Revista Animal Business Ed. 28

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Ano 06 - Número 28 - 2016 - R$ 16,00 www.animalbusinessbrasil.agr.br

PANORAMA DA FEBRE AFTOSA

Há 10 anos não há casos clínicos no Brasil

A CONTRIBUIÇÃO DO AGRONEGÓCIO É relevante para o PIB brasileiro

SUINOCULTURA MODERNA

O consumidor quer um alimento saboroso, com pouca gordura e barato


igmais.com.br

Agora tem qualidade com identidade

Foto: APROCAN

Queijo Canastra de Minas Gerais, Produto registrado no INPI com Identificação Procedencia (IP)

Em todo o mundo, determinados produtos de qualidade são reconhecidos por sua procedência e originalidade, garantidas por uma certificação de Indicação Geográfica (IG) que, no Brasil, pode ser Indicação de Procedência (IP) ou Denominação de Origem (DO), registradas pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Cabe a você, consumidor exigente, identificar e buscar produtos com essa marca.

A SNA (Sociedade Nacional de Agricultura) apoia e incentiva esse conceito. Nosso objetivo é promover o valor do agronegócio brasileiro com suas características e origens exclusivas. Prefira produtos com essa marca. Existe uma (IG) de qualidade esperando por você!

(IG) Qualidade com identidade.


uma publicação da:

B

éth Mélo – experiente jornalista especializada nos assuntos do agronegócio, na matéria de capa desta 28ª edição, nos dá informações importantes sobre a moderna suinocultura, destacando que o Brasil é o quarto maior produtor mundial de suínos e que o bem-estar animal vem sendo exigido pelos consumidores também cada vez mais exigentes em termos de qualidade e preço. Albino Belloto – um dos médicos veterinários que mais entende de Febre Aftosa, com grande experiência nacional e internacional neste setor de importante implicação econômica, é membro-titular da Academia Brasileira de Medicina Veterinária e ex-diretor do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa, da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/ONU). No seu bem fundamentado artigo ele afirma que essa doença dos animais ruminantes de cascos fendidos produz elevadas perdas econômicas. Mas a boa notícia é que o Brasil há muitos anos não apresenta nenhum caso clínico desta doença altamente contagiosa, que ataca os pés e a boca dos animais, que acabam morrendo de inanição depois de um período de forte redução da produção de carne e de leite. Roberto Rodrigues – engenheiro-agrônomo, professor universitário, ex-ministro da Agricultura, Coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Embaixador Especial da FAO (ONU) para as Cooperativas,

e Presidente do LIDE Agronegócio – escreve sobre a importância do agronegócio para a economia brasileira e para o nosso saldo na Balança Comercial Externa que em 2014 foi positivo em 80,1 bilhões de dólares. Ele ressalta o grande avanço das nossas exportações de carnes, que evoluiu de 9,5% do valor exportado pelo Brasil para 16,7%, no ano passado. Paulo César Magalhães Matos e Márcio Barizon Cepeda – respectivamente, Mestre em Saúde Animal e Mestre em Ciências Veterinárias – nos dão conta, na sua matéria, de que o Brasil é o país que apresenta a maior biodiversidade de vertebrados do mundo e destacam que os seres humanos podem ser acometidos por doenças comuns aos homens e aos animais, as chamadas zoonoses. As condições adversas ao equilíbrio ecológico (como o desmatamento, a urbanização descontrolada, por exemplo) podem influenciar o padrão natural de ocorrência e distribuição das doenças. Artigo assinado pelo editor – sobre Indicação Geográfica mostra trabalho em desenvolvimento pelos doutores Antonio Alvarenga, Presidente da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura e Paulo Protásio, Presidente da AC-Rio- Associação Comercial do Rio de Janeiro, com o objetivo de valorizar, através da indicação geográfica, como acontece há muitos anos, por exemplo, nos países europeus, os produtos locais, com benefício para produtores e consumidores.

Luiz Octavio Pires Leal Editor

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Academia Nacional de Agricultura Fundador e Patrono:

Presidente:

Octavio Mello Alvarenga

Diretoria Executiva Antonio Mello Alvarenga Neto Osaná Sócrates de Araújo Almeida Tito Bruno Bandeira Ryff Maurílio Biagi Filho Helio Guedes Sirimarco Francisco José Villela Santos Hélio Meirelles Cardoso José Carlos Azevedo de Menezes Luiz Marcus Suplicy Harfers Ronaldo de Albuquerque Sergio Gomes Malta

Diretoria Técnica Alberto Werneck de Figueiredo Antonio de Araújo Freitas Júnior Antonio Salazar Pessôa Brandão Fernando Lobo Pimentel Jaime Rotstein José Milton Dallari Soares Kátia Aguiar Marcio Sette Fortes

Cadeira 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52

Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo

Maria Cecília Ladeira de Almeida Maria Helena Martins Furtado Mauro Rezende Lopes Paulo Manoel Lenz Cesar Protasio Roberto Ferreira da Silva Pinto Rony Rodrigues de Oliveira Ruy Barreto Filho Tulio Arvelo Duran

Comissão Fiscal Claudine Bichara de Oliveira Frederico Price Grechi Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otávio Andrade

Diretor responsável Antonio Mello Alvarenga Neto diretoria@sna.agr.br Editor Luiz Octavio Pires Leal piresleal@globo.com Relações Internacionais Marcio Sette Fortes Consultores Alfredo Navarro de Andrade alfredonavarro@terra.com.br Alexandre Moretti cdt@pesagro.rj.gov.br

Fernando Roberto de Freitas Almeida freitasalmeida03@yahoo.com.br Roberto Arruda de Souza Lima raslima@usp.br Secretaria Maria Helena Elguesabal adm.diretoria@sna.agr.br Valéria Manhães valeria@sna.agr.br Revisão Andréa Cardoso andreascardosojm@gmail.com

Luíz Carlos Corrêa Carvalho Titular Roberto Ferreira da Silva Pinto Jaime Rotstein Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Francelino Pereira Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Tito Bruno Bandeira Ryff Lindolpho de Carvalho Dias Flávio Miragaia Perri Paulo Manoel Lenz Cesar Protásio Marcus Vinícius Pratini de Moraes Roberto Paulo Cezar de Andrade Rubens Ricúpero Pierre Landolt Luíz Carlos Corrêa Carvalho Israel Klabin José Milton Dallari Soares João de Almeida Sampaio Filho Sylvia Wachsner Antônio Delfim Netto Roberto Paraíso Rocha João Carlos Faveret Porto Sérgio Franklin Quintella Kátia Abreu Antônio Cabrera Mano Filho Jório Dauster Elizabeth Maria Mercier Querido Farina Antonio Melo Alvarenga Neto Arnaldo Jardim John Richard Lewis Thompson José Carlos Azevedo de Menezes Afonso Arinos de Mello Franco Roberto Rodrigues João Carlos de Souza Meirelles Fábio de Salles Meirelles Leopoldo Garcia Brandão Alysson Paolinelli Osaná Sócrates de Araújo Almeida Denise Frossard Luís Carlos Guedes Pinto Erling Lorentzen Gustavo Diniz Junqueira Eliseu Alves Walter Yukio Horita Ronald Levinsohn Francisco Turra Cesário Ramalho da Silva Izabella Mônica Vieira Teixeira João Guilherme Ometto Alberto Werneck de Figueiredo Maurício Antonio Lopes Maurílio Biagi Filho

Diagramação e Arte I Graficci Comunicação e Design igraficci@igraficci.com.br CAPA Secom Toledo Produção Gráfica Juvenil Siqueira Circulação DPA Consultores Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br Fone: (11) 3935-5524 Distribuição Nacional FC Comercial

É proibida a reprodução parcial ou total, de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor. O conteúdo das matérias assinadas não reflete, obrigatoriamente, a opinião da Sociedade Nacional de Agricultura. Esta revista foi impressa na Edigráfica Gráfica e Editora Ltda. – End.: Rua Nova Jerusalém, 345 – Parte – Maré – CEP: 21042-235 – Rio de Janeiro, RJ – CNPJ (MF) 04.218.430/0001-35 Código ISSN 2237-132X – Tiragem: 15.000


Sumário

12 06

16 20

46 44

28

48

34 52

59

54

61

56 62 06 12 16 20 28 34 44 46 48

66

Cenários para o setor brasileiro de carnes

Novo panorama da febre aftosa no Brasil e na América do Sul

Ciência e Tecnologia

Suinocultura moderna

Cavalo Crioulo: uma raça que faz sucesso Acondicionamento térmico natural de instalações para produção animal no Brasil Indicação Geográfica (IG), importante recurso de marketing para beneficiar produtores e consumidores A contribuição do agronegócio para o PIB é muito expressiva Desequilíbrio ecológico aumenta risco de doenças no homem e nos animais de produção

52 54 56 59 61 62 66

Pet Business

Monitoramento vai melhorar a qualidade do leite

Top News

Números

Síntese Cadastro Ambiental Rural - CAR A real ordenação do território rural Opinião

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Cenários para o setor

brasileiro de carnes Por: Fernando Roberto de Freitas Almeida, Instituto de Estudos Estratégicos, da Universidade Federal Fluminense

Erico Jr Morais / Pixabay

As dificuldades enfrentadas pela economia brasileira, desde o ano passado, abrangem a maior parte dos setores. Alguns mercados de bens de luxo

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não são tão afetados, mas o mercado interno como um todo se ressente da retração no nível de renda e, logo, no número de consumidores.


Erico Jr Morais / Pixabay

O

consumo médio de carne bovina no Brasil, como divulgado pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná, reduziu-se dos 41,5 quilogramas por habitante, em 2014, para 36,5 quilogramas por habitante, em 2015 e, atualmente, há preocupação com possível estagnação do mercado. Muitas empresas que já vinham diversificando seus compradores estão reagindo bem, enquanto outras passaram a atentar mais para o mercado externo, ficando vulneráveis à volatilidade do câmbio.

Desempenho brasileiro As estatísticas oficiais quanto ao desempenho brasileiro no mercado mundial das carnes mostram que, a cada ano, o país se destaca mais, em termos não apenas quantitativos. Como registra o Ministério da Agricultura, “a participação brasileira no comércio internacional vem crescendo, com destaque para a produção de carne bovina, suína e de frango. Segundo essa fonte, até 2020, a expectativa é que a produção nacional de carnes suprirá 44,5% do mercado mundial. Já a carne de frango terá 48,1% das exportações mundiais e a participação da carne suína será de 14,2%. Essas estimativas indicam que o Brasil pode manter posição de primeiro exportador mundial de carnes bovina e de frango. As maiores taxas de crescimento da produção, no período 2014/15 a 2024/25, são as esperadas para a carne de frango, que deve crescer anualmente a 3%, e para a carne suína, cujo crescimento projetado para esse período é quase o

mesmo, chegando a 2,9% ao ano. A produção de carne bovina tem um crescimento projetado de 2,1% ao ano, o que também representa um valor relativamente elevado, pois consegue atender ao consumo doméstico e às exportações.

Preços ao produtor Em termos de preços ao produtor, prevê-se que devam crescer fortemente durante os próximos dez anos, especialmente para carne de porco, e carne bovina, enquanto os preços do frango devem crescer a taxas mais modestas, de acordo com as estimativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e a FAO.

Produção Em termos das produções do setor de proteína animal, projetam-se os seguintes desempenhos do país, pelos próximos dez anos:

Brasil: Projeções da produção de carne – 2016-2025 ANO

CARNE BOVINA

CARNE SUÍNA

CARNE DE AVES

2016

9.695

3.675

13.730

2017

9.840

3.823

14.010

2018

9.690

3.980

14.626

2019

10.237

4.049

14.918

2020

10.521

4.140

15.541

2021

10.566

4.227

15.838

2022

10.796

4.358

16.465

2023

11.185

4.478

16.763

2024

11.199

4.600

17.390

2025

11.355

4.700

17.689

Fonte: Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Embrapa e Conab Animal Business-Brasil_7


Como resultado dos novos acordos firmados pelo governo brasileiro com a República Popular da China no ano passado, a receita das exportações para aquele país aumentou 200% no primeiro quadrimestre deste ano em comparação com igual período do ano passado. Assim, entre 2016 e 2025, os aumentos na produção poderão ser de 23,3% para a carne bovina, de 35,1% para a suína e de 34,7% para a de frango. O aumento conjunto das três totaliza 7,9 milhões de toneladas, no total, ao fim do período. Para o consumo brasileiro, no mesmo decênio, os acréscimos esperados seriam de 17,8% para o de carne bovina, 30,5% para a carne suína e 32,1% para a de frango, conforme as mesmas fontes.

Concorrência

Petra Bosse / Pixabay

Evidentemente, como já observado aqui, todo cuidado é pouco, em razão da concorrência forte no mercado global e da conscientização cada vez maior dos consumidores em todo o planeta, com referência à qualidade do que lhes é oferecido. Os setores técnicos do Ministério da Agricultura, por intermédio da Secretaria de Defesa Agropecuária, entre outros, precisam dispor de recursos adequados, em quantidade e

no tempo propício, para poder cumprir suas funções de regulamentar e controlar mercadorias de origem animal a serem exportadas, atestando sua qualidade e segurança, evidentemente com credibilidade. As secretarias de agricultura estaduais, do mesmo modo, efetuam a fiscalização, nos territórios sob sua responsabilidade, visando à conformidade entre a legislação de inspeção industrial e sanitária brasileira e as normas de sanidade exigidas pelo país importador. Uma simples notícia equivocada sobre um problema sanitário pode provocar perdas de porte, até porque o setor é gigantesco, em nosso país.

Notícias positivas Algumas notícias, porém, são altamente positivas. Por exemplo, como resultado de novos acordos firmados pelo governo brasileiro com a República Popular da China, no ano passado, a receita de exportações das carnes brasileiras, para o colosso asiático, registrou espetacular crescimento de 200%, no primeiro quadrimestre do ano corrente, comparativamente ao mesmo período de 2015. Os chineses adquiriram do Brasil 221 mil toneladas de proteína animal, com alta de 148% na mesma comparação de tempo. A avicultura continua sendo o carro-chefe, com 150 mil toneladas vendidas, mais 68%, enquanto as vendas das carnes bovina e suína, que tiveram pouca expressão em 2015, também tiveram um bom desempenho. No total, o setor arrecadou para nosso país US$ 508 milhões e só se projetam resultados cada vez melhores.

Performance do agronegócio O agronegócio brasileiro, como um todo, está faturando, em 2016, 49% a mais, com faturamento no primeiro quadrimestre de US$ 6,6 bilhões, apesar dos problemas que ocorrem nas duas pontas da corrente de comércio. Evidentemente, se uma 8_Animal Business-Brasil


Unsplash / Pixabay

economia do porte da chinesa que, há alguns anos, é a maior do mundo, quando medida pela Paridade do Poder de Compra, continua crescendo entre 6,5% e 7% ao ano, não deixa de mobilizar recursos gigantescos de todas as regiões do globo, para o atendimento de suas necessidades. Para o Brasil, é claro que não basta tão somente depender da demanda daquele país. Deverá estar sempre procurando diversificar sua presença nos mercados internacionais. Registre-se, aliás que, há alguns meses, importadores de alimentos do Oriente Médio observaram que apreciariam ter maior participação brasileira em seus negócios, caso soubéssemos nos promover melhor, tornando não só os produtos tradicionais mais conhecidos como, também, apresentando detalhadamente todo o potencial da agropecuária brasileira. Para a China, além da pauta tradicional, já se está conseguindo apresentar novos produtos agropecuários. Citando mais uma vez as autoridades brasileiras, da área, o Ministério da Agricultura divulgou, há pouco, que “a comissão científica da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reconheceu quatorze estados e o Distrito Federal como zona livre da peste suína clássica, doença

de notificação obrigatória para a autoridade internacional (os últimos casos haviam sido relatados em 2009, no Amapá, Pará e Rio Grande do Norte, mas comprometiam o país todo). O status foi aprovado durante a 84ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Paris, que terminou dia 27 de maio”.

Sanidade Cabe destacar que, além do Distrito Federal, os estados reconhecidos como área livre da doença são: Acre, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe, Tocantins e parte do Amazonas (municípios de Guajará, Boca do Acre, sul de Canutama e sudoeste de Lábrea). Até esse momento, apenas dois estados já tinham o certificado da OIE: Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Isso ajudará sobremaneira nas tratativas para a ampliação dos mercados e nossos produtos, não descurando dos problemas internos, como a busca de redução de custos, de forma considerada segura. Animal Business-Brasil_9




Novo panorama da

febre aftosa no Brasil e na América do Sul Por:

Albino J. Belotto, Ex-diretor do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa da OPAS/OMS, Membro-titular da Academia Brasileira de Medicina Veterinária.

A ausência de casos clínicos de Febre Aftosa, no Brasil por mais de 10 anos e na América do Sul por um período superior a quatro anos, representa uma situação inédita e extremamente positiva na história da ocorrência da doença, e na luta para a sua erradicação nas Américas.

A

Febre Aftosa é uma doença infecciosa e altamente contagiosa, que tem causado elevadas perdas econômicas e grandes obstáculos ao desenvolvimento da produção pecuária, em particular e ao agronegócio em geral. Por ser a principal barreira sanitária direta ao comércio de animais e seus produtos e indireta a outros produtos agrícolas, restringe o intercâmbio agrícola, em todos os aspectos, entre países e dentro dos próprios países, como no caso do Brasil.

