Revista da Igreja Metodista no Estado do Rio de Janeiro Nº 38 • 3º Trimestre de 2013
Crescendo com o Discipulado
Liderança metodista compartilha a prática de ser e fazer discípulos
Artigo faz paralelo entre democracia e espiritualidade cristã Página 12
Uriel Teixeira, pastor por vocação e metodista por opção Página 14
Vivendo a prática do Discipulado Fazer discípulos é uma ordenança do Mestre Jesus. E a Igreja Metodista tem investido nessa prática. Na segunda edição do Congresso de Discipulado, realizado em junho, isso ficou mais evidente. Por ocasião desse evento, a revista Fé e Nexo decidiu trazer o assunto como capa desta edição. Além do bispo Paulo Lockmann, outros líderes compartilharam suas experiências nessa área. Em seu artigo, o bispo destacou já de início o investimento de Jesus nos discípulos, deixando um norte. “O Senhor agia a ensiná-los a viver segundo o propósito de Deus, tomava as mais diversas situações da vida, e com simples figuras lhes ensinava o caminho a seguir”, declarou Lockmann em sua exposição. O foco é ter sempre Jesus como modelo. Segundo o coordenador regional de Discipulado, pastor Marcus Fraga, em artigo na página 6, o fato de a Igreja estar mais focada nessa tarefa nos últimos anos caracteriza, na verdade, uma volta às origens. Ele, porém, observa que “o grande problema que enfrentamos neste processo vem sendo
as distorções que têm acontecido no meio do povo de Deus”. Inclusive, ele destaca que o verdadeiro discipulado não está “no poder de fazer gente”, mas sim em transformar vidas, sociedades, cidades e nações. Ao compartilhar sua experiência com o discipulado, o pastor Ananias Lúcio da Silva, líder da IM em Barra Mansa, usou como base o princípio de transmissão de conhecimento e a prática cristã utilizados por Jesus e recomendados pelo apóstolo Paulo ao jovem discípulo Timóteo. Segundo ele, se considerarmos o tema discipulado sob esse prisma, veremos que o desafio de discipular vidas está fundamentado na comunhão, convivência e comunicação do Evangelho. “O seu propósito deve ser a formação cristã daqueles que frequentam as igrejas, sem, contudo, descuidar-se dos desafios missionários que o envolvem, uma vez que a missão da Igreja é o resgate de vidas”, comentou o articulista. Para o pastor Rogério Oliveira, SD do Distrito de Macaé, o discipulado
é uma tarefa de grande importância para o ministério pastoral. No entanto, em sua experiência ministerial, ele percebeu, por onde passou, um certo desconhecimento das doutrinas e das organização básica da Igreja por parte da liderança local. Segundo o reverendo, não resolver essa questão resultaria em conflitos na relação pastor-liderança. Diante dessa constatação, ele sentiu a necessidade de fazer um trabalho de discipulado de lideranças. Nesta edição, ele fala dos frutos dessa iniciativa. Aqui retratamos apenas algumas experiências com o discipulado. No entanto, sabemos que toda a Primeira Região, que tem uma meta de crescimento a alcançar, vem se dedicando à prática do ser e fazer discípulos. Que os trabalhos registrados nesta publicação sirvam de estímulos para que novas iniciativas focadas na geração de vidas em Cristo aconteçam. Sigamos o Mestre! Boa leitura! Nádia Mello Editora
A Espiritualidade, o Evangelho e a Igreja O modelo de espiritualidade intimista que invade as livrarias e até mesmo a igreja é uma versão religiosa do individualismo narcisista da sociedade. Uma espécie de escapismo subjetivo que nos afasta da realidade e das verdades bíblicas. Publicado pela editora Ultimato, o livro traz quase 40 textos curtos, que levam o leitor a desenvolver o que há de mais verdadeiro no relacionamento com Deus, com o próximo e com nós mesmos. Em A Espiritualidade, o Evangelho e a Igreja, o pastor Ricardo Barbosa deixa claro que a espiritualidade cristã e bíblica reconhece a centralidade da cruz e encontra nos Evangelhos – na pessoa de Cristo – e na presença do reino de Deus sua forma e seu conteúdo. Uma preciosa coletânea de textos, organizados em três blocos temáticos – “Espiritualidade”, “Evangelho” e “Igreja” - que guiam o leitor pelos tortuosos caminhos da religiosidade dos nossos dias. Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília (DF). É colunista da revista Ultimato e autor de, entre outros, O Caminho do Coração e Identidade Perdida, ambos publicados pela Encontro Publicações.
2
4
Condições bíblicas para o Discipulado
6
O Discipulado de que o mundo precisa
Bispo da Primeira Região Eclesiástica Paulo Lockmann Conselho Editorial Coordenador Ronan Boechat de Amorim Selma Antunes da Costa Deise Marques, Nádia Mello Pablo Massolar Giselma Almeida Luiz Daniel do Nascimento Editora Nádia Mello (MT 19.333) Assistente de redação Camila Alves Carla Tavares Revisão Evandro Teixeira Fotos Arquivo pessoal Diagramação Estúdio Matiz
8
A prática do Discipulado na Igreja em Barra Mansa
10
MInistérip pastoral e Discipulado no Distrito de Macaé
12
O espírito democrático e a espiritualidade cristã
14
Uriel Teixeira, pastor por vocação e metodista por opção
Circulação: 11.000 exemplares Esta publicação circula como suplemento do Jornal Avante, não sendo, portanto, distribuída separadamente.
