Projeto Mata Ciliares: cuidando das águas e matas do rio Mimoso

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PROJETO MATAS CILIARES Cuidando das รกguas e matas do rio Mimoso


Projeto Matas Ciliares: cuidando das águas e matas do rio Mimoso 1ª Edição, janeiro de 2009 Realização: Instituto das Águas da Serra da Bodoquena - IASB

Foto da Capa: Mata ciliar no rio Mimoso, região do Alto Mimoso Liliane Lacerda

Elaboração e compilação de texto e imagens Daiana Fassini Liliane Lacerda

Mapas: Ivan Salzo

Edição e diagramação Liliane Lacerda

Tiragem 1000 exemplares

Revisão final Ivan Salzo

Impressão Gráfica Ruy Barbosa Patrocínio: Programa Petrobras Ambiental, através da Petrobras S/A

Maiores informações Rua: Cel. Pilad Rebuá, nº. 1.348, 2º Piso - Centro CEP: 79.290-000 - Bonito/MS www.iasb.org.br LIVRE REPRODUÇÃO “Todo e qualquer conteúdo da Cartilha Projetos Matas Ciliares: cuidando das ´guas e matas do rio Mimoso pode ser reproduzido, distribuído, colocado em murais, multiplicado, utilizado como instrumento de educação ambiental e cidadania desde que sejam citadas as fontes e que o fim não tenha caráter lucrativo.”


O IASB

O Instituto das Águas da Serra da Bodoquena (IASB) é uma organização não governamental sem fins lucrativos, fundado em 12 de dezembro de 2002, por pessoas com formação e experiências variadas na área rural e ambiental. Tem como missão gerir os recursos naturais de forma participativa e sustentável, visando recuperar, conservar e proteger os solos, matas, rios e a biodiversidade da Região da Serra da Bodoquena, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. O IASB implanta projetos nas áreas de recuperação e educação ambiental, buscando incentivar a conservação da natureza e proteção dos recursos naturais. Para saber mais sobre o IASB consulte: www.iasb.org.br

O PROGRAMA PETROBRAS AMBIENTAL

O Programa Petrobras Ambiental é uma política de patrocínio ambiental da Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras). O Programa se caracteriza por atuar em temas ambientais relevantes para a Petrobras e para o País, articulando iniciativas que contribuem para criar soluções e oferecer alternativas com potencial transformador e em sinergia com políticas públicas. De 2003 a 2007, o Programa Petrobras Ambiental investiu mais de R$ 150,00 milhões em projetos de pequeno, médio e grande portes desenvolvidos em parceria com organizações da sociedade civil de todo o País, abrangendo dezenas de bacias, ecossistemas e paisagens na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata 1 Atlântica e Pantanal . Em sua segunda edição, realizada em 2006, o Programa Petrobras Ambiental selecionou o Projeto Matas Ciliares, juntamente com mais 36 propostas de outras regiões do país. Desde então, o Projeto Matas Ciliares pôde iniciar um processo de mobilização e incentivo para que as pessoas entendam e pratiquem a conservação dos recursos naturais na região de Bonito/MS.


SUMÁRIO

Apresentação ...........................................................................................05 A Serra da Bodoquena ................................................................................06 O Parque Nacional da Serra da Bodoquena .......................................................07 Conhecendo a Bacia do rio Mimoso ...............................................................08 Condições ambientais do rio Mimoso..............................................................10 Legislação ambiental ..................................................................................15 Projeto Matas Ciliares ................................................................................17 Como recuperar áreas degradadas..................................................................20 Escolha e implantação da metodologia mais adequada para sua propriedade................24 Referências .............................................................................................14 Agradecimentos .......................................................................................18 Anexos Planilha com custos estimados para a recuperação de 01 hectare .............................36 Espécies indicadas para a recuperação de trechos degradados da vegetação da bacia do rio Mimoso .................................................................................................36


APRESENTAÇÃO

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Esta publicação é parte integrante do Projeto Matas Ciliares, realizado pelo Instituto das Águas da Serra da Bodoquena - IASB, com o patrocínio do Programa Petrobras Ambiental, através da Petrobras S/A. O objetivo desta cartilha é repassar informações sobre a Bacia Hidrográfica do rio Mimoso e apresentar a metodologia de recuperação de áreas degradadas, pesquisada pelo Projeto Matas Ciliares. Este projeto buscou reduzir os custos financeiros da recuperação, avaliando cinco técnicas distintas ao longo de 24 meses. Preocupados com o avanço do desmatamento na região da Serra da Bodoquena e com os impactos que esta atividade poderá provocar com o passar dos anos, diversos setores governamentais e não-governamentais estão desenvolvendo trabalhos voltados para a recuperação das áreas desmatadas no município. A maioria desses trabalhos é baseada no plantio de mudas de espécies nativas, técnica de certa forma, bastante onerosa para a realidade de muitos produtores rurais. O Projeto Matas Ciliares implantou e acompanhou alternativas diferenciadas de recuperação florestal visando oferecer aos produtores rurais e técnicos da região um leque de opções, disponibilizadas nesta cartilha, que poderão facilitar e contribuir com o processo de recuperação. Desta forma, este material tem o objetivo de estimular produtores rurais a iniciar a recuperação em sua propriedade, utilizando as informações e metodologias descritas na cartilha ou até mesmo, a plantar suas próprias experiências de recuperação florestal e divulgá-las. Somente deste modo será possível contribuir efetivamente para a conservação das matas ciliares, ajudando a proteger a água e a sociobiodiversidade do rio Mimoso. “(...) De nada vale um conhecimento gerado e não utilizado (...)” Ecólogo, consultor da Petrobras


A Serra da Bodoquena

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Rio Salobra - IBAMA?Parque Nacional da Serra da Bodoquena

A Serra da Bodoquena pode ser definida como um estreito e longo bloco rochoso que se destaca na imensa planície pantaneira. É considerada a maior extensão de florestas naturais preservada do estado de Mato Grosso do Sul 2 e uma das maiores áreas de Floresta Estacional Decidual do país . Além de ser essencial para a preservação do Pantanal e dos remanescentes de Mata Atlântica, a Serra da Bodoquena também se constitui num manancial que abastece todos os municípios de entorno, pois muitas nascentes e afloramentos de lençol freático nela observados são essenciais para a manutenção do fluxo de água em rios de importância regional.


O PA R Q U E N A C I O N A L DA S E R R A DA B O D O Q U E N A

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O Parque Nacional da Serra da Bodoquena foi criado em 21 de setembro de 2000. É formado por duas áreas distintas bem próximas uma da outra, somando 76.481 hectares. A área norte, com 27.797 ha, engloba parte da Bacia do rio Salobra, e a sul, com 48.684 ha, parte da Bacia do rio Perdido. Sua área abrange os municípios de Bonito, Bodoquena, Porto Murtinho e Jardim3. Localizado em uma região de belezas cênicas e ecoturismo, o parque tem importância científica e potencial turístico, sendo considerado pelo Ministério do Meio Ambiente como uma área prioritária de conservação da biodiversidade. Na região vivem espécies endêmicas s como o periquito tiribinha (Pyrrhura devillei), raras como a margarida Dimmerostema anuum, e vulneráveis como o gavião-real (Harpia harpyja), isso sem falar do maior felino das Américas, a onça-pintada (Panthera onca). Até o início de 2008, cerca de 15% da área do parque foram regularizados (desapropriada). Além da regularização fundiária, o ICMBio realiza, em parceria com outras instituições, atividades de pesquisa científica, proteção, fiscalização, combate aos incêndios florestais e integração com a comunidade local.

Gavião-real Onça-pintada


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Conhecendo a Bacia do Rio Mimoso O rio Mimoso é um dos mais importantes rios do município de Bonito/MS. A região onde nascem e correm todos os seus cursos d'água forma uma das mais belas paisagens naturais da região. Em seus 50 quilômetros de extensão, nasce na zona de amortecimento do Parque Nacional da Serra da Bodoquena, atravessa regiões montanhosas e deságua no rio Formoso. O rio foi subdividido pela população local em três regiões: Alto, Médio e Baixo Mimoso. Seus principais afluentes são: Córrego Taquara, Santa Eliza, Carrapicho, Piquitito e Barranco.

André Seale - Acervo ATRATUR


O rio Mimoso é especial por ser uma das regiões onde mais ocorrem tufas calcárias, que dão 5 especial beleza às cachoeiras de Bonito . Tufas calcárias são acúmulos de calcário nas cachoeiras e sobre os troncos de árvores, folhas, pedras e até garrafas e latas. São depósitos muito frágeis, pois dependem das condições de qualidade das águas e são de alto interesse 2 científico para o conhecimento geológico .

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O clima da região é o tropical quente, com duas estações bem marcadas, sendo localmente influenciado pelo relevo, que ameniza as temperaturas. O relevo é montanhoso e há diversos tipos de solos: podzólico, latossolo vermelho-escuro e vermelho-amarelo, regossolo e brunizen. A vegetação desta região é caracterizada por faixas de mistura dos domínios de Mata Atlântica e Cerrado, apresentando características dos dois domínios2.

