18ª Impressão Santa Maria, maio de 2009
Ariéli Ziegler
A arte de ser mãe
Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA
Gurias boas de bola
Cuidado, proteção, carinho, atenção e amor incondicional. É dessa forma que as mulheres, consciente ou insconscientemente, doam-se para o momento mais importante e marcante de suas vidas: o de ser mãe. O momento não é vivido e encarado da mesma forma, mas é essa diferença que transforma a experiência em algo único e enriquecedor para cada mãe. Em maio, mês das mulheres mais importantes de nossas vidas, o Abra foi ver como é a realidade das mães santa-marienses.
Página 3
Ariéli Ziegler
O futebol deixou de ser coisa de menino e cada vez mais essa paixão nacional tem integrado o dia a dia da mulherada. Tanto que já ganhou contornos próprios na forma de ser praticado e encarado por elas.
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Hoje é dia de limpeza
Maiara Bersch
A maioria das profissões tem seu dia de homenagem. E com os garis não poderia ser diferente. O diferencial é que a luta contra o preconceito e a busca pelo reconhecimento caminham lado a lado com a missão diária.
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Uma grande família
Seguindo o instinto materno, Mariane tem cumprido à risca os cuidados com o filho que está para chegar
É comum se ouvir dizer que em coração de mãe sempre cabe mais um, mas nem sempre é necessário ser mãe para ter esse espírito acolhedor. E foi movida por esse sentimento que Ana veio de São Gabriel.
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Evandro Sturm
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Editorial Incoerências...
Vive-se um período em que, com freqüência, o encontro com acontecimentos ambíguos e contraditórios se torna cada vez mais constante. Versões diferentes, uma mentindo, e a outra mentindo sobre a mentira, acabam por sepultar a verdade de tal forma que chegar até ela só é possível com a ajuda dos próprios mentirosos. E é assim que se forma o lamaçal da corrupção pessoal e profissional, um círculo vicioso onde quem experimenta jamais deixa de retornar. Lama à parte, quem quer entender esse processo precisa chafurdar para visualizá-lo antes que ele chegue até ao ventilador. O primeiro sinal de quando algo está errado é um leve incomodo, como se algo “cheirasse” mal, seguido de uma desconfiança em relação às peças que não se encaixam e parecem desconexas. Em seguida, começam a surgir as contradições, o que era passa a não ser mais, e tudo passa a discordar entre si. Humanamente, todas as pessoas têm o direito de errar uma vez em determinada ação ou com uma pessoa específica, mas errar com um Estado inteiro, e mais de uma vez... Difícil de classificar entre racional e irracional, a certeza é de que tal ser, e o secretariado que o acompanha, não é humano. E diante dos acontecimentos que cercam essa esfera na mídia gaúcha, é dispensável qualquer identificação mais direta e objetiva. Entretanto, antes que a bomba estourasse midiaticamente, a administração já dava sinais de que continha irregularidades na condução dos gaúchos. Porém, devido à política do acobertamento, e o asco a CPIs, o assunto amornou e foi empurrado para debaixo do tapete. Por sorte, algum tempo depois, as acusações “infundadas”, e que não eram levadas a sério, passaram a estampar as páginas de revistas como a Carta Capital. Abalar o castelo de 400 mil notas de reais parecia uma realidade distante, mas, estando expostas as evidencias, e aliado à divergências ideológicas, a revista Veja deu um sopro que promete fazer a “casa cair”. A reportagem intitulada “O caixa dois do caixa dois”, vem reforçar a importância de montar o quebracabeça da forma certa, ainda mais quando uma das peças abre uma Ferst na legalidade e na ética. Uma pergunta que você leitor pode estar se fazendo é sobre o que esse artigo está tratando. A resposta mais viável é a realização de outra pergunta: se a incoerência tem o hábito de se manifestar nas entrelinhas, porque é necessário ser coerente de maneira direta e objetiva?
Expediente Jornal experimental interdisciplinar produzido sob coordenação do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Comunicação Social – Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra) Reitora: Profª Iraní Rupolo Diretora de Área: Profª Sibila Rocha Coordenação do Curso de Comunicação Social - Jornalismo: Profª Rosana Cabral Zucolo Professores orientadores: Iuri Lammel Marques (Mtb/RS 12734), Laura Elise Fabrício, Sione Gomes (MTb/SC 0743) e Liliane Dutra Brignol Redação - Aprendiz Editor-Chefe: Juliano Pires Diagramação: Cassiano Cavalheiro, Dinis Cortes, Sofia Viero Equipe de Reportagem: Cassiano Cavalheiro, Claudiane Weber, Joseana Stringini, Jucineide Ferreira, Leandro Rodrigues, Liciane Brun e Vanessa Moro Colaboração: Aline da Silva Schefelbanis, Aline Estela Merladete de Souza, Bruna Prestes Severo, Daiane dos Santos Costa, Diego Lermen de Araujo, Fabrício Santos Vargas, Felipe Bernardini, Fernando Custódio Oliveira, Flávia Müller, Francieli Jordão Fantoni, João Alberto de Miranda Filho, João David de Quadros Martins, Julia Schäfer, Letícia Poerschke de Almeida, Luís Felipe Leal Martins, Luyany Beck da Silva, Michelle da Silva Teixeira, Natália Vaz Schultz, Nathale Cadaval Kraetzig, Paulo Ricardo Langaro Cadore, Rodrigo Gularte Ricordi, Sabrina Kluwe, Jacinto Pereira Hoehr, Sabrina Pereira Dutra, Sibéli Mori Bolsson, Tarso Negrini Farias, Thales de Oliveira, Ulisses Scheineider Castro Fotografia: Ana Gabriela Vaz, Ariéli Ziegler, Carolina Moro, Evandro Sturm, Franciéli Jordão, Gabriela Perufo, Giulianno Olivar, Maiara Bersch Tratamento digital de imagem: Núcleo de Fotografia Se você tiver críticas, sugestões ou quiser ser um colaborador do Abra envie um e-mail para nós pelo endereço abra@unifra.br Impressão: Gráfica Gazeta do Sul Tiragem: 1000 exemplares Distribuição: gratuita e dirigida
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Carta à senhora felicidade
uerida felicidade, sempre fui muito forte perante as situações que se apresentaram em minha vida e consegui contornar todos os problemas de uma maneira que todos saíssem ilesos. Porém, eu sempre saí ferido, e procurei a senhora em todas as páginas de todos os livros. E no final deles, quando eu imaginava ter lhe encontrado, era então que me deparava com a senhora melancolia. Querida felicidade, creio que talvez esse nosso encontro nunca de verdade chegue, e mesmo que nunca ocorra, eu ainda lhe tenho guardada no peito, com a força de uma canção na vitrola, ou como um
simples sorriso da pessoa amada. É nas pequenas coisas que encontramos a senhora, nos pequenos momentos, nos pequenos versos, na poesia escondida. Se um dia eu pudesse chegar frente a frente eu lhe daria um abraço, com meus braços lhe agarraria com toda a força e com certeza eu jamais a deixaria partir. Como não posso, pois esse momento não chegará, eu fico com a certeza de sua existência no fundo dos corações humanos. Acredito, sim, que a sua maior face está escondida no amor, e por isso eu amo, já que não posso ser feliz. Faço então um pedido em nome de todos os humanos que
Enquanto isso, na sociedade dos bichos...
pela senhora tanto procuram, não desista de nós tão facilmente, e releve alguns insultos e desculpas que deixamos de dar, seja sempre presente mesmo em partes na vida de cada um. Se a plenitude não podemos ter, um pedaço é mais do que suficiente. Seja, então, madrinha de todos os desesperados, e caminho de todos os perdidos. Já dos apaixonados, que a senhora seja o véu que lhes protege, e apesar das desgraças do mundo, nos ame. Obrigado por simplesmente existir, só por esse fato eu já lhe tenho como um pedaço, e desse pedaço eu farei o melhor de mim. Por Felipe Bernardini
É, eu ainda preferia a febre amarela... atchim!
