FICHAMENTEO VAUTHIER, L. L.

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VAUTHIER, L. L. Casas de Residência no Brasil. In Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde/IPHAN, 1943. 340p: 128-208.

CARTA I: Vauthier apresenta, nestas cartas pesquisas sobre a arquitetura das habitações brasileiras, localizadas do Rio de Janeiro, até o Cabo de São Roque/RN, onde se concentravam 2/3 da população brasileira daquela época. As construções das cidades daquela época eram bastante simples. As igrejas e conventos, principalmente em Recife, eram grandes construções que foram destruídas pelo tempo e muitas transformadas em comércio, já em Olinda, apresentam um elevado número e conservadas. Os fortes, construídos para defesa, também encontram-se destruídos pelo tempo e logo se verifica a pacividade do país, mas ainda tem fortificações terminando em fortim, perto do porto. Por toda a costa encontra-se cabanas de folhagensde pescadores. As residências, que são simples, apresentam-se das seguinte forma: A moradia dos escravos: cinza, grande telhados mal cobertos, com várias portas estreitas compridas chaminés; A casa do senhor branco: Com pé direito alto, com escadaria para vigiar o que acontece ao seu redor. O clima, ameno, com constantes ventos e com regularidade das estações. Nas cidades, as ruas são muito estreitas, não sendo adequadas para veículos de transporte, as quadras têm várias residências, estreitas, longas, muito juntas, escuras. Com os seguintes cômodos: Res-do-chão: Sala da frente, sala de fundos, alcovas fechadas por portas de vidro, corredor mais ou menos comprido, escada, diversos cubículos. 2º andar: com sala de jantar e cozinha, quarto de engomar e das escravas. Nos fundos quarto de hóspede e dos escravos; no quintal a cocheira, a um ângulo do pátio e aberta. A contstrução era de tijolos na alvenaria e vigamentos do telhado formado por traves horizontais sobre duas empenas. A casa dos ricos em pouco se diferenciava a dos menos abastados, com o tamanho um pouco maior, com o número de alcovas sendo dobradas, entrada para carroagens, com 3 andares e mais o sótão. No res-do-chão, o quarto da frente é dos escravos homens, e o do pátio para hóspedes, cocheira no pátio e cisterna para servir duas casas. Duas câmaras


sem luz e como se tem carroagem, na fachada têm -se uma entrada para os carros, acessando para o vestíbulo que também serve de depósito. A escada tem dois patamares, o qual o primeiro lance encontra-se no eixo da porta de entrada dando mais espaço para o corredor lateral. Os três pavimentos são quase iguais. Nos sótãos concentram-se também as cozinhas.

CARTA II Mostra a construção das casas, propriamente ditas. A maioria das construções é feita de alvenaria de tjolos O gneisse e xistos grosseiros, são empregados na alvenaria de pedra, nas paredes espessas dos engenhos de cana no interior, e ainda tem-se as casas de taipa em São Paulo e de pau-a-pique. Nas construções das cidades é usado tijolo com grandes dimensões, com barro de boa qualidade, por ser mais barato, não requerer mão de obra especializada e que suportam enormes cargas. As paredes de fachada têm espessura dupla; para as divisões internas do rés-dochão, as paredes são simples, quando se tem sobrados. Para os andares superiores as divisões são de tijolos de lapamento. Pode também empregar paredes de meio tijolo, mais dificilmente divisões de madeira. Ainda pode citar ladrilhos, usados na pavimentação a nível do solo. Para as fundações, primeiro levanta o solo com aterros de areia e após as chuvas que acamam esses aterros, faz-se as fundações tanto nos solos arenosos, quanto os firmes sólidos, somente alterando as dimensões das fundações. Nas aberturas das janelas e portas, são utilizados tijolos, as pedras ou madeira são empregadas nas soleiras. Nas construções mais requintadas as pedras são obrigatórias nos acabamentos. A ligação das paredes na maioria das vezes é feita com barro, diluído em água, facilitando a manipulação da argamassa. Utiliza-se também as pozzolonas artificiais. Para o vigamento utilizam-se madeira nos diversos tipos de construções. As tesouras dos telhados formadas por vigas horizontais apoiadas pelas duas extremidades nas empenas de 8 m ou mais. Os telhados têm desempeno perfeito . Nas construções de nível inferior, são utilizadas as telhas em canal, colocadas em fiadas superpostas, formando saliências umas sobre as outras. Para soalhos internos são utilizadas madeiras compactas, elásticas incorruptíveis, fáceis de serem trabalhadas e duráveis.