Rafael Góes - Acervo ATRATUR

As beiras e córregos dos rios estão recobertas pela Floresta Estacional Semidecidual. Os morros são cobertos pela Floresta Estacional Decidual. As demais regiões são dominadas por formações do cerrado: savana gramíneo-lenhosa, arbórea berta e arbórea-densa4.

André Seale - Acervo ATRATUR

No processo de formação das tufas calcárias, elas, ao crescerem, englobam espaços vazios, formando dutos subterrâneos. Em função dessa característica, ao longo do vale do rio Mimoso, existem pontos de sumidouros e ressurgências2. André Seale - Acervo ATRATUR

André Seale - Acervo ATRATUR

André Seale - Acervo ATRATUR

André Seale - Acervo ATRATUR


Condições ambientais do rio Mimoso A ocupação da região do rio Mimoso data de 100 anos, sendo a primeira a ser utilizada para o uso intensivo na agropecuária. Antes dessa ocupação, ainda era possível encontrar suas matas originais bem conservadas, em grandes extensões, com uma rica variedade de madeiras 4 nobres e animais . Essa matas foram, na sua maioria, sendo eliminadas devido ao grande valor das madeiras e a fertilidade das terras, exploradas inicialmente para subsistência das famílias e, a partir das décadas de 70 e 80, para uso da mecanização intensiva, iniciando assim um processo generalizado de degradação das terras. Em um levantamento sobre o diagnóstico ambiental do Mimoso, realizado em 1999 pela Embrapa Solos, a situação do rio já era precária, pois apresentava significativa mudança na cobertura vegetal, devido ao desmatamento para formação de pastagens, com consequente degradação 6 da vegetação original . Além do desmatamento em áreas de matas ciliares e morros, também foram observadas erosões laminares em larga escala, formação de sulcos, processos de voçorocamento, lixo e utilização do fogo, com diversos indícios de queimadas nas matas ciliares, principalmente6. A situação atual não está muito diferente. A comparação dos mapas de cobertura do solo de 1986 e de 20077 demonstra que a bacia está predominantemente ocupada por pastagens, fato confirmado pelo seu significativo aumento ( 22,9%) neste intervalo de tempo. Com a abertura de novos pastos, houve uma diminuição de áreas de cerrado e de áreas de agricultura (solos expostos).

10 “Ele (o rio) enchia e esvaziava muito mais lentamente (...)”, (Morador local)

(...) Anteriomente havia peixes de maior porte em locais onde hoje só existem peixes pequenos (...) Locais onde originalmente a profundidade do rio passava de metros, hoje têm menos de 50 centímetros”, (Morador local)


Área (ha) 8.288,85 9.570,75 5.518,22 2.040,55 25.418,36

% 32,61 37,65 21,71 8,03 100,00

Março/Maio de 2.007

Classes Cerrado Matas Pastagens Solo Exposto/Agricultura Total

Outubro de 1.986

MAPA DE COBERTURA DO SOLO BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MIMOSO

Área (ha) 2.725,66 10.115,42 11.335,74 1.232,14 25.408,95

% 10,73 39,81 44,61 4,85 100,00

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Quatro tipos de cobertura do solo na sub-bacia do rio Mimoso em dois períodos distintos: outubro de 1.986 e março/maio de 2.007. As imagens do satélite LANDSAT 5 permitiram identificar: 1) áreas cobertas por matas (as copas das árvores se tocam); 2) cerrado (áreas com mais arbustos, mais capim e menos árvores do que as matas; 3) pastagens (capim em meio a poucas árvores e quase nenhum arbusto ou só capim); 4) solo exposto/agricultura (áreas onde se observa quase nenhuma cober tura vegetal no caso da agricultura, as imagens foram obtidas nas entre-safras, daí a dificuldade em diferenciar uma da outra). A diferença de quase 10 ha na área total da bacia ocorreu por causa de pequenas diferenças no método de mapeamento entre os dois anos.


A falta de planejamento do uso do solo vem provocando, além da perda da biodiversidade vegetal e animal, uma maior variação do nível de água do rio Mimoso. O rio está ficando muito mais baixo nos meses secos e enchendo com rapidez durante as chuvas. A retirada da cobertura vegetal eliminou o efeito esponja do solo, fazendo com que a água da chuva escorra rapidamente pela superfície para o leito do rio. Como não há retenção de água pelo solo, na época seca não há alimentação com esta água armazenada.

12 “Se não chover bem, não haverá volume de água suficiente para encher o rio, que é alimentado pelas águas subterrâneas e das grutas. É preciso reflorestar áreas degradadas, pois essa região retém muito mais água quanto tem mais árvores” (guia de turismo)5

Importância das Matas Ciliares

A estrutura do solo nas margens dos 1 rios é conservada com a mata ciliar , através de suas raízes, impede processos erosivos e assoreamento dos corpos d'água. Dessa forma, o principal papel desempenhado pela mata ciliar na bacia hidrográfica pode ser verificado na quantidade e qualidade de água no leito dos rios.

As alterações mencionadas acima foram vivenciadas em 2007, quando a região enfrentou uma de suas piores estiagens. A seca foi tão forte que em vários trechos do rio era possível caminhar no leito seco, onde diversas propriedades ficaram sem água, afetando todas as formas de vida. No entanto, alguns especialistas acreditam que ainda não existem elementos técnicos sobre a região para afirmar se somente a falta de chuvas foi responsável pela seca do Mimoso.

Rio Mimoso em 2006 e após a estiagem em 2007: Nos corpos de água que fazem parte da bacia do Mimoso, além do desmatamento, existem outros fatores que podem estar contribuindo com a seca como, por exemplo, poços e pequenas barragens que represam os rios para criar lagos, pequenas prais ou piscinas naturais5.


Além do desmatamento, existem diversos outros impactos que afetam a qualidade e quantidade de água da bacia do Mimoso. Dentre eles podem ser destacados estradas, carreadores e trilhas de animais e carros, a conservação do solo e os açudes. O fato de retirar estes fatores de degradação do rio já é um grande passo na recuperação, pois assim oferece condições para que a natureza consiga se restabelecer da maneira possível. 4

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Estradas, carreadores e trilhas de animais e carros Esses caminhos canalizam água até o rio, arrastando sedimentos. Eliminar os pontos de entrada de lama nos rios é um grande

desafio. Ações básicas: · Colocar lombadas em curvas de nível com caixas de retenção, para que a água com sedimentos não chegue até o rio. · Planejar os carreadores, estradas e trilhas para correrem mais no plano, evitando o sentido da ladeira.

Caixas de renteção: t ê m a finalidade de acumular e infiltrar a água das chuvas.

4 Conservação do solo Conservação do solo, na agricultura ou pecuária, é o conjunto de práticas aplicadas para impedir a perda de solo8. A erosão, a compactação do solo são os maiores problemas relacionados ao manejo inadequado e são facilmente encontrados na bacia do Mimoso. As áreas com manejo inadequado diminuem seu potencial de absorção de água, perdem nutrientes com as chuvas e reduzem significativamente seu potencial de produção, fazendo com que o produtor tenha necessidade de abrir novas áreas para seu retorno econômico. Ações básicas: · O planejamento técnico e antecipado é importante para a conservação do solo. É preciso ver todo o processo de produção, pois não adianta atacar uma parte do problema. Deve-se considerar também os custos econômicos envolvidos e os preços pagos pelo mercado, pois a falta de retorno financeiro é um dos principais motivos de abandono das terras sem cobertura vegetal8. · Principais práticas de conservação do solo que podem ser adotadas: análise do solo, plantio em nível, rotação de culturas, adubação verde, plantio direto e exploração de sinergias (Várias atividades agricolas são complementares, podendo gerar economia de recursos se bem exploradas. Associar culturas anuais com pecuária ou criação de aves ou suinos com produção de

Aparecimento de voçorocas na Bacia: indício de estágio avançado da falta de conservação do solo


4 Açude

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De acordo com a legislação estadual, entende-se por açude os coletores de água pluvial (de chuva), que serve principalmente de bebedouro de gado no meio rural, sendo de pequeno impacto e não construído em áreas com restrições legais (várzeas, veredas, margens de cursos d’água) até a profundidade máxima de dois metros9. O represamento de rios e córregos para formar açudes, além de impedir o fluxo de água, também diminuem a sua oferta para as propriedades abaixo. Em casos extremos, quando existem diversos açudes sobre um mesmo leito, as consequências podem ser drásticas. A água pára de correr, secando o respectivo curso d’água explorado.

A imagem mostra exemplos de açudes sobre o leito de córregos (círculos vermelhos). Já o círculo verde demonstra exemplos de açúdes pluviais.

A implantação de 01 açude para cada 100 hectares da propriedade não necessita de licença ambiental (Resolução Conjunto SEMA/IBAMA MS nº 001 de 30 de outubro de 2003). Caso haja mais açudes a serem implantados deve-se atender a resolução seguinte: Resolução Conjunta SEMA/IMAP nº 004 de 13 de maio de 2004.

