PARQUE da PON
Eparque linear em camadas
reinserindo a estrutura desativada na vida ativa da cidade.
PARQUE da PON
Eparque linear em camadas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo | UFPel
Seminário de Diplomação | 2016.1 Acad. Arq. Igor Schwartz Eichholz Orientadora: Prof.Dra. Ana Paula Faria
apresentação
O tema deste projeto é fruto de uma busca inquieta que eu, assim como muitos outros estudantes de Arquitetura e Urbanismo, realizei nos períodos que antecedem o Trabalho Final de Graduação. Nele, nos confrontamos com a iminente chegada desse desafio que põe a prova os conhecimentos acumulados na faculdade e fora dela, além de nossa aptidão em exercer nossa profissão. No decorrer da disciplina de Projeto de Paisagismo, tive contato com a requalificação de um espaço aberto, público e coletivo em que o cenário de fundo são as pontes sobre o Canal São Gonçalo com a pacifica e bela paisagem dos banhados que circundam estas estruturas. Enxerguei um grande potencial na mega estrutura da antiga Ponte Alberto Pasqualini, desativada há 42 anos. Mais que um projeto, uma intervenção para despertar o interesse pelo espaço público dessa área, que eu conheço, mas onde hoje existe monotomia e insegurança.
sumário
Objetivo 8 Objetivo Geral e Específico 9 O objeto - Ponte 12 Histórico 13 Atualmente 14 Áreas verdes e o lazer 17 Pelotas e o Turismo Natural 19 Paisagem: cores e texturas 21 Referências projetuais 24 A proposta 30 Localização 31 Conceito 32 Visuais 33 Diagrama Funcional 35 Experimentando 37 Porposta atual: estudos 38 Plataforma Jardim 41 Passarela (camada baixa) 42 Outras ideias 43 Proposta atual: montagem 44 Desafios 46
objetivo 8
Mostrar o potencial do local através de um novo e inusitado uso, reintegrando-a na cidade de uma forma ativa através da apropriação do espaço pela comunidade pelotense.
geral
específico
Promover vitalidade e integração da Ponte com a cidade, propondo a criação de um parque linear que integrará diversas atividades: lazer, estar, esportes radicais, prática de atividades físicas e contemplação e contato com a natureza/paisagem.
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A Ponte
Duas pontes que ligam duas cidades, Pelotas e Rio Grande, sobre o Canal São Gonçalo. Duas pontes que separam. Lado a lado. Desativada há mais de 40 anos por apresentar problemas estruturais - não suportar cargas pesadas - a ponte abandonada, chamada “Alberto Pasqualini”, tem ao seu lado outra ponte a “Léo Guedes” por onde se deslocam, desde 1974, diariamente cerca de dez mil veículos. A ponte abandonada é um convite a melancolia, pois é toda silencio, só desperta pelo movimento dos pescadores de final de semana ou dos que vivem próximos. Também, é um mirante para os admiradores do nascer e do pôr do sol, da natureza, da outra ponte ao lado, da ponte do trem e da visão ao longe das paisagens da cidade. (...)
O abandono é o recalque da arquitetura oficial, da história da arquitetura. O insuportável sem suporte. Mas se suporte pode ser qualquer forma material, o resto de matéria dos abandonos, e mesmo assim restam por nos mostrar alguma força, algum poder. (...) Os espaços do abandono, arquitetônico e urbanísticos não são apenas materiais, eles agem como forças, induzndo ou inibindo ações. (...)
Trechos da dissertação de doutoramento: Arquiteturas do Abandono, de Eduardo Rocha, Porto Alegre, 2010.
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introdução
o objeto
PONTE ALBERTO PASQUALINI (DNER - 1963)
Conhecida popularmente como “Ponte Velha”, está localizada sobre o Canal São Gonçalo na BR392 entre as cidades de Pelotas e Rio Grande. Foi desativada em 1973. Comprimento: 994 metros Largura do leito: 10 metros Altura máxima: 27 metros 36 pares de pilar Vãos livres de 25, 35 e 50 metros
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histórico
1960 - Início da construção 1962 - Dificuldade no transporte de hortifrutigranjeiros para o Porto do Rio Grande, através da balsa sobre o Canal São Gonçalo, gera crise no setor e diminui-se a produção. 1963 - Término da construção 1963 ( Junho ) - Autorizada a extensão da linha de energia elétrica até a Ponte, sinalizando a última parte da construção. Encerra o acordo de obras da Rodovia PEL-POA. 1964 - Empresários animam-se com as melhorias dos transportes de mercadorias após inauguração da Ponte e resolvem apoiar o governo na construção da BR PEL - JAG 1964 ( Julho ) - Inaugurada a nova Ponte Ferroviária, a fim de dividir o escoamento de cargas entre as pontes rodoviária e ferroviária 1964 - A prefeitura Municipal realiza o primeiro grande plano de arborização e melhorias urbanas da cidade - início de uma preocupação com o bem-estar da população local 1974 - Devido a sobrecarga gerada pelo aumento excessivo no tráfego de veículos pesados, a estrutura foi desativada, restando como está até hoje.
