Rede de memorias cap3

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Rede de Memórias l 50 Anos da Implantação da Energia Elétrica em Mato Grosso

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Capitulo 3

Iluminação Pública

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Vista de Cuiabá Tomada da Colina do Rosário Cuiabá, MT, 1936 Acervo: Museu Histórico de Mato Grosso Anônimo

Em primeiro plano, no canto esquerdo da foto, sobressai o poste de iluminação elétrica, de ferro forjado sobre pilar de pedra, com três luminárias em braço recurvados.


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Iluminação e a Geração de Energia em Cuiabá e Mato Grosso (1870/1950)

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As grandes transformações que ocorreram no mundo contemporâneo são tributárias dos avanços tecnológicos da segunda metade do século XIX. Naquela altura, o homem já havia iniciado seu aprendizado de gerar energia, latente na natureza, que começou a aproveitar em benefício próprio. Desde o advento do uso da energia térmica, passando pela hidroeléctrica, até a atômica, o aprendizado foi contínuo e espetacular. Ao longo dos dois últimos séculos moldamos nossas vidas a partir dos confortos que uma geração e distribuição de energia cada mais eficientes nos propiciavam. Quando se iniciou o processo de uso da energia para melhorar as condições de vida das populações com o advento das ferrovias, das fábricas e da iluminação dos espaços públicos em grandes cidades, Mato Grosso era ainda uma província pouco povoada, atrasada e isolada. Mas se Mato Grosso e sua capital, Cuiabá, eram distantes fisicamente do mundo moderno, as ideias, as novidades e as maravilhas do mundo europeu ocidental ali chegavam e despertavam anseios de consumo e conforto. Em Mato Grosso o uso sistemático da energia térmica iniciouse por volta de 1870 com a navegação de embarcações movidas a vapor a partir da combustão da lenha. Na década seguinte, o vapor


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Fachada da Cervejaria Cuyabana Cuiabá, MT, c. 1912 In: Álbum Graphico do Estado de Matto Grosso, 1914 Acervo: Museu Histórico de Mato Grosso Anônimo

“Esta fábrica, de propriedade da conceituada firma Almeida & Comp., está situada à margem esquerda do rio Cuyabá, distante do porto da capital apenas dois kilometros”(p.323). Nela foi instalado um maquinário movido a vapor que servia não só para a produção da cerveja e gelo, como também fornecia iluminação interna ao seu redor.

foi empregado também para mover os maquinários das grandes usinas produtoras de açúcar instaladas ao longo do rio Cuiabá. Já então vivenciava-se naqueles espaços os confortos da iluminação e da fabricação de gelo. A cidade de Cuiabá só disporia de uma usina hidráulica que modelou um sistema de iluminação pública elétrica para a capital dos mato-grossenses apenas em 1919. Há por parte daqueles que escreveram sobre a história da energia em Mato Grosso uma certa dificuldade em distinguir o que seria iluminação pública, distribuição e geração de energia. Também se confundem ao explicar como se deu, ao longo do tempo, a produção e o uso da energia térmica (a vapor, a gás e diesel) e da energia hidroeléctrica. Não queremos repetir tais equívocos. Por exemplo, é preciso ter em conta que geração de energia não é o mesmo que iluminação pública. Buscando alcançar uma melhor clareza expositiva dividimos este capítulo em três tópicos. Trataremos primeiro das formas de iluminação pública que Cuiabá vivenciou antes de começar a produzir energia (1880 a 1919). Depois enfocamos duas experiências de geração de energia a partir da instalação da Usina Hidráulica do Porto e da construção da Usina Hidroelétrica do rio da Casca. Finalmente, focamos no exemplo de dois municípios que foram autosuficientes na geração de energia entre 1930/60.

A NOITE CUIABANA ILUMINA-SE SOB O SISTEMA DE C OMBUSTORES G LOBO -G ÁS -Q UEROSENE Na segunda metade do século XIX a iluminação de algumas ruas e praças de uma cidade pequena como Cuiabá não necessitava da geração de energia. Isto já podia ser feito com o uso de combustíveis fósseis como o gás e o querosene. Assim, a história da iluminação pública da cidade não é concomitante com a da geração de

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energia. Primeiro os governantes dotaram a capital de Mato Grosso de um sistema de iluminação pública. Muitos anos depois é que a dotaram de uma usina térmica que gerava energia. Entre os anos de 1877 e 1878 a discussão sobre a necessidade de prover Cuiabá de iluminação noturna ganhou intensidade. Em 30 de abril de 1877 foi firmado, entre o presidente da província Barão de Aguapehy (João Batista de Oliveira) e o Sr. André Virgílio de Albuquerque, um contrato para a colocação de combustores pelo novo sistema de globo-gaz, já usado em alguns arrabaldes da Corte (Rio de Janeiro) e em cidades de outras Províncias. Deveriam ser instalados inicialmente 100 combustores. (APMT, Relatório à Assembléia Provincial: 1878). Durante dois anos, debateu-se sobre quem arcaria com os ônus dos serviços para iluminar a cidade. O presidente da província e o intendente municipal não chegavam a um acordo. A solução viria de cobrança de um imposto predial no valor anual de 6R$000 (seis mil réis) sobre aqueles proprietários que podiam pagar e os estimaram em hum mil e quinhentos, o que daria uma renda anual aos cofres do município de 9:000R$000 (nove contos de réis). Recaía sobre a população, portanto, o ônus pagar por tal conforto e segurança. Mas surgiu outro problema! A dificuldade do contratante de transportar o gás para Cuiabá. Fazia poucos anos que a navegação para Mato Grosso tinha sido regularizada e era ainda muito dificultosa. O gás sairia de navios a vapor do Rio de Janeiro, desceria pela costa sul do Atlântico até a foz do rio da Prata de onde subiria até o rio Paraguai, passando por Assunção e Corumbá, entrando depois nos rios São Lourenço e Cuiabá até a cidade do mesmo nome, capital da província. Argumentavam os donos dos navios os perigos de se transportar matéria inflamável e de fácil explosão. Problemas contornados e a 30 de novembro do ano de 1879 foi inaugurada a iluminação pública em Cuiabá pelo sistema de globo-gás. No relatório que o presidente da província Rufino Enéas Galvão, Barão de Maracajú, apresentou no ano seguinte, informava que a iluminação em Cuiabá era feita por cem combustores distribuídos convenientemente apenas pelas ruas e praças principais, o que ele lamentava. Naquele ano foram consignados com recursos provinciais e não municipais 6:600$000 réis para os custeios dos lampiões e 600$000 réis para os reparos dos mesmos e outras despesas (APMT, Relatório à Assembléia Provincial: 1880).


