Chapeuzinho Vermelho e o Lobo desaparecido
ISABELLA SILVA LIMA BORGES
Chapeuzinho Vermelho e o Lobo desaparecido 1ª edição
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Copyright © 2013 Isabella Silva Lima Borges
Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 9610, de 19 de fevereiro de 1998. É proibida a reprodução total ou parcial do livro sem autorização prévia do autor. Ilustrações, capa, projeto gráfico e diagramação por Isabella S. L. Borges Revisão: Valéria Silva Lima Borges Trabalho apresentado para a disciplina de Editorial de Livro Infantil. Ministrada pela professora Rita Soliéri. Novembro de 2013
Introdução Os livros são, em geral, formas de viver novas aventuras sem sair do lugar. Universos fantásticos, histórias envolventes, vilões e heróis memoráveis que vivem por gerações. Não é difícl, portanto, entender por que a leitura é uma paixão para tantas pessoas. Mas o livro que você tem em mãos não é um livro como os outros. É uma homenagem à livros como os da coleção "Escolha sua aventura" ou "Aventuras Fantásticas", dando a oportunidade à você, leitor, de decidir como o protagonista da história reagirá à certas situações e quais serão as consequências dessa escolha.
Nesse livro você acompanhará Chapeuzinho Vermelho, que teve sua rotina abalada por causa do desaparecimento do Lobo Mau. Ela irá procurá-lo? Ficará feliz com sua partida e o deixará ir? Você tem o poder de determinar o rumo da história. E cada decisão que você tomar o levará para uma história
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que pode ser incrivelmente nova.
Os motivos para o desaparecimento do Lobo numa história não são os mesmos da outra. E é isso o que torna tudo mais divertido! Surpreenda-se com os caminhos que eu tracei cuidadosamente para que você se divirta toda vez que abrir este livro. Comece agora sua aventura e não se contente com um só final !
Isabella S. L. Borges
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ra uma vez uma doce garotinha, muito amada por todos que a conheciam. Ela sempre andava com um capuz vermelho feito por sua querida vovozinha. Por causa disso, todos a chamavam de Chapeuzinho Vermelho. Certo dia, sua mãe disse:
– Chapeuzinho, aqui está um pedaço de bolo e uma garrafa de suco; leve-os para sua avó. Ela está gripada, e isso lhe fará bem. Vá antes que o tempo esquente e quando você for, não se desvie do caminho, senão você pode cair, quebrar a garrafa e sua avó não receberá nada. Também não esqueça de dizer “Bom dia” e se comportar como uma boa menina. – Eu vou tomar muito cuidado – respondeu a menina.
Chapeuzinho pegou a cesta e se pôs a caminho da casa de sua avó, que ficava do outro lado da floresta, não tão longe da vila aonde Chapeuzinho morava.
Andando tranquilamente pela estrada da vila, Chapeuzinho ia saltitante e alegre, tanto que quando
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viu lindas flores perto da floresta, das mais variadas cores e formas que se poderia imaginar, pensou que sua avó adoraria receber um belo buquê. E assim, apesar das advertências de sua mãe, Chapeuzinho Vermelho acabou se desviando do caminho e entrando na floresta. E cada vez que pegava um flor, via outra um pouco mais distante e ainda mais bonita e entrava mais e mais no interior da floresta.
Porém, apesar desse pequeno desvio, nada de ruim aconteceu. Chapeuzinho viu vários animaizinhos da floresta, viu esquilos, viu coelhos branquinhos, viu borboletas, viu flores e viu passarinhos. E assim, logo chegou à casa de sua avó. Não havia nada de diferente por lá. A boa velhinha foi atender a porta sorrindo e lhe serviu uma xícara de chá e um prato de biscoitos. Após algum tempo, Chapeuzinho voltou para casa. Foi um dia muito normal... e isso era estranho.
– Não aconteceu nada de diferente hoje... – disse Chapeuzinho ao chegar em casa. – Nada? – perguntou a mãe.
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– Nada – confirmou a menina.
Não falaram mais coisa alguma, mas as duas sabiam que havia algo errado. Era para alguma coisa ter acontecido, era para o Lobo Mau aparecer.
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Na manhã seguinte, a cena se repetiu. A mãe de Chapeuzinho disse a ela: – Venha, Chapeuzinho, aqui está um pedaço de bolo e uma garrafa de suco; leve-os para sua avó. Ela está gripada e isso irá fazer bem a ela. Vá antes que o tempo esquente e quando você for, não se desvie do caminho, senão você pode cair e quebrar a garrafa e sua avó não receberá nada; também não esqueça de dizer “Bom dia” e se comportar como uma boa menina.
– Eu vou tomar muito cuidado – respondeu Chapeuzinho. Pegou a cesta e se pôs a caminho da casa da avó. Como vocês bem sabem, a vovó vivia do outro lado da floresta, não tão longe da vila aonde Chapeuzinho morava. Vocês também sabem que o caminho
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mais seguro era o da estrada da vila, e que perto da floresta haviam flores lindas, lindas, cada uma com uma cor e um formato diferente, e apesar das advertências de sua mãe Chapeuzinho acabou se desviando do caminho enquanto pegava algumas flores para sua vovozinha. Mas por sorte, enquanto estava andando, nada aconteceu. Viu vários animaizinhos da floresta, viu esquilos, viu coelhos branquinhos, viu borboletas, viu flores e viu passarinhos. E assim, logo chegou à casa da vovó. E mais uma vez não havia nada de diferente por lá; sua avó veio atender a porta sorrindo e lhe serviu uma xícara de chá e um prato com biscoitos. E após um tempo, Chapeuzinho voltou para casa, chegando lá totalmente em segurança. Mais um dia muito normal... e isso era ainda mais estranho.
– Mamãe, isso não é normal... onde será que o Lobo foi parar? – Que Lobo menina?
– O da história, mamãe, o Lobo sumiu.
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Ainda um pouco confusa a mãe falou:
– Oras, isso é bom, não é? Quem queria aquele monstro pulguento por perto, assustando as pessoas, comendo criancinhas e atrapalhando a vida de todo mundo? – Mãe, sem Lobo eu não tenho história - explicou Chapeuzinho. Se isso se repetir amanhã eu vou ter que pensar no que fazer. Talvez eu devesse investigar o que aconteceu.
– Ou talvez você não devesse procurar nada, vamos ficar felizes que esse monstro sumiu – aconselhou a mãe. Na manhã seguinte tudo se repetiu: a cesta, o pão, o suco o caminho sem o Lobo, o chá na casa da vovó e a volta pra casa.
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O que Chapeuzinho deve fazer?
Se você acha que ela deve investigar na vila, continue na página 16. Se você acredita que é melhor que Chapeuzinho vá investigar na floresta, vá para a página 20.
Se, assim como a mãe de Chapeuzinho, você acha que é melhor que a menina não vá investigar, e espere para ver o que acontece, vá para a página 25.
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vila era o lugar ideal para começar a busca - pensou Chapeuzinho. Afinal, o Lobo já era uma figura conhecida, mesmo que não tivesse uma fama muito boa. Se existisse alguma pista sobre o paradeiro do Lobo Mau, ela estaria lá. Calçou seus sapatos mais confortáveis, pois caminharia bastante, pegou seu querido capuz vermelho e o prendeu firmemente à cabeça, para que ele não caísse. Sua mãe preparou para ela uma cesta cheia de mantimentos como bolo, pão, queijo, manteiga, um pote de geléia, xarope contra a tosse e luvas de lã para o caso de ficar frio. E assim, logo pela manhã, uma Chapeuzinho muito bem preparada deu um beijo em sua mãe e saiu de casa, pronta para começar sua jornada atrás do Lobo desaparecido. Ela caminhou até a praça central, um lugar onde sempre havia muita gente. Lá chegando, a menina não viu nada fora do comum: Dona Maria, a amiga de sua avó, alimentava os pombos sentada em um banco perto da fonte. Seu Geraldo, o pipoqueiro, estava
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parado há alguns passos de distância com seu carrinho. Algumas moças saiam animadas de uma loja de tecidos, falando e rindo muito alto. Umas pessoas passavam a pé, outras suas charretes e outras ainda apressadamente com seus cavalos.
“Bem”, pensou Chapeuzinho, “acho que é melhor eu perguntar para algumas dessas pessoas sobre o Lobo”.
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O que Chapeuzinho deve fazer?
Se você acha que chapeuzinho deve ir para o baile no castelo, vá para a página 30 Se você acha que ela deve ir à casa de Dona Maria, vá para a página 69
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hapeuzinho havia feito sua decisão: ela procuraria pelo lobo. E o melhor lugar para começar seria pela floresta, afinal, era por lá que ele deveria aparecer na história.
Calçou seus sapatos mais confortáveis, pois caminharia bastante, pegou seu querido capuz vermelho e o prendeu firmemente à cabeça, para que ele não caísse. Sua mãe preparou para ela uma cesta cheia de mantimentos como bolo, pão, queijo, manteiga, um pote de geléia, xarope contra a tosse e luvas de lã para o caso de ficar frio. E assim, logo pela manhã, uma Chapeuzinho muito bem preparada deu um beijo em sua mãe e saiu de casa, pronta para começar sua jornada atrás do Lobo desaparecido.
Logo chegou à floresta, onde tudo estava tranquilo. Via alguns animais correndo de um lado para o outro, nenhum parecia lhe dar atenção. Próximo a ela via uma coruja grande e imponente, com um ar sábio, sentada sobre o galho de uma árvore a alguns passos de Chapeuzinho. Em outro ponto, um pouco mais longe da menina, ela conseguia ver a figura de duas
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crianças, um menino e uma menina, que caminhavam pela floresta, conversando animadamente. Enquanto observava a movimentação, se assustou com um macaco que surgira na sua frente, de ponta-cabeça, pendurado pelo rabo num galho mais acima e que agora a encarava fixamente, balançando de um lado para o outro.
