PROJETO NORDESTINHO Trabalhando Cordel e Xilogravura com Crianรงas Iasmin Mendes
Capa: Marcela Nohama
SUMÁRIO
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Introdução
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Parte 1 – Cordel
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O que é cordel?
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Cordéis para crianças
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Leitura dos cordéis
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Baú de cordéis
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Parte 2 – Xilogravura
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O que é xilogravura?
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Isogravura
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Estética da Xilogravura em Cerâmica
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Conclusão
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INTRODUÇÃO Este e-book surgiu a partir de uma experiência feita em uma escola bilíngue na cidade de Campina Grande – Paraíba, com crianças entre 4 e 7 anos. A escola, que trabalha bastante o eixo global, se preocupou em trazer a cultura e arte locais para seus alunos. O projeto Nordestinho aconteceu em formato de oficina com encontros semanais. Nestes encontros, os alunos liam cordéis, discutiam sobre símbolos da cultura nordestina (comida, brincadeiras, artistas etc), produziam artes inspiradas na xilogravura etc, estreitando, assim, seus laços com o lugar onde vivem. A proposta do e-book é compartilhar algumas atividades feitas nesta oficina de forma a fomentar o desenvolvimento delas (e muitas outras que podem ser criadas a partir delas) em outras escolas. Que o gosto pela cultura popular se espalhe por entre nossas crianças!
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Parte 1
Cordel 4
O QUE É CORDEL?
O cordel é um tipo de literatura que se convencionou no formato de folheto. Tem rimas e métrica bem marcadas e, no Brasil, se tornou popular por ser declamado e vendido em feiras. Para saber um pouco mais sobre do cordel, leia o Cordel do Cordel, escrito por Merlânio Maia e assista aos vídeos de César Obeid.
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CORDÉIS PARA CRIANÇAS
Uma das dificuldades que tive no começo do projeto foi encontrar cordéis apropriados para crianças da educação infantil, pois os folhetos são, geralmente, longos e com temas que ou não chamam atenção das crianças ou são inapropriados para a idade com que trabalhei. Compartilho, portanto, alguns cordéis e cordelistas que usei ao longo da oficina.
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Livro: O pequeno príncipe em cordel O pequeno príncipe de Antoine de Saint-Exupéry é uma das obras mais conhecidas
no universo infantil. Sua versão em cordel resultou em um livro delicioso escrito por Josué Limeira, com ilustrações belíssimas de Vladimir Barros. Utilizei este livro para introduzir a oficina. Primeiramente perguntei se as crianças conheciam o pequeno príncipe, depois fiz uma contação de um dos capítulos e perguntei se elas perceberam algo de diferente na história. Eles logo perceberam o ritmo, as rimas e a métrica característicos do cordel e foi então que eu apresentei o baú dos cordéis repleto de folhetos. Consegui alguns cordéis bem antigos e eles ficaram bastante entusiasmados em folheá-los.
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Cordelista: Mariane Bigio A partir das minhas pesquisas pela internet, encontrei o projeto Cordel Animado, das irmãs Mariane e Milla Bigio. O canal do projeto no YouTube tem vários vídeos de cordéis para crianças contados por Mariane. O preferido das crianças do Projeto Nordestinho foi a bagunça dos brinquedos. Além do canal, Mariane tem um site, no qual disponibiliza algumas de suas criações e vende seus livros e folhetos.
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Cordelista: Abidias Campos
Além dos cordéis da Mariane, também utilizei os cordéis do Abidias Campos. Em seu site, ele também disponibiliza suas obras para venda, além de disponibilizar seu audiolivro, com cordéis autorais e outros escritos por Ana Raquel Campos.