Ações básicas: · Antes de construir um açude é melhor entrar em contato com o órgão ambiental competente.


Legislação Ambiental Federal

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O Código Florestal (Lei Federal nº 4.771 de 1965) é a lei que regula o uso das florestas, cerrados e outras vegetações em propriedades rurais. De acordo com o código, os proprietários rurais devem manter uma parte da vegetação nativa que existia antes da abertura da fazenda em áreas conhecidas como Reserva Legal e Área de Preservação Permanente. Caso já tenha sido derrubada, a vegetação deverá ser recuperada. 10

RESERVA LEGAL (RL) : é uma área da propriedade onde a floresta não pode ser derrubada em corte raso, podendo ser explorada sustentavelmente para fins lucrativos. A lei exige que todos os imóveis devem ter uma área destinada a RL e seu tamanho varia de acordo com a região em que se encontra a propriedade: a) 20% para propriedades com vegetação de mata atlântica, cerrado (fora da Amazônia Legal), caatinga, pantanal e campos sulinos; b) 35% para cerrado na Amazônia Legal c) 80% para floresta na Amazônia Legal.

Ilustração: Ângelo Minardis

A ilustração abaixo11 mostra a proteção dos cursos d'água conforme a Legislação:

50 m de mata ciliar no município de Bonito

ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE 10 (APP) : são áreas onde NÃO se pode fazer derrubadas para uso agrícola ou pecuário. Sua localização e o tamanho da área são definidos por lei e não depende da vontade do proprietário ou órgão público. São consideradas áreas de APP as matas ciliares, mangues e morros. F i q u e at e n t o ! ! ! Se a APP foi desmatada, tem que ser recuperada no mesmo local. É de responsabilidade do proprietário atual realizar a recuperação, mesmo que outro tenha efetivado o desmatamento.


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Legislação Estadual de MS De acordo com a legislação estadual do MS a lei nº 1.871, de 15 de julho de 1998, art. 1º estabeleceu como Faixa de Proteção Especial 300 m de largura, sendo 150 de cada lado das margens do Rio Prata, Rio Formoso e seus afluentes. Nessas áreas, de acordo com o inciso 1º do art. 2º, as únicas atividades que poderão ser desenvolvidas serão o ecoturismo (com licenciamento ambiental), a pecuária e a apicultura. Alem disso, os art. 4º e o art. 5º proíbem, respectivamente, a pesca (permitida apenas para subsídio de famílias ribeirinhas) e o uso de embarcações motorizadas (permitida apenas com motor até 15 Hp para a fiscalização da Polícia Florestal e de motores elétricos de baixa densidade utilizados no transporte de turistas).

Legislação Municipal de Bonito/MS Visando estabelecer limitações ambientais como forma de conservação da natureza, proteção do meio ambiente e defesa das margens nas áreas das bacias hidrográficas dos Rios Formoso, Prata e Peixe, no município de Bonito-MS, foi criada a Lei dos Rios Cênicos, nº 989, de 09 de dezembro de 2003. O artigo 1º informa que todos os rios compreendidos nas bacias hidrográficas do rio Formoso, Prata e Peixe, nos limites do munícipio de Bonito, são considerados cênicos, aplicando-se a proteção ambiental prevista nas Leis Estaduais nº 2.223 de 11 de abril de 2001 e nº 1.871, de 15 julho de 1998. O art. 2º estabelece uma faixa mínima de proteção de 50 m para cada margem dos rios encontrados em suas bacias hidrográficas e no limites do município de Bonito. Aplicando-se, também, a proteção ambiental prevista nas Leis Estaduais.

Não se esqueça !!!!!! Mata Ciliar do rio Mimoso, Bonito/MS: obrigatório 50 metros de mata nativa em cada margem

Na APP você pode10: Ter acesso de pessoas e animais na água, desde que isso não implique em cortes de parte significativa da mata. C Manejar com sistemas agroflorestais em pequenas propriedades ou posses rurais de agricultura familiar. C Construção de obras públicas de infra-estrutura desde que possua licença ambiental.

A Legislação Municipal é mais restritiva que as Leis Federais e Estaduais. O proprietário de terras na Bacia do Mimoso deve observar a Lei dos Rios Cênicos, mantendo, no mínimo, a faixa de 50 metros ao longo de cada margem


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PROJETO MATAS CILIARES

Área de pesquisa do projeto na região do Alto Mimoso: a propriedade foi selecionada pelo projeto devido a ausência de mata ciliar (Mai/2006). Abaixo, após a implantação do projeto: diferença significativa na vegetação (Out/2008).

Devido à precária situação que se encontram alguns rios e córregos do município de Bonito e, pela falta de recursos financeiros da maioria dos produtores rurais, principalmente os pequenos, o Projeto Matas Ciliares se propôs a pesquisar metodologias de recuperação de áreas degradadas. Essa pesquisa buscou oferecer maiores opções em relação à recuperação, para que assim, o produtor possa escolher qual a mais adequada para a sua propriedade e para sua realidade financeira. A pesquisa avaliou 05 alternativas: Regeneração Natural, Semeadura Direta, Semeadura a lanço, Poleiros Artificiais e Plantio de Mudas, comparando os custos de implantação e a viabilidade de cada uma para recuperação das áreas. As áreas de pesquisa somam 2 hectares e estão localizadas no rio Mimoso, uma em cada região do rio: Alto, Médio e Baixo Mimoso. No decorrer de 24 meses o projeto isolou 3.350 m2 para regeneração natural, introduziu cerca de 50.000 sementes, instalou 18 poleiros e plantou 2.406 mudas nos módulos de pesquisa. Das 05 metodologias utilizadas, a que mais se destacou, levando em consideração as condições ambientais do período e das áreas do projeto, foi a semeadura direta.

“Observei uma diferença muito grande na área desde o começo do projeto até a situação atual (...). Acredito que a recuperação irá acontecer, pelo fato de já ter mudado tanto nesse intervalo de tempo que vocês estão trabalhando aqui (...) Estou disposto a ajudar na divulgação, vou começar a chamar meus vizinhos para olhar a diferença que está na minha área agora.” (Proprietário da Chácara Mimoso - Alto Mimoso)


Além da pesquisa, o Projeto Matas Ciliares realizou atividades de mobilização da comunidade, 18 a fim de estimulá-los a conservar a natureza, como também disseminar práticas de produção menos impactantes ao meio ambiente. Durante dois anos, produtores e trabalhadores rurais, empresários e estudantes, receberam capacitação, através de cursos e dias de campo, além de terem participado de palestras e reuniões de sensibilização. Aproximadamente 2000 pessoas foram mobilizadas para a importância das matas ciliares na proteção das águas. “Sempre que vejo algum conhecido eu falo sobre o projeto, sobre a importância de proteger as matas. Sempre no final de semana recebo visitas de amigos e parentes e na hora de ir para o rio, eu sempre levo eles para olhar as mudinhas plantadas. Cada um tem que fazer a sua parte, né? (...)” (Propr ietár ia da Chácara Santa Cruz -Médio Mimoso) Conselho Executivo do projeto: repasse de informações aos técnicos de órgãos parceiros e membros da comunidade

Dia de Campo: uma ótima ferramenta de mobilização.

A mobilização também foi realizada através da Campanha Faça sua Parte, onde saquinhos de sementes, confeccionados com o auxílio de voluntários, foram distribuídos para a população local. Ao todo foram entregues mais de 14 mil sementes apenas nesta campanha. “Como se trata de um gesto simples, apenas enterrar a semente no chão, o IASB espera que mais de 50% das sementes distribuídas sejam plantadas em beira de rios, córregos e nascentes, podendo germinar e garantir o nascimento de mudas que irão contribuir com a conservação dos recursos hídricos do município” (Técnica de campo do projeto).

Coleta de sementes: atividade essencial para o projeto

Beneficiamento de sementes: voluntários fazendo a sua parte!


Por meio do projeto, o IASB ofereceu ainda assistência técnica à convite dos produtores rurais interessados em iniciar a recuperação de matas ciliares em suas propriedades. Assim, diversas outras áreas estão testando uma das metodologias pesquisadas. “Em todas as propriedades visitadas, a equipe do projeto sentiu-se satisfeita com a receptividade dos caseiros e dos proprietários e com o entusiamo em testar a metodologia. Desse modo, o IASB espera semear boas sementes e colher bons frutos, ajudando o proprietário rural a recuperar áreas degradadas e conservar os recursos hídricos, contribuindo assim para uma melhoria da qualidade d e v i d a l o c a l .” (Coordenadora geral do projeto)

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Distribuição de sementes: contribuição para que o produtor possa começar a recuperar.

Assistência técnica: uma maneira de disseminar a importância da recuperação.

Por fim, considera-se que o grande ganho do projeto não foi apenas avaliar a eficiência e custo das metodologias de recuperação pesquisadas, mas sim, que o projeto continue servindo de estímulo para aumentar significativamente a quantidade de áreas em recuperação no município de Bonito.

