Noiz por Noiz - Revista do Observatório da Juventude - Zona Norte

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NOIZ

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NOIZ

Revista do Observatório da Juventude Zona Norte Bora trocar uma ideia sobre os nossos direitos a partir da história: “E agora Gabi?”


É Nóiz por Nóiz... Salve jovens das quebradas da Zona Norte (e de toda cidade de São Paulo)! Tá na mão a primeira revista do Observatório da Juventude – Zona Norte, aqui vamos falar de nóiz, jovens da periferia, pra nóiz mesmo. Juntos com a Gabi, a personagem da história, vamos conhecer mais sobre nossos direitos, como lutar por esses direitos, e construir um bom lugar, com muita humildade como já diria o mestre Sabotage.

Gasta um pouquinho do tempo aí pra ler, vai valer a pena. Seguimos juntos! #ObservatórioDaJuventude #ZonaNorte #NóizporNóiz #CCJ #CDHS #NãoVamosNosCalar 2


E AGORA GABI? CAPÍTULO 1 Olá, eu sou a Gabi, você não viu os meus amigos por ai? O nome deles é Sara, Denis e Carlos. Pergunto por que outro dia levantei bem cedinho para ir à escola, como faço sempre, tenho que pegar o ônibus que passa às 6h, se não já viu! Aquela inspetora chata não me deixa entrar no colégio. Mas neste dia as coisas não estavam muito boas não, sabe? Primeiro que o ônibus chegou atrasado, já eram 6:30h quando ele passou, daí imagina, super cheio; mas as pessoas não estavam bem não, a maioria abatida, triste, cansada, fiquei curiosa e perguntei para uma delas o que havia acontecido. Fiquei muito triste com o que uma senhora me relatou. Ela disse que lá perto da casa dela, onde muitos dos que estavam no ônibus moram, havia alagado por causa da chuva que dera durante toda a noite, daí muitos deles tiveram que passar a noite em claro tirando a água de dentro de suas casas ou ajudando os vizinhos. Eu não passo por isso, mas imagino que deva ser muito difícil, você não acha? Com isso me dei conta de que o Carlos mora lá onde a moça disse que havia alagado, comecei a procurálo dentro do ônibus, mas vi que ele não estava lá e torci para vê-lo bem na escola. Mas isso não aconteceu, quando cheguei ao colégio procurei por ele e não o encontrei, ele não tinha ido mesmo. O pior foi que quando procurei pelo Denis e a Sara eles também não estavam.

O que será que aconteceu com eles? Será que o Carlos não veio por causa da enchente? Se isso aconteceu, será que está certo assim? Isso nunca vai mudar? Agora, e quanto ao Denis e a Sara, por que será que não vieram hein?

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Quais problemas sociais a nossa amiga Gabi enfrentou neste capítulo?

Vamos ver... Logo cedo, além do atraso, o ônibus veio lotado, problema muito comum pra quem utiliza do transporte público. Além disso, Gabi ficou preocupada com seu amigo Carlos que teve a casa alagada, um problema de Moradia e também de Saneamento Básico. E na vida real você sabe quais são os seus direitos diante de problemas como estes? Transporte Público Para problemas com ônibus, bilhete único e etc., você pode recorrer, no poder público, a Secretaria Municipal de Transporte (informações no site: www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/transportes/) e a SPTrans (http://www.sptrans.com.br/) Para se informar, organizar e lutar por seus direitos existem movimentos organizados cobrando por melhores condições no transporte público e por Passe Livre, ou seja, o direito a ir e vir utilizando ônibus, trem e metrô de graça! Conheça o MPL (Movimento Passe Livre): http://saopaulo.mpl.org.br/ Moradia e Saneamento Básico Em nossa cidade o órgão público que cuida da questão da moradia é a Secretaria de Habitação (http://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/habitacao/) e para as questões de saneamento básico, água e esgoto tem a SABESP (http://site.sabesp.com.br/). Existem diversos movimentos sociais que lutam por Moradia, sendo que o atualmente mais forte em nossa cidade é o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) que, ao contrário do que muitas vezes acusa a mídia, luta de maneira organizada e séria pelo direito a moradia para a população mais pobre. Saiba mais acessando o site: http://www.mtst.org/