Primeira etapa Os resultados alcançados nesta primeira etapa da erradicação da Febre Aftosa, na América do Sul, representam uma vitória ao grande esforço expendido por mais de cinco décadas pelos países, representados pelos diversos setores da cadeia produtiva pecuária, pelos serviços veterinários oficiais, serviços veterinários privados e pelos organismos internacionais de cooperação técnica em saúde animal, liderado pelo Centro 12_Animal Business-Brasil

Pan-Americano de Febre Aftosa (PANAFTOSA) da OPAS/OMS, com sede no Brasil.

Perspectiva de erradicação Pela primeira vez na história da longa luta contra a febre aftosa, estamos diante da real perspectiva de sua erradicação na totalidade do Continente Americano. Tal condição traz excelentes oportunidades ao agronegócio, mas também grandes desafios não só para manter os resultados alcançados, mas acima de tudo nas medidas a serem implementadas, necessárias para a mudança de paradigma de controle para prevenção da doença. A favorável situação atual permitiu que a grande maioria das zonas pecuárias dos países da América do Sul, conseguisse a certificação internacional de livre de febre aftosa com vacinação. Chile, Guiana, algumas regiões da Colômbia e do Peru e o Estado de Santa Catarina no Brasil, adquiriram a condição de livres sem vacinação, em diferentes momentos. Vale esclarecer que os países da América do Norte, da América Central e os países ilhas do Caribe são historicamente livres sem vacinação, tendo o último surto de aftosa ocorrido no México em 1949 e erradicado em 1954.

Vantagens parciais A condição sanitária de um país livre de aftosa com vacinação, etapa necessária para lograr a erradicação plena, traz sem dúvida vantagens parciais ao comércio de animais e seus produtos, principalmente carne. Como exemplo se pode citar a crescente exportação de carne do Brasil para a China, hoje o primeiro destino da exportação brasileira dessa “commodity”.


Entretanto, somente com a retirada da vacinação conclui-se o processo de erradicação e o reconhecimento internacional de país livre de aftosa pode ser obtido. Esta condição é indispensável, do ponto de vista sanitário, para um país competir plenamente no comércio global de animais e seus produtos.

Vantagens únicas Para o Brasil e outros países exportadores de carne da América do Sul, atualmente livres de aftosa com vacinação, o esforço final para alcançar a erradicação plena, traria vantagens comparativas únicas para a exportação de carnes e outros produtos de origem animal. A condição de livre sem vacinação certamente atrairá novos investimentos voltados à melhoria da qualidade na cadeia produtiva facilitando a conquista de novos mercados com maior poder de compra. Assim, parte da produção de carne, comercializada hoje como “commodity”, gradativamente se transformaria em cortes especiais (carne gourmet), com maior valor agregado, destinado a nichos com maiores exigências tanto no mercado interno quanto externo.

Aliança para a consolidação É louvável a conquista alcançada na luta pela erradicação da febre aftosa no Brasil e na América do Sul, verdadeiro patrimônio coletivo alcançado após décadas de esforço humano e financeiro, que temos a obrigação técnica e social de manter. Entretanto, devemos reconhecer que a identificação e o entendimento por todos os interessados das ações individuais e coletivas a serem postas em prática nos anos vindouros serão de vital importância para manter os logros alcançados e preparar o terreno para interromper a vacinação da febre aftosa, passo fundamental para o reconhecimento total de livre da doença.

Compreensão de todos Mais do que nunca se faz necessária a compreensão em todos os níveis e por todos os setores e atores que a disciplina e a tomada de decisões pensadas, discutidas, analisadas e decididas de forma colegiada serão a melhor maneira de adquirir as condições seguras para a transição do ambiente atual com vacinação para o ambiente desejado sem vacinação de febre aftosa.

Dr. Albino J. Belotto, Ex-diretor do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa

Para tanto, é imprescindível fortalecer as estruturas existentes, públicas e privadas, nacionais e internacionais, as quais além de terem contribuído de forma significativa para o êxito do controle da febre aftosa, detêm experiência de grande utilidade para esta fase de erradicação plena. Exemplos desses foros são: COSALFA, COHEFA, GIEFA, RIMSA, Comitês de Saúde Animal das sub-regiões do Cone Sul, Área Andina, América Central e Caribe Hispânico, América do Norte, e Caribe. Assim mesmo, fortalecer acordos e coordenação com o setor privado (parcerias público-privadas): Associações e Federações de produtores, CNPC e SIMDAN, entidades de classe, veterinários privados, entre tantos outros. Da mesma forma, é de importância capital robustecer os Serviços Veterinários Oficiais e instituições reguladoras, os acordos de cooperação bilaterais e multilaterais e com os organismos internacionais de cooperação técnica; OPAS/OMS/PANAFTOSA, OIE, FAO, IICA.

Evento de alto nível É oportuno o momento para a realização de um evento de alto nível para realinhar as alianças e compromissos, aglutinar esforços para direcionar as ações de maneira objetiva, para que a contribuição de todos e cada um dos participantes seja somada na execução de um plano geral, para o esforço final de erradicação completa da febre aftosa. O evento poderia ser planejado de forma similar à Conferência Hemisférica para a Erradicação da Febre Aftosa, realizada em Houston – Texas, Animal Business-Brasil_13


em 2004. Participaram da Conferência altas autoridades públicas, inclusive ministros, dirigentes do setor privado, organismos internacionais de financiamento e cooperação técnica, entre outros. O resultado da Conferência foi um compromisso coletivo, Carta de Houston, para erradicar a febre aftosa em nível continental e a criação do Grupo Executivo para a Erradicação da Febre Aftosa (GIEFA), entidade aberta, sem fins lucrativos, com flexibilidade de ação, para a mobilização de recursos, e da vontade política (pública e privada) para a erradicação da Febre Aftosa. Passados 12 anos da Conferência, os resultados alcançados pelos países, como já foi mencionado, foram altamente positivos, refletidos no reconhecimento internacional da quase totalidade do Continente livre com vacinação.

Mudando o paradigma Reconhece-se que interesses díspares podem acelerar ou retardar o processo de interrupção da vacinação de Febre Aftosa, sejam por motivos políticos, econômicos, interesses de setores especiais, possível dificuldade financeira circunstancial de parte da cadeia produtiva de carne, entre outros. Entretanto, tais interesses não podem absolutamente suplantar as medidas técnicas requeridas antes de suspender a vacinação, e que devem tomar em conta as características inerentes à própria enfermidade e seu poder infeccioso e de rápida disseminação em caso de reintrodução em uma área livre sem vacinação. Este risco potencial permanente requer um detalhado plano de contingência que deve ser atualizado e avaliado periodicamente.

Experiências recentes Experiências recentes em nossa região, na Europa e outras partes do mundo indicam o alto custo econômico e social da reintrodução do vírus da aftosa em áreas livres. Em 2001, Argentina, Uruguai e o estado do Rio Grande do Sul, sofreram grandes perdas pela reintrodução devastadora da aftosa, menos de dois anos após terem se autodeclarados livres e interromperem a vacinação. No mesmo ano, a Inglaterra proporcionou ao mundo um dos episódios mais impactante em termos de bem-estar animal e contaminação ambiental, ao sacrificar e cremar cerca de 10 milhões de animais para eliminar a doença reintroduzida no país. Tais experiências devem ser balizadoras no momento atual em que toda a comunidade pecuária, pública e privada, busca o melhor caminho para interromper a vacinação contra a Febre Aftosa no Brasil e nos demais países da América do Sul.

Custos Os custos históricos totais dos programas de controle da Febre Aftosa na América do Sul têm girado em torno de dois bilhões de dólares por ano (valor atualizado para 2015). O custo do Brasil representa aproximadamente 50% desse valor. Nota-se que Chile, país livre sem vacinação desde 1987, tem um custo de prevenção da Febre Aftosa de apenas um milhão de dólares anuais, comparado com 13 milhões de dólares do Equador, segundo país com menor custo, hoje reconhecido livre com vacinação.

Focos de febre aftosa nos países membros da COSALFA, de 2001 a 2015. País/Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Argentina 2126 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Bolívia 88 9 9 0 0 0 15 0 0 0 0 0 0 0 0 Brasil 15 0 0 5 34 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Chile 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Colômbia 5 8 0 2 1 0 0 5 1 0 0 0 0 0 0 Equador 23 108 22 42 22 15 7 15 109 42 3 0 0 0 0 Guiana 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Panamá 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Paraguai 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 Peru 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Uruguai 2057 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Venezuela 4 9 63 34 13 36 43 49 11 3 2 0 2 0 0 Fonte: Informe de Situação dos Programas de Erradicação da Febre Aftosa, Ano 2015. PANAFTOSA - OPAS/OMS. 14_Animal Business-Brasil


Uruguai Em 2001, a Febre Aftosa foi reintroduzida no Uruguai. O custo total para o país, (incluindo perdas de exportação de carne, insumos e ações sanitárias) para recuperar a condição de livre (agora com vacinação) foi de 215 milhões de dólares. Este montante daria para cobrir vários anos do custo de um eficiente programa de prevenção. Exemplos de programas de prevenção da Febre Aftosa são: a) Programa Binacional México – Estados Unidos, estabelecido na década de 1950, mantém estruturas de diagnóstico, incluindo espaço de biossegurança, vigilância epidemiológica e de contingência com um banco de vacinas. b) Declarado livre de aftosa em 1987, Chile estruturou um programa de prevenção fundamentado no conceito da aftosa como doença exótica de importância socioeconômica para o país. Sua estrutura de prevenção foi testada em um episódio real, ao debelar com êxito a reintrodução da enfermidade no país em 1981. Desde então, o Chile se mantém livre sem vacinação, condição que tem proporcionado excelentes oportunidades de exportação de produtos de origem animal de alto valor agregado.

2015 17.990.279

334.826.918 População bovina nas zonas livres (com e sem vacinação) da febre aftosa População bovina nas zonas não livres da febre aftosa

Fonte: Informe de Situação dos Programas de Erradicação da Febre Aftosa, Ano 2015. PANAFTOSA - OPAS/OMS.

Erradicação completa Para concluir, vale reiterar que a grande porta para a completa erradicação da febre aftosa no Brasil e nos demais países da América do Sul está aberta e a conclusão dessa missão é agora factível em relativo curto prazo. Para tanto é necessário que a sociedade da pecuária se organize com presteza e eficiência, porque sabemos que, sem a presença clínica da doença, corremos o risco de que nossas defesas sanitárias se acomodem, inclusive com possível redução dos níveis de imunidade de rebanho decorrentes de decisões isoladas e individuais de interromper a vacinação, pela redução na percepção de risco pelos produtores ou simplesmente para economizar ao não mais comprar vacina. Certamente, estes aspectos vêm sendo considerados nos meios oficiais e no seio da cadeia produtiva pecuária e uma grande e poderosa aliança de todas e cada uma das milhares de pessoas e instituições comprometidas, garantirão que o êxito deste tão esperado sonho de tornar todo o Continente Americano livre da temida Febre Aftosa se torne realidade.

Países Membros e zonas reconhecidas livres da febre aftosa sem vacinação Países Membros e zonas reconhecidas livres da febre aftosa com vacinação Países e zonas que não são reconhecidas pela OIE como livres da febre aftosa

Animal Business-Brasil_15


Lopes Cavalcante

Divulgação

Por: Adeildo

Cooperativa Aurora desenvolve e lança bebida láctea com fibras prebióticas (benéficas à saúde) Com o produto, a cooperativa (uma das maiores do setor de alimentos do Brasil) amplia sua produção de lácteos (composta por leite UHT integral, creme de leite, queijos prato, muçarela, minas frescal e iogurtes). De sabor morango, o novo produto se diferencia de outras bebidas lácteas por conter fibras prebióticas. Essas substâncias contribuem para melhorar o funcionamento do intestino e evitar a ocorrência de doenças cardíacas, diabetes, obesidade e diarreias.

EMBRAPA lança e coordena projeto de coleta automática de amostras de leite no Rio Grande do Sul

Divulgação

O projeto é uma parceria entre o núcleo Clima Temperado da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EM-

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BRAPA), Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do estado do Rio Grande do Sul, Cooperativa Sul-Rio Grandense de Laticínios Ltda. e a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul e pode resultar na implantação, no Rio Grande do Sul, de um sistema controlado e seguro de coleta e transporte de leite de vaca para a indústria. Atualmente, as amostras coletadas para análises de controle de qualidade do leite são retiradas manualmente dos caminhões-tanque de armazenamento pelo transportador. O novo sistema permite que as amostras sejam retiradas por coletadores automáticos instalados nos caminhões, evitando situações de fraude ou adulteração do produto.


Divulgação

EMBRAPA e Universidade Federal do Piauí criam um novo tipo de bovino de corte A conquista é resultado do cruzamento entre touros da raça brasileira Curraleiro Pé-Duro e vacas da raça Nelore, originária da Índia. O novo bovino é mais precoce que o Nelore e vai mais cedo para o abate, com apenas dois anos de idade e pesando 45 quilos de carne a mais. Se for preparado para abate em regime de confinamento, o período é reduzido em até seis meses, aumentando ainda mais o peso. O animal apresenta outra grande vantagem: é rústico, o que lhe permite adaptar-se ao ambiente tropical de quase todas as regiões brasileiras (caracterizado por calor, escassez de água e pastagens nativas). Além disso, é resistente a parasitas que atacam os bovinos (como vermes, carrapatos, bernes e mosca-do-chifre), causando grandes prejuízos aos criadores.

EPAMIG desenvolve sistema para produção de tilápias em caixas de fibra de vidro Desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), o sistema apresenta diversas vantagens, entre elas a facilidade de manejo e aumento significativo do volume de peixes produzidos e vem sendo divulgado por técnicos daquela empresa (foto) em encontros com piscicultores de Minas e de outros estados. O sistema tem por base caixas de fibra de vidro, nas quais a água circula ininterruptamente. O emprego dessas caixas d’água circulares, com pequenas adaptações, permite, segundo a EPAMIG, implantar unidades produtivas com o menor custo. Além disso, proporciona menor emprego de mão de obra, já que o manejo da tilápia é bastante facilitado. Divulgação

O criador Alaor Ávila Filho, dono da Fazenda Panorâmica do Turvo, em Goiás (na foto com animais de sua criação), adotou uma nova técnica desenvolvida pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), em São Paulo, e passou a obter animais para abate com maior peso em menos tempo. A técnica, batizada pela APTA de “Boi 7.7.7”, tem como resultado um animal com sete arrobas na desmama, sete na recria e outras sete na engorda, totalizando 21 arrobas no momento do abate. Esse resultado é obtido em dois anos no máximo. No sistema tradicional de produção são necessários, no mínimo, três anos para o animal atingir 18 arrobas. O sucesso da técnica, segundo a APTA, envolve, principalmente, manejo de pasto e suplementação alimentar.

Fernando Sinimbu

Criador de gado Nelore obtém boi para abate um ano mais cedo

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Divulgação

Novidade: Piraí Tanques desenvolve bomba para colheita de peixes criados em cativeiro Já é possível colher peixes criados em cativeiro com bomba acionada com energia elétrica ou comandos hidráulicos (a colheita geralmente é feita manualmente). Para isso a empresa Piraí Tanques Rede Ltda., localizada no Paraná, desenvolveu, com tecnologia nacional, um modelo daquele equipamento para atender às necessidades dos piscicultores que exploram

Esse resultado foi obtido em pesquisa realizada pela Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (ligada ao governo de São Paulo) com novilhas mestiças, derivadas de cruzamentos entre animais das raças Holandesa e Gir, originárias, respectivamente, da Holanda e da Índia). Com o estudo conseguiu-se antecipar em cerca dois anos a idade ao primeiro parto das novilhas (a maioria desses animais geralmente entra em produção com idade superior a quatro anos de idade).

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Para o sucesso da técnica, a alimentação fornecida aos animais desempenha papel importante. Além de capim, eles recebem suplementos específicos; na época das águas (suplemento energético-mineral) e na época da seca (suplemento proteico-mineral). Com a técnica o criador aumentou o número de animais em produção e passou a produzir mais leite, ganhando mais dinheiro. Divulgação

Técnica da APTA faz novilha leiteira mestiça entrar em produção mais cedo

suas atividades em tanques escavados, ou com a utilização de tanques-rede em lagos e reservatórios. O equipamento tem capacidade para movimentar aproximadamente oito mil litros de água por minuto e bombeia até doze mil quilos de peixe por hora; em seguida, em uma parte da bomba denominada separador, os peixes de até 1.300 gramas são retirados da água e direcionados, segundo o interesse do produtor, para caixas com gelo, veículos de transporte ou tanques-rede.


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Suinocultura

moderna Por:

BĂŠth MĂŠlo, jornalista

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Lucas Scherer / Embrapa Suinos e Aves

Quarto maior produtor mundial de suínos com 3,6 milhões de toneladas, e quarto maior do ranking entre os exportadores, com 550 mil toneladas anuais,

o Brasil possui um rebanho de 1,6 milhão de matrizes, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS).

A

suinocultura brasileira tem evoluído constantemente para atender ao mercado, oferecendo uma carne cada vez mais magra, saudável e segura, produzida com alta tecnologia e dentro dos preceitos de sustentabilidade econômica, social e ambiental. “O consumidor quer um alimento saboroso, saudável, barato, que seja produzido com responsabilidade socioambiental, respeitando os requisitos de bem-estar animal (BEA)”, atesta Nilo Chaves de Sá, diretor-executivo da ABCS. “Ao mesmo tempo, a produção está cada vez mais tecnificada, visando otimizar os recursos hídricos, o consumo de ração e a economia de mão de obra”, completa.