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Jardim Alencastro com suas Luminárias a Querosene Cuiabá, MT, c. 1904 Acervo: Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional, UFMT Foto Ferrari

Mas esta iluminação se mostrou dificultosa, cara e precária. Já no ano de 1881 a cidade estava às escuras. Para que a cidade não continuasse às escuras o fornecedor dos serviços, André Virgílio de Albuquerque, solicitava a mudança do sistema a globo-gás por querosene. Tudo indica que os problemas de falhas na iluminação pública em Cuiabá se iniciara em meados de novembro do ano anterior e se arrastaria até julho de 1881, ou seja, parece ter havido apenas um ano de iluminação regular e depois seis meses sem iluminação. No relatório do ano seguinte entendeu o novo presidente da província, coronel Dr. José Maria de Alencastro, que a cidade não poderia ser privada de iluminação pública, por mais precária que a mesma fosse. Assim, ampliou para 106 o número de combustores e encarregou a câmara municipal de administrar tais serviços, cujas custas continuavam pagas pelos cofres provinciais e não pela municipalidade. O combustível empregado passou a ser o querosene. E concluía: se a iluminação deixava a desejar era melhor com ela que às escuras. Mas, ainda por muitas décadas, a cidade continuaria iluminada apenas uma semana por mês: nas noites de Lua Cheia. (APMT, Relatório à Assembléia Provincial: 1882).

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De tempos em tempos o tema sobre a necessidade de melhoria da iluminação pública da cidade surgia no horizonte. Como podemos acompanhar através dos discursos dos governantes e dos poucos cuiabanos que frequentavam o Rio de Janeiro e que conheciam os confortos da vida moderna. Tanto que em 1896 foi expedida uma concessão ao engenheiro Jacques Markwalder para que o mesmo, num prazo de até quatro anos, melhorasse, implantasse e administrasse os serviços de abastecimento de água potável e iluminação elétrica em Cuiabá. Anos depois, no decorrer de 1903, encerraram-se todos os prazos da concessão dada ao engenheiro Jacques Markwalder sem que o mesmo sequer tenha assinado os contratos. Naquela época Mato Grosso vivia uma crise política onde questões como as da iluminação de Cuiabá eram de pouca monta (Mendonça: 1973/74). Sem produzir energia e dadas as dificuldades de transporte e alto custo dos combustíveis fósseis, as ruas e logradouros públicos da cidade continuavam, a maior parte do ano, às escuras, ainda no alvorecer do século XX. No que toca à iluminação das residências, a situação era quase idêntica à do século XVIII. O interior das casas continuava a ser iluminado de acordo com as posses dos moradores: velas de sebo e azeite de peixe para os mais pobres; e velas de cera, querosene ou mesmo lampiões a gás para os mais abastados. Nas casas mais pobres o azeite de peixe, abundante no rio Cuiabá, foi usado ainda por muitos anos, século XX adentro. Naquela centúria, a exceção de um ambiente privado que contava com iluminação interna foi o Colégio São Gonçalo, dos padres salesianos. Segundo a memória de professor Francisco Ferreira

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“O Gasômetro Instalado na Alameda do Jardim Alencastro” Cuiabá, MT, c. 1912 In: Álbum Graphico do Estado de Matto Grosso, 1914 Acervo: Museu Histórico de Mato Grosso Anônimo

Atente para a pequena construção em alvenaria ao final da Alameda. O Gasômetro do Jardim Alencastro interligava-se por canos subterrâneos aos combustores e iluminava as ruas Pedro Celestino, a o próprio Jardim Alencastro, o Largo da Matriz (depois Praça da República) e uma parte da Rua 13 de Junho.


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Mendes. No Salesiano Colégio São Gonçalo, vi pela primeira vez a

libélula flamejante da luz de gás acetileno. Foi em 1905. O inspetor do Colégio, Padre Antonio Malan, mandou construir um gasômetro no pátio interior do estabelecimento, preparou-se tubulação condutora da matéria combustível e, assim, inaugurou-se em todas as dependências do Colégio, na capela e na fachada exterior, a iluminação a gás” (Ferreira Mendes: 1971).

Corumbá, Rua 13 de Junho Cuiabá, MT, c. 1912 In: Álbum Graphico do Estado de Matto Grosso, 1914 Acervo: Museu Histórico de Mato Grosso Anônimo

Ao centro da foto o Poste de ferro com sua lâmpada e transformador. À direita estão postes do sistema de telefonia. Com a instalação da termoelétrica a diesel a cidade portuária de Corumbá foi a primeira cidade de Mato Grosso (hoje Mato Grosso do Sul) a contar com uma eficiente e bela iluminação pública pelas suas principais avenidas.

Mas, enquanto a energia elétrica não era providenciada, tratou a municipalidade de melhorar a precária iluminação pública existente. Em 1910, o intendente Avelino Siqueira optou por substituir parte do sistema a querosene por gás e mandou construir dois gasômetros. O primeiro ficava no Jardim Alencastro e o outro na Praça Ipiranga. Dotou as seguintes ruas de tubos condutores: o gasômetro do Jardim Alencastro servia os combustores e iluminava as ruas Pedro Celestino, o Largo da Matriz e uma parte da Rua 13 de Junho; por sua vez o gasômetro da Praça Ipiranga alimentava os postes e as geringonças da avenida Generoso Ponce e o restante da Rua 13 de Junho. No distrito do Porto o gasômetro seria inaugurado na administração seguinte e corria o ano de 1912. A iluminação ficou restrita à rua 15 de Novembro. A cidade, então passou a conviver com dois sistemas de iluminação pública: a querosene e a gás. Esta situação perduraria até o ano de 1919. (Ferreira Mendes: 1971).