Calendário litúrgico: Tempo comum (2ª parte) Vivência do Reino A segunda parte do tempo comum, que também é o período mais longo, começa na segunda-feira após Pentecostes e dura até a véspera do Primeiro Domingo do Advento, quando tem início o Ciclo do Natal. Sua espiritualidade comemora o próprio ministério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos, e enfatiza a vivência do Reino de Deus e a compreensão de que os cristãos são o sinal desse Reino. Se na primeira parte do Tempo Comum a ênfase é o anúncio, na segunda é a concretização do Reino de Deus.
Símbolos para o Segundo Tempo Comum Rua Marquês de Abrantes, 55, Flamengo, Rio de Janeiro – RJ – CEP 22230-061 Tel: (21) 2557-7999 / 3509-1074 / 2556-9441 Site: www.metodista-rio.org.br Twitter: @metodista1re Facebook: www.facebook.com/metodista1re
Flores (sinalizando a Criação e a Nova Criação/consciência ecológica); Feixe de Trigo (sinalizando a colheita e os frutos da terra): a pesca / rede com peixes (sinalizando a missão do Reino); a mesa (representando a fartura e a comunhão); o triângulo (representando o equilíbrio e a constância necessários ao cotidiano cristão); a coroa (sinalizando a consumação plena do Reino de Deus). Cor: verde
3
Condições bíblicas para o Discipulado A expressão discípulo (=mathetés) aparece nos Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos 269 vezes. Isso por si só nos dá um parâmetro de quão importante este tema é na vida e ministério de Jesus. Não somente isso, Ele se dedicou à tarefa de formar discípulos. Veja o que Ele disse na oração sacerdotal quando encerrava seu ministério: “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. Agora, eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti.” (Jo 17.6-7). Assim, desde o início do seu ministério, Jesus investiu nos 12 apóstolos e nos 70 discípulos (Lc 6.12-16; Lc 10.1). Sempre, com objetivo de ensiná-los a viver segundo o propósito de Deus, tomava as mais diversas situações da vida, e com simples figuras lhes ensinava o caminho a seguir: “Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.” (Mt 5.21-22); Ou mesmo: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem pru-
4
dente que edificou a sua casa sobre a rocha” (Mt 7.24). Inclusive, Jesus fez severas exigências aos seus discípulos, as quais, hoje, andam meio esquecidas. Deixem-me recordar algumas delas.
O discípulo irradia paixão por Cristo Nosso primeiro e decisivo compromisso, como discípulos de Cristo, deve ser com Ele como Senhor e Salvador de nossas vidas. Devemos irradiar isso. Os sermões de Wesley e de Lutero são depoimentos e mensagens de corações apaixonados por Jesus e seu Evangelho. Paulo era radical quanto a isso. Vejamos seu próprio depoimento: “Mas o que, para mim, era lucro, isso considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras, considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte.” (Fp 3.7-10). Jesus mesmo deixou claro que Ele deve ser prioridade, ainda que nós, muitas vezes, não o coloquemos nesses
termos. Ele mesmo disse: “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26). Atenção, não significa que devamos ter animosidade contra nossos familiares; ao contrário, ser discípulo é dever amor incondicional, até porque queremos imitar Cristo. Recordando que o maior obstáculo somos nós mesmos, nossos interesses pessoais.
Para o discípulo Jesus é prioridade absoluta Vivemos em tempos de materialismo religioso. Explico. Trata-se de uma sociedade onde a grande prioridade é ter, possuir a corrida do consumo, é o grande anseio da alma das pessoas. O mercado tornou-se uma grande divindade; atender a suas exigências tornou-se a grande cerimônia religiosa dos nossos dias. Alcançar o bem material desejado torna-se uma grande compensação. As igrejas se rendem a ele, a salvação é a prosperidade, é o possuir um negócio próprio, uma casa, um carro. Não consigo ouvir em nenhum dos testemunhos contemporâneos na televisão a genuína alegria de encontrar Cristo, e a esperança da eternidade com Deus. Está tudo descrito em bens materiais.
