Portal VIP - 88ª Especial Congadas

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Surpreenda-se

com a história dos 138 anos da Congada de Catalão

138ª Festa do Rosário

88ª EDIÇÃO – JANEIRO 2015 DISTRIBUIÇÃO POR ASSINATURA E VENDA EM BANCA Foto de Capa: Revista Portal VIP/Maysa Abrão

ISSN 22380116 | R$ 22,00

um show de imagens

Benício Freitas

Um homem que nasceu para a Agronomia O Dr. Soja de Catalão www.revistaportalvip.com.br

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_CAPA

Lutar sempre. Vencer talvez, mas desistir nunca! Texto e fotos: Maysa Abrão

Com toda certeza com essas três colocações definimos o nosso homenageado de capa desta edição. Benício Aldo Lourenço de Freitas, natural de Viçosa/MG, nascido em 02 de outubro de 1951, formado em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa no início da década de 70, casado com Dalva Dorcina, pai e avô dedicado, escolheu construir em Catalão o seu campo profissional há mais de 30 anos. Determinado, ousado, empreendedor e trabalhador, esse catalano de coração cultivou ao longo de décadas de dedicação uma história de safras farturentas. E não digo fartura somente do ponto de vista econômico, mas principalmente no aspecto humano. Esse agrônomo com seu jeito humilde, bem humorado e prestativo conquistou a admiração de muitos.

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Caricatura: José Maurício

Benício Freitas O Dr. Soja!


“Benício é uma pessoa muito boa, grande amigo da nossa família e um profissional exemplar, talvez um dos maiores agrônomos que conheço. Profissionalmente é uma pessoa que gratifica a profissão e Goiás deve muito em desenvolvimento agrícola a ele, pois é um homem que irá deixar sua marca no campo. O conheço desde 1984 quando vim para Catalão e é um exemplo para todos nós agrônomos, uma vez que contribuiu muito para o pequeno e médio produtor, bem como para o desenvolvimento da região. Posso dizer que, embora há muito tempo no mercado, o Benício continua inovando e sempre aberto às novas técnicas que vem surgindo”.

Bruno e José Fava

Fracides Rodrigues Dantas, conhecido por todos os agrônomos de Catalão e Região como Neném Dantas, foi um dos pioneiros no município e se emociona e chora ao falar do amigo Benício. “Tudo que o Benício fez e faz para nós da região foi por puro amor à profissão e amizade aos companheiros. Se tem alguém que merece uma estátua de honra no chapadão é ele. Costumo dizer que uma grande parte do desenvolvimento do Chapadão se deve ao Benício, ao amor, esforço e capacidade que ele sempre teve e tem com a profissão. Eu falo por tudo que vi e acompanhei nesses anos na Chapada, o que ele podia fazer de esforço para uma lavoura produzir bem ele fazia, sem interesse. É um homem do bem.”

Nenem Dantas e o fiho Edmilson Dantas

“É um homem que veste a camisa da profissão. Benício é um agrônomo que chega a uma lavoura com autonomia para dizer você vai fazer isso e a pessoa fazer, ou seja, acredita nele. Isso acontece porque ele passa confiança. Ficamos chateados porque ele costuma brincar que vai se aposentar e quando isso acontecer, Benício vai fazer muita falta a todos nós. Ele foi o Pai da agricultura em Catalão, pois foi ele quem começou tudo isso. Temos assistência do Benício desde quando ele trabalhava na EMATER, na década de 80, e nem parecia que ele era funcionário público, pelo carinho com o qual trabalhava para nos ajudar. Foi o nosso primeiro agrônomo e é até hoje.”

Iron Gomide

Benício é uma pessoa, dentro da profissão dele de agrônomo, indiscutível. Acho que Catalão e Região deve muito a esse grande profissional pela capacidade e conhecimento que ele tem na área em que atua. Com relação aos agricultores nem se fala, pois usamos muito da capacidade de produtividade e dos conselhos do Benício. Para mim que sou de família pecuarista e comecei no ramo da agricultura de 2003 para cá, posso dizer que tudo que sei devo ao Benício. Então, para mim ele é o Guru da Agricultura e resumo ao dizer que todos nós, agricultores de Catalão, devemos muito ao trabalho que o Benício oferece. Nossa agricultura não seria o que é, e não estaria onde está se não fosse por esse grande profissional da agronomia. Como pessoa, posso dizer que é um grande amigo, um bom companheiro e uma pessoa extremamente boa.” www.revistaportalvip.com.br

Alexandre Galhardo, Carolina Nakano, Luiz Fava e Luiz Fava Neto

“Falar do Benício é muito bom, pois há muito tempo que todos os agricultores de Catalão, devem a esse homem uma grande homenagem. Isso, porque a luta dele pela agricultura dessa cidade vem desde 1975 e essa contribuição do seu profissionalismo pelo sucesso da agronomia catalana e região é inestimável. Estamos falando de um grande consultor, que do ponto de vista técnico intende bem o seu trabalho. Porem, minha relação com o Benício vai bem, além disso, porque ele também é meu consultor sentimental, pessoal e “o amigo” para todas as horas. Posso dizer que, o Benício é quase um pai para mim, mas em algumas horas, um grande irmão, então minha relação com ele é profunda, duradoura e quero contar com ele para o resto da minha vida. Benício o amigo de todos os dias”.