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CAPÍTULO 2 Oi, então tenho algumas novidades sobre a galera. Durante toda aquela manhã na escola passei angustiada, não conseguia prestar atenção na aula e não tirava o olho do celular ansiosa por noticias. Quando cheguei em casa já fui direto para o facebook ver se não havia nenhuma postagem deles. Quando abri o face vi que tinha um post da Sara, lá ela dizia assim: “Tá difícil acreditar que esse país vai mudar um dia!”. Fiquei curiosa pra saber o porquê daquele comentário, daí então comentei no post dela: “Tá revoltada com o que amiga, aconteceu alguma coisa?”. Mas como ela não estava on, resolvi deixar meus irmãozinhos com a vizinha, sair e ir à casa do Carlos ver se eu o encontrava.

Mas como ela não estava on, resolvi deixar meus irmãozinhos com a vizinha, sair e ir à casa do Carlos ver se eu o encontrava. Fui até lá, quando cheguei pude ver que seu bairro tinha mesmo alagado, e que seus moveis e os de outros vizinhos estavam todos destruídos e jogados na calçada. Daí procurei pelo Carlos e sua família, mas eles não estavam lá, perguntei para alguns vizinhos se eles sabiam onde estavam, disseram que a prefeitura havia passado de manhã e levado eles e outros vizinhos para um alojamento, mas não sabiam onde.

Quando cheguei de volta em casa fui direto ver se a Sara tinha respondido, quando abri o face vi que sim, ela tinha postado isso:

“Sim amiga estou muito revoltada, até por isso faltei à escola hoje, acredita que ontem a professora de matemática começou a me ofender, dizendo que eu era má influencia, que não deveria estar estudando ali, só porque alguém contou a ela que gosto de meninas. Nossa, amiga fiquei com muita raiva e fui até a direção reclamar, e a diretora nem me deu ouvidos. Fui embora tão arrasada que nem procurei por ti. Agora nem ao menos posso falar com meus pais, pois eles ainda não sabem da minha orientação sexual, não sei pra quem correr, estou precisando muito de ti amiga!”, então respondi: ”Sara querida venha para minha casa, aqui conversamos melhor e assim também já te conto o que aconteceu com o Carlos e você me ajuda a buscar noticias do Denis, venha lá pelas 17h”. Depois disso fiquei pensando:

Por que tanto preconceito? Quando será que as pessoas poderão ser livres e felizes com suas opções?

Será mesmo que este país nunca vai mudar? Para onde será que levaram o Carlos e sua família? E o Denis hein?

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Neste capítulo, Sara, a amiga de Gabi é vítima de preconceito dentro da escola por ser homossexual, e o que torna ainda pior: quem a discrimina é a sua própria professora. Como sabemos o preconceito contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais é ainda muito forte em nossa sociedade. Além disso, enfrentamos grandes problemas quando o assunto é educação. Mas e aí: como e a quem recorrer? Questões de Gênero e Orientação Sexual Como no arco-íris há diversas cores possíveis para o nosso gênero e nossa orientação sexual, como: homossexualidade (atração por pessoas do mesmo sexo), heterossexualidade (atração por pessoas do sexo oposto), bissexualidade (atração por ambos os sexos), transgeneridade (menino que nasce no corpo de menina, e vice-versa. Sendo que essas pessoas só são consideradas transexuais caso façam a cirurgia de mudança de sexo) e etc.

Apesar de estarmos bastante evoluídos nessas discussões, ainda hoje enfrentamos a LGBTfobia. A quem recorrer?