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O CONFORTO DA LUZ ELÉTRICA: A HIDRÁULICA DO P ORTO E H IDROELÉTRICA DO RIO DA C ASCA

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O ano de 1919 seria uma data crucial na memória dos cuiabanos. Sua cidade, a capital de todos os mato-grossenses, faria 200 anos. Para a intelectualidade local aquela oportunidade mostravase ímpar para construir signos e reafirmar a identidade de seu povo. Alguns dos preparativos deveriam ser pensados com muita antecedência. Entre outros, prover a cidade de um sistema energia hidroelétrica. Assim, entre 1915/16, no governo do General Manuel Faria de Albuquerque, o tema foi retomado com força. Foi dada concessão, com privilégio de exploração dos serviços por 30 anos, a João Pedro Dias. A Resolução nº 740 de 24 de julho de 1916 autorizava ao concessionário o aproveitamento de uma das quedas do rio da Casca ou do Aricá-Mirim, para instalação de uma usina geradora elétrica e facultava a ocupação, durante o prazo do privilégio, dos terrenos municipais ou devolutos que forem necessários para a construção de estações, galpões, estradas, etc. (Mendonça: 1973/74). Três anos se passaram. Na abertura do ano legislativo de 1919, o Bispo Dom Aquino Corrêa, então há um ano na presidência do Estado, lamentava que a cidade ainda padecesse da ausência de serviços de iluminação elétrica e denunciava as falhas do sistema de iluminação a gás. Ao mesmo tempo lembrava a demora do concessionário João Pedro Dias em implementar a geração e distribuição de energia elétrica. Na oportunidade, rememorava as cláusulas do contrato assinado em 1916 e advertia para a necessidade de cumprimento do mesmo. O discurso proferido por Dom Aquino deixa entrever que já estavam adiantados os serviços, que eram feitos em caráter emergencial, por dificuldade de importar maquinários e equipamentos necessários para a implantação daquela que seria a primeira usina hidroelétrica de Mato Grosso (Mensagem à Assembleia Legislativa: 1920). Quando da assinatura do termo de concessão entre João Pedro Dias e o Estado de Mato Grosso, em 1916, havia um acontecimento dramático que impedia a importação de máquinas, qual seja: entre 1914 e 1918 a Europa vivia a experiência fatídica da I Guerra Mundial. Os países do mundo Ocidental que, desde a abertura da navegação do rio Paraguai, haviam fornecido maquinário para Mato Grosso, Inglaterra e Alemanha, estavam em guerra. Na tentativa


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de solucionar tal problema, João Pedro Dias foi buscar uma saída no Rio de Janeiro onde só foi possível adquirir equipamentos para montar uma termoelétrica e não a tão almejada hidroelétrica. O sonho de construção da usina hidroelétrica no rio da Casca foi alimentado até o último momento. No início do ano de 1919, Dom Aquino Corrêa ainda nutria esperanças e argumentava em sua Mensagem Presidencial: Caso os machinismos para a installação da usina no rio da Casca cheguem em tempo, o Governo auxiliará na... Urgia o tempo e as autoridades de Mato Grosso pressionavam João Pedro Dias a dotar a cidade de luz elétrica até o dia 08 de abril de 1919. Afinal, seria uma grande jogada política para o presidente do Estado, o Bispo Dom Aquino Corrêa, ser o governante que, finalmente, tiraria a cidade das trevas quando a mesma completava 200 anos. Mas a tarefa não era nada fácil! Como não havia modo de importar máquinas e equipamentos o jeito foi comprar uma usina termoelétrica usada no Rio de Janeiro. Transportá-la até Cuiabá foi outra epopeia. Se de fato a viagem demorou apenas um mês é possível que o trajeto percorrido tenha sido o mais rápido à época: do Rio de Janeiro ao porto de Santos o transporte foi de navio. Subiram a Serra do Mar em trens de ferro até Jundiaí ou Bauru e, dali, pelos trilhos da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, alcançaram as barrancas do rio Paraguai em Porto Esperança, passaram para um vapor e subiram os rios Paraguai, São Lourenço e Cuiabá até a capital dos mato-grossenses. Vencidas as dificuldades de transportes era preciso instalar o equipamento e fazê-lo funcionar no prazo exigido. A ‘Casa de Força’ foi montada às margens do rio Cuiabá no prédio da velha hidráulica que abastecia a cidade de água. A partir de uma caldeira movida à lenha movimenta-se todo o maquinismo que gerava 125 KVA de energia a ser distribuída pela cidade. Ficava o concessionário obrigado a substituir essa instalação provisória pela definitiva, tão logo as condições de mercado permitissem. Mas para levar a energia da caldeira até as ruas e aos lares cuiabanos era preciso uma rede de distribuição. Para tanto cuidou-se da instalação dos postes. O projeto original previa-os de ferro, mas, como tudo era provisório, acabou-se por aceitá-los de madeira de lei, desde que pintados. Apesar de todas as pressões que sofreu, não foi possível a João Pedro Dias inaugurar o novo sistema de iluminação elétrica de Cuiabá no dia em que a cidade comemorava seus aniversário de 200 anos de fundação. Essa falta, talvez involuntária, a ele traria

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sérios problemas políticos. Para complicar sua situação, João Pedro Dias foi um dos introdutores do protestantismo em Cuiabá. Bem, num estado governado por um Bispo, o não cumprimento de um prazo, revestido de aura política, por um protestante, foi um prato cheio de desgostos e sobre ele pairava a suspeita de ter agido, literalmente, de má fé. De qualquer modo, a 15 de agosto de 1919, foi inaugurada solenemente a nova iluminação pública de Cuiabá. De início era composta de 119 combustores elétricos que, até o final daquele ano, foram aumentados para 390 lâmpadas. Provisório, o sistema, em poucos meses alcançou seu limite de carga instalado. Apesar dos esforços, a demanda por energia continuava maior que a oferta e a ideia da construção de uma hidroelétrica era alimentada pelo governo e ansiada pelo povo. Por motivos que não se sabe, finda a guerra na Europa, João Pedro Dias, não deu continuidade ao projeto de importação de maquinários e de construção da projetada hidroelétrica no rio da Casca. Em maio de 1923 o presidente do estado, Pedro Celestino, reclamava que os serviços de geração e distribuição de energia continuavam precários em Cuiabá, mas mesmo assim havia renovado, em janeiro daquele ano, os direitos de concessão atribuídos a João Pedro Dias.