Reportagem sobre o projeto: divulgar a recuperação da natureza é preciso!

Monitoramento da metodologia do projeto.

Palestras nas escolas: importante para formação de cidadãos ambientalmente responsáveis

“(...) Todo esforço na tentativa de recuperação é válido. O que as pessoas não entendem é que o processo é demorado, com o tempo vai dar certo.” (Proprietário do Sítio Santa Rita - Baixo Mimoso)

Participação do projeto na Caminhada Ecológica (Set/2008)


COMO RECUPERAR ÁREAS DEGRADADAS Atualmente, a recuperação florestal em propriedades rurais tem se concentrado nas APPs, pois nas microbacias hidrográficas as matas ciliares desempenham importante papel ao proteger o sistema hídrico. Na RL em função de diversos fatores, as ações têm sido restritas, mas a recuperação é tão importante quanto. Independente da área escolhida para iniciar o processo de recuperação é importante para escolha da metodologia, observar o seguinte: 4Qual a vegetação (as espécies de árvores) que ocorre na sua propriedade. Observar, de preferência, árvores próximas ao local que se deseja recuperar. A escolha de espécies nativas regionais é importante porque tais espécies já estão adaptadas às condições ecológicas locais. 4O tipo de solo da área a ser recuperada. Dependendo da área que você quer recuperar, seja ela pastagem degradada, solo compactado ou brejão, deverá escolher a metodologia mais adequada para a realidade ambiental encontrada. Acima de tudo, você deve levar em consideração, principalmente, suas condições sociais e econômicas, adequando a metodologia ao tamanho da propriedade, ao uso que se quer fazer da área e aos recursos financeiros e mão-de-obra disponíveis.

Compreendida a realidade ambiental e socioeconômica, seguem-se algumas ações básicas: 1. Isolamento da área 2. Controle de espécies exóticas 3.Escolha e implantação da metodologia mais adequada para sua propriedade 4. Acompanhamento e cuidados após o plantio

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No rio Mimoso a vegetação predominante nas matas ciliares é a Floresta Estacional Semidecidual, formada por árvores que perdem parte das folhas (20 a 50%) nos períodos secos.

Fragmentos florestais próximos ao local de recuperação: a presença de árvores também facilita a entrada de sementes, proporcionando um enriquecimento natural da área em questão. Solo compactado: necessita de uma metodologia que proporcione cobertura vegetal r á p i d a e revolvimento do solo para ativação do banco de sementes.


21 1. Isolamento da área Em muitas propriedades do Rio Mimoso, animais como o gado, carneiro, porco, galinha, dentre outros, tem como fonte de água o leito do rio, córregos afluentes e nascentes. O pisoteio dos animais de maior porte faz desbarrancar as margens, deixando o material depositado no curso d’água, contribuindo para o seu assoreamento. Além disso, prejudicam o processo de recuperação da área, uma vez que podem pisotear ou ciscar as mudas plantadas e/ou nativas.

Córrego Itamaraty: o bebedouro do gado em área de nascente além de obstruir a passagem da água, também pode contaminála com fezes.

ATENÇÃO!!! De acordo com a Lei nº 2.223 de 11 de abril de 2001, art. 4º É proibido o uso direto das águas dos rio cênicos para consumo animal. Parágrafo único: Os proprietários deverão instalar bebedouros apropriados e/ou açudes em sua propriedades para o abastecimento de água dos seus animais.

O que pode ser feito: · A área destinada para recuperação da vegetação deve ser isolada (cercada), pois o pisoteio do gado provoca a compactação do solo e a perda das mudas em desenvolvimento. · O ideal seria restringir o acesso do gado no curso d'água através da distribuição de diversos bebedouros ou pilhetas, que seriam abastecidos através de bombas, rodas d'água ou pela ação da gravidade. Mas, considerando o fator econômico de muitas propriedades, essa seria uma alternativa onerosa para o proprietário. Então algumas medidas podem ser tomadas, desde que tenha autorização de órgão ambiental competente, como, delimitar e cascalhar um corredor de acesso a água. Caso a margem possua uma decida muito íngreme, é interessante a formação de degraus, que auxiliará na diminuição do carreamento de sedimentos para o rio.

DICA Outra ação que contribui muito para a conservação da água e da biodiversidade é manter ou plantar árvores nos pastos. A meia-sombra, segundo os zootecnistas, não atrapalha o crescimento do capim nem o pastejo do gado. Sabendo escolher as espécies certas elas vão aumentar o rendimento da sua pecuária. As folhas e frutos de muitas árvores podem ser utilizadas como alimento para o gado, principalmente durante a seca. As árvores devem ser podadas anualmente, permitindo a passagem de mais luz até o chão, alimentando o gado e produzindo matéria orgânica para fertilização do pasto.


2. Controle de espécies exóticas A invasão biológica é um problema ambiental mundial, pois é a Segunda maior ameaça à diversidade do planeta.

“Em projetos de recuperação florestal, a presença da

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braquiária é um dos principais fatores que contribui com o aumento do custo da recuperação devido a necessidade de manejo constante.” ( Parceiro do projeto)

Introduções propositais de espécies exóticas estão relacionads ao cultivo de diversos produtos alimentares, seguido pela ornamentação. O capim braquiária é um exemplo típico: introduzido no país na década de cinquenta, para forrageio de gado, é hoje considerado como o gênero mais invasor dentre os capins introduzidos para pastagens, ocupando não apenas os locais em que são cultivados com inteção econômica, mas também passaram a ocorrer espontaneamente em locais como Áreas de Preservação Permanente, Reservas Legais e Unidades de conservação, competindo com a vegetação nativa. Por ser uma gramínea pouco exigente em fertilidade do solo e com intensa produção de sementes, a sua expansão para outras áreas se dá com muita facilidade. As áreas de proteção ambiental devem ser priorizadas nos programas de recuperação florestal, pois com o solo encoberto fica muito mais difícil para que novas árvores cresçam. O que pode ser feito: · É mais indicado que o manejo da braquiária em projetos de recuperação florestal seja realizado manualmente. Antes da implantação da metodologia de recuperação escolhida é interessante roçar completamente a área (evitando cortar as plantas nativas do local) e recobrí-la com a palha retirada, para que o solo não fique exposto. A palha também serve para adubar o solo (produção de matéria orgânica), mantê-lo úmido, diminuir o manejo na área e ainda, serve como alimento para formigas e cupins, evitando que os mesmos ataquem as mudas. ·Em muitos projetos de recuperação ao invés da roçada está sendo feito, no caso do plantio de mudas, apenas o coroamento das covas, com um raio em torno de 1 a 1,5 metros, buscando diminuir o manejo na área. No plantio de sementes, o coroamento também é feito entre 1 a 1,5 metros de distância do sulco, em ambos os lados. Em relação às demais técnicas, visando acelerar a recuperação é recomendado coroar as mudas que irão aparecer naturalmente na área, seja através do banco de sementes do solo ou pela dispersão de sementes. ·Em alguns casos, dependendo da localização da área, do tamanho e da autorização do órgão ambiental, estão sendo realizados manejo químico e mecânico. Nestes caso é recomendado pedir orientação técnica aos órgãos ambientais competentes, pois estas atividades podem não ser aplicáveis na região de Bonito.

Situação comum na região: o desenvolvimento da Aroeira é prejudicado pelo potencial alelopático da braquiária que inibe a germinação das sementes e o desenvolvimento de plantas de diferentes espécies.

Preste bastante atenção na escolha das espécies que serão utilizadas para recuperação, buscando evitar a introdução de espécies exóticas na área. Por exemplo, em algumas regiões do país são utilizadas plantas tutoras para proteger as mudas da braquiária, mas estas plantas devem ser retiradas da área após exercerem a sua função e não podem ocupar o espaço das plantas nativas.

O coroamento ao redor das mudas e a cobertura do solo com palhada, diminui a necessidade constante de manejo.