Na nossa cidade temos dentro da Secretária de Direitos Humanos um setor especializado para as políticas para LGBT, saiba mais no site: prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/direitos_humanos/lgbt/. Para se organizar, discutir, informar, existe diversos grupos de discussão, organização e luta do Movimento LGBT. Educação Você sabia que de acordo com a Lei Nº 7.398, de novembro de 1985 todo aluno do Ensino Fundamental e do Ensino Médio tem o direito a se organizar em Grêmio Estudantil? O Grêmio Estudantil é um grupo formado pelos próprios alunos para se mobilizar e garantir os seus direitos na escola em casos como o da Sara da nossa história. Mas que direitos são esses? Você pode entender mais desses direitos como estudante nos sites das Secretarias Municipal e Estadual de Educação: portalsme.prefeitura.sp.gov.br ou educacao.sp.gov.br 6


CAPÍTULO 3 Gente, sério… Toda essa situação já tá dando uma novela, isso porque vocês ainda não viram nada. Fiquei inquieta com todos estes problemas, como os meus pais trabalham muito e para completar só tenho dois irmãos mais novos que tomo conta durante a tarde, não tenho com quem compartilhar essas angustias. Estava muito ansiosa e não parava de olhar para o relógio, pois queria que a Sara chegasse logo. Deram 17h, 17:20h, 17:30h e nada da Sara aparecer, nenhuma noticia dela e dos outros. Para me distrair um pouco resolvi ligar a TV, no canal passava um tele jornal que estava cobrindo a enchente no bairro do Carlos, quando o jornalista estava para falar sobre a remoção das famílias… A luz não me acaba? Vê se pode! O pior é que isso acontece com frequência, pois apesar de não sofrer com as enchentes, meu bairro tem toda a fiação elétrica feita à base do velho e bom “gato”, o que provoca sempre esses apagões. Com isso ficou praticamente impossível saber por que a sara não veio e me deixou ainda mais nervosa por não ter conseguido saber para onde removeram o Carlos. A luz só voltou depois de 3 horas e isso foi até “rápido” viu, pois o vizinho eletricista mexeu lá nos fios, se não… Bom, nisso já eram 20:30h, minha mãe chegou em seguida, mas quando a procurei para conversar sobre o que estava acontecendo com os meus amigos, ela não quis me ouvir, mas também pudera, a coitadinha trabalha tanto… Dali a pouco o telefone toca, eu corri para atendê-lo: – Alô, quem fala? – Oi, aqui é a Lourdes mãe da Sara, diga para ela vir embora porque está ficando tarde e vocês têm aula amanhã. – Mas a Sara não chegou aqui, achei até que ela não tivesse vindo. – Como assim não chegou? Ai meu Deus, o que aconteceu com a minha menina? – Calma, dona Lourdes, não deve ter sido nada grave, vou pedir pra minha mãe para eu ir até ai ajudar a senhora a encontrá-la. Logo chego ai, mas calma viu! Depois que falei com minha mãe, sai pra ir ao encontro de dona Lourdes, daí começamos a ligar para os amigos da escola, mas ninguém tinha noticias dela. No nervosismo nem me dei conta de que faltava ligar justamente para o Denis, quando liguei pra ele, ninguém atendeu. Nossa preocupação só aumentava, já estava ficando tarde, até que decidimos ligar para a polícia. Enquanto isso levei dona Lourdes para minha casa, achei que lá seria melhor para esperarmos. Quando chegamos, dei-lhe um copo d’água, sentei ao seu lado e comecei a pensar: Se a luz não tivesse faltado saberia onde o Carlos está. Que droga a condição destas instalações elétricas, não? Será que isso vai ser irregular para sempre? Duro ter que enfrentar tudo isso sozinha, minha mãe sempre cansada né! Por que será que ela tem que trabalhar tanto? Mas o que mais me preocupa agora é a Sara, o que será que aconteceu com ela? E o Denis também não atendeu ao telefone! Poxa vida!

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As coisas pra nossa amiga Gabi estão cada vez mais complicadas. No nosso dia a dia sempre nos deparamos com problemas relacionados. Em busca de informações, ela liga a TV. Ainda que a eletricidade tivesse funcionado, a TV poderia não ser o melhor veículo de informação. Sabemos que muitas vezes a mídia tradicional distorce as informações, veiculando seus próprios interesses, o que viola nosso direito a comunicação.

