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Este livro impõe uma ordem: após seu uso, ou desuso, decreta-se como sua obrigação repassá-lo a quem tem interesse ou precisa dos textos contidos nele. Compartilhe o link! Ficha Técnica: Capa de Iana Motta Edição José Augusto Sampaio Todos os textos são de autoria e publicados por Iana Motta. É proibida a venda e veiculação deste conteúdo sem a autorização da autora Iana Mota. ©Pinta Feminina - 10/2013 ©Iana Motta
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AGRADECIMENTOS Ofereço este livro a minha alma, a vida terrestre e cósmica, a todos que influenciaram minha escrita e me inspiraram para que transformassem em palavras as sensações presentes em meu coração. Agradeço a minha família pelo apoio eterno à minha arte e, especialmente, a minha irmã por ter sido meu ouvido quando descobri as minhas frases. Agora, mais um filho gerado! Quem dorme em pé levanta para moer o sol. Aos grandes Nuno e Flor.
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"Nas seguintes páginas encontramos uma das muitas faces desta pluri artista contemporânea: fotógrafa, cantora, compositora, produtora, atriz, modelo...Não é de se estranhar que esta construa imagens poéticas que parecem sair de lentes fotográficas, que quase nos fazem esbarrar na realidade de nós mesmos; espreme palavras tecendo sonoridades marcantes; e, num labirinto semântico desnuda sensações desavergonhadas e "eus" imersos numa atmosfera sinestésica. Essa escrita que é só dela, síntese dos seus vários tempos, temperamentos, temperos, que a partir de suas enumerações e sílabas cínicas transbordam numa anarquia sintática de suas ideias. Devemos passear, assim, por suas frases com os olhos livres para apalpar cada palavra com a precisão necessária para sentir a veludes e a aspereza dignas de polaridades que convergem na originalidade da autora.» Thaís Maia Thaís é Graduada em Letras Vernáculas - pós graduação em cultura contemporânea.
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INTRODUÇÃO: Esta sou eu. Pintando o feminino, sem apelidos. Sempre busquei a definição do que seria a vida, os signos, sentidos.Quando criança fazia algumas travessuras comigo mesmo. Me auto sabotava querendo ser o que nunca quis. Aos meus ouvidos rodas gigantes de gargalhadas, mas no travesseiro, nada. Lembro bem meus colegas de classe apontando e dando de ombros por acreditarem que eu era uma menina difícil. As meninas da turma mal falavam comigo e, quando olhavam, enrugavam as bocas como uns amendoins delgados. Na atividade física, jogava bola, dava meu sangue pelo futebol, não gostava das bonecas. Fervia só de pensar num “babinha”. Tinha joanete! Adorava as aulas de arte, minha mãe era a inspiração. Ela trabalhava muito bem com as mãos e nossos projetos eram sempre mirabolantes. Comecei minha odisseia na escrita pela paixão às palavras e seus signos ainda muito nova. Por isso muita tensão e intensificação fizeram parte da minha desvirgindade em cima de folhas secas, pautadas. Em casa, cantava muito no banheiro. Eu, o microsistem e Witney Huston. Era tanto “And i always love you”, que os ouvidos já não resistiam. Nos finais de semana, Elis, Cazuza, Gil, Caetano e Milton. Minha mãe dançando música africana com 06
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seus tecidos enlouquecidos. Com uma família de forte personalidade, cresci sabendo o que fazia tocar as pessoas e comecei a utilizar essa arte e a manha para saltar-me os dedos meus sentidos, minhas línguas. Na adolescência, naquela parte da rebeldia, dei muito trabalho aos meus pais por ter sido sempre muito intensa. E tome lá arranhar as folhas com minhas revoltas e dominações. Cortava meus cabelos porque não gostava de esconder a minha nuca. A tesoura de unhas era minha parceira. Depois descobri meu lado de dois. Daí “startei” meus estudos íntimos, de corpo, alma. Comecei a tocar violão e compor minhas próprias canções. Tinha um pouco de vergonha, mas gostava da coisa. Já na faculdade, participei de um festival de música e para a surpresa de todos, ganhei um prêmio. Fazia rodas de violão, frequentava estúdios de amigos, um trovador. Agora, já estávamos na era dos mp3, mp4, gravadores digitais. Arranhei uma carreira, mas logo me vi amando demais e com um fruto no ventre. Sem palavras fiquei. Muda, sem tinta. Impaciente, esperei a chegada do meu ainda desconhecido poema. Um filho! Sorri muito, chorei muito. Gosto de arrancar sorrisos e de fazer sentir. Tudo. Gosto desse gosto da verdade. Mas adoro uma pitada de esperança e um pouco de sonho. Hoje, jornalista, amante da arte, mãe de Nuno, uma das mães de Maria Flor e com 28 anos, me vejo 07
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despida para a vida, construindo meu caminho dentro das frases que criei. Pinta Feminina - Unhas, revela minhas sensações pela vida adentro, sendo sempre, sentindo sempre, suando sempre e de emoções variadas. Leia, sue, pense, olhe, reflita, tenha, cheire e deguste. Boa leitura!