“Certo”, pensou Chapeuzinho depois do susto, “É hora de começar minha investigação.”
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O que Chapeuzinho deve fazer ? Se você quer que Chapeuzinho vá procurar os porquinhos, vá para a página 49.
Se você quer que Chapeuzinho aceite a companhia do João e da Maria vá para a página 82.
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sol nasceu novamente, brilhando com força por entre as copas das árvores próximas da casa de uma sonolenta Chapeuzinho Vermelho. Ela se espreguiçou profundamente e saiu da cama devagar - não teria muito o que fazer no dia de hoje.
Chapeuzinho havia decidido ficar em casa, satisfeita com o desaparecimento do Lobo que, exatamente como sua mãe tinha dito, não era nada mais do que um problema. Um problema com grandes olhos, grandes orelhas, um grande nariz e uma boca muito, muito grande. Já fazia algumas semanas desde que o Lobo sumira e tudo permanecia na mais perfeita calma. Às vezes ela visitava sua avó, que ficava melhor a cada dia, outras vezes gostava de visitar a praça da cidade, passear pelas lojas olhando acessórios que combinassem com seu querido capuz vermelho, ou passear pela floresta, agora totalmente segura para pequenas garotinhas que fossem visitar suas avós. Assim, o tempo passava, dia após dia, sem nenhuma novidade. Porém, certo dia enquanto Chapeu-
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zinho tomava seu café da manhã, ouviram-se batidas insistentes na porta. – Quem poderia ser? Ainda é tão cedo – comentou a mãe. – As batidas tornaram-se mais insistentes e a mãe se dirigiu à porta exclamando: – Estou indo! Você vai quebrar a porta!
Ao atender, deu de cara com um porco de tamanho mediano, habilmente equilibrado sobre suas patas traseiras, trajando um elegante casaco e uma gravata borboleta. – A senhora é Chapeuzinho Vermelho? – Disse o porquinho. – Não, ela é minha filha. E o senhor, quem é?
– Sou Emmet L. Eitão, moro com meus 2 irmãos perto da floresta. Eu gostaria de falar com a sua filha a respeito do desaparecimento do Lobo Mau. – Do Lobo? – perguntou Chapeuzinho se aproximando. – Exatamente! Acredito que você já tenha per-
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cebido a ausência dele na sua história certo? – De fato, eu já notei.
– Então, ele também sumiu da nossa história. Eu andei investigando o que aconteceu, porém meus dois irmãos não se interessaram pela ideia. Dizem que, agora que não existe mais Lobo, eles têm muito mais tempo para se divertir. Eu já acredito que essa tarefa é incrivelmente importante. Nunca vimos algo desse tipo acontecer por aqui, e com certeza não é um acontecimento que deva ser ignorado. Fez uma pausa por alguns instantes e continuou:
– Até o momento eu não tinha nenhuma pista conclusiva, mas hoje eu fiquei sabendo de um acontecimento na vila que me chamou a atenção, apesar de eu não ter certeza se é algo importante ou não.... Ontem pela manhã a mercearia do senhor Gumercindo foi roubada.
Você sabe, não são todas as coisas que acontecem por aqui que nos sumpreendem... No meu caso, minha, história começa com a construção de três casinhas: uma de palha, outra de madeira e outra de
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tijolos. Obviamente eu espero que mais tarde apareça um Lobo e destrua as duas primeiras, porque é assim que deveria ser na história. Nossas histórias precisam do lobo para continuar, sem ele eu não sei o que pode acontecer. Preciso de sua ajuda Chapeuzinho! Venha comigo! E terminou seu discurso estendendo a mão para a menina.
O que chapeuzinho deve fazer?
Se você se interessou pelo que o inesperado visitante disse e acha que ela deve investigar com o porquinho, vá para a página 57. Se você não concorda com o discurso feito pelo porquinho e acha que é melhor que ela não vá investigar vá para a página 122.
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O rumar?
baile realmente parece ser uma ótima oportunidade para conseguir informações sobre o paradeiro do Lobo!” - pensou Chapeuzinho. Será que dá tempo de eu me ar-
E assim, Chapeuzinho correu para se preparar.
Ao cair da noite, toda a vila estava quieta e mergulhada na escuridão. Erguendo-se sobre ela, havia um ponto luminoso no topo da montanha mais próxima. Esse ponto luminoso revelava um magnífico castelo que, naquele momento, estava mais movimentado que o normal. Era noite de baile e todos estavam lá.
Nossa protagonista era uma dessas pessoas. Parada no meio do salão, Chapeuzinho estava totalmente arrebatada pela cena que via: um incontável número de velas iluminava o ambiente. Havia flores por todos os lados, uma mesa com petiscos em uma extremidade do salão e na outra um palco, onde estavam os músicos tocando uma música incessante e animada. Perto deles, jovens moças e rapazes dançavam com grande entusiasmo. E as moças eram lindas,
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cada uma com um vestido mais bonito que o outro! Rodopiavam com seus cavalheiros formando manchas coloridas que passeavam por todo o salão.
Chapeuzinho também estava encantadora em seu vestido mais bonito e o inseparável capuz vermelho, especialmente arrumado para a ocasião. “Mas não posso perder tempo” - pensou. “Tenho que começar a investigar”.
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Chapeuzinho estava muito desapontada. Não tinha conseguido nenhuma informação a respeito do Lobo e, durante sua busca no salão, haviam pisado em seu pé pelo menos três vezes. Estava sentada em um banco, massageando seus pés, quando soaram as trombetas e foi anunciada a entrada do rei e de suas 12 filhas. Chapeuzinho nunca tinha visto as princesas de perto e ficou surpresa ao perceber que elas eram as moças com quem tinha falado na vila. Só que antes estavam vestidas com roupas mais simples. As princesas entraram no salão em meio ao respeitoso silêncio que se fez para recebê-las. Chapeuzinho as achou muito bonitas, ainda mais vestidas apropriadamente. Seus penteados eram os mais elegantes, seus vestidos eram os mais caros. Realmente pareciam um pouco pálidas e cansadas, mas nada que afetasse sua beleza. O rei estava, como sempre, com uma expressão simpática, porém severa. Após essa recepção, o rei sentou no trono, mas suas filhas, ao verem Chapeuzinho, vieram ao seu encontro.
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uma.
– Então você veio! Isso é tão bom! – exclamou
– Como você está, minha querida? Encontrou o seu Lobo desaparecido? – perguntou outra.
– Infelizmente não – respondeu Chapeuzinho, melancólica. – Ah, minha querida. Não fique triste. Vamos, sente-se com a gente. Não tem muitas pessoas da sua idade com quem você possa brincar aqui na festa mesmo. Um pouco embaraçada com os cuidados das princesas, e pelos olhares curiosos que eram direcionados a ela por todos os presentes, Chapeuzinho se sentou na grande mesa no final do salão.
Ela sentou-se entre a mais velha e a segunda irmã, que foram gentis e amigáveis. Chapeuzinho notou que a mais velha parecia mais abatida que as outras. Talvez não tivesse tido uma boa noite de sono. Fora isso, as princesas conversavam e riam. E Chapeuzinho foi ficando, aos poucos, mais confortável. No final da festa Chapeuzinho foi convidada à
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passar alguns dias no castelo. Uma carta seria enviada à sua mãe, avisando dos planos e solicitando algumas roupas.
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Ela foi instalada num quarto no alto do castelo, com vista para os jardins. Todas as manhãs era acordada por uma jovem empregada chamada Ana, que a ajudava a se arrumar. Ela escovava seus cabelos e ajudava a escolher o vestidinho do dia, além de ter consertado um pequeno rasgo no amado capuz vermelho. Chapeuzinho então descia para a sala de café da manhã, onde eram servidas os melhores doces, bolos, biscoitos, pães, além de sucos e vitaminas. Normalmente ela chegava bem antes das irmãs terem descido, esperava elas chegarem e depois do café ia se divertir com elas. De vez em quando passeavam, de vez em quando jogavam algum jogo, ou então tocavam piano e bordavam. Apesar das princesas sempre dormirem muito cedo, antes de anoitecer, algumas vezes pareciam
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muito cansadas. Todas elas dormiam no mesmo quarto, que mais parecia um rico salão com 12 camas incrivelmente luxuosas.
Os dias que se seguiram foram muito divertidos. Tanto que ela quase se esqueceu do motivo que a fez sair de casa. Nada a preocupava, a não ser a princesa mais velha. Ela havia notado que ela sempre parecia ser a mais abatida e a cada dia que passava ela parecia mais e mais cansada. Não haviam mudado suas maneiras, sempre estava gentil, simpática e sorridente, mas Chapeuzinho sentia que havia alguma coisa errada. Certa noite, Chapeuzinho acordou com muita vontade de usar o banheiro. Normalmente havia um penico debaixo da cama, mas ela tinha um medo muito maior do que o "medo de Lobo", e era o "medo de olhar em baixo da cama". Segurando uma vela, ela decidiu sair do quarto e ir para o banheiro, que ficava do lado de fora do castelo, tudo porque ela jurava que haveriam monstros debaixo da sua cama. O caminho não foi tão longo. Ela chegou ao ba-
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nheiro, entrou, usou e então, quando estava voltando, ouviu um barulho de alguma coisa se aproximando do castelo. Com medo, ela se escondeu em um arbusto próximo e observou. Qual foi sua surpresa ao ver as 12 princesas voltando sorrateiramente para casa! Todas elas estavam muito bem vestidas e as mais novas pareciam falar baixinho, enquanto as mais velhas faziam sinais para que se calassem. Ana, a empregada, estava esperando por elas em frente ao que Chapeuzinho logo descobriu ser uma porta para uma passagem secreta, que logo se fechou. Depois que elas entraram, Chapeuzinho foi correndo para o seu quarto.