Comunicação Nós, jovens, temos a necessidade de expressar nossos sonhos, nossa vida, nossa rebeldia, nossa opinião! Vemos isso claramente no uso do facebook, twitter, etc. Assim como nos gritos que damos por liberdade quando tomamos as ruas em protesto contra o modelo de mundo que temos. Infelizmente a TV, assim como os outros meios tradicionais de comunicação como os jornais e rádios são controlados por alguns grupos de elite.

Mas podemos (e devemos) mudar esse cenário! Para isso lutamos para ocupar o espaço da comunicação. Temos algumas organizações para isso: A galera do Ponte.org que faz um trabalho bacana sobre violência, direitos humanos e segurança. Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação: fndc.org.br/ ONG Viração, que oferece diversos cursos e oficinas muito bacanas para a juventude interessada em comunicação, direitos humanos, etc.: viracao.org/ Coletivo Intervozes (intervozes.org.br/), um grupo organizado que luta pelo liberdade na comunicação, e que tem um vídeo divertido e bem conhecido que resume o problema da comunicação no Brasil chamado Levante sua voz e pode ser encontrado no Youtube.

Você já ouviu falar no Marco Civil da Internet, um projeto de lei sancionado em 2014 pela presidente que, em resumo, trata de afirmar e garantir nossos direitos na internet e estabelecer certas regras? Você pode conhecer mais sobre acessando o site: planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/ lei/l12965.htm

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CAPÍTULO 4 Galera, imagino que estejam tão aflitos quanto eu fiquei por esperar novidades sobre a Sara e o Denis. Pois bem isso vai ter que esperar um pouco, porque quando a policia chegou nos disse que só podia agir nestes casos depois de 24 horas do desaparecimento. Imaginem como ficou a pobre da dona Lourdes, com o coração na mão, tadinha. Como já era quase meia noite, o pai da Sara chegou do trabalho e imediatamente veio a minha casa, ficou sabendo de tudo e resolveu levar a Lourdes para não consegui pregar o olho a noite toda, mas resolvi ir para escola. Não foi uma boa ideia! Além de não encontrar nenhum deles, minha primeira aula era com a tal professora que ofendeu a Sara. Quando entrei na sala, perdi as estribeiras, falei que por causa dela a Sara não queria vir mais para a escola, e que também estava desaparecida. A professora foi super grossa, disse que seria bom mesmo que ela não aparecesse mais por lá, e que “aberrações” não eram bem vindas em sua aula. Não aguentei e correndo sai de sua sala. Fiquei por um tempão no pátio refletindo sobre tudo aquilo e não conseguia acreditar como que uma professora podia pensar daquele jeito… De repente ouvi dois meninos que eram amigos do Carlos comentando sobre ele, fui logo perguntar: - Oi, vocês sabem para onde levaram o Carlos? - Então, ficamos sabendo que eles alojaram a galera de lá, numa escola na Caixa Baixa, sabe perto da… - Sei sim onde é obrigado viu! Decidi ir até lá depois da aula. Quando deu o sinal de saída, liguei pra minha mãe e disse que teria que ficar até mais tarde na escola estudando. Mentirinhas para boas causas podem né? Peguei o ônibus para Caixa Baixa, quando cheguei, fui direto para a tal escola, ao entrar me deparei com uma situação lastimável, muitas famílias tendo que dormir no chão das salas, do pátio, com crianças pequenas, choro para tudo quanto era lado, pessoas reclamando, gritando… Comecei a procurar pelo Carlos, perguntei para tudo quanto foi gente, até que o encontrei junto com sua família em uma das salas, foi emocionante, corri, abracei abraceio, e com muita tristeza ele e sua família me diziam o que estavam passando desde a enchente. VendoVendo-os naquela situação não tive outra escolha, leveilevei-os para minha casa e durante o caminho fui contando para o Carlos tudo o que vocês já sabem. Quando chegamos fomos juntos a casa da Sara saber noticias… Tinham uma informação que uma jovem havia dado entrada no hospital com muitos ferimentos, mas ainda não sabiam se era ela. Dali a 5 minutos a policia confirma que era ela mesma. Fomos todos juntos para o hospital, mas como estava muito cheio, os pais da Sara estavam demorando em conseguir informações. Enquanto isto, o Carlos e eu sentamos para esperar, daí comecei a pensar. Espero que não seja nada grave com á Sara. Mas o que será que aconteceu para ela se machucar tanto?