CONTENÇÃO DE VOÇOROCAS Em áreas com solo exposto e declividade do terreno é necessário realizar atividades de preparação da área antes da implantação de qualquer técnica de recuperação. Esses trabalhos consistem em realizar contenções com o objetivo de diminuir a velocidade com que as águas das chuvas escoam sobre o terreno, permitindo o estabelecimento da vegetação, além de impedir ou diminuir os processos erosivos que podem levar à formação ou agravamento de voçorocas. A contenção na área pode ser realizada com um baixo custo, aproveitando materiais disponíveis na propriedade, como por exemplo, pedras, galhos e palhas. Esses materiais devem ser dispostos em níveis nos locais onde ocorrem as enxurradas, possibilitando a infiltração da água no solo. É interessante utilizar materiais pesados ou fincar pedaços de estacas no chão, atrás dos galhos, para que a força da água não desfaça a estrutura montada e também possa suporta o peso do sedimento acumulado. A proteção das contenções com palhada evita a chegada da água com muita força, como também evita que procure novos caminhos para escoar. Para aumentar essa proteção, pode ser realizado o plantio de espécies nativas como o caraguatá e o bacuri, com a finalidade de formar barreiras vivas no escoamento das águas. Nessas áreas de contenção forma-se um ambiente mais adequado para o desenvolvimento de mudas e sementes, isso por apresentar uma maior umidade e disposição de nutrientes através da decomposição da matéria orgânica provida da palhada e a trazida pelas águas. Dentro de grandes voçorocas podem-se repetir os trabalhos de contenção juntamente com a formação de barreiras maiores, que suportam o acúmulo de materiais mais pesados. Essas barreiras podem ser construídas com pedaços de madeira que não tem mais utilidade na propriedade e com taquaras secas. Depois disso, é necessário preencher o interior da voçoroca com galhos e restos de madeiras disponíveis na propriedade e jogar palha por cima. Assim evita que a força da enxurrada agrave o transporte de sedimento. Consequentemente, a terra acumulada nos galhos levará ao fechamento da voçoroca. A contenção da voçoroca deve ser associada com o plantio de mudas e sementes para ajudar na formação de uma barragem natural. Entre as plantas indicadas para a formação de toceiras podem ser citados as taquaras e os bambus.

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3. Escolha e implantação da metodologia mais adequada para sua propriedade

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Após a retirada de fatores degradantes e da adoção de técnicas de conservação do solo, a natureza pode precisar de um auxílio a mais para conseguir se recuperar. Na maioria dos casos, é necessário a adoção de metodologias para acelerar o processo de recuperação e dependendo do estado da área, a implantação dessas metodologias podem ser mais simples ou mais complexas. Alguns fatores devem ser levados em consideração na hora de escolher uma metodologia, como o tempo de recuperação desejado, que está atrelado ao estado de degradação da área e à disponibilidade de recursos para investir na recuperação, e principalmente, a dedicação que será disposta, pois nenhum forma de recuperação terá resultados positivos se não tiver acompanhamento e os devidos cuidados. As metodologias descritas a seguir foram pesquisadas pelo Projeto Matas Ciliares. As informações dispostas são com base na experiência do projeto, que adotou uma forma mais simples para implantação, visando à redução de custos, não impedindo que aprimoramentos possam ser realizados. A adoção de uma metodologia não necessariamente deverá ser isolada. A combinação de técnicas é bem vinda, pois acelerará ainda mais a recuperação. Como exemplo, pode ser sugerido a utilização do plantio de mudas + semeadura direta ou semeadura a lanço + poleiros artificiais, dentre outras, que poderão ser testadas. No entanto, o mais importante, com certeza, é você ter tomado a iniciativa de recuperar sua área, seja mata ciliar ou reserva legal. Essa atitude estará contribuindo para a oferta de água e ar de qualidade, e consequentemente com a melhoria da qualidade de vida de todos os seres vivos.


4 POLEIROS ARTIFICIAIS

Conceito: Em áreas degradadas a principal causa da ausência da vegetação está associada a deficiência de sementes, devido aos 12 constantes impactos da retirada da vegetação anterior . Sem vegetação não há mais ambiente para abrigo e alimentação dos animais capazes de dispersar sementes. Dentro deste contexto, oferecer condições atrativas a animais, em áreas degradadas, pode significar um aumento do aporte de sementes no banco de sementes, bem como um aceleramento no processo de recuperação 13 do local . Os poleiros artificiais podem ter um importante papel na entrada das espécies, pois servem de locais estratégicos para pouso entre fragmentos e de esconderijo no caso das aves/morcegos serem atacados por um predador em grandes extensões sem 14 proteção natural . Ao permanecerem nestes locais, os animais defecam, trazendo sementes de espécies provenientes de outras áreas florestais. A diversidade de sementes trazidas pelos dispersores torna possível a sucessão ecológica através da implantação de plantas nucleadoras, cuja função é propiciar a colonização e o desenvolvimento de plantas que exigem melhores condições 12 ambientais para seu desenvolvimento . Para ampliar o comportamento distinto dos animais dispersores, principalmente aves e morcegos podem ser montados, 12 poleiros com formas e funções distintos . Basicamente existem dois tipos de poleiros: ·Poleiros secos: confeccionados através de bambus secos ou qualquer outro tipo de madeira disponível na propriedade, de preferência contendo galhos. ·Poleiros vivos: são aqueles que pode ser feito simplesmente plantando-se uma espécie lianosa de crescimento rápido na base de um poleiro seco. Esse poleiro apresentará um aspecto verde com folhagens que servirão de abrigo e uma maior atração aos dispersores.

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Atenção: Recomenda-se a implantação dos poleiros artificiais para a recuperação de 15. grandes áreas abertas

Vantagens e desvantagens Entre as vantagens podemos citar o constante abastecimento do banco de sementes, através da dispersão, além de uma alta diversidade de espécies. Esta técnica resulta em núcleos de diversidade ao redor dos poleiros que, com o tempo, irradiam-se por toda a área degradada. Dessa forma, observa-se que os poleiros artificiais mostram-se eficazes no aumento da deposição de sementes ornitocóricas, tanto em áreas de agricultura quanto de pastagem. Trabalhos apontam que a riqueza de sementes encontrada em áreas com a utilização de poleiros é de aproximadamente 30% das espécies zoocóricas, o que confirma o potencial dessa técnica para a restauração da forma e função dos ecossistemas originais16. Estudiosos verificaram que, em áreas altamente fragmentadas, os poleiros para avifauna aceleraram a sucessão inicial, aumentando a diversidade de espécies e a quantidade de sementes em 150 vezes, principalmente de espécies pioneiras17. Apesar de acelerar a regeneração, trata-se de um processo demorado. Em áreas que apresentam uma pastagem vigorosa, esse processo torna-se ainda mais lento e pode se tornar oneroso, considerando a necessidade de retirar a braquiária para que as sementes cheguem ao solo e germinem.


Como implantar:

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Para construção de poleiros secos será necessário: · Fixar bambus secos e/ou madeira disponível na propriedade, de preferência com galhos, na área que se quer recuperar, utilizando o espaçamento de 5x10 metros. · Para construção dos poleiros vivos basta plantar uma espécie de cipó ou trepadeira na base do poleiro. ·Independente do poleiro, colocar sob sua base, camada de palha para manter a umidade do solo e matéria orgânica visando à nutrição das plântulas que vierem a emergir ao redor.

Custo de implantação A implantação dos poleiros não apresenta custos relevantes, a não ser o gasto com a mão de obra e aquisição dos bambus. Por ser uma técnica de baixo custo, pode-se, opcionalmente, maximizar sua função, propiciando um ambiente favorável para que as sementes depositadas sob os poleiros possam germinar e produzir plantas nucleadoras. As cercas com mourões também formam poleiros artificiais em pastagens. É comum observarmos núcleos de vegetação sob os mourões, ou mesmo sob o arame, devido à intensa deposição de sementes por aves que ali pousam. Para aproveitar este comportamento das aves, pode-se imitar uma cerca em áreas abertas18.


4 SEMEADURA

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Conceito Um dos fatores considerados mais limitantes para a regeneração natural é a diminuição do abastecimento do banco de sementes do solo, cuja razão é atribuída à falta de alimento e abrigo de animais dispersores. A regeneração também é prejudicada quando o solo está compactado, pois além de dificultar a germinação das sementes, as mesmas podem ser levadas pelas chuvas, através das enxurradas ou sofrer danos causados por outros agentes. Uma das ações emergenciais para o plantio de espécies florestais é o uso da semeadura, cuja função é aumentar a população de algumas espécies que foram reduzidas devido à degradação e promover a 12 cobertura inicial do solo . A semeadura é um sistema de regeneração alternativo, onde as sementes são espalhadas diretamente no local a ser reflorestado, sem a 19 necessidade de formação de mudas . Os métodos pelos quais pode-se fazer a semeadura são: a lanço em toda a área e a semeadura direta em 20 sulcos . Diante dos diferentes trabalhos realizados utilizando a semeadura para recuperação de áreas degradadas, é relevante destacar que os resultados iniciais obtidos já provaram a viabilidade deste 21 método .

É mais indicado que em áreas que contêm a braquiaria vedada a semeadura direta deva ser uma técnica associada com o plantio de mudas

VANTAGENS E DESVANTAGENS È importante lembrar que o solo NUNCA deve ficar descoberto. Nas áreas onde é realizado o coroamento, a braquiaria cortada dever ser devolvida ao local fazendo sua cobertura. Dessa forma, auxiliará a retenção de água pelo solo facilitando o processo de decomposição da matéria orgânica e a sua nutrição.

O método de semeadura em comparação com o plantio de mudas apresenta vantagens e desvantagens, dependendo das situações em que a mesma será executada. As vantagens excedem marcadamente as desvantagens, sendo as principais: - é dispensada a fase de viveiro necessária para a produção de mudas; é evitado o choque do plantio; as raízes originadas diretamente no ponto de semeadura desenvolvem-se melhor do que aquelas plantadas. Por outro lado, as mudas nos dois primeiros anos pós-germinação requerem mais cuidados e tratos culturais adicionais, bem como maior supervisão durante todas as fases.