Deus é instrumentalizado para o consumo, e, com isso, Ele, também, foi posto a serviço do mercado. Está certo isso? Estaria salva uma pessoa que tendo aceitado Jesus continuasse desempregada? Segundo algumas teologias, a resposta seria não. Mas qual é a teologia dos Evangelhos? Antes de responder, deixem-me citar o pastor David Wilkerson: “Acredite ou não, muitas pessoas de bem, que estão envolvidas em realizar empreendimentos maravilhosos, não irão para o céu. Pior que isso. Muitos que se consideram cristãos e estão convencidos de que irão para o céu ficarão de fora, mesmo não estando envolvidos em pecados grosseiros como pornografia e outros moralmente condenáveis.”. O que tem a ver esta afirmação de David Wilkerson com o que falávamos? Simples, Jesus não é uma opção religiosa, entre diversas outras que o mercado oferece, quase sempre o conceito: O que eu ganho com isto? Jesus nos ensinou: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt 7.22-23). A salvação no Evangelho pode ser a renúncia às posses, como foi no caso de Zaqueu (Lc 19.8-9). Aqui, fica claro que é Jesus como autor da salvação que espera que tiremos do nosso coração nossos ídolos. Aquilo que mais almejamos deve dar lugar a Ele. Zaqueu perdeu a riqueza para ganhar Cristo e a Salvação. O contrário do jovem rico (Lc 19.18-23). Por isso, a religião de Cristo rompe com o mercado e o consumo. Quantas vezes temos deixado
Nosso primeiro e decisivo compromisso, como discípulos de Cristo, deve ser com Ele como Senhor e Salvador de nossas vidas. Devemos irradiar isso de ofertar a missões e projetos sociais porque estamos economizando para comprar um vestido novo, um carro mais novo ou mesmo um aparelho de televisão? Ou como igreja local priorizamos uma guitarra nova a investir na congregação da periferia ou mesmo ajudar famílias mais carentes. Assim, o discípulo, sua salvação está relacionada à afirmação de Jesus no Sermão do Monte: “Buscai, pois, em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). Sim, seguir o ensino de Jesus conforme viveu Paulo: “Logo já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20).
O discípulo reconhece e escolhe a cruz A cruz é uma realidade. Ainda que alguns tentem escondê-la, ela é o maior símbolo do Cristianismo. Hoje, há tentativas de transformar a fé cristã numa religião da negação do sofrimento, exaltação, prazer e prosperidade. Mas o Cristianismo, embora considere alegria, prazer, prosperidade, frutos da vida cristã, não tem vergonha da cruz. Pelo contrário, a considera o poder de Deus. Não foge da cruz, mas a assu-
me a cada dia. Afinal, foi esta a ordem de Jesus (Lc 9.23-24). Não escolher a cruz, nos termos das palavras de Jesus, é escolher o mundo, é perder a verdadeira vida. A expressão freqüente de Jesus aos discípulos foi segue-me. Somos seguidores de Jesus, e isso significa andar com ele, andar nos seus caminhos e não nos nossos caminhos (Mt 11.29). Os discípulos estavam sempre em aprendizado com Ele. O verdadeiro discípulo nunca para de aprender de Jesus (Mt 5.1-2). Jesus deixa claro que segui-lo é andar em obediência à sua Palavra (Jo 8.31). Esse é também um caminho de bênção e de sentir o cuidado do Senhor a nós: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.” (Jo 15.7). Blibliografia: WILKERSON, David. Good Things That Keep People out of Heaven – Coisas boas que deixam as pessoas fora do Céu.
Impressos: BONHOEFFER, Dietrich. Se não morrer, fica só. Lisboa: Editora Livraria Alegria, 1963. p. 90. Bispo Paulo Lockmann Bispo da Igreja Metodista no Estado do Rio de janeiro e presidente do Concílio Mundial Metodista
5
O Discipulado de que o mundo precisa Graças a Deus, nesses últimos anos, nossa igreja tem voltado a cumprir o que Jesus nos ordenou: fazer discípulos. Isso nunca foi novidade para nós, metodistas. Simplesmente o que está acontecendo é a volta às origens. O grande problema que enfrentamos neste processo vem sendo as distorções que têm acontecido no meio do povo de Deus. Preste atenção! Quando Jesus diz que Ele é a videira e nós, os ramos, o que isso significa para nós? O que é ser frutífero para Jesus? Ou Infrutífero? Muitos vão dizer que ser frutífero é juntar multidões, que está no poder de multiplicar pessoas, entendendo que isso é fazer “novos discípulos”. Fico pensando em Gálatas 5.22-26, que fala do fruto do Espírito. Vejamos: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra
estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.” Ah... Então, isso quer dizer que ser frutífero para Deus é ter as características de Jesus? Quero provocar essa reflexão, meu irmão. Por que continuamos achando que discipulado está no poder de fazer gente? Muito pelo contrário,
essa prática, na verdade, transforma gente, sociedades, cidades e nações. Não entendo discipulado, a não ser à luz da Palavra. Penso que é impossível discipular senão por meio da força e unção do Espírito Santo. Você pode me perguntar: “Mas como saber se estou sendo discipulado sob orientação do Espírito Santo?” Vejamos primeiro qual é a função do Espírito dita pelo próprio Senhor Jesus em João 16.7-8: “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.” Entendeu? Simples, não? Então, o verdadeiro discipulado que o mundo precisa não pode ficar somente no convencimento do pecado, mas também da justiça e juízo, porque sabemos que Jesus em breve buscará sua igreja. Unidade e parceria em torno do discipulado