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atualmente...
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Segundo ROCHA (2010): “A ponte abandonada é um convite a melancolia, pois é toda silencio, só desperta pelo movimento dos pescadores de final de semana ou dos que vivem próximos.” Durante os 42 anos em que a estrutura está desativada, recebeu e recebe diversos usos pela população. Serve de mirante para apreciar o pôr-do-sol, as paisagens características dos banhados e das pontes junto a paisagem urbana; serve como ponto para um bom chimarrão, fotografar, meditar... A velha ponte também é o local escolhido por adeptos a prática de atividades físicas e esportes radicais como: skate, ciclismo, rappel e até apoio para treinamento em salvamentos de emergência do Corpo de Bombeiros e da SAMU. Assim como, também é espaço de expressão artística: graffite, pinturas e pichações. A abandona estrutura possui voz e expressa-se através de grafites, pixos e outras intervenções, servindo como um potencial espaço de manifestação de street art. Porém, devido a insegurança, hoje a ponte é mais silêncio, uma vez que seus frequentadores tornaram-se refém de vários episódios violentos no local.
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APP - Banhados
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Estacionamento
Estar prolongado
Circulação/skate
Base rappel
Pontos de pesca
Moradia irregular/ Vila pescadores
รกreas verdes e o lazer
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8 Áreas públicas de lazer
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Áreas Verdes: parques e praças com vegetação considerável
Segundo o IBGE, um terço dos domicílios em áreas urbanas não têm uma árvore sequer em seu entorno, analisando o quarteirão onde estão inseridos. As cidades hoje representam o habitat de uma parcela cada vez mais significativa da população de nosso planeta. O crescimento das zonas urbanas trouxe juntamente à degradação dascondições ambientais, desses espaços, a poluição proveniente dos mais diversos processos. Na atualidade, busca-se encontrar formas que tornem esses ambientes mais saudáveis. Uma maneira é introduzir espaços conhecidos como: áreas verdes urbanas, espaços estes, que tem como características a presença de espécies arbóreas e não são impermeabilizados. As áreas verdes são consideradas um indicador na avaliação da qualidade ambiental urbana e também são obrigatórias por lei. A existencia e qualidade dessas áreas nas cidades proporciona melhorias na vida da população em geral, possibilitando lazer e espaços de refúgio. A falta de arborização, por exemplo, pode trazer desconforto térmico e possíveis alterações no microclima, e como essas áreas também assumem papel de lazer e recreação da população, a falta desses espaços interfere na qualidade de vida desta. Ao ocupar o ambiente natural e utilizá-lo para a construção das cidades e/ou sua expansão, a sociedade altera o meio natural através da retirada da cobertura vegetal para construir estradas, casas e equipamentos públicos sem planejar os impactos ambienais que estas atitudes irão causar.
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Pelotas e o turismo natural
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O turismo municipal é baseado basicamente na Gastronomia Tradicional (Doces de Pelotas), na sua Arquietura Histórica e Charqueadas; assim como os Programas Culturais de Artes e Música, inserindo Pelotas no cenário nacional destes seguementos. Porém, o turismo da paisagem natural ainda é pouco explorado. Com a valorização da história do RS, as charqueadas de Pelotas tornaram-se importante atratores de pessoas. Junto a elas, a paisagem característica na qual estão inseridas, reforçando seu potencial. Uma vez que o turismo gastrônomico está consolidado, o turismo histórico estabilizando-se junto ao turismo cultural; é importante explorar o potencial da paisagem natural do munícpio. Ao entrevistar alguns frequentadores da “Ponte Velha”, constatou-se que o principal motivo de escolherem o espaço para o lazer e passar um tempo no local é observar a paisagem e o pôr-do-sol, pois trata-se de um ângulo único. Ao lado está ilustrado esse episódio em diferentes dias e momentos, mostrando as inúmeras cores e cenários que a paisagem no entorno da ponte apresenta. Um dos objetivos com o desenvolvimento do projeto é proporcionar um espaço qualificado para atrair mais frequentadores e assim, valorizar o turismo natural de Pelotas. Além disso, proporcionar uma nova área verde para a cidade, visto que esta não possui um espaço qualificado e adequado para prática de atividades físicas, lazer e conviência ao ar livre
Foto: Felipe Freitas
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Paisagem: cores e texturas
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Nesta breve análise do entorno imediato da ponte estão representadas a paisagem quotidiana em que ela encontra-se inserida. Além da paisagem, as diferente cenas e a rotina do local atualmente (pesca, criação animal, circulação no canal).
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referĂŞncias projetuais
HIGH LINE - New York
Projeto: Diller Scofidio + Renfro, 2010.
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Parque linear construído sobre a estrutura desativada de um metrô - 2,33 km de extensão - Hoje é um dos principais pontos turísticos da cidade.
PARQUE RIBEIRO MATADOURO - Portugal O projeto é parte da estratégia de desenvolvimento urbano ‘Inventar a Cidade’ - 1,54 ha - Ótima resposta da população.
Projeto: OH!LAND Studio, 2013.
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GARDEN BRIDGE - Londres, Inglaterra Projeto: Thomas Heatherwick, 2015.
Projeto venceu um concurso da prefeitura de Londres sob o tema: “Mover-se por Londres”, que buscava estratégias inovadores de conexões entre partes distintas da cidade. 367 metros de comprimento. Enconra-se em fase de projeto.
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REQUALIFICAÇÃO PAISAGISTICA DA PEDREIRA DO CAMPO - Vila do Porto, Portugal
Projeto: M Arquitetos, 2012.
Requalificação do lugar da Pedreira do Campo, atualmente considerado monumento natural regional. 500m²
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reinserindo a estrutura desativada na vida ativa da cidade.
a proposta
localização
Pelotas
Pelotas 342.843 hab
2
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BR
9 -3
Área 1.610,084km²
Maioria entre 10 203,89 hab/km² Economia: serviços e 29 anos
Rio Grande
conceito CONEXÃO 1. ligação, união, vínculo. 2. relação lógica ou causal; nexo, coerência. TRANSIÇÃO Mudança; passagem de um estado de coisas a outro. sinônimos: transferência, passagem
TRANSPOR verbo 1. transitivo direto: passar além de, deixar para trás; ultrapassar. 2. bitransitivo: mudar de um lugar, tempo, contexto etc. para outro; transferir.
TRANSPONTEXÃO O projeto conceitua-se sobre a função mais básica e pura da ponte: transpor um obstáculo, possibilitar a transição, além de reforçar a idéia de conexão - conexão das margens, conexão de partes. Onde o projeto: 1. tem como obstáculo a reinserção da estrutura desativada na vida ativa da cidade; 2. possibilitará a transição da situação de abandono num ponto de atração; 3. ultrapassará a barreira convencional, apresentando um novo e inusitado uso ao objeto; 4. deixará a monotomia para trás propondo mudança na rotina do espaço e da cidade.
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visuais
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Pelotas
Rio Grande
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Diagrama funcional sem escala
Pier / atracadouro
Rio Grande Platô de observação abrigado das intempéries climáticas
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“Mirante ao contrário”
A proposta de intervenção abrange todo o comprimento da estrutura, de forma a revitalizar todo o espaço, onde foram setorizadas as funções e usos para atrair diferentes estilos de público. Além disso, é pensada de forma a reforçar o caráter inusitado do projeto (transição de ponte para parque linear) através da camadas, circulações e estruturas suspensas que remetem â figura de um barco, gerando curiosidade e surpresa. CAMADA SUPERIOR: Na alça voltada para a cidade de Pelotas propõe-se uma área mista de lazer e estar, onde o tratamento da superfície criará um percurso e espaços para descanso, convivência com vegetação e mobiliários adequados. Enquanto na alça oposta, será projetada uma pista para prática de skate e circulação de bicicletas. Ao centro, o espaço total do vão central localizado 27 metros acima da cota de alagamento mínima, será dedicado ao mirante, buscando a contemplação da paisagem natural.
Pelotas
Circulação Vertical : conexão direta entre a 1ª e 3ª camada Plataforma Jardim: “imersão de vegetação no banhado” Passarela elevada: passagem de botes e caiaques
CAMADA INTERMEDIÁRIA: Apresenta 4 plataformas jardim suspenas a uma altura aproximada de 14 metros e formaram espaços de convivência - jardins suspensos, assim como terá 2 platôs de observação com abrigo inteméries climáticas. CAMADA BAIXA: Localizada na cota intermediária de alagamento, é pensada na forma de uma passarela que serpentei entre os pilares e proporcionará contato maior entre o usuário e o ambiente natural. Contará com um espaço diferente, o “Mirante ao contrário” que possibilitará ao usuário permanecer com o olhar na altura dos banhados, permitindo um contato inusitado com a paisagem típica e natural. CABECEIRAS: Receberão os setores de apoio ao Parque - banheiros, manutenção, estacionamento, administração.
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experimentando...
Crรณquis e estudos evolutivos proposta realizados ao longo do semestre.
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Proposta atual
Foto-montagem - relação da intervenção com o espaço.
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Proposta atual: composição e visuais Pelotas
Perspect.1
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Perspect.4
Perspect.2
Visual a partir do vão central da ponte em atividade
Visual a partir da cabeceira da ponte em atividade
Perspectiva 1
Perspectiva 2
Imagens extraídas da maquete eletrônica para estudos de composição formal, fluxo e ambiências. A posição da câmera foi localizada em pontos de onde será possível a visualização do projeto pelos usuários do Parque da Ponte.
Rio Grande Perspect.3
Perspectiva 3
Perspectiva 1
Perspectiva 4
Visual a partir da cabeceira da ponte em atividade
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Plaforma Jardim
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Como o nome apresenta, serão espaços onde estará inserida a vegetação (pequeno porte e de banhado) de forma mais considerável a fim de criar espaços intimistas e de convívio, diminuindo a escala do projeto ao longo das camadas e percursos do parque. A forma INICIAL (em processo de estudos formais e plásticos) é baseada no casco de uma embarcação pesqueira, elemento que está diretamente ligado a ponte e apresenta uma plástica muito interessante. Essas estruturas estão suspensas através de cabos e ou também engastadas aos pilares da ponte, dessa forma reforça o caráter inusitado, pois não é comum vermos estruturas semelhantes neste ângulo. A solução estrutural e paisagística será desenvolvida no TFG.
Passarela
(camada baixa)
Pensada para contato e valorização dos banhados, é pensada na altura da cota mínima de alagamento do Canal SG. e tem como inspiração o Capim do Banhado, vegetação mais abundante neste bioma. A intenção é que a passarela serpentei entre os pilares da ponte, semelhante ao movimento que o vento causa ao tocar o capim. O revestimento da estrutura será a madeira, a fim de harmonizar com a paisagem.
Planta - sem escala O guarda-corpo também será de maderia com ripas que formam posicionadas com distâncias variáveis, baseado na forma como o capim do banhado se desenvolve (hora mais denso, hora menos denso). A solução estrutural foi escolhida a partir de uma referência projetual que possuía desafio semelhante: grandes vãos a serem vencidos.
Corte - sem escala
Vista - sem escala
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Acima está representado de forma esquemática a ideia inicial para a Alça Pelotas da Camada Superior, onde será projetado um percurso que integra diferentes atividades e ambiências.
outras ideias...
O conjunto de circulação vertical que liga a Camada Superior diretamente à Camada Baixa é pensado num conjunto de rampas em estrutura metálica e revestimento de madeira.
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Conjunto Circ.Vertical - vista
Conjunto Circ.Vertical - esquema em planta
Foto-montagem: Visual da Alรงa Pelotas, a partir do Canal.
Proposta atual
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Desafios
O maior desafio desta proposta é mostrar que o arquiteto tem capacidade de transformar espaços de forma inusitada. No caso, reintegrar a estrutura abandonada da Ponte Alberto Pasqualini na rotina da cidade, onde optou-se por inserir um parque linear. Para mostrar que isto é possível, serão desenvolvidos diversas questões no TFG, como: 1. Trabalhar as questões projetuais para solucionar a problemática de um ambiente mutável, nunca estático, a água: buscar estruturas que se relacionem bem com este elemento; 2. Transformar um “elemento bidimensional”, a ponte, numa estrutura que avance até a esfera 4D, trabalhando com o tempo, clima, sensações; 3. Resolver as questões estruturais referentes a suspensão de elementos. Cogita-se o recapeamento dos pilares (reforço) ou a criação de estruturas auxiliares; 4. Conectar as margens, “conectar a ponte na cidade”; 5. Desenvolver o projeto paisagístico e funcional.
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Nota
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Todas as imagens contidas neste trabalho que não pertencem ao acervo ao autor foram retiradas de páginas públicas e redes sociais abertas, sendo livre o download. As imagens identificadas pelos respectivos autores estão devidamente sinalizadas com a assinatura digital destes. Fontes: Flickr - imagens liberadas para download instagram - @humanosdepelotas Facebook - Prefeitura de Pelotas Google Earth
continua no prรณximo semestre...