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“Frouxo é o arrependimento e tenaz o pecado. Por nossas confissões muito é o que a alma reclama, voltando ao prazer a um caminho de lama. E se o estupro, o veneno, o incêndio e a punhalada, não puderam bordar com seus curiosos planos, a trama banal vã dos destinos humanos, é que nossa alma não é bastante ousada”. Charles Baudelaire
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SUMÁRIO Quem de fato ------------------------12 Um belo dia de junho -------------------- - 13 Delícias ----------------------------- 14 Líderes sem músculos ---------------------- 16 Assim de longe -----------------------17 Só ----------------------------------18 Exclamados ----------------------19 Lá ----------------------------------20 Silêncio que não constrange --------- 21 Temperos -------------------------- 22 Ato -----------------------------23 Loucos ------------------------------- 24 Harmonia ------------------------- 26 Sagitário --------------------------27 Qual fé? -----------------------------28 Horas --------------------------29 Unhas --------------------------30 Regras --------------------------------31 Rapidinhas --------------------- 33 Consciência ----------------------------35 Sentido-------------------------------------36 Dentro--------------------------------------37 Violência-----------------------------------38 Rugas---------------------------------------39 Samba-------------------------------------- 40 Crônicas ---------------------------------41 Na verdade era tudo mentira---------------- 43 Rendidos do velho rio ---------------- 44 Agulha -------------------------------45 Silêncio -------------------------------46 Veneno -------------------------------48 Novo teto -------------------------------49 Açúcacres ---------------------------------51 10
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Quem de fato Quem de fato são os primeiros e os únicos… Os infalíveis e os mestres. São os porcos, a lama, o caos.. São mil, um milhão, são por tantos e poréns… São cosmos os que dizem, universais as línguas. São feridas embaladas e odores medicados. São muitos e poucos os que nascem e acordam (quem acorda não nasce ) Estão certos, errados, enganados são, ludibriados e adotados… São aqueles que pedem, desejam, mostram as caras pintadas de vergonha. São monstros e heróis. São, talvez, nós… Primeiro vocês, depois nós. São de plástico no chão, na rua, no rosto, no corpo, nas mãos. São o que são e fazem lágrimas e risos, calos e armas… São organizados e desordenados… Exclamados são! Pontilhado o braço Seu braço armado. São oito, infinito… São teus sonhos, as minhas nuvens O que seria… quanto custaria? São caros e baratos, cheirosos e amargos. É o jeito, é a cara, é o cabelo, o rabo e o pé. És tu e sou eu São dois e é só um.