Iron Gomide, estima o amigo Benício e carinhosamente o chama de PROFESSOR PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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“Benício é uma figura diferente. Um cidadão capaz de manter em torno da sua personalidade, a unanimidade em aprovação. Diria que, para a agricultura em Catalão, um profissional essencial, porque apesar do pioneirismo e da vontade de fazer a agricultura ser forte, tinha que ter um suporte e esse suporte é o Benício. Um dos homens mais competentes que conheço, sendo extremamente trabalhador e que ajuda a todos no que entende. Por isso, concordamos que nessa área, Benício é unanimidade. Fora do trabalho é um amigo verdadeiro, de uma lealdade única, tanto nas alegrias (porque ele gosta muito de alegrias), quanto nos momentos difíceis. Resumindo, é impossível não admirar o Benício, uma pessoa com quem podemos contar e um amigo que busca dia a dia consolidar as boas relações. É bom demais falar do Benício, Bom e Fácil”.

Ricardo e Haley Margon

Cosme Pavesi

“Conheci o Benício através do Zanella, pois eu era vizinho e fui a um churrasco de aniversário da filha do Zanella. Lá, tive o prazer em conhecê-lo e que logo começou a nos prestar serviços e está conosco até hoje. Já são vinte sete anos de amizade e posso dizer que, sei de onde esse grande ser humano veio e conheço toda a sua família. Uma família extremamente boa, onde figura um grande pai, avô, ou seja, um homem cheio de qualidades e nenhum defeito. Profissionalmente, entende de tudo, sendo na agricultura “o mestre”, com conhecimento para soja, café, milho e tantos outros. Acredito que todos os agrônomos de Catalão e Região só tem o que elogiar esse grande profissional que vai acabar aposentando por esses lados e ficar conosco até o fim”.

Charles Godoy e Francisco Godoy

“Só temos coisas boas a falar do Benício, porque é ele quem nos ajuda na fazenda, uma vez que, está ali para nos socorrer sempre com qualquer problema. O Benício está com nossa família desde 1983, sendo nossa mão direita e esquerda na Chapada. Acredito que os sojicultores de Catalão e região devem muito ao profissionalismo desse ser humano. A soja todo ano gera um problema e o Benício entende de tudo isso melhor que qualquer

um, então é onde pedimos muitos conselhos a ele. Com isso, ele nos alerta do que ocorre em toda região, pois se tiver algum foco no vizinho, ele indica a fazer aplicação na hora certa. O Benício é um grande amigo, um grande homem e posso dizer brincando que, ele possui apenas um defeito, ao sair de uma festa, saímos todos mais bêbados que ele, pois ele é sem dúvida alguma, o maior consumidor de cerveja de Catalão.”

“Benício é um, dos poucos homens com mais de sessenta anos, que conseguiu ser unanimidade em Catalão. É raro conhecer uma pessoa que é unanime em varias situações, onde todo mundo gosta. Ou seja, gosta pelo que é como ser humano, pelo que representou e representa para a agricultura de Catalão e para o progresso da nossa cidade. Benício foi praticamente o pioneiro a embarcar a tecnologia da agricultura moderna para nossos cerrados, chapada e fez bem a muitas famílias, principalmente a família catalana. Portanto, essa homenagem que se presta a ele é mais que justa, porem atrasada, pois, esse reconhecimento deveria ter sido efetuado há muito mais tempo. Digo isso, não só por parte de nós agricultores, mas por parte de toda nossa cidade e região, pois o Benício é, foi e será um grande amigo”.