Ainda bem que já estou vacinado!
A palavra que vale mais do que mil imagens
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o escrever o artigo para esta edição do Abra, assuntos não faltaram. A minha dúvida era em relação sobre o que discorrer para os leitores. Poderia ser sobre a gripe suína que há semanas preocupa o mundo, mas a mídia já se encarregou de mostrar todos os detalhes, inclusive que não é necessário exterminar os porquinhos. Outro assunto poderia ser a violência nas escolas que vemos todos os dias na TV e nos jornais, cujos protagonistas não podem ser inteiramente responsabilizados pela educação que receberam (ou não) em casa. Ao ler a coluna do jornalista Juremir Machado da Silva no jornal Correio do Povo, intitulada “Viva os feios”, achei o texto original, diferente e questionador sobre um tema que nem o espelho costuma se manifestar. O jornalista conta a história da escocesa Susan Boyle, que virou fenômeno internacional com sua feiúra, mas que, no entanto, tem uma voz que deixaria qualquer cantora do “padrão beleza” com inveja. A candidata, que participou de um show de calouros onde predominavam cantores que conciliam música e beleza, fez os queixos dos jurados caírem no chão e o público aplaudi-la de pé logo que ela começou a cantar.
Assim que terminei de ler o comentário de Juremir, minha curiosidade foi tanta que resolvi olhar a apresentação dela no YouTube. É algo realmente emocionante e sugiro que quem não assistiu, olhe para entender o que estou falando. Porém, essa não foi a única ocorrência de uma feia que hoje é um fenômeno, essa história se repete desde o tempo de Salomão. O escritor Moacyr Scliar conta no seu livro A mulher que escreveu a Bíblia a história de uma mulher feia que nem ele mesmo encontrou adjetivos para descrevê-la. Segundo o autor, a protagonista da obra era uma das mulheres do harém de Salomão, e que foi entregue por seus pais como pagamento de uma dívida com o rei. Embora tivesse um corpinho de miss, seu rosto era tão assustador que nem Salomão quis saber da figura por perto. Fora o detalhe de seu rosto pouco afeiçoado, ela tinha tanto talento que conquistou todos no reino por sua coragem e inteligência. Salomão a nomeou como lorde, lhe deu poderes de decidir sobre qualquer assunto do palácio e pediu que escrevesse um livro sobre seu reino. Isso fez com que todas as outras esposas do rei passassem a invejar a coitada por sua conquista. Reação semelhante ao que aconteceu com Susan Boyle, ao
ganhar o mundo com a sua linda voz. Diante de circunstâncias como essas me lembro de uma frase que escutei: “Deus faz os bonitos, mas não desampara os feios”. Os padrões estéticos das duas não eram adequados às ocasiões e talvez por isso elas se tornaram o centro das atenções, tanto do escritor, quanto dos homens que pediram a mão de Susan em casamento. Modéstia parte elas se deram bem. As mulheres “fora dos padrões” ditados pela sociedade hoje – gordinhas, baixinhas, feinhas ou que tenham alguma anomalia estética – devem tomar cuidado, pois quando a mídia se cansar dos rostinhos afeiçoados e dos corpos esguios, e optar por algo inovador e diferente, elas serão o alvo. Se perante Deus somos todos iguais, qual a função do espelho? Desmentir essa verdade universal? Me parece ele que também serve para mostrar que a sociedade tem esta questão do “ser diferente” bem definida, e que não apenas a aparência física, mas também o social, a “raça” e o poder aquisitivo servem para “incrementar diferenciais”. Só que todos esquecemos de um detalhe, quando Deus chamar, todos nós viajaremos para o mesmo lugar. Por Jucineide Ferreira
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Ser mãe: um aprendizado
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segundo domingo de maio, para a maioria das mães, já se tornou um dia de reconhecimento. Porém, a cada ano, “nascem” novas mães que renovam os dilemas e preocupações que, para as mais experientes, já são questões fáceis de serem resolvidas. Com a chegada do primeiro bebê também surgem inquietações com as novas responsabilidades e a troca do papel de filha para o de mãe. Essas características dão um caráter marcante à primeira gestação e se transformam em experiências diferentes dependendo do momento vivido pela mulher. Junto com a maternidade também se originam vários questionamentos de como lidar com essa nova responsabilidade, o que ensinar ao filho que vai chegar e quais os cuidados que se deve ter com o bebê. Essas indagações, comuns para as mães novatas e que transformam a relação mãe-filho em um aprendizado mútuo, passaram a fazer parte da vida da acadêmica Dieice Viário, 22 anos. Ela, que é mãe de Matheus, nascido no dia 27 de abril, resume a experiência como algo único, uma parte sua dando continuidade. Entretanto, a gravidez não planejada provoca, em algumas mulheres, desequilíbrio emocional, como aconteceu com Dieice, que ficou desesperada ao saber do resultado positivo. Ser mãe trás alguns receios e até o medo de achar que não é capaz de amar e educar, mas a
Para Dieice (acima), maternidade é uma experiência única. No sexto mês de gestação, Mariane (ao lado) se preocupa com a formação do bebê.
responsabilidade com o filho vai além do sustento e do abrigo, como esclarece a psicóloga Cristiana Caneda. Segundo ela, esse papel se torna mais difícil quando os pais não se sentem no direito de errar, numa época em que muitas coisas conspiram contra a educação. A farmacêutica Mariane Barbiero Machado, 32 anos, que está no sexto mês de gestação, tinha planejado a gravidez para fevereiro, mas engravidou dois meses antes. Ela, que havia iniciado as consultas prévias e os exames com seis meses de antecedência, hoje tem a preocupação com a formação do bebê. Mariane explica que após o nascimento terá que deixar o filho com a babá por causa do trabalho. O mesmo sentimento de separação é enfrentado pela
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Um toque feminino nas ondas do rádio fotos giulianno olivar
gabriela perufo
ariéli ziegler
nutricionista e gerente Chelen Eckhardt, 28 anos, que desde janeiro colocou João Vicente numa escolinha infantil. No entanto, quando está em casa, ela procura estar presente nas brincadeiras e assistir desenho animado com o filho. A psicóloga Cristiana ressalta que as inúmeras atribuições diárias desempenhadas pela mulher/ mãe interferem diretamente na sua qualidade de vida e dedicação à família. A capacidade de saber lidar com várias tarefas simultaneamente mostra que ser mãe não é um trabalho fácil, e que é através desse constante aprendizado que elas acabam dando aos filhos os ensinamentos que serão levados para a vida. Por Vanessa Moro