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Um belo dia de junho O corpo que atende disforme e o diálogo, Apenas por um, esquadrinha o ar que sustenta o sono. Sonhos, quem sabe? E tudo que é resto, Tudo que é sobra. Continua, poeta, no findo túnel, onde luz se faz santa. Sonhos, quem sabe? Quero! Sou santa! Quero! Sou alguém! Quero! Quem sou, ninguém? E tudo que é sobra, deserto corpo, Inquieta a mente. Inspirador dos guias O que é resto, é sobra. Imitação
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Delícias -Uma vadia… Entrega feito louca -Em cama ou capacho? Volúpia! Pernas viram os olhos de quem consome. Antro desolado, imundo! O calor que persegue a nuca, -Lânguida língua… -Sutil o teu corpo; frio -Isto é uma saia . . . O vento é forte. -Vadia, linda! Amordaçada pelo desejo. Sucumbe a alegria de conhecer Amélias, -Queridas Amélias!O cheiro que fascina, A lua faz despir, a fonte que não seca, O prazer que inunda, A boca que não cala. -Primata!(Sussurros) 14
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Carne,
-Quente .
tudo,-Sangue! mais Vermelhas
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seu Decote que
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Líderes sem músculos Busca-te que nem água, Vestes, modelo, areia. Vais ao vento e pede clemência para os esgotados cabelos. Tenta-te com tampouco que lhe come a agonia. Estanca o orgulho, e até a vaidade. Doce, qual será o amargo? Qual das dores, os estigmas, as Claras? Séria, quão bela fosse De birra, não conta até três Espia um silêncio sem fadiga, As unhas já comidas. Que fome mais insana! Ah, espelho! Jaz um dia, Um brilho sem cor, Um botão em luz letal. Samba agora neguinho! Vai no sapatinho… Assim de lo…………………………………………………………………...nge Assim de longe vem o que me cala A repetição, o estalo, acomodação. As misérias falsas e verdades rosas, flores, queixos, bicos… Sem fala. Um vento leva, um som traz, Assim de loooooooooooonge… Outros tempos! Eram vazios. Talvez, quem sabe um dia? Atrás de ti corre, dançam os que têm vez, Os que tiveram veias, músculos e dor Dolores ouvindo rumores Dentes… faca entre os dentes! 16
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Assim de lo………………………………………………………...nge Assim de longe vem o que me cala A repetição, o estalo, acomodação. As misérias falsas e verdades rosas, flores, queixos, bicos… Sem fala. Um vento leva, um som traz, Assim de loooooooooooonge… Outros tempos! Eram vazios. Talvez, quem sabe um dia? Atrás de ti corre, dançam os que têm vez, Os que tiveram veias, músculos e dor Dolores ouvindo rumores Dentes… faca entre os dentes! Pernas brancas, preto no sangue, cinza no olho; pardos são. Caixas, caixotes, caixões! Assim de longe vem um pensamento, uma sombra Sinos de ossos e mais um queixo sendo, tecendo, colhendo Ventre, filho de graça. Asa, planos, voos, punhos! Assim de longe vem colorido e lindo. Pleno cinto, em mim, por mim, para mim, Assim de longe….
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Só Vazio o meu penar de tantas guerras te guardei Tantos ventos te busquei Na poeira das virgens ressabiei Vastos os caminhos justos Sem maneiras de motivos Soou eu dentro de mim… Vestes de calos, ingratos por não serem teus por não construírem os seus Abandonaste tua carne Emergiu da leveza um forte braço de costumes Gratos por apenas conhecer o simples valor do amor.
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Exclamados Que venham as forças e tragam em si as escolhas Façam de nós o nó e o traço. Que desenhem em cabeças nobres, pobres em arte, podres desastres. Queimem os outros em aurora Descaso de Deus; Quentes, crentes nus… Que venham almas e deixem porquês; lágrimas não fazem porquês… Bombas cruas as suas Ceguem Cristo, iludam vidas. E que venham a mim! De joelhos escuros e preces além. Que digam às luzes, estendam as mãos pálidas… calejadas de pó, pano de mangas... Suco de sal. Que venham vocês. Todos vocês! Já não temo mais respostas e já não tremo as encostas, as batalhas … Carnes! Descanso. Amém! Bebam minha saliva, adorem minha cor, corram e rastejem sob o céu. Prometam planetas e até plutão!!! Mexam nos sinais e frequências. Que chova e espalhe a graça. não deixem que passem os atordoados cristãos. Que desça o tão esperado. O tal imaculado! Que venham esperanças e o choro de quem nunca me viu.