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Festa do Bicentenário de Cuiabá, Rua 13 de Junho Cuiabá, MT, 1919 Acervo: Museu Histórico de Mato Grosso Anônimo

Na foto percebe-se duas formas de iluminação pública. Do lado direito e fixado na parede de uma residência está um combustor a gás. Do lado esquerdo, um poste de madeira com sua lâmpada elétrica que seria alimentada pela energia gerada pela usina Hidráulica do Porto – na data da foto (08 de abril de 1919), ainda não inaugurada.


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Mais para o final do ano, Pedro Celestino, argumentando que o concessionário dos serviços em pouco cumprira o que rezava no contrato, resolveu rescindi-lo. Entretanto, sabendo que os moradores não mais aceitariam ficar às escuras, chamou o problema para a esfera do governo estadual e tomou duas medidas: primeiro comprou de João Pedro Dias todo o equipamento existente na termoelétrica pelo valor de trezentos contos de réis (duzentos e setenta em dinheiro e setenta e quatro em apólices). Com esse ato incorporava a Usina Térmica, mais conhecida como Hidráulica do Porto, não ao patrimônio público do estado mas, ao municipal (APMT, Mensagem à Assembleia Legislativa: 1924). A energia elétrica fornecida pela máquina a vapor apresentou problemas. Consumia parcela significativa de orçamento destinado ao setor de abastecimento de luz e água da capital apenas na compra de lenha. E, em pouco tempo, produzia energia em quantidade inferior à demanda. Mais uma vez se constatava que a solução viria do aproveitamento do potencial hídrico. Em 1925 o vice-presidente do estado, Estevão Alves Corrêa, contratou uma empresa alemã com escritório em São Paulo, a A. E. G. Companhia Sul Americana de Eletricidade, para realizar os serviços de construção de uma usina no rio da Casca. O contrato foi assinado na Secretaria Geral em março de 1925. Mas o contrato não se cumpria naquela gestão administrativa. No seu primeiro relatório, datado de 1926, o novo presidente de Mato Grosso, Mário Corrêa, informava sobre as negociações entre o governo anterior e a A. E. G. Companhia Sul Americana de Eletricidade. Acompanhemos suas palavras: O serviço de ilumi-

nação da cidade, encontrei-o em lamentável situação, achando-se mesmo a capital completamente privada de luz... Tendo já chegado o material em Santos, verifiquei que até então nenhuma providência no tocante ao recebimento nesta capital e transporte desta ao rio da Casca, do pesadíssimo material encomendado e cuja chegada estava eminente. Na continuidade do discurso, percebe-se que trabalhos como o da abertura da estrada até o rio da Casca e os dos serviços de alvenaria no local da obra não estavam sequer iniciados. Ou seja, as obras de construção da primeira usina hidroelétrica de Mato Grosso transcorreriam, de fato, na sua administração. (APMT, Mensagem à Assembleia Legislativa: 1926) Em julho, uma equipe técnica da Companhia Sul Americana de Eletricidade chegou para vistoriar os trabalhos e nela vieram o

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gerente Tito Rocker e o encarregado de montagem das máquinas Carlos Rinke. Segundo Mário Corrêa o projeto original estava repleto de equívocos e foi preciso readequá-lo o que, não só aumentou os custos da obra, como também acarretou no seu atraso. No fim daquele ano (de 1926) dar-se-ia a criação da Inspetoria / Diretoria de Luz e Água com a finalidade de regularizar os serviços de geração, captação e distribuição de energia e água na capital. Os seis últimos meses de 1926, todo o ano de 1927 até julho de 28 foram gastos nas obras de construção da usina, na preparação das redes de alta e baixa tensão, nas instalações de postes (das linhas de transmissão e de distribuição), na construção da primeira subestação transformadora no Morro da Prainha, na preparação de ruas, praças e jardins da cidade para receber a nova iluminação. No caso das praças e jardins havia a novidade de usar fiação subterrânea.

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Aliás, para o governo Mário Corrêa, a preocupação com a estética da cidade era uma constante. Foi ele quem remodelou o até então mal cuidado Largo da Sé ou Praça da Matriz numa bela e bem cuidada Praça, esmerando-se em sua iluminação que possuía 13 postes de ferro trabalhado sendo: oito com uma lâmpada, quatro com três lâmpadas e um com cinco lâmpadas. Tais postes, apesar de mal cuidados, ainda se encontram na Praça da República.

Praça da República e Postes com Fiação Subterrânea Cuiabá, MT, c. 1930 Acervo: Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional, Cuiabá Anônimo


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Jardim Alencastro com suas Luminárias Elétricas Cuiabá, MT, c. 1930 Acervo: Museu Histórico de Mato Grosso Foto Ferrari

O belo Jardim Alencastro e o Palácio do Governo já com seus artísticos postes de ferro e lâmpadas, abastecidos por eletricidade gerada na hidroelétrica Rio da Casca I.

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Entre junho de 1926 e julho de 1928 foi construída e inaugurada a primeira usina hidroelétrica no rio da Casa, depois conhecida como Casca I. Por dois anos foram despedidas uma gama considerável de esforços políticos, humanos e recursos financeiros para levar a cabo um antigo sonho de prover a capital dos mato-grossenses de energia elétrica. Não se pode creditar ao acaso tal empreendimento. O homem que teve a capacidade de dotar a cidade de uma usina hidroelétrica era integrado ao mundo moderno. Quando assumiu o governo de Mato Grosso, em 1926, Mário Corrêa da Costa, era médico com fama consolidada no Rio de Janeiro e algumas passagens pela Europa onde fora se especializar. No dia 26 de julho de 1928 foi inaugurado o complexo sistema de geração, transmissão, distribuição e de iluminação pública e residencial em Cuiabá a partir de uma usina hidroelétrica. Entre a necessidade, a intenção e a inauguração foi um longo e árduo caminho percorrido e os obstáculos vencidos foram enormes: o transporte de grandes e pesadas peças de São Paulo a Cuiabá, a necessidade de contratação de técnicos estrangeiros, os desafios para os construtores locais devido à falta de mão de obra e materiais, a construção das linhas de transmissão e distribuição, entre tantas coisas, e de tudo fez-se um grande aprendizado. Ficaram responsáveis pelo sistema de transmissão Artur Gervásio, Ramiro Moreira da Silva, Orestes e Amidio Lima (Guarda fios) que percorriam as serras e chapadões a qualquer hora e sob

qualquer tempo, para devolver a luz à cidade. De Cuiabá a Pindaival, dali a Capão do Boi, passando pela Serra das Russas, até usina, esses quatro homens, em princípio a pé e depois em lombo de burros, não mediam sacrifícios para reparar os defeitos sempre traiçoeiramente camuflados (Ribeiro: 1983). 118