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Fernando Netto | PORTAL VIP • Janeiro/2015

“Conheço o Benício há aproximadamente um ano e meio. Nossa amizade nasceu por meio da aviação, uma vez que faço seu transporte para o Brasil inteiro, praticamente. Posso dizer que a pessoa do Benício se resume numa única palavra: “AMIGO”, ou seja, uma pessoa fantástica, excelente amigo e um magnífico profissional. Parabéns Benício, você merece essa homenagem.” Comandante Clécio Ferreira Cintra


O Supermercado Primavera destaca a beleza da tradição das Congadas Primavera I

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expediente Direção e Editoria: Iliane Fonseca / Jornalista MTE RP 2729/GO. Comercial: Officina Publicidade e Marketing. Financeiro: Rubens Nunes. Revisão: Secretária: Projeto Gráfico e Design: Fotografias:

Letícia Cubas. Ana Paula Oliveira. Daniel Henrique / Márcio G. Gomes Revista Portal VIP / Maysa Abrão

Assessoria Jurídica: Baden Powell & Mourão Advogados | 64-3441 7021 Distribuição Própria: Officina Publicidade & Marketing CNPJ 08.694.369/0001-53 Reportagem: Maysa Abrão

editorial Amigo leitor, Enfim uma das edições mais esperadas da VIP chega às bancas, e pode acreditar, está espetacular! Nessa edição especial, a lenda dos campos de soja de Catalão e região, Benício, o Dr. Soja, recebe uma linda homenagem dos agricultores, em entrevistas reveladoras e emocionantes. Com conteúdo mais que especial, essa edição da Portal VIP aproveita o gancho de homenagens e conta a história dos 138 anos de Congadas em Catalão, como começou, desde a primeira festa, desde a primeira reza. Registramos a verdadeira história das igrejas de Catalão em detalhes, mostrando que a trajetória dos fiéis na construção da bela manifestação da Festa do Rosário não foi fácil, mas valeu a pena. Prepare-se para se surpreender e se emocionar com a fé e as cores dessa cultura mágica! Tudo isso e muito mais você encontra nessa, que sem dúvidas é uma edição histórica da Revista Portal VIP. E guarde um pouco da emoção para a próxima edição, porque vem aí a Revista Top of Mind Portal VIP com as empresas mais fortes do mercado catalano, aguardem...

Os artigos assinados expressam, especificamente, a opinião de seus autores.

E não se esqueça, a Revista Portal VIP quer a sua participação, envie sugestões de pauta para a nossa redação. Vamos adorar publicá-las em nossas próximas edições. Email: revistaportalvip@gmail.com

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e Equipe


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Chico Rei

O Legado de um Guerreiro

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Entrega da Coroa

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Entrevista

O Coroamento de uma paixรฃo

Cรกssio Ribeiro




_CHICO REI

E foi assim que tudo comeรงou... Com um rei chamado Chico. 12

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Chico Rei desenhado por Janaina Faleiros

Para uns, ele era apenas o negro Galanga... Para outros, somente Francisco...

Para alguns então, ahhhh ele era o Chico...

Mas, para toda uma nação negra ele era Rei, ou melhor, “Chico Rei”. (Maysa Abrão) Para contar a origem da Festa de Nossa Senhora do Rosário em Catalão, primeiro é preciso conhecer o porquê de a Congada ser uma herança de uma manifestação popular, que lembra a luta do rei negro pela libertação de seus irmãos. Realizada pelas irmandades, as cerimônias de coroação dos reis negros é uma tradição, iniciada com a figura de Chico Rei. Essa história tem início no final do século 17, onde no Congo-Kinshasa, na África Central, nasceu um negro de nome Galanga. Naquele país, onde seitas sincréticas muitas vezes misturam o cristianismo com crenças e rituais tradicionais, Galanga virou monarca, guerreiro e sacerdote do deus Zambi-Apungo. Mas durante o Ciclo do Ouro, no século XVIII, colonizadores portugueses decidiram ir à África capturar negros para fazê-los escravos nas minas. Com isso, em 1739, o rei Galanga, sua esposa a rainha Djalô e os filhos Muzinga e Itulo foram capturados e presos em um navio negreiro. Na travessia do Atlântico, uma tempestade alcançou a embarcação e alguns negros foram lançados ao mar, dentre eles a esposa Djalô e a filha Itulo. Já no Brasil, Galanga e o filho foram comprados pelo Major Augusto, dono da Mina da Encardideira, séculos mais tarde, Mina de Chico Rei, em Ouro Preto. Antes de chegar à cidade mineira, Galanga foi batizado e ganhou nome cristão de Francisco. Segundo o jornalista renomado em Minas Gerais, Gustavo Werneck, “O escravo conseguiu juntar ouro, migalha a migalha, comprando a sua liberdade e a de Muzinga. Reza a tradição oral que o metal foi juntado de forma bem criativa: Chico e outros escravos escondiam o ouro em pó entre os cabelos e depois os lavavam na pia batismal da igreja, sendo acobertados pelos padres. Depois de liberto, Chico Rei, como já era aclamado devido aos gestos de solidariedade, comprou www.revistaportalvip.com.br