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Lá Vou me embora, moço Daqui, um tempo… vou penar Pensar na vida, moço Mergulhar e em meu mar. Noutro dia, moço mando o vento chegar com meu canto nos canto do peito, vai cheirar a flor do tempo que só o moço vai gostar. Criar o ninho, moço Pensar na vida, moço. Mergulhar em meu mar. Viva!
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Silêncio que não constrange Essa coisa toda minha. Coisa que tenho mais coisadinha entre todas as outras coisas, coisinhas. Isso que me fala, isso que me cala. Esse monstro que acalma e afaga a pele fina desse amor Isso que eu quero e espero da coisa de mim; eu coisando por todos os cantos, encantos desses braços calados, fortes… Isso que é calma e desespero ofegante… Dessa coisa quero mais, tanto mais… …É o maior entre as coisas de sentidos, de dizeres… …É mais de um... …É só dois… …É assim… …Calado de mim… …EU …Esse nada que tudo é, Esse silêncio que diz universo Essas letras que nada dizem! E o mundo que as tem…
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Temperos Tempos que espero... Tempos onde sou... Tempos temperantes… Tempos em noites… Tempos de delírios Tempos em que vivemos Tempos, pelos tempos Tempos, enfim… Tempos de pecado!! Tempos solitários… Tempos de puro desejo e ordem Tempos que somos, Tempos em outrora... Tempo... que tempo... horas … que horas… malditas palavras de tempo que seguem, seguem, seguem… não voltam no tempo garrafais do tempo... esse tempo que não passa e já é passado nesse tempo… outro tempo, outras horas… Tempos de esperanças Tempos de nós dois Tempos de junção Saudosos tempos... Tempos de gastura Tempos de Bem... Há tempos, Haja tempo...
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Ato Sem noção dos meios Não pretendemos conhecer o alheio Início aos corpos nus… E no eterno fim nos amaremos sem lógica Com tudo nosso. Passeamos no infinito… Consciência Construir o humano Encontrar planos ao abandono Destilar terceiras às intenções desperdiçadas Casos não estudados Falidos orgânicos A terra sobre o barro Mangueados encontros de laços submetidos A razão sem destino O espiar por trás Ao conforto dos sentidos Ao caos
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Loucos Num espasmo de loucura Remexo o corpo, gritante de agonia Cessante em momento certo Olhar certeiro, uma figa e sonhos. Como um barco ancorado que esvai livremente, Entre a brisa que vicia a ponto de lembrar, Num gesto nobre, quanto tão pobre, Pago diferença e congestiono minhas veias. Teia, curvas, enlaço barato Barata peça; teatro de merda, Peça especial; tua língua em promoção. Ação, força, violência inerente ao humano De merda; tão pequeno quanto uma rima, Não cabe em folha alguma. E vê minha doce espessura, Delgada e alimentada por pensamento fugaz, Uma dama, escrava cigana da busca inabalável Ressabiada de citar ao certo. Acompanhar, o que se diz tempo? Criamos o tempo, tatuamos a alma Escrevemos sem ler, Estamos todos loucos caminhado como normais. Raça ingrata, abandonada, escarrada Não duvidas que se sinta? Não duvidas que se queixem? Mas, duvidas quem sou eu! Caro, meu sono raro, Mil escolhas, decente impasse, feliz compasso Sorriso tosco. Franca fraqueza, dura e pura Abuso do infortúnio; acesa alegria Num passo os ombros cansados balançam Retomando a inércia 24
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Alterando, remediando a loucura De um espaço de costumes, ofegante, É desejo voraz, alcance Nunca antes visto.
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Harmonia Compor como nuas breves notas. Sussurram os teus poros A procura do incomparável cheiro de tons teus Segue breves de semis alguns… Festejar tua chegada Canção clara!
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Sagitário Sobre os males das flechas Atiradas em meio ao vão de inquietudes. O tempo já não permite espaços, Sem limites… Decifra-te Por arranhaduras da pele fina Morte e vida, Severina! Bando bravo por açoites Sussurros movidos por quedas livres Cavalgar entre as patas… Os pelos... O RÁBO! O peito, Os braços… Fincar a ponta da lança Ser único e não mais um Criar relevância entre muitos Mostrar-se para poucos a verdade que te esconde E por vezes se consome por um pouco de luz… Luz escura e consciente do brilho que oculta para ser apenas ele Só ele... Ahh, Sagitário!