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No dia seguinte, Chapeuzinho saiu da cama decidida a descobrir o que era aquilo que vira na noite anterior. Quando Ana chegou ao seu quarto, encontrou a menina de pé, esperando por ela. – Eu sei de tudo! Eu sei que as princesas saem à noite, mas para quê?
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Assustada, Ana tentou negar, mas vendo que Chapeuzinho já havia descoberto tudo, falou:
– É verdade. Toda noite de lua cheia elas saem para dançar! Parece que nunca se cansam! E quem sou eu para pará-las? Eu nunca fui aonde elas dançam, mas elas me fizeram prometer que eu as ajudaria a entrar e sair do castelo sem serem vistas. Que era questão de vida ou morte irem. Elas me garantiram que o local aonde vão é totalmente seguro. É tudo o que eu sei. Sou apenas uma empregada. – Obrigada, Ana! – agradeceu Chapeuzinho. – Eu acredito em você.
– Olhe, menina, – disse Ana – as princesas são moças maravilhosas, eu não gostaria que ninguém as prejudicasse. Tome cuidado com o que você for fazer, especialmente se houver a possibilidade de desagradálas. Apesar de ter caído nas boas graças delas, você é ainda uma simples plebeia. Elas são muito mais poderosas que você. A empregada fez uma pausa e continuou:
– Mas... se puder ajudá-las... Existe alguma coisa
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de estranha acontecendo, eu sei que sim.
– Eu sei o que vou fazer Ana, fique tranquila.
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Ao anoitecer, Chapeuzinho, alegando que estava com dor de barriga, foi para seu quarto e avisou que não jantaria naquela noite.
Bem mais tarde, quando já estava escuro, ela se esgueirou para fora do castelo e se escondeu na moita, perto do banheiro exterior. Esperou por horas e nada. Porém, quando já se preparava para voltar ao seu quarto, o relógio da vila bateu meia-noite e, então, a passagem secreta se abriu e as 12 moças sairam do castelo, dirigiram-se para uma estrada afastada, cercada por muitas árvores.
Era um caminho bastante tortuoso e Chapeuzinho quase perdeu as moças de vista por uma ou duas vezes, mas consegiu manter uma distância constante. O cenário parecia comum, árvores altas, com copas majestosas, formavam um teto que escondia quase por completo a luz da lua, de vez em quando aparecia al-
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gum animal, para logo mergulhar novamente na escuridão.
Mas então, após uns 20 minutos de caminhada, tudo começou a mudar: a estrada ficava mais íngrime a cada momento, começando a formar uma espiral, que descia, descia, descia... As árvores que agora surgiam no caminho eram totalmente feitas de prata! Em seguida, surgiram arvores de ouro e, depois, árvores de diamante que cintilavam maravilhosamente. Chapeuzinho tinha cada vez mais dificuldade em se esconder durante o caminho. Felizmente, a estrada acabou em uma área ampla, na qual havia um grande palco feito de marfim, com colunas gigantes ao seu redor. Em volta desse palco, árvores de pedras preciosas, ouro e prata dividiam espaço com árvores comuns. E havia um lago correndo por trás do palco. Mais inacreditável que o cenário visto por Chapeuzinho, eram os personagens que lá estavam. Criaturas fantásticas, animais míticos, seres monstruosos, bruxas e magos dançavam pelo palco, conversavam ou discutiam. Era assustador e belo, ou
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assustadoramente belo, como Chapeuzinho descreveria mais tarde. As princesas entraram no palco sem aparentar nenhuma preocupação ou medo, sorrindo alegremente para os seus parceiros de dança – monstros horríveis e assustadores. E logo todo o local se encheu com uma música rápida, caótica e descontrolada que levou todos os presentes a dançarem no mesmo ritmo. As 12 princesas estavam no centro, dançavam com seus respectivos pares e giravam em uma velocidade que fez Chapeuzinho se perguntar como as moças não passavam mal. Logo, os casais se misturaram na pista de dança e Chapeuzinho perdeu as princesas de vista no meio da multidão.
Perdida, ela começou a ficar muito preocupada, mas isso durou pouco tempo porque conseguiu ver, saindo da multidão discretamente, a princesa mais velha. Ela correu por entre as árvores e atravessou o lago por uma ponte de aparência muito velha. Chapeuzinho a seguiu, com muito cuidado para não ser vista, apesar de que todos estavam muito preocupados em dançar do que para prestar atenção em qualquer
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outra coisa.
A princesa havia ido a uma pequena clareira após um bosque de árvores preciosas e chegando lá correu sorridente em direção a alguém. Qual foi a surpresa de Chapeuzinho, ao ver a princesa se atirar nos braços de nada mais, nada menos do que o Lobo Mau! Chapeuzinho se conteve para não gritar de espanto. Aquela situação toda era irreal, ela não podia acreditar em seus olhos! Os casal, sem notar sua presença, se beijava apaixonadamente e trocava juras de amor.
O leitor já pode imaginar que ver um Lobo beijando e chamando sua amada de “Meu chuchuzinho” com uma voz boba não era a coisa mais bonita do mundo e Chapeuzinho provavelmente precisaria de terapia para superar a visão da cena. Fora isso, Chapeuzinho também pensava em que fazer no momento. Aquilo estava muito errado. Será que deveria contar ao rei? Por que ninguém explicava nada para ela? O que raios estava acontecendo?
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Após alguns minutos, a princesa se levantou dizendo que precisava ir, ou notariam sua presença. Chapeuzinho, assustada pelo gesto repentino da moça, deu um passo para trás pisando em uma pilha de folhas e gravetos das árvores mágicas, que fizeram um barulho bem alto, chamando a atenção dos dois.
O que Chapeuzinho deve fazer?
Se você quer que ela fuja e conte tudo para o rei, vá para a página 116.
Se você quiser que ela fique onde está, esperando para ver o que acontece, continue na página 104.
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Família L. Eitão era constituída pelos irmãos Emmet, Júlio e Tomas, vindos de uma linhagem muito distinta de porquinhos, conhecidos mais por sua nobreza do que pela sua capacidade intelectual.
Emmet L. Eitão era uma exceção. Culto e esperto, havia ganhado diversos prêmios, especialmente na área da engenharia. Seus dois irmãos, no entanto, não fugiam à regra do resto da família e preferiam gastar seus dias dando festas, saindo com amigos e procurando novas formas de se divertir. Não que Chapeuzinho soubesse disso, a princípio ela só sabia que eles eram três, que eram irmãos e que eram vizinhos. Segundo a Coruja, eles moravam numa região próxima à floresta, em três casas bastante peculiares: uma de palha, uma de madeira e uma feita com tijolos. A casa de palha era a que estava mais próxima quando Chapeuzinho chegou, assim, foi ela a casa que a menina escolheu para bater à porta.
Bateu palmas, chamou “Ô de casa?” e nada. Decidiu dar uma olhadinha na janela, que nada mais era do que um buraco um pouco alto na parede de palha.
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Enquanto ficava na ponta dos pés para tentar ver alguma coisa, o seu sensível nariz ficou diretamente sobre as palhas. O nariz começou a coçar, os olhos da menina encheram-se de água, ela tentou prender um espirro e ficou tonta com essa tentativa. Cambaleando para trás ela não aguentou e espirrou com força sobre a casinha de palha. O impulso do espirro foi tão forte que a empurrou com força em direção à casa de madeira, que também veio abaixo. – O que aconteceu aqui?! Exclamou um porquinho que veio correndo, saído da casa de tijolos.
– Oh, por favor me desculpe – Chorou a menina, angustiada. – Não fiz por mal. Eu espirrei e então caí sobre essa casinha de madeira. Por favor, acredite em mim! Eu não queria machucar ninguém! – Mocinh... – começou o porco.
– Oh não! E se o seu irmão ainda estiver lá dentro? – desesperou-se Chapeuzinho. – Me desculpe! Me desculpe! Eu vou procurá-lo!
– Mocinha, por favor, não há necessidade disso. Meus irmãos não estão em casa.
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– Não estão? Que alívio. Mas ainda sim, me desculpe pela casa, eu irei pagar por tudo. – Oras, não precisa. Aqueles dois é que estão te devendo... Você se machucou? – Eu estou bem, obrigada.
– Que irresponsabilidade construir essas coisas que eles chamam de “casas”. Sabe do que eu chamo? Pre-gui-ça. Pura e simples. Eu sou Emmet L. Eitão, permita-me convidá-la para um café em minha casa, para compensar todo esse incômodo. – Eu agradeço senhor L. Eitão.
Entraram na casa de tijolos. Um verdadeiro prodígio arquitetônico, com cada ambiente perfeitamente projetado para que um porquinho pudesse viver com conforto e sofisticação. Chapeuzinho sentou-se à mesa e seu anfitrião lhe serviu café e uma travessa de biscoitos de polvilho. – O que você queria com meus irmãos, posso perguntar? – disse Emmet.
– Bem, nada que eu não possa falar com o senhor. O caso é que eu sou a Chapeuzinho Vermelho.
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– Pude notar – sorriu o porquinho.
– Eu estou à procura do Lobo Mau, que simplesmente sumiu da minha história. E fui informada pela Dona Coruja, lá na floresta, de que o senhor também tinha o Lobo na sua história e que ele também desapareceu.