a Encardideira e ainda alforriou os amigos que vieram com ele no navio Madalena”. No site www.em.com.br , Gustavo Werneck revela através da promotora cultural de Ouro Preto e historiadora, Margareth Monteiro, que a vida religiosa representada pela devoção a Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia esteve presente na vida do africano em Ouro Preto. Margareth conta que, junto com outros negros, ele construiu em 1785 a igreja dedicada às santas no Bairro Alto da Cruz. Nessa mesma época, foi criada a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e de Santa Efigênia, a maior de Minas nos tempos coloniais. Coroado rei no templo católico, Galanga se considerou vingado pela morte de Djalô e Itulo. Até então, diz a historiadora, os negros não podiam ser enterrados nos cemitérios católicos, que ficavam dentro ou no entorno das igrejas. Então, o novo templo ganhou espaço para o sepultamento dos ex-cativos. A edificação da igreja permitiu ainda que os negros realizassem as suas festas, com as danças e cantos em louvor às protetoras. No fim do século 18, aos 72 anos, Galanga morreu em Vila Rica, de hepatite, mas seu filho herdou o posto de rei do congado. No site www.turmadochapeu.com.br , a bacharel em Ciências do Estado – UFMG, Ana Marina de Castro, ressalta que Chico Rei foi considerado um dos símbolos da liberdade e da luta pelo direito dos negros. Ana diz ainda que a Mina de Chico Rei ganhou esse nome, em 1946, quando foi rebatizada por Dona Mariazinha, atual proprietária. O local possui 80 quilômetros quadrados, cinco andares e uma galeria de 11.500 metros. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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_ FESTA DO ROSÁRIO DE CATALÃO

Festa do Rosário de Catalão Nossa história, a história dus pretu dançadô de Catalão foi se perdenu

no tempo. Us nossus pai, parenti e amigus num tinha a preocupação im passá pra nóis mais novu as coisa da Congada. E o que tinha guardadu era gistradu na Irmandade foi perdenu tamém ao longo dessis anu. Foi incêndiu em casa de secretáriu da Irmandade; foi documento que se consumiro e ninguém dá notícia... Documentus importante da Irmandade se perderu e até hoje ninguém sabe o paraderu delis. Acreditava em qualqué um. Cê num vê no caso de nóistê ficado sem igreja? Foi pro causa de acreditá nos otro... Hoje nóis tem muito apoio dos irmão e muitos é bem istudado e nus ajuda nesse ponto. O poco que sei da festa foi de ouvido e antigamente se falava que a festa acunticia num outro dia que não o dia 12 de otubro e que nóis ficô sem igreja um tempão, dançanu no lado di fora da véia Matriz até o seu Eneias doá pra nóis o terreno pra nóis levantá a igreja. Foi suado levantá nossa igreja... fizemo caxinha de coleta, pedimo, fizemo mutirão e aus pocos levatamus ela e nossa festa foi adiante. Dipois duns anos, ela caiu de novu. Só que foi só a torre purque quando nóis feiz ela foi sem pranta, da forma de nosso cunhecimento e falto amarrá a torre dela ao restu da obra e ela caiu... Nóis pediu ajuda a prefeitura pra levantá ela, já qui tava pertu da festa acontecê, maisi a prefeitura num tinha recurso pra nóis. Ai nóis da Irmandade uniu e ganhamo doação e ergemu do nosso modo a torre e a festa continuô bunita comu até hoje tá. Nóis num tem a história iscrita ainda, mais da construção da nossa Igreja em 1936 até hoje muitus de nóis lembra de muita coisa”, Gabriel Gustavo da Silva (ex-general da Congada).

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_ FESTA DO ROSÁRIO DE CATALÃO