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Qual fé? Se você acredita, tente Tenha fé em teus atos Rabisque um sorriso… Faça da tua força uma moldura. Não ligue para seu orgulho Aprenda a enxergar sem as retinas… Sentir o calor da conquista e saber que não vale desistir… Às vezes, as batalhas corridas como o vento e presentes como o ar são apenas vertigens de consequências inertes, sem sentido… Correr contra os metais das dores Sentar nos calos das flores No lixo sem odores… A certeza de que permanecemos sem gosto Tudo que sente… reticências Valor sem conceito Lágrimas não fazem porquês Um toque frio tentar pra que? Ter fé?
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Horas Madrugada cedo De manhã estrela Na calada boca, a noite permanece no mesmo lugar
Gestos desconhecidos Criações de Eus, deus braço forte É no raiá do dia… De manhã estrela A lua luz madrugada ruídos de TV, Ventilador no sensor comum de vias Madrugada cedo Na manhã estrela no canto da boca
quão noite seria...
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Unhas Sombras, bombas, asas Vazio o pasto, asno. Fogo em chamas Um pouco, Âma. Brisa fria enquanto morta, Torta e insegura quando corpo, bobo e louco. Agonia muda, Nova, clara, insana Só dunas. Cruas, secas Profundo sensor quase um tanto De estorvo, Oco, pouco. Falta-me a dor que preciso saber. Olhar para ela, sentir você, dor. Acolhe minha alma. Palmas para
teu show.
Não bastasse, toma o trono no duelo íntimo – reclama a alegria. Unhas.
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Regras Agora estou saudosa, emocionada. Tantas lembranças e outras tantas novidades… Agora sou o elo que faltava, o nó na garganta. Agora saltam-me as lágrimas, sílabas. Agora não quero mais gritos e sim colo Conforto, carinho. Agora me dói o pé da barriga, os seios Agora não penso mais. Agora as pernas bambas, doloridas, quase paridas Não andam mais. Paro. Olho. Dor. Agora, é sempre todo mês Agora a espera é longa, segundos Será que ela vem? Relógio, calendário. Hormônios a mil, coração. Será que ela vem? Agora é saudade, é força, barriga. Cabeça quente, corpo quente E 37º aponta! Será que ela vem? Quando ela dá o sinal? Vai vir jorrando alegria de sorriso aliviado. Quero você, quero você, queroooo vocêêêêêêêêêêê... Regras são sempre regras.
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RAPIDINHAS
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Consciência Construir o humano Encontrar planos ao abandono Destilar terceiras às intenções desperdiçadas Casos não estudados Falidos orgânicos A terra sobre o barro Mangueados encontros de laços submetidos A razão sem destino O espiar por trás Ao conforto dos sentidos Ao caos
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Sentido Descompassados Mais atenciosos Se retratam nas memórias São normais, comuns Crustáceos, calçadas Caminhos de equívocos Direções diversas Às frestas de um só corpo Movimentam expressões Se tocam…
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Dentro Quando o nada aparece desmentido razões implícitas, abrimos o olho enlameado por prazeres efêmeros, por contradições produzidas por um único ser… um infinito ser que presente se faz na simplicidade da fluência natural absoluta. O clamar da pureza de seguir na trilha universal permite que, energicamente, a perseverança faça por merecer as boas e diretas missões de aprendizado. A renovação de ciclos e a determinação de aceitar o novo traz uma clareza incomparável, uma fé e a consciência de existir apenas aquilo que interessa ao divino, ao criativo elemental. O ser. por mais que os caminhos se cruzem no abismo das decepções, são necessárias as passagens por vales escuros tanto quanto por veredas luminosas… As mais belas flores residem nas florestas mais distantes. Ninguém as vê, porém continuam belas felizes e receptivas ao seu destino...
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Violência Eram dois ou mais Seis talvez Na mão, uma brasa Noutras, caídas sortes… Enquanto se diziam frutos, eram três os que mais queriam ser as sementes do outro amanha Filhos que brotam de uma vida insana… Pálida.