Tendência Sá aponta como principal tendência da suinocultura moderna o bem-estar animal, que vem sendo cada vez mais exigido pelos consumidores. Conforme explica, isso implica em alterações estruturais nas granjas o que, em muitos casos, gera investimentos em tecnologias que permitam atender aos requisitos de BEA e, ao mesmo tempo, melhorar a eficiência de recursos escassos, como mão de obra, e, ainda, incrementar a produtividade. “A climatização das granjas, visando atender à temperatura de conforto dos animais em todas as fases de produção também é uma forte tendência”, completa. Cleandro Pazinato, consultor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), também menciona entre as principais tendências da suinocultura, a preocupação com meio ambiente, bem-estar animal (em relação aos bons tratos e à ambiência nas construções). “Cada vez mais, a suinocultura moderna está sendo instalada em fazendas com esse direcionamenAnimal Business-Brasil_21


to; o objetivo principal é produzir carne com o mínimo possível de resíduos, inclusive de antibióticos, o que denota uma preocupação com a saúde do consumidor e com o que o mercado quer, seja ele interno ou internacional”, resume.

Pesquisa

Lucas Scherer / Embrapa Suinos e Aves

Além do foco no bem-estar animal, Osmar Antonio Dalla Costa, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, afirma que as pesquisas em suinocultura estão voltadas para o alojamento de fêmeas em baias coletivas, com estação de alimentação ou não. “Apesar de ter custo mais elevado, a grande vantagem desse sistema é o maior gerenciamento do que a matriz consome”, observa. Segundo Costa, na fase de creche, o objetivo principal é o alto desempenho dos animais com redução dos problemas sanitários. Os estudos também contemplam a melhoria da ambiência das instalações, visando ao conforto em todas as fases de criação. Já o manejo pré-abate, busca alternativas para minimizar o sofrimento dos animais.

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“A expectativa é fornecer ao consumidor um alimento saudável, seguro, sem o uso de antibióticos, respeitando o meio ambiente e bem-estar dos animais e das pessoas envolvidas no processo”, salienta e acrescenta que o nível de automatização da atividade tem reduzido o uso de mão de obra que está cada vez mais sofisticada". “Depois de consolidar a preferência pelo suíno tipo carne, a próxima etapa é buscar um animal com gordura intramuscular para dar mais maciez e sabor à carne”, antecipa a tendência.

Biotecnologias Mariana Marques, pesquisadora do Núcleo Temático de Produção de Suínos da Embrapa Suínos e Aves, afirma que atualmente há várias biotecnologias da reprodução disponíveis para a suinocultura. “Cabe ao veterinário, conjuntamente com o produtor, avaliar qual a melhor alternativa a ser utilizada, levando em consideração principalmente a situação da granja e o custo-benefício”, orienta.


Entre as de biotecnologias utilizadas na reprodução suína, Mariana cita a avaliação seminal que aumenta a acurácia da predição da fertilidade do sêmen, podendo acarretar na redução de espermatozoides por dose, fato que produziria um forte impacto econômico. “Visando também à redução da quantidade de espermatozoides por dose, observa-se a rápida difusão da utilização de pipetas que proporcionam a inseminação pós-cervical". Outra biotecnologia que vem ganhando espaço é a utilização de protocolos hormonais para a sincronização das inseminações. “Vários tipos de protocolos, que permitem sincronizar até o momento da ovulação, podem proporcionar a inseminação em tempo fixo, sem a necessidade de detecção de cio, o que é bastante promissor em tempos de mão de obra reduzida e com alto custo”, explica. Segundo Mariana, a melhoria do controle do ciclo estral, por meio de hormônio, também auxilia na utilização de outras ferramentas, como o uso de sêmen congelado, o que viabiliza a importação de sêmen, apoiando o desenvolvimento de programas nacionais de melhoramento genético. Outra tecnologia amplamente aplicada na bovinocultura, mas ainda em fase de pesquisa e desenvolvimento, é a técnica de produção de embriões in vitro (PIV). “Além de ser uma possível ferramenta para a avaliação da fertilidade em machos, a produção de embriões in vitro em suínos ainda é considerada abaixo do ideal, sendo que os índices de embriões que atingem o estágio de blastocisto são em média de 20% a 30%”, acentua. Neste aspecto, a pesquisadora afirma que a espécie suína apresenta dois problemas que precisam ser resolvidos: os altos graus de polispermia (penetração por mais de um espermatozoide em um óvulo) e menores índices e qualidade dos blastocistos produzidos in vitro, quando comparadas aos in vivo.

Baixa emissão de carbono Sidney Medeiros, fiscal agropecuário do Mapa, diz que o projeto de Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono tem o objetivo maior de disseminar junto aos produtores e aos outros atores do setor as principais alternativas de uso econômico para o tratamento dos dejetos. O ponto de partida foi o levantamento de todas as tecnologias utilizadas no país, seguida da análi-

se de viabilidade econômica, considerando os diferentes sistemas e escalas de produção. “Os modelos que se demonstraram viáveis foram a produção de energia térmica e elétrica, por meio da geração de biogás, e o uso de biofertilizantes sólido ou líquido para a agricultura e pecuária”, explica e acrescenta que a última etapa é a difusão da informação, por meio de 12 fóruns. Em relação à suinocultura de baixa emissão de carbono, Fabiano Coser, consultor do Mapa ligado ao plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), afirma que a tendência é aproveitar todo o resíduo da criação. “Atualmente, a suinocultura é uma atividade muito mais sustentável porque, além de não poluir o ambiente, com a utilização dos resíduos, busca uma solução economicamente viável para o produtor agregar à sua propriedade”, analisa Coser. Além do surgimento de novas tecnologias, o diretor-executivo da ABCS destaca a melhoria da qualidade dos produtos disponíveis no mercado, sobretudo dos biodigestores e dos grupos geradores utilizados para a geração de energia elétrica. Ele conta que no Brasil, também já há projetos com turbinas para geração de energia elétrica a partir do biogás. “As tecnologias para a redução da emissão de carbono estão se tornando cada vez mais baratas, duráveis e eficientes, o que, certamente, auxiliará a sua expansão pela suinocultura brasileira”, atesta Sá. Rodrigo Nicoloso, do Núcleo Temático de Meio Ambiente da Embrapa Suínos e Aves, lembra que existem duas tecnologias, hoje subsidiadas pelo governo federal, no contexto da suinocultura de baixo carbono e do Plano ABC: o tratamento de dejetos por biodigestão e a compostagem. O pesquisador afirma que, além dessas, outras tecnologias desenvolvidas pela Embrapa e parceiros têm contribuído para a redução das emissões de gases de efeito estufa na suinocultura e atividades correlatas. Dentre essas, Nicoloso destaca o aumento da eficiência de conversão alimentar na produção de suínos, redução do consumo energético nas granjas, tecnologias para aumentar a eficiência de reciclagem dos dejetos como fertilizantes (injeção de dejetos no solo, entre outras), produção de adubos orgânicos e organominerais, reaproveitamento energético do biogás e produção de microalgas, entre outras. Animal Business-Brasil_23


Gargalo

Gestão

Na opinião de Dirceu Zotti, gerente da Divisão Integração Pecuária da Cooperativa Lar, o principal gargalo da suinocultura é a ausência de uma política pública definida, que gera altos e baixos, tanto nos custos quanto nos preços. “Neste momento, vivemos uma grande crise, justamente por não termos um setor público que controle os estoques reguladores, principalmente de milho, fazendo com que o cereal, ainda com safra recorde no ano passado, fosse em grande parte exportado gerando falta de produto, agora com preços nunca antes praticados no mercado, e praticamente inviabilizando a atividade”, exemplifica. Para Sá, além da falta de políticas públicas que auxiliem os produtores nos momentos de crise, outro gargalo é o alto custo de capital, o que reduz investimentos em tecnologia e expansão. Soma-se a isso, o aumento do custo da mão de obra e da alimentação. “Em razão do alto custo de mão de obra e, principalmente, de alimentação, o momento atual é delicado para o suinocultor, com o milho apresentando alta superior a 80% em um ano”, pondera Sá. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), no fim de abril, as cotações do milho estiveram cerca de 85% acima das observadas há um ano, em termos nominais, considerando-se a média das praças pesquisadas pelo órgão. Dependendo da região do Brasil, o prejuízo ultrapassa R$100,00 por animal vendido”, calcula o diretor-executivo da ABCS. “A solução de curto prazo para driblar os custos é cortar despesas desnecessárias e parar os investimentos, fazendo apenas o estritamente necessário”, aconselha. Na visão de Sá, com a alta de milho e a perspectiva de manutenção de preços num alto patamar, esse ano será bem difícil para o produtor. “O setor aguarda a decisão governamental sobre pleitos, como isenção de PIS+Cofins para a importação de milho e o aumento do limite de venda de milho balcão, que possam auxiliar os produtores a suportar este difícil momento”, observa. Em relação à mão de obra, o executivo afirma que “o setor tem trabalhado com um quadro menor, porém mais qualificado e melhor remunerado, sendo necessário também investimentos em automação para permitir tal ajuste”.

Segundo Zotti, nos últimos anos, o modelo de gestão da Cooperativa Lar tem foco muito forte nos custos de produção. “Essa estratégia nos levou a repensar a gestão de nossas granjas, procurando produzir mais com menos, valorizando as pessoas comprometidas com o processo e fazendo com que se sintam realmente parte da empresa”, conta e acrescenta que as pessoas são bem remuneradas e respeitadas. “Em contrapartida, temos atingido resultados surpreendentes; para se ter uma ideia, conseguimos reduzir pela metade o quadro de profissionais de nossas granjas e, o mais importante, melhorando os resultados zootécnicos que já considerávamos bons, mantendo a boa qualidade que sempre está no nosso foco”. Para resolver os problemas relacionados à mão de obra, Zotti diz que a empresa realiza treinamentos constantes, seja com profissionais do mercado e, principalmente, com o próprio corpo técnico e funcional da Cooperativa. “Porém o que faz toda diferença é uma rotina diária de trabalho, com reuniões pré-datadas, com protocolos simples, de fácil entendimento, onde todos tenham acesso aos dados e possam, com a ajuda dos líderes, tomar decisões mais assertivas”, destaca, e completa: “Nosso grande objetivo é que cada pessoa se sinta dona do seu setor”. A Cooperativa Lar foi fundada em 1964 por 55 produtores e uma das principais atividades, na época, era a criação de suínos de subsistência. Atualmente, no sistema de integração com cerca de 200 produtores de leitões e terminadores, a maioria das matrizes está nas mãos da cooperativa que entrega ao parceiro terminador para a reprodução. “A Lar sempre teve na suinocultura uma importante atividade, que gera renda ao produtor e diversifica a pequena propriedade, mantendo-a no campo com boa qualidade de vida”, analisa Zotti.

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Granja Miunça Há 32 anos, a Granja Miunça começou a produzir suínos na região rural de Brasília, DF, utilizando a melhor tecnologia disponível na época, e obteve ótimos retornos, segundo o titular do projeto, o paulista Rubens Valentini. “No entanto, logo ficou claro, especialmente para minha mulher e filhas, que a manutenção


no entanto, quem não segue o padrão, sai do mercado”, preconiza. Movido pelo sentimento familiar de desconforto, os Valentini procuraram uma alternativa que permitisse soltar as porcas durante os quase quatro meses de gestação. “Em cada etapa de ampliação da granja, e foram muitas, continuamos buscando solução para o desconforto que o confinamento das gestantes nos provocava. Acreditávamos que, soltas, as porcas não só estariam mais confortáveis quanto poderiam produzir leitões mais pesados e ter sua vida produtiva estendida”, comenta. A solução veio em 2009, durante uma visita do produtor a criatórios que utilizavam as novas técnicas de produção europeias, sob condições de bem-estar animal, que se tornaram obrigatórias na Europa a partir daquele ano. Lá, Valentini observou que os equipamentos de alimentação individual, controlados eletronicamente através de um chip implantado na orelha das porcas, podiam alimentá-las segundo suas necessidades individuais. “As técnicas de construção dos barraDivulgação

das porcas em gaiolas de ferro, durante todo o período de gestação, não era algo agradável de presenciar, pois elas ficavam confinadas a maior parte de sua vida, o que as impediam de girar sobre si mesmas, tendo como alternativa apenas levantar e deitar”, comenta. Valentini lembra que a criação de suínos, que sempre foi solta, ao ar livre ou dentro de barracões, mudou a partir dos anos 1970, quando os produtores começaram a prender as porcas para controlar melhor a alimentação de cada uma. “Em condições de liberdade, a hora da alimentação provoca estresse, por conta da competição e da forte hierarquia que existe entre os suínos; as mais agressivas comem mais em detrimento das mais tímidas que acabam comendo menos”, diz. E, além disso, ele ainda cita os danos causados pelas agressões físicas das dominantes sobre as dominadas e na disputa pela dominação. “A consequência é a menor homogeneidade das leitegadas, tanto em número quanto em relação ao peso dos leitões nascidos, o que interfere seriamente na lucratividade da operação;

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ABCS

cões e de manejo animal evoluíram paralelamente, tornando possível contornar a agressividade dos animais respeitando sua hierarquia natural".

Gestação coletiva A Granja Miunça, construída com as necessárias adaptações locais da tecnologia europeia, iniciou a operação voltada para o bem-estar animal no fim de 2010, introduzindo, pioneiramente no Brasil, a gestação coletiva de porcas, com cerca de 1350 fêmeas produtivas no plantel em uma parte da propriedade que foi chamada EcoBea. Em pouco tempo, tornou-se líder nacional de produtividade entre as granjas grandes, com mais de 1.000 matrizes. “Com o sucesso do projeto iniciado em 2010, estamos realizando a substituição de todas as gaiolas pelo sistema de gestação coletiva de alimentação com controle eletrônico, com ligeira

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ampliação do plantel para cerca de 5.000 porcas produtivas”, conta Valentini. Segundo ele, a experiência pioneira, bem-sucedida e com o apoio da WAP, ajudou na quebra de paradigmas no Brasil e hoje o conceito já é consagrado do ponto de vista econômico/financeiro e se encontra em processo de crescente adoção no País.

Tecnologias utilizadas No processo de reprodução, a granja utiliza apenas inseminação artificial na modalidade pós-cervical, com sêmen produzido no laboratório instalado na propriedade. A Granja Miunça produz leitões e leitoas poli-híbridos para a produção de carne e, em menor escala, a multiplicação de fêmeas puras e F-1 para utilização como reprodutoras, sob contrato com a DB Genética Animal. Para tanto, possui um plantel de fêmeas large white puras cuja ma-


Como espaço para cada fêmea no sistema de gestação em grupo, a granja adotou a normatização da União Europeia que estabelece 2,025 metros quadrados por porca para grupos de mais de 40 animais. nutenção é feita na própria granja, com a entrada apenas de machos puros desta raça. “Com base nesse plantel puro, produzimos fêmeas F-1, cruzamento das porcas large white com machos landrace, tanto para fornecimento à DB quanto para nosso uso. Este plantel F-1 é inseminado para produção de animais para engorda”, conta. Como espaço para cada fêmea no sistema de gestação em grupos, a granja adotou a normativa da União Europeia que estabelece 2,025 m² / porca (para grupos de mais de 40 animais). No sistema de gestação convencional, em gaiolas, o espaço por fêmea é de 1,32 m², mas, considerando-se as áreas comuns de corredores e espaço efetivo, chega a 1,90 m². “Na Miunça, temos a maior parte das maternidades ainda no sistema convencional, com tamanho menor e aquecimento por lâmpadas, enquanto na EcoBea adotamos baias de parição maiores, com piso plástico inteiramente vazado e aquecimento feito por meio de placas térmicas por circulação de água quente”, compara e conta que os partos são praticamente todos assistidos e dedica-se especial atenção à ingestão do colostro. O manejo é diferenciado para os animais em gestação, tanto em gaiolas quanto em grupos, mas Valentini está ultimando a construção de barracões para brevemente eliminar totalmente as gaiolas de gestação e adotar para o plantel a modalidade denominada ‘cobre e solta’, no qual as fêmeas são postas para gestar em grupos tão logo é completado o processo de inseminação. Na área de nutrição, a Miunça está realizando vários ensaios sobre o uso de micronutrientes

e aditivos em diferentes estágios da gestação, o que só é possível graças aos equipamentos de alimentação com controle eletrônico, as ESF (eletronic saw feeding machines). Atualmente, a granja conta com 9 ESFs de fabricação da Schauer Agrotronic GmbH, austríaca, e está em processo de instalação de mais 32 máquinas, que Valentini espera concluir até o fim do ano. “O custo de implantação desse sistema, considerando obras civis e equipamentos, equivale a cerca de 10% de acréscimo nos investimentos por reprodutora alojada, em relação ao sistema convencional”, calcula.

Mão de obra Valentini conta que, com a EcoBea, observou-se uma grande melhoria da autoestima dos funcionários da granja, fazendo com que a Miunça não só atraísse o interesse de grande número de produtores, quanto a atenção de jovens dispostos a trabalhar em suinocultura informatizada além de amigável aos animais. A mão de obra sempre foi treinada na própria granja, que mantém intercâmbio com escolas técnicas para a contratação de estagiários e, quando possível, utiliza esse processo para a seleção de técnicos. “Em todos os setores da granja, há muito tempo, mantemos estagiários de diversos níveis de educação e, ao longo desses anos, em nossas instalações foram realizados diversos trabalhos que resultaram em teses de mestrado e doutorado”, ilustra. “Para a mão de obra de menor exigência técnica, contratamos pessoas na região e as treinamos; aliás, nosso processo de treinamento é contínuo, com retreinamentos periódicos”, informa. O corpo de colaboradores nas duas granjas totaliza 52 funcionários, considerado o pessoal de escritório e de laboratório. Na gestação coletiva, a produtividade por funcionário de setor (matrizes por funcionário) é muito maior: cerca de 1.000 fêmeas/funcionário, na EcoBea, ante, aproximadamente, 220 matrizes/pessoa na Miunça, a granja convencional. Atualmente, os leitões comerciais da Granja Miunça são vendidos imediatamente após o desmame e as fêmeas F-1 são comercializadas pela DB Genética Animal quando atingem aproximadamente 95 kg de peso vivo.