Com o passar dos anos muitas foram as mudanças e evoluções da Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário de Catalão. Mudanças essas observadas diretamente por antigos brincadores (dançadores de congo) e questionada por atuais. Mudanças que nos fazem refletir o depoimento do ex-general da Congada, Gabriel Gustavo da Silva (in memoriam), colhido em 1991 e apresentado por Cairo Mohamad Ibrahim Katrib em sua dissertação universitária em 2004. Mudanças que a equipe Revista Portal VIP acha importante lembrar para que nossa cultura e tradição centenária jamais caiam no esquecimento. Foram muitos meses de pesquisas para chegar até o prefácio dessa obra editada e publicada pela Portal VIP. A edição especial “Congadas” volta no tempo e relata os quase duzentos anos dessa festa que teve início com os escravos semi-libertos para manterem vivas suas tradições. Poucos são os registros existentes sobre a festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário e a Congada de Catalão, assim como poucas são as memórias de alguns personagens, uma vez que muitos já morreram. Com isso, cada um conta o que sabe, ou seja, o que ouviu de antepassados. Portanto, sobre a festa, o congado e seus mistérios, o que podemos afirmar com 90% de certeza é que, em todas as histórias já ouvidas e lidas, a Congada de Catalão possui forte influência do Congado de Minas Gerais. Fundada no século XVIII com auxílio e devoção da família de Emerenciana Netto Carneiro, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Catalão enfrentou diversos problemas típicos da época, desde a construção de sua igreja à prática de sua expressiva e musical religiosidade negra, bem como a impossibilidade de realização de suas comemorações. Seus atos eram filtrados ao passarem pelo estreito e conservador olhar imperialista-coronelista, resultando sempre em atritos memoráveis às condições impostas pela Santa Igreja Católica (branca) de então.Originária das atividades e festividades rurais ainda nos séculos XVII e XVIII, tais manifestações sobreviveram apenas em regiões ou localidades específicas, onde conquistaram o apoio e a guarda de senhores de terras/sesmarias e, foi neste ambiente que aqui entre nós ocorrera a realização controversa de permuta da antiga capela Madre de Deos pela atual Velha Matriz, patrocinada por fiéis seguidores. Permuta essa, que de uma atitude descabida e impensada trouxe total prejuízo a Irmandade, ocasionando anos mais tarde sérios problemas aos devotos de Nossa Senhora do Rosário (afirmam vários dos que fazem parte da Irmandade). Entretanto, para que nossos leitores entendam melhor o início de uma das maiores festas religiosas do estado do Brasil, é preciso conhecer a história das famílias “Netto Carneiro” e “Cerqueira Netto”. Durante nossa pesquisa, Maria de Lourwww.revistaportalvip.com.br

des Netto Campos, irmã da professora e memorialista Maria das Dores Campos – a Mariazinha, de famílias tradicionais no contexto social, histórico e político de Catalão, nos contou sobre uma senhora que conheceu há vinte anos. Ao ouvir o nome Sônia Sant’Anna logo fomos atrás e para nossa surpresa encontramos uma mulher que se define como: “Goiana por nascimento e raízes, um pouco mineira por adoção, carioca por paixão, escritora e tradutora por profissão, dona de casa por obrigação”. Autora de muitas obras, Sônia realizou grande pesquisa sobre algumas famílias de Catalão e nos contou que muitos são originários de Minas Gerais, mais precisamente de Paracatu, onde nasceu Emerenciana Netto Carneiro Leão, filha natural de Antônio Nicolau Netto Carneiro Leão e de Thomázia Netto Carneiro. “Os Carneiro Leão, lavradores portugueses, vieram para o Brasil no século XVIII e se nomeligou-se ao Netto em Minas Gerais. Parte da família se estabeleceu no Rio de Janeiro, onde Brás Carneiro Leão veio a se tornar um dos homens mais prósperos da Corte; todos os seus filhos receberam títulos de nobreza e a família se dedicou também ao tráfico de escravos. Um dos filhos de Brás despertou o amor de D. Carlota Joaquina a ponto de no ocorrido assassinato de sua esposa, o crime ter sido atribuído à rainha. Outros membros da família Carneiro Leão se radicaram no Nordeste e em Minas Gerais, mais precisamente em Paracatu, freguesia de Santo Antônio da Manga, berço de Antônio Netto Carneiro Leão, militar modesto, pai do futuro Marquês do Paraná, isto diz o autor Maurílio de Gouveia, em sua obra Marquês do Paraná - um Varão do Império. Diz entretanto, o próprio Gouveia que o Barão do Rio Branco e Pandiá Calógeras dão como pai do marquês, certo Nicolau Netto Carneiro Leão, o mesmo nome do pai de Emerenciana. Esta contava aos netos e bisnetos ser meia irmã de Honório Hermeto, com quem teve pouco contato, pois Honório passou a primeira infância em Vila Rica, criado pela família da segunda esposa de seu pai. Honório Hermeto voltou a Paracatu por pouco tempo, seguindo depois para Coimbra, onde estudou. Sabemos que naquela época, nomes de família não obedeciam a uma regulamentação e é difícil para o pesquisador moderno chegar a conclusões definitivas. De qualquer forma, meia irmã, prima ou parente próxima, Emerenciana pertencia, por parte de pai e de mãe (que também levava o nome Netto Carneiro) à família do marquês. Honório Hermeto nasceu em 1801; podemos supor então que Emerenciana deve ter nascido no final do século XVIII ou início do XIX. Casando-se com Manoel Pereira de Cerqueira, Emerenciana Netto Carneiro viveu algum tempo em Araxá/MG, onde teve os filhos João e Maria, com os quais o casal se mudou para Catalão, onde receberam uma sesmaria no local conhecido como Ribeirão (informações de uma bisneta de Emerencia-