6
Fico me perguntando se as manifestações que vimos nas ruas por justiça não têm sido as pedras clamando... Cadê a justiça? O Espírito Santo mudou? Só se fala agora do pecado, da riqueza e do poder? Misericórdia! Penso que nós, metodistas, temos uma herança extraordinária a ser resgatada. E nestas linhas gostaria de compartilhar minha experiência a respeito do discipulado e sobre grupos pequenos e espero que seja útil. Ao refletir sobre o tema, fiz o seguinte questionamento: “Como vou falar para minha igreja que devemos abrir nossas casas para discipular se eu não abro a minha?” Procurei iniciar conforme aprendi: convidei três irmãos (trata-se de um discipulado para homens) para começar em minha casa, todas às segundas-feiras, às 17h, um discipulado com café da tarde, onde tomamos um café e compartilhamos a Palavra. Que momento simples e agradável! Bênção pura! Analisamos a mensagem pregada no domingo, verificamos em que ela pode nos afetar e como podemos ser melhores como servos de Deus. Você pode estar pensando: “Até aí tudo bem, nenhuma novidade...” Verdade, meu irmão. Mas quero compartilhar minha alegria: em pouco tempo quatro homens se converteram, e passamos a reunir quase vinte! O mais impressionante que sem nenhum apelo emocional, promessas de riqueza, cura ou coisa parecida... Simplesmente por dar razão à Palavra de Deus. Simples assim... Depois de analisarmos a Palavra de Deus, volto-me para eles e pergunto se entenderam. Pergunto se tem algo que os impeçam de receber este Jesus Maravilhoso em suas vidas. Viva! A verdadeira conversão para mim vem de um coração que dá razão à Palavra de Deus e entende que não há outro caminho a não ser Jesus. Creio
Grupo de discipulado em confraternização
que a visão de crescimento do bispo Paulo Lockmann será uma realidade. E nada nem ninguém poderá nos parar! Mas lembrem-se: sem lavagem cerebral, sem emocionalismo... Mas simplesmente por dar razão à Palavra. Foi assim com o eunuco, lembram? Como registra Atos 8.26-39: “E o anjo do SENHOR falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adoração, regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.
O Evangelho do Senhor Jesus é simples... O que o impede de falar da Palavra? O que o impede de dar razão à Palavra de Deus? Lembre-se: Tudo isso só vai surtir efeito se você estiver cheio do Espírito Santo de Deus. Ide e fazei discípulos!
E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro. E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia. Assim não abriu a sua boca. Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; E quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra. E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus. E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou. E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho.” O Evangelho do Senhor Jesus é simples... O que o impede de falar da Palavra? O que o impede de dar razão à Palavra de Deus? Lembre-se: Tudo isso só vai surtir efeito se você estiver cheio do Espírito Santo de Deus. Ide e fazei discípulos! Marcus Fraga Pastor e coordenador regional do Discipulado
7
A prática do Discipulado na Igreja em Barra Mansa "E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros" (2 Tm 2.2).
O princípio de transmissão de conhecimentos e a prática cristã, utilizados por Jesus Cristo e recomendados pelo apostolo Paulo ao jovem discípulo Timóteo, nos últimos anos, vêm sendo largamente divulgados na Igreja Metodista. Ao longo desse tempo, tornaram-se tema de estudos e reflexões, trazendo desafios que, uma vez implantados, exigirão mudanças estruturais e comportamentais, afetando ainda práticas e costumes enraizados em nossas igrejas e instituições. Se considerarmos o tema discipulado à luz dos ensinamentos de Jesus e na prática missionária dos apóstolos, veremos que o desafio de discipular vidas está fundamentado na comunhão, convivência e comunicação do Evangelho. O seu propósito deve ser a formação cristã daqueles que frequentam as igrejas, sem, contudo, descuidar-se dos desafios missionários que o envolvem, uma vez que a missão da Igreja é resgatar vidas. A prática do genuíno discipulado cristão sempre resultará na multiplicação de discípulos e discípulas. Para instruir e preparar os seus seguidores, além de utilizar o método do discipulado, Jesus declarou o que esperava dos seus discípulos. Ele afirmou: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13.15). Se quisermos seguir os ensinamentos do Mestre, devemos fazer com que em nossas igrejas o prin-
8
cipal objetivo seja tornar as pessoas semelhantes ao Senhor. Seguir a Jesus e tornar-se seu discípulo não é uma opção, mas uma exigência do Senhor. Ele chamou e preparou discípulos para viver em comunidade, expressando de forma prática o Reino de Deus. O atendimento ao seu chamado resulta na produção de frutos de fé, amor, justiça e misericórdia, tudo à luz dos desafios propostos nos Evangelhos e exemplificados na caminhada missionária dos apóstolos. A prática do discipulado requer que o discípulo molde a sua vida de acordo com os padrões espirituais ensinados por Jesus. Isso exigirá um constante esforço para exercitar perdão e caminhar em obediência às ordenanças do Pai. Essa caminhada de aprendizado e dedicação à missão exigirá abnegação
