Agenda Bahia 2011 - Turismo

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ANDREA FARIAS

A baiana Jacilene Monteiro dos Santos aposta na Copa de 2014

Bahia conectada Especialistas defendem mais do que o sorriso no atendimento ao turista: qualificação e profissionalismo são exigências do mundo globalizado

Agenda

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BAHIA

PAT R O C Í N I O

A P O I O

I N S T I T U C I O N A L

G LO B A L

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Agenda em debate MARINA SILVA

Agenda Bahia reuniu cinco palestrantes e nove debatedores. Confira principais ações apontadas por executivos, especialistas e autoridades para o Turismo, com foco na Copa de 2014

Desafios - Qualificação da mão de obra e do empresário de todos os segmentos envolvidos com o turismo -Usar a Copa como estratégia para alavancar grandes negócios, empreendimentos e modernização da infraestrutura no estado - Equipar as praias e reformar pontos turísticos como o Pelourinho -Modernizar os principais destinos com potencial turístico

Simpatia com atendimento 10 Agenda Bahia debate ações para turismo na Copa de 2014 Rachel Vita O sorriso e a simpatia levam vantagem no campo do adversário. Mas para avançar no ataque e fazer um gol nessa Copa a Bahia precisa, além das obras de infraestrutura, qualificar e profissionalizar o turismo em todo o estado. Essa foi a conclusão do último seminário Agenda Bahia, tema Turismo, voltado para o Mundial de futebol, que reuniu empresários, governo e acadêmicos no auditório da Fieb (Federação das Indústrias do Estado da Bahia).

A escolha de um destino, lembram os especialistas, passa pela beleza natural do lugar, por seu patrimônio histórico, mas o turista quer também se deslocar sem problemas pela cidade e ser bem recebido - com segurança. Apenas a ‘brodagem’, como alertou o presidente da Abav, Pedro Galvão, não funciona para quem chega de fora e tem um mundo de opções para escolher. O governo do estado garantiu que tem projetos e que os prazos serão cumpridos. A prefeitura apresentou, pela primeira vez, no seminário o Plano de Desenvolvimento Integrado Sustentável, mas afirmou não ter verba para executá-lo. Durante o debate, que reuniu os representantes da área de Turismo, o secretário Domingos Leonelli sinali-

zou que poderá colaborar com o município em Salvador. Mas os especialistas alertaram para um detalhe: com menos de mil dias para os jogos, nesse segundo tempo do jogo, o cronômetro não para de rodar. E o tempo é curto para aproveitar a chance de ouro de ter grandes eventos (o outro, a Olimpíada) no mesmo país. No seminário, Leonelli anunciou que a redução do ICMS dos combustíveis para aviação será renovada para estimular o turismo regional. O presidente da Trip, José Mario Caprioli, garantiu que Barreiras terá uma nova rota para Salvador. Todas as ações debatidas no Agenda Bahia, visando o desenvolvimento sustentável do estado, serão apresentadas este ano às autoridades públicas. Em 2012, tem mais.

Vantagens - 45 mil leitos hoteleiros de padrão internacional - Localização privilegiada, com a maior baía tropical do Brasil - Forte apelo cultural, ecológico e histórico - Forte apelo também para atração de cruzeiros, esportes radicais e turismo de negócios - Malha aérea diversificada - Cinco centros de convenção

Como avançar - Investimento em políticas que estimulem a inovação do setor e a qualificação da mão de obra e do empresário - Desenvolvimento de outras atividades, como agricultura e artesanato, para abastecer a cadeia turística, incrementando a economia regional - Ampliar rotas de avião para estimular turismo regional - Cumprir prazos das obras de olho na Copa

expediente Diretor de redação: Sergio Costa (sergio.costa@redebahia.com.br) Edição: Rachel Vita (rachel.vita@hotmail.com) Reportagens Luciana Rebouças (luciana.reboucas@redebahia.com.br), Luiz Francisco (luizfranciscojornalista@gmail.com), Maria José Quadros (maria.quadros@redebahia.com.br) Design: Morgana Miranda (morgana.lima@redebahia.com.br) Tratamento de imagens Raniere Borja Oliveira (raniere.oliveira@redebahia. com.br) e Erlanney Rocha (erlaney.rocha@redebahia.com.br)


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turismo* MARINA SILVA

Desafios -Fazer com que o projeto use toda a área de influência da Baía de Todos os Santos -Atrair investimentos privados na qualidade e volume necessários para transformar a Baía de Todos os Santos em um novo vetor de desenvolvimento econômico -Capacitar mão de obra em todos os segmentos envolvidos e implementar todo o projeto até a Copa de 2014 -Estimular áreas de produção em destinos turísticos para abastecer rede hoteleira e comércio com alimentos e artesanato, por exemplo, incrementando a cadeia produtiva do turismo