na). A sesmaria alcançava parte dos terrenos que compõem a atual cidade de Catalão, ultrapassando as margens do córrego Pirapitinga. Essa enorme extensão de terra foi encolhendo através dos tempos por divisões entre herdeiros, doações e vendas. Entre os documentos que pesquisamos, a menção mais antiga à presença da família em Catalão é um relatório de 1846, conservado no AHE (Arquivo Histórico Estadual), em que Manoel Pereira de Cerqueira, então Juiz de Paz, dá conta de que foi “empoçado o profeçor de Gramática Latina Antônio Ribeiro da Fonseca”. Manoel figura também num relatório sobre o desenrolar das eleições em Catalão em 1848 como um dos componentes da mesa eleitoral. Em época não determinada, Emerenciana separou-se do marido, por motivos também desconhecidos. Dos filhos de Manoel e Emerenciana, Maria, ou Mariquinha, como era chamada, deixou Catalão com o casamento. Segundo Maria de Lourdes Netto Campos, o político Domingos Netto Velasco, da cidade de Goiás, importante entre os protagonistas da Revolução de 30, seria um de seus descendentes. João, o filho legítimo e Pedro, o filho natural de Emerenciana, deixaram numerosa descendência, o ramo legítimo Cerqueira Netto, e os Netto Carneiro, embora a autora Maria das Dores Campos crie alguma confusão citando Maria e Pedro como filhos do casal Manoel/Emerenciana, e omitindo João. Pedro Netto Carneiro nasceu depois da separação de sua mãe. Seu pai era um senhor de Araxá, Frederico Augusto Montandon; parece ter sido o filho preferido de Emerenciana, o qual vivia na companhia da mãe. Pedro casou-se com Henriqueta Cristina da Silveira, filha de fazendeiros, esta era analfabeta, como quase todas as mulheres do seu meio, embora sua irmã Felicidade soubesse ler e escrever, o que aprendeu após seu casamento, aos 12 anos, com Francisco Victor Rodrigues. Os filhos de Pedro e de Henriqueta Cristina foram Augusto (nascido em torno de 1865), Benjamim, Joaquim (Quinca), Emerenciana (Sana, nascida em 1870), José e Benvinda (Rola). Pedro morreu ainda jovem, por volta de 1880, deixando viúva Henriqueta com seis filhos. A viúva, certo dia comentou com seu cunhado João de Cerqueira Netto, filho de Manoel e de Emerenciana, que havia recebido uma proposta de casamento de um senhor de Paracatu, sentindo-se disposta a aceitar a oferta, pois lhe era muito difícil criar os filhos sozinha. João propôs casar-se com ela, pois como tio das crianças, seria um bom padrasto. Desse casamento nasceram Mário de Cerqueira Netto, o Nhozico, nascido em 1888, João de Cerqueira Netto, nascido em 1890, e Felicidade, a Yayá, nascida em 1892. Nhozico casou-se com Juvenília Campos e Yayá com Lourival Álvares de Campos, irmão de Juvenília. Iniciava-se uma nova dinastia, os Netto de Campos e Campos Netto”. (Sônia Sant’Anna). PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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_ FESTA DO ROSÁRIO DE CATALÃO

A história conta que Emerenciana e Manoel mudaram para Catalão em 1830, mas a Revista Portal VIP descobriu que Thomázia Netto Carneiro e sua filha Emerenciana Netto Carneiro foram presas em Araxá por participarem da Revolução Liberal de 1842. Tal fato é relatado devido Dona Beija também participar e levar uma vida sem problemas com as autoridades. Informação que se encontra, de acordo com a obra de Rosa Maria Spinoso de Montandon, nas atas da Câmara Municipal. 1842. Livro s/n. folha. 75. ACM. As outras mulheres foram: Silveria Maria de Jesus, mulher de Benedito Quirino; Rita Maria de Jesus, mulher de Silvestre Quirino; Maria do Carmo, mulher de José Quirino; Francisca Mendes dos Santos, viúva e Anna de tal, mulher de Elias Silva Paz. Portanto, ninguém sabe ainda quando foi que Emerenciana mudou-se para terras goianas, só se sabe que Emerenciana Netto Carneiro Leão faleceu em 1863. A primeira cópia de seu testamento ficou guardada com o filho Cel. João de Cerqueira Netto, depois com a neta Felicidade Netto de Campos (Dona Yayá), e atualmente com a