e priorização da causa cristã. Nesta linha de ensinamento, o Mestre alertou: “Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24). Na prática missionária da Igreja em Atos dos Apóstolos, percebemos que o discipulado, a intrepidez e a ousadia no anúncio do Evangelho foram algumas razões para o sucesso no cumprimento da Missão. O resultado desse método aprendido com Jesus foi um crescimento diário no número de seus discípulos (At 2.41; 5.14; 6.7). Os textos mostram que essa prática não se resume apenas em um programa a ser cumprido pela igreja local e, tampouco, um planejamento imposto a ela. Como ordenança bíblica, o discipulado deve nortear todas as ações da Igreja, tornando-se
A prática do discipulado requer que o discípulo molde a sua vida de acordo com os padrões espirituais ensinados por Jesus. Isso exigirá um constante esforço para exercitar perdão e caminhar em obediência às ordenanças do Pai. Essa caminhada de aprendizado e dedicação à missão exigirá abnegação e priorização da causa cristã
Momento de aprendizado e crescimento por meio de um grupo de discipulado da Igreja Metodista em Barra Mansa
o seu “carro-chefe”, ou seja, principal razão de sua existência. Não se admite que a liderança das igrejas locais destine seus bens, patrimônio e força de trabalho para fins que não sejam evangelísticos e missionários. Em geral, o discipulado na Igreja Metodista encontra-se em fase de consolidação. A Igreja o reconhece como um método indispensável e eficiente, mas a execução ainda carece de unidade e equalização. Os modelos utilizados pelas Regiões e igrejas locais se diversificam, gerando uma infinidade de possibilidades. Esse fato poderá ser visto como algo bom, se considerarmos que o processo depende de ajustes, até que chegue a um modelo aplicável à estrutura da Igreja Metodista, respeitando, naturalmente, as experiências e diferenças regionais. A implantação do discipulado em uma igreja local passa por diversas etapas. No entanto, se não forem observadas, poderá comprometer todo o processo. Quanto mais antiga for a comunidade local, maiores serão os desafios e dificuldades para a implantação do projeto. Isso porque seus planejamentos, atividades, espaço físico e força de trabalho estão comprometi-
dos com práticas e ações que há anos direcionam a sua caminhada. Assim, implantar as mudanças radicais que o discipulado exige será uma tarefa que demanda tempo para a transição, empenho na formação de novos líderes e dedicação à nova visão e proposta de trabalho missionário. Na Metodista Central em Barra Mansa, Igreja atuante na cidade há 120 anos, não tem sido diferente. Estamos trabalhando há um longo período na implantação do projeto e formação de novos líderes, com objetivo de atender aos desafios de ser discípulo e discipulador. Para isso, elaboramos seminários, palestras, estudos semanais e mensagens sobre o tema. Promovemos também cursos e enviamos os interessados para encontros programados pelo Ministério Regional de Discipulado além de criar na igreja local o Ministério de Discipulado. Como resultado dessas ações, implantamos os primeiros Grupos de Discipulado nos lares, que funcionam semanalmente em 12 pontos da cidade, e continuamos investindo na conscientização dos membros e na formação de novos líderes. No processo de implantação deste projeto missionário, as
maiores dificuldades têm sido conseguir a adesão dos membros e liderança, e conciliar a proposta com as demais atividades da igreja. O fato é que, salvo as exceções, a agenda das igrejas locais se encontra repleta de tarefas e compromissos oriundos dos seus diversos níveis organizacionais. São programações que nem sempre privilegiam a missão da Igreja, ou seja, ganhar, consolidar, ensinar e enviar. Por fim, ressalto que, ao fazermos avaliações, não devemos comparar o discipulado praticado na Igreja Metodista com experiências vividas por outros grupos religiosos. Tampouco importar modelos e costumes experimentados por outras comunidades sem considerar histórico, estrutura e contexto em que o discipulado está sendo implantado. Sem dúvida, os resultados virão. Mas isso exigirá de todos - leigos e clérigos - cooperação mútua e trabalho árduo, até que alcancemos a promessa do Pai, que é de uma grande colheita de vidas.
Ananias Lucio da Silva Superintendeste Distrital e pastor da IM em Barra Mansa
9
Ministério pastoral e Discipulado no Distrito de Macaé Ao lado, unidade e parceria em torno do discipulado. Abaixo, alegria e festa por êxito no discipulado
Sempre entendi, mesmo antes das decisões conciliares, que discipulado é uma tarefa importantíssima no ministério pastoral. Sem querer entrar no mérito da causa, na maioria das comunidades locais para onde fui designado, o desconhecimento das doutrinas e organização básica da Igreja por parte da liderança local sempre foi uma lacuna no desenvolvimento das atividades pastorais. Não resolver essa questão resultaria em conflitos na relação pastor-liderança, envolvendo, em sequencia, todos os demais membros da igreja local. Diante disso, surgiu a necessidade de discipular a liderança da igreja e demais interessados. Por conta disso, semanalmente, todos os coordenadores e vice-coordenadores dos ministérios locais são convocados para uma reunião com o pastor. Nesse encontro, temos a oportunidade, a partir dos documentos da Igreja, de discutir e aprofundar o modo metodista de pensar vários assuntos do cotidiano religioso.