Um novo destino Governo quer criar centro náutico e profissionalizar o turismo até 2014 Maria José Quadros Se depender do governo do estado, dentro em breve a Baía deTodososSantosnãoserámais a mesma. Já na época da Copa, a área estará funcionando como um grande centro náutico, atraindo não só um grande fluxo de visitantes, mas também de moradores de Salvador e redondezas. É com esse objetivo que a Secretaria do Turismo da Bahia vem trabalhando com o governo federal e empresas

privadas, inclusive internacionais. Com recursos do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) Nacional e incentivos para atrair investimentos, o projeto busca criar uma infraestrutura completa de turismo náutico na maior baía do Brasil. Entre os principais alvos estão Itaparica, Madre de Deus, Santo Amaro, Nazaré, Maragogipe e São Francisco do Conde. “A Baía de Todos os Santos tem uma óbvia vocação para a náutica e o fato de Salvador ser uma das cidades-sede da Copa vai implementar ainda mais esse potencial”, acredita o secretário de Turismo do estado, Domingos Leonelli. Para a implantação de infraestrutura, o estado conta até agora com US$ 84 milhões

Vamos redescobrir a Baía de Todos os Santos como um espaço para o turismo náutico

de financiamento do Prodetur, dos quais R$ 42 milhões correspondem à contrapartida do Ministério do Turismo. A Bahia arcará com 10% da parte que cabe ao ministério, R$ 4,2 milhões. Os recursos serão aplicados na implantação e requalificação de atracadouros, terminais náuticos e hidroviários, recuperação do patrimônio histórico-cultural de localidades próximas - a exemplo da Escola Agrícola de São Francisco do Conde e do Museu Wanderley de Pinho, em Candeias - qualificação profissional e empresarial. Nessa área, a ideia é promover a fabricação de barcos esportivos e equipamentos, além de artesanato local. Leonelli disse que outra

ideia é implantar um SAC Náutico para agilizar a expedição de documentação ligada ao setor, o rastreamento de embarcações através de chip eletrônico e a implantação da polícia de patrulhamento marítimo. Além disso, está sendo feito um esforço para a atração de investimentos privados para a instalação de marinas, bases de charters e receptivos turísticos. “Vamos redescobrir a Baía de Todos os Santos como um espaço turístico”, aposta o secretário. Ele calcula que 17 municípios do entorno da baía e proximidades serão beneficiados com o incremento do turismo em toda a área. Em Salvador, um ponto que receberá maior atenção no projeto, segundo Leonelli, é a


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JOTA FREITAS/SETUR

Feira de São Joaquim. Ali, tudo será reformado - a saída do primeiro grupo de 400 feirantes para que as obras sejam iniciadas está prestes a acontecer. Eles serão instalados temporariamente em uma área cedida pela Codeba. A velha São Joaquim ganhará visão privilegiada para o mar, o que hoje não ocorre, já que os imóveis do local foram construídos de fundo para a baía. Toda a infraestrutura básica será instalada e o comércio ordenado. TUDO EM CADEIA Está ainda nos planos a requalificação do terminal da Companhia de Navegação Baiana, no Comércio, que passará a ter mais estrutura para atender passageiros que se deslocam para ilhas da Baía, Forte São Marcelo, Morro de São Paulo, Cachoeira e Maragogipe. Leonellidissequeogoverno está fazendo uma pesquisa para integrar economicamente as áreas turísticas da Bahia, estimulando a produção agrícola e industrial. Com isso, pretende fazer com que a população nativa aproveite ao máximo os benefícios do turismo. Hoje, há destinos na Bahia em que todos os alimentos vêm de fora. Para o secretário, não é admissível, por exemplo, que restaurantes e hotéis da Praia do Forte comprem peixe de outros estados.

A Feira de São Joaquim vende de tudo, mas em condições caóticas

DIVULGAÇÃO

Pelo novo projeto da secretaria, a feira terá box para a venda dos produtos e restaurante com vista para o mar


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Chance de ouro MARINA SILVA

País pode realizar qualquer evento se passar no teste da Copa

Desafios -Melhorar a imagem do Brasil no exterior -Promover o turismo pré e pós-jogos -Dar sobrevida aos equipamentos. Os estádios não podem se transformar em elefantes brancos -Usar a Copa como estratégia para alavancar grandes negócios e empreendimentos -Modernizar as principais cidades com potencial turístico -Fazer da Copa o evento que vai possibilitar a realização de grandes obras de infraestrutura -Estimular o desenvolvimento cultural -Criar uma herança esportiva

Luiz Francisco Doutor em Gestão Esportiva e professor da Universidade de São Paulo (USP), Claudio Rocha disse que o país que consegue sediar uma Copa do Mundo pode organizar qualquer outro grande evento. “As exigências para organizar o Mundial são muito grandes e envolvem obras gigantescas, que vão da construção de um metrô ou de um estádio à ampliação de aeroportos, de um simples alargamento de pista à instalação de uma sofisticada rede de transmissão de dados”, explica. Crítico da falta de planejamento do Brasil para cumprir as obras prometidas à Fifa, o professor afirmou que os megaeventos são importantes para testar a capacidade organizacional dos países. “Os grandes eventos têm data para começar e isto, de alguma forma, ajuda a ‘driblar’ o jeitinho brasileiro de deixar tudo para a última hora”. De acordo com Claudio Rocha, por uma “feliz coincidência”, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos serão realizados em sequência no Brasil. “Temos que aproveitar essa chance. E aprender com o exemplo de países como os Estados Unidos, que planejaram as duas competições muito bem, comercializaram pacotes turísticos antes, durante e depois dos eventos e, ainda,

no de encargos encaminhado à Fifa, Claudio Rocha foi cético. “Sinceramente, não. A Copa será aqui, não tem jeito, mas muitas obras prometidas ficarão apenas na promessa”.