neta Maria de Lourdes Netto Campos, que gentilmente permitiu ser fotografada pela equipe Portal VIP. Por ser extenso, decidimos publicar apenas a parte que diz respeito a história contada nessa edição. “Em nome da Santíssima Trindade, Padre, Filho e Espírito Santo, três pessoas em um só Deus verdadeiro, em cuja fé protesto viver e morrer, eu, Emerenciana Netto Carneiro Leão, estando em meo perfeito juiso e entendimento e com uso de minhas faculdades mentais, e ativando-me da morte como verdadeira catholica, ordeno meo testamento e última vontade de modo seguinte: Primeiro encommendo aminh’alma à Santíssima Trindade que a criou,) à Virgem Nossa Senhora, ao Santo do meo nome e a todos os santos da Corte do Ceo, aos quais rogo que irão ser meos protetores na hora de minha morte. Creio em tudo que a Santa Madre Igreja nos propõe a crer…””Declaro que sou brasileira, natural da cidade de Paracatu, baptisada na mesma cidade, Freguesia de Santo Antônio da Manga, filha natural de Thomasia Netto Carneiro Leão e de Antônio Nicolau Netto Carneiro Leão. Declaro que sou casada a face da igreja com Manoel Pereira de Cerqueira, de cujo matri-

mônio temos dois filhos de nomes João e Maria, e ao depois tive um filho natural, de nome Pedro, quando já me havia separado de meo marido. Declaro que sou moradora nesta cidade de Catalão, declaro que sou irmã de Nossa Senhora do Carmo da cidade de Ouro Preto e logo que eu falecer meu testamenteiro immediatamente fará os avisos precisos a fim de se fazerem os suffragios, pagando o que eu estiver a dever de annuais. Declaro que falecendo nesta freguesia meo corpo será encommendado pelo respectivo parocho, dizendo este missa de corpo presente, assim como os sacerdotes presentes dirão cada um uma missa de corpo presente pela minh’alma e todo o mais aparato e solennidades do funeral serão feitos a complacito do meo testamenteiro. Declaro que nomeio para meos testamenteiros, em primeiro lugar o meo filho Pedro, em segundo lugar o meo genro e irmão João Netto e em terceiro lugar o meo filho João, aos quais rogo queião ser meus testamenteiros por sua ordem numerica e deixo para a conta deste meo testamento o tempo de um anno, os quais os hei por habilitados e abonados para o dito fim tanto em juiso como fora d’elle. Declaro que não faço individual menção do que possuo, pois os ditos meos testamenteiros não ignorão. Declaro que deixo a minha terça a meo filho Pedro pelos bons serviços que me tem prestado e desejo que se incluão n’ella a escrevia Amelia e seos filhos. Declaro que dos bens que possuo deduzidos todas as minhas disposições e legados, instituo meos herdeiros os ditos meos filhos João, Maria e |Pedro. Declaro que para as obras da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, deixo a quantia de vinte mil reis, que se integrarão ao respectivo tesoureiro.…”“… mesmo ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1873, aos dezoito dias do mês de maio do mesmo ano, nesta freguesia de Nossa Senhora Madre de Deus.” O testamento de Emerenciana deixa claro que, no ano de 1863 já havia a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. “Declaro que para todas as obras da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, deixo a quantia de vinte mil réis que se entregará ao respectivo tesoureiro”. Apesar de não existirem documentos que comprovem a data de sua criação, podemos afirmar que foi anterior a 1860, uma vez que o testamento foi redigido pelo então vigário padre Luiz Antônio da Costa em 18 de maio de 1863.

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_ FESTA DO ROSÁRIO DE CATALÃO

A troca da Matriz pela Igreja do Rosário Como contou a edição especial da Revista Portal VIP, “155 Motivos para Amar Catalão”, movido não só pela devoção, mas também pelo interesse de atrair moradores para a região e valorizar suas terras, em 1810, da sesmaria do Ribeirão surgiu um fazendeiro chamado Antônio Manuel que cedeu um lote de suas terras para a construção de uma igreja. Onze anos mais tarde, Dom Pedro de Alcântara concedeu autorização regia para construir a igreja Madre de Deos, naquela época localizada onde hoje está o Banco Itaú, na Praça Getúlio Vargas. “Livro do Registro de Decretos e Offícios da Mesa da Consciencia e etc. … 1822 a 1823, Curia de Sant’Anna de Goyaz.” “D. Pedro de Alcântara, Príncipe Regente do Reino Unido do Brazil, Portugal e Algarves, Regente n’este Reino do Brazil e nelleLogar Tenente d’El Rey, Meu Senhor e Pae… atendendo a representação que me fizerão os moradores do logar denominado Catalão dessa prelazia para erigirem humacapella no dito logar, debaixo da invocação da Madre de Deos, para nella se celebrar o Santo Sacrificio da Missa…”. “Rio, 29 de janeiro de 1.821. (Ass.) Bernardo Jose da Cunha Gusmão Vasconcellos… Cumpra-se e registre-se. Meia Ponte, 7 de julho de 1822. (Ass.) Veiga. Está conforme. O escrivão Manoel Pereira de Souza.” Anos se passaram e em Catalão havia apenas a modesta capela construída com taipa em 1822 e dedicada à Nossa Senhora Madre de Deus. Porém, com o desenvolvimento do pequeno arraial, a pobre capelinha precisava ser elevada à categoria de Matriz. Sônia Sant’Anna nos revela que “João de Cerqueira Netto, filho legítimo de Manoel Pereira de Cerqueira e de Emerenciana Netto Carneiro, ao vir de Araxá com os pais, fizera uma promessa a Nossa Senhora do Rosário, de quem era devoto: se prosperasse em Catalão, haveria de erigir uma igreja em sua honra, onde sua festa seria comemorada com toda a solenidade. João foi extremamente bem sucedido. Iniciou, mais ou menos em 1873 a construção da nova igreja; situada sobre um morrote, tinha sua frente voltada para a Rua da Grota, núcleo original da povoação. Mais tarde a cidade cresceu na direção oposta, ficando às costas da igreja. Era uma construção ampla e sólida, coberta por telhas coloniais de barro, em frente a um descampado. Surgiu então a ideia de se trocar a velha capelinha pela nova igreja, ainda incompleta, passando esta a desempenhar o papel de igreja matriz”. (Sônia Sant’Anna). www.revistaportalvip.com.br

