EXPEDIENTE
APRESENTAÇÃO
Resultado da Oficina “Fotografia e Escrita II” realizada na Fundação Curro Velho e Ministrada por Evna Moura.
A Oficina “Fotografia e Escrita II” foi desenvolvida com o intuito que consiste em uma oficina de iniciação a projetos autorais, com a pretensão de apresentar aos alunos novas formas de se perceber o outro, desenvolver de forma crítica as percepções humanas, aliando fotografia e texto. Estabelecendo diálogos entre estas duas práticas subversivas de criação, catalisando o processo de produção, adequação e revisão de propostas. Durante este processo, o Bairro de São Brás foi escolhido como objeto de pesquisa, sua história, trajetos, lugares e pessoas. Um lugar de passagem para tantos na cidade e que no exercício da busca e percepção da beleza, tem seu reconhecimento histórico e humano esquecido no tempo. Através de um olhar, um registro de como vemos nossos semelhantes de algo distanciado para uma forma de visão mais interior. Neste processo, os alunos armados de câmeras de celulares buscam a interpretação do universo simbólico e imagético do outro, que foi sendo estabelecido a medida que o conhecimento de si mesmo e das questões que perpassam e estimulam o processo criativo de cada um ia sendo gerado através da oficina. Percepções, pensamentos e ações direcionadas a um mesmo estímulo, assim se faz a transição de um lugar de onde todos habitam, sob diferentes formas, ângulos e motivações, para um mesmo estímulo pode ser percebido de diversas maneiras. Compondo histórias, se fazendo de pessoas e que podemos refletir sobre tantos olhares deste lugar e suas influências em muitos cotidianos. Neste ensaio coletivo sobre o Bairro, percebemos a influência de nossa atenção sob nossos comportamentos e como foi trabalhado com os alunos para que pudessem ao longo da oficina, apresentar sua própria perceção humana através da fotografia e palavras.
CONCEPÇÃO, ENTREVISTAS E FOTOGRAFIAS: ALANA RIBEIRO ANDRESSA SILVA BETE FRANÇA CARLA MONTEIRO CLAYVER FAVACHO DIEGO SILVA EGO HENRIQUE FABRICIO RAFAEL GRAÇA ARNAUD JOHNNY DORNELAS JULLIA FERREIRA MARCELO AUGUSTO MARCOS MUNIZ RAFAEL FERNANDO CONSULTORIA E REVISÃO Evna Moura PROJETO GRÁFICO Johnny Dornelas e Evna Moura
REALIZAÇÃO:
SUMÁRIO - ALTERAÇÃO, TRÂNSITO, PASSAGEM. >> BETE FRANÇA >> CARLA MONTEIRO >> CLAYVER FAVACHO >> DIEGO SILVA >> FABRICIO RAFAEL >> GRAÇA ARNAUD >> JOHNNY DORNELAS >> MARCELO AUGUSTO >> MARCOS MUNIZ - MERCADO: FEITO DE HISTÓRIA E PESSOAS. >> ALANA RIBEIRO >> ANDRESSA SILVA >> EGO HENRIQUE >> JULLIA FERREIRA >> RAFAEL FERNANDO
Evna Moura
pág. 1
pág. 2
alteração t r â n s i t o
passagem pág. 3
pág. 4
Bete França
Dia vai, dia vem e em todos os dias, com a mesma monotonia as pessoas seguem os mesmos caminhos em direções das mais variadas rotinas. Dentre as quais o que muda, só depende de quem as encara e como o modo de encarar esta prática pode mudá-las? Uma simples alegria ou uma tristeza pode transformar totalmente o rumo de um cotidiano. Fazendo com prazer ou como uma obrigação, um dia a mais, um dia a menos.
Me ponho a pensar. Como temos regido nossos destinos? Afinal, o hábito ou o modo como o encaramos é o que modifica o futuro. Será que temos construído um futuro com a melhor forma de nós mesmos? Ou somente nos tornamos entregues a vida taciturna que lamentavelmente é vista todos os dias, no cotidiano das ruas?
pág. 5
pág. 6
Passamos...
Carla Monteiro conhecido como o lar dos viajantes, como helton, 29 anos e dandara, 19 anos. residentes de capitão poço, mas que geralmente visitam a cidade das mangueiras pelo menos duas vezes ao ano. uma delas no mês de outubro para compartilhar desta linda festa tradicional do povo paraense que se chama círio de nazaré. assim como eles, milhares de pessoas transitam pela rodoviária todos os dias em busca de um destino.
a rodoviária é um local de idas e vindas de pessoas de todos os lugares. local de encontros e despedidas, de trocas, de identidades, de movimento e pressa.
pág. 9
pág. 10
memรณrias, pessoas e tempos. presentes no mesmo lugar...
pรกg. 11
pรกg. 12
bagunça, barulho e sentimentos levados nas malas. assim como a alegria em reencontrar alguém
Clayver Favacho
ou a tristeza em partir.
pág. 13
pág. 14
Bete França Eu conheci o sk8 através do meu pai que andava quando mais jovem. Na época, eu tinha 10 anos e ele me deu o primeiro sk8. Foi quando comecei a praticar, mas foi apenas com 16 anos que comecei a me dedicar a aprender manobras e realmente me dedicar ao esporte.