Quando se pensa em rádio logo se pensa em uma bela voz. Para muitos, o homem é que detém esta qualidade, mas o rádio é formado também por belas vozes femininas. A precursora na cidade foi Edith Rau, que fez parte do primeiro quadro de funcionários da Rádio Imembuí em fevereiro de 1942. De lá para cá, inúmeras mulheres fizeram a história da radiodifusão santa-mariense. Desde a década de 70, Salete Barbosa, hoje na Salete: “oferecer o microfone a Rádio Imembuí, se dedica quem precisa ser ouvido” a fazer da sua profissão um meio de ligação entre o rádio e a comunidade. Ela iniciou na atividade através de um teste na Rádio Guarathan, onde atuou como locutora comercial e discotecária, ou seja, percorreu um longo caminho até chegar à posição de âncora de um programa. Salete destaca o trabalho social que desenvolve: “Me propicia fazer campanhas, como de câncer de mama e alcoolismo, enfim, oferecer o microfone a quem precisa ser ouvido e o espaço para a cultura”. Viviana: “além de esporte, aprePara Maria Elena Martins, sento noticiários de hora em hora” que começou na mesma época, o rádio é bem mais do que sua profissão. Ela se diz assídua ouvinte de todas as emissoras da cidade e isso lhe faz lembrar do começo de sua carreira: “Eu participava pelo telefone e por cartas nos diversos programas, até que fui premiada em um concurso e acabei sendo convidada a trabalhar na Rádio Imembuí”. Maria apresentou programas ao público feminino e de auditório até chegar na TV Imembuí: “Fui contratada Maria Helena: “guardo para fazer locução comercial belas lembranças“ na TV e depois na Rádio Universidade apresentava um ainda na faculdade num lugar programa infantil, no qual onde os homens eram maioria guardo belas lembranças”. e nunca tive problemas com Para Salete Barbosa, que isso. Hoje, além de esporte, ainda atua na área, o mer- apresento os noticiários de cado de trabalho já é mais hora em hora na Imembuí”. receptivo embora a concorMesmo que Viviana tenha rência seja maior: “Para usar começado na profissão há o microfone tem que ser pouco, a história dela se muito mais que um profis- confunde com a de Maria sional, vale muito o conhe- Helena, de Salete e de outras cimento e a capacitação”. mulheres que passaram pelos Um bom exemplo é o de microfones de rádios de Viviana Fronza, que possui Santa Maria. Todas elas no dois diplomas, Jornalismo e dever de informar. Relações Públicas, e todos os dias supera desafios: “ComePor Aline Schefelbanis cei como repórter esportivo e Fabrício Vargas
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fotos alexandra henz/arquivo pessoal
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A“manhê”cer na juventude F
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Alexandra engravidou de Nicholas (hoje com quatro anos) aos 19 anos. Ela reconhece que a situação de ter uma gravidez indesejada só foi amenizada pela compreensão de seu pai
ana gabriela vaz
icar grávida com 16 anos mudou a minha vida”. Essa é uma afirmação óbvia, dada por uma jovem que acabou engravidando um pouco antes do tempo. A adolescência é um período de formação biológica e social que pode ser prejudicada por uma gravidez? Não é o que pensam as meninas. Hoje já acostumadas e vivendo a maternidade, elas dizem que isso as ajudou muito a crescer, mudou a maneira de ver o mundo e a vida. “Para que uma gravidez inesperada não se torne um trauma, a gestante tem que receber muito apoio da família e do futuro papai”, diz a psicóloga Graziela Oliveira Miolo Cezne. Joana Souza, 17 anos, estudante do Ensino Médio, conta que está grávida de 32 semanas e que a gravidez não foi planejada, mas considera uma mudança positiva na sua vida, apesar de não ter uma família estável e segura, o que a deixa mais magoada é o olhar de estranhos demonstrando pena. Cláudia Lima teve uma filha aos 14 anos, diz que sente como se tivesse 40 anos de idade, conta que perdeu sua juventude inteira, hoje ela encara como aprendizado. A maior mudança neste caso é a rotina. A jovem passa a ter que dividir seu dia entre cuidar do filho e outros afazeres. A vida social muda. A balada fica diminuída e os amigos ficam mais distantes. “O Davi tem só um mês, mas ele é tão calmo e tranquilo que nós saímos à noite e fazemos algumas coisas que fazíamos antes. Às vezes um tem que jantar primeiro que o outro, mas faz parte, o banho também é meio complicado, até pegar a prática da um frio na barriga”, diz Carieni Tolfo, que acaba de ser mãe. Carieni aproveitou a gravidez para casar com Daniel,
Experiências em discussão O programa Baú de Idéias da TV Unifra apresentou, no dia 13 de maio, uma conversa entre estudantes de Jornalismo e Psicologia que tiveram filhos antes dos 20 anos. Durante o programa relataram suas experiências e mudanças em sua vida em função da gestação e da maternidade.
carieni tolfo/arquivo pessoal
O pequeno Davi mudou a rotina dos pais Daniel e Carieni
o pai de Davi, pois os pais dela foram morar em outra cidade. Alexandra Henz, de 24 anos, engravidou aos 19, conta que a reação da família foi amenizada por seu pai que compreendeu a situação. Alexandra é mãe solteira de Nicholas, de 4 anos, e teve uma gravidez indesejada. A psicóloga Graziela fala que nos casos em que os pais não aceitam a gravidez das filhas, a gravidez não é tranqüila. Segundo ela, quanto mais proximidade entre todos (pai, mãe, gestante e pai da criança), mais preparada fica a futura mãe. Carieni diz que na sua família foi tranqüilo. “Quando nós demos a notícia até acharam que fosse brincadeira, mas quando viram que era verdade foi uma surpresa. Mas uma surpresa boa. Eu lembro que a minha mãe disse que nada no mundo valia mais do que a vida que eu estava gerando, e tudo ia correr bem, e foi o que aconteceu”. Regina de Oliveira, 16 anos e 2 filhos, teve sua primeira gravidez quando tinha 13 anos, criada em família de interior, Regina se casou e passou a morar com o marido que tinha 19 anos e trabalhava na agricultura com os pais. Regina não teve uma infância fácil e agora se ocupa nas atividades domésticas e também em cuidar dos filhos, João Pedro, de 3 anos, e Ketlen, de 10 meses. O Brasil tem a maior taxa de mães jovens da América do Sul. Segundo o Relatório de População Mundial das Nações Unidas de 2008, 89 entre 1000 meninas ficaram grávidas entre os 15 e os 19 anos de idade no Brasil. A menor taxa continental é a da Argentina, 53. Nas Américas, a maior taxa é a da Nicarágua, 113, e a menor a do Canadá, 15. (fonte O Estado de São Paulo) Por Aline Merladete, Fernando Custódio, Flávia Muller e Rodrigo Ricordi
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maio 2009 fotos ariéli ziegler
“Minha avó de 94 anos não perde um jogo. Comentamos os resultados das partidas.”
“Jogo futebol três vezes por semana, no campo do meu pai.” Thamara Flores, estudante
Ana Paula Boniatti, estudante
“Se não estiver em casa, vou para o bar com meu namorado assistir aos jogos do Grêmio.”
“Não discuto futebol com meu namorado para não acontecerem brigas.” Lílian Branco Christo, auxiliar administrativa
Daniele Andreazza, estudante
Elas batem um bolão N
o esporte que os homens predominam, as mulheres também conquistam seu espaço. O futebol, tradicionalmente masculino, tornou-se uma atividade em que elas estão cada vez mais entendidas e participativas. Influenciadas pela família, pela ascensão da Seleção Brasileira Feminina de Futebol e pelas magníficas atuações de Marta, a melhor jogadora do mundo, elas não são mais deixadas de lado nas tardes de futebol. Passaram a acompanhar o esporte, não apenas para ver os jogadores bonitos e suas pernas, mas sim para analisar esquemas táticos. Lílian Branco Christo, de 24 anos, não acompanha apenas os jogos do seu time, o Grêmio, como também adora ver as partidas do rival e dar uma “secada”. A paixão pelo futebol às vezes toma proporções maiores do que o amor por um clube. É o caso de Thamara Flores, colorada de 15 anos, que conta ter o sonho de mon-
Esporte e maternidade. Será?