– Correto – confirmou – Você é uma garota inteligente, bem diferente dos meus irmãos, eles não acreditam que o desaparecimento do Lobo deve ser investigado. Desde que ele desapareceu, eu andei fazendo algumas pesquisas. Nada de especial na verdade. Mas você está com sorte, hoje eu fiquei sabendo de um acontecimento na vila que me chamou a atenção. A mercearia do senhor Gumercindo foi roubada ontem pela manhã. Isso não parece ter muita importância, mas o caso é que as coisas não costumam nos surpreender aqui, como você bem sabe. Se a sua história começa com a construção de três casinhas: uma de palha, outra de madeira e outra de tijolos; você espera que mais tarde apareça um Lobo e destrua as duas primeiras, por que é assim que deveria ser na história. Bem... mas quem precisa de Lobo quando temos você, não é mesmo? - brincou.
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– Me desculpe por isso. – desculpou-se Chapeuzinho. – Ora essa, estou brincando. Que tal irmos investigar a mercearia roubada? – Vamos lá!
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estabelecimento do senhor Gumercindo Pereira era pequeno e abarrotado de produtos, que se amontoavam por um número de prateleiras muito maior que o recomendado para um espaço tão limitado. Essa era a mercearia frequentada por toda a vila e redondezas. Não havia um habitante das proximidades que o dono não conhecesse. Talvez o fato de ser a única mercearia da região também ajudasse em sua popularidade, mas o senhor Gumercindo sempre gostava de comentar que, mais do que a falta de concorrentes, “o bom atendimento, qualidade e preços acessíveis é que são realmente os diferenciais da 'Mercearia do Gumercindo - tudo o que você quer está aqui, se não estiver, você não estava querendo a coisa certa.' Aberta de segunda à sábado das 7h30 às 18h”). Emmet L. Eitão e Chapeuzinho espremeram-se para passar pela pequena porta de entrada da loja, para depois serem recepcionados por um senhor baixinho, calvo, trajando uma camiseta listrada de verdelimão e laranja e com os dizeres bordados: "Mercearia
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Gumercindo". Foi o dono em pessoa quem os recebeu, com um sorriso convidativo de vendedor habilidoso. – Boa tarde, meus amigos Chapeuzinho e senhor L. Eitão! Posso ajudar am alguma coisa?
– Pode sim. – respondeu Chapeuzinho – Gostaríamos de perguntar mais a respeito do roubo que aconteceu aqui na manhã de ontem.
A expressão do dono mudou na hora de sorridente e gentil para uma de preocupação e nervosismo, e então ele disse: – Por favor, não fale isso em voz alta. Estou tentando evitar transtornos para meus clientes e não quero assustá-los com a ideia de que minha mercearia não é segura.
Então, ele os levou para um gabinete particular, no qual costumava assinar papeis de negócio e ler suas correspondências. – Primeiramente, por que o interesse nesse “evento” que aconteceu aqui? Eles contaram sua história, explicando a preocupação com o desaparecimento do Lobo e por que
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esse acontecimento não usual do roubo da mercearia havia interessado a eles.
– Entendo – disse Gumercindo após as explicações. – Entretanto, acredito que não poderei ajudá-los tanto. Apesar do fato de alguém realmente ter entrado aqui, nada de muito importante foi levado. Esse ladrãozinho fajuto levou só um par de luvas de plástico tamanho GG e um pacote industrial de redinhas para o cabelo. Mas vocês acreditam que minhas vendas caíram por causa dele ter entrado aqui? Minha reputação ficou prejudicada e ainda tive que dobrar os preços para compensar toda essa perda. Chapeuzinho decidiu não comentar os revoltantes, injustos e absurdos aumentos de preço da mercearia, mas considerou seriamente ir até o país vizinho fazer as compras do mês. Vendo que essa ação também não era muito viável, certificou-se de lembrar de avisar sua mãe que teriam que parar de comer feijão por enquanto, talvez a farinha e o queijo também. – Se vocês querem saber o que eu penso, acho que foi alguém tentando me intimidar! Com certeza um concorrente! Vou lembrar de colocar isso nas mi-
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nhas propagandas! Sim, é uma ótima ideia.
– Mas o senhor não tem nenhum concorrente! – disse Chapeuzinho confusa. Mas a garota não foi ouvida, pois Gumercindo já estava pensando alto em formas de expansão e divulgação de seu negócio e os ignorava. Chapeuzinho e o senhor L. Eitão foram saindo discretamente do gabinete e voltaram para a loja.
Nesse momento entrou uma senhora extremamente gorda e muito exaltada. Após uma pequena batalha para atravessar a porta ela entra e, ofegante, começou a gritar: – É inaceitável, totalmente inaceitável! Eu não consigo acreditar que...
Mas eles não conseguiram ouvir mais. Todas as pessoas que lotavam o estabelecimento haviam começado a falar alto entre si ou com a senhora que acabara de entrar, tentando acalmá-la ou repreendendo-a pelo escândalo; algumas cochichavam, outras riam, algumas até começaram a brigar. A confusão estava instalada. Chapeuzinho e seu companheiro de
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investigação mal ouviam o que a mulher berrava:
– … estava lá, e depois não estava mais! Eu estava esperando... mas então isso... Gumercindo seu pilantra!
A essa altura Gumercindo já havia aparecido e tentava desesperadamente acalmar a senhora. Emmet L. Eitão fez um sinal para que Chapeuzinho o acompanhasse para um local menos barulhento para que pudessem conversar. – Você viu isso? – Disse a menina. – Essa senhora estava muito brava. Não seria melhor saber o porquê? – Sim, vamos falar com ela, mas não aqui.
Foram para o lado de fora da loja e esperaram a senhora até que ela saísse do local. E demorou. Chapeuzinho e Emmet, para passar o tempo, compraram sorvetes, passearam em volta da fonte na praça central, conversaram sobre suas respectivas histórias e a vida após o desaparecimento do lobo.
Finalmente ela saiu da mercearia. Estava com as mãos cheias de pacotes. Provavelmente “presentes” oferecidos pelo dono para que ela se acalmasse. Pre-
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sentes que aparentemente fizeram efeito, já que ela saiu da loja com uma expressão vitoriosa e não de fúria, como havia entrado.
Chapeuzinho e seu companheiro correram na direção dela e se ofereceram para ajudá-la a levar os pacotes. Ela aceitou e se apresentou como Henriqueta Neves, mordora de uma fazenda perto da vila. Eles aproveitaram a oportunidade para perguntar sobre o motivo das reclamações.
– Bem, - começou Henriqueta – tudo começou quando eu fui fazer minhas compras do mês na mercearia do Gumercindo. Na época nós iríamos construir um celeiro para guardar a produção de trigo lá da fazenda e eu precisava de um cadeado resistente. Então, pedi o mais forte que ele tivesse. Ele me vendeu o cadeado como se fosse indestrutível! Mas ontem à noite entraram dentro do meu celeiro e levaram tudo! Todo meu precioso trigo! Olha só, chegamos! É aqui que moro. Obrigada pela ajuda! – Podemos dar uma olhada no seu celeiro?
– Vão em frente. Se descobrirem alguma coisa
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sobre quem fez isso, contem para mim.
Foram observar o celeiro. Estava vazio, com apenas alguns grãos de trigo caídos pelo chão, provavelmente derrubados pelo ladrão ao sair. – Olhe! Estão formando uma trilha – disse Chapeuzinho.
Começaram a seguir os rastros até chegar à estrada que passava pelo lado da floresta e ia rumo ao mar. Nesse momento sua trilha acabou. As migalhas haviam sido devoradas por pássaros que estavam terminando de comer o que sobrara do trigo. – Ah não! Perdemos o ladrão de vista! - reclamou Chapeuzinho. – Espere! - disse o porco – Você não está sentindo isso? Um maravilhoso cheiro de pão fresco vinha de algum lugar próximo dalí. – Vamos lá! - disseram.
Seguindo o cheiro, os dois caminharam para uma região à beira-mar e viram, não muito longe, uma
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pequena construção de onde vinha o cheiro.
Se aproximaram e chapeuzinho espiou pela janela. Mal pode acreditar! Lá estava o Lobo com redinha no cabelo, avental e luvas, segurando uma forma de pão saído do forno. Ele assoviava uma melodia despreocupada.
O que Chapeuzinho deve fazer?
Se você acha que ela deve correr de volta para a vila e denunciar o Lobo, vá para a página 72.
Se você acha que ela deve entrar na casinha e confrontar o Lobo, vá para a página 77.
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informação de que um animal “muito grande mesmo” estava passando perto da casa de Dona Maria, pareceu uma boa pista para começar a busca.
Chapeuzinho pediu à senhora se poderia acompanhá-la até sua casa para procurar pistas nos arredores. A gentil velhinha sorriu e disse que sim, só terminaria de alimentar seus queridos passarinhos. Depois disso, elas seguiram lentamente em direção à casa de Dona Maria. Era localizada em uma clareira na floresta, num local aonde Chapeuzinho nunca havia estado antes. Uma casa rodeada de flores, e que lembrava um bolo confeitado de tão bonitinha. Chapeuzinho poderia até mesmo jurar que sentiu um cheiro de bolo no ar assim que a viu. – Gostaria de um chá, café ou suco? – perguntou a anfitriã. – Um chá, por favor. Se não for incomodar.
– Mas é claro que não. Amo cozinhar para minhas visitas, não que eu receba muitas, mas trato
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muito bem as que eu recebo, disso você pode ter certeza. – Obrigada. – sorriu a menina.
– Enquanto estou preparando seu chá, pode comer esses biscoitinhos que eu mesma fiz. – disse a senhora apontando para um grande número de potes cheios de biscoitos dos mais variados sabores. – Chapeuzinho se dirigiu para os potes e pegou tantos biscoitos quanto sua mão pudesse segurar.