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LEITURA DOS CORDÉIS Todo encontro da nossa oficina envolvia a leitura de um cordel, além de atividades relativas ao texto que foi lido. A apresentação do cordel era feita, em geral, de duas formas. a) Contação de histórias A contação de histórias é um método extremamente envolvente que vem sendo experimentado por vários educadores. A contação de cordéis é uma experiência maravilhosa, principalmente quando o cordel é tipo mote e as crianças participam declamando os versos que se repetem ao longo da contação. Contação de histórias são experimentações e cada professor pode descobrir seu jeito de fazer: com ou sem o livro em mãos, com instrumentos musicais, com 10
elementos suportes etc. A Lívia Alencar, em seu canal do YouTube dá várias dicas para quem quer fazer contação de histórias. b) Leitura coletiva (para crianças alfabetizadas ou em processo de alfabetização). Caso as crianças já saibam ler, é interessante fomentar o gosto pela leitura nelas e uma das maneiras possíveis é envolvendo-as em uma leitura coletiva. Cada criança, sem obrigatoriedade, pode ler uma estrofe. É interessante perceber como, ao longo do projeto, as crianças vão compreendendo que a leitura de um cordel – ou outro texto com versos e rimas – é feita de forma diferente de textos corridos.
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BAÚ DOS CORDÉIS O baú dos cordéis era, à princípio, uma caixa de sapatos onde eu colocava os livros, cordéis e qualquer outro elemento que iria usar na oficina, para causar o efeito de mistério que crianças adoram. Entretanto, deixou de ser apenas uma caixa de sapatos, quando os próprios alunos o decoraram com xilogravuras produzidos por eles – a partir da técnica de isopogravura. O resultado foi este:
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O fato de que as próprias crianças ornamentaram a caixa, a tornou muito mais especial, de forma que eles sempre procuravam e mostravam aos colegas a arte que eles tinham feito. Além disso, o baú possibilita a formação de uma rotina relativa à oficina. Pois quando ele aparecer, as crianças já sabem que está na hora de falar sobre cordel e xilogravura.
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Parte 2
Xilogravura 14
O QUE É XILOGRAVURA A xilogravura é uma técnica antiga de fazer gravura com madeira. Para isso, o artista entalha a madeira, deixando em relevo a parte que pretende reproduzir, depois é só passar tinta e pressionar a madeira sobre a superfície onde pretende deixar sua arte. No Brasil, a xilogravura se tornou a arte relacionada à literatura de cordel. Para saber um pouco mais sobre a xilogravura você pode assistir a este vídeo.
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ISOGRAVURA A isogravura é uma técnica similar à xilogravura, mas que é feita com isopor e é, portanto, muito segura para fazer com as crianças. Você vai precisar de: - Bandejas de isopor; - Rolinhos para tinta; - Lápis; - Tinta; - Papel. Como fazer: As crianças devem fazer seu desenho pressionando o lápis sobre o isopor. Deve-se pressionar com força, tendo apenas cuidado para não rasgar a bandeja. As crianças 16
podem ter certa dificuldade de início, mas nada que a prática não ajude. Depois, passase a tinta com o rolinho por toda a superfície e passa a arte para o papel ofício, como um carimbo. Qualquer dúvida, é só dar uma olhada nesta demonstração. Eu costumava utilizar a isogravura para que as crianças criassem uma arte para um cordel que a gente tinha lido ou para expor. O baú de cordéis também foi feito utilizando esta técnica.
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ESTÉTICA DA XILOGRAVURA EM CERÂMICA Outra forma com a qual trabalhamos a xilogravura foi partindo de sua estética e não da sua técnica. Você vai precisar de: - Superfície de cerâmica; - Cotonetes; - Tinta preta; - Pincel. Como fazer: Para esta atividade, o professor precisa de certa preparação antes da aula. Usando a tinta preta, ele ou ela deve pintar a superfície de cerâmica e deixa-la secar. As crianças, utilizando cotonete úmido, devem desenhar sobre a pintura preta, fazendo aparecer sua arte. O resultado você pode ver na página seguinte. 18
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CONCLUSÃO
O meu intuito com este e-book foi compartilhar essa experiência deliciosa e, quem sabe, incentivar outros projetos e atividades que envolvem cultura popular e infância. Caso você tenha experiências nesta área ou desenvolva alguma das ideias que conheceu aqui no e-book, eu vou ficar muito feliz em ler sobre. Manda um e-mail em: iasminabmendes@gmail.com. Qualquer dúvida ou comentário será também muito bemvinda. Iasmin Mendes
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