Praticar profissionalmente um esporte exige dedicação em tempo integral. É uma vida de entrega e muitas vezes de privações. Conciliar a tarefa de ser mãe e atleta não nada fácil, mas nem por isso impossível. Luciana Oliveira de Carvalho (mais conhecida como Canhota), 36 anos, mãe de três filhos, abandonou o vôlei em dezembro do ano passado, devido a uma contusão no ombro esquerdo. Em 1986, jogou na seleção gaúcha de vôlei. Ao longo da
carreira, passou por vários clubes da cidade e pela Sogipa, de Porto Alegre. Canhota chegou a jogar grávida da segunda filha, sem saber, por dois meses e até bolada na barriga levou. Mesmo assim não abandonou o esporte. Voltou quatro meses depois de ter dado a luz. Ela diz que sempre contou com o apoio dos filhos e da família para continuar jogando. Exemplos como o de Luciana não faltam no esporte nacional. Depois de conquistar a meda-
lha de ouro nas Olimpíadas de Pequim, a saltadora brasileira Maurren Maggi ainda teve que convencer a filha Sophia, de 3 anos, de que a de ouro era melhor que a de prata. Fernanda Venturini, que jogou ao lado de Canhota no início da carreira, é outro exemplo. Mãe de Julia, de 7 anos, Fernanda disputou a Superliga Feminina de Vôlei pelo Rexona em 2009. Por Diego L. Araujo e Nathale C. Kraetzig
tar um time de futebol. Influenciada pelo pai, ex-jogador da várzea santamariense, ela diz amar o esporte, sem importar o time que torce. Acompanhar uma partida de perto também se tornou agradável a elas, tendo em vista que a presença feminina nos estádios tem aumentado bastante. “Esse ano fui na estréia do Grêmio pela libertadores”, explicou Daniele Andreazza, 23 anos, gremista. “Não vou com muita freqüência, pois é difícil de ir durante as aulas. Mas nas férias, pelo menos uma vez a gente dá um jeito”, completou. Para a colorada Ana Paula Boniatti, de 23 anos, hoje é muito natural ver mulheres in-
teressadas e indo aos estádios. Apesar do seu namorado gremista tentar persuadi-la a mudar de time, ela não cede e coloca acima do pedido do amado a paixão pelo Internacional. Mas elas não torcem apenas. O interesse das mulheres vai além. Algumas jogam futebol com freqüência, ou jogaram e não o fazem mais por falta de tempo e de outras garotas que se interessem pelo esporte. E se ainda sobrou alguma dúvida de que elas se interessam e tem potencial no assunto, experimente convidá-las para uma partida. Elas batem um bolão. Por Ulisses Castro e Paulo Ricardo Cadore
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fotos franciéli jordão
Mamãe 2.0
Luana conhece os amigos da filha Isadora
Já foi o tempo em que só jovens e crianças eram internautas. Segundo o site Mashable, que mede a comunicação social da internet, as mães são um grupo significativo de usuárias da web. Nos Estados Unidos mais de 80 % das mães se conectam pelo menos uma vez por mês (a média das mulheres em geral é de 68%). Outro dado importante da pesquisa é que elas passam a usar mais a internet depois que têm filhos. No Brasil, há um crescimento não tão expressivo como o americano, pois a realidade das mães brasileiras é diferente, mas animadora. Os sites de relacionamento “fazem a cabeça” das mamães de hoje. Um deles é o Orkut, que cresce com o acesso dessas usuárias. Comunidades como “Minha mãe tá no Orkut” já bate os 95 mil usuários. Geseli Saran, de 47 anos, é uma das mães que passa horas “logada” batendo um papo com seu filho, o estudante Leonardo Saran, de 16 anos. “O fato de minha mãe estar na internet não interfere em nada o nosso relacionamento já que somos muito amigos um do outro”, comenta Leonardo. Segundo a pesquisa nos Estados Unidos, além de usar mais a internet, as mulheres estão vendo menos televisão. Isso pode significar uma melhora na comunicação (quantidade e/ ou tempo) na relação entre pais e filhos. Mas as mães também se preocupam. Segundo a pes-
quisa, a maior dificuldade para elas é controlar o que seus filhos fazem na web. Cerca de 32% deles admitem limpar o histórico de navegação quando acabam de usar o computador, e 16% criou contas de e-mail ou perfis com outros nomes, em sites de relacionamento, para esconder dos seus pais o que fazem quando estão online. “O Orkut me favorece porque assim posso conhecer melhor as pessoas que ela se relaciona na escola, que são pessoas que tenho pouco contato, ao contrário das amigas que frequentam nossa casa”, conta Luana Grivot, que trabalha com comunicação visual e é mãe de Isadora, 8 anos. Segundo ela, o fato de ter somente um computador em casa às vezes pode trazer uma disputa para navegar. Estamos na era da web 2.0, em que vemos uma maior interatividade entre usuários da internet. E é essa interatividade que as mães estão buscando. Entre páginas de relacionamentos, chats e blogs, as mães criam novas maneiras de se comunicar e até de conhecer melhor os filhos. O site Mothern é um exemplo de blog feito por mulheres antenadas para entender melhor o que é ser mãe no século XXI. A iniciativa deu origem a um livro e programa de TV. Para conferir o blog acesse: www.mothern.blogspot.com. Por Francieli Jordão e Daiane Costa
Geseli Sarah passa horas plugada
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Mãe de coração
magine ter três filhos. Cuidar da alimentação, do estudo, e da saúde de seus descendentes. Não é nada fácil. Ana Alice Marconato além de criar seus três filhos, já cuidou mais de cem estudantes que passaram por sua casa. Há seis anos, a dona de pensão em Santa Maria abriga jovens de várias cidades, até mesmo de fora do Estado. Quando sua filha, Elessandra Marconato, veio estudar em Santa Maria enfrentou muita dificuldade em dividir apartamento com outros quatro estudantes. Motivada por um amigo que já atuava no ramo, Ana decidiu deixar São Gabriel com a família e montar uma pensão para abrigar jovens que vinham estudar aqui. Ela também viu na mudança a oportunidade de formar seus filhos e de garantir bons empregos para eles. Sua primeira moradora foi Betania Ayub. A jovem veio terminar o Ensino Médio na cidade. Até hoje, depois de ter saído da pensão, a estudante de psicologia visita Ana, com quem criou um vínculo afetivo. Outros ex-moradores que não deixaram de visitar a mãe “postiça” são Marcela Lazzare e Eduardo Ramos. Ana comenta também que Marcela chegou a desistir de seguir os estudos por não se acostumar a ficar longe dos pais, mas que com sua ajuda a jovem foi aprovada no vestibular e mudou-se para Rio Grande, porém nunca deixou de manter contado. O ambiente agrada aos pais e aos próprios jovens por ser bastante familiar. Os nove estudantes têm seus quartos individuais, onde tem sua priva-
A mãezona Ana Alice abriga, em sua pensão, jovens de diversas cidades
fotos evandro sturm
Por Natália Schultz e Thales de Oliveira
cidade. Ana cozinha e cuida da arrumação da casa e das roupas dos moradores. Para a dona da pensão todos são seus filhos de coração. Ela adora ver a casa cheia, e viver rodeada de sua “filharada”, como os chama. E aos 52 anos, Ana diz que não tem vontade nenhuma de fechar sua pensão.
fechado. Dirigido com mão firme por Can Robert, auxiliado por agentes penitenciários e Brigada Militar. A Penitenciária, além das detentas, nos finais de semana, recebe os filhos destas mulheres, que chegam para a visitação. Muita criança já vem para cá na barriga da mãe. Quando chega a hora de nascer, a mulher é levada com escolta ao hospital, onde é assistida, assim como o bebê. Ao receberem alta hospitalar, voltam para a penitenciária, onde ficam alojadas em grandes quartos (que dividem com outras na mesma situação), com o berço do bebê junto a sua cama. Neste espaço chamado “creche” também ficam as grávidas. Conforme as regras do presídio, a criança fica com a mãe até completar três meses de idade, quando é encaminhada para a família de origem. As mães
Incontestável ascensão
No século XXI, o número de mulheres independentes cresceu. Isso inclui mulheres que são chefes de família, criam os filhos sozinhas, trabalham e ainda cuidam da casa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos anos 1990 para os anos 2000, os domicílios chefiados por mulheres aumentaram cerca de 37%, passando de 18,1% para 24,9%. Geograficamente, esse aumento do número de mulheres chefiando domicílios foi generalizado. Entre as pesquisas feitas pelo IBGE, pode-se constatar que as residências chefiadas por mulheres têm melhores condições de limpeza e saneamento. Creditase ao fato de mulheres serem mais atentas quanto aos aspectos que interferem nas condições de saúde e higiene da família. As mulheres conquistam cada vez mais seu espaço, seja em casa ou no trabalho. É destacado nas pesquisas que no caso das mulheres com mais idade que o marido, o diferencial de rendimento entre o casal aumenta conforme a diferença de idade avança. Para as mulheres com uma diferença de idade de 30 anos ou mais em relação ao marido, o rendimento deste representa apenas 25% do rendimento da mulher.