– Enquanto comia, parou para observar a decoração da sala. Lembrava a casa de sua avó: as cortinas floridas combinando com o sofá, os bibelôs de porcelana na janela, uma estante de madeira muito antiga com uma grande quantidade de livros. Na maioria dos livros não havia nenhum título ou identificação nas capas, que eram de couro e muito velhas. Os demais eram livros comuns de culinária (Nos volumes “Básico”, “Avançado”, “Culinária Exótica” e “Culinária Experimental”) e alguns outros livros de contos e poemas que eram iguais aos que sua avó também tinha em casa.
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“Será que todas as velhinhas moram em casas iguais?” pensou a menina, curiosa. “Está tudo igualzinho a casa da vovó: tapete, um quadro de elefante na parede esquerda, o abajur laranja, a corda escondida de baixo do sofá, o pelo de lobo do lado dela... Epa... Corda? Pelo?” Mas não teve tempo de pensar sobre isso, pois caiu desmaiada no chão da sala. Ao mesmo tempo uma velhinha sorridente se aproximava dela.
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Continue na página 93.
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aviam descoberto o ladrão! Agora precisavam contar para as autoridades. Então, sem que o Lobo percebesse, Chapeuzinho e Emmet L. Eitão, correram de volta para a casa de Henriqueta, avisando-a que tinham descoberto o ladrão, mas que não tinham tempo a perder, pois precisavam avisar os guardas. Correram para a delegacia, e após Chapeuzinho relater os acontecimentos e as evidências que eles descobriram, os guardas prontamente foram em direção ao Lobo, acompanhados por Chapeuzinho, o porco e pela senhora Henriqueta que foi com eles para ver o ladrão do seu celeiro pagar pelo que havia feito. O Lobo foi preso, em uma situação que deu pena em quem assistiu (exceto, é claro, Senhora Henriquetta que estava satisfeitíssima com a prisão). Ele uivava tristemente e gritava: “O Pão vai queimar! O pão vai queimar!”
Um guarda entrou no estabelecimento, desligou o forno e confiscou os pães. E o Lobo foi levado.
Após a prisão do Lobo, Chapeuzinho e Emmet L. Eitão perceberam o que haviam feito:
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– Nós passamos todo esse tempo procurando o Lobo para que ele voltasse para nossa história, mas ele está preso. O que vamos fazer? – Precisamos de um lobo novo. - refletiu Emmet. – Mas que lobo?
Não haviam muitos lobos na região, e agora a história deles estava comprometida.
– Poderíamos roubar o Lobo da prisão! - Sugeriu Chapeuzinho. – Não é uma opção - concluiu o porco. – Ah, que pena.
– Eu tive uma ideia! - falou o porquinho. E eles começaram a combinar.
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O tempo passou, o Lobo continuava preso, mas o sistema desenvolvido pelo porquinho chamado Emmmet L. Eitão estava funcionando muito bem, considerando-se as outras opções.
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O sistema funcionava assim: Nas segundas, quartas e sextas, Chapeuzinho vestia uma fantasia de Lobo e atuava na história dos Três porquinhos. Nas terças, quintas e sábados, era o Porquinho chamado Emmet L. Eitão que se vestia de lobo e atuava na história de Chapeuzinho. As fantasias foram cuidadosamente produzidas pela avó de Chapeuzinho. Que se havia se oferecido gentilmente para ajudar. Nos domingos, os três irmãos porquinhos, Chapeuzinho e sua mãe se reuníam na casa da vovó para um delicioso almoço, ouvir e contar histórias e ainda para se divertirem com alguns jogos de carta .
FIM
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E
ntão o Lobo era o ladrão! Chapeuzinho ficou contente por ter descoberto o ladrão e ter encontrado o Lobo. Mas queria saber mais. Por que ele estava em uma casa perto do mar fazendo pão? Aonde ele havia encontrado aquele avental ridículo?
Emmet L. Eitão e Chapeuzinho entraram no local. Era uma construção pequena, feita de madeira. Ao entrarem viram um balcão no fundo e ma parade por trás dele estava escrito: "Padaria Lobo Mnau". O Lobo em pessoa saiu da cozinha dizendo:
- Olá, olá, meus amigos, gostariam de um pão quentinho? - Lobo Mau, é você mesmo! - exclamaram.
- Sim, sou eu. - confirmou o Lobo, um pouco envergonhado. - O que você está fazendo aqui?
- Eu estou vivendo meu sonho, Chapeuzinho. disse ele com um brilho no olhar. - Sonho? - perguntou o porquinho.
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- Sim, meu sonho. Abrir uma padaria. E aqui está ela. - Sorriu e abriu os braços – Linda, não é? - Er... - começou chapeuzinho.
- Esse avental aqui era do meu saudoso avô, um grande Lobo e um grande padeiro. Eu sempre quis seguir os passos dele, mas meus pais queriam que eu fosse um Lobo Mau de sucesso, assustando a todos, comendo criancinhas, vovózinhas, porquinhos etc. Não fazia muito o meu estilo, mas fiz o que eles disseram. Mas cansei de ser o Lobo Mau. Ninguém gosta de mim, não consigo fazer uma refeição em paz e não posso soprar uma vela de aniversário sem que eu acabe destruíndo alguma coisa. - E agora você irá parar? - Definitiavamente.
- Mas nós precisamos de você! - disseram. - Sem você não teremos histórias. - Eu não estou falando que ser o Lobo Mau é ruim, mas... eu também gosto de fazer meus pães. - Mas para abrir essa padaria você roubou!
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- Se você visse o Lobo Mau comprando farinha, redinha para o cabelo e luvas, o que você faria? Todos ririam de mim! Na verdade, desde que chegaram, tanto Chapeuzinho quanto Emmet seguravam o riso por causa da situação inusitada. Mas decidiram não comentar.
- Bem, logo os guardas te descobrirão. - começou o Emmet L. Eitão. – Eu pensei em uma forma de você continuar com sua padaria, mas também precisará voltar para nossas histórias. O que acha? - Fale mais sobre essa ideia. - disse o Lobo.
O porquinho então contou o que havia pensado. O Lobo concordou, Chapeuzinho achou uma ideia maravilhosa e eles começaram a ajustar os detalhes.
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Algum tempo se passou e tudo estava funcionando muito bem. Ficou acertado entre eles que o Lobo atuaria nas histórias da Chapeuzinho nas segundas e terças, enquanto Emmet L. Eitão cuidaria da padaria; o Lobo atuaria nas histórias dos Porquinhos nas quartas e quintas e nesses dias Chapeuzinho cuidaria do
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estabelecimento. Nas sextas-feiras o Lobo ficaria cuidando da sua padaria. Os três dividiriam os lucros.
Para compensar àqueles a quem tinha roubado, o Lobo ofereceu pão de graça, o quanto eles quisessem e por quanto tempo quisessem. Logo, a “Padaria Lobo Mau” tornou-se um grande sucesso, as histórias continuaram sem problemas e todos viveram felizes para sempre.
FIM
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s dois irmãos foram bem convincentes e Chapeuzinho decidiu aceitar a companhia deles. Então começaram a caminhar pela direção sugerida por Maria e durante o caminho eles riram bastante, conversaram, contaram histórias engraçadíssimas, pelo menos para eles.
A verdade é que Chapeuzinho estava um pouco preocupada por não estarem se concentrando no desaparecimento do Lobo. Quando falou isso para eles, João explicou, fazendo uma voz emocionada: – O caso, Chapeuzinho, é que nem eu e nem minha irmã comemos desde o almoço e isso fez a gente ficar cansado demais para pensar. Muito, muito mesmo. Eu vi que você tem essa cestinha aí, mas ficamos com vergonha de perguntar, mas já que estou aqui falando mesmo, o que você acha de dividir com a gente?
– Bem... – começou Chapeuzinho, envergonhada – Eu estava guardando para quando fosse bem mais tarde, por que eu não sei quando vou voltar para casa. E que o horário de almoço não foi nem há duas horas atrás, não está meio cedo para ter fome?
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– É claro, é claro. Você está certa. – disse João. Vamos, Maria, seja forte. – Eu vou ser, querido irmãozinho. – disse Maria com voz chorosa – Ai! Desculpem, foi uma pontada de fome na minha barriguinha.
O que Chapeuzinho deve fazer?
Se você acha que ela deve oferecer comida aos dois irmãos, vá para a página 84. Se você acha melhor que ela economize comida e não ofereça, vá para a página 90.
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entindo-se culpada, Chapeuzinho disse que tudo bem, já que Maria precisava comer alguma coisa. Mas antes que Chapeuzinho tivesse terminado a frase, Maria deu um pulo de empolgação exclamando: – Piquenique! Vamos fazer um piquenique!
– Que ideia ótima, Maria! – disse João. – Vamos fazer alí perto daquela pedra grande. E os irmãos correram até o local indicado e ficaram pulando e acenando para que Chapeuzinho se apressasse. Chapeuzinho estava um pouco surpresa pela rapidez com que Maria havia se recuperado, mas foi até o local do “piquenique”.
Mal colocou a cesta no chão e as duas crianças pularam sobre a comida, pegando tudo o que podiam com as mãos e colocando na boca de uma só vez. Chapeuzinho não teve tempo para pegar nada do que havia na cesta. Em menos de um minuto os irmãos haviam comido tudo e estavam sentados, com um grande sorriso de satisfação no rosto e as mãos sobre a barriga.
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– Ai, ai como estou cheia João. –disse Maria.
– Eu também estou cheio, Maria. – disse João.
– Vocês... vocês... – começou Chapeuzinho, sem encontrar as palavras para descrever o que estava sentindo ou para definir o que acabara de acontecer alí. – Então, Chapeuzinho. Sabe o que é? Acabei de Lembrar que nós tínhamos um compromisso lá em um lugar para fazer uma coisa. Não é mesmo. Maria? – falou João. – Verdade. Tchauzinho. – disse Maria. – E os dois sairam rindo pela floresta. – Mas... mas...