passaram para a iniciativa privada a administração da Vila Olímpica, estádios, ginásios e muitos outros equipamentos utilizados pelos atletas”. O professor citou o calendário para lembrar que os brasileiros deixaram “tudo para a última hora”. “O Brasil foi escolhido para sediar o Mundial de 2014 no dia 30 de outubro de 2007. Naquela data histórica, faltavam seis anos, sete meses e 14 dias para o início do

Mundial. Agora, faltam apenas dois anos, oito meses e 17 dias (informações com referência na última terça-feira)”, ressaltou Rocha. Doutor em Gestão Esportiva, Claudio Rocha acredita que a falta de planejamento das autoridades brasileiras vai provocar aumento nos custos das obras previstas para a Copa do Mundo. Para ele, o valor inicial já está bem acima dos padrões de outros países.

“A Alemanha gastou US$ 7,7 bilhões para organizar o campeonato e no Brasil a competição não vai sair por menos de US$ 14 bilhões”, afirmou. “A falta de infraestrutura, os desvios de verbas e a ganância ajudam a explicar este aumento de quase 100%”, avalia. Depois de sua participação no evento, ao ser indagado se acredita na possibilidade de o país cumprir as metas estabelecidas no cader-

LEGADO Apesar das críticas, o especialista acredita que o Mundial vai deixar um grande legado para o Brasil. “Certamente, vamos estimular a prática de esportes entre os jovens e adolescentes, melhorar o parque hoteleiro e o turismo e também a infraestrutura aeroportuária”. Claudio Rocha citou outro exemplo positivo de país que aproveitou um megaevento (Olimpíada) para se reposicionar perante o mundo. “A Austrália era conhecida por ser um país muito distante e exótico. Depois da Olimpíada, passou a ser citada como um país moderno, de tecnologia de ponta”, afirmou o especialista.


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Para fugir do jeitinho MARINA SILVA

Trip diz que país deve investir mais para sair do atraso na aviação civil Luciana Rebouças O que está sendo investido na melhoria dos aeroportos brasileiros ainda é muito pouco. A avaliação é do presidente da Trip Linhas Aéreas, José Mário Caprioli, um dos palestrantes do seminário. De acordo com ele, enquanto o Brasil tem 350 aviões comerciais operando, apenas uma empresa nos Estados Unidos trabalha com o dobro de aeronaves. Além disso, a média de viagens que o brasileiro faz por ano ainda é muito inferior à de outros países. O índice é de 0,34 viagens por habitante, enquanto o Canadá, por exemplo, realiza 2,69 viagens por ano. “Hoje, temos um crescimento na aviação brasileira maior do que o da China, já acumulando 21%. Mesmo assim, ainda estamos engatinhando na área”, explica. Só para ter ideia do potencial do setor, cerca de 200 milhões de passageiros por ano ainda viajam por ônibus em trajetos distantes, que poderiam ser realizados de avião. MALHA REDUZIDA Na avaliação de José Mario Caprioli, também presidente do Conselho Consultivo do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas, o Brasil está com 30 anos de atraso na aviação regional. Enquanto na década de 80 o país contava com 350 municípios atendidos por voos, hoje existem em torno de 140 cidades servidas. Por que o Brasil se descapilarizou? O problema é que hoje não existem muitas rotas troncais, que poderiam atender comunidades distantes e comunicar o país. Para atender bem uma cidade de 100 mil habitantes, Caprioli explica que seriam necessários três voos por dia. “O Brasil está muito distante disto”, analisa Caprioli.

Desafios

-Investir mais nos terminais, nos pátios e no melhor aproveitamento do espaço aéreo ao mesmo tempo -Incentivar e possibilitar a aviação regional, através da adequação dos aeroportos no interior do país -Estabelecer regimes especiais de tributação para aviação regional -Aumentar o número de rotas no país, que teve um decréscimo nos últimos 30 anos

CLASSE C Mesmo com problemas, a aviação tem avançado e o presidente da Trip atribui isso a três fenômenos: a ascensão da classe C no país, o acesso ao crédito e o barateamento da tarifa dos aviões. Com a diminuição do valor das passagens, Caprioli acredita que a aviação regional poderá expandir ainda mais. O executivo usa dois exemplos para justificar sua tese. Nos Estados Unidos, existiam 330 rotas na aviação regional em 1995 - em 2005 esse número passou para 1.600 rotas, sendo o transporte aéreo regional americano responsável por um terço das atividades no setor. Na Europa, enquanto existiam 24 rotas regionais em 1995, dez anos depois esse número saltou para mais de 1.900, atendendo bem aos deslocamentos dentro do continente. Hoje, quando o assunto é o Brasil, a pedra no caminho da aviação regional se chama infraestrutura e Caprioli explica que são necessários investimentos em diferentes áreas (como o pátio, o terminal de passageiros, a possibilidade de movimentação dos voos por hora), mas todos eles planejados e conectados. “Aqui na Bahia, temos um voo previsto para Barreiras que não pode operar por problemas com combate de incêndio na região”, diz. Caprioli prometeu implantar uma nova rota Barreiras-Salvador em até seis meses. A Trip atende hoje a 21 estados, com 85 destinos diferentes (sendo 10 deles na Bahia) e 450 voos diários. A previsão é aumentar para 100 destinos até 2013.