Casca I teve uma vida útil de mais de cinquenta anos e passou por muitas reformas e adaptações. Em 1941, esta usina teve a sua capacidade duplicada no governo do interventor Júlio Strubing Müller. Em 1954, no governo do Dr. Fernando Corrêa da Costa, voltou a ser reformada, quando também foi decida a construção de uma nova usina hidroelétrica no rio da Casca, pouco à jusante da primeira, com disponibilidade energética quatro vezes superior àquela. Mas antes que isto acontecesse foi criada a Centrais Elétricas Matogrossenses (Cemat), tema que tratamos no primeiro capítulo.


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NO REINO DA PEQUENAS USINAS HIDROELÉTRICAS: 1928 – 1958

Prédio Original Casa de Força da Usina Casca I Cuiabá, MT, c. 1940 In: Relatório do Interventor Júlio Muller Acervo: Arquivo Público de Mato Grosso Anônimo

Segundo Prédio da Casa de Força da Usina Casca I Cuiabá, MT, c. 1960 Acervo: Cemat Anônimo

Depois da inauguração da primeira usina no rio da Casca, várias outras foram construídas pelo interior do Estado. Em muitos casos, ações da iniciativa privada e, em outros, das administrações municipais que, dependendo da filiação partidária do prefeito, contava ou não com aportes financeiros do governo estadual. Nos trinta anos que antecederam à criação e instalação das Centrais Elétricas Matogrossenses (Cemat), o espaço que hoje conhecemos como Mato Grosso cresceu de forma mais ou menos lenta e sua economia

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tinha por base a indústria extrativa vegetal (poaia e látex) e mineral (diamantes), além da pecuária bovina extensiva. Até 1930, o que hoje chamamos de Mato Grosso possuía baixa densidade demográfica. Sua população concentrava-se em dois pólos: a bacia do rio Cuiabá e a do rio Paraguai e, a maioria das suas cidades tinha uma origem que remontava ao século XVIII. No vale Cuiabá situavam-se: Rosário Oeste, Cuiabá, Santo Antonio de Leverger e Barão de Melgaço. Já no do Paraguai ficavam: Diamantino, Barra do Bugres e São Luiz de Cáceres. Entre meio às duas bacias, Livramento e Poconé. No extremo oeste: a cidade de Mato Grosso, ex Vila Bela da Santíssima Trindade. A exceção de Cuiabá e de Cáceres, nenhuma sede municipal possuía mais que mil habitantes. A redescoberta de diamantes no Estado veio alterar aquele quadro. No vale dos rios das Garças e Araguaia a exploração diamantífera deu origem a vários núcleos de povoamento a partir de meados dos anos de 1920 e se solidificou nas décadas seguintes. Também no alto curso do rio Paraguai e de seus afluentes novas e ricas jazidas de diamantes foram encontradas e deram origem a currutelas garimpeiras como Alto Paraguai, Arenápolis e Nortelândia. Ambas as regiões foram responsáveis pela primeira grande experiência migratória que Mato Grosso vivenciou no século XX. Após 1920, para a região, a época conhecida por leste matogrossense, em cerca de vinte anos, afluiu um contingente populacional que passava de 60.000 pessoas. Das currutelas garimpeiras erigidas a partir de 1914, Santa Rita do Araguaia (Alto Araguaia), Lageado (Guiratinga), Poxoréo e Barra Cuiabana (Barra do Garças), constituíram-se em núcleos urbanos de referência e em pouco tempo foram elevados a municípios. Seus moradores tentavam criar ou reproduzir ali, através do espelhamento em suas cidades de origem, elementos de civilidade no sertão de Mato Grosso. Aos poucos, cada cidade ia construindo seus signos de modernidade e, entre eles, o de maior importância era a geração de energia elétrica. Numa época em que o estado não possuía a prática de planificação econômica, coube a cada um dos municípios resolver, do modo como podia, suas necessidades de geração de energia. Logo verificou-se que a tecnologia mais acessível e barata era a de construção de pequenas hidroelétricas aproveitando as quedas d’água mais próximas a cada cidade. Para ilustrar, vamos relatar brevemente as experiências em duas cidades localizadas, uma no vale do rio Araguaia e, outra, no vale do Paraguai.


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Postes de uma Cidade de Interior Guiratinga, MT, c. 1940 Acervo: Wendel Xavier Anônimo

Guiratinga era uma das muitas cidades de Mato Grosso que possuía uma pequena hidroelétrica que gerava a energia consumida por seus moradores. Ao centro da foto, dividindo a fronta de caminhões, o Poste de madeira (aroeira) que transportava os fios elétricos. Ainda que a lâmpada não seja visível, por aquela época, a cidade era provida de uma precária iluminação pública.