Que situação triste a das pessoas no alojamento onde estava o Carlos, hein! Será que nunca terão uma moradia digna? Tá certo manter pessoas naquela situação?

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Em meio a tanta correria, assim como a Gabi, muitas vezes deixamos de vivenciar muitas coisas boas da nossa juventude, como o nosso direito a Cultura e ao Lazer.

Cultura e Lazer Ir ao parque curtir com uns amigos, sair pra curtir uma música, ver um filme num cinema, ver uma peça de teatro, colar num museu, ver uma exposição, ler ou escrever, declamar poesia, ouvir música, fazer música, tocar um violão, dançar, encenar, andar de skate, de bicicleta, ir pra baile funk, pra balada, curtir a vida... Com certeza você curte alguma dessas coisas listadas aqui. Isso tudo é um

direito nosso! Existem alguns locais onde podemos viver esses momentos muito especiais e necessários da nossa juventude. O SESC é um lugar muito bacana, com sede em diversos locais da cidade: sescsp.org.br/ Neste site você pode encontrar informações sobre peças, exposições, shows e diversos eventos na cidade de São Paulo: cidadedesaopaulo.com/sp/ O Catraca Livre é um site muito bacana com diversas dicas de cultura e lazer – além de matérias muito bacanas sobre vários assuntos: catracalivre.com.br/sp/

Um espaço muito bacana, na Zona Norte, para o acesso e a produção de cultura é o CCJ - Centro Cultural da Juventude na Vila Nova Cachoeirinha, saiba mais no site: ccjuve.prefeitura.sp.gov.br. Pra quem curte poesia e literatura, em São Paulo tem muita gente legal se organizando nos saraus como: Sarau da Brasa na Brasilândia, Sarau Elo da Corrente em Pirituba, Sarau dos Mesquiteiros na Ermelino Matarazzo Sarau Sobrenome Liberdade no Grajaú, Sarau da Cooperifa na Chácara Santana na zona sul e diversos outros que você pode se informar pela internet. Na cidade de São Paulo quem cuida da questão da Cultura é a Secretaria da Cultura além da agenda, você pode conferir coisas sobre o direito a cultura: prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura.

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CAPÍTULO 5 Gente hospital público tá osso mesmo, sempre ouço as pessoas comentando, mas não imaginava que estivesse assim. Demorou mais de 30 minutos para sabermos noticias da Sara e conseguirmos vê-la. Ela estava fora de perigo, no entanto bem machucada. Ela disse que estava indo para minha casa quando encontrou sua namorada e não viram nada demais em andarem de mãos dadas e trocarem algumas caricias na rua, a rua estava meio deserta e então