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350

330

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milhões de passageiros usaram avião em 2004

era o número de rotas no Brasil em 1980

era o total de rotas nos Estados Unidos em 1995

pousos e decolagens feitos pela Trip na Bahia atualmente

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1.600 60

milhões de passageiros embarcaram em avião em 2010

é o número de rotas atualmente no país

rotas existiam nos Estados Unidos em 2005

pousos e decolagens: previsão da Trip no estado em 2013


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Corrida contra o tempo Atraso nas obras e falta de verba adiam projetos para a Copa Luiz Francisco Para os quatro participantes dodebateComoGrandesEventosEsportivosPodemTransformar um Destino Turístico, ain-

da é preciso investir muito para garantir o sucesso da Copa de 2014 na Bahia. Além do atraso na execução dos projetos, outro dado foi apontado pelos debatedores para reforçar a ideia de que muitas propostas deixarão de ser realizadas: a falta de dinheiro. “A prefeitura de Salvador não tem mais capacidade de endividamento”, afirmou o presidente da Saltur, Claudio Tinoco. Bem-humorado, o secre-

tário Domingos Leonelli afirmou que os atrasos podem ocorrer em projetos do governo e classificou como “aceitável” uma obra não ter começado após um ou dois anos do seu anúncio. “Muitas empresas que participam das licitações recorrem, a Justiça às vezes demora muito para decidir, enfim, o setor público enfrenta muitos problemas”. Logo no início do debate, que teve como moderadora

Rachel Vita, editora-executiva do Agenda Bahia, Tinoco apresentou projeto de US$ 455 milhões que prevê investimentos na orla e corredores viários, entre outras obras para dotar Salvador de melhor infraestrutura turística. Presente ao debate, o secretário Domingos Leonelli sinalizou com a possibilidade de o estado contribuir para que as obras incluídas no projeto da prefeitura sejam reali-

zadas. “Esta parceria com a prefeitura é importante para Salvador, é importante para o turismo”, afirmou. O presidente da Trip Linhas Aéreas, José Mario Caprioli, lembrou que o destino precisa oferecer atrativos para que o turista retorne. Para a diretora da área de Corporate Finance da Deloitte, Claudia Baggio, os investimentos são necessários para a consolidação do turismo na Bahia.

Endividada, prefeitura busca parceiros

Leonelli: obras terão prazos cumpridos

O que falta à prefeitura de Salvador para executar obras e dar mais dinamismo ao setor turístico da capital baiana não são ideias ou projetos, mas dinheiro. Foi o que disse o presidente da Saltur (empresa de turismo do município), Claudio Tinoco, durante o debate no último seminário do Agenda Bahia. Tinoco reconheceu que três símbolos turísticos de Salvador, o Elevador Lacerda, as praias e o Pelourinho têm muitos problemas operacionais. “A prefeitura

Embora agisse com diplomacia durante todo o debate, o secretário Domingos Leonelli disse que a prefeitura não trata o turismo como prioridade, ao ser perguntado por Claudio Tinoco se trocaria o projeto da Baía de Todos os Santos pelo programa da prefeitura para toda Salvador. “A prefeitura não pode considerar importante (o turismo) e colocar só R$ 2 milhões no orçamento. Ninguém pode realizar nada sem dinheiro”. Segundo o secretário, embora com atrasos, as obras previstas

não possui mais capacidade de endividamento e, sozinha, não vai resolver estes e outros problemas”, afirmou. Durante o debate, Claudio Tinoco apresentou pela primeira vez o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável no seminário. “São projetos que, se executados, vão transformar Salvador em uma cidade muito mais moderna, acessível e dinâmica”. No total, os projetos incluídos no plano estão orçados em US$ 455 milhões.

para o Mundial serão realizadas. Leonelli disse que o governo estadual está trabalhando para aproveitar todas as oportunidades proporcionadas pelo Mundial. “Estamos atraindo muitas empresas e oferecendo linhas de financiamento para a construção de novos hotéis e renovação de muitos outros equipamentos”, afirmou. O secretário adiantou ainda no debate que irá renovar a redução no ICMS dos conbustíveis de aeronaves na Bahia.

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Copa gera muitas oportunidades Uma pesquisa concluída recentemente pela Deloitte aponta que as maiores oportunidades geradas pelos dois grandes eventos esportivos que serão realizados nos próximos anos no Brasil (Copa, em 2014, e Jogos Olímpicos, em 2016) estão basicamente concentradas na construção civil, infraestrutura aeroportuária, turismo, hotelaria e lazer. “Temos que aproveitar esta oportunidade que é única no país”, afirmou Claudia Baggio, diretora da Deloitte, no debate da manhã. “Para bons projetos, teremos bons investidores”, acrescentou.