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Cavalo Crioulo: uma raรงa que faz sucesso Por:

Antonio Edson Bernardes, produtor

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A história do Crioulo na estância São Francisco começou em 1930, quando Belisário Sá Sarmento importou do Uruguai Mozo Vivo, primeiro cavalo Crioulo registrado a entrar no Brasil. Mozo Vivo veio trabalhar em éguas base,

as que Belisário selecionava para o trabalho da estância. Em seu livro de registro, descrevia minuciosamente as condições funcionais de cada égua, como bom encilhar, galope, quais se destacavam mais nos rodeis etc.

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A

s produções iniciais destes acasalamentos foram premiadas nas primeiras exposições da raça. Sempre pensando em acrescentar sangue novo à manada, Belisário importou da Argentina entre os anos 1940 e 1950 ,Extraño Guampa e Dagusto Cardal e, em 1963, 42 éguas das importantes cabanhas San Justo e Del Oeste. Em 1979, começa a padrear em São Francisco Otelo de Pai-Passo, Grande Campeão de Esteio e preço recorde naquela época. Em 1989, entra o primeiro reprodutor chileno, que foi o campeão Potrilho de Esteio e, posteriormente, o 5º colocado no Freio de Ouro, Idahue Papito.

Associação A Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos é uma entidade que reúne aproximadamente 60 mil criadores, proprietários e usuários de cavalos Crioulos, distribuídos em todo o território brasileiro, além do Uruguai, Paraguai, Argentina, Estados Unidos e outros países.

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• Fundada em 1932, a entidade tem a função de manter o padrão da raça Crioula, bem como estimular e fomentar a criação deste cavalo. Em 1982, a ABCCC desenvolveu o Freio de Ouro, uma ferramenta de seleção equina completa que tem sido adotada também nos demais países criadores do cavalo Crioulo. O Freio de Ouro possibilitou não só um animal com uma conformação mais harmônica, como também um cavalo extremamente funcional. • Com o Freio de Ouro, a raça conquistou a atenção da mídia, ganhou programas de televisão, revistas e sites especializados e exclusivos. E mais, despertou o interesse comercial dos mais atentos empreendedores.

Números • Núcleos: 98 entidades (65 no Rio Grande do Sul , 13 em Santa Catarina, 11 no Paraná, 3 em São Paulo, 3 no Rio de Janeiro, 1 em Brasília, 1 Mato Grosso e 1 Mato Grosso do Sul).


• Técnicos: 29 profissionais autônomos credenciados. • Criadores: 13.917, destes 2.935 são associados. • Proprietários: 47.290 • Distribuição: 402.779 animais distribuídos em 100% do território nacional. Também há registro de animais na Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. Norte:

1.636

Nordeste:

598

Centro-Oeste: Sudeste:

7.554 13.005

Sul:

379.986

Comercialização Dados de comercialização de cavalos Crioulos nos últimos anos:

A raça Crioula movimenta a cada ano: • Mais de R$ 1,28 bilhão (Fonte: Esalq) • Gera mais de 238 mil postos de trabalho (Fonte: Esalq)

Comercialização na Expointer 2011 Foram comercializados 245 animais e 26 coberturas em oito remates que totalizaram o valor de R$ 7.203.350,00 milhões, sendo a espécie que movimentou os mais altos valores da feira. O valor total da arrecadação na venda de animais durante a feira, entre bovinos, equinos, bubalinos e ovinos, foi de R$ 11.650.880 milhões, totalizando 1.524 exemplares. 2012 A raça bateu recorde na feira com a comercialização de 301 lotes em sete remates, que totali-

Ano

Remates

Venda em leilões

Vendas particulares*

Total de vendas

2010

159

R$ 75.988.412,28

R$ 48.888.125,76

R$ 124.876.538,04

2011

191

R$ 84.199.586,90

R$ 38.694.330,48

R$ 122.893.917,38

2012

186

R$ 91.084.073,16

R$ 77.506.971,40

R$ 168.591.044,56

2013

194

R$ 100.754.910,00

R$ 82.415.797,40

R$ 183.170.707,40

2014

179

R$ 105.669.293,00

R$ 92.347.001,49

R$ 198.016.294,49

2015 * Valor estimado levando-se em conta o número de transferências excedentes às vendas em leilões, multiplicado por um valor correspondente a 30% da média dos valores unitários, vendidos em remates.

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Segundo as leiloeiras que realizaram comercialização durante a Expointer 2015, o faturamento da raça Crioula foi de R$12,3 milhões, ou seja 24% mais do que na edição passada. zaram o valor de R$ 9.390.650,00 milhões, sendo a espécie que movimentou os mais altos valores da feira. O valor total da arrecadação na venda de animais durante a feira, entre bovinos, equinos, bubalinos e ovinos, foi de R$13,7 milhões. 2013 A participação nas vendas totais de animais chegou a 80% na edição deste ano, com R$ 12,89 milhões (dados divulgados pelas leiloeiras que realizaram os remates na feira) dos R$ 16,06 milhões divulgados pela Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul. O faturamento somado dos oito remates realizados, durante a feira, supera em 36,3% a edição do ano passado, que fechou em R$ 9,39 milhões. No total foram vendidos 327 lotes, entre animais, cotas e coberturas. Em 2012, este número foi de 301 lotes. 2014 Dos R$ 12,4 milhões em vendas de animais na feira – divulgados pela Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, o cavalo Crioulo teve uma participação de 78%, com R$ 9,7 milhões, conforme números repassados pelas leiloeiras rurais, nos oito leilões realizados por criadores durante o evento. Compradores de 13 Estados brasileiros, além dos tradicionais da região Sul, fizeram negócios nos leilões da raça Crioula. Todos os Estados das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil tiveram compradores nos remates, mas também se destacaram vendas para Piauí, Paraíba, Pará e Roraima, além dos investidores de Argentina e Uruguai. 2015 Segundo as leiloeiras que realizaram comercialização durante a Expointer 2015, o fatura-

mento da raça Crioula teve um crescimento em relação a 2014. A arrecadação total alcançou R$ 12,03 milhões, 24% a mais que na edição passada, que foi de R$ 9,7 milhões. Durante a 38ª Expointer, o público pode conferir muitas novidades, entre elas as novas cocheiras, que ficaram mais próximas da pista de provas, o Tattersal do Cavalo Crioulo, um espaço construído para abrigar os leilões e eventos, o Boulevard do Cavalo Crioulo, um espaço diferenciado com comércio de vestuários e acessórios, artigos tradicionalistas e artesanais, além de diversos estabelecimentos gastronômicos. O sucesso de público, infraestrutura e comercialização foram elementos do protagonismo da ABCCC na Expointer 2015. O crescimento no faturamento e os investimentos na raça Crioula foram amplamente ressaltados pelas autoridades e organizadores da feira, que ao todo arrecadou R$ 1,70 bilhão em negócios. Animal Business-Brasil_33


Kelle Pardim

Acondicionamento térmico natural de instalações para produção animal no Brasil Por:

Profa. Cecília de Fátima Souza, Prof. Fernando da Costa Baêta e Profa. Ilda de Fátima Ferreira Tinôco (Professores do Depto. de Eng. Agrícola/Universidade Federal de Viçosa e pesquisadores do AMBIAGRO), Kelle Pardim de Oliveira, Diogo José de Rezende Coelho, Múcio André dos Santos Alves Mendes, Maria de Fátima Araújo Vieira (Pós-graduandos e/ ou pesquisadores do AMBIAGR Avicultura de Corte – Paisagismo circundante como técnica de acondicionamento natural. Granja de Integração da Empresa São Salvador Alimentos SSA/ Itaberaí- Goiás - Brasil.

Decididamente, todas as ações relacionadas à sustentabilidade no ambiente de criação, bem como na circunvizinhança envolvida na atividade de produção animal, tem dependência direta com o clima local e com a adequação arquitetônica da estrutura concebida, além de depender do tipo de acondicionamento térmico adotado. 34_Animal Business-Brasil

A

condicionamento térmico é o processo por meio do qual são controlados, de forma individual ou conjunta, por meios naturais ou artificiais, os níveis de variáveis do ambiente, tais como temperatura, umidade, movimento e pureza do ar, e radiação solar no interior de uma construção, com objetivo de se obter melhores condições de conforto. A condição térmica do meio é um dos fatores mais importantes a ser considerado na definição da solução arquitetônica apropriada de uma construção, para o alcance do nível ótimo de conforto ambiental, conjugado ao máximo de produção dos indivíduos que a ocupam. Outro item a ser considerado é a atividade desse indivíduo, que afeta a carga de calor gerada no ambiente, por meio do calor corporal e, consequentemente, as trocas térmicas que ali ocorrerão. Isso diferencia a concepção arquitetônica adotada para cada caso e pode resultar em construções mais simples ou mais complexas.


Nos trópicos É importante frisar que, nos trópicos, construções muito elaboradas são raramente justificáveis, pois as mais simples, na maioria das vezes, têm boa qualidade ambiental. A consideração do aspecto econômico é relevante, uma vez que o custo das acomodações abrange boa porcentagem do total produzido. Considerando-se o aspecto custo no processo de produção animal, faz-se importante o uso dos meios naturais para ajuste das condições ambientais nas faixas desejadas para otimização do desempenho produtivo. O processo de acondicionamento térmico natural, tendo-se em vista atingir os objetivos mencionados acima, passa pela consideração acerca do clima, pela concepção arquitetônica da instalação, que envolve a escolha adequada de materiais de construção para os envoltórios, coberturas e pisos, adequação de inclinações das coberturas, correto dimensionamento de beirais e lanternins, bem como pela decisão acerca do uso ou não do forro, localização correta das aberturas de entrada e saída de ar na construção visando favorecer a ventilação natural, orientação e disposição das construções, adoção de paisagismo circundante e de sombreamentos naturais e artificiais, além de proteções específicas para as faces mais solicitadas da instalação, no que diz respeito à incidência de radiação.

Conhecimento do clima O conhecimento sobre o clima do local de implantação do projeto é de extrema importância, tendo-se em vista a forma como o ambiente construído responderá às imposições climáticas mais importantes. Além disso, é necessário entender as trocas de energia entre os componentes construtivos e interações entre animal e ambiente gerado. Considerando-se que os animais de forma geral, portam-se como sistema termodinâmico, que continuamente trocam energia com o ambiente no qual estão inseridos, o conhecimento do clima local passa a desempenhar importante papel a balizar as decisões sobre o acondicionamento. O clima, conjunto de fenômenos meteorológicos que define a atmosfera de determinado lugar, pode ser de diversos tipos como o tropical úmido, tropical seco, subtropical, temperado e outros, que faz referência às características mais

notáveis da região considerada para a implantação do projeto, apresentando muitas variações, ou seja, microclimas. As diferenças climáticas são motivadoras da concepção arquitetônica distinta, definida para cada região, e ocorrem devido a interações diferenciadas entre elementos e fatores climáticos, destacando-se a latitude, a temperatura e umidade do ar, a radiação solar, o relevo, cobertura de oceanos, etc. Para se ter melhor compreensão das variações da temperatura, torna-se necessário enfatizar os movimentos da Terra em relação ao Sol: o de rotação, em torno de seu próprio eixo, com inclinação de 23°27', resultando em iluminação periódica e cíclica de um determinado ponto na superfície terrestre, diferenciando assim, o dia e a noite para tal ponto; e o de translação, ao redor do Sol, propiciando um aquecimento diferenciado ao longo do ano nos dois Hemisférios e, consequentemente, caracterizando as diferentes estações. Em decorrência desses dois movimentos, um observador, em qualquer ponto da Terra, aparentemente vê o Sol traçando trajetórias que variam diariamente e são características do local em que ele se encontra. Tomando como base o plano em que se encontra o observador, localizando-se este na linha do Equador, latitude 0°, o eixo da trajetória aparente do Sol coincidirá com o plano horizontal; consequentemente, a trajetória solar aparente será perpendicular a esse plano. À medida que o observador se desloca da latitude 0° até 90°, o eixo da trajetória aparente se inclina de um ângulo igual ao da latitude do local onde se encontra o observador com relação ao seu plano horizontal. Esse passa a ver a trajetória solar aparente inclinada, característica da latitude do lugar em que se encontra. Para um observador no Hemisfério Sul, a inclinação da trajetória aparente será sempre voltada para o Norte. Em consequência da inclinação de 23°27' do eixo de rotação da Terra, o observador vê o Sol nascer a Leste e se pôr a Oeste exatamente nos dias 23 de setembro e 21 de março. O plano dessa trajetória se desloca paralelamente para o Norte até dia 22 de junho e, em seguida, retorna para o Sul, até o dia 22 de dezembro. Dessa forma, no Brasil, uma parede disposta no sentido Leste-Oeste terá a face voltada para o Norte sempre recebendo mais a ação dos raios Animal Business-Brasil_35


solares do que a do Sul, com máxima condição em 22 de junho e mínima em 22 de dezembro. Esses conceitos serão importantes para definir a orientação e características construtivas das instalações, notadamente o beiral.

Os raios solares A ação direta dos raios solares sobre as superfícies terrestres faz com que elas se aqueçam, ocorrendo o aquecimento do ar por convecção. A temperatura do ar é função de um complexo balanço energético, incluindo a quantidade de energia incidente, o coeficiente de absorção, a condutividade e capacidade térmica da superfície receptora, que determinam a transmissão de calor por condução e as perdas por evaporação, radiação e convecção. Como resultado desse processo, a temperatura do ar varia ciclicamente no transcorrer do dia e do ano. No transcorrer do dia, normalmente atinge um valor máximo em torno de duas horas da tarde e um valor mínimo antes do sol nascer. Nas regiões sobre a linha do Equador, praticamente não se têm variações de estação e as temperaturas máximas e mínimas são praticamente iguais. De forma geral, à medida em que se desloca da região Norte para a região Sul brasileira, as temperaturas máximas tendem a se elevar e as mínimas a abaixar, aumentando, assim, a amplitude térmica. O certo é que, para determinado local e período considerados, podem ser definidas grandezas como a temperatura máxima absoluta, a temperatura máxima média, a temperatura mínima média, a temperatura mínima absoluta, a temperatura média diária e a amplitude térmica média. De forma bem simplificada, uma delimitação regional ou local aproximado, para definição de características construtivas, pode ser feita comparando-se as temperaturas máximas e mínimas médias dos meses mais quentes e mais frios do ano.

As regiões Sendo assim, com relação à temperatura, as regiões podem ser classificadas da seguinte forma: regiões sempre quentes, quando durante todo o ano as temperaturas médias ficam acima de 21°C; regiões sempre frias, quando as temperaturas médias ficam sempre abaixo de 21°C; e regiões quentes e frias, quando as temperaturas médias se distribuem em torno de 21°C. 36_Animal Business-Brasil

Arquitetonicamente, nas regiões sempre quentes deve-se buscar, por todos os meios, a interceptação da radiação solar direta e indireta, bem como utilizar todas as técnicas de ventilação natural. Nas regiões sempre frias, as construções devem servir de verdadeiros coletores solares e a capacidade isolante térmica dos fechamentos é de fundamental importância na manutenção das condições térmicas ambientais internas. Por outro lado, nas regiões caracterizadas por serem quentes e frias, as concepções arquitetônicas devem conter soluções móveis (janelas, cortinas), convenientemente dispostas, que se adequem às condições de inverno e de verão. No Brasil, as regiões Norte e parte da Nordeste se caracterizam como sempre quentes, destacando-se locais como Manaus e Teresina; e as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, como quentes e frias, destacando-se Porto Alegre. Algumas regiões da Argentina e do Chile são igualmente sempre frias. Deve-se destacar que, à medida que se desloca da linha do Equador para o sul do País, a amplitude térmica anual cresce, aumentando a importância das soluções móveis para o acondicionamento térmico natural de inverno e de verão. Outra maneira de verificar o tipo arquitetônico mais apropriado para determinada localidade consiste em fazer um levantamento dos dados de temperatura média local, observando-se o total de dias do ano em que esta temperatura esteve entre 21 e 24°C. Alguns trabalhos têm demonstrado que, em localidades da região Sudeste e Centro-Oeste, em mais da metade do ano as condições ambientais externas estão dentro dos limites especificados, considerados confortáveis para os animais. Essas informações vêm reforçar as colocações anteriores, de acordo com as quais, se a edificação for bem planejada, com soluções móveis que atendam às condições de verão e de inverno, o condicionamento térmico natural será suficiente para que essa desempenhe bem sua função no processo produtivo animal.