dois caras apareceram e agarraram as duas, a namorada dela conseguiu correr, mas a Sara não, os dois levaram-na para um beco próximo e não quero entrar em detalhes porque o que ela me contou… Sei que a namorada dela conseguiu chamar a policia, mas quando a encontraram ela já estava sozinha, toda machucada, com a roupa rasgada… Fiquei chocada com aquilo, a que ponto isso chegou! Minha amiga ser estuprada porque estava com outra menina, o que aqueles monstros pensaram? Isso não dá, não pode! E seus pais então, que situação para saber disso tudo, se não fosse o preconceito ela já poderia ter contado, mas não, aí no que deu. Droga de sociedade. O Carlos também ficou super indignado. Estávamos descendo da enfermaria onde estava a Sara, quando vimos uma movimentação bem agitada, uns médicos vinham trazendo numa maca um carinha que a policia trouxe, quando vi quem era vocês não acreditam… Sim era o Denis, muito mais machucado do que estava a Sara. Eu e o Carlos ficamos em estado de choque, ali diante dos nossos olhos passava o nosso amigo naquele estado. Entrei em desespero, como é possível acontecer tanta coisa em tão pouco tempo. Dali não arredei o pé enquanto não tive noticias do Denis. Liguei para os meus pais explicando tudo e pedi para virem para o hospital. A família do Denis chegou desesperada querendo saber noticias. Sua mãe já estava muito abatida, pois estava sem noticias do filho há dois dias, não parava de chorar, chorava e chorava e chorava. Quando do fundo do corredor da ala cirúrgica veio o médico, procurou pelos parentes do menino Denis, sua mãe correu ao seu encontro. - Doutor pelo amor de Deus me diga como está o meu menino? - dona a senhora vai precisar ser forte. - Mas o que houve doutor, diga! - Infelizmente ele não resistiu aos ferimentos e morreu. (…) Este relato me dói à alma. Quem será que bateu tanto nele até matá-lo? O que será que aconteceu? Por que será que foi a policia que o trouxe? Uma amiga estuprada e outro amigo morto, um futuro recomeça o outro se foi.

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Infelizmente, casos como os da história acontecem na vida real. Quem é menina sabe o quão difícil e arriscado é sair na rua, com o medo de ser estuprada, muitas vezes são até culpadas por estarem usando roupa curta. Fora isso, como reclama nossa amiga Gabi é dura a realidade da saúde pública.

Segurança A segurança, a preservação da nossa vida e bem estar, são direitos! Você já ouviu falar na Lei Maria da Penha é a lei que protege a mulher em casos de violência doméstica, afinal infelizmente casos como o de Sara às vezes acontece dentro de casa. Pra saber mais sobre a lei você pode acessar: mulheresedireitos.org.br/publicacoes/LMP_web.pdf Caso seja vítima de um crime como um estupro ou agressão física, você pode denunciar ligando para o Disque Denúncia, no número 181, sem precisar se identificar.

O direito a vida é o principal direito humano, por isso nem o Estado, nem a Polícia tem o direito de feri-la. Fique atento, pois a violência policial e o abuso de poder também não devem ser tolerados.

Saúde Todo tem o direito à saúde pública de qualidade. Em nosso país ela é gerenciada pelo SUS (Sistema Único de Saúde). No UBS (postos de saúde) temos direito a agendar consulta com clinico geral, pediatra e médicos especializados. Já em casos de adoecermos devemos procurar o AMA mais próximo. Além disso, temos as clínicas especializadas, para as quais somos encaminhados a partir do UBS.

Infelizmente, encontramos muitos problemas nos hospitais públicos, como negligência, superlotação, demora no atendimento, etc. Mas temos o direito de cobrar em caso de violações aos Conselhos e Conferências de Saúde.

Em São Paulo quem cuida da questão da saúde é a Secretaria Municipal da Saúde: prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude

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CAPÍTULO 6

No enterro do Denis estava toda a galera, ninguém acreditava naquilo que estava acontecendo, mais um jovem preto e pobre foi morto, mas a gente insiste as vezes em não querer acreditar que isso é real e que pode acontecer com a gente. E sim é real e aconteceu com meu amigo.

Durante o enterro as pessoas conversavam e ouvi um grupo de meninos amigos do Denis dizendo que viram quando estavam na rua e a policia chegou de forma bastante violenta, enquadrou o Denis e, gritando, falavam para ele dizer onde estava a droga, ele, assustado, dizia que não sabia de nada, mas os policias não quiseram saber jogaram ele dentro da viatura e partiram, depois já chegaram com ele todo machucado no hospital. Nessas horas a gente fica tentando achar uma saída, para quem pedir socorro... Na missa de sétimo dia do Denis estávamos todos inclusive a Sara que já tinha saído do hospital. No final um jovem falou em nome de todos nós e dizia emocionado: - Já chega de violência e extermínio de jovens. Nossa juventude quer viver. Que a morte do amigo Denis não fique por isso mesmo, vamos lutar para garantir que outros jovens não continuem a morrer, vamos lutar por nossos diretos, lutar por educação, saúde, lazer e tudo aquilo que precisamos para viver dignamente. Denis você vive! Nossa, gente, aquilo me arrepiou, quando olhei para os lados não tinha um que não estivesse chorando. E naquele momento decidi e pude e ver a mesma decisão nos olhos dos meus amigos. Este não seria o ultimo capitulo de nossas vidas. Vamos lutar, temos direitos, querem viver.