Claudia afirmou que a globalização e a concorrência tornaram os investimentos “sem destino certo”. “Quem oferecer segurança jurídica, infraestrutura, linhas de financiamento e souber negociar leva uma grande vantagem”, disse a especialista. Em um dos momentos mais descontraídos do debate, Claudia Baggio foi muito aplaudida pela plateia ao afirmar que tinha “adotado” a Bahia como sua segunda casa. “Adoro esta terra, nos últimos dez anos vim aqui umas sete ou oito vezes. E sempre quero voltar”.

Gargalo nas cidades médias baianas Depois de anunciar mais uma rota da Trip Linhas Aéreas de Salvador para Lençóis, a mais conhecida cidade da Chapada Diamantina, o presidente da empresa, José Mario Caprioli, disse que, ao contrário do que muita gente pensa, os 30 dias da disputa da Copa do Mundo “não serão suficientes para salvar nenhum hotel ou empresa”. “O que vai ficar é a reverberação das experiências, serão 30 dias de experimento. Se tratarmos bem os turistas, eles vão vol-

tar”, afirmou. Caprioli acrescentou que a nova rota para Lençóis demonstra a intenção da Trip em ampliar a sua participação na Bahia. “Também queremos voar para Barreiras e outras cidades, mas sem infraestrutura não dá”. Segundo o presidente da Trip, a aviação regional pode resolver o gargalo na malha aérea do estado. “A Bahia é bem servida nas grandes cidades, mas tem problemas nos pequenos e médios municípios”.


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EVANDRO VEIGA

Como avançar? -Flexibilidade para mudança de cenário. Projeto permite mix de eventos com perfis bem diferentes, como shows internacionais e esportes radicais. -Qualificar a população do entorno a fim de promover a inclusão social e a integração à Arena

Um show de Arena Fonte Nova vai operar também como centro de lazer e negócios Maria José Quadros Mais de um ano antes de começar a Copa do Mundo 2014, a Arena Fonte Nova já deverá estar funcionando a pleno vapor. E não será com jogos de futebol, pelo menos não apenas com isso. O espaço será aproveitado para variados tipos de eventos, dentro do que se considera oportunidades ex-Copa. São shows, festivais de música e eventos afins, organizados dentro do clima de espera dosjogos,numaespéciede“esquenta” para o grande acontecimento. Como a expectativa é dequeaArenaFonteNovafique pronta em 15 meses, a progra-

mação deverá começar no primeiro trimestre de 2013. Os eventos, porém, não se limitarão aos meses que antecedem a Copa. Idealizada como um espaço multiuso, inspirada na Amsterdã Arena e em outros empreendimentos do gênero apontados como dos mais modernos e bem-sucedidos do mundo, a nova Fonte Nova deverá funcionar os 360 dias do ano. Além de grandes eventos, haverá restaurante, quiosques dealimentação,lojasdeartesanato, museu, espaço para fóruns, esportes radicais, seminários e festas privadas. NOVOS EVENTOS “A Arena seráumcentrointegradodeturismo, negócios, entretenimento e esportes, capaz de dar um novo impulso ao turismo baiano”, resume o presidente daArenaFonteNova,DênioCidreira. Os estudos realizados até agora com vistas ao apro-

A Arena será um centro integrado capaz de dar novo impulso ao turismo baiano veitamento do espaço apontam a possibilidade de realização de 80 eventos, em média, por ano, disse o executivo, em palestra sobre o assunto no quarto se-

minário do Agenda Bahia. Um esboço de programação já foi traçado, seguindo a experiência da Amsterdã Arena, mas com um toque “tropicalizado”, como ressaltou Cidreira. “Todo o projeto está estruturado para grandes shows. Haveráumaflexibilidadeenorme para mudar de cenário, de futebolparamúsica”,explicou. “O legado para o turismo da cidade vai começar antes da Copa”, promete. INTEGRAÇÃO A Arena foi pensada não só para turistas. A ideia é integrar a população no dia a dia do novo espaço, potencializando o seu aproveitamento. Fruto de uma Parceria Público Privada (PPP) entre o governo do estado e o Consórcio Arena Fonte Nova (formado pela Odebrecht e OAS), o projeto funcionará como uma iniciativa privada por 35 anos, de acordo com o contrato.

CALENDÁRIO g

Janeiro Festival de música

Fevereiro Prévia do Carnaval g

g Março Evento de esportes radicais g

Junho Arraiá da Capitá

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AgostoShow internacional

g Setembro Festa de música eletrônica g Outubro Shows internacionais g Novembro Shows internacionais g Dezembro Auto-moto indoor e Reveillon


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Ataque e defesa Academia e Abav cobram ações anunciadas pelo poder público Luciana Rebouças Um debate acalorado em que o poder público se defendeu tentando argumentar que já está realizando as obras e

programas de qualificação para a Copa 2014 e a iniciativa privada e a academia questionaram onde estão sendo realizadas estas ações. Mediado pelo diretor de redação do CORREIO, Sergio Costa, o debate encerrou o Agenda Bahia e contou com a participação de Dênio Cidreira, presidente da Arena Fonte Nova, Marco Aurélio de Filgueiras, coordenador do Observatório da Copa de 2014 da