O município da Alto Araguaia é o mais antigo daqueles quantos que foram fundados na região leste de Mato Grosso. Sua primeira usina foi inaugurada com recursos próprios em fins da década de 1920. Vinte anos depois da sua instalação no município é que seria construída uma nova e maior também no rio Araguaia. Era então prefeito nomeado pelo interventor Júlio Müller o senhor Cacildo Hugueney. Segundo suas memórias foi em abril de 1941 que ele, finalmente, obteve de seu padrinho político, o interventor do Estado, o repasse de 100 contos de réis com a recomendação de que ele teria que se virar apenas com aquela verba. Para comandar os serviços de construção contratou um engenheiro alemão de nome Fincker, por dez contos de réis, e os recursos restantes foram gastos na compra de equipamentos, nas obras e pagamento de pessoal. Em pouco mais de oito meses, a 6 de janeiro de 1942, inaugurou

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com pompa e circunstância a nova hidroelétrica que gerava 60 kV de energia. (Ribeiro: 1983). Dez anos se passariam e, em 1952, em mais uma administração de Cacildo Hugueney, a hidroelétrica foi reconstruída com uma capacidade de 250 kV. Foram gastos cerca de mil contos de réis e os serviços entregues a um engenheiro alemão, Rodolfo Bösger, que importou as máquinas de seu país de origem. Na década seguinte, com recursos advindos de emendas do então deputado federal João Ponce de Arruda, a usina foi totalmente reformada e sua capacidade de geração de energia ampliada para 1.000 kV. (Ribeiro, 1983). É sintomático perceber na narrativa de Carlos Hugueney a omissão do nome do governador Pedro Pedrossian na condução do estado como provedor dos recursos de tal obra. Vejamos nosso outro exemplo: Alto Paraguai. No final dos anos de 1930 garimpeiros redescobriram, nas cabeceiras e nos altos afluentes do rio Paraguai, as antigas lavras diamantíferas abandonadas em meados do século XIX. A notícia espalhou-se e, em pouco mais de dez anos, migrantes de diversas partes do Brasil para lá acorreram pessoas e que fundaram vários povoados dando origem a alguns municípios, sendo o de maior importância econômica Alto Paraguai. Ali, também, a geração de energia teve que ser equacionada pelos seus moradores e só tempos depois o município pode contar com a intervenção do Estado. A primeira usina hidroelétrica começou a ser construída em 1952, menos de quinze anos após o surgimento do garimpo do Gatinho (depois Alto Paraguai). Naquela data, o Distrito de Paz de Alto Paraguai pertencia a Diamantino. No ano seguinte (1953), aproveitando a queda d’água do rio Paraguaizinho, a hidroelétrica, com capacidade de 50 kV, ficou pronta e abastecia ambas as cidades. Em dezembro ocorreu a criação do município de Alto Paraguai desmembrado de Diamantino e, para evitar polêmicas a lei que criou o município rezava em seu Artigo 2º: A usina hidrelétrica

que serve Diamantino a Alto Paraguai ficará sob a administração do Governo do Estado, concorrendo os municípios citados com 5% de suas rendas de qualquer natureza para manutenção, ampliação e melhoria do serviço de luz. Parágrafo Único – A administração da usina passará oportunamente a comunas interessadas, quando estas se associarem para exploração e administração comum desses serviços (Ferreira: 2002).


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Represa do Lageadinho Guiratinga, MT, c. 1983 Acervo: Cemat Lenine Martins e Magno Jorge

Desde 1929 até 1968 Guiratinga viveu diferentes experiências no seu abastecimento de energia. Desta última data em diante seria abastecida por uma usina diesel elétrica até o ano de 1983, quando passou a fazer parte do Sistema Nacional Interligado. Guiratinga foi uma das cidades beneficiadas pelo Projeto Cyborg. Na foto, as ruínas da represa construída na década de 1950 e que movia as turbinas da usina desativada em 1968.

Em 1968, no governo de Pedro Pedrossian, os prefeitos de Alto Paraguai (Hortêncio José de Souza), de Diamantino (Francisco Ferreira Mendes), de Arenápolis (João da Onça) e de Nortelândia (Arcenor Barreto), formaram uma espécie de consórcio e, com uma verba inicial de 500 mil cruzeiros, ampliaram a capacidade da hidroelétrica com dois potentes geradores de 360 e 300 kV. A energia produzida era tanta que se podia inclusive mandar para o município de Rosário Oeste (Ribeiro: 1983). Ainda hoje, com capacidade ampliada e gerida pela iniciativa privada, a usina do Paraguaizinho opera. Assim como estas duas cidades tomadas como exemplo, as demais como Tesouro, Alto Garças, Barra do Garças, Guiratinga, etc. possuíam suas pequenas unidades hidroelétricas que geravam energia capaz de as auto abastecer. Esta situação perduraria até fins da década de 1960. A partir de então, seguindo a política de produção de energia determinada pelo governo federal, as pequenas hidroelétricas em Mato Grosso e em todo o país seriam desativadas. Aos poucos os municípios seriam integrados a um Sistema de Energia Nacional Interligado. Em Mato Grosso, enquanto isto não acontecia, as populações de suas cidades tiveram que viver um período de transição utilizando a energia termoelétrica gerada por motores a diesel. O abastecimento regular de energia hidroelétrica em todo o Estado e a lenta integração ao Sistema Nacional Interligado foi um longo, caro e árduo processo, comandado pela Cemat, cuja trajetória descrevemos no capítulo anterior.

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Iluminação Pública

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Nos discursos oficiais a iluminação da cidade aparece como item de segurança. Entretanto, ao longo do tempo, pode-se perceber a evolução de um senso estético nos suportes que iluminavam os espaços públicos. No caso de Cuiabá, desde 1928 - com a geração de energia em Casca I - postes e luminárias embelezavam a cidade. Com o passar do tempo, acompanhando os avanços tecnológicos desde os filamentos de tungstênio, passando pelo vapor de mercúrio até o vapor de sódio, as lâmpadas receberam, muitas vezes, um design arrojado. Vista de Cuiabá Tomada da Av do CPA Cuiabá, MT, 2011 Acervo: Cemat Mário Friedlander

Em 2008 a Cemat deu início ao processo de renovação e ampliação do sistema de iluminação pública de Cuiabá. Tal iniciativa fez parte de convênio assinado entre a Cemat, a Prefeitura e a Eletrobrás para incluir a capital de Mato Grosso no Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente (Reluz).


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A Avenida Miguel Sutil e sua Moderna Iluminação de Multivapor Metálico Cuiabá, MT, 2011 Acervo: Cemat Mário Friedlander

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Igreja Senhor dos Passos Cuiabá, MT, c.1912. In: Álbum Graphico do Estado de Matto Grosso, 1914 Acervo: Museu Histórico de Mato Grosso Anônimo.

No canto inferior direito da fotografia e na parede da Igreja é possivel perceber dois globos combustores de iluminação à gás-querosene. Como o sistema a gás instalado no Jardim Alencastro não chegava até o cruzamento das ruas 7 de Setembro e Voluntários da Pátria, podemos supor que se tratasse dos suportes, ou como se dizia na época, geringonças, instalados por volta de 1879.

Iluminação Elétrica na Esquina das Ruas Frei Mariano e Cândido Mariano Corumbá, MT/MS, c. 1912 In: Álbum Graphico do Estado de Matto Grosso, 1914 Acervo: Museu Histórico de Mato Grosso Anônimo

Com a instalação da termoelétrica a diesel, a cidade portuária de Corumbá foi a primeira cidade de Mato Grosso (hoje Mato Grosso do Sul) a contar com uma eficiente e bela iluminação pública pelas suas principais avenidas. Na foto, a partir de sua margem superior esquerda podemos notar um conjunto de postes de ferro com belas luminárias.

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Rua Treze de Junho Cuiabá, MT, c. 1925 Acervo: Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional, Cuiabá Lázaro Papazian (Foto Cháu)

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Este é um exemplo dos postes em madeira instalados no período em que Cuiabá foi abastecida de energia pela Hidraúlica do Porto. Atente para os detalhes da colocação alternada das lâmpadas em que, ora se ilumina a calçada, e ora a rua.

O Quartel da Polícia – Avenida Quinze de Novembro Cuiabá, MT, c. 1940 Acervo: Museu Histórico de Mato Grosso Anônimo

Dando acesso ao Porto, a avenida Quinze de Novembro era embelezada com postes artisticamente mais rebuscados.


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Largo da Sé / Praça da República Cuiabá, MT, c. 1928 Acervo: Museu da Imagem e do Som de Cuiabá Lázaro Papazian (Foto Cháu)

Os trabalhadores ultimam a reforma da Praça. A nova Praça foi dotada de sistema de iluminação em que a fiação era subterânea e exibia artísticos postes de ferro, alguns deles subsistem até hoje. A Catedral preservava ainda a fachada construída no século XIX.

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Os Postes da Avenida Fernando Corrêa da Costa Cuiabá, MT, 1970 In: Mato Grosso um Salto para o Futuro Acervo: Arquivo Público de Mato Grosso Anônimo

Nos anos de 1970 a maior parte da cidade foi dotada de feios e cinzentos postes de cimento. Entretanto, algumas vias e praças receberam tratamento dieferenciado.

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A Nova Iluminação da Avenida Fernando Corrêa da Costa Cuiabá, MT, 1970 In: Mato Grosso um Salto para o Futuro Acervo: Arquivo Público de Mato Grosso Anônimo

Vista noturna da, ainda pouco habitada, avenida Fernando Corrêa da Costa.


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A Nova Iluminação da Rua Treze de Junho Cuiabá, MT, 1970 In: Mato Grosso um Salto para o Futuro Acervo: Arquivo Público de Mato Grosso Anônimo

Apesar dos cinzentos postes de cimento, as novas lâmpadas a vapor de mercúrio causavam um belo efeito quando vistas em conjunto e em perspectiva de infinito.

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A Igreja do Rosario e São Benedito Cuiabá, MT, c. 1978 Acervo: Museu da Imagem e do Som de Cuiabá Nenê Andreatto

Iluminada para se destacar na paisagem urbana. A fotografia mostra uma das fases por que passou a igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Após mais de três décadas com fachada provida por torre piramidal centralizada, nos anos de 1980, foi reconstruída tal como aparecia nas imagens de fins do século XIX.

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Luz no Carnaval Cuiabano Cuiabá, MT, 1976 Acervo: Museu da Imagem e do Som de Cuiabá Nenê Andreatto

Na identificação da fotografia lê-se: O carnaval do ano de 1976, sob o tema “Floração do Cerrado” tomou conta da avenida Getúlio Vargas.

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Um Destaque do Carnaval Cuiabano “Floração do Cerrado” Cuiabá, MT, 1976 Acervo: Museu da Imagem e do Som de Cuiabá Nenê Andreatto

Com a inauguração da linha de transmissão de Cachoeira Dourada a cidade viveria breves anos sem crises de abastecimento de energia.


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Os Postes de Iluminação da Praça Santos Dumont Cuiabá, MT, c. 1978 Acervo: Museu da Imagem e do Som de Cuiabá Jornal “O Estado de Mato Grosso”

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O sistema de jardinagem da praça seria novamente modificado no inicio dos anos da década de 1990.

Praça 08 de Abril Cuiabá, MT, c.1978 Acervo: Museu da Imagem e do Som Nenê Andreatto

Em primeiro plano o conjunto de globos futuristas que compõem a luminária.


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Praça do Coxipó Cuiabá, MT, c.1978 Acervo: Museu da Imagem e do Som Jornal “O Estado de Mato Grosso”

Esta é uma das pouquíssimas praças existentes ao longo da avenida Fernando Corrêa. No verso da foto lê-se: “Esta é a moderna praça que o Prefeito Rodrigues Palma inaugurará amanhã (10) à noite em Coxipó da Ponte. Luminárias a vapor de mercúrio, bancos de concreto e play-graund. Obra executada sob a gerência da PRODECAP”.

Praça de Lazer do Distrito da Guia Cuiabá, MT, Distrito da Guia, 1978. Acervo: Museu da Imagem e do Som Nenê Andreatto

Ao fundo, à direita na foto, a igreja dedicada a Nossa Senhora da Guia.

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Av Historiador Rubens de Mendonça ou do CPA Cuiabá, MT, 1983 Acervo: Museu da Imagem e do Som José Maurício M. de Mello

As duas fotos foram tiradas do viaduto do CPA e respeitando o mesmo enquadramento. Ambas nos deixam perceber a imponência da nova iluminação da avenida do CPA, que também foi instalada nas principais avenidas de Cuiabá.


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Avenida Historiador Rubens de Mendonça ou do CPA Cuiabá, MT, c, 1983 In: Revista Contato, fevereiro de1983 Acervo: Biblioteca Publica Estadual Estevão de Mendonça Anônimo

A iluminação da ainda muito pouco povoada avenida do CPA. Ao centro da fotografia o edifício Vila Bela inaugurado em janeiro de 1983. Foi o primeiro prédio de apartamentos daquela avenida.