Chapeuzinho não conseguia falar nada e só ficou parada, observando os irmãos se afastarem.
Para maior conforto do leitor, vamos omitir as reações raivosas de Chapeuzinho, o que ela falou sobre eles e sobre nunca mais oferecer comida para ninguém em toda a sua vida. A única coisa que você precisa saber nesse ponto da história é que ela gastou
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um bom tempo nessas explosões de raiva para só depois perceber que não sabia aonde estava na floresta. Ela estava perdida. Passou mais algum tempo expressando toda sua revolta, mais outro tempinho chorando por não saber como voltar pra casa até finalmente decidir se levantar e procurar um caminho. Caminhou durante horas, com a sensação de estar andando em círculos. E já estava anoitecendo quando encontrou uma luz piscando ao longe. Seria aquilo uma casa? Correu na direção da luz. Estava morrendo de fome.
Chegando perto, viu que era uma linda casinha rodeada por flores, bonita como um bolo confeitado. “Ai, que vontade eu tenho de comer um bolo” Pensou. Então ela sentiu um cheirinho muito bom. “Bolo. É definitivamente cheiro de bolo”. Foi seguindo o cheiro e deu de cara com a parede! Seria verdade? Uma parede feita de bolo? Ela não deu espaço para dúvidas e já se atirou sobre a parede dando uma mordida. Se fosse realmente uma parede, feita com tijolos
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e cimento de verdade, não seria nada bom para a dentição de Chapeuzinho. Mas por sorte era bolo mesmo. E a menina deixou para pensar mais tarde sobre o quão estranho era a existência de uma casa com paredes feitas de bolo no meio da floresta. Ela ainda comia quando a porta da casa abriu e de lá saiu uma senhora sorridente. Na verdade a senhora era Dona Maria, uma amiga de sua avó. – Olhe só quem está aqui. – disse ela .
– Dona Maria! – disse Chapeuzinho, surpresa. – A senhora vive aqui? – Sim, até quando sobrar alguma casa para eu morar não é mesmo? – Me desculpe! – exclamou Chapeuzinho, percebendo o que havia feito.
– Tudo bem, tudo bem. Se você soubesse quantas pessoas já tentaram devorar minha casa... E além do mais eu sou amiga de sua avó, não sou? – Obrigada por entender, Dona Maria.
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– Que tal entrar em casa e tomar um chá?
– Ah, eu agradeço, mas daqui a pouco vai escurecer e eu acho melhor voltar para casa. –Ah, minha querida, é melhor você entrar. Vocẽ não parece muito bem. Apesar de realmente estar se sentindo um pouco zonza, Chapeuzinho falou: – Obrigada, mas vou voltar para casa.
A visão da menina começou a ficar embaçada.
– Você não entendeu, Chapeuzinho Vermelho. Você vai entrar aqui. – E deu um sorriso sinistro. Chapeuzinho desmaiou.
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pesar da insistência dos irmãos, Chapeuzinho decidiu seguir sua ideia inicial de guardar comida para mais tarde.
– Me desculpem, pessoal. Mas é melhor que eu economize. Como eu disse antes, não sei quando vou voltar para casa e posso ficar com fome no caminho. No mesmo instante os dois ficaram irritados:
– Ah, vamos embora, João. Se a gente não for ganhar comida, então de que adianta ficar com ela? Eu já estou cansada dessa busca chata. – Verdade, Maria. Tem gente que não é legal mesmo. Tchau menina, já cansamos desse negócio de investigação. E os dois sairam resmungando pela floresta.
Chapeuzinho ficou surpresa com essa reação. Mas depois de um tempo concluiu que foi realmente melhor que eles tivessem ido. Ela já tinha perdido tempo demais, tempo valioso para encontrar o Lobo Mau da sua história. Se preparou para continuar sua caminhada, mas
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percebeu que estava perdida. Como estava mais tranquila por ainda ter mantimentos, ela parou e decidiu qual seria o melhor caminho para continuar procurando.
Andou durante algum tempo. Parou para comer um pedaço de bolo e voltou a andar. Após algumas horas de caminhada chegou à um local onde estavam três casinhas e se lembrou do que a coruja havia dito quando ela começou sua busca. Provavelmente eram as casas dos irmãos porquinhos.
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hapeuzinho abriu seus olhos. Piscou uma, duas vezes. Não conseguiu enxergar nada num primeiro momento, mas depois foi se acostumando com a escuridão.
Ela não sabia onde estava, parecia um calabouço. Ela estava presa pelas mãos com correntes de ferro, as paredes eram feitas de pedra e ela não via janelas. A única luz que enxergava vinha de uma rachadura no alto do lugar. Com a visão mais adaptada ao escuro, ela olhou novamente ao redor e não pode conter um grito ao ver dois olhos grandes e brilhantes que não tinha percebido antes. – Ah! Quem é você? Por favor, não me faça mal! Ao que uma voz fraca e rouca respondeu: – Chapeuzinho, sou eu.
– “Eu” quem? Você não poderia ser... – O Lobo. Eu sou o Lobo.
– Você que me prendeu aqui?
– Não, menina. Eu estou tão preso quanto você.
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Na verdade até mais preso que você, já que eu estou aqui faz um bom tempo. Quantos dias, semanas, meses ou até mesmo anos eu estive fora? Oh não, foram muitos anos não foram? Eu perdi toda a minha juventude – disse o lobo ficando mais desesperado a cada declaração. – Na verdade nem fez uma semana ainda. – disse Chapeuzinho. bo.
– Ah, me sinto melhor. – suspirou aliviado o Lo– Mas então, quem? Eu não me lembro do que...
Nesse instante, uma risada ecoou por todo o calabouço. E uma bola de luz surgiu, revelando Dona Maria, a amiga de sua avó, que até então Chapeuzinho acreditava ser uma boa pessoa. – Dona Maria? A Senhora é uma Bruxa! O que está fazendo? – perguntou. – Acabando com a história da “Chapeuzinho Vermelho” Hahahaha. – Mas o que foi que eu fiz?
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– Você? Pff... Você não fez nada, nada mesmo. Tudo o que acontece nessa historinha é você ser feita de boba por um lobo patético. Mas pouco me importa você nessa história fraquíssima. Meu problema é com a sua “querida e amada vovozinhainhainha”. – Com a vovó? – perguntou Chapeuzinho espantada.
– Desde sempre, sempre ela foi o centro das atenções. Desde quando éramos jovens e todos os rapazes gostavam de falar com ela, ela sempre era convidada para os bailes por pelo menos 7 rapazes diferentes, você acredita? – Eu... – começou Chapeuzinho.
– Não me interrompa! Ninguém olhava para mim! Eu tentei, de verdade, eu tentei provar para eles que eu ficava melhor nas roupas que elas costumava usar, ou que eu fazia melhor aquela performance de sapateado que ela havia feito no natal anterior. Mas ninguém reconheceu meus esforços. – A senhora imitava a minha avó!
– Imitava não! Eu estava provando para o mun-
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do que eu era melhor do que ela, EU.
Ela deu uma pausa de efeito e continuou:
– Nós entramos para a mesma escola para moças, e íamos para a mesma aula de culinária. Éramos as melhores, não, EU era a melhor da turma. Mas quando comecei minha maravilhosa pesquisa de técnicas experimentais de culinária, todos me humilharam. Parece que as minhas ideias eram muito “exóticas” para a mente pequena de todos daquela escola, de todos eles. Imagine só, construir coisas feitas de doces! Casas inteiras como a que eu fiz para mim! O que vocês dizem disso agora? – Gritou. – Isso não é muito exótico, só esquisito. – começou o Lobo. Lobo.
– Calado! – disse a bruxa batendo na cabeça do
– Mas agora é a minha vez! Eu farei com que tudo que envolve “Chapeuzinho Vermelho” desapareça! Sim! Sem vocês para dar continuidade para a história, ela deixará de exisitir! Eu acredito que dentro de alguns dias vocês já terão virado páginas em branco dos
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contos de fada! E sabe o que é ainda pior? Ela vai desaparecer lentamente e sem ter a companhia de sua querida netinha. E nenhuma mágica nesse mundo é capaz de penetrar essas paredes! Com uma risada maligna, ela saiu.
– E agora, o que faremos? – perguntou Chapeuzinho para o Lobo. – Nada. - respondeu ele, totalmente derrotado.
– Nada? - perguntou a menina – Como assim nada? Você é O senhor Lobo, o lobo mais esperto que eu já vi! – Ah, você está falando isso para me deixar feliz.
– Claro que não. Estou falando sério. Você pode pensar em uma forma da gente sair daqui, eu sei que sim. sar.
Com o ânimo renovado, o Lobo começou a pen-
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Algumas horas depois:
– Já pensou ? - perguntava Chapeuzinho.
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– Ainda não. - respondia o lobo, impaciente – Se você me perguntar mais uma vez eu não te solto daqui quando achar uma solução.
– Ai de mim, - chorava Chapeuzinho – Nunca mais verei a minha vovozinha e nem minha mamãe. Por que ela tinha q estudar com essa mulher louca, por quê? – Não acredito nisso! - exclamou o Lobo. – O que é, o que é? – Espere.
Fez-se um silêncio total, quebrado por barulho de algo sendo lambido. – Bem... vai demorar um pouco. – disse o Lobo. – O que?
– Foi muita bobeira não pensarmos nisso antes, Chapeuzinho. A mulher fez toda a casa de comida, por que o calabouço seria diferente? – Bem... Para ser mais seguro?