A arquitetura e construção

Numa construção, a envolvente ou divisória é o componente que separa o espaço interno do ambiente externo e geralmente é composto de materiais opacos, transparentes e, ou translúcidos, que permitem prevenir ou modificar o efeito direto das variáveis climáticas, dependendo das


suas dimensões e das suas propriedades termofísicas. Quando as condições térmicas da construção não são controladas por meios artificiais, os materiais podem afetar, de forma significativa, a temperatura do ar internamente e nas superfícies e consequentemente o conforto dos ocupantes. Os materiais de construção, como qualquer outro corpo, sofrem processos de transferência de calor e fazem variar a carga de calor da construção. Os processos sensíveis de transferência de calor são: condução, convecção e radiação. A condutividade (K) é uma importante característica térmica que define o fluxo de calor por condução através de um determinado material na unidade de tempo, por unidade de espessura, por unidade de área do material e por unidade de gradiente de temperatura, sendo usual expressá-la em kcal/(m°C h). A condutividade térmica da água, 0,50 kcal/(m°C h), é maior do que a do ar, 0,02 kcal/ (m°C h), significando que os materiais que contêm ar em seus interstícios funcionam como isolantes térmicos, isto é, são menos capazes de conduzir calor. Se a água ocupa os poros do material, desloca o ar e isto reduz o isolamento. A mesma comparação pode ser feita entre a madeira, com K

variando de 0,04 a 0,14 kcal/(m°C h) e o concreto, entre 0,70 e 1,21 kcal/(m°C h). Outra propriedade importante que influi no processo de transmissão de calor por condução é a capacidade térmica, que se refere ao total de calor requerido para elevar a temperatura de uma unidade de volume de um muro, ou unidade de área da superfície, em 1°C; expressa em kcal/m³ ou kcal/m². Indica que os materiais podem se aquecer de forma diferenciada para a mesma quantidade de calor recebida. Quando o envelope da construção é composto por várias camadas, o fluxo de calor em cada camada causa uma elevação de temperatura com consequente transferência de calor para a próxima camada, porém, em quantidade menor, e assim sucessivamente. Dessa forma, cada camada recebe menos calor e é sujeita a um menor aumento de temperatura que a mais externa, adjacente. Isso significa que sempre ocorre armazenamento de calor na estrutura do envelope durante as horas de temperatura externa mais alta, o qual é transferido por condução, num processo inverso, durante as horas de temperatura externa mais baixa.

Kelle Pardim

Avicultura de Corte – conjugação de paisagismo circundante, renques de vegetação, beirais e aberturas de ventilação como técnicas de acondicionamento natural. Granja de Integração da Empresa São Salvador Alimentos SSA/ Itaberaí- Goiás - Brasil.

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Kelle Pardim

Bovinocultura de Leite – Sala de Ordenha – acondicionamento natural. Portugal.

Do exposto anteriormente, pode-se afirmar que qualquer modificação ou diferença térmica produzida em uma das superfícies do fechamento, ou no meio imediato, não é notada instantaneamente na outra face. Isso caracteriza o retardo térmico do material, sendo expresso pelo tempo gasto para que uma diferença térmica ocorrida em um dos meios manifeste-se na superfície oposta.

Transferência de calor No processo de transferência de calor por convecção, o calor é transferido de uma parte para outra de um fluido, em razão do movimento relativo de suas partículas, provocado por gradiente de pressão, os quais são gerados por diferenças de temperatura e de densidade na sua massa fluida, que originam as correntes convectivas que removem o calor. Neste processo, a característica térmica considerada é o coeficiente de convecção (h). É importante mencionar que o processo de troca de calor por condução exige o contato de superfícies sólidas e o de convecção envolve um fluido (gás ou líquido) e uma superfície sólida, por exemplo, numa construção, uma parede e o ar circundante. Ainda é necessário frisar que, na maioria dos casos, os processos se interagem na transferência total de calor. 38_Animal Business-Brasil

A transferência de calor por radiação ocorre por meio de ondas eletromagnéticas que fluem através de meio transparente entre dois pontos ou mais, que se encontram em diferentes temperaturas. Assim, pode-se dizer que as trocas de calor por radiação estão sempre ocorrendo entre os materiais e na construção como um todo. A característica física mais importante nesse processo é a emissividade, embora seja importante destacar o fator forma dos corpos que trocam calor. A transferência de calor pode ainda ocorrer por meio de processos latentes de evaporação e de condensação, nos quais ocorre a mudança de estado da água, de líquido para vapor ou vice-versa. Ambos envolvem consideráveis quantidades de energia, por exemplo, a evaporação ou mudança de estado de um grama de água do estado líquido para vapor requer aproximadamente 2450 J (joules) ou 585 calorias, energia esta que é ganha pelo corpo no qual ocorre a condensação ou perdida pelo corpo a partir do qual ocorre a evaporação. Vários fatores podem afetar as trocas latentes de calor, entre eles o nível de pressão de vapor, que geralmente é mais alto no ambiente externo. Pelo exposto, pode-se concluir que a tomada de decisão acerca dos materiais que comporão uma construção é um dos passos de projeto que poderá determinar o alcance dos níveis adequa-


dos de conforto térmico, sem que seja necessário lançar mão de meios artificiais.

A cobertura A cobertura é a principal proteção da construção contra a incidência direta da radiação solar. Para a seleção de uma cobertura adequada para atender aos critérios de proteção do volume construído e garantia de ótimo ambiente térmico interno, deve-se levar em conta a escolha de materiais com propriedades térmicas específicas, o uso de complementos como lanternins, forros e beirais e além disso, a adoção de inclinações para os planos que a compõem. Primariamente, o objetivo de se adotar as inclinações para os planos das coberturas das construções, tendo-se em vista que estes recebem as águas de chuva, é facilitar o escoamento dessas. Dessa forma, quanto maior a dificuldade para esse escoamento, maior deve ser a inclinação, dentro da lógica de se guardar um mínimo e um máximo para esse parâmetro, específico para cada tipo de telha adotada. Porém, ao se considerar a incidência dos raios solares nos planos da cobertura, há também que se levar em conta que, ocorrerá aquecimento diferenciado dos mesmos em função da inclinação da cobertura associada à trajetória solar definida para o local específico e época do ano e também ao ângulo de incidência solar. Além disso, a mudança na inclinação da cobertura resulta em alteração no seu fator de forma, importante parâmetro na determinação das trocas de calor por radiação. Isso gerará a transferência de cargas térmicas radiantes distintas para o interior da construção, podendo interferir desse modo, no fluxo de ar no interior da construção, motivado por essas diferenças térmicas. Uma forma eficiente de direcionar o fluxo de ar e reduzir essas cargas térmicas é locar uma abertura de saída na cumeeira do telhado, denominada lanternim, muito utilizada em construções rurais. Assim, se uma edificação dispuser de aberturas próximas do piso e do teto e se o ar do interior estiver a uma temperatura mais elevada que o ar do exterior, o ar mais quente, menos denso, tenderá a escapar pelas aberturas superiores. Ao mesmo tempo, o ar do exterior, mais frio, e por isso mais denso, penetrará pelas aberturas inferiores, causando fluxo constante no interior do volume construído.

A largura da abertura do lanternim pode ser calculada com 0,025 m para cada 2 m de largura da construção ou a sua área com 1 a 1,5% da área do piso, procurando-se adotar soluções flexíveis (aberturas reguláveis) que possam ser ajustadas para atender às condições de inverno e de verão. Ou seja, em regiões expostas à chuvas de vento ou sujeitas à grandes amplitudes térmicas (noites e dias ou invernos e verões termicamente muito diferenciados), os lanternins deverão ser equipados com sistema que permita fácil fechamento das aberturas. Ademais, considerando-se coberturas mais inclinadas e dotadas de lanternim, devido à maior distância entre entrada e saída de ar, ocorrerá alteração no perfil de movimentação das correntes de ar, com consequente interferência nas condições do ambiente térmico no interior. A faixa de inclinação normalmente adotada para os tipos mais comuns de materiais de cobertura, no Brasil, está entre 20 e 30°, sendo a máxima limitada por questões estruturais. Se a construção tiver forro, o fluxo poderá ser direcionado para o lanternim por meio de aberturas feitas ao longo do beiral, o que criará um colchão de ar entre a cobertura e o forro, num processo chamado ventilação do ático, muito eficiente para reduzir a carga térmica da construção em épocas quentes. O beiral, área de cobertura, expandida para além do perímetro do volume construído, tem a função prioritária de proteger os envoltórios da construção contra chuvas e incidência de radiação solar direta, o que pode interferir na condição de conforto e bem-estar dos animais, uma vez que pode atuar na redução da carga de calor no interior da construção. Assim, pode-se adotar diferentes prolongamentos de beirais, nas diferentes faces da construção, com base no conhecimento das trajetórias do sol para um determinado local e época do ano. A cobertura ideal para instalações de produção animal no Brasil deve ser de material com grande capacidade de refletir a radiação solar, bem como de isolamento e de retardo térmico, objetivando a redução da absorção da radiação, de forma que a quantidade que consiga atravessar seja mínima e que ao atingir o interior, tenha se passado pelo menos 12 horas. Para compor a cobertura, considerando-se as telhas, a conjugação de materiais, tais como Animal Business-Brasil_39


lâminas metálicas ou até de madeira, intercaladas com materiais isolantes como isopor, poliuretano, lã de vidro, etc, resulta na obtenção das melhores características térmicas, porém são soluções de alto custo. Assim, as telhas comuns de cerâmica são as mais utilizadas, pois atendem grande parte dos critérios. Mas, telhas metálicas simples, devido à durabilidade, podem ser utilizadas, desde que outras características da construção, como largura, altura do pé-direito e beiral sejam adaptadas para que se obtenha o ambiente adequado. Algumas técnicas, como pinturas nas superfícies da cobertura ou aspersão de água sobre a mesma, podem ser aplicadas com o objetivo de melhoria das condições do microambiente no interior da construção.

A ventilação Devido à necessidade de amenizar o desconforto dos ocupantes de um determinado espaço construído, causado por aquecimento resultante da incidência de raios solares ou por presença de gases e poeiras em concentrações nocivas, é importante que seja promovido o deslocamento das massas de ar, ou seja, que se faça a renovação do ar por meio da ventilação. Em um espaço construído, o ar também pode se apresentar com concentração de vapor d’água acima do desejado, que provém, em grande parte, da transpiração dos ocupantes e causa grande desconforto. É importante lembrar ainda que máquinas e equipamentos presentes podem acrescer sobremaneira a carga de calor no interior de um espaço construído, o que agrava o desconforto. Ademais, pode ser considerado, que, caso nenhuma dessas ocorrências anteriores seja verificada, a ventilação se aplica no sentido de eliminar odores, ou seja, é apenas higiênica ou mínima. A excelência da ventilação está no fato de que, se aplicada de forma correta, permite abaixar a temperatura de interiores em épocas quentes do ano, quando o desconforto térmico é bem acentuado. No caso do acondicionamento térmico natural, a ventilação também é dita natural, pois forças naturais fazem o ar se mover. Por exemplo, a movimentação do ar pode se dar em razão de diferenças entre pressões positivas e negativas causadas pela ação dinâmica dos ventos, quan40_Animal Business-Brasil

do estes incidem sobre as faces distintas de um volume construído. É a chamada ventilação natural dinâmica. A taxa na qual ocorre a ventilação natural depende da velocidade do vento e da sua direção, da proximidade e dimensões de obstáculos e se há meios de fuga para a corrente de ar, ou seja, aberturas para entrada e saída de ar, convenientemente posicionadas. Na ventilação natural denominada térmica, o movimento do ar ocorre em razão de diferenças de temperatura entre dois meios considerados, as quais geram as diferenças de pressão e resultam no efeito de tiragem ou termossifão (chaminé). Em ambos os tipos citados, tanto a localização acertada das aberturas de entrada e saída de ar, quanto o emprego de dimensões adequadas são de suma importância. Associando-se isso à orientação adequada, certamente se conseguirá variação positiva no grau de conforto térmico da construção. A abertura de entrada, por exemplo, deve, sempre que possível, facear diretamente a direção predominante do vento. As aberturas de entrada e saída devem ser localizadas em planos opostos. O lanternim, citado anteriormente, é uma estrutura complementar, utilizada para acentuar o movimento das massas de ar dentro das construções, devido às diferenças de pressão geradas pelas diferenças de temperatura das massas de ar, localizadas em diferentes pontos no interior da construção. O fluxo de ar através do lanternim é diretamente proporcional à sua área de abertura, à diferença de altura entre as aberturas de entrada e saída de ar, à área das aberturas de entrada e à diferença entre temperaturas interna e externa. No caso da produção animal, a falta ou a inadequada ventilação pode levar à baixa renovação do ar com consequente aumento da concentração de gases tóxicos, tais como amônia, monóxido e dióxido de carbono, aumento na concentração de poeiras e baixa concentração de oxigênio disponível. O uso incorreto da ventilação, seja por localização ineficiente das aberturas ou falha no sistema, resulta em prejuízo na produção animal. A incidência direta de vento sobre o dorso dos animais pode causar desde mudança de comportamento, até problemas fisiológicos, como perda de apetite e consequente queda na produtividade. Em determinadas regiões, onde a temperatura geralmente se mantém acima da requerida para o conforto térmico, deve prevalecer uma


Kelle Pardim

Avicultura de Corte – Uso de forro e cortinas para controle de aberturas de ventilação, como técnicas de acondicionamento natural. Granja de Integração da Empresa São Salvador Alimentos SSA/ Itaberaí- Goiás - Brasil.

ventilação baseada em razões térmicas, e as instalações devem ser projetadas para atender a essa necessidade. Para regiões frias, com baixas temperaturas, a ventilação se deve a razões exclusivamente higiênicas, ligadas à renovação e à qualidade do ar interior. O duplo objetivo da ventilação, necessária nas instalações animais do clima tropical brasileiro, deve atender exigências térmicas e higiênicas, se consegue com a localização e orientação da construção, área e formas das entradas e saídas de ar, manejo das cortinas, de maneira que nas regiões com invernos rigorosos, o fluxo se desloque naturalmente pela zona superior da construção, para evitar o efeito direto sobre os animais, enquanto que no verão a massa de ar se movimentará por todo o espaço inferior e superior, exercendo influência direta sobre o conforto e simultaneamente eliminando parte do calor acumulado em paredes laterais, piso, teto e equipamentos de alimentação. A quantidade de ar a ser renovado durante o inverno, por razões higiênicas, é pequena, sendo necessárias apenas superfícies reduzidas de entrada e saída de ar.

A ventilação mínima não deve causar a queda da temperatura dentro da instalação nas primeiras semanas de vida do animal, atendendo apenas aos requisitos de adequada qualidade do ar. Um sistema de ventilação mínima deve apresentar capacidade de exaustão de aproximadamente 12,5% do volume cúbico da instalação, com o ciclo de funcionamento a cada 1 minuto em períodos de 5 minutos. A taxa de renovação ou número de trocas de ar num ambiente é o número de vezes que o volume de ar desse ambiente é trocado por unidade de tempo.

A orientação das construções A orientação da construção refere-se ao posicionamento do volume construído, com relação ao deslocamento do Sol. O objetivo da orientação pode ser evitar ou aproveitar a ação dos raios solares sobre as faces da construção e sobre as coberturas. Em se tratando de produção animal, o que se pretende com a orientação adequada das instalações é evitar que haja incidência direta de radiação solar no interior das instalações, o Animal Business-Brasil_41


Em condições de calor é imprescindível a presença de grama cobrindo o solo do exterior de um ambiente construído para reduzir a temperatura.

que aumentaria sobremaneira o grau de desconforto térmico de animais adultos e principalmente, em fase de produção. A decisão acerca da orientação adequada a ser adotada para a instalação deve ser balizada pela informação compilada no item sobre o clima, quando se tratou das trajetórias aparentes do Sol. Para o Hemisfério Sul, considerando-se os climas tropicais e subtropicais, orientações no sentido Leste-Oeste geram condições tais como: evita-se o sobreaquecimento da face da construção exposta a oeste pela forte insolação nas longas tardes de verão; ao se dispor de uma fachada orientada totalmente para o Norte, o sol de inverno, que sobe pouco no horizonte penetrará no interior da edificação em decorrência do deslocamento paralelo do plano da trajetória aparente do sol para o Norte, o que é desejável (no verão, o próprio beiral atuará como proteção.); ademais, tendo-se duas fachadas, uma permanentemente quente e outra permanentemente fria, favorece-se, também, a ventilação natural térmica, em instalações nas quais não se pode utilizar outro meio de acondicionamento. Para orientações no sentido Norte-Sul, as fachadas leste e oeste devem ser sombreadas por meio de árvores de folhas caducas, mantidas com a copa preservada e o tronco desgalhado, de forma que permitam a insolação no interior da construção nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, o que pode ser desejável em regiões com invernos muito rigorosos, e que permitam ainda o sombreamento da cobertura nos períodos quentes. O microclima local é também afetado quando se constrói ao invés de uma edificação, um conjunto de edificações. Em geral, quanto maior 42_Animal Business-Brasil

o número de edificações e a proximidade entre elas maior será a temperatura média nas proximidades. Para atenuação dessa condição, pode-se utilizar vegetação entre as mesmas, além de se atentar para disposição no que se refere ao afastamento entre elas, que deve ser tal que não ocorra interferência significativa na ventilação natural. Recomenda-se afastamento de 10 vezes a altura da construção, entre os dois primeiros galpões à barlavento de um conjunto de galpões. Do segundo em diante, o afastamento seria de 20 a 25 vezes essa altura. Para atender a esses requisitos, é necessário ter área disponível e topografia amena, o que nem sempre é possível. Dessa forma, em geral, o afastamento mínimo recomendado entre galpões para a produção animal, é em torno de 35 a 40 m.

Paisagismo circundante Ainda, em condições de calor, é imprescindível a presença de vegetação (grama) cobrindo o solo no exterior de um ambiente construído, o que resultará em redução da temperatura superficial e consequentemente, da carga térmica radiante, devido à sua característica reflexiva de radiação.

Quebra-vento São anteparos naturais (renques de vegetação) ou artificiais, destinados a atenuar a ação de ventos fortes e/ou muito frios sobre as construções, sendo dispostos perpendicularmente a esses. Além disso, podem atuar tornando o microclima mais ameno na circunvizinhança, principalmente devido à retenção de umidade. Pinus e eucalipto são bastante utilizados com essa finalidade.