Bete França
Ao andar de skate me sinto livre, esqueço tudo e foco apenas no desafio de acertar a manobra, buscar um novo obstáculo, um lugar novo para ir além. Infelizmente somos poucos em nossa cidade. O sk8 é um esporte criado nas ruas, para as ruas. Mas, infelizmente grande parte das ruas da cidade não apresentam condições para a prática do esporte, são muito poucos os lugares específicos para a prática do esporte e nem tão pouco é aceito pela população como um esporte.
pág. 15
pág. 16
Diego Silva
em busca da sobrevivência homens sentem amam seguem adormecidos na cidade
S eu Jo s é, Por t i g u ar.
pág. 17
pág. 18
Fabricio Rafael
Se corre perigo é suprido pelo grande amor as quatros rodas. E assim, percorremos por São Braz. O cruzamento do tráfego de Belém. E cada volta, nas vias largas e arborizadas, grandes quarteirões é uma farta... Uma história, uma amizade e milhões de lembranças.
pág. 19
pág. 20
Sempre indo e voltando, sobre uma prancha e quatro rodas. Todo santo dia, pois todo dia é santo. Faça chuva ou faça sol. É ponto de encontro. Fim de rolê, sempre feliz e com pé no chão. Cada largada sobre o asfalto do grande bairro, pai dos skatistas.
pág. 21
pág. 22
Graça Arnaud
Pessoas simples que abandonaram suas casas e vivem em situações precárias. Um sorriso estampando no rosto, mesmo diante de tantos enfrentamentos. Será que foi uma opção de vida?
pág. 23
pág. 24
Convivendo todos os dias com as mais diversas dificuldades. Carregando a simplicidade de quem é marginalizado.
A rua é onde se encontra todos os tipos de pessoas Onde, entre eles, não interessa crédulo ou raça.
pág. 25
pág. 26
Com uma capacidade incrĂvel de aprendizado, optaram por viver a margem de uma sociedade que os ignora, silencia e os esquece. pĂĄg. 27
pĂĄg. 28
Johnny Dornelas
Nas vias de São Brás... Passando por ali todos os dias Teus lugares tem muitas memorias Tuas ruas, contam várias historias. Pessoas vão, pessoas vem. Passam pelo mercado, pelo terminal rodoviário A cada passo, elas apertam o passo, apressados. Passeando ou correndo, tanto faz. De noite, de dia, engarrafado. Nas vias de São Brás... Nas vias de São Brás...
pág. 29
pág. 30
pรกg. 31
pรกg. 32
Marcelo Augusto
pรกg. 35
pรกg. 36
pรกg. 37
pรกg. 38
Marcos Muniz
feira poesia livre feito por pessoas. barulho, venda, troca, pelas ruas, a gente vai e vem. o colorido dos alimentos barraca cheia feira de pessoas para pessoas.
pรกg. 39
pรกg. 40
pรกg. 41
pรกg. 42
pรกg. 43
pรกg. 44
mercado:
os tempos de ouro não existem mais, mesmo assim a felicidade não vai...
feito de histórias
e pessoas
pág. 45
pág. 46
Alana Ribeiro
mulheres trabalhadoras, solitárias em seus silêncios. e ao mesmo tempo, sempre ocupadas...
uma sentada, imaginando o que se levava…
mas o que se esperar?
pág. 47
pág. 48
Andressa Silva
outra de cabelo grisalho, enquanto trabalhava, pensava…
entre tantos passos passando por elas. Enquanto o próprio dia não passa... tanto trabalho, tanto esforço. sem ajuda, sem descanso... sem desistir. todas tão iguais e suscintas,representam as mulheres que esperamos ser um dia.
pág. 49
pág. 50
Necessidades mal supridas, por falta de reconhecimento governamental. Porém, acima da necessidade diária, há um riso profundo por debaixo da esperança. Que os motivam a trabalhar com amor...
pág. 51
pág. 52
Ego Henrique
pรกg. 53
pรกg. 54
Calor:
quente, abafado, suor.
Caos:
trânsito engarrafado.
Pessoas:
onde ir, chegadas,partidas.
Mercado:
monumento, depredação.
Viagem:
manhã, tarde, noite. Lugar:
pág. 55
são brás.
pág. 56
Jullia Ferreira
pรกg. 57
pรกg. 58
Monumento histórico, com muita história para contar. Feirantes como a dona Rosana Araújo Martins que trabalha há 30 anos no mercado e Paulo Menezes com 82 anos, que trabalha há 67 anos no mercado. Pensam que para eles, preservar a história do mercado é importante para manter viva a cultura para as novas gerações. As histórias deles, como a de todos os outros trabalhadores do mercado é de superação. Anos trabalhando no mesmo estabelecimento, vivenciando mudanças, reformas e hoje, convivem com uma lamentável realidade de insegurança e abandono do poder público. Mas, independentemente do abandono, problemas enfrentados pela falta de estrutura, entre lutas e insatisfação… Resiste a esperança, o amor e sonhos. “Nós temos um sonho muito antigo de transformar o mercado de São Brás em um mercado modelo, como já existe em outros Estados. Assim, qualificando o trabalhador e trazendo o turismo pra cá. Para que possamos, de alguma forma ter outra realidade para vender do parafuso até o computador”, diz Rosana.
pág. 59
pág. 60
pรกg. 61
pรกg. 62
pรกg. 63
pรกg. 64
Rafael da Luz
pรกg. 65
pรกg. 66
pรกg. 69
pรกg. 70
GERAÇÕES
Do jovem ao velho Todos enfrentam o abandono Solidão do descaso Seu ofício, dá sentido à existência. Razão para não parar, Uma nova geração Continuando uma história Digna de ser contada Conserta e constrói Virtude de quem sabe trabalhar.
pág. 71
pág. 72