– É. É uma boa explicação, mas ela não pensou nisso, por que essas pedras são biscoitos de chocolate
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e as correntes não são de ferro, mas de caramelo bem duro. Ela pensou na defesa contra magias, mas não pensou em defender de um esfomeado como eu. – Você lambeu isso para saber se era feito de comida? Eca, poderia ser pedra suja mesmo.
– Alguém tinha que tentar alguma coisa aqui, certo? De qualquer forma, tudo o que precisamos fazer é lamber as correntes que nos prendem aqui. – Eu não consigo alcançar para poder comer as minhas. - disse Chapeuzinho. – Ah, então vai demorar mais. – concluiu o Lobo – Ter uma grande boca e um grande focinho às vezes tem suas vantagens. E começou o seu trabalho.
O Lobo passou a noite toda até conseguir se soltar. Assim que se soltou, arrumou uma forma de parecer que estava preso para quando a Bruxa aparecesse verificar como estavam os prisioneiros, o que não acontecia com muita frequência.
Logo os dois estavam soltos e começaram os preparativos para fugir.
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Começaram a gritar muito alto, batendo e quebrando objetos que encontravam e fazendo um barulho muito grande. Logo a bruxa desceu para verificar o que estava acontecendo. Assim que abriu a porta, o Lobo, com um movimento rápido, correu e a puxou para dentro, jogando-a contra as grossas paredes de biscoito. Desorientada, ela ficou no chão por alguns segundos. Tempo suficiente para que os dois saissem e fechassem a porta, de forma que ela não mais conseguisse abrir por dentro. A Bruxa gritava, batia, dizia feitiços e nada acontecia. E eles a deixaram assim e cada um voltou para sua casa.
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Eventualmente a Bruxa percebeu que só comendo a grossa parede que a cercava ela poderia sair dalí e, a partir desse momento ela se dedicou a essa árdua tarefa. Um ano depois ela havia conseguido comer o suficiente para criar uma abertura pela qual uma pessoa magra passasse. O problema é que agora ela pesava mais de 120 quilos e isso exigiria um buraco maior. Ela continuou abrindo mais espaço. E desen-
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volveu um ódio mortal à biscoitos de chocolate.
Quanto à Chapeuzinho e ao Lobo, eles voltaram às suas atividades normais, com a diferença que gostavam de tomar um café juntos de vez em quando e contar suas histórias para quem quisesse ouvir.
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chapeuzinho decidiu ficar quieta, talvez não a vissem. Prendeu a respiração e se encolheu no seu canto. Mas eles estavam se aproximando.
– Quem está aí? – perguntaram, e logo a viram.
– Chapeuzinho! – exclamou o casal. – O que você está fazendo aqui? – Eu... eu... – gaguejou a menina
– Não se preocupe, querida. – disse o Lobo à princesa – Eu vou dar um jeito nisso.
E mostrou os dentes ferozmente para Chapeuzinho, preparando-se para atacar. – Não, Astolfo! – ordenou a princesa – Você prometeu. – Astolfo? – Exclamou Chapeuzinho. Mas ninguém pareceu dar importância. – Mas meu bem, ela pode acabar com tudo!
– Eu confio nela. – disse a princesa com segurança, sorrindo. – Chapeuzinho, eu preciso te contar o que aconteceu, você gostaria de ouvir?
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– Sim, por favor. – respondeu Chapeuzinho.
E, assim, a princesa mais velha começou a contar sua história: Há aproximadamente 5 anos que tanto ela quanto suas irmãs haviam recebido uma terrível maldição de uma bruxa que invejava a beleza das moças. Toda noite de lua cheia, elas seriam obrigadas a descer até uma floresta mágica, aonde todos os monstros, bruxos e seres assustadores se reuniam em uma festa macabra, especialmente preparada para celebrar suas maldades. As lindas moças seriam obrigadas a dançar, dançar a noite toda, de forma que seus sapatinhos se desgastassem logo pela manhã. O Rei já estava cansado de pagar tantos sapatos. E então, durante toda a lua cheia, as moças eram obrigadas a ficar dançando sem parar, nem para beber, nem para comer, nem para ir ao banheiro. Ninguém poderia saber do feitiço, principalmente o rei. Se ele descobrisse, todas elas morreriam ao mesmo tempo. – E o que quebraria esse feitiço? – perguntou Chapeuzinho angustiada com a história. – Eu precisaria me casar com meu verdadeiro amor. – disse a moça, tristemente.
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– Ah, já sei! – exclamou Chapeuzinho. – Esse Lobo malvado descobriu e está te fazendo mal! Você é uma criatura odiosa, seu Lobo!
– Não, pelo contrário. Nós nos apaixonamos. –falou a princesa. – É sério Chapeuzinho, eu sou um Lobo novo, juro! Estou até me controlando mais, tudo para fazer meu chuchuzinho feliz. Não é, meu chuchuzinho? – terminou ele, com uma voz boba de apaixonado, e beijou a princesa, que sorria para ele. – Ugh – cochichou Chapeuzinho, sem poder se conter. – Mas então... er... você já não encontrou o seu amor? Quer dizer... você e o Lobo... bem... vocês parecem... apaixonados.
– Sim, eu encontrei. Mas isso não é nada. Estamos cheios de problemas que impedem o nosso amor. – disse a princesa começando a chorar, sendo prontamente consolada pelo Lobo. – Chapeuzinho, você acha que o rei permitiria que a filha dele se casasse com um Lobo? E ainda mais um com uma fama tão ruim quanto a minha lá na vi-
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la... – continuou o Lobo.
– Mas isso salvaria as princesas!
– Mas ele não pode saber, esqueceu? No momento que ele souber da maldição, todas as princesas irão morrer! Morrer, Chapeuzinho!
– Minha nossa! É verdade. E o que vocês pensam em fazer? A princesa ainda chorava em um canto, tentou falar algo por entre os soluços. Mas ninguém a entendeu.
– Não sabemos. – disse o Lobo. – Nós aproveitamos o tempo aqui, mas tem que ser rápido. No final da noite, os capangas da bruxa revistam os sapatos de todas as princesas, que precisam estar gastos de tanto dançar. A minha querida precisa arrastar o pé com força no chão várias e várias vezes para que pareça que ela esteve dançando por toda a noite. E ainda assim é perigoso arriscar ficar tanto tempo fora da área de dança. Assim que ela se recompor, deve voltar para lá. – A moça concordou, soluçando.
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– Mas vocês têm que fazer alguma coisa! – Alguma ideia? – perguntou o lobo.
– Por favor, Chapeuzinho. Nos ajude! O que nós poderíamos fazer? Chapeuzinho ficou pensativa. Queria realmente ajudá-los, mas para isso precisava de um bom plano.
– Já sei! – exclamou a menina depois de algum tempo. – Já sei o que fazer para que vocês dois se casem! – Oh, Chapeuzinho! Conte logo, qual foi sua ideia? – disse a princesa dando um pulo.
Nesse momento, a música havia feito uma breve pausa, o que lembrou o Lobo sobre a dança. – Minha querida, você deve voltar! – disse o Lobo. – Você já ficou fora da pista de dança por tempo demais!
– Vá, eu conto tudo amanhã para você. – falou Chapeuzinho. – E enquanto estiver dançando eu combino a parte do Lobo.
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Então, a princesa voltou para a pista a fim de cumprir sua maldição e Chapeuzinho explicou todo o plano para o Lobo. Mais tarde, ele a ajudou a sair sem ser vista e chegar ao castelo em segurança. Combinaram os últimos ajustes do plano e depois Chapeuzinho entrou. Na manhã seguinte, Chapeuzinho acordou mais cedo que de costume e quando Ana chegou, a menina já estava arrumada e pronta para o café. Ela não perguntou nada sobre a noite anterior, mas Chapeuzinho sorriu para ela aparentando confiança.
A menina desceu até a sala do café da manhã, que estava vazia, a não ser pela presença da princesa mais velha que a esperava. Chapeuzinho falou apressadamente sobre o plano, e a princesa mal conseguiu esconder sua animação quando os demais chegaram para o café. Mas tarde, todas as moças foram para a sala de estar, onde desenhavam, bordavam, tocavam piano ou cantavam. O Rei estava com elas essa tarde, lendo tranquilamente o jornal. Então foi anunciada a chegada de um visitante
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inesperado. O Visitante foi anunciado como Khaled El Arbi, um rico príncipe árabe. Entrou na sala uma figura robusta, de porte imponente. Trajava finos tecidos de seda e um turbante volumoso. Não se via muito dele a não ser seus grandes olhos. Ele cumprimentou o Rei com cortesia e ofereceu um baú como presente.
O baú estava recheado de ouro, prata e pedras preciosas e com certeza causou uma ótima impressão no rei, que em poucos minutos já o tratava como um velho amigo. O que o jovem fazia por aquelas terras? Estava a passeio e trouxe um presente em nome de seu querido pai. Por quanto tempo pretendia ficar? Alguns dias apenas. Se gostaria de se hospedar no palácio? Claro que sim, era muita gentileza do rei. Depois dessa apresentação inicial, foi fácil pedir a mão da moça mais velha em casamento algumas horas depois. A cerimônia foi marcada para o dia seguinte. Chapeuzinho era a dama de honra. Usava o ves-
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tidinho mais bonito que já tinha visto.
Toda a vila estava presente quando os pombinhos disseram “sim”, e as coisas pareciam se encaminhar para um final feliz. Porém, na hora do beijo o turbante do noivo caiu, e ele se revelou como o Lobo. A confusão foi geral, mulheres gritavam de medo e bebês choravam. Os guardas do palácio se puseram em posição de ataque, e a princesa ficou entre entre eles e seu marido. Ela gritava: – Por favor, deixem que nos expliquemos!