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É uma triste realidade, mas casos como o de Denis são muito comuns e atinge principalmente, de acordo com pesquisas, os jovens negros, pobres, da periferia. Porém, nós, do Observatório da Juventude – Zona Norte, assim como o jovem que discursou nesse capítulo da história, tamo na luta pra que isso deixe de acontecer! Nóiz corre junto com todos e todas que lutam nas quebradas e pela juventude, como as Mães de Maio, o Comitê contra o Genocídio da Juventude Preta Pobre e Periférica e vários outros.

Neste guia de direitos, você pode se informar mais sobre o que conversamos até aqui nessa revista, e conferir mais sobre os direitos que temos para que possamos viver, e viver bem: guiadedireitos.org

Venha conhecer o nosso trabalho, ajudar a construir, somar nessa luta! Nos localizamos no espaço do CCJ - Centro Cultural da Juventude: Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641 - Vila Nova Cachoeirinha. CEP: 02721-200 (ao lado do terminal Cachoeirinha) - São Paulo/SP. Horário de Funcionamento do CCJ: de terça a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 10h às 18h. Site: ccjuve.prefeitura.sp.gov.br Email: ccj@ccj.art.br

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O OBSERVATÓRIO DA JUVENTUDE – ZONA NORTE, é um projeto desenvolvido no Centro Cultural da Juventude junto com o Centro de Direitos Humanos de Sapopemba. Feito por jovens, para jovens. Pra lutar por nossos direitos.

LOCALIZAÇÃO: Segunda sala de vidro da esquerda no 1º sub solo no CCJ - Centro Cultural da Juventude na Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641. Vila Nova Cachoeirinha.

Pra falar com a gente é fácil e conhecer mais do trabalho: Facebook: facebook.com/ObservatorioDaJuventudeCCJ (ou procurando por Observatório da Juventude – Zona Norte) Email: observatório@ccj.art.br Site: observatorio.ccj.art.br Telefone: (11) 3984-2466, ramal 32

Horários que a gente tá no CCJ: De terça a sexta, das 13h às 17h.

Se quiser saber mais, ou juntar com a gente, só chegar ou entrar em contato pra trocar uma ideia.

Elaboração da revista: Equipe do Observatório da Juventude—Zona Norte, junto do CCJ e do CDHS.

Igor Gomes (igor@ccj.art.br), Marco Aurélio (marco@ccj.art.br),Flávio Caetano (flavio@ccj.art.br) e Vivian Paula (vivian@ccj.art.br) Designer: Eliza Santos (eliza.dg.ss@gmail.com) Créditos das imagens (por ordem das páginas): Capa (Comitê Contra o Genocídio da População Negra); 2 (Coletivo I Love MP do RJ); 3 (Banksy); 4 (Banksy); 5 (Scampi); 6 (Parada LGBT 2014 | Achieve Universal Primary Education); 8 (Latuff | IsmailKupeli), 10 (Catraca Livre); 11 (Ricardo Moraes—REUTERS); 12 (Shepard Fairey); 13 (Latuff); 14 (Funceb); 15 (Banksy)

“E se não for nóiz não vai ser ninguém!” (Emicida) 15


Em memória de: Igor Caíque, Cleiton Martins, Lucas Otávio, Matheus Jackson e Marcus Vinicius, assassinados nas duas chacinas que recentemente atingiu o Jardim Elisa Maria, na Brasilândia. E de todos os jovens que já tombaram nos ataques a periferia. Luto e luta. É nóiz.

#NãoVamosNosCalar


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