Universidade Federal da Bahia (Ufba), Leonel Leal, gestor municipal da Copa 2014, Ney Campelo, secretário para assuntos especiais da Copa do Mundo (Secopa), e Pedro Galvão, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav-BA). BAÊA As primeiras perguntas do debate expressaram as preocupações dos torcedores do Bahia com a nova casa do

time. Queriam saber quanto custará o ingresso e até mesmo qual o nome que terá a nova Arena. Galvão também recebeu aplausos quando expressou as suas preocupações com a realização da Copa na Bahia. Para este Verão, o presidente da Abav já reforçou que não há o que mostrar aos turistas, que não encontrarão barracas, ou banheiros, ou a mínima estrutura nas praias de Salvador,

por exemplo. Costa questionou Leal sobre quais os programas que estão sendo desenvolvidos para a qualificação de taxistas e baianas, por exemplo, pela prefeitura, e quantas pessoas estão sendo atendidas. Porém, Leal disse que seriam mais de mil, mas não soube especificar o dado. Já Campelo reforçou que não bastará o baiano ser hospitaleiro, terá que mostrar eficiência.

Preço do ingresso: R$ 39

Quem pagará esta conta?

Plano diretor para Copa

Durante o debate, o presidente da Arena Fonte Nova, Dênio Cidreira, respondeu às perguntas da plateia. Nesse momento, a preocupação principal, especialmente dos torcedores do Bahia, que estavam presentes, foi em relação ao preço do ingresso, qual será o nome do estádio e quais as chances de o Vitória também assinar o contrato para jogar no novo campo. Cidreira contou que os ingressos estarão na média de R$ 39, que manterá o nome Arena Fonte Nova, mas ainda não há estimativa se o Vitória irá assinar o contrato. Outra preocupação, esta do gestor, é sobre a liberação dos recursos: “Está mais lenta do que se esperava”. Mas, até agora, nada de atrasos.

O coordenador do Observatório da Copa de 2014 da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Marco Aurélio das Filgueiras, lembrou uma frase dita pela ministra do Planejamento, Mirian Belchior, que não tem ideia de quanto custará a conta da Copa no Brasil. “Mas sabemos quem vai pagar esta conta, não é?”, provocou o acadêmico. Pela dimensão dos recursos públicos que estão sendo investidos, Filgueiras disse que não cabem apenas preocupações se dará tempo para as obras ficarem prontas, mas principalmente se elas estão sendo devidamente executadas. Ele também lembrou que o Observatório foi o primeiro a ser criado no país.

Apesar das críticas ao atraso de projetos e obras, o gestor municipal da Copa 2014, Leonel Leal, garantiu que a prefeitura está agindo. Citou como exemplo cursos de qualificação profissional, como o promovido pela Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (Abih-BA), que certificou profissionais com mais de 200 horas de curso. “Entendo que, com a proximidade da Copa, as preocupações afloram e parece para a sociedade que nada está sendo feito. Mas a prefeitura já preparou um plano diretor da Copa”, garantiu. Ao ser questionado sobre legado para outras áreas, Leal disse que “a Copa não vai resolver todos os problemas da cidade”.

EVANDRO VEIGA

Tradutor pessoal para todos taxistas

Um grande legado, ou um ‘negado’

O secretário da Secopa, Ney Campelo, criticou durante o debate os programas de qualificação que estão sendo promovidos pelo governo federal, como o Olá Turista, que teve mais de 80% de desistência ao tentar ensinar inglês aos taxistas a distância. “Não pode ser com qualquer programa”, falou. Ele ressaltou que a Bahia não vai resolver todo o problema de qualificação até 2014 e contou sobre estratégias do governo, como a distribuição de tablets para todos os taxistas.

Para o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav-BA), Pedro Galvão, a Copa 2014 pode proporcionar a vinda de turistas para os próximos 50 anos, mas também pode se “transformar em um grande negado”, caso o turista fique com uma má impressão. Um dos principais tópicos discutidos por Galvão foi a qualificação dos profissionais no setor turístico. “Não queremos o brother, nem para o (turista) estrangeiro, nem para o nacional”, ressaltou Galvão so-

Os computadores portáteis servirão como tradutores pessoais para os motoristas tirarem dúvidas e se comunicarem com os estrangeiros que pegarem seu carro. Outro ponto ressaltado pelo secretário é a necessidade de se investir em selos e certificações, para que o turista possa identificar os profissionais que foram qualificados. “A Bahia será referência em receber bem. Mas não podemos confundir o jeito hospitaleiro do baiano com eficiência”, acrescenta.

bre a informalidade do baiano ao tratar os visitantes. A infraestrutura também não deixou de ser lembrada por Galvão. “Entramos nesse Verão sem ter o que oferecer aos turistas. A prefeitura tirou as barracas, mas nem um banheiro colocou nas praias”, criticou. Galvão também reclamou sobre a infraestrutura e disse que é preciso mais hotéis. “O setor hoteleiro não gosta que eu diga isto, mas teremos 10 vezes mais turistas e estamos perdendo o time da história”, diz.