SEMEADURA A LANÇO

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Essa metodologia consiste no lançamento manual de sementes de diversas espécies diretamente sobre o solo. As espécies que devem ser utilizadas são nativas típicas do ecossistema a ser restaurado e promotoras da sucessão ambiental. A semeadura a lanço é indicada para solos expostos, sendo que em solos que apresentam plantas invasoras, como a braquiária, é necessário a abertura de clarões na vegetação e um direcionamento das sementes para esses clarões. Dessa forma, a semente consegue chegar ao solo e fortalecer o banco de sementes do mesmo.

Como implantar: Em solos expostos e compactados: - Misturar as sementes de diversas espécies dentro de uma sacola - Revolver o solo com o auxilio de uma enxada - Lançar manualmente as sementes da sacola de modo aleatório Em pastagens: - Abrir vários clarões no meio da pastagem com o auxilio de uma enxada - Fazer os clarões com 5 a 6 metros de diâmetro e espaçamento entre elas de 3 mt - Direcionar o lançamento das sementes para esses clarões - Utilizar de 250 a 300 sementes em cada clarão

Vantagens e desvantagens: Os fatores ambientais são decisivos para a germinação de sementes. Por exemplo, a competição e o sufocamento das sementes por gramíneas é um fator limitante para o seu desenvolvimento, mostrando a necessidade de manejo da gramínea após a semeadura, atividade fundamental para o sucesso deste método. Considerando isso, a metodologia exige gastos com a manutenção das plântulas até a sua adaptação no meio, porém ocorrem vantagens no fortalecimento do banco de sementes, necessário para a formação da vegetação a longo tempo. Em compensação utilizar apenas esta metodologia como forma de recuperação, em muitos casos, não apresenta resultados satisfatórios, inclusive pelo processo ser muito lento. É interessante associá-las com outras técnicas de recuperação.


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SEMEADURA DIRETA A semeadura direta consiste no plantio de sementes diretamente no solo, dentro de sulcos abertos e cobertas com uma fina camada de terra, suficiente para protegê-la da incidência dos raios solares. Em área com alta densidade de braquiaria é realizado um coroamento em volta dos sulcos para facilitar a emergência das plântulas e a sua manutenção pós-germinação, garantindo o desenvolvimento das mudas. Por se tratar de uma técnica essencial para a retomada da resiliência ambiental18, a semeadura direta, tradicionalmente, utiliza coquetéis de sementes de diversos extratos: arbóreos, arbustivos, herbáceos e cipós/trepadeiras. Essa mistura favore o melhoramento das condições edáficas da área degradada, permitindo a instalação de espécies mais exigentes no local. Neste sentido, cada espécie atua como elemento nucleador, propiciando o desenvolvimento não somente de espécies vegetais, como também de animais e microorganismos. Dentro dos métodos alternativos de recuperação, a semeadura direta é uma técnica promissora, apresentando bons resultados iniciais quanto ao custo de implantação e o estabelecimento das espécies, expressando assim a necessidades e a importância de aprimoramento para potencializar o seu uso. Recomenda-se que a braquiaria seja retirada e substituída por gramíneas anuais nativas, pois as mesmas apresentam baixo níveis de alelopatia, onde após contribuir para a cobertura do solo e acumulo de matéria orgânica, cede espaço a novas 15 espécies, dando continuidade a sucessão ecológica .

A princípio, a semeadura direta, é uma técnica recomendada somente para algumas espécies, apresentando resultados favoráveis em áreas 22 degradadas .

Como implantar: Solos expostos: - Fazer sulcos em uma linha contínua e em nível, com 2 a 5 cm de profundidade; - Dar um espaçamento de 2 m de uma linha a outra; - Abrir sulcos em linhas perpendiculares às primeiras; - Misturar diversas espécies de sementes dentro de uma sacola; - Espalhar as sementes dentro dos sulcos de uma forma que se estabeleça em torno de 50 sementes/metro; - Cobrir as sementes com pouca terra; - Proteger os sulcos com palhas. Pastagens: - Realizar o coroamento na pastagem com 1 m de largura com linhas direcionadas em níveis; - Em meio do coroamento, abrir o sulco, ficando 50 cm de largura de cada lado; - Em seguida, utilizar a metodologia descrita acima para a disposição das sementes e cobertura do solo.


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Vantagens e desvantagens: A semeadura direta de espécies arbóreas no campo apresenta como principal vantagem a redução dos custos de implantação de povoamentos florestais. Mas, a princípio, é uma técnica recomendada somente para algumas espécies, apresentando resultados 20 bastante favoráveis em áreas degradadas, de difícil acesso e com grande declividade do terreno . No entanto, para garantir uma maior população de plantas é necessário que se trabalhe com atenção redobrada, principalmente na fase inicial de estabelecimento, pois as maiores perdas acontecem na fase de plântula.

COLETA DE SEMENTES As coletas dos frutos para a retirada das sementes devem ser realizadas em áreas de matas nativas, contínuos ou fragmentos, de preferência próximos da área que se pretende recuperar, priorizando não só as espécies arbóreas, mas também as arbustivas, herbáceas, entre outras que compõem a vegetação do local. As sementes estão contidas em frutos dos mais variados tipos e geralmente devem ser retiradas para serem semeadas. Entretanto, em alguns casos, pode ser usado o próprio fruto para a semeadura, pois não há necessidade de retirar a semente do seu interior ou, são simplesmente, impossíveis. Geralmente as sementes possuem curta viabilidade e por isso 23 devem ser plantadas logo que colhidas , principalmente frutos úmidos e moles, como por exemplo, o ingá. Como a coleta deve ser realizada anualmente, para se obter uma grande diversidade de espécies, e considerando que o plantio é recomendado nos meses chuvoso, é necessário o armazenamento das sementes por um determinado período. Para isso, é recomendada a utilização de sacos de jornal ou de nylon, que permitem a transpiração das sementes sem armazenamento de água, o que poderia provocar o aparecimento de fungos. É importante que o armazenamento seja realizado pelo menor tempo possível para não perder a viabilidade das sementes coletadas.


31 4 PLANTIO DE

MUDAS NATIVAS

A associação do plantio de mudas e de sementes é uma maneira de se diversificar as espécies plantadas e também é importante para a reconstituição do banco de sementes do local, favorecendo a formação de uma floresta e diminuindo a possibilidade de formação de bosques.

Conceito: Quando o solo está muito degradado, onde não há indícios do banco de sementes e nem fonte de sementes próximas, será necessário realizar o plantio de mudas nativas. A escolha das espécies que deverão ser usadas na recuperação de uma dada área representa uma das principais garantias de sucesso da recuperação. No entanto, durante o surgimento e a evolução de uma floresta, as espécies demonstram exigências ambientais muito especificas, onde o simples plantio de 24 espécies da flora regional não garante a sobrevivência dessas mudas e a reconstrução florestal do local . As florestas se organizam através de um processo de sucessão ecológica, onde as pioneiras (plantas de sol) se desenvolvem oferecendo condições mais favoráveis para o desenvolvimento de espécies mais exigentes, as clímax (plantas de sombra). Antes de plantar as mudas, é necessário saber qual o melhor local para ela, observar condições de luz, água e nutrientes (vide tabela de sugestão de espécies no final da cartilha). Na recuperação de áreas degradadas normalmente são utilizados plantios de reflorestamento, onde os espaços entre as mudas são de 1,5 m a 2 m. No entanto, em áreas ocupadas com a braquiária, é necessário fazer um plantio mais adensado, utilizando espaçamentos menores (1,0 x1,5), com o objetivo de fornecer sombreamento rápido para combater o capim. Tomando de exemplo uma floresta nativa, não é necessário fazer o plantio adensado em linhas ou curvas de níveis, basta ficar atento com a formação de corredores para as águas, que pode acarretar um futuro processo de erosão. Para o primeiro plantio é interessante utilizar um número bem maior de pioneiras, onde as plantas secundárias e clímax deverão ser plantadas próximas de outras que tenha crescimento rápido, com a intenção de fornecer melhores condições ambientais a elas. Caso o solo esteja muito compactado a cova pode ser maior do que o sugerido e preenchida com uma terra mais fofa para facilitar o desenvolvimento inicial das raízes.

É importante observar o estado das mudas que serão implantadas no campo, dando preferência a mudas “jovens” com folhas bem vistosas e que não possuem suas raízes enoveladas dentro dos tubetes.


A experiência do projeto mostrou que mudas em tubetes apresentaram uma melhor adaptação em área degradada, por apresentarem menor exigência em relação à umidade e a nutrientes.

