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Baleia Sahy Uma conexão entre a Serra e o Mar - São Sebastião - Litoral Norte do Estado de São Paulo
litoral norte de São Paulo
O Litoral Norte é conhecido por reunir algumas das mais belas praias do Estado de São Paulo. Considerado um dos trechos mais privilegiados da costa brasileira, o cenário que encanta milhões de visitantes todos os anos surpreende pela composição do mar azul esverdeado de um lado e da grandiosa área de Mata Atlântica que o cerca.
Seja pela presença de importante área remanescente de Mata Atlântica do país, seja por representar a costa mais recortada do Estado, o Litoral Norte de SP é também considerado como uma região de alta sensibilidade ambiental, com a presença de diversos ecossistemas: praias, costões rochosos, estuários, lagoas costeiras, manguezais e restingas.
Essa diversidade de ambientes é também responsável pela presença de uma grande biodiversidade de fauna e flora, que merece atenção para que se mantenha preservada.
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Grande parte da Mata Atlântica de SP está presente na Área de Proteção Ambiental Baleia Sahy, localizada na costa sul do município de São Sebastião.
Área de Proteção Ambiental Baleia Sahy Entre as praias da Baleia e Barra do Sahy, está a APA Baleia Sahy, uma Área de Proteção Ambiental com quase 4 milhões de m². A região abrange a Bacia Hidrográfica do Rio Sahy, importante fonte de água da região e uma das únicas bacias preservadas do Município de São Sebastião. O destaque da Unidade de Conservação fica por conta das porções contínuas de Mata Atlântica e a conectividade florestal, diretamente ligada à conservação de mananciais estratégicos e das reservas hídricas que abastecem uma parte da região da Costa Sul, a mais frequentada por veranistas e turistas de São Sebastião.
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Além disso, a preservação de grandes porções de ecossistemas como manguezais e brejos de restinga representa uma importantíssima conexão entre a Serra do Mar e as Praias da Baleia e Barra do Sahy.
Criada em 2013, a APA Baleia Sahy foi ampliada e conta com um total de 3.922.742,27 m², de acordo com a Lei Municipal 2.414/2016.
O que é uma Unidade de Conservação? Unidade de Conservação (UC) é a denominação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) para as áreas naturais protegidas por suas características especiais (Lei nº 9.985, 18/07/2000). Sua função é a de resguardar a representatividade de diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional, incluindo flora, fauna e águas, preservando o patrimônio biológico existente. Garantindo, assim, às populações tradicionais o uso racional dos recursos naturais e o desenvolvimento sustentável. Tipos de unidades de conservação: - Unidades de Proteção Integral (Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre); - Unidades de Uso Sustentável (Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural).
Área de Proteção Ambiental O objetivo principal de uma Área de Proteção Ambiental (APA) é a conservação da biodiversidade através da orientação, desenvolvimento e compatibilização das várias atividades humanas às características ambientais da área. Nas APAs é permitida a ocupação humana, desde que seja possível conciliá-la e ordená-la com o uso sustentável dos seus recursos naturais. É de extrema importância manter extensas áreas naturais destinadas à proteção e à conservação da biodiversidade, dos atributos culturais e estéticos, importantes para a qualidade de vida da população local e para a proteção dos ecossistemas regionais.
Biodive
Garça-branca Grande (Ardea alba)
Gaturamo-rei
Caxinguelê
(Euphonia cyancephala)
(Guerlinguetus)
Socozinho
Preguiça - comum
(Butorides Striata)
(Bradypus variegatus Schinz)
Tuim
Gaturamo-verdadeiro
(Forpus Xanthopterygius)
Fauna
(Euphonia violacea)
Garça-branca Pequena (Egretta tula)
Tucano de bico preto (Ramphastos vitellinus)
A fauna da APA Baleia Sahy contabiliza um total de 85 espécies de aves, sendo 14 endêmicas da Mata Atlântica (presentes exclusivamente nessas regiões), 7 com algum grau de ameaça de extinção e 2 exóticas. Há também a riqueza de 12 espécies de mamíferos, das quais 5 possuem algum grau de ameaça de extinção (conforme Decreto 56031/2010). Acima, algumas espécies da Avifauna e Mamíferos encontrados na APA Baleia Sahy, Litoral Norte de SP.
ersidade Caixetal Adaptadas ao solo encharcado, as árvores Tabebuia cassinoides formam um dos ecossistemas mais complexos da Mata Atlântica, o “Caixetal”.