10
Na maioria das comunidades locais para onde fui designado, o desconhecimento das doutrinas e organização básica da Igreja por parte da liderança local sempre foi uma lacuna no desenvolvimento das atividades pastorais. Não resolver essa questão resultaria no conflito na relação pastor-liderança A cada participante é distribuído uma pastoral do Colégio Episcopal, onde eles estudam e compartilham seu aprendizado. Nesse encontro, incluímos ainda noções de elaboração de sermão. Além disso, cada integrante fica responsável pela apresentação de um projeto pastoral para ser aplicado na igreja local a partir das necessidades identificadas por eles próprios. No final do ano, além de estar apto a coordenar qualquer ministério local, o participante adquire conhecimento suficiente que o habilita a ser líder de pequeno grupo, professor da Escola Dominical e dirigente dos cultos regulares da igreja. Esse encontro tem a duração de um ano. A cada ano, porém, novas pessoas que apresentam características de liderança são convidadas para formar novos grupos. Para os membros que não compõem a liderança, existem os grupos pequenos que se reúnem semanalmente para estudar. Os estudos são elaborados pelo pastor local e a coordenadora do Ministério de Ensino e Capacitação. Também utilizamos o material didático para discipulado oferecido pelas áreas nacional e regional. A liderança dos grupos pequenos se encontra toda a semana com o coordenador local do Ministério do Discipulado para análise e estudo dos temas que serão desenvolvido nos grupos.
IM Central em Macaé: três níveis de discipulado
1
Discipulado do pastor com os lideres da igreja local ¬– Reunião semanal com a liderança que compõe a Coordenação Local de Ação Missionária, onde tratamos de vários assuntos relacionados ao cotidiano da comunidade local e ministração de estudos com material fornecido pela área nacional.
2
Discipulado dos líderes com os membros da igreja local – Reunião semanal, geralmente às quintas-feiras, onde 35 grupos, que variam de 10 a 30 pessoas, reúnem-se nos lares ou dependências da igreja local para estudos elaborados pelo pastor, Coordenação do Ministério de Ensino e Capacitação ou o material fornecido pela Sede Nacional ou Regional.
3
Formação de leigos para o discipulado – Para a formação de discipuladores, o Ministério de Ensino e Capacitação recruta os interessados, principalmente os que participaram do Encontro de Renovação Espiritual, e ministra um curso desenvolvido em três etapas: • Primeira etapa: São ministradas lições básicas do Cristianismo com ênfase na formação do caráter do líder. O tempo de duração dessa fase é de quatro meses; • Segunda etapa: São ministradas lições básicas da Igreja Metodista com ênfase nos deveres e direitos do membro leigo. O tempo de duração dessa fase é de seis meses; • Terceira etapa: É ministrado o estudo sobre todas as pastorais emitidas pelo Colégio Episcopal com ênfase na formação de coordenadores de Ministérios, professores da Escola Dominical, dirigentes de Células (grupos pequenos) e de culto. O curso é realizado todas às terças-feiras, com 40 participantes, onde cada um deles tem a oportunidade de estudar e compartilhar entre si os assuntos pertinentes às Cartas Pastorais. Ainda é exigida a elaboração de um sermão bíblico e a apresentação de um projeto pastoral que seja viável na comunidade local a partir das dificuldades ministeriais apresentadas pelo próprio discipulando. Anualmente também é realizada a formatura desses leigos. Além disso, é acontece o encontro de todos os dirigentes e participantes das células para celebração e descoberta de talentos. Pastor Rogério Oliveira Superintendente Distrital de Macaé
11
O espírito democrático e a espiritualidade cristã
12
Não crer em Deus e não amá-lo de todo coração e entendimento conduz o ser humano a um estado de solidão e alienação no qual ele acaba perdendo os referenciais. Sem Deus, o homem é entregue a si mesmo e caminha, lentamente, para a desilusão da sua insensatez A democracia na civilização pós-moderna vem se ajustando a novas formas e conceitos. Ela não está mais limitada apenas à esfera política e às relações entre o povo e seu governo, mas vem se expandindo em todas as áreas de relacionamentos. Ser democrático é saber respeitar e acolher as diferenças; não impor nenhuma forma de pensamento ou conceito; não ser absoluto em nenhuma afirmação; não exercer nenhum tipo de autoridade ou exigir qualquer forma de fidelidade. A nova democracia vem deixando de lado sua relação histórica com as grandes verdades públicas para se identificar com as opções privadas. Na sociedade pós-moderna cada um quer ter garantido seu direito à privacidade. Este é o grande valor da democracia hoje. Isso significa não apenas que podemos escolher a forma como iremos viver (e isso não diz respeito a mais ninguém, apenas a mim). Cada um escolhe o que quer, como quer e quando quer. Isso significa que podemos escolher também um deus e uma forma particular de viver a fé que seja só minha e sobre a qual eu não tenha de dar satisfação a ninguém. Enquanto a democracia permanece circunscrita ao terreno das grandes questões públicas, dando forma ao Estado e às relações entre os poderes constituídos, ela permanece como um