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Como implantar: - Realizar um coroamento com 1,0 m de diâmetro; - Fazer a cova no meio do coroamento (o tamanho da cova depende do tamanho da muda); - Caso o solo esteja muito compactado, é interessante realizar uma cova maior e devolver a terra para facilitar o desenvolvimento inicial das raízes. - Retirar a muda da embalagem com cuidado para não desfazer o torrão de terra de suas raízes, se caso a muda for de saquinho; as mudas em tubetes devem ser retiradas com cuidado, apertando levemente o tubete, para não danificar as raízes. - Colocar a muda na cova preenchendo-a com a terra que foi retirada; - O início do caule deve ficar rente e perpendicular ao solo; - Pressionar a terra que foi colocada para firmar a muda no chão e não deixar espaços entre as raízes e o solo; - Cobrir o solo com palha para não deixá-lo exposto; - Molhar as mudas para retirar o ar entre as raízes e o solo.

Para evitar que a muda prejudique seu desenvolvimento com a mudança repentina de ambiente, é interessante fazer a climatização das mudas antes de serem transplantadas para o campo. A climatização é realizada diminuindo diariamente a quantidade de água oferecida às mudas antes de serem transplantadas.

Vantagens e desvantagens: O plantio de mudas de espécies nativas é um modelo tradicional de recuperação de áreas degradadas, oferecendo resultados mais rápido em relação as outras metodologias. Porém o processo de produção de mudas por viveiros ou mesmo pelo próprio proprietário torna a metodologia bastante onerosa. Como todas as outras técnicas, o plantio de mudas exige cuidados com a manutenção após o plantio, tornando ainda mais oneroso o processo.


4 REGENERAÇÃO NATURAL

Conceito

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Através da regeneração natural, as florestas apresentam capacidade de se recuperarem de distúrbios naturais ou antrópicos. Quando uma determinada área de floresta sofre um distúrbio, como a abertura natural de uma clareira, um desmatamento ou um incêndio, a sucessão secundária se encarrega de promover a colonização da área aberta e conduzir a vegetação através de uma série de estágios sucessionais, caracterizados por grupos de plantas quer vão se substituindo ao longo do tempo, modificando as condições ecológicas locais até chegar a uma comunidade bem estruturada e mais estável. A sucessão secundária depende de uma série de fatores como a presença de vegetação remanescente, o banco de sementes no solo, a rebrota de espécies arbustivo-arbóreas, a proximidade de fontes de sementes e a intensidade e a duração do distúrbio. Assim, cada área degradada apresentará uma dinâmica sucessional específica. Em áreas onde a degradação não foi intensa e o banco de sementes não sofreu alterações, a regeneração natural pode ser suficiente para a restauração florestal. Nestes casos, torna-se imprescindível eliminar o fator de degradação, ou seja, isolar a área e não praticar qualquer atividade de cultivo. Em alguns casos, a ocorrência de espécies invasoras, principalmente gramíneas exóticas como o capim braquiária e trepadeiras, pode inibir a regeneração natural das espécies arbóreas, mesmo que estejam presentes no banco de sementes ou que cheguem na área, via dispersão. Nestas situações, é recomendado uma intervenção no sentido de controlar as populações de invasoras agressivas e estimular a regeneração natural. A regeneração natural tende a ser a forma de recuperação de mata ciliar de mais baixo custo, entretanto, é normalmente um processo lento. Se o objetivo é formar uma floresta em área ciliar, num tempo relativamente curto, visando a proteção do solo e do curso d'água, determinadas técnicas que acelerem a sucessão devem ser adotadas.

Como implantar: - Analisar a capacidade de regeneração natural da área; - Em caso positivo, isolar a área; - Caso a área apresente plantas invasoras, realizar o coroamento em volta das mudas que estão se estabelecendo.

Vantagens e desvantagens: O tempo de recuperação varia conforme a capacidade de regeneração natural da área. Em áreas onde a capacidade de regeneração é acentuada e não ocorrem plantas invasoras que prejudique o desenvolvimento das mudas, essa metodologia oferece bons resultados em curto prazo. Nessas condições, ela não exige mão- de -obra para a implantação e manutenção, sendo a metodologia mais viável economicamente. Em áreas de pastagens a visualização dos resultados é mais lenta e exige uma dedicação maior, considerando que para acelerar o processo é necessário limpar em volta das mudas, permitindo assim seu desenvolvimento. Inclusive, existem áreas onde o pasto é vedado tornando-se impossível o estabelecimento da regeneração. Apesar de, em alguns casos, existir a necessidade de manejo provocando uma demanda de custos, a metodologia apresenta-se menos onerosa que as apresentadas anteriormente.


4. Acompanhamento e cuidados após o plantio24

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Consiste nos cuidados a serem tomados após o plantio e sempre que se fizerem necessários, envolvendo o tutoramento das mudas, combate de formigas cortadeiras, irrigação quando as condições climáticas forem desfavoráveis, capinas ou roçadas, nas entrelinhas ou ao longo das linhas de plantio, ou ainda, coroamento individual ao redor das mudas.

Uma outra prática recomendada é a inspeção períodica para controle preventivos, mantendo as plantas sempre livres de ramos doentes ou atacados por pragas, efetuando podas de limpeza e destruindo o material contaminado.


Referências Bibliográficas

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Agradecimentos

A equipe do IASB teve a imensa satisfação de trabalhar em conjunto com diversos parceiros, que não só prestou apoio a instituição, mas também ofereceram seu tempo, esforço, compreensão e dedicação para que chegássemos aos resultados alcançados pelo projeto. A todos, muito obrigada!

Bonito/MS Parque Nacional da Serra da Bodoquena

Secretaria Municipal de Meio Ambiente


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Anexo 1

Planilha com Custos Estimados para a recuperação de 01 hectare - 1º ano (em R$/hectares).

Isolamento da área Mão - de - obra para a coleta de sementes Mudas em tubetes Mão - de - obra para o preparo Mão - de - obra para o plantio

Poleiros Artificiais 2.880,00 60,00 -

Semeadura a Lanço 2.880,00 360,00 60,00 -

Semeadura Direta 2.880,00 360,00 450,00 150,00

Plantio de mudas 2.880,00 4.000,00 450,00 300,00

Regeneração Natural 2.880,00 -

TOTAL

2.940,00

3.300,00

3.840,00

7.360,00

2.880,00

Observações:

4Isolamento da área: considerando o cercamento de toda a área de mata ciliar (lados e frente). No valor estão inclusos: mão-de-obra e materiais, como arame, postes, pua, dentre outros). 4Mão-de-obra: valor da diária R$ 30,00. 4Mudas em tubetes: a quantidade de mudas foi calculada considerando o espaçamento de 1,5 x 2,0 metros. O valor é referente ao praticado pelo Viveiro de Essências Florestais de Bonito/MS 4A mão de obra para a manutenção não foi considerada, pois seu valor varia conforme o grau de degradação da área. 4 Como se trata de recuperação em APP, não foi utilizado mecanização.

Anexo 2 Espécies indicadas para recuperação de trechos degradados da vegetação da bacia do rio Mimoso Nome Popular Figueira

Nome científico Fícus enormis

Produção de sementes Os frutos amadurecem de dezembro a janeiro.

Taleira

Trema micrantha

Os frutos amadurecem em janeiro-maio.

Guajuvira

Patagonula americana

Os frutos amadurecem em novembro e dezembro.

Marinheiro

Guarea guidodonia

Os frutos amadurecem em novembrodezembro.

Canjarana

Cabralea canjarana

Os frutos amadurecem mais de uma época, predominando em agostonovembro.

Cedro

Cedrela Fissilis

Os frutos amadurecem em junho-julho e fevereiro-março.

Ipê - roxo

Tabebuia avellanedae

Os frutos amadurecem em agostonovembro.

Informações Ecológicas Planta seletiva xerófita e heliófita, característica da mata pluvial Atlântica. Desenvolve-se sobre fendas de pedras e quando pequenas sobre outras plantas como em palmeiras. Pioneira. Ocorre em todos os tipos de ambientes exceto os muito úmidos. Necessita de muita luz (heliófita). Planta decídua, heliófita, pioneira. Prefere solos profundos e úmidos. É encontrada tanto em mata primaria como em capoeiras. Seletiva higrófita. Características das matas de galerias. Sua diserção é maior em formações secundárias localizadas ao longo dos rios, planícies aluviais e fundo de vales. Necessita de muita luz (heliófita). Apesar de ser mais comum na floresta primária, pode também ser encontrada como planta pioneira e secundária nas capoeiras e capoeirões. Prefere solos argilosos e úmidos de encostas, uma vez que é rara em terrenos secos. Necessita de muita luz (heliófita). Árvore na mata primária, características de várzeas úmidas e inundáveis. Apresenta boa regeneração natural nas capoeiras. Necessita de muita luz (heliófita). Seletiva xerófita. Clímax. Apresenta dispersão ampla, porém de ocorrência esparsa, tanto na mata primária densa como nas formações secundárias. Necessita de muita luz (heliófita).


Nome Popular Embiruçu

Nome científico Pseudobombax tomentosum

Produção de sementes Os frutos amadurecem em agostooutubro.

Chico - magro

Guazuma ulmifolia

Frutos amadurecem em agostosetembro. Os frutos amadurecem na estação chuvosa (maio-julho).