O rei estava em estado de choque, ordenou para que os soldados ataquessem, mas, nesse momento, todas as 11 irmãs se puseram entre os guardas e o casal. Exigindo que o pai ouvisse a história. Contrariado, o rei cedeu. Elas falaram tudo. Sobre a maldição, sobre não poderem contar ao pai nem a ninguém que pudesse comprometer o segredo, sobre a princesa se apaixonando pelo Lobo e sobre o casamento ser a única forma de salvar as filhas, que agora com a maldição quebrada, poderiam contar toda a história e, melhor
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ainda, dormir tranquilamente nas noites de lua cheia.
Não posso dizer que foi fácil para o rei aceitar o seu genro, mas com o tempo, o relacionamento entre os dois foi ficando mais amistoso. Apenas com a condição de que o casal não expressasse seu amor tão intensamente em público. Como comentei antes, o leitor provavelmente nunca viu um Lobo beijando uma dama, ou falando frases de amor com uma voz boba. Justamente por isso, o leitor provavelmente não entenderia a necessidade de todos os habitantes da vila de procurarem terapia após a festa de casamento (mas depois eles se lembrariam daquele dia como um “evento maravilhoso”, “melhor do que a novela” e com “o melhor bolo de nozes que eu já comi na minha vida”). E Chapeuzinho? Bem, após concluir o caso do desaparecimento do Lobo, e resolver a questão do casamento, chapeuzinho foi agraciada com diversas condecorações, títulos e, especialmente, a amizade de toda a nobreza.
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O Lobo após o casamento, vivia sempre no palácio, auxiliando o rei em assuntos de negócios. Quando tinha tempo, atuava nas histórias em que antigamente fazia parte, mas mais por diversão, para reviver os velhos tempos. Para o trabalho regular de Lobo nas histórias, a princesa havia contratado vários dublês. E assim, todos viveram felizes para sempre.
FIM
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A
ntes que pudesse pensar em uma ideia melhor, Chapeuzinho saiu correndo. Correu o mais rápido que pode por entre as árvores, passou escondida pelo lugar onde todos dançavam e correu sem olhar para trás em direção ao castelo. Antes de entrar, olhou para trás e não viu ninguém. Parece que não haviam percebido sua presença, já que ninguém a tinha seguido. Ofegante, Chapeuzinho foi para seu quarto, mas não consegui dormir. Morrendo de medo, passou a noite toda olhando para o teto.
Na manhã seguinte, antes de todos levantarem ela se vestiu e ficou esperando na porta do quarto Real. Quando o monarca abriu a porta, dirigindo-se para a sala do café da manhã, deparou-se com a menina sentada no chão, olhando fixamente para ele com os olhos arregalados. – O que houve, criança? Alguém te fez mal?
– Não senhor – disse Chapeuzinho. – Mas tenho algo a contar sobre suas filhas, mas principalmente sobre a mais velha.
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A expressão do rei mudou abruptamente. Tornou-se muito sério e pediu para que Chapeuzinho o acompanhasse até seu gabinete Real e contasse toda a história.
Chegando ao local, Chapeuzinho pôs-se a relatar o que havia visto. Desde o jardim maravilhoso, o palco de marfim, os seres que lá dançavam, até o encontro da princesa mais velha com o Lobo. Também falou que não sabia exatamente o que aquilo significava, mas temia pela princesa. O Rei estava absolutamente chocado e chamou naquele instante o chefe da guarda real, ordenou para que reunisse todos os seus homens e partisse na busca do Lobo.
Chapeuzinho também falou da passagem secreta usada pelas princesas para ir ao baile noturno e o rei tratou de mandar fechá-la. Naquele mesmo dia, as princesas foram reunídas no salão, aonde o rei anunciou que havia descoberto que toda a noite elas saiam para dançar sem seu consentimento e, ainda pior, que sua filha mais velha, que ele julgava tão sensata e correta, havia se envolvido com um dos monstros.
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As moças se desesperaram, a mais jovem olhou para Ana, a empregada que as ajudava e exclamou: - Você contou Ana! Você nos traiu!
A jovem empregada chorava para as princesas dizendo que não falara nada e chorava para o rei implorando perdão. Mas foi inútil, o Rei mandou prendêla até o fim de seus dias. Chapeuzinho tentou protestar: – Por favor, Sua Majestade, não a prenda!
De nada adiantou e Ana foi levada aos prantos pelos guardas do castelo. – E agora, vocês! - disse o rei à suas filhas. - Todas, repito, todas vocês serão mandadas para o reino vizinho, para morar em um internato para damas e aprender a ter disciplina! E não aceitarei reclamações.
As moças choravam, pareciam querer argumentar, mas algo as impedia e, por fim, se fecharam em um silêncio misterioso.
– Obrigada, Chapeuzinho Vermelho, por ter revelado essa terrível conduta por parte de minhas filhas – falou o Rei. - Agora, devemos procurar o Lobo.
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Por favor nos indique o caminho para a floresta que você mencionou.
Chapeuzinho não podia suportar o olhar que as princesas lhe dirigiam, era um misto de tristeza, amargura e ressentimento que apertava o peito da menina. A princesa mais velha, ao ouvir a palavra “Lobo” vinda da boca de seu pai, desmaiou. Os membros da corte e suas irmãs a socorreram e depois que ela acordou, não falou mais nada. Depois daquele dia, nenhuma palavra foi ouvida de sua boca. Chapeuzinho levou os guardas até o local, mas não havia nada de anormal: não havia palco de marfim nenhum e as árvores eram árvores comuns, com a diferença de que as folhas caídas dessas árvores eram de ouro, prata e joias. Os guardas partiram, então, em busca do Lobo e Chapeuzinho foi enviada para sua casa. Alguns dias depois, o Lobo foi encontrado. Na verdade, após saber que sua amada fora mandada para longe, ele mesmo se entregou às autoridades. Ele foi sentenciado à prisão perpétua e jogado num calabouço em uma ilha muito, muito distante.
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Chapeuzinho não tinha motivo para continuar sua busca, o Lobo já não estava mais acessível. Dessa forma, ela voltou para seu lar e contou sua aventura para sua mãe.
Depois de algum tempo as coisas voltaram à uma relativa tranquilidade, só que de quando em quando a menina se lembrava com tristeza de todas aquelas pessoas com quem havia passado momentos tão maravilhosos no castelo. Refletia se havia agido certo ao contar tudo para o rei. Ela se sentia vazia de certa forma, mas concluiu que deveria continuar com sua vida, o que estava feito estava feito.
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E
la havia pensado muito e, por mais tentadora que essa proposta pudesse parecer, ela não tinha certeza. Quem era esse porquinho? Quem seriam seus irmãos? Do que se alimentavam? O que garantiria que eles não a levariam para um destino ainda pior? E mais, por que procurar o Lobo, que já havia feito tanto mal a todos por lá? E assim, respondeu: – Não, obrigada.
Claramente desapontado com a resposta, e vendo que sua insistência de nada adiantaria, o porquinho de nome Emmet L. Eitão se despediu e saiu andando pela estrada.
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E
assim, a vida de Chapeuzinho continuou: visitando a casa de sua avó, tomando chá, comendo biscoitos, passeando pela vila ou pela floresta.
Essa rotina se repetiu durante um longo tempo. Mas ainda assim, havia alguma coisa diferente dia após dia. Começou quando Chapeuzinho acordou mais leve, tão leve que quase podia flutuar de sua cama para a cozinha, onde sua mãe, também muito leve, havia fechado todas as janelas, uma vez que qualquer vento poderia levá-la. Tudo parecia mais claro que o normal, como se todas as cores ao redor da casinha tivessem ficado mais fracas. Nos dias seguintes, tudo parecia ficar mais e mais claro... fraco... vazio. Mas nem Chapeuzinho nem sua mãe conseguiram pensar muito nessa situação, também não se lembravam de qualquer outra coisa com clareza para poder fixar o pensamento. Só deixaram o tempo passar. Na manhã seguinte, elas sentaram-se abraçadas nas escadas em frente ao que sobrara da casa, que fora envolvida por um espaço em branco que não parecia
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acabar. Elas começaram a conversar sobre coisas, coisas simples, divertidas e triviais. E então esperaram, esperaram pelo que àquela altura era inevitável, esperaram pelo...
FIM
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A Autora, o trabalho da faculdade e a ideia maluca. Isabella SIlva Lima Borges é a mais velha de três irmãs, todas nascidas em Goiânia, GO.
Desde muito nova gostava de ler e inventar coisas novas para fazer. Uma das coisas que a pequena Isabella mais gostava era encontrar livros novos entre os tantos que haviam nas estantes de sua casa, e gostava ainda mais quando eram livros divertidos! Um desses livros era justamente da série "Escolha sua aventura", na qual o leitor fazia escolhas durante a história e ia para a página correspondente à decisão que tinha tomado. A história do livro encontrado nas estantes da casa de Isabella se passava em uma casa mal-assombrada. A jovem garota gostava de passar um bom
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tempo decidindo caminhos a seguir, vendo as possibilidades e principalmente, morrendo de medo.
Alguns anos depois, na proposta de um trabalho na faculdade para a criação de um livro infantil, uma ideia surgiu-lhe na cabeça. E por mais inviável que fosse, devido ao tempo e à complexidade do trabalho, ela se instalou e sufocou qualquer outra ideia que tentasse tomar seu lugar. Desistindo de lutar contra essa ideia, Isabella Borges deu início a construção do mais louco, desgastante e divertido trabalho da faculdade feito por ela até então.
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Livro diagramado para a matéria de Design de Livro Infantil em Novembro de 2013.
Capa: Couchê 170g com laminação fosca a quente. Miolo: Couchê brilho 170g.
Tipografias utilizadas: Gentium Basic (texto de miolo), Uechi (capitulares), Civitype FG (títulos).
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