Avenida Historiador Rubens de Mendonça ou do CPA Cuiabá, MT, 1983 Acervo: Museu da Imagem e do Som José Maurício M. de Mello

Variação sobre o mesmo tema. Foto noturna do mesmo enquadramento da foto da página anterior.

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A Avenida das Torres e sua Moderna Iluminação a Vapor de Sódio Cuiabá, MT, 2011 Acervo: Cemat Mário Friedlander

O Projeto Reluz, implantado em Cuiabá, possibilitou a renovação de sua iluminação pública e pela eficácia e beleza recebeu prêmio nacional. Foram 47.515 pontos de iluminação substituídos em toda a cidade.

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A Avenida das Torres e sua Moderna Iluminação de Multivapor Metálico Cuiabá, MT, 2011 Acervo: Cemat Mário Friedlander

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Bairro Goiabeira Cuiabá, MT, 2011 Acervo: Cemat Mário Friedlander

O Projeto Reluz, implantado em Cuiabá, atende de maneira exemplar aos três pilares da sustentabilidade: o aspecto econômico, pela redução da conta de energia do municipio; o aspecto ambiental, já que a redução do consumo de energia é sempre benéfica ao meio ambiente; e o aspecto social, uma vez que a iluminação beneficia a todos os cidadãos, direta e indiretamente.

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Vista Geral do Centro, Bairros Araés e Lixeira Cuiabá, MT, 2011 Acervo: Cemat Mário Friedlander

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Fontes Arquivo Público de Mato Grosso (APMT)

Falla com que o excellentissimo snr. General Hermes Ernesto da Fonseca (General) abrio a 2.a sessão da 21.a legislatura da Assemblea Provincial de Mato-Grosso no dia 3 de maio de 1877. Cuyabá, Typ. da “Situação,” 1877. Relatorio com que o exm. snr. Dr. João José Pedrosa (Advogado), presidente da provincia de MattoGrosso, abrio a 1a sessão da 22a legislatura da respectiva Assembléa no dia 1º. de novembro. Cuyabá, Typ. do Liberal, 1878. Relatorio com que o exm. snr. General barão de Maracajú, presidente da provincia de Matto-Grosso, abrio a 1.a sessão da 23.a legislatura da respectiva Assembléa no dia 1.o de outubro do corrente ano. Cuyabá, Typ. de Joaquim J.R. Calháo, 1880. Relatorio com que o exm. snr. Coronel dr. José Maria de Alencastro, presidente da provincia de MattoGrosso, abrio a 1.a sessão da 24.a legislatura da respectiva Assembléa no dia 15 de junho de 1882. Cuyabá, Typ. de J.J.R. Calháo, 1881.

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Relatorio com que o exm. sr. Coronel dr. José Maria de Alencastro, presidente da provincia de MattoGrosso, abrio a 1.a sessão da 24.a legislatura da respectiva Assembléa no dia 15 de junho de 1882. Cuyabá, Typ. de J.J.R. Calháo, 1882. Mensagem apresentada pelo Presidente do Estado de Matto Grosso D. Aquino Corrêa da Costa à Assembleia Legislativa e lida na abertura de Primeira Sessão Ordinária da 13ª Legislatura em 13 de Maio de 1920, Cuyabá, Typ. Official, 1920. Mensagem apresentada pelo Presidente do Estado de Matto Grosso Pedro Celestino Corrêa da Costa à Assembleia Legislativa e lida na abertura de Primeira Sessão Ordinária da 13ª Legislatura em 13 de Maio de 1924, Cuyabá, Typ. Official, 1924. Mensagem apresentada pelo 1º Vice-presidente do Estado de Matto Grosso Estêvão Alves Corrêa à Assembleia Legislativa e lida na abertura de Primeira Sessão Ordinária da 14ª Legislatura em 13 de Maio de 1925, Cuyabá, Typ. Official, 1925.


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Mensagem apresentada pelo Presidente do Estado de Matto Grosso Mário Corrêa da Costa à Assembleia Legislativa e lida na abertura de Primeira Sessão Ordinária da 15ª Legislatura em 13 de Maio de 1926, Cuyabá, Typ. Official, 1926. Mensagens apresentadas a Assembléia Legislativa. Apresentadas pelo Governador Fernando Corrêa da Costa por ocasião da abertura da Sessão Legislativa de 1952, 53,54 e 55, Imprensa Oficial, Cuiabá, 1952/55. Mensagens apresentadas pelo Governador do Estado Dr. João Ponce de Arruda, por ocasião da abertura da Sessão Legislativa de 1958 e 1960. Cuiabá, Imprensa Oficial, 1958/60. Mensagem à Assembléia Legislativa, apresentada pelo Governador do Estado Dr. Fernando Corrêa da Costa, por ocasião da abertura da Sessão Legislativa de 1963, 1965. Cuiabá, Imprensa Oficial, 1963/65. Mensagens à Assembléia Legislativa. Apresentada por sua Excelência o Dr. José Manoel F. Fragelli, governador do Estado de Mato Grosso, quando da abertura dos trabalhos legislativos de 1972, 1973 e 1974. Mensagens à Assembléia Legislativa. Apresentada por sua Excelência o Doutor José Garcia Neto, governador do Estado de Mato Grosso quando da abertura dos trabalhos legislativos de 1976 e 1978. Mensagens à Assembléia Legislativa. Apresentada por sua Excelência o Dr. Frederico Carlos Soares Campos, Governador do Estado de Mato Grosso, quando da Abertura dos Trabalhos Legislativos de 1981 e 1982. Mensagem à Assembléia Legislativa. Apresentada pelo Governador do Estado de Mato Grosso Júlio José de Campos no Exercício de 1986. Mensagem à Assembléia Legislativa, Apresenta pelo governador do Estado de Mato Grosso Dante Martins de Oliveira no exercício de 1996. Mensagem à Assembléia Legislativa, Apresenta pelo governador do Estado de Mato Grosso Dante Martins de Oliveira no exercício de 1997.

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