O número de mulheres que criam seus filhos sozinhas também cresce. Em geral essas mulheres quando ficam grávidas não são casadas e tem pouca idade. Caminhos distintos, casos diferentes, mas a responsabilidade dobrada que cai sobre todas é a mesma. Papel de mãe e papel de pai. Elas têm em comum a missão de sustentar e educar o filho, dar amor e responder perguntas sobre o pai da criança. Mas o que elas tem em comum é o espírito guerreiro que as faz lutar para dar dignidade aos filhos. Muitas contam com apoio da família, mas nem todas têm essa sorte. Todos conhecemos casos diversos de mães que se encontram na difícil missão de criar os filhos sozinhas. Mas vale lembrar também alguns casos em que o homem precisa assumir só as responsabilidades diante dos filhos e aí são eles que têm que se adaptar e se superar diante da dupla função. O fato é que as mulheres tem destaque em todos os setores: no trabalho, em casa, na vida, a ascensão feminina é cada vez maior. Fonte: Pesquisa IBGE Março de 2008. Por Sabrina Kluwe
Mercado informal é das mulheres
A luta de mulheres trabalhadoras tem origem no fato histórico ocorrido em 8 de março de 1857. No episódio trágico da morte de operárias norte-americanas vítimas de repressão brutal, elas reivindicavam por condições dignas de trabalho. Em 1910, no Congresso das Mulheres Socialistas, esse dia foi promulgado como o Dia Internacional da Mulher. Desde então, a busca e tentativa de inserção no mercado de trabalho passa a ser um desafio para as mulheres, geralmente mães de família com inúmeras tarefas domésticas e pouco tempo para o estudo. Com tantas adversidades muitas destas mulheres que se lançam em busca de emprego não encontram opções para um vínculo empregatício legalizado e formal. Lucimara Lourdes de Almeida, 57 anos, casada, mãe de 3 filhos, que estudou até a 7ª série do Ensino Fundamental, é um clássico exemplo. Ela é proprietária de uma banca de bordados no centro de Santa Maria há 5 anos. “Gosto do que faço,
sou dona do meu próprio nariz, mas é lógico que tem seus inconvenientes”, afirma. Lucimara refere-se ao fato da informalidade não oferecer uma carteira assinada, um décimo terceiro, férias, e todas as relações de trabalho que um mercado formal poderia garantir. O mercado de trabalho informal é dominado pelas mulheres, enquanto que no mercado formal a maioria é de homens. É o que mostra a pesquisa sobre a Avaliação da Imagem do Sebrae, realizada pelo Instituto Vox Populi, sob encomenda do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O estudo revela que 60% dos trabalhadores informais são mulheres, contra 40% que são homens. Uma atenção governamental voltada às políticas de emprego e renda para as mulheres lhes asseguraria autonomia econômica, e contribuiria para combater as desigualdades promovendo a justiça social. Por Felipe Martins e Júlia Schäfer
Mãe e filhas: cumplicidade afetiva e profissional
Todas têm o direito de sonhar
Qual a mulher que desde pequena não sonha com um príncipe encantado, uma linda casa e filhos saudáveis, alegres e felizes? Quem não deseja um emprego que permita viver com dignidade, em uma casa com o mínimo de conforto, sem fome, sem sede, com o necessário de lazer e cultura? São estranhos os percalços que surgem nas vidas de algumas mulheres. Umas passam por eles ilesas, não se deixam envolver. Outras, seja por fraqueza, pela vida que levam desde o nascimento, ou por falta de juízo mesmo, desviam-se para o crime e terminam por perder o mais sagrado dos direitos do ser humano: a liberdade. São essas mulheres, 37 delas, que movimentam o Presídio Regional de Santa Maria, onde cumprem pena em regime
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cuidam de seus filhos, trocando fraldas e amamentando. É muito comum que uma ajude a cuidar o filho da outra, quando esta precisa afastar-se por alguns minutos. Tatiane dos Santos Ferreira, 31 anos, cabeleireira, é uma das mulheres que cumpre pena de três anos por ter sido enquadrada no artigo 55 (roubo). Ela é mãe de três filhos, um de doze, outro de oito anos e uma menina de apenas três meses, cujo pai está preso em Santiago. Ela emociona-se ao lembrar do dia das mães, pois o último contato que teve com seus filhos foi no final do mês de março. Isto porque, como é órfã de pai e mãe, depende de uma autorização judicial para receber a visita. Tatiane diz que gostaria apenas de ter um contato visual com suas crianças. “Já que é impossível poder abraçá-las”, desabafa.
No espaço que divide com mais trinta e seis mulheres, só existem doze camas, então o jeito é se acomodar em duplas. As que restam, dormem em colchões espalhados pelo chão. Tatiane culpa-se por não poder educar seus filhos, mas não se arrepende do que fez, porque afirma ter sido motivada pela necessidade e que não queria que seus filhos sofressem. Ela diz ter certeza que o mais velho entenderá o motivo que a levou a cometer o crime. Em relação ao futuro, vai cumprir a pena, e quando sair pretende procurar trabalho, oferecer muito carinho para os filhos e casar novamente, já que acredita que toda criança necessita de uma figura paterna ao seu lado. Por João David Martins
São muitos os casos de famílias que trabalham juntas, e a trajetória da família Hein – do estúdio fotográfico Foto Eleonora de Santa Maria – daria uma bela história. Nascida em Guarani das Missões, Eleonora, a matriarca, começou a se interessar por foto aos 12 anos, e foi com os padrinhos que já trabalhavam no ramo que aprendeu tudo que sabe. Seu primeiro estúdio foi na cidade natal, mas em 1979 mudou-se para São Borja, e em 1993 veio definitivamente para Santa Maria, onde tem estúdio de destaque nacional. A fotógrafa fala do início da carreira e das dificuldades que enfrentou na época: “Era um trabalho dominado por homens, mas logo as mulheres se interessaram pelo meu trabalho. Enfrentei muitas dificuldades sim, mas nunca desanimei”. Hoje, a empresa conta com suas duas filhas Eliziê e Emiriê e seu filho Alfio, sendo o trabalho dividido por setores. Ainda recentemente um neto entrou nos negócios da família. “Sempre quis que todos fizessem alguma faculdade, nunca
Arquivo pessoal
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Emiriê, Eleonora e Eliziê Hein no sexto evento paulista de fotografia, realizado em abril de 2009
obriguei a trabalharem comigo, nem nada. Mas eles se interessaram e, hoje, somos uma empresa familiar”, conta a mãe. Que a relação profissional da família é das melhores, já deu para perceber. Mas, e fora da empresa? Como é o convívio? “Estamos sempre juntos, pois a família toda mora no mesmo prédio e o assunto principal durante a semana é o estúdio, as fotos. Somente aos domingos,
quando vamos para o sítio, é que esquecemos o trabalho. A família é de origem alemã, mas tem estilo italiano”, brinca Eliziê. O sucesso do trabalho em conjunto é comprovado e vem sido reconhecido. No mês de abril, as Hein participaram de um evento em São Paulo, onde a revista FHOX (especializada em fotografia) considerou o estúdio da família, o melhor do Sul do Brasil. A cumplicidade afetiva e a
amizade entre mães e filhos são apenas alguns dos ingredientes necessários para tornar o ambiente profissional um lugar de admiração e respeito. “A relação de trabalho em família é uma mistura. Cada uma tem uma opinião e todas se aceitam”, comenta Eliziê. Por Michelle da Silva Teixeira, Sabrina Dutra e Tarso Negrini Farias
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reprodução/tv unifra
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Os novos apresentadores Duda e Naty (direita), ao lado da banda Brisócks
ção através do material disponibilizado no site Myspace e de vídeos enviados pelas bandas. Uma das condições para tocar no Studio Rock é ter composições próprias. “Damos prioridade às bandas locais, mas recebemos material de bandas de outras cidades como Novo Hamburgo, São Sepé e Porto Alegre”, destaca Flavia. No palco do programa, só nesse primeiro ano de existência, já foram executadas mais de 120 músicas inéditas, por mais de 50 bandas diferentes. O Studio Rock vai ao ar todas as quartas-feiras ao meio dia, com reprises às 19h e às 24h.