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Rugas As terras minhas já não encolhem como o mar, Vasto, porém finito ao longo da sua constância As rugas do barro, melado do suor mais áspero Plantado no nascer de qualquer vez No instinto da transpiração…
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Samba Ah! Já sei... no pandeiro das lindas melodias… isso é samba?? Cheguei a pensar um dia que isso era feito de agonia! Mas nunca pensei em nunca pensar nessa coisa como folia!! Numa roda gigante, lindos cantos são jorrados em belas flores em pedaços...
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CRテ年ICAS
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Na Verdade era tudo mentira Já era tarde quando os olhos borrados de giz, sustentados numa barba lisa cheia de graça, se acostumaram com o sono e os pés cansados que já vinham, há horas, incomodando. As cores, verde e amarelo, tornando o encontro de peito aberto, sem titubear em gesto que, não fosse à entrega brutal e desmedida, atraíram os olhos de quem gritava na avenida. Mão pra cima! Saí do chão tão depressa… Um anjo acorda e olha os pés descalços, enamorado da brisa que afaga um suor de carnaval. Era meio dia. Sol latente, pouco descanso, passarinho verde na janela e longa jornada. Ele esteve todo tempo com o olhar raso, profundo e certeiro para ela que vinha com a tez tosca, de cor pálida, mas a intenção era a mesma. Na verdade era tudo mentira. Se passassem os 10 anos sem olhar nú, com corpo já frio nas emoções Não saberia que um dia tudo vai simbora e se renova como quarta de cinzas. A verdade permanecia nos gritos de folia de um povo, desesperado por escape. Já que os anos se passam e a cabeça precisa rodopiar e assentar no novo tabuleiro A preguiça vira cobiça e a alegria une quem é mais fevereiro.
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Rendidos do velho Rio Paro. Deparo. Nada. Um sopro e mil coisas. ———————————————————————————————————— não escrevo há um tempo por travar os meus dedos essa coisa infeliz chamada rotina. não quero quebrar minha cabeça crescendo os olhos sobre qualquer tipo de crítica, mas penso no último dia em que fiz da noite um escape de mim. tantos desperdícios, tantos risos
A cama
perfumada (falsos risos)... tantos quereres e poderes... tanta droga, tanto rancor. Noutros tempos, ali viviam as boas conversas como os nossos risos. (verdadeiro).
Ou Rosinha, eu te amo.
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Agulha Dias atrás me questionei sobre as consequências
Atitudes
A cama
de uma atitude sincera. sinceras fazem parte da única forma, por sua vez vasta, de acreditar em reciprocidade verdadeira… Às vezes, a última chance de obter um longo e profundo pensamento, é quando a intenção do nosso desejo e pureza da nossa crença nos obriga a acreditar em futuros próximos e coloridos… Talvez seja isso um pequeno modo de agir, quando se encontra algo entorpecente e hipnotizante, como um olhar que não se esquece e um veneno que não tem a p r e t e n s ã o d e a c a b a r . Em belos quintais se colhe vida, em belos horizontes se colhe consciência, em belos sentidos se colhe carinho e em belos momentos se c o l h e s a u d a d e . Temos uma vida inteira pela frente, e poderíamos achar que tudo não passa de figuras breves e ágeis. Mas prefiro acreditar que não passa de um s o n h o p r o f u n d o , s e c u l a r …
perfumada Ou Infinito, às vezes. Rosinha, eu te amo. Dependíamos de uma chance, e ela nos ofereceu uma oportunidade constante dos encontros, perfeitamente utilizados pelas nossas vontades.