Estamos completando

de prestação de serviço ao agronegócio

Nosso trabalho é uma missão que só podemos cumprir graças à alta qualidade profissional dos nossos colaboradores. O objetivo da Animal Business-Brasil é publicar matérias de consulta de interesse para alunos, profissionais, professores e executivos da pecuária e da indústria de produtos de origem animal.


Ana Cristina Ajub

Indicação Geográfica (IG), importante recurso de marketing para beneficiar produtores e consumidores Por:

Luiz Octavio Pires Leal, editor

A Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRio) se unem num projeto nacional para estimular o desenvolvimento da venda de produtos de origem animal e vegetal com identificação de origem.

P

ara ter sucesso e lucro justo, os produtores do agronegócio além de cuidarem da qualidade dos produtos e da gerência do empreendimento, precisam usar as modernas ferramentas de marketing dentre as quais destaca-se a IG=Indicação Geográfica.

Indicação Geográfica O conceito é simples, usado há muitos anos no Primeiro Mundo, e provadamente eficiente. Trata-se de demarcar geograficamente certas 44_Animal Business-Brasil

regiões especializadas na produção de determinados produtos. São regiões que pela tradição, condições geográficas, de clima, solo (terroir) e mão de obra especializada demonstram sua capacidade de produzir determinados produtos com características especiais e qualidade superior. Isso, como afirmam Antonio Alvarenga, presidente da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura, e Paulo Protásio, presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro-ACRio, tem implicações importantes tanto sob o ponto de vista do produtor, pela valorização do seu trabalho, como do consumidor pela segurança do que está comprando para sua família. De tal modo esse conceito de Indicação Geográfica (IG) é importante que o consumidor, ao comprar determinado produto da região demarcada, pode dar mais importância à região do que propriamente à marca. Os exemplos do Velho Mundo são vários e antigos. Ao comprar um queijo Serra da Estrela, feito com leite de ovelha desde o século XII, um Presunto di Parma (produzido com pernas de porcos criados com uma alimentação especial), assim como um vinho Bordeaux , para o consumidor, independentemente da marca e do preço, fica implícito que não se trata de um produto qualquer.


Luiz Octavio Pires Leal

Garantia Mas qual a garantia do consumidor de que determinado queijo, presunto, ou qualquer produto embutido, por exemplo, tem mesmo a origem que o rótulo afirma? É uma certificação de sua qualidade, procedência e originalidade que, no Brasil, pode chamar-se IG=Indicação Geográfica; IP=Indicação de Procedência ou DO=Denominação de Origem. E é tanto do interesse dos órgãos municipais, estaduais e federais de fiscalização, das associações de produtores, dos sindicatos rurais e principalmente dos próprios produtores que essa identificação seja levada a sério. É claro que esse tipo de marketing se aplica igualmente aos produtos de origem animal e de origem vegetal e até mineral, como é o caso das águas de fontes demarcadas.

Monitoramento por satélite O monitoramento via satélite – georreferenciamento via GPS- é capaz de acompanhar a trajetória do produto desde a origem, e cada vez está ganhando maior importância. Ele é extremamente preciso. GPS, o leitor sabe, significa Global Positioning System, que é um conjunto de 24 satélites que orbitam a Terra em grande altitude numa velocidade superior a 11.200 quilômetros por hora, de modo tal que quatro deles estão sempre “visíveis”, garantindo uma ótima leitura.

O país que dá certo É incontestável que o Brasil que dá certo é o pais do agronegócio, como sempre afirma

Antonio Alvarenga presidente da SNA Sociedade Nacional de Agricultura

o presidente da SNA-Antonio Alvarenga, aqui mesmo na Animal Business-Brasil. “No caso do comércio exterior” – ele diz – “o agronegócio tem sido protagonista exemplar. Em 2015 o setor exportou US$ 88 bilhões e manteve um saldo positivo de US$ 75 bilhões na balança comercial do agro. No ano passado, exportamos US$ 5,8 bilhões em carne bovina” – depois de abastecer o mercado interno. Também estamos entre os dois ou três maiores exportadores de carne de frango, da qual também somos grandes consumidores; estamos crescendo muito na produção e exportação de carne suína e também de leite, para falar só em exemplos de produtos de origem animal. Segundo o presidente da ACRio, Paulo Protásio, "estamos começando a caminhar na direção do potencial brasileiro (para produtos com identificação geográfica)” – e continua – “É notável a importância dos fatos que determinam o caminho de uma identidade geográfica. Normalmente nasce num lugar onde a pequena produção ganha notoriedade”. Ele observa que "algumas indicações se tornaram tão comuns que são referências genéricas como o caso do (queijo) cheddar”. Em que pese o esforço na direção de consolidar no Brasil o conceito de IG Indicação Geográfica, ainda há um longo caminho a seguir para que ele alcance uma expressão econômica compatível com o seu potencial. Animal Business-Brasil_45

Steve Buissinne / Pixabay

Paulo Protásio - presidente da AC-Rio


A contribuição do agronegócio para o PIB é muito expressiva Por:

Roberto Rodrigues, Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, Embaixador Especial da FAO para as Cooperativas e Presidente do LIDE Agronegócio

O nosso agronegócio tem sido, literalmente, a “salvação da lavoura” nacional, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista social. E os números são expressivos para mostrar isso.

N

a questão social, estamos vivendo a maior taxa de desemprego dos últimos anos, muitos anos com mais de 11 milhões de brasileiros desempregados. Um absurdo fruto de sucessivos erros de política econômica do governo Dilma Rousseff. Apesar de esses erros recaírem também sobre algumas cadeias produtivas importantes, como é o caso do segmento sucroenergético, massacrado pela política de combate à inflação através do controle dos preços dos derivados de petróleo (fato que, aliás, sabidamente também destruiu o valor da Petrobras), o setor rural foi o único que não desempregou no ano passado. Ao contrário, gerou empregos.

apesar de o agronegócio tê-lo positivo em 80,1 bilhões de dólares. O que aconteceu? O déficit dos demais setores (indústria, serviços, etc) foi de 84,2 bilhões. Isso só não se repetiu no ano passado, 2015, graças à grande valorização do dólar frente ao real, que reduziu drasticamente as importações. Assim, embora não tenha havido crescimento expressivo das exportações, o saldo comercial total voltou a ser positivo, da ordem de 19,7 bilhões de dólares. Mas mesmo nesse bom ano para o Brasil, o agro teve um saldo positivo de 75,2 bilhões, enquanto o resto amargou um déficit de 55,5 bilhões. Basta olhar o quadro abaixo para se ter uma clara visão do quanto o agro tem salvo nosso comércio externo. Desempenho do Comércio Exterior Brasileiro (US$ bilhões) Saldo Comercial Brasileiro 80,1 75,2 34,2 19,7

33,8 -0,4

-4,1

-55,5

Saldo na balança comercial externa Outra área em que o agro teve impactos espetaculares nos últimos anos foi no saldo da balança comercial externa. Com efeito, esse saldo tem sido sistematicamente positivo graças ao agronegócio, uma vez que os demais setores são deficitários. Em 2014 aconteceu o maior desastre nessa atividade: o saldo comercial brasileiro foi negativo em 4,1 bilhões de dólares, 46_Animal Business-Brasil

-84,2 04

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Agronegócio

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Outros Setores

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Saldo Total Brasil

Fontes: MAPA e MDIC. Elaboração: GV Agro

Isso se deve, sem dúvida, à grande competitividade de nossos produtores rurais e das cadeias produtivas em geral. No ano 2000, exportamos 20,6 bilhões de dólares do agronegócio; no ano


Contribuição no PIB Mas é no PIB que a contribuição do agro é mais impressionante. No ano passado, o PIB brasileiro caiu 3,8%, um dos piores do mundo em desenvolvimento. Mas a agropecuária teve um crescimento de 1,8%. Como a indústria caiu

Raul Moreira

6,2% e os serviços outros 2,7%, o desastre nacional só não foi maior devido ao agro. Para este ano, com o El Niño, o PIB da agropecuária deve crescer pouco, em torno de 1,5%. Mas o total do país deve despencar de novo para outros 4,0% negativos. As previsões para os próximos anos mantêm esse ritmo: o agro deverá crescer 2% em 2017, 2,9% em 2018, e 3% em 2019 e 2020. Com isso, e com uma esperada recuperação da economia nacional, o PIB total deverá ser positivo a partir do ano que vem e em diante, mas sempre crescendo menos que o do agro. Vamos em frente, levando esse maravilhoso Brasil para a constelação das maiores nações do planeta nas asas do agronegócio mais competitivo que existe. Pixabay

passado, 2015, o valor foi a 88,2 bilhões, mais de quatro vezes mais. Se considerarmos que entre 2008 e 2010 tivemos a maior crise econômica global em meio século, durante a qual o comércio mundial refluiu, fica evidente a competitividade do setor. E nesse cenário chama a atenção o impressionante crescimento das exportações de carnes: em 2000 elas representaram 9,5% do valor exportado, saltando para 16,7% em 2015. E isso em valores relativos: não se pode esquecer que o salto do valor absoluto foi muito maior! Também aqui fica evidente o resultado dos avanços tecnológicos nas fazendas brasileiras, nas integrações e na agregação de valor realizado pelas cooperativas agropecuárias notadamente na avicultura e na suinocultura. Outra interessante observação: em 2000, 59% do que o agronegócio exportou foi para a União Europeia e Estados Unidos, tendo essa porcentagem despencado para 28% no ano passado. Ora, explica-se facilmente: os países emergentes estão se tornando os grandes mercados de alimentos, energia e fibras brasileiros porque neles aumentam as populações e a renda per capita.

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Desequilíbrio ecológico aumenta risco de doenças no homem e nos animais de produção Por:

Paulo Cesar Magalhães Matos (Mestre em Saúde Animal) e Márcio Barizon Cepeda (Mestre em Ciências Veterinárias)

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Paulo Cesar Magalhães.

Um dos principais pontos chave na criação de animais de produção é, sem dúvida, o manejo sanitário. Quando este não é realizado de forma adequada, cria-se um risco sério para o produtor, uma vez que aumenta a exposição dos animais a doenças e pode levar a propriedade a uma série de perdas econômicas.

N

o que diz respeito às doenças nos animais de produção, deve-se ressaltar que de acordo com a enfermidade envolvida, outras espécies animais também podem ser importantes na manutenção de patógenos (microrganismos causadores de doenças), como os animais de companhia e os selvagens. Aproximadamente 77% dos patógenos que infectam animais de produção e 91% dos que ocorrem em carnívoros domésticos, infectam múltiplos hospedeiros, demonstrando que a ocorrência de doenças muitas vezes envolve uma cadeia complexa de transmissão. Além disso, os próprios seres humanos podem ser acometidos por doenças comuns aos animais, caracterizando essas enfermidades como zoonoses. Cerca de 60% dos patógenos que infectam seres humanos são considerados zoonóticos.

Maior diversidade de vertebrados

A ocorrência de animais silvestres em ambientes urbanizados pode facilitar a transmissão de doenças desses para humanos e animais domésticos.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil é seguramente o país que apresenta a maior biodiversidade de vertebrados do mundo, possuindo mais de sete mil espécies. Na natureza, as diferentes formas de vida – animais, vegetais e os microrganismos – tendem a viver em relativo equilíbrio. Contudo, condições adversas a esse equilíbrio ecológico podem influenciar no padrão natural de ocorrência e distribuição das doenças. Animal Business-Brasil_49


Interferência do homem

Toxoplasmose

A interferência do homem na natureza costuma ser uma das principais causas de desequilíbrio ecológico, em consequência da expansão das atividades humanas e das fronteiras agropecuárias, da fragmentação de habitats e da poluição, dentre outros fatores. Desse modo, aumenta-se a proximidade dos seres humanos e animais domésticos com os habitats silvestres, que por sua vez em desequilíbrio, podem se tornar fontes de patógenos às populações humanas e animais. A transmissão de doenças a partir de animais domésticos para os silvestres também deve ser considerada, sendo inclusive uma importante causa de epidemias em animais silvestres, uma vez que muitos patógenos de animais domésticos não circulam em populações silvestres.

A toxoplasmose é uma doença que se manifesta de forma aguda ou crônica (dependendo do estado imunológico do hospedeiro), sendo causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Praticamente todas as espécies de mamíferos, incluindo seres humanos, podem ser infectadas por esse parasito, apresentando assim grande importância em saúde pública. As duas principais formas de infecção são a ingestão de formas liberadas pelas fezes de felinos domésticos ou silvestres (através da contaminação de alimentos) e a ingestão de carne crua ou mal cozida contendo cistos do parasito. Dentre as espécies de animais de produção mais susceptíveis à toxoplasmose encontram-se suínos, ovinos e caprinos, sendo os bovinos, coelhos e equinos mais resistentes à infecção.

Interação entre espécies A seguir serão apresentadas brevemente algumas doenças onde se observa a interação entre mais de uma espécie animal para a transmissão e ocorrência da enfermidade. São citadas doenças que possuem animais de companhia e/ ou silvestres como reservatórios naturais e outras de caráter zoonótico, todas com importância para animais de produção.

Raiva A raiva é uma doença viral aguda que apresenta destaque dentre as zoonoses por ser de difícil tratamento, sendo quase sempre fatal aos hospedeiros envolvidos, sejam humanos ou animais. Os ciclos de transmissão da raiva são classicamente divididos em ciclo urbano e ciclo silvestre. No ciclo urbano, os principais hospedeiros são o cão e o gato, e por isso são os alvos das campanhas de vacinação que visam a eliminação do vírus na cidade. Já no ciclo silvestre, os morcegos hematófagos apresentam destaque para a transmissão do vírus, uma vez que o carreiam pela saliva durante a alimentação. Este ciclo é a principal fonte de infecção para animais de fazenda, já que os ambientes rurais estão mais próximos de áreas de mata, além do que bovinos e equinos são espécies frequentemente utilizadas pelos morcegos para obtenção de sangue. Diversos carnívoros, roedores e marsupiais, dentre outros animais silvestres, também podem ser hospedeiros do vírus, sendo assim fontes de infecção nos habitats silvestres. 50_Animal Business-Brasil

Mal-das-cadeiras O “mal-das-cadeiras”, “surra” ou “peste-quebra-bunda” é uma enfermidade muito importante na equinocultura brasileira, sendo causada pelo protozoário Trypanosoma evansi. Equinos infectados por esse parasito apresentam como principais sinais febre, emagrecimento e perda gradativa no tônus muscular, principalmente nos membros posteriores (daí o nome da doença), evoluindo muitas vezes ao óbito. T. evansi é transmitido mecanicamente através de moscas hematófagas (principalmente mutucas e mosca-dos-estábulos) no momento da alimentação sanguínea e também através do uso compartilhado de instrumentos contaminados com sangue, como agulhas de vacinação. No Pantanal e na Amazônia já foi demonstrado o papel de animais silvestres na manutenção do parasito, sendo capivaras e quatis os principais hospedeiros selvagens do agente. Em menor frequência, cães domésticos também podem ser infectados por T. evansi, apresentando ou não sinais da infecção. Esta doença não é considerada uma zoonose.

Leptospirose A leptospirose é uma enfermidade infecciosa aguda, causada por bactérias do gênero Leptospira, que ocasiona um grande impacto social, econômico e sanitário. Os animais domésticos, silvestres e principalmente os sinantrópicos (aqueles que se adaptaram a viver próximo ao homem,


Paulo Cesar Magalhães

Os animais silvestres podem atuar como potenciais reservatórios propagando vários sorotipos de bactérias.

Quati infestado por carrapatos Amblyomma ovale (região ventral do pescoço), espécie que também pode infestar outros carnívoros selvagens e cães domésticos, além de poder transmitir a bactéria Rickettsia parkeri, inclusive para humanos.

a despeito da vontade deste), são os principais portadores e atuam como fontes de infecção. O homem funciona como um hospedeiro acidental. O principal reservatório é constituído pelos roedores sinantrópicos, das espécies Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto) e Mus musculus (camundongo ou catita). Os animais silvestres podem atuar como potenciais reservatórios, propagando diversos sorotipos da bactéria. Nestes animais, a doença caracteriza-se clinicamente por baixo percentual de fertilidade, nascimentos reduzidos e abortos. Nos domésticos, além do quadro de infertilidade, os animais podem desenvolver quadros de anemia severa e icterícia, podendo levá-los à morte. A transmissão humana ocorre geralmente pelas formas direta e indireta, sendo que a forma direta se dá pelo contato com urina, placenta ou pele de animais infectados.

Brucelose e Tuberculose A brucelose e a tuberculose, doenças causadas pelas bactérias Brucella abortus e Mycobacterium bovis, respectivamente, estão disseminadas por todo o território nacional. Afetam significativamente a pecuária de corte e leite, causando diversos danos na produção e na economia do país. A tuberculose pode acometer herbívoros, carnívoros e primatas e a forma de transmissão ocorre através da inalação de esporos no meio ambiente, geralmente em animais estabulados e/ou confinados em cativeiros. O homem pode se infectar por estas enfermidades através da ingestão de leite e derivados contaminados, contato com sangue de animais doentes

e fômites (instrumentos contaminados). No caso específico da brucelose, o contato com material do abortamento de fêmeas infectadas é uma das principais vias de infecção. O Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) visa reduzir o impacto negativo destas zoonoses na saúde animal e humana. Este programa também é responsável pela introdução da vacinação obrigatória contra a brucelose bovina e por certificar propriedades livres ou monitoradas para estas enfermidades.