Ingá de pobre

Samanea tubulosa

Angico vermelho

Anadenanthera macrocarpa

Os frutos (vagens) amadurecem em agosto-setembro.

Carne de vaca

Combretum leprosum

Os frutos amadurecem a partir de agosto.

Ximbuva

Samanea tubulosa

Os frutos amadurecem no final da estação chuvosa (maio-julho).

Manduvi

Sterculia striata

Os frutos amadurecem nos meses de junho-agosto.

Barba timão

Stryphnodendron pulcherrimumOs frutos amadurecem em de janeiro a fevereiro.

Cumbaru/Baru

Dipteryx alata

Jenipapo

Genipa americana

Ipê / Para tudo

Tabebuia aurea

Tingui/ Timbó

Magonia Pubescens

Os frutos amadurecem em agostosetembro.

Aroeira

Myracrodruon urundeuva

Farinha seca

Albizia hasslerii

Os frutos amadurecem no final do mês de setembro, prolongando-se até outubro. Os frutos amadurecem nos meses de setembro-outubro.

Peroba – rosa

Aspidosperma cylindrocarpon

Os frutos amadurecem em agostosetembro.

Bocaiúva

Acrocomia aculeata

Os frutos amadurecem em setembrojaneiro.

Amoreira

Maclura tinctoria

Os frutos amadurecem em dezembrojaneiro.

Caroba

Piúva

acarandá cuspidifolia

Tabebuia heptaphylla

Os frutos amadurecem em setembrooutubro. Os frutos amadurecem de novembro a dezembro. . Os frutos amadurecem no final de setembro até meados de outubro.

Os frutos amadurecem em agostosetembro. Os frutos amadurecem em setembro até o início de outubro.

Informações Ecológicas Necessidade de sombra e alta taxa de nutrientes no solo. Estabiliza-se em solo arenoso ou argiloso, porém fértil e profundo. Necessita de muita luz (heliófita). Pioneira. Necessita de muita luz (heliófita). Estabiliza-se em áreas abertas como colonizadora em várzeas aluviais e beiras de rios, onde o solo é bem suprido de água e de boa fertilidade. Necessita de muita luz (heliófita). Pioneira. Características das capoeiras e florestas secundárias situadas em terrenos arenosos e cascalhentos. Ocorre preferencialmente em terrenos altos e bem drenados. Necessita de muita luz (heliófita). Pioneira. Ocorre preferencialmente em capoeira e capoeirões de terrenos argilosos, calcários, bem drenados e férteis. Necessita de muita luz (heliófita). Pioneira. Ocorre preferencialmente em capoeiras e áreas abertas como colonizadora em várzeas aluviais e beira de rios, onde o solo é bem suprido de água e de boa fertilidade. Necessita de muita luz (heliófita). Ocorre preferencialmente em terrenos profundos e bem drenados, tanto em formações primárias como secundárias. Necessita de muita luz (heliófita). Pioneira. Ocorre preferencialmente em capoeira e capoeirões de terrenos elevados, arenosos ou argilosos bem drenados e de média fertilidade. Necessita de muita luz (heliófita). Característica de terrenos secos do cerrado e da floresta latifoliada semidecídua. Necessita de muita luz (heliófita). Ocorre em terrenos muito úmidos. Necessita de muita luz (heliófita). Ocorre em terrenos bem drenados no cerrado e, em agrupamentos quase homogêneos em solos muito úmidos ou até pantanosos no pantanal e na catinga. Necessita de muita luz (heliófita). Ocorre em moderada frequência tanto em formações primárias como secundárias, porém sempre em terrenos altos e bem drenados. Necessita de muita luz (heliófita). Característica de terrenos secos e rochosos. Necessita de muita luz (heliófita). Pioneira. É encontrada tanto no interior da floreta primária densa, como em formações abertas e secundárias. Necessita de muita luz (heliófita). Ocorre tanto no interior da floresta primária densa, como em formações abertas e secundárias. Necessita de muita luz (heliófita). Pioneira. Características de solos férteis localizados em vales e encostas da floresta mesófita semidecídua. Necessita de muita luz (heliófita). Seletiva higrófita. Pioneira. É encontrada com mais freqüência nas formações secundárias e matas abertas. Ocorre principalmente em solos úmidos de planícies aluviais e início de encostas. Necessita de muita luz (heliófita). Pioneira. Seletiva xerófita. Característica de encostas rochosas da floresta latifoliada e transição para o cerrado. Necessita de muita luz (heliófita). Característica da mata primária na floresta pluvial atlântica. Necessita de muita luz (heliófita).

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Nome Popular Louro-preto

Nome científico Cordia glabrata

Produção de sementes Os frutos amadurecem em setembrooutubro. Os frutos amadurecem em setembrooutubro.

Louro-pardo

Cordia sellowiana

Jaracatiá

Jaracatiá spinosa

Os frutos amadurecem em janeiromarço.

Seputá

Salacia elliptica

Os frutos amadurecem em novembrojaneiro

Alazão

Terminalia triflora

Lixeira

Curatella americana

Os frutos amadurecem em outubronovembro. Os frutos amadurecem em outubronovembro.

Capitão

Terminalia argentea

Os frutos amadurecem quase simultaneamente com o novo florescimento.

Canafístula

Pultophorum duibium

Os frutos amadurecem em março-abril.

Guatambu vermelho Vinhático

Aspidosperma parvifolium

Os frutos amadurecem em julho-agosto.

Plathymenia reticulata

Os frutos amadurecem em agostosetembro.

Didaleira

Lafoensia pacari

A maturação os frutos ocorre durante os meses de abril-junho.

Jacarandá

Jacaranda cuspidifolia

Os frutos amadurecem nos meses agosto-setembro.

Mamica - de cadela

Zanthoxylum rhoifolium

Os frutos ocorrem nos meses de março-junho.

Sangra -d’água

Cróton urucurana

Os frutos amadurecem em fevereiro prolongando-se até julho.

Castelo

Calycophyllum multiflorum

Os frutos amadurecem de junho a setembro e em novembro.

Ingá

Ingá marginata

Os frutos amadurecem em marçomaio.

Cabriteiro

Immotum nitens

Os frutos amadurecem em setembro-dezembro.

Amendoim bravo

Pterogyne nitens

Os frutos amadurecem nos meses de maio-junho.

Pororoca

Rapanea ferrugenea

Os frutos amadurecem em fevereiro-março.

Informações Ecológicas Seletiva xerófita. Características das formações decíduas. Necessita de muita luz (heliófita). Prefere terrenos enxutos e profundos, tanto nas formações secundárias como no interior da mata primária densa. Necessita de muita luz (heliófita). Pioneira. Ocorre tanto no interior da mata primária densa como em clareira, beira de matas e m formações secundárias em estágios adiantados da sucessão vegetal. Necessita de muita luz (heliófita). Seletiva higrófita. Secundária. Ocorre preferencialmente em formação secundárias de várzeas sobre solos argilosos e ricos em matérias orgânicas. Necessita de muita luz (heliófita). Indiferente às condições físicas do solo. Necessita de muita luz (heliófita). Seletiva xerófita. Ocorre em grandes populações em determinadas áreas e faltando completamente em outras. Necessita de muita luz (heliófita). Seletiva xerófita. Ocorre preferencialmente em topos de morros altos e alto de encostas onde o solo é bem drenado, tanto na mata primária como em formações secundárias. Necessita de muita luz (heliófita). Pioneira. Ocorre preferencialmente em solos argilosos úmidos e profundos de beiras de rios, tanto na floresta primária densa como em formações secundárias. Necessita de muita luz (heliófita). Característica da floresta pluvial da encosta atlântica. Necessita de muita luz (heliófita). Seletiva xerófita. Ocorre preferencialmente em terras altas de fácil drenagem (solos arenosos), tanto em formações primárias como secundárias. Necessita de muita luz (heliófita). Indiferente às condições físicas do solo. Característica das florestas de altitude. Necessita de muita luz (heliófita).

Seletiva xerófita. Características de encostas rochosas da floresta latifoliada e transição para o cerrado. Necessita de muita luz (heliófita). Seletiva xerófita até mesófita. Característica da mata pluvial atlântica. É mais freqüente em matas primárias. Necessita de muita luz (heliófita). Pioneira. Seletiva higrófita. Características de terrenos muito úmidos e brejosos. Necessita de muita luz (heliófita). Planta decídua, heliófita e seletiva xerófita. Ocorre em solo argilosos bem drenados e ricos em cálcio. Rebrota com facilidade quando queimada ou cortada. Seletiva higrófita. Pioneira. Ocorre preferencialmente na vegetação secundária, situada em solos úmidos. Necessita de muita luz (heliófita). Seletiva xerófita. Secundária. Ocorre preferencialmente em formações secundárias de terrenos elevados onde o solo é fértil e bem drenado. Necessita de muita luz (heliófita). Pioneira. Ocorre apenas em áreas úmidas com vegetação florestal. Necessita de muita luz (heliófita). Seletiva xerófita. Secundária. Ocorre preferencialmente no interior da mata primária e

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