modelo político que garante a liberdade e a soberania de um povo e uma nação. No entanto, quando ela se reduz a este espírito democrático individualista, acaba promovendo uma espécie de zoológico social, cuja liberdade só se dá na jaula em que cada um vive sua privacidade. Com isso, privamos a sociedade das bênçãos da vida comunitária. O que aconteceria se permitíssemos que nossos filhos aprendessem na escola que 2+2=5 ou que a lei da gravidade é um conceito relativo que depende da fé de cada um? Esses conceitos não são privados, e dependemos deles. Para a nossa segurança. A bênção do conhecimento nunca foi um privilégio restrito aos cientistas, mas compartilhada com toda raça humana. Contudo, por causa desse espírito democrático individualista, somos tentados a pensar que a revelação de Deus, seus propósitos para o ser humano e para toda a criação, os mandamentos espirituais e morais são privados e não devem ser compartilhados com a sociedade, mas cultivados apenas na jaula religiosa de cada um. Nada, porém, é mais social do que a fé. Os votos que fazemos diante de Deus no batismo, casamento ou ordenação têm profundas implicações sociais. A confissão de que Jesus Cristo é o Filho de Deus encarnado, que morreu pelos nossos pecados, ressuscitou no terceiro
dia, e virá outra vez para estabelecer definitivamente seu Reino de paz e justiça tem profundas implicações sociais. Afirmar que a Bíblia é a Palavra de Deus e a revelação do seu amor e propósitos para a raça humana também tem profundas implicações sociais. Ser democrático é reconhecer o direito que todos têm de compartilhar o conhecimento. E isso inclui compartilhar as verdades redentoras do Evangelho de Cristo. Não crer em Deus e não amá-lo de todo coração e entendimento conduz o ser humano a um estado de solidão e alienação no qual ele acaba perdendo os referenciais. Sem Deus, o homem é entregue a si mesmo e caminha, lentamente, para a desilusão da sua insensatez. Se o sentido da existência humana permanece trancado na jaula do individualismo, que esperança pode haver para a humanidade? O narcisismo individualista tem produzido seus próprios deuses, como Mamon, que inspira a ambição; ou Afrodite, que inspira a sensualidade. São deuses que nascem nas jaulas do individualismo. A cultura pós-moderna clama por um Redentor que a redima das armadilhas que ela mesma criou. Um Salvador que a salve dos desejos egoístas, cultivado na solidão ansiosa da privacidade, para uma vida de renuncia e doação. Um libertador que a livre da sedução de querer ser seu próprio Deus. Precisamos lutar por uma democracia que garanta a todos o direito de conhecer a verdade que liberta e por um Cristianismo cheio de paixão por Deus e pelo ser humano, criado à sua imagem e semelhança.
Ricardo Barbosa de Sousa Pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto. Texto extraído do livro A Espiritualidade, o Evangelho e a Igreja
13
Uriel Teixeira, pastor por vocação e metodista por opção
Uriel Teixeira: uma vida de dedicação ao ministério
14
No dia 16 de julho de 1941, nascia, em Raul Soares (MG), Uriel Teixeira. Seus pais, evangelista João Teixeira da Silva e Augusta Rodrigues da Silva, eram metodistas e tiveram mais três filhos: João, Bárbara e Levingston Teixeira. A primeira menção sobre o pastorado em sua vida surgiu em resposta a uma promessa feita por sua mãe quando, aos 5 anos de idade, ele contraíra tétano. “Se Deus o livrasse da doença, ele seria pastor”, disse ela. O Senhor ouviu a oração da serva de Deus. O tempo passou. E numa noite de 1958, quando frequentava a Igreja Metodista em Barra Mansa, Uriel, já adolescente, sentiu-se chamado por Deus quando o pastor Daniel Bonfim falava sobre o chamado de Abraão (Gn 12). Ali, ele decidiu fazer a profissão de fé e, no ano seguinte, ingressou no Instituto Metodista Granbery (MG) para iniciar os estudos. Em 1965, ele concluiu Faculdade de Teologia de São Paulo. No ano seguinte, Uriel recebeu do bispo Natanael Inocêncio Nascimento
(1ªRE) sua primeira nomeação pastoral. Ele passou pelas igrejas de Búzios, Manguinhos e Baía Formosa, esta na Região dos Lagos (RJ), onde permaneceu por um ano. “Sempre que estou em Búzios sou apresentado nas igrejas como o primeiro pastor residente na cidade. Antes, os outros vinham de Cabo Frio”, comentou ele. Durante seu pastorado na Região dos Lagos, a Igreja Central de Búzios, que ficava na Praia dos Ossos, recebeu da Companhia Odeon a doação do terreno, onde ela funciona atualmente. Hoje, a igreja na Praia dos Ossos é considerada histórica. Uriel foi ainda um dos responsáveis pela fundação, anos mais tarde, do primeiro curso supletivo na colônia de pescadores da cidade, ao lado das professoras Osmara e Osni Massolar Chaves. Na época de sua nomeação para as igrejas de Itaocara, Laranjais, Vargem Alegre, Água Preta e Valão do Barro, Uriel sentiu que precisava aprofundar seus estudos teológicos. Com a recomendação do reverendo Nilton de Oliveira Garcia, ele foi contemplado com uma bolsa de estudos em Buenos Aires. Ao retornar ao Brasil, em 1970, foi
