Com'Out - Marcha Orgulho LGBT Lisboa 2009

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spirit | ORGULHO

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assou mais de uma década desde que foi realizada a primeira Marcha do Orgulho LGBT (2000). Poder-se-á dizer que Lisboa e o país já deviam estar habituados a esta manifestação.

Mas será que estão? Essa foi uma das coisas que tentámos perceber. Enquanto uns olhavam com um ar sério, outros sorriam, iam cochichando com o parceiro do lado, protestavam ou juntavam-se à festa. “Fui apanhado de surpresa. Isto é uma manifestação gay, não é? Não tenho nada contra” – “E a favor tem?”, questionámos. “Nem contra nem a favor, acho que é um direito que assiste a todos os cidadãos”, afirmou José António, enquanto estava parado no trânsito causado pelo evento. Uma opinião semelhante tem Henrique Silva, proprietário de uma loja nas redondezas. “Acho normal. Cada um deve lutar pelos seus direitos, como eu faço”. Encontrámos depois duas Marias: uma anónima, que nos disse “acho bem, não tenho nada a dizer” e uma Maria Costa: “Penso que a sexualidade é um problema de cada um, com todo o respeito, e não tenho nada contra eles. Mas eu também não venho para aqui dizer que não sou homossexual. Não tem razão nenhuma de ser”.

Uns marcharam… Cinco mil espalharam o seu Orgulho na 11.ª marcha LGBT realizada em Lisboa, que partiu do jardim do Príncipe Real e só parou no Martim Moniz. Pelo caminho escutámos e observámos quem estava de fora. Texto: Hugo Fernandes Lourenço | Fotos: Joana Pires

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…outros viram a marcha passar

“É uma pouca-vergonha” Chamados a atenção pelo alarido, um grupo de trabalhadores da construção civil aproveitou também para tecer alguns comentários: “Não somos desta equipa. É uma pouca-vergonha. Mais vale ser do Sporting!” Quase a chegar ao Martim Moniz a Marcha foi surpreendida por um grupo de pessoas à varanda que fizeram a festa, gritando e aplaudindo a iniciativa. Logo depois, um transeunte pôs a cereja no topo do bolo: “Mulheres, mulheres venham cá que eu sou um homem muito macho”. Caso para dizer que as mentalidades são, de facto, o mais difícil de mudar, ainda que alguns direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros já tenham sido adquiridos. O

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