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Bahia: novo perfil EVANDRO VEIGA

Investimentos podem fazer do estado um dos principais destinos

Desafios

Luiz Francisco Alternando críticas e elogios à infraestrutura turística, o presidente do Salvador Convention Bureau, Pedro Costa, afirmou durante a sua palestra no Agenda Bahia que os investimentos previstos para a cidade até o início da Copa do Mundo vão mudar o perfil da primeira capital brasileira. “Até agora, já estão confirmados R$ 45 milhões em obras no aeroporto, R$ 200 milhões no porto e mais R$ 2,4 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que serão aplicados em vários projetos”, disse. De acordo com Costa, em torno de 150 eventos estão confirmados em Salvador no ano que vem - em média, cada encontro terá 1.200 participantes. “Nossa visão está voltada para médio e longo prazos. Em 2012, por exemplo, estaremos realizando eventos captados em 2004”, disse o presidente do Convention Bureau, uma fundação de direito privado sem fins lucrativos, composta por todas as instituições que integram o trade turístico da Bahia, além do governo estadual e da Saltur. Para Pedro Costa, a Bahia possui todas as condições de se transformar em um dos principais roteiros turísticos do mundo. “Temos localização privilegiada, clima favorável, malha aérea diversificada, 45 mil leitos e cinco grandes centros de convenções”, acrescentou. “Além de todos estes detalhes, que são muito importantes, possuímos um forte apelo cultural, ecológico e histórico. Nada supera a marca da baiana do acarajé”, acredita. Em sua palestra, Pedro Costa citou que, nos últimos cinco anos, a Bahia realizou 440 eventos, dos quais 118 internacionais. “Esses eventos atraíram quase 600 mil pes-

- Melhor qualificação da infraestrutura dos principais roteiros turísticos - Atração de capital estrangeiro - Surgimentos de novos negócios - Criação de espaço para receber turistas no Porto de Salvador

soas e geraram uma receita de US$ 700 milhões”. Depois de elogiar as belezas naturais da Bahia, Pedro Costa afirmou que o estado precisa investir mais em infraestrutura para transformar seus principais roteiros turísticos em verdadeiras opções de lazer e entretenimento. “O que não dá para aceitar é o Porto de Salvador, por exemplo, funcionando precariamente, sem as mínimas condições para atrair turistas que fazem cruzeiros. Lá (no porto), quando chove, ninguém consegue sair do navio e desembarcar com tranquilidade no terminal de passageiros, a não ser que queira tomar um banho”, disse o presidente do Convention Bureau. OUSADIA Pedro Costa disse ainda que a falta de recursos não pode servir de desculpas para que as obras não sejam

realizadas na cidade. “Com tantas carências no Brasil, é evidente que sempre vai haver dificuldade de liberação de verbas. Mas nós temos que ousar, temos de pensar e projetar o futuro, não podemos viver apenas de ilusão e de maquiagem”. Na opinião de Pedro Costa, a Copa do Mundo também vai oferecer a oportunidade para Salvador realizar obras importantes para oferecer mais opções de lazer aos turistas. “Não temos uma grande casa de espetáculos, não temos um bom restaurante com capacidade para mais de 300 pessoas, não temos segurança nos parques”, afirmou. “É preciso ter em mente que o turista que vem a uma Copa do Mundo é muito mais exigente do que aquele visitante que quer apenas curtir o Carnaval, por exemplo”, avalia o presidente do Convention Bureau.

A Uranus2 está em todos os pontos da cidade. Olhe para os lados. Seja qual for a direção escolhida, você vai ver os serviços na área de infraestrutura que a Uranus2 oferece. Sempre com qualidade, Sinalização Vertical/Obras/Trânsito

Mídia Exterior/Administração de Concessão de Mídia

Plotagens, Plantas de Engenharia P&B e Color, Implantação de Equipamento de Cópia e Plotter na Obra. Plotagem de Transportes Públicos

Lançamentos Imobiliários

*

TERRA FIRME

45

mil leitos hoteleiros com padrão internacional

5

97,5 mil dólares: receita com eventos em 2010

150

centros de convenções

eventos já programados para a Bahia na Copa

43,5

300

mil dólares: receita com eventos em 2005

eventos previstos caso Salvador abra a Copa


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CORREIO Salvador, domingo, 2 de outubro de 2011

José Mario Caprioli, da Trip; Domingos Leonelli, do Turismo; e Luiz Alberto Albuquerque, CORREIO

MARINA SILVA

VIP*

turismo* MARINA SILVA

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Lino Cardoso, da Arena Fonte Nova; Roberto Musser, da Fieb; e Leonardo César, gerente comercial do CORREIO