Nos andares superiores não se usa pisos, nem cerâmica ou ferro, utiliza-se tábuas. Um rodapé e um cordão na altura do peitoril é o máximo de luxo. As paredes internas são caiadas ou pintadas à tempera ocre amarelo ou alguma cor clara. Quanto às esquadrias, as janelas de peitoril abrem no sistema guilhotina, as portas são comuns, simplesmente barras ou encaixes, com molduras na orla de cada tábua. Nas construções antigas, as escadas são simples, de um só lance, nas construções modernas as escadas tem patamar, mas no local onde estão são escuros e por isso nas modernas existem clarabóias para melhorar a iluminação. As casas não têm chaminés (devido ao calor) e privadas.

CARTA III Os sobrados, da carta anteriorencontram nas velhas ruas. As casas mais novas passam a ser térreas, com um andar, mas continuam monótonas. A entrada é pela sala da frente por uma porta com um batente inteiriço e um caixilho com treliça de madeira e a parte superior abre-se de forma que se veja o visitante antes deste adentrar. A largura da fachada é estreita, uma ou duas janelas com duas folhas de veneziana, a de cima fixa e a de baixo aberta em forma de guilhotina e a porta quase de um lado. Alcovas ao fundo da sala de frente, a porta do corredor, levando à sala posterior, que dão a dois quartos sem iluminação. Esta sala disposta como a da frente, abre-se sobre um pequeno pátio contíguo à casa e ao mesmo tempo serve de sala de jantar e cozinha. O pé direito mede entre 3 e 3,5m, sem forro sob o telhado, dando frescura ao telhado, às vezes, a alcova e a sala de frente são forradas. Nas casas mais antigas, as sacadas eram substituídas pelas varandas fechadas por painéis de treliças, que se abriam como postigos ou moviam-se sobre dobradiças colocadas nas parte superior, pintadas de verde. Algumas casas de esquinas, de pavimento térreo eram mais suntuosas, cujos andares recebem luz através das empeas das paredes laterais e de três portas da fachada. Apesar das ruas mal pavimentadas e estreitas, os passeios eram de tijolos emoldurados por meios fios de pedra.


Saindo do litoral, as casas diminuem a altura e se afastam uma das outras, por cercas vivas ou muros. As casas de campo são conhecidas por quintas, chácaras ou sítios. Nestas casas os materiais são os mesmos, os ângulos dos tetos se levantam à maneira chinesa, beirais vermelhos contrastam com o branco das cornijas. Existem pilastras nas fachadas. Os telhados têm rincões, devido ao desenvolvimento da fachada principal. A fachada principal e as laterais tem muitos vãos . Tem terraços sustentados por pórtico arcado. Algumas casas tem apenas um andar, de uma galeria contínua de madeira, aberta em toda altura, a qual se tem acesso por um escada externa, outras têm passeio, com muitas vegetações, efim não são monótonas como as da cidade Essas casas por dentro são muito parecidas com as outras já analisadas, com poucas diferenças como quartos mais arejados e iluminados. Em outras direções, bem mais longes, encontrma-se casas mais rústicas de taipa, com suas paredes de pau a pique e cobertura com folhas de coqueiro.

CARTA IV Nesta carta conecemos os engenhos de açúcar. A casa do proprietário, a Casa Grande, no lado mais alto do recinto, a qual se sobe por uma escada superior, muros caiados e janelas, de todos tamanhos e formatos e portas envidraçadas. No centro tem-se a capela, que somente se distingue por uma porta mais espaçosa e arqueada e por alguns ornatos nos frontões e pela cruz. Nada seguindo umalógica. O telhado é como os das demais casas analisadas, as portas são estreitas, as paredes de barro. A outra parte do edifício é a usina propriamente dita: uma vasta coberta de tijolos, sustentada por pilares de tijolo de 22 cm de espessura e fechada somente até a altura dos homens. O telhado é muito simples. Ainda temos a casa de purgar, o alambique e o armazém que seca o açúcar (todos num mesmo teto) e a casa do bagaço. Na Casa Grande, construída, na maioria das vezes de tijolos, mas podendo ser de pedra argamassada com barro até a altura do primeiro andar, a parte de baixo é ocupada pelos armazens ou pelo pessoal de serviço. Os cômodos são: salão ou parlatório que dá na escada, que pode ser de pedra ou madeira, sala de jantar, com soalho desigual e o forro é constituido pela parte inferior das telhas de cobertura, quartos de dormir sem forro, separados ptor tabiques de madeira ou taipa, grande cozinha com um fogão. Estas casas tem muitas diferenças umas das outras.


Temos: A senzala: habitação muito simples, onde ficam os escravos:cubículos, de piso de terra, com uma porta (única abertura) e paredes de pau a pique e por fim, As casas dos lavradores que são casas simples, muitas vezes não passando de cabanas de pau a pique As casas dos moradores que são choupanas feitas com folhas de palmeiras cipós etc.


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