então nomeado para a Igreja de Guarus, em Campos (RJ). Seis meses mais tarde, substituindo o missionário Ted Cowell, que saíra de férias, foi para a Igreja Central de Itaperuna. Na mesma época, auxiliou nos trabalhos da IM de Porciúncula. Um ano depois, Uriel pediu licença. Durante o tempo em que ficou afastado, procurou avaliar seu chamado para o ministério, permanecendo na casa de sua mãe, em Barra Mansa, até 1975. Na época, ele lecionava as matérias de Estudos Sociais, OSPB, Moral e Cívica e Sociologia na cidade. Nesse período, complementou sua formação em Filosofia e foi coadjutor do reverendo James Tims em Volta Redonda e do pastor Eugênio Sias, na Igreja Central em Barra Mansa e na de Vila Nova. Em 1973, Uriel foi nomeado para as igrejas Central de Resende e Macedônia e como capelão protestante dos cadetes da Academia Militar de Agulhas Negras (Aman). Em 1974, Uriel precisou se afastar do magistério e do pastorado por problemas nas cordas vocais, sofrendo cinco intervenções cirúrgicas, sem êxito total. No ano seguinte, foi convidado para auxiliar na criação de um serviço de orientação religiosa no Bennett pelos reverendos Messias Amaral dos Santos, na ocasião diretor do Bennett, e Assir Goulart. Também ajudou na formação do Departamento de Teologia, sendo convidado pelo pastor Juracy Sias Monteiro para assumir as cadeiras de História da Igreja e de Metodismo no Seminário Metodista César Dacorso Filho. De 1975 a 1984, Uriel Teixeira pastoreou várias igrejas da 1ª RE, sendo
cedido em 1985 apenas para o Seminário César Dacorso, que dirigiu em 1982 e no período de 1988 a 1994. Na década de 80 também trabalhou como obreiro no Instituto Metodista de Ação Social (Imas) com Livingstone dos Santos Silva e depois com o pastor Isaías Mendes, retornando ao Bennett em 1988 a convite de Livingstone. Participou ainda, como coordenador, da reestruturação do Departamento de Teologia e de Filosofia das Faculdades Integradas de Brasília (FIB). Em 1988, Uriel retomou o pastorado, na Igreja Metodista de Mutuá, onde permaneceu por 13 anos. No Instituto Bennett, lecionou nos cursos de Economia, Artes, Administração, Direito e Arquitetura, dando aulas de Antropologia, Ética e Teologia e Cultura. Auxiliou também na criação dos cursos de Filosofia, na fundação da Faculdade de Cultura e Existencialidade (Face), voltada para a terceira idade, e na transformação, em 1994, do antigo Seminário Metodista em curso bacharel de Teologia. Em nível regional, foi integrante da Comissão de Convalidação, que analisa academicamente os pedidos de ingresso no ministério pastoral, e trabalhou junto aos Jovens. Uriel foi ainda conferencista de 1993 a 1995, na área de Ciências Sociais e Filosofia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), e tem sua última conferência sobre História do Protestantismo com enfoque no Brasil gravada no Museu da Imagem e do Som. Uriel é coautor, ao lado de Livingstone dos Santos Silva e Lincoln Araújo dos Santos, do livro Democracia, participação e voto distrital, so-
bre Ciências Políticas. Ele é autor do compêndio sobre História da Teologia Metodista, usado nos Núcleos de Capacitação. Ele escreveu o livro Teologia e História do Metodismo: Uma reflexão Latino-americana, publicado em 2011. E uma obra sobre a História das Religiões, está em fase de produção. Uriel também foi responsável pela tradução do livro Pelas trilhas do mundo, a caminho do Reino, do teólogo uruguaio, Júlio Santana. Casado com Ruth de Souza Teixeira, Uriel tem três filhos e cinco netos. Eles ainda criaram um casal de sobrinhos. Uriel conheceu a esposa em Mata da Cruz, Campos (RJ). Metodista, mas de origem batista, Ruth é professora primária aposentada com formação em Educação Cristã. Atualmente Uriel está sem igreja local, mas integra há vinte anos os projetos do Núcleo de Capacitação, coordenando a área de História do Metodismo, dando aulas no curso de Ensino Religioso. Ele é professor do Curso Teológico Pastoral (CTP) e do Curso de Diaconato e Práticas Pastorais. “Sou pastor por vocação e metodista por opção. Amo a Igreja Metodista, a quem devo tudo. Isso, para mim, é uma bênção permanente. Sou grato a Deus pelos meus companheiros de pastorado, por quem tenho grande apreço e amizade, pelas minhas igrejas e por meus alunos de teologia, com quem aprendo a cada dia. ‘E até aqui o Senhor tem me ajudado e o melhor de tudo é saber que Deus está conosco’. Maranata!”, concluiu ele.
Reedição de matéria de Beatriz Rocha.
15