EVANDRO VEIGA

MARINA SILVA

No auditório da Fieb, Antonio Carlos Tramm e José Rebouças, da Codeba

Leonel Leal e Claudio Tinoco: poder municipal no Agenda Bahia

MARINA SILVA

EVANDRO VEIGA

Ney Campello, da Secretaria Especial da Copa

Maurício Castro, superintendente de Comunicação Institucional da Fieb

MARINA SILVA

MARINA SILVA

Paulo Tavares falou na abertura do evento sobre os 100 anos da Deloitte

Erico Mendonça, da Secretaria de Turismo, e José Marques Fernandes, da Fieb


CORREIO Salvador, domingo, 2 de outubro de 2011

turismo*

Yes, you can Taxistas, guias e até baiana do acarajé serão qualificados Maria José Quadros Ainda este ano será aberta em Salvador uma série de cursos da iniciativa pública e privada para preparar pessoal que vai atuar durante os jogos da Copa 2014. Haverá capacitação em diversas áreas, cuja demanda foi identificada durante workshop realizado na cidade. O treinamento se dirige sobretudo aos profissionais ligados diretamente à Copa que servirão em aeroportos, porto e rodoviária, taxistas, baianas de acarajé, transporte público, guias turísticos, pessoal de hotelaria, restaurantes, museus e na Arena Fonte Nova. Serão dezenas de cursos. Os interessados passarão por uma seleção com base nos critérios de qualificação da Fifa. “A ideia é fazer uma parceria com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para possibilitar a certificação, com a expedição de um selo para grandes eventos”, explica o secretário estadual de Assuntos para a Copa, Ney Campello. Campello diz que, em certas áreas, não haverá maiores problemas. É o caso dos guias e monitores. Além dos voluntários a serem recrutados pela Fifa, o estado conta com cerca de 500 que já atuam no Carnaval. “Vamos preparar esses guias como pessoal adicional. Todos têm experiência em um grande evento. Afinal, o projeto da Copa prevê de 60 mil a 70 mil turistas na Bahia e, no Carnaval baiano, são mais de 1 milhão de pessoas”, compara o secretário. Entre os projetos previstos no programa de qualificação da Secopa há o que pretende treinar ex-jogadores de futebol para atuar no estádio, fazendo o receptivo dos atletas e gerenciando o grande público. “É um ambiente que eles conhecem e, além disso, um

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EVANDRO VEIGA

meio de reinseri-los de alguma forma na antiga profissão”, acredita Glávia Betim, coordenadora de qualificação da Secopa. IDOSOS Outro projeto prevê a formação de jovens, idosos e deficientes físicos para atuar em organização e orientação em vários setores, como foi feito nos Jogos Pan-Americanos do Rio. Ambulantes, baianas de acarajé e taxistas terão cursos voltados para a sensibilização sobre a importância do evento Copa, com noções de hospitalidade, turismo e também idiomas. CURSOS JÁ Já estão em andamento alguns treinamentos, salienta Leonel Leal Neto, gestor do Escritório Municipal da Copa. Em hotelaria, a Escola Virtual dos Meios de Hospedagem, através da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-BA), qualifica profissionais de hotéis, pousadas e albergues de Salvador. Outra iniciativa que ele destaca é o treinamento em primeiros socorros. A Secretaria Municipal de Saúde vai qualificar profissionais da rede hoteleira, bares e restaurantes em atendimento de emergência cardiovascular, o tipo mais frequente de ocorrência em Copas do Mundo. Para Paulo Tavares, consultor em hotelaria da Deloitte, há muito o que fazer, para ficar apenas nos hotéis. “As grandes cadeias hoteleiras do mundo têm um processo de capacitação interna, que vai desde pessoal de recepção a restaurante e gestão. Atender bem em hotel é hoje um padrão no mundo inteiro”. Ele diz que no Brasil há ainda empresários de médio porte que veem a capacitação de funcionários como um gasto, e não um investimento. O consultor acentua que há projetos disponíveis, como os da Abih. E linhas de crédito do BNDES para isso. “É preciso ter visão mais pró-ativa, mais coragem, ir atrás das oportunidades dispostas no mercado. Elas estão aí, na mão. Este é um momento único para criar uma estrutura sólida”, alerta.

Curso especial para jovens Para a consultora de turismo Eliana Maia, a Copa é uma grande oportunidade para incluir socialmente as minorias, em especial os jovens em situação de risco. A convite do consórcio Arena Fonte Nova, ela vai voltar a pôr em prática o Trilha Jovem, um programa premiado pela Unesco, desenvolvido entre 2005 e 2009 pelo Instituto de Hospitalidade (IH). Criado pela Fundação Odebrecht, que depois atraiu vários parceiros, o IH foi pioneiro no país na formatação de normas de certificação profissional para o setor de turismo.

Hoje, essas normas estão com a ABNT. O Trilha Jovem oferece 540 horas/aula para alunos da rede pública, que recebem noções de turismo e são estimulados a escolher entre três eixos – alimentos e bebidas, agências de viagens e hospedagem. Feita a escolha, têm 80 horas de prática em empresas do segmento eleito, sob supervisão dos professores do curso. A tecnologia está sendo adaptada para atender à Copa. A intenção é dar prioridade a jovens que vivem no entorno da Fonte Nova.

OPORTUNIDADES AQUI g www.sebrae.com.br Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas g www.senac.br Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial g www.secopa.ba.gov.br Secretaria Estadual de Assuntos para a Copa g www.setur.ba.gov.br Secretaria do Turismo do Estado da Bahia g www.bahiatursa.ba.gov.br Bahiatursa – Empresa de Turismo da Bahia g www.saltur.salvador .ba.gov.br Saltur - Empresa Salvador Turismo



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