D A
A P A
B A L E I A
Taboa A Typha domingensis, planta aquática típica de brejos e espelhos d’água, é depuradora de águas poluídas. Sua fibra é utilizada em artesanatos locais.
S A H Y
Manguezal Ecossistema de alta produtividade para a zona costeira terrestre e marinha, fornece alimentos que sustentam boa parte da fauna da APA Baleia Sahy.
Flora
Embiracu ‘
As árvores Eriotheca pentaphylla chegam a até 30m de altura. Presentes apenas entre São Paulo e Rio de Janeiro, formam um importente corredor ecológico.
Jussara Algumas espécies da APA são importantes indicadoras de qualidade ambiental, como a Euterpe edulis “Palmeira-jussara” e o Cariniana estrelensis “Jequitibá”.
Parte da APA Baleia Sahy está em Planície Costeira que acompanha os cursos do Rio Negro e Rio Sahy e seus afluentes, por isso possui uma extensa área inundada. Cordões arenosos cobertos por vegetação de Restinga se elevam em direção à Serra do Mar, coberta pela Floresta Ombrófila Densa em um mosaico de flora característica da região. Na APA, foram identificadas 202 espécies de plantas, o que reforça a elevada biodiversidade da região.
Comunidade Tradicional Local Caiçaras, Pescadores, Barqueiros e Artesões
A cultura caiçara está marcada por uma grande influência indígena, de quem os caiçaras incorporaram um patrimônio tecnológico, conhecimento do meio ambiente, hábitos alimentares e atividade agrícola. Vários itens da cultura material indígena foram incorporados ao modo de vida caiçara, entre eles a canoa escavada em um tronco só, o tipiti (um cesto flexível para espremer a massa de mandioca) e o uso de ervas medicinais. Nas décadas de 50, 60 e 70, essa população e o ambiente natural sofreram consequências de uma ocupação desenfreada, proporcionada pela abertura de estradas que deram acesso à região. O bairro da Barra do Sahy sofreu enormes transformações nas últimas décadas, principalmente em decorrência da chegada do turismo. Hoje em dia, é constituído em sua maioria por casas de segunda residência (ou de veraneio), mas ainda é possível encontrar uma parcela da população que tem suas origens ligadas à origem do bairro e conservam sua identidade caiçara. Os pescadores artesanais da região da APA Baleia Sahy, que antes tinham na pesca uma geração de renda, devido ao avanço da pesca industrial tiveram a disponibilidade de pescado reduzida e, atualmente, fazem passeios turísticos de barco para complemento da renda - ou até mesmo como única fonte de renda.
Paisagens impactantes e suas fragilidades A existência de uma Unidade de Conservação Municipal na região de São Sebastião é uma forma de garantir maior conectividade entre as áreas de Mata Atlântica remanescentes, permitindo o fluxo da biodiversidade entre a Serra do Mar e a Planície Costeira do Litoral Norte. A APA Baleia Sahy está inserida em um mosaico de vegetações que abrangem desde a Restinga, na Planície Costeira, até a Floresta Ombrófila Densa, nas baixas encostas da Serra do Mar, o que faz com que tenha a característica única de possuir 7 ecossistemas diferentes. Por outro lado, tem papel imprescindível na manutenção e valorização da cultura tradicional caiçara de São Sebastião. Entretanto a área sofre com a pressão da especulação imobiliária e com a ocupação irregular em áreas de risco, fatos que vêm promovendo profundas transformações ecológicas e sociais na região, com consequências positivas e negativas para o território. Positivas no sentido de promover um crescimento econômico para a cidade, com a geração de oportunidades de trabalho e renda.
Negativas porque estas ocupações trazem outros impactos a médio e longo prazo, uma vez que não são planejadas e acabam sendo realizadas sem um ordenamento territorial. Isso gera consequências como a escassez dos recursos hídricos, poluição, desmatamento de áreas de floresta e manguezal, acúmulo de resíduos e falta de esgotamento sanitário, atingindo a balneabilidade das praias – grande atrativo do Litoral Norte paulista.
O Futuro
Uma forma de conexão sustentável entre as pessoas e as Unidades de Conservação é o turismo, seja pela pura contemplação, pela prática de esportes ou atividades educacionais ao ar livre. A importância dessas atividades está registrada no ato legal de criação das unidades municipais e em seus respectivos Planos de Manejo.
A criação da APA Baleia Sahy também teve como objetivo promover o ecoturismo e a recepção da comunidade, além da sensibilização da população em geral, por meio de passeios de barco, stand up paddle e trilhas realizadas com grupos e crianças na companhia de guias locais qualificados, valorizando a mão de obra das comunidades tradicionais e a cultura caiçara.
Educação Ambiental
Dentro da APA Baleia Sahy, são realizadas diversas atividades com instituições parceiras, dentre elas, o Instituto Verdescola, que utilizam a unidade de conservação como sala de aula a céu aberto. Com base nas premissas da Política Nacional do Meio Ambiente, Política Nacional e legislações estadual e municipal sobre a educação ambiental, buscamos conscientizar a comunidade sobre as questões socioambientais da região. Um exemplo é a oficina de Observação de Aves (birdwatching) que trata, ao mesmo tempo, de conceitos de artes, ciências e bem-estar, além de ser um atrativo turístico em expansão no Brasil e no mundo todo.
Constantemente, realizamos passeios ecológicos e ações com mutirões de limpeza na APA, envolvendo crianças e a comunidade, para promover a conscientização sobre a importância de preservar o meio ambiente.
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O Instituto Conservação Costeira (ICC) foi criado em 2013 para co-gerir a APA Baleia Sahy. Nosso objetivo é a conservação, defesa, elevação e manutenção de qualidade de vida e do meio ambiente, por meio de atividades de conscientização e mobilização socioambiental.
O papel do Instituto Conservação Costeira Desde 2013, o ICC é parceiro da Prefeitura de São Sebastião, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente na co-gestão da APA Baleia Sahy, um modelo pioneiro e inovador onde a iniciativa privada pode cooperar na conservação e recuperação de nossos remanescentes florestais. O Instituto foi o responsável por tornar viável a criação da Unidade de Conservação, pela lei municipal nº2.257/2013, após grande mobilização da sociedade civil, sem qualquer gasto ao erário público. Nosso papel nesta parceria é fortalecer a gestão participativa e integrada da Unidade, agindo como interlocutor entre os diferentes segmentos da sociedade local e regional do Litoral Norte de São Paulo, visando o desenvolvimento sustentável do município. O Instituto também é responsável pelo desenvolvimento do Plano de Manejo da APA Baleia Sahy, que orienta sua gestão. Educação Ambiental, Interação Socioambiental, Fiscalização e Monitoramento e Políticas Públicas são os pilares de nosso trabalho para fomentar a resolução questões socioambientais com a comunidade. Há 8 anos, este trabalho é desenvolvido em parceria com outras instituições da sociedade civil, poder público e empresas privadas, ampliando a visibilidade dos projetos e fortalecendo a nossa atuação no município de São Sebastião e todo o Litoral Norte de São Paulo.
A longo prazo, esperamos contribuir com nossa expertise para criação de novas APAs no município e no Litoral Norte, engajando associações, ONGs e comunidade para replicar o modelo de sucesso criado na região das Praias da Baleia e Barra do Sahy.
Presidente: Fernanda Carbonelli Vice-Presidente: Silvio Luis Schaefer Conselho Fiscal: Giorgio de Michelli, Alfredo Jorge Nastas Conselho Consultivo: José Roberto de Camargo Opice, Paulo Roberto de Godoy, Pereira, Álvaro Antônio Cardoso de Souza, Carlos Marcelo Gomes de Carvalho, Silvio Eid Colaboradores: Angélica Bustamante, Edson Lobato, Renata Ferreira da Cruz
Imagens: André Motta Waetge, Angélica Bustamante, Daniel F. Brandão, Jonatas John da Silva F., Leandro Saad, Léo Crossara, Luccas H.G. Rigueiral, Marques da Silva Projeto Gráfico e Diagramação: Pixelz | www.pixelz.com.br
Conheça mais sobre o trabalho do ICC visitando nosso site e redes sociais.
Realização:
Apoio:
Referências: 1. Plano de Manejo da APA Baleia-Sahy / Instituto de Conservação Costeira; São Sebastião, 2020. 570 p.: il 2. Artesanato de caixeta em São Sebastião – SP/ Heide Cristina Buzato de Carvalho. Piracicaba, 2001. 143 p.:il 3. São Paulo, Decreto nº 56.031 de 20 de Julho de 2010.