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Silêncio
// // ////// ///
///pssssiiuuu
Silêncio. As únicas palavras que preciso nesse momento não existem. Um não como resposta ou um sim de desespero, sou
eu
num momento oculto, onde estranho o tamanho do abismo em meio ao vazio. Muitas são as entranhas dessas passagens por aqui, caminhos tortuosos e secretos buscam veias e sangue para conseguir extravasar a agonia. Sois tua voz entre todas as mulheres e o colo de quem deseja. O ventre entre portas e janelas. Não! Digo não por ser apenas forte a condição. Vem em mim uma vontade extrema de suspirar nos sonhos ou de aguentar certas tolices. Sem tolices. Peço, por favor, que se retire. Tempo para pensar, temendo a incerteza do tremer das pernas, do calor dos pensamentos e um gesto positivo. Faça de mim teu espelho hoje, amanhã e depois. Como se sente agora, coisa tola? Faça de mim teu veneno e sugue toda minha terra, cresça e furte meu ar. Ama-te como se fosse único e 46
siga como se
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não bastasse a viagem. Grite de tanto querer que te escutem, e cegue quem não enxerga intenções. Permanecer no escuro, não dá! Querer o que não querem, não dá! Saber que um dia vai chorar por isso, não dá! Chega! Um passo pro futuro e um abraço aos que fazem por onde. Felizes os vermes e inertes que comem minha carne.
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Veneno Há tempos não consigo enxergar uma ideia, que me possa ser útil, pra expressar tamanha satisfação em direcionar a alguém qualquer tipo de pensamento… Seria, até mesmo, uma ofensa a sua pessoa não poder consumar essa homenagem… Tudo que gostaria de fazer e dizer é apenas uma coragem, ainda adormecida, que tenho de me presentear com momentos, mais do que interessantes, ao seu lado… Com a pureza que sorri e a firmeza que olha para as minhas vontades, acaba trazendo uma imensa paz a todos que estão ao seu lado e uma tranquilidade para minhas ansiedades. E agora, a resposta, sobre as consequências da atitude sincera, comentado no inicio, fica na intenção da reciprocidade verdadeira… Mas cuidado com o breve gênero de ilusão… Às vezes, quase sempre, nos enganamos com certos pensamentos. E até mesmo mentimos pra nos fazer entender que não passou de uma
fantasia…
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Novo Teto Hoje acordo e percebo que tudo está diferente. Porém da mesma forma… As paredes internas, do lado de fora do
meu
telhado, estão
rasgadas e velhas! As pessoas que passam por aqui e olham para esse teto, ressabiado de usar velhas telhas, apenas caminham em direção contrária e não enxergam que a mudança nessa cobertura é necessária... Precisam aprender que as novas telhas e madeiras, tintas e canetas, quem constrói somos nós. Está dentro de nós… O sentido da vida é viver; para isso necessitamos estar atentos à mudança dos ciclos desejados pela virtude de ser
NINGUÉM.
í
Assim constru mos um novo amanhã, um novo olhar para nós mesmos... Vamos dormir hoje e despertar no seguinte momento com essa intenção; de nos resgatar de motivos mundanos e fúteis… Olhemos para o próximo como um espelho nos enxerga… sintamos a mesma sensação de desespero de almas que não entenderam que a vida é lúdica e cheia de perguntas, cujas respostas não estão presentes na concreta emoção. O universo nos mostra, e cabe a cada um de nós entender que não é regra ter respostas, explicações… aceitemos que a força maior, que nos rege ,tenha intenção de nos dizer para 49
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acalmarmos nossos anseios, e que padr探es de vida, felizes e tristes, n達o s達o realmente o que nos interessa, e sim, a certeza de que vivemos para TODOS e n達o para muitos.
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Açúcares
Insinuantes versos avesso do inverso contido no outro através de sílabas cínicas Obras do teu culto, oculto entre tantas versões Situações desconcertantes na medida em que se encontra pelos em pele entre gestos e sentidos Olhares vazios, momentos sombrios inacabados instantes em constantes transformações… Desejos inertes, sempre desejos… Desejos que consomem minha mente certa da única certeza de não poder compor momentos eternos de estrelas mortas no amanhã. Amanhã que não existe, apenas persiste em ser presente sem laço ou embrulho Presente divino disfarçado de miséria que ri no encontro que te afunda no sorriso sem esforço de existência que fala aos quatro cantos, evapora sua alegria e gargalha sua agonia. Embora deva ir às barbas grisalhas, prestes estou a ser ninguém. O nada! Tudo que se vê não é tudo que se tem!
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Iana Motta mora em Salvador, Bahia. Além de poeta é fotografa e mãe dedicada. 53