arquivo pessoal/off day
om muita música e descontração o Studio Rock, completa um ano no ar, e sob o comando dos novos apresentadores, Natalia Muller (Naty) e Carlos Eduardo Flores (Duda), o programa se mantém firme como a vitrine musical do rock santa-mariense. Além das novidades e notícias sobre música, o Studio Rock traz matérias, dicas de site e cd’s e, é claro, Bandas de Rock tocando ao vivo. Segundo a produtora do programa Flavia Alli, cerca de 10 bandas fazem contato por mês querendo mostrar seus trabalhos e participar da atração. A seleção é feita pela produ-
Integrantes da Off Day em ação, André Mott e Guilherme Fagundes: Guitarristas e Vocal da nova banda santa-mariense
Velhos conhecidos e novidades do Rock local Roqueiros de diferentes décadas e idades têm espaço garantido no palco do Studio Rock. Bandas conhecidas como Nookie, B-Jack e Brisocks e os novatos da Off Day, já passaram pela Garagem do Rock, quadro musical do programa. Para André Boaz Mott, 20 anos, guitarrista da banda Off Day, tocar no Studio Rock foi o pontapé inicial e o que faltava para a sua banda decolar. “Depois que tocamos no programa, mostramos o material para produtores de eventos e conseguimos vários shows inclusive para fora da cidade”, afirma Mott. Guilherme Fagundes, vocal e guitarrista da banda Off Day, destaca a importância da experiência de tocar e divulgar seu trabalho em um programa de TV: “Aparecer na mídia é difícil pra uma banda do cenário independente, ainda mais as novas como a nossa que ainda não tem um ano de existência”. Já para Marcelo Freitas, vocalista da banda Brisocks, programas como o Studio Rock são fundamentais para a divulgação do rock local. Para entrar em contato com a produção, sugerir matérias, sites, trilhas sonoras ou ainda para sua banda tocar no programa o email para contato é studiorock@unifra.br. Por Cassiano Cavalheiro
Por onde eles andam? A cada quatro anos ocorre a campanha eleitoral para eleger os novos administradores das cidades brasileiras. Uma eleição concorrida, em que muitos passam a desejar ocupar uma das cadeiras da bancada da Câmara de Vereadores ou da prefeitura. Esse ciclo muitas vezes é renovado com a entrada de novos políticos eleitos pela população, a permanência de alguns e a saída de outros, tanto por não se reelegerem, quanto se absterem a concorrer, ou de já terem cumprido o tempo limite de mandatos dentro de um mesmo cargo. Saber o paradeiro dos vereadores após suas saídas da Câmara de Vereadores não foi uma tarefa difícil para a equipe do ABRA. O radialista Isaias do Amaral Romero, 51 anos, que está há 20 na política e já atuou em três mandatos na Câmara de Vereadores, conta que depois da última eleição, devido a não-reeleição está temporariamente aposentado. “Estou aposentado, mas continuo fazendo política e a qualquer momento posso ser chamado à Câmara de Vereadores como suplente”, afirma Romero. A professora Magali Marques da Rocha, 45 anos, com 30 de carreira política e dos quais 12 foram junto à Câmara, depois da nãoreeleição, ela retornou à direção da escola Aracy Barreto Sacchis. “Hoje estou me adaptando às novas rotinas e mudanças na minha vida. Além de sair da Câmara tive outros problemas pessoais. Quero me dedicar às minhas filhas e voltar na próxima elei- Mesmo não tendo se elegido, ção mais fortalecida para Rosa (acima) continua em atividade na Câmara. Já ganhar”, explica Magali. O metalúrgico Vilmar Romero (abaixo), de maneira indireta e de “férias”, não Teixeira Galvão, 53 anos, atuou na Câmara por mais perdeu o vínculo com a política de oito anos, onde desempenhou as funções de secretário, líder do governo e presidente da Câmara. Hoje se encontra em Brasília, trabalhando como assessor do deputado federal Marco Maia: “Com a minha nãoreeleição fui cuidar de uma propriedade rural, e em março fui para a capital federal trabalhar na assessoria do deputado”. Galvão pretende voltar a concorrer às eleições, mas dessa vez como candidato a deputado. O ferroviário, Cláudio Francisco Pereira da Rosa, 46 anos, ingressou na Câmara Vereadores em 1993, onde atuou por quatro mandatos consecutivos como vereador. No entanto, esses 16 anos como legislador não lhe garantiram uma quinta oportunidade, embora ele esteja atuando como vereador na condição de primeiro suplente no lugar de Tubias Calil, que assumiu a Secretaria de Esportes e Lazer. “Pretendo concluir meu curso de Direito e auxiliar meu partido nas próximas eleições”, projeta Rosa. Por Jucineide Ferreira
fotos divulgação
Um ano de rock no Studio
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Garis também têm seu dia
fotos maiara bersch
apéis de bala, tocos de cigarro, latas de cerveja, restos de comida e folhas secas. Elementos como esses são parte do cotidiano de quem trabalha para deixar a cidade limpa. Você pode não notá-los, mas os garis estão todos os dias pelas ruas, limpando as calçadas e varrendo o lixo que as pessoas largam no chão. É assim que, há seis anos, trabalha Marcionei Oliveira da Silva, 40. Antes de entrar na profissão, Marcionei foi metalúrgico, auxiliar de produção e jornaleiro, e sente-se contente como gari. “Eu adoro o ‘bom dia’ que recebo das pessoas. Muita gente elogia o meu trabalho quando passam por mim, dizem que estou limpando bem e que a rua está bonita”, comenta. Marcionei trabalha oito horas por dia, e é responsável pela limpeza do trecho da Avenida Rio Branco. “De manhã a gente tira o grosso, e de tarde é pra manter limpo, porque sempre tem um papel ou um toco de cigarro pra ajuntar”, explica ele. Entretanto, os garis também passam por situações constrangedoras, como a falta de educa-
ção de algumas pessoas. “Tem vezes que estamos limpando e as pessoas atiram o lixo no nosso nariz”, conta Narione Domingues Duarte, 24 anos, e uma das cinco mulheres que trabalham como garis no centro da cidade. Marcionei complementa: “A gente tem que ser educado, afinal estamos ali pra recolher o lixo mesmo, né?”. O setor de varrição na parte central de Santa Maria é composto por 23 garis, que dividem as tarefas por ruas. Segundo Amilton da Silva, 32 anos, responsável pelo setor, cada gari recebe o salário de 580 reais e tem direito a vale-alimentação e transporte. “Esse serviço é bom, porque dá oportunidade para as pessoas que não têm escolaridade”, explica Amilton. Ele conta que também existe preconceito em relação à sua profissão, e que é ignorado pelos conhecidos quando está usando o seu traje de trabalho. Instituído por lei em 1962, em 16 de maio comemora-se o dia do gari. Enquanto Amilton destaca que “poucas pessoas lembram” da data, Marcionei lembra que em cidades maiores, como São Paulo, os
“Aqui a gente ganha pouco, mas se diverte”
carolina moro
Com irreverência e experiência Wagner falou sobre a investigação jornalística
atores vestem-se de garis para homenagear os trabalhadores. “A nossa profissão devia ser mais valorizada e melhor remunerada”, desabafa Marcionei. Porém, com um sorriso bem aberto, Amilton conclui: “Aqui a gente ganha pouco, mas se diverte”.
Limpeza e reconhecimento fazem parte da busca diária dos garis. Marcinei (ao lado) diz que é motivado pelos elogios que recebe enquanto trabalha.