Igreja do Rosário construída com a autorização de D. Pedro PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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1876 – Juizo da Provedoria de Capellas da cidade de Catalão, comarca do Paranahyba de Goyás. Permuta da Igreja Matriz desta cidade de Catalão, pela do Rosário, como adiante segue:

Permuta das Igrejas

Elzon Arruda, capitão do Terno do Prego, possui cópia do documento manuscrito que detalha a permuta da Igreja Matriz pela Igreja de Nossa Senhora do Rosário, e gentilmente cedeu uma cópia à Revista Portal VIP, que por ser longo e datado até o ano de 1877, resolvemos citar apenas alguns trechos. Mas, o documento revela a avaliação dos dois imóveis, sendo a matriz e seus terrenos avaliados em 500$000; a nova igreja e os terrenos à sua volta em 3000$000.

“Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de 1876”. “Aos 28 dias do mês de julho, nesta cidade de Catalão, adiantou o que adiante se segue para constar.… eu, Isaac Lange da Cunha, do ofício e da provedoria de capelas e residências… digo sobre a permuta proposta ao tesoureiro e procurador da igreja de Nossa Senhora do Rosário. Catalão 27 de julho de 1876”. “Julgando de grande utilidade ficar para os fiéis desta paróquia a troca da igreja do Rosário pela matriz desta cidade… esse grande número de pessoas veio perante V. Senhoria propor a referida troca e pedir a V. Senhoria de mandar que, autuados e ouvidos o tesoureiro e o procurador da igreja do Rosário, e sendo ambas as igrejas autuadas, se lavra o auto de troca da igreja com a aprovação de V. Senhoria. Catalão, 21 de julho de 1876. (Ass.) Dr. Manoel de Oliveira Cavalcanti, Juiz Municipal de Capelas.” “Termo de vista do tesoureiro da igreja matriz desta freguesia, Capitão João de Cerqueira Netto, na forma do despacho de trocas, digo, com vistas do procurador da igreja de Nossa Senhora do Rosário, aos 29 dias do mês de julho de mil

oitocentos e setenta e seis, nesta cidade de Catalão, em meu cartório, faço estes autos com vista ao capitão João de Cerqueira Netto como procurador da igreja do Rosário, de que traço este termo.” “Acho conveniente a permuta proposta pelo Revmo. Cônego Luiz Antônio da Costa, porém V. Senhoria fará o que for de justiça. Catalão 29 de julho de 1876. O procurador da igreja de Nossa Senhora do Rosário, João de Cerqueira Netto.” “E logo no mesmo dia, mês, ano e lugar, em meu cartório recebi estes autos com a resposta supra, de que fiz este termo. Eu, Isaac Lange da Cunha, escrivão, o escrevi.” Sônia Sant’Anna conta que, até aquele ano de sua pesquisa (1997), esta permuta gerava controvérsias. “Segundo alguns foi feita aos Netto alguma reparação financeira, pertencendo plenamente à paróquia os terrenos em torno da igreja de Nossa Senhora do Rosário (atual Velha Matriz). Segundo outros, a doação compreende tão somente a igreja, e os terrenos em torno tendo sido cedidos à paróquia em usufruto. As páginas finais do manuscrito, que poderiam esclarecer a dúvida, estão desaparecidas”. (Sônia Sant’Anna). Dona Lurdes Campos afirma à Revista Portal VIP que essas controvérsias são geradas até hoje (2015).

Igreja Velha Matriz em 1900

A Revista Portal VIP esclarece que, onde hoