menos Custos”. Portanto, entender como são produzidas as Receitas e seus Custos vinculados, fragmentando as atividades empresariais como se fossem unidades de negócio, garantem identificar os pontos fortes e fracos de nossa célula empresarial. Como exemplo, vamos analisar brevemente o setor hospitalar, por ser um elo empresarial essencial, e frágil no atual modelo global da saúde. O observatório ANHAP, deixa claro, que a parcela de Receita e Custos assistenciais para seus associados, que são os maiores hospitais particulares do pais, capazes de colocar o peso da “grife” nas cobranças de seus serviços assistenciais, são simplesmente deficitários (Custos maiores que as Receitas). Imaginemos agora a situação dos demais 6.800 hospitais no pais.

Respondendo à segunda pergunta, a Visual Software criou sua política de vanguarda em TI, que garante seu aprimoramento continuo em conhecimentos e mecanismos sistêmicos, embasados em consultoria efetiva, desenvolvida ao lado de seus clientes, para prover solução de uso prático no dia a dia, dedicada a atuar na parcela de custos do GRUPO C, garantindo gestão, operação padronizada, auditorias automáticas a cada processo negocial, garantindo lisura e governança corporativa. Por fim, acreditamos que a relação comercial entre empresas, doravante, tende a ser mais qualitativa, ou seja, queremos mais um parceiro eficiente, confiável e justo, do que meramente um mercador com uma tabela de preços. Empresas que possuam foco na verdadeira parceria comercial com seus clientes, no sentido de buscar a satisfação individual, prover qualidade e preço justo, para seus os seus serviços e ou produtos, será uma empresa com “foro privilegiado”, no bom uso da expressão. 121


RETRATOS

Acompanhe este e outros conteĂşdos em www.healthers.com.br

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2016SETEMBRO DE 2014


Fotógrafo há mais de 20 anos, André François

fundou,

em

1995,

a

ImageMagica, uma organização que menta de transformação social dentro de escolas e hospitais de todo o Brasil.

Enfermaria pediátrica – Hospital Regional da Asa Norte, Brasília, DF Esta imagem faz parte do livro Cuidar – Um documentário sobre a saúde humanizada no Brasil, de André François, fotógrafo e fundador da ImageMagica, uma organização dentro de escolas e hospitais. Conheça esse e outros trabalhos da ImageMagica em: www.imagemagica.org Equipamento de ultrassom que nunca havia chegado em comunidades indígenas. O médico, Dr. Oscar, viajou com esse aparelho por dezenas de comunidades indígenas na região da Cabeça do Cachorro, extremo norte do país. SETEMBRO DE 2014 2016

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INSIGHT

C L O U D AT L A S Italo Calvino (1923-1985), considerado um dos melhores escritores do século XX, escreveu o notável “Se um viajante numa noite de inverno”, livro que lhe rendeu o Prêmio Jabuti em 1993, sim, após sua morte. Calvino não sabia que sua obra influenciaria de forma grandiosa o cineasta David Mitchel, a ponto de este em 2004 publicar o também notável “Cloud Atlas”, livro que deu origem a um filme independente de orçamento também notável de U$ 102 milhões, até então o maior orçamento para um filme independente que já se conheceu. Mitchel passou este para os Irmãos Watchowsky (Matrix) e Tom Tykwer (Corra Lola Corra), também num formato notável, dois diretores fizeram este filme simultaneamente: um começou pelo passado, outro pelo futuro. Encontraram-se no presente. Importante contar tudo isso pois o filme fala sobre as inúmeras conexões que temos na vida e que nos fazem mudar as coisas. Como ele mesmo fala: “Nossas vidas e escolhas sugerem uma nova direção possível. Estamos vinculados a outras pessoas, passadas e presentes, e de cada crime e de cada ato generoso nasce nosso futuro.” Tudo está conectado. Esta é a mensagem principal dessa obra, que de forma coerentemente irônica, tem inúmeras conexões desde que foi originalmente criada. Nossas vidas são assim. Pessoas que passaram um dia por nós nos influenciaram e nos influenciam. O mesmo fazemos com outros. Imagine agora que nossa honestidade, nosso caráter nos negócios, na vida, podem fazer por outras pessoas no futuro. Como podemos transformar tudo isso num lindo e sustentável mundo? 124

Pensemos por um segundo nessas inúmeras conexões que teremos com o futuro através das trilhas e das finas linhas que nos ligam a todas as pessoas e seus destinos. Como podemos mudar tudo isso? Lembrei-me de repente da primeira vez que joguei golfe. Lembro-me das outras vezes. Cada jogo apareceu para mim como uma aula de vida. Pessoas que roubaram nos jogos não jogam mais comigo. Sinto falta dos que de forma honesta me acompanharam nas partidas. Nunca pelo jogo, mas pelo aprendizado. Sinto falta daqueles que, de forma inédita, me forçaram a pensar em cada ato. A vida é assim, temos que encarar esse aprendizado a cada dia. É assim que me vejo agora trazendo minha primeira filha ao mundo, pensando que cada ação terá uma reação. Cada pedaço de amor é multiplicado. É assim que temos que pensar em nossas conexões a partir da agora. Esqueçam o network professional falso e improdutivo. Somos um só no dia a dia e temos que nos conectar com quem relamente devemos fazer isso. E a partir de agora isso nos deixará mais fortes e conectados. Sempre.

Alberto Leite é CEO e fundador do Grupo Cboard S.A, que publica a revista Healthers, e professor de inovação e estratégia do MBA da FIA.


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www.dralegria.com.br

A nova rede de Clínicas Dr. Alegria nasceu para atender de forma eficiente as Operadoras de Saúde, através de: 1‐ Redução de custos às operadoras seguindo um forte protocolo de desospitalização. 2‐ Não conceber a “auto geração” de consultas, evitando que o mesmo paciente circule por mais de um médico na clínica. 3‐ Protocolos de atendimento que refletem seriedade e transparência às operadoras, e métricas comprobatórias de resultados de redução de custos. 4‐ Inves�mentos em treinamento de médicos para melhor sa�sfação e alegria de nossos pacientes. 5‐ Realização de forma pontual e con�nua de pesquisas de sa�sfação junto aos pacientes. 6‐ Um plano de expansão sustentável e agressivo para atendimento pleno na região da grande SP até fim de 2017, em parceria com suas principais operadoras, privilegiando regiões com maior demanda.

diretoria@dralegria.com.br

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Responsável Técnico Corporativo: Dr. Paulo Marcel Dantas CRM/SP: 101624


ÍNDICE DE ANUNCIANTES VOLVO

1

CONSAD

3

SAMPLEX

EXPRESSA GROUP

ANATOMY

SÃO CRISTÓVÃO

6-7

16-17

23

32-33

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ÍNDICE DE ANUNCIANTES GRSA

59

GRUPO PRINTER

75

CENTRAL NACIONAL UNIMED

SALUX

125

DR. ALEGRIA

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HOSPITAL SANTA PAULA

129

EINSTEIN 128

108-109

CAPA


capa-final-HEALTHERS-jun2016.pdf

1

15/06/16

11:44

1º Simpósio LatinoAmericano em Experiência do Paciente Tendências, Conceitos, Casos Nacionais e Internacionais.

Conheça as principais tendências e casos práticos sobre esse conceito C

inovador, que apresenta uma visão holística

M

sobre o atendimento, aprofundando

Y

o conhecimento de hábitos e necessidades

CM

BAL E S T R I N

de pacientes e familiares, envolvendo-os

MY

Um r e t r a t o do Br a sil: O que o f ut ur o nos r e se r v a ?

nas decisões sobre o tratamento

CY

e garantindo assim uma satisfação integral.

CMY

K

Ao inspirar líderes e motivar colaboradores, ENTREVI STA CO M

é possível satisfazer pacientes e familiares, impulsionando resultados financeiros

VALD IR VENT U R A

e garantindo um serviço guiado por valor.

9 a 11 de junho Auditório Moise Safra Avenida Albert Einstein, 627, Morumbi, São Paulo

O evento contará com especialistas das mais renomadas instituições internacionais no assunto, como Cleveland Clinic, The Beryl

A experiência dos seus pacientes

O Panorama da Medi ci na Di agnósti ca no Brasi l

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IN OVAÇÃO

PEDRO BUEN O, DASA:

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As oport uni dades proporci onadas em cenári o de cri se

ENCONTRO DE LÍDERES DO SETOR DE SAÚDE

TE N DÊ N CIAS L O BÃ O :

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