Por Liciane Brum
Investigar é preciso Em um bate-papo realizado no último dia 5, e que integra as comemorações dos 45 anos da Zero Hora, o jornalista Carlos Wagner falou para profissionais, professores e acadêmicos do curso de Jornalismo da Unifra sobre sua trajetória, o atual panorama da profissão e deu algumas dicas para quem pretende entrar no mundo do jornalismo investigativo. Segundo ele, desenvolver essa especificidade do jornalismo é complicado, pois além de requerer do profissional uma prática de investigação e que muitas vezes a academia não fornece, o trabalho depende de outros fatores que podem interferir no processo. Entre esses fatores Wagner destacou a concorrência entre as mídias pelo furo jornalístico em atender os anseios da opinião pública, os interesses das fontes fornecedoras da informação a ser checada e a ética que o profissional deve ter para saber dis-
tinguir entre investigar e incitar técnicas e saber pensar, e não ao crime. O repórter explicou apenas executar. que o ponto chave do jornaDa mesma forma, o jornalismo investigativo é que o fato lista também expressou apoio investigado se apresente sem à queda da Lei de Imprensa, que o profissional afirmando que precise interferir os profissionais “Fazer coagindo o susvão passar a ter peito a cometer mais cuidado na informação algum delito. hora de elaborar Outro ponto suas reportagens. requer defendido pelo “Agora podemos jornalista é a a cadeia, qualificação, iro para importância da que é ótimo, formação supeporque você não não é coisa rior para quem pode inventar um trabalha na área monte de coisa. Se de amador” da comunicação, tu és qualificado e que levantar a não vai ‘deixar o questão sobre a obrigatoriedade teu na reta’”, destacou Wagner. ou não do diploma é voltar ao O jornalista explicou que, passado. “É uma inconsequên- por estar envolvida com uma cia voltar nessa questão, você sociedade democrática, a mídia tem que qualificar o profissio- assume um papel fundamental nal. Fazer informação requer dentro desse processo histórico, qualificação, não é coisa de que é o de informar corretamente, amador”, defendeu Wagner, com responsabilidade e ética. que completou afirmando que o jornalista precisa apreender Por Juliano Pires
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reportagem
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Onde a história e a literatura ocupam o mesmo espaço U
No mês em que a cidade comemora seus 151 anos e a Feira do Livro toma conta da Praça Saldanha Marinho, vale a pena conferir como é a relação entre a literatura e a história santa-mariense
m assassino, uma mulher rezando, uma catedral, um centro urbano, dez escritores e um livro. O que tudo isso tem em comum? O lugar: Santa Maria. É através do livro Os Dez Mandamentos, uma trama ficcional, em que personagens e lugares históricos da cidade passam a dar o ritmo e os moldes da história. O romance foi um dos mais vendidos na Feira do Livro do ano passado e é fruto de uma coletividade de escritores locais, no qual cada um tinha a missão de dar prosseguimento a trama inicial, criada por Athos Ronaldo Miralha da Cunha, escrevendo um capítulo e respeitar, claro, os mandamentos da Igreja. Para quem conhece a cidade e a região, a identificação com a obra torna-se natural, pois ela transita por diversos locais, como o bairro Santa Marta, a UFSM, a Quarta Colônia e o viaduto Garganta do Diabo. O ex-secretário da cultura e patrono da Feira do Livro 2009, Humberto Gabbi Zanatta, acredita que a obra pode gerar uma certa curiosidade. “Há fidelidade neste livro, há elementos da história, da geografia e do ambiente de Santa Maria que até ajudam a despertar a curiosidade de quem não conhece esses locais.” Além das localidades que compõem o cenário, o universo da obra também é permeado por personagens reais, como um vendedor de loterias, um pároco, um ex-vereador.
Entretanto, mesmo aqueles que não conhecem os lugares e personagens citados não vão se sentir deslocados no cenário do romance. Isso porque a literatura possibilita viajar pelo universo, fantasiar e usar a imaginação. Segundo o professor e escritor, Orlando Fonseca “a obra é uma homenagem para Santa Maria, mas para quem não conhece a cidade, há de reconhecer uma imagem prototípica de uma catedral, de uma avenida, de um bairro, de um restaurante”. Já o escritor e professor Vitor Biasoli explica que, em uma cidade de porte médio, no interior de um estado brasileiro, como é Santa Maria, o texto literário tem de se sustentar independentemente do conhecimento dos indivíduos. “Eu nunca fui a Roma e gosto muito dos romances do Moravia. Não conheço a Rússia e gosto de Tchecov. Então eu acho que dá para escrever sobre Santa Maria e segurar qualquer leitor.” Mas o que é a realidade dentro de um livro? Como saber até que ponto o que está sendo contado, realmente aconteceu? Biasoli tem uma possível resposta: “O texto tem que convencer. Tem que se impor ao leitor, tem que andar com as próprias pernas. Depois a gente discute o que é realidade ou não. Se o texto não convence, não se impõe e não emociona – nem importa que seja real ou não – não é literatura”.
núcleo de fotografia do jornalismo/unifra
Através das páginas da literatura a história de Santa Maria ganha novos rumos
Origem de Santa Maria Literatura e história também permeiam e dividem opiniões sobre a origem de Santa Maria. A primeira hipótese se baseia em um drama de amor que envolveu a índia Imembuy e o português Rodrigues. Na história, os protagonistas se apaixonam após Rodrigues ser capturado pela tribo de Imembuy e ser condenado a morte. O português é salvo pelo amor da índia que o desposa após sua incorporação pela tribo e a adoção do nome Morotin.
A segunda versão relaciona a origem da cidade com um posto de índios, denominado Guarda de Santa Maria e que pertencia a uma das estâncias missioneiras dos padres da Companhia de Jesus. Esse agrupamento, onde ficava o território de Santa Maria, estava localizado na linha divisória dos domínios da Espanha e Portugal. Fonte: Livro Santa Maria, Cidade de Imembuí, de Maria Ivone Pinto Brollo
Por Joseana Stringini
z o i n s h á t o s ? E No mês dos namorados, o jornal Abra vai dar uma mãozinha para os solteiros! Envie seu nome, seu signo e uma frase dizendo o que procura em um relacionamento para o e-mail abra@unifra.br e saia nos classificados dos solteiros da próxima edição. Você também pode enviar uma foto!
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reportagem
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Uma conexão que conturba as opiniões
m segundo, dois segundos, três segundos, quatro segundos, cinco segundos, seis segundos, sete segundos, oito segundos... O início do texto incomodou? Pois é esse o tempo, ou até mais, que demora para uma página da internet carregar pelo modo discado. Essa era a única forma de acesso quando a conexão à rede mundial de computadores se tornou popular nos anos 1990 e que passou a cair em desuso com o advento da banda larga. A partir daí, o internauta passou a contar com velocidades de acesso cada vez maiores, onde uma das últimas vedetes do setor passou a ser a internet 3G – terceira geração. Esse tipo de acesso é oferecido pelas operadoras de telefonia móvel que, por meio de um modem USB conectado ao computador ou notebook, o cliente pode navegar na web recebendo e enviando dados por satélite. Em Santa Maria as quatro operadoras de telefonia móvel oferecem diversos pacotes e planos (ver quadro). A empresária Débora Taboada, 27 anos, assina o serviço da operadora Claro e costuma se conectar sempre à noite. Débora diz que são freqüentes as quedas na conexão. “Liguei para a operadora e a atendente pediu para eu fazer algumas configurações no modem, mas não adiantou. Eu recebi um número de protocolo pelo atendimento e disseram que iriam retornar em cinco dias úteis. Quando me ligaram informaram que eu tenho que comprar um novo chip. Eles é que deviam me fornecer um chip novo”, conta a empresária.
Ian Britton / www.freefoto.com - Licença Creative Commons
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A proposta é internet sem fio de alta velocidade, mas clientes apontam problemas no serviço prestado.