Controle difícil Patógenos que possuem mais de um hospedeiro alvo, normalmente, são de difícil controle, sendo considerados um problema quando presentes num rebanho. Se dentre os hospedeiros envolvidos houver espécies silvestres, a situação se torna ainda mais complicada, uma vez que o controle de doenças em populações selvagens é praticamente impossível. Dessa forma, o modo mais coerente de se avaliar a ocorrência desses patógenos é sobre a população de animais domésticos. O uso de uma série de medidas sanitárias integradas é fundamental em uma propriedade, incluindo rotina de diagnóstico, tratamento e, principalmente, de prevenção e controle de doenças. O uso de calendário de vacinações muitas vezes é uma medida eficaz para se racionalizar o manejo e diminuir a prevalência de determinadas doenças entre os animais. Apenas empregando-se esse conjunto de ações é que será possível ter um maior controle sobre as condições sanitárias da propriedade, diminuindo as perdas econômicas e mantendo a produtividade. Animal Business-Brasil_51


É importante conhecer

o comportamento de compra do cliente Por:

Sérgio Lobato, MV, Consultor

Quando estamos do outro lado do balcão e esperamos que clientes entrem em nossos estabelecimentos e consumam nossos produtos e serviços,acreditamos que o mais importante é ter o produto e/ou o serviço disponível e pronto: estaremos suprindo as necessidades de nossos clientes e vamos ser remunerados por isso e seremos felizes para sempre e com as contas pagas!!! Será simples assim?

O

que será que está me fazendo criar esta dúvida na mente de vocês? Bem, podemos resumir essa resposta culpando o verbo “ esperamos” ... Como assim Sérgio? Primeiro, porque todos sabem que sou um defensor da venda consultiva e proativa e ficar esperando não é definitivamente parte integrante deste tipo de atitude ou posicionamento de venda em um estabelecimento pet que está in-

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serido nesse louco e competitivo mercado pet nacional, não é mesmo? E segundo, porque quando "esperamos", acabamos por tomar uma postura de indolência, de um certo marasmo na ação e no cenário que começa a se descortinar na sua frente que é a venda propriamente dita, mas que pode e deve representar para todos vocês uma chance de aprendizado que trará um grande potencial de tranquilidade e capacidade de administrar realmente a sua carteira de clientes.

Entender os clientes O que quero dizer é que aprender a entender os seus clientes é entender o seu comportamento de compra, que é regido por uma série de fatores como, por exemplo: • Perfil socioeconômico • Perfil Cultural • Necessidades específicas • Influência de Grupo Mas como saber isso tudo na primeira vez que o cliente entra na minha loja Sérgio? Pessoal, vamos com calma, claro que será impossível você estabelecer um perfil de um cliente logo nos primeiros minutos, mas será analisando a partir dos muitos outros minutos é que você terá que estar atento para observar e captar toda e qualquer informação que seja preciosa e necessária para este tipo de relacionamento que se inicia. Meu cliente tem que tipo de animal?


Tran Mau Tri Tam / Pixabay

O que ele busca na loja? Ele está se fixando em preço ou busca solução para os problemas que têm sem se preocupar? Ele vem no início do dia, no meio ou ao final de um dia de trabalho? Vem aos finais de semana? Vem sozinho ou sozinha? Vem acompanhado? Aceita a compra de ocasião ou se planeja e vem com o que quer previamente determinado? O que meu cliente entende por um serviço bem prestado? Parece difícil estar atento às mais diversas possibilidades de respostas que podem surgir nesse questionário básico, mas o que quero realmente fixar na mente e no coração do empreendedor pet é que ele seja capaz de desenvolver uma atitude de controle de seus clientes, conhecer para conquistar, entendem?

Hábitos de consumo Os hábitos de compra e de consumo de serviços só existem com a periodicidade e dar o exato valor ao tempo de relação com seus clientes é fundamental para que se crie essa atmosfera de

diferencial, pois você terá o bem mais precioso que existe na face da terra: a informação sobre seus clientes que seu concorrente ... não tem !!!

Pesquisa Crie ferramentas que sempre possam te dar a performance de seus serviços, como por exemplo pesquisas de satisfação onde a opinião de seus clientes poderá nortear qualquer necessidade de ajuste que possa surgir nessa pesquisa. Observe atentamente como seu cliente se porta dentro de seu estabelecimento e crie sim um perfil para cada um, um tipo de comunicação integrada onde haja a sintonia com o que ele deseja e com o que você pode oferecer. O importante é que , independente dos perfis de consumidores que possam surgir nessa sua análise diária de comportamento de seus clientes, você se coloque em uma posição de domínio da situação, e como esse domínio surge? Sabendo usar as informações que você coletou através do tempo (lembra da periodicidade?) no desenvolvimento das suas estratégias, ou seja, no dia a dia no seu estabelecimento pet, seja ele uma clínica, um petshop ou um salão de banho e tosa. Animal Business-Brasil_53


Monitoramento vai melhorar

a qualidade do leite Por:

Vagner Miranda Portes, médico-veterinário, pesquisador da Epagri/Cepaf

Unsplash / Stockvault

Tendo como pano de fundo a competitividade, estimulada por um mercado globalizado, o agronegócio do leite vem se configurando nos últimos anos como uma das principais atividades econômicas do

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Brasil. Em Santa Catarina a produção cresceu 190% nos últimos treze anos, observando a qualidade do leite como uma das principais exigências, bem como a segurança alimentar.

R

ecentemente, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) anunciou o lançamento do Sistema de Monitoramento da Qualidade do Leite Brasileiro (SIMQL), esperado desde 2002 com a publicação da Instrução Normativa (IN) 51, que previa o cadastro nacional de produtores. O SIMQL vai sumarizar os dados das análises mensais de qualidade do leite realizadas pelos laboratórios da Rede Brasileira de Qualidade do Leite (RBQL), com atualização semanal, possibilitando um acompanhamento temporal e espacial da qualidade do produto comercializado pelas unidades produtoras de leite, por região, microrregiões ou município. Permite o monitoramento detalhado e atualizado, fomentando ações corretivas pontuais e em tempo hábil que evitam prejuízo à qualidade do produto. Ganham o produtor, a indústria e o consumidor. A medida ainda facilita a abertura de portas para o Brasil em novos mercados. Possibilita também a tomada de decisões nos setores público e privado com maior segurança. Paralelamente ao lançamento do SIMQL foi assinada a prorrogação da IN 62 por mais dois anos.


Matthew Maaskant / FreeImages

Novos padrões Os novos padrões, que entrariam em vigor em julho deste ano para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, passarão a valer a partir de 1/7/2018, e nas demais regiões estes limites passam a vigorar um ano após. Nesse contexto, foi formalizada a criação da Comissão Técnica Consultiva da Qualidade do Leite, constituída pelo MAPA em conjunto com o setor produtivo, a pesquisa e a academia. Durante este período e observando a consolidação dos dados de qualidade do país, a Comissão vai propor normas mais adequadas para a produção de leite com qualidade e segurança sem causar prejuízos a qualquer elo da cadeia produtiva.

Pendências Pontos que acreditávamos estar atravancando a qualidade, quando da publicação da IN 62 em 2011, permanecem pendentes e devem ser combatidos com mais afinco, como: ausência de pagamento por qualidade, escassez de assistência técnica, carência de capacitação de produtores e deficiência quanto à fiscalização na aplicação da legislação.

Atualmente temos disponível um conjunto de tecnologias de baixo custo para produzir leite de alta qualidade, mesmo em propriedades pequenas com limitações de infraestrutura. Necessitamos é de profissionalização na produção.

Melhoria O esforço pela melhoria da qualidade do leite deve ser da cadeia produtiva como um todo. Qualidade é o resultado de ações integradas entre todos os elos de uma cadeia: qualquer interrupção compromete o todo. A legislação não irá, portanto, mudar a face do setor leiteiro por encanto, ou seja, “por decreto”. Mas ela representa uma oportunidade da cadeia do leite dar um passo decisivo em direção a sua própria profissionalização. Devemos aproveitar o ato legislativo de postergar os prazos, para buscar formas de implantar sistemas de pagamento por qualidade e investir em assistência técnica e em qualificação de mão de obra. Para que, num futuro próximo, possamos parar de simplesmente postergar prazos, e sim, seguir aprimorando a legislação na busca por competitividade.

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Por: André Casagrande, jornalista

André Pessôa e Maurício Palma Nogueira (em pé)

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Divulgação

Confinamento deve ter redução de 11% a 15%

Levantamento com pecuaristas realizado durante o Rally da Pecuária 2016, promovido pela Agroconsult, indica queda de 11% a 15% na intenção de confinamento neste ano, causada pela alta nos preços do milho e a expectativa de uma safra menor do grão. Isso significa a redução de 580 mil cabeças, o que resultaria em uma queda de 5,2 milhões para 4,6 milhões de cabeças terminadas em confinamento no Brasil. De acordo com o Rally da Pecuária, em 2016, o total de animais terminados em confinamento será de 490 mil cabeças em uma amostra de pecuaristas que confinaram 575 mil cabeças no ano passado. André Pessôa, sócio diretor da Agroconsult, acredita que o mercado do milho só estabilizará no segundo semestre de 2017, quando a oferta se reequilibrar e os preços recuarem. Para ele, a exportação aquecida do milho é a principal responsável pela alta de mais de 40% dos preços no mercado interno. Produtores entrevistados acenam com mudanças na suplementação dos animais, com redução do pacote nutricional. “A tendência é de que o produtor entregue menor quantidade de animais, represando parte da oferta para 2017. Mesmo os que terminarem em 2016, a projeção é de redução no peso médio de abate, o que significa menor qualidade de terminação”, prevê Maurício Palma Nogueira, coordenador técnico do Rally da Pecuária. A expedição Rally da Pecuária foi realizada de 11 de abril a 10 de junho, com 7 equipes técnicas que visitaram 11 estados: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Rondônia e Acre. Mais de 1000 questionários foram respondidos por produtores e outros 700 por técnicos.


Manuela Bergamim

Capim-sudão BRS Estribo beneficia pecuária gaúcha A cultivar de capim-sudão BRS Estribo, lançada em 2013, tem gerado benefícios econômicos aos pecuaristas e produtores do Sul do País. No ano passado, a cultivar proporcionou um ganho adicional de R$ 77 milhões, somado à venda de carne, à economia nos custos de produção de leite e à venda de sementes, de acordo com trabalho realizado pela Embrapa para avaliar o impacto da tecnologia na região. No ano passado, a área plantada com o capim-sudão BRS Estribo, de acordo com o Relatório Anual de Avaliação dos Impactos das tecnologias geradas pela Embrapa, totalizou 340 mil hectares em áreas de produção de carne e de leite. A cultivar produziu, em média, 24 quilos

a mais que a forrageira anterior, o que gerou um ganho adicional de R$ 36 milhões, somente em carne. No leite, a avaliação foi feita em relação à economia de custos proporcionada pela cultivar, que oferece um ciclo mais longo e com isso, reduz os custos da ração para os produtores. Considerando os 30 mil hectares plantados, a troca de forrageira resultou em cerca de R$ 24 milhões. A cultivar, desenvolvida em parceria entre a Embrapa Pecuária Sul (RS) e a Associação Sul-Brasileira para o Fomento de Pesquisa em Forrageiras (Sulpasto), é uma forrageira anual de verão rústica e de ciclo mais longo que o milheto e o sorgo forrageiro, espécies geralmente usadas como pastagem de verão no Sul do Brasil.

Tiradentes tem Melhor Queijo Minas Artesanal do Estado O 9º Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal, realizado em junho, durante a Megaleite 2016, em Belo Horizonte (MG), teve como campeã a produtora Lúcia Maria Resende, do município de Tiradentes, da região de Campo das Vertentes. A vencedora do concurso fabrica o queijo Sabor da Serra, no Sítio Conquista, e produz, em média, 10 unidades por dia. O concurso, promovido pela Emater-MG, em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura de Minas Gerais e a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, escolheu os cinco melhores queijos de Minas Gerais, entre 27 concorrentes. A avaliação dos queijos foi baseada na apresentação, cor, textura, consistência, paladar e olfato. Nove integrantes, entre profissionais da extensão rural, inspeção e gastronomia, além de pesquisadores e professores universitários formaram comissão julgadora do concurso.

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Em ofício encaminhado ao Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), no começo de junho, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mostrou que está empenhado em contribuir para o avanço da zona livre sem vacinação contra a febre aftosa. Nesse sentido, o Mapa encaminhou à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) proposta de alteração do Código de Animais Terrestres que permite o ingresso de animais vacinados em zonas livres de febre aftosa provenientes de áreas livres com vacinação. O Mapa também informou no ofício (no 94//2016/DAS), que as sugestões colhidas pelo CNPC em seu Fórum “2020 - o futuro do Brasil sem Aftosa”, realizado no Uruguai, em abril, que tratam de estratégias relacionadas à suspensão da vacinação contra a aftosa e a ampliação da zona livre, serão discutidas por um Grupo de Trabalho. Embora entenda o apoio à iniciativa, o vice-presidente do CNPC, Sebastião Guedes, entende que a avaliação das propostas pelo grupo, criado pelo Mapa para revisar o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), não deve ficar restrita aos representantes governamentais. “É importante que o setor privado também participe dessas discussões, pois tem muito a contribuir”, observa.

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Nos últimos 10 anos, o ativo “terras para pastagem” foi um dos investimentos mais rentáveis, com valorização real de 83%. Somente o ouro negociado na BM&F Bovespa, a Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo, teve remuneração equivalente no mesmo período. “A valorização dessas terras ocorre porque as mesmas podem ser transformadas em áreas de lavouras mais produtivas e com maior faturamento por unidade de área”, explica José Vicente Ferraz (foto), diretor técnico do Informa Economics Group – Consultoria e Informações em Agronegócios (IEG-FNP). Ferraz, porém, ressalta que este mercado é de baixa liquidez e com comportamento bastante regionalizado. “Isso se dá porque o investimento é complexo; a compra de uma gleba envolve procedimentos de investigação que normalmente demandam tempo”, explica e lembra que terras nunca são iguais, portanto, o processo de negociação leva tempo e depende da região. O diretor do IEG-FNP acredita que os negócios do setor deverão oscilar bastante nos próximos anos. “O mercado corporativo de terras, de grandes áreas, esteve parado no último ano e há expectativa de que as taxas de valorização na próxima década sejam menores que as observadas em passado recente”, prevê. Divulgação

Avanço de áreas livres sem vacinação recebe reforço do Mapa

Terras de pastagem valorizam em 83%


Por: Béth

O déficit da balança comercial de lácteos alcançou 18.603 toneladas em abril, 31% acima do mês anterior. Em valores, o déficit foi de US$ 49,4 milhões. Durante o mês, as vendas externas cresceram 3,8% em receita e 1,0% em volume. Já as importações, aumentaram 26%. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2016, o déficit em equivalente-leite é de 342 milhões de litros, 63,7% acima do mesmo período do ano passado. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)

As 15 maiores empresas de lácteos do país captaram 9,857 bilhões de litros de leite em 2015, 1,2% acima do volume adquirido em 2016. Com o resultado, considerando a capacidade total instalada dessas empresas, a ociosidade foi de 38%. A produção recuou quase 3%. Valor Econômico

As exportações de couros e peles cresceram no mês de abril deste ano, totalizando 15,946 milhões de metros quadrados, alta de 2,3% em relação à metragem comercializada no mesmo mês do ano passado. No primeiro quadrimestre de 2016, o incremento foi de 8,7% a mais em relação à metragem venda em igual período de 2015. No acumulado, a receita somou R$ 2,663 bilhões, 7,1% a mais na mesma análise. Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) /MDIC

Em abril, nas 31 praças pesquisadas, os preços do boi gordo caíram, em média, 2,76%. Considerando um boi magro com 12 arrobas, comprado entre o fim de abril e começo de maio, quando estava cotado em R$2,05 mil/ cabeça, e uma diária de R$8,50 a R$9,00 por cabeça, em São Paulo, a conta só fecha se a arroba do bovino for comercializada partir de R$156,3. Scot Consultoria

Em 2016, a expectativa é de que sejam confinados 755.490 animais, um aumento de 12,8% em relação ao número de bovinos terminados em 2015. Calcula-se que 57,7% dos confinadores devem entregar seus animais no último trimestre deste ano, quando a arroba deverá estar com

Mélo

melhores preços, o que coincide com a entrega do milho que ainda será colhido. Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea)

As exportações de carne suína (in natura e processada) somaram 62 mil toneladas em abril, aumento de 47,2% comparado a mesmo mês do ano passado. No acumulado dos quatro meses de 2016, o incremento foi de 68,2%, totalizando 226,9 mil t – 92 mil t a mais que os embarques do mesmo período de 2015. Em receita, o saldo foi de US$ 110,5 milhões, 17,6% acima do mesmo mês do ano passado. No quadrimestre, o crescimento foi de 20,6%, com US$ 385,5 milhões. Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

Convênio com os serviços estaduais de defesa agropecuária, no valor de R$ 45 milhões, será destinado à reestruturação e implementação do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e ao fortalecimento das ações de defesa agropecuária em 2016. Uma linha especial de R$ 600 mil foi destinada ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA). Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)

A indústria de carne bovina brasileira fechou abril com receita de US$ 434 milhões nas exportações e mais de 112 mil t embarcadas. Comparado com o mesmo período de 2015, houve retração de 5% em faturamento e incremento de 2% no volume. No acumulado de janeiro a abril, foram exportadas mais de 479 mil t, aumento de 12% em relação a igual período do ano passado. O faturamento nos quatro primeiros meses de 2016 soma US$ 1,8 bilhão. MDIC

Os 25 leilões realizados durante a ExpoZebu, em Uberaba, MG, de 30 de abril a 7 de maio, movimentaram R$ 42,2 milhões com a venda de 891 lotes das raças Nelore, Guzerá, Gir Leiteiro, Tabapuã, Brahman e Sindi. Em 2015, os remates (nove a mais) comercializaram 1.224 lotes (queda de 27%) e R$ 260.500 a menos na receita. Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ)

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A Embrapa estima que a quantidade de amostras de leite analisadas pelo MAPA saltará de três milhões para mais de cinquenta milhões com elaboração de mapas de produção e qualidade do produto. Para tanto, serão utilizados 10 laboratórios localizados em vários estados, que integram a Rede Brasileira de Qualidade do Leite, responsável pela realização de análises com base nas amostras coletadas.

dem a viver em relativo equilíbrio. Contudo, condições adversas a esse equilíbrio ecológico podem influenciar no padrão natural e ocorrência e distribuição de doenças.

ANTONIO ALVARENGA Presidente da SNA - Sociedade Nacional de Agricultura

A condição térmica do meio é um dos fatores mais importantes a ser considerado na definição da solução arquitetônica apropriada de uma construção para o nível ótimo do conforto ambiental, conjugado ao máximo de produção dos indivíduos que a ocupam.

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O nosso agronegócio tem sido, literalmente, a “salvação da lavoura” nacional, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista social. E os números são expressivos para mostrar isso. ROBERTO RODRIGUES Coordenador do Centro de Agronegócios da FGV Embaixador Especial da FAO para as Cooperativas •••

A ausência de casos clínicos de Febre Aftosa no Brasil por mais de 10 anos, e na América do Sul por um período superior, representa uma situação inédita e extremamente positiva na história da ocorrência da doença e na luta para a sua erradicação nas Américas. ALBINO BELOTTO Membro-titular da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, Ex-diretor do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa •••

O Brasil é o país que apresenta a maior biodiversidade de vertebrados do mundo, com mais de sete mil espécies. Na natureza, as diferentes formas de vida – animais, vegetais e microrganismos – ten-

PAULO CÉSAR MAGALHÃES MATOS e MÁRCIO BARIZON CEPEDA Mestre em Saúde Animal e Mestre em Ciências Veterinárias •••

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Professores do Departamento de Engenharia Agrícola •••

A Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos é uma entidade que reúne aproximadamente 60 mil criadores, proprietários e usuários, distribuídos em todo o território brasileiro, além do Uruguai, Paraguai e Argentina. ANTONIO EDSON BERNARDES Criador •••

Criado pela Lei No 12.651, de 25 de maio de 2012, Cap VI, Art 29, totalmente sistematizado e informatizado o Cadastro Ambiental Rural é o melhor instrumento de gestão pública para a proteção do meio ambiente, regularização fundiária e avaliação da verdadeira situação da produção, empresário, produtor rural e agricultura familiar. EDINO CAMOLEZE Cel. Veterinário, RR 1

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CADASTRO AMBIENTAL RURAL - CAR A REAL ORDENAÇÃO DO TERRITÓRIO RURAL Por:

Edino Camoleze - Med Vet Mil -Cel RR/1

O Brasil é o quinto maior país do mundo em termos de extensão territorial: 8.515.767,049 km². Isso significa potencialidades geográficas-territoriais gigantescas para a agricultura, pecuária, extrativismo vegetal e mineral e ecologia. Com um pouco mais de cinco séculos de existência, o maior país da América Latina, gigante por sua própria natureza, graças às conquistas dos portugueses e brasileiros, na formação e formatação e de seu imenso território, que não teve ao longo dos séculos de sua existência e formas de governo, uma legislação suficiente e apropriada, capaz de disciplinar a exploração de suas riquezas naturais e posse legal da terra. Assim, para dar objetivo ao título desse artigo, é interessante observar a evolução das principais leis agrárias existentes, após seu descobrimento, durante o domínio português e depois de sua independência, em 1822.

No descobrimento e formação do território As polêmicas e disputas jurídicas travadas entre Portugal e Espanha na partilha das novas terras descobertas e demarcação das fronteiras, 62_Animal Business-Brasil

baseado no Tratado de Tordesilhas, 1494, entre as duas nações que formavam a União Ibérica; reajustadas, alinhadas e aceitas pelas partes, no Tratado de Madri, 1750, baseou-se, em princípio, no Direito Internacional do "Uti Possidetis", direito de posse, em que os hábeis diplomatas lusitanos se basearam, isto é: "conferia o direito de dono da terra ao Estado que a ocupava e nela estabelecido, tinha residência fixa e trabalhos nas redondezas”. O Uti Possidetis e o Tratado de Madrid foram legislações fundamentais para o Brasil porque definiram, aproximadamente, o contorno geográfico do Brasil de hoje.

Durante o Brasil Colônia Para melhor explorar, administrar e proteger a Colônia, o governo português resolveu dividi-la em 15 Capitanias Hereditárias, doando-as a nobres portugueses que recebiam uma Carta de Doação e o título de Capitão Donatário, com a obrigação de obediência irrestrita ao Rei e fazê-la prosperar. As Capitanias, de um modo geral, por não cumprirem com os objetivos formalizados na Carta e fracasso de muitas, duraram 17 anos, (1532-1549) sendo extintas e substituídas por Governo Geral que durou cerca de dois séculos e meio (1549-1808), quando a Colônia sofreu intervenção direta de Portugal, nomeando governadores. Os colonos integrantes das Capitânias extintas que comprovassem o uso da terra por mais de três anos e faziam nela benfeitorias, recebiam por compensação, a doação da terra Sesmaria. Cada Sesmaria tinha uma extensão


de 3 léguas de frente por 6 léguas de fundo. (1 légua = 6 km). Minas Gerais chegou a fazer, de 1720 a 1821, quando foram extintas as Sesmaria, mais de 5.600 doações de terras.

Do Império até a Proclamação da República Depois da chegada da Família Real ao Brasil, 1808 e com a extinção das doações de terras, o poder de doação era exclusividade do Rei que podia doá-las conforme seu interesse. A fiscalização agrária por poucos funcionários e falta de pessoal qualificado era precária, e muitas pessoas se instalavam em terras menores para produzir alimentos de subsistência e o mercado interno. Era uma apropriação de posse e não de doação real. A partir de 1850 a ocupação das terras só poderia ser feita por meio de compra e venda ou de autorização do Rei. Os que já estavam nela, a partir daquela data, recebiam o título de proprietário, com a prerrogativa de residir e produzir na terra. A criação desta Lei, baseada no Plano Wakefield - Austrália, definiu que as terras não ocupadas em todo o território nacional passavam a ser propriedade do Estado, e só poderiam ser adquiridas através de compras nos leilões públicos mediante pagamento à vista, e não mais através de posse; e quanto às terras já ocupadas, estas poderiam ser regularizadas como propriedades privadas.

As terras na República Após a Proclamação da República, 1889 e a promulgação da Constituição Republicana, de 1891, pouca coisa mudou em relação aos direitos e concessão das terras, permanecendo quase intactas as decisões de 1850, que beneficiava os grandes latifúndios fundados nas atividades cafeeiras e agropecuárias. Com a revolução de 1930, que pôs fim a República Velha, a Lei da Terra sofre uma pequena modificação: “As terras de interesse púbico deveriam ser desapropriadas e serem indenizadas a seus proprietários”. Em 1946, com a Constituição considerada democrática, definiu-se que a “terra deveria cumprir com sua função social“.

A Era Vargas (1930-1945) Era conturbada da República brasileira caracterizada por intensas reformas constitucionais e políticas, onde Getúlio afastava do poder, os

interesses capitalistas das oligarquias cafeeiras e a proposta política dos adversários de introduzir o regime comunista no Brasil, liderada por Carlos Prestes. Pouco se fez, nesse conturbado período em benefícios e avanços progressivos para as Leis Agrárias no Brasil.

Era Vargas Governo Democrático (1951 -1954) Vargas, oriundo do Rio Grande do Sul, estado que tinha uma agricultura e agropecuária avançada no Brasil, afirmava que a colonização e a reforma agrária eram fatores indispensáveis à modernização da agricultura, à formação de um mercado interno consumidor e à efetiva industrialização do país. Tal perspectiva ganhou nova força entre nacionalistas dos anos 50 e sobretudo dos membros do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) que se destacaram na luta política interna pela reforma agrária. Com apoio no Congresso e do PDT, que tinham consenso que o Brasil possuía uma estrutura agrária brasileira arcaica, segmentada, e que não satisfazia às necessidades da nossa expansão econômica. Todos nós que nos batemos pela emancipação econômica brasileira, estamos certos de que só podemos alcançar nosso objetivo através da industrialização Animal Business-Brasil_63


O diplomata lusitano Alexandre de Gusmão teve papel relevante no Tratado de Madrid, 1750

intensiva. Temos consciência de que não se atingirá esse estágio, sem uma agricultura suficientemente forte, estruturada em bases racionais, de modo que forneça as matérias-primas indispensáveis à industrialização e os bens de subsistência necessários à alimentação das massas que se deslocarão do campo para a cidade. Além disso, a industrialização também dependia de uma profunda distribuição de terras, capaz de ampliar o mercado consumidor nacional. A conquista dessa agricultura moderna passava pela elevação do padrão de vida dos quarenta milhões de agricultores que temos espalhados no campo. Afirmava que o atual ponto de estrangulamento de economia nacional é o estado de miserabilidade em que vive 65% os agentes da produção rural, sem a Reforma Agrária. Vargas começa a planejar a Reforma Agrária e distribuição de terra.

Governo Militar Herdando as ideias de Getúlio e Juscelino Kubitschek, que constavam nos seus Planos de Governo, o primeiro presidente da República, Mal Humberto de Alencar Castelo Branco, cria o Estatuto da Terra, Lei 4 504, de 30 nov 1964, que tinha por objetivos: regular os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola. Entendendo-se por Reforma Agrária: o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade e Política Agrária. Política Agrícola: o conjunto de providências de amparo legal à propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las 64_Animal Business-Brasil

Legendária líder indiana Indira Gandhi fala na primeira conferência da ONU sobre o clima, em Estocolmo, 1972 Abertura da agenda ambiental

com o processo de industrialização do país. Nesta ocasião foi criado o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária -INCRA, órgão representativo da União, junto aos Estados e Municípios. O Estatuto da Terra, válido até hoje, foi o grande instrumento ordenador do território nacional e abertura do campo aos pequenos produtores.

Conferência Mundial de Estocolmo - 1972 Na década de 1970, vários fatores globais de grandes proporções terrestres e extraterrestres alertavam à comunidade científica internacional quanto à futura sustentabilidade do planeta. Dentre eles: o aumento do buraco de ozônio, o aquecimento global, a poluição atmosférica por combustível fóssil, a mudança climática, o desmatamento, a diminuição dos recursos hídricos e o derretimento das Calotas Polares, entre outros fatores de menor importância. Após esse alerta mundial acontece, em 1972, em Estocolmo, a Conferência do Meio Ambiente Humano, visando sobretudo a Sustentabilidade do Planeta, que além de Agendas preconizadas, determinava como princípio da sustentabilidade para projetos e ações, os princípios: Ecologicamente correto; Economicamente viável; Socialmente justo e Culturalmente diverso. Tudo baseado no Relatório de Brundtland, “Nosso Futuro Comum" que enfatizava que o uso sustentável dos recursos naturais deve: “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas”.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA Considerando a necessidade de mudar a estrutura governamental relativa ao Meio Am-


biente e melhor adequar, fiscalizar e proteger os recursos naturais renováveis o governo cria, pela Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis- IBAMA, acrescida de mais quatro entidades que tinham atividades afins: Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Superintendência da Borracha (SUDHEVEA), Superintendência da Pesca (SUDEPE) e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF). O IBAMA é o órgão federal executivo autônomo responsável pela execução da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), instituída pela lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e desenvolve diversas atividades para a preservação e conservação do patrimônio natural, exercendo o controle e a fiscalização sobre o uso dos recursos naturais (água, flora, fauna, solo, etc). Também cabe a ele conceder licenças ambientais para empreendimentos de sua competência.

Instituto Chico Mendes – ICMBio Criado pela Lei nº 11.516, de 28 ago 2007, é responsável por propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as unidades de conservação federais, além de fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e exercer o poder de polícia ambiental para a proteção da biodiversidade em todo o Brasil. Surgiu de uma reestruturação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis(IBAMA), anteriormente responsável por tais atribuições. A missão do Instituto Chico Mendes é proteger o patrimônio natural e promover o desenvolvimento socioambiental integrado.

Novo Código Florestal Brasileiro Lei nº 12.651, de 25 mai 2012, que dispõe sobre a cobertura vegetal nativa do território nacional estabelecendo normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente, áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, prevendo instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. Ainda como destaque, a afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação

das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem-estar das gerações presentes e futuras. No conteúdo da Lei, são descritas as responsabilidades dos entes da federação, assim como todos os brasileiros das áreas rurais e urbanas na conservação das matas e vegetações, nas suas várias formas vegetativas.

Cadastro Ambiental Rural CAR/SISCAR Criado pela Lei nº 12.651, de 25 mai 2012, Cap VI, Art 29, totalmente sistematizado e informatizado, é o melhor instrumento de gestão pública, nos últimos tempos, para a proteção do meio ambiente, regularização fundiária e avaliação da verdadeira situação da produção, empresário, produtor rural e agricultura familiar. Com recursos tecnológicos de informação: geoprocessamento e georreferenciamento, de ponta, que antes não existia, permite a realização de estatísticas automatizadas e fornecimento de índices e indicadores da produção e situação socioeconômica do homem do campo e do ambiente rural. A diversidade do aproveitamento do CAR pode ser muito útil ao IBGE, na atualização das estatísticas anuais, atualmente defasadas de 5 anos. Outra aplicação importantíssima é a Identificação Geográfica - IG de alimentos de alta qualidade produzidos. que apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como: solo, vegetação, clima e saber fazer. Existem duas espécies ou modalidades de Indicação Geográfica: “Indicação de Procedência (IP)” e “Denominação de Origem (DO)”. A definição sobre estas modalidades, assim como outras informações básicas sobre IG, estão disponíveis no MAPA. Considerando o Sistema 5 S, que preconiza o controle da Qualidade Total, identifica-se muito bem com o produtor e o artesanato: O que produz?, Onde produz?, Como produz? Quanto produz?, Onde vende?, Quanto ganha? Talvez, um banco de dados básico, com esse propósito, seja um dos mais notáveis e relevantes serviços de rastreamento e avaliação que o CAR possa prestar ao produtor rural, ao meio ambiente, ao Brasil e à Sociedade Brasileira. Animal Business-Brasil_65


Raul Moreira

O capital internacional é bem-vindo à nossa agropecuária Antonio Alvarenga (*)

O

Brasil conquistou uma posição de liderança na produção e no comércio internacional de produtos de origem agropecuária. Somos o maior produtor de café, cana-de-açúcar e laranja do mundo; o segundo maior produtor de soja e o maior exportador mundial de carne bovina e frangos. Também merece destaque nossa produção de algodão, frutas, celulose, madeira e derivados de florestas plantadas. O potencial de crescimento de nosso agronegócio é extraordinário. As previsões indicam que a população mundial permanecerá em crescimento e que a urbanização das nações em desenvolvimento é um processo inevitável. A população global deve saltar dos atuais sete bilhões de pessoas para nove bilhões até 2050. Para satisfazer as necessidades dos novos habitantes do planeta, será necessário aumentar a produção mundial de grãos em aproximadamente 50%, e de carnes, em quase 100%. Cabe ao Brasil atender à parcela significativa dessa nova demanda. Nossa posição é privilegiada. Temos grandes áreas de terras disponíveis para produção, clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante, boa distribuição de água doce, tecnologia apropriada e gente capacitada. A FAO espera que o Brasil aumente sua produção, nos próximos dez anos, em torno de 35% em grãos, 25% em carnes, 85% nos biocombustíveis e 18% no açúcar. Para tanto, o País precisará incorporar ao processo produtivo cerca de 12 milhões de hectares, o que exigirá investimentos superiores a R$ 100 bilhões. Trata-se de uma empreitada ambiciosa que só será viável com a participação de capital ex-

66_Animal Business-Brasil

terno. Há investidores de diversas regiões do planeta dispostos a trazerem recursos financeiros e tecnológicos para o nosso agronegócio. O problema é que o fluxo de capitais internacionais para investimento na produção agropecuária está paralisado desde agosto de 2010, quando um parecer da Advocacia Geral da União modificou o entendimento jurídico vigente sobre a compra de terras por estrangeiros, restabelecendo os limites de uma obsoleta lei de 1971. Manter tal restrição significa abrir espaço para que outros países recebam os vultosos investimentos que seriam destinados ao Brasil, ameaçando nosso protagonismo no comércio internacional de produtos de origem agropecuária. É, portanto, imperioso inserir no atual ambiente de reformas modernizantes e de revisão de conceitos ultrapassados, a atualização das normas legais relacionadas à aquisição de terras por estrangeiros. A liberação dos atuais impedimentos ensejará um grande fluxo de investimentos para o País, na medida em que a participação do capital internacional não irá se restringir apenas à aquisição das terras e à produção agropecuária. Na verdade, vai abranger toda a cadeia produtiva do setor, movimentando os demais segmentos da economia. O País não pode perder essa oportunidade. Somos uma nação que precisa crescer, proporcionar emprego e boas condições de vida aos cidadãos. Vamos dar boas-vindas aos investidores estrangeiros no agronegócio brasileiro. (*) Antonio Alvarenga é presidente da Sociedade Nacional de Agricultura


Fotos: Cristina Baran

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