Na maioria dos casos a praticidade de navegação da internet 3G dá acesso a dores de cabeça
Quatro operadoras e um destino Operadora Vivo
Claro
Para saber mais
www.vivo.com.br
- Planos nas velocidades de 250 kbps, 500 kbps e 1 mbps - A navegação é ilimitada, mas quando o cliente ultrapassar 2 GB de dados trafegados a velocidade é reduzida.
www.claro.com.br
- O plano oferecido é de navegação ilimitada e navegação a 600 kbps.
www.oi.com.br
- Plano ilimitado nas velocidades de 600 kbps e 1 MB.
www.tim.com.br
Oi
O susto foi o valor da conta Outra forma de assinar o serviço é escolher um pacote de transferência de dados. O cliente contrata o serviço que disponibiliza um limite de dados a ser trafegado, o que não significa que os dados só serão “gastos” quando o internauta estiver fazendo algum download, pois ao estar conectado à internet, o usuário já está recebe dados. O arquiteto Guilherme Rolim,
Planos oferecidos - Planos limitados em 50, 250, 500 MB e 1 GB. O cliente paga uma tarifa por dados acessados após o término da franquia. A velocidade é de 600 kbps a 1,4 MB. - Plano ilimitado, mas quando o cliente ultrapassar 2 GB de dados recebidos, a velocidade é reduzida.
Tim
Kbps – é a taxa (velocidade) de transferência de dados. Megabyte (MB) e Gigabyte (GB) – é o valor total de dados que o usuário pode movimentar.
32 anos, é assinante da Vivo Zap desde o final de 2008. Ele considera bom o serviço da operadora e ficou surpreso com a conta
que recebeu no final de abril. Rolim contratou a franquia de 500 megabytes (MB) a um custo mensal de R$79,90, mas
quando recebeu a conta o valor a ser pago era de R$ 930,35. O arquiteto assinala que faltou informação da parte do vende-
dor na hora compra: “Eu não sabia que só em estar conectado já estaria consumindo a franquia”. O próximo passo de Rolim vai ser entrar com uma ação na justiça. Uma das saídas é cancelar o serviço No site de reclamações www.reclameaqui.com.br, o serviço da operadora Claro é o campeão de tópicos. Entre as maiores reclamações estão as quedas constantes do sinal e a baixa velocidade. O problema é que para pagar o valor promocional da mensalidade o cliente tem que fazer um contrato no plano fidelidade, com duração de 12 meses. E que, caso o serviço seja cancelado antes do prazo, o usuário deverá pagar uma multa rescisória. Portanto, se o cliente não usufrui do serviço tal qual foi contratado, ele não é obrigado a pagar a multa. É o que ressalta o coordenador de estágio do PROCON, Vitor Hugo do Amaral Ferreira. Segundo ele, “uma vez que a operadora não oferece o serviço de acordo com o que foi contratado, o cliente pode cancelar sem custo e não pagar nada por isso”. Por Leandro Rodrigues
18ª Impressão Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA
MAIO / 2009 abra@unifra.br
Uma feira para marcar a imaginação fotos núcleo de fotografia do jornalismo/unifra
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livro é o pássaro que faz a sua imaginação voar. E a sua imaginação, voa para onde? Este foi o tema da 36ª Feira do Livro de Santa Maria, realizada entre os dias 25 de abril e 10 de maio na Praça Saldanha Marinho. O homenageado dessa edição foi o médico e poeta Luiz Guilherme do Prado Veppo e teve como patronos o advogado e jornalista Humberto Gabbi Zanatta e o ilustrador Jorge Ubiratã da Silva Lopes, o Byrata. A Feira destinou várias atividades ao público infantil, como oficinas de pandorga, balão e desenho. Outro atrativo para a criançada foi a Hora do Conto, onde os atores Ricardo Paim e Patrícia Garcia interagiam com elas contando e encenando histórias. Segundo Ricardo, essa atividade proporcionada pela Feira é estimulante para a criatividade e desenvolvimento da criança. “A arte é um veículo que proporciona, além de diversão, uma forma de socializar. Trabalhar com crianças é uma responsabilidade educacional”, salienta o ator. Para Rosângela Rechia, uma das organizadoras do evento, a programação infantil rendeu muitas tardes lúdicas, inclusive com os escritores. “Isso aproxima as crianças do imaginário”, comenta ela. As escolas da cidade também
Todo ano, mudanças e aperfeiçoamentos da Feira se refletem na superação nas vendas e nos visitantes do evento
participaram realizando diversas atividades, como apresentações de teatro, danças, declamação de poesias e até musicais, com a banda marcial Banda de Sopro, formada pelas escolas estaduais Xavier da Rocha e Coronel Pilar. Entre os pontos fortes da Feira esteve o Livro Livre, um bate-papo descontraído com alguns convidados que era realizado a partir das 19hs. Uma das noites que apresentou o maior público foi a do Encontro com
o professor, onde o professor e jornalista Ruy Carlos Ostermann conversou com Duca Leindecker, vocalista da banda Cidadão Quem. Duca falou sobre sua carreira e projetos, e encerrou a conversa cantando alguns de seus sucessos e conquistando aplausos do público. Em sua segunda edição, o Circuito Elétrico, desenvolvido pelos alunos do curso de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Franciscano (Unifra), levou o livro-pássaro
Números da Feira ∙ ∙ ∙ ∙
para a noite santa-mariense. A atividade acontecia nos bares da cidade, onde as leituras de trechos de livros para o público eram aliadas ao trabalho de divulgação da Feira. Entretanto, para manter a qualidade do evento, foi necessário um trabalho duro e muita dedicação. Segundo Cristina Jobim, coordenadora da Feira, houveram algumas dificuldades financeiras, como a demora na captação de recursos. Ela vê no projeto proposto pelo prefeito
28 bancas para público adulto 4 bancas para público infantil 67 lançamentos de livros adultos 22 lançamentos de livros infantis
Cezar Schirmer, de transformar a Feira em lei municipal, a possibilidade de poder conhecer, com antecedência, o valor total de recursos disponibilizados que podem ser investidos. “Seria uma garantia para a realização da feira”, comenta Cristina. Essa garantia de realização, além de assegurar a existência da Feira, permite que a produção literária local mantenha o espaço conquistado para se manifestar e estabelecer contato com o público santa-mariense e da região. Para Télcio Brezzolin, presidente da Câmara do Livro, a Feira está servindo de palco para dar vazão à produção local e “seria um desastre para a cidade a feira não acontecer da forma que ela é hoje”. No entanto, há que pondere que a Feira precisa ser independente de tributos públicos. Como é o caso de Byrata, que enfatiza a importância do apoio dos empresários locais. Zanatta reconhece que a cidade enfrenta dificuldades e que com “os esforços de sua própria força vai sobrevivendo”. Dificuldades, cultura, arte e superação, assim se fizeram a Feira do Livro e Feira do Livro Infantil 2009, que encerrou com um total de 44230 exemplares vendidos e ultrapassou a marca do ano passado, de 40150.
Por Claudiane Veber
∙ Média de público que passou pela feira nos 15 dias: em torno de 170 000 pessoas ∙ Total de exemplares vendidos: 44 230
Os 10 livros mais vendidos (em ordem alfabética): ∙ ∙ ∙ ∙ ∙ ∙ ∙ ∙ ∙ ∙
A Cabana, de Willian P.Young - Sextante Crepúsculo, de Stephenie Meyer - Intrínseca Eclipse, de Stephenie Meyer - Intrínseca A Fada Belinha, de Onilse Pozzobom - Caposm A Frase do Doutor Raimundo, de Antonio C. A. Ribeiro e al. - Movimento Imembuy em versos, de Humberto Gabbi Zanatta e Byrata Isadora no Parque Encantado e Outras Historinhas, de Auri Sudati - Caposm Leite Derramado, de Chico Buarque - Cia das Letras O Segredo da Lua e a Foca, de Selma Feltrin - Caposm O Vendedor de Sonhos, de Augusto Cury - Academia de Inteligência * Dados finais fornecidos pela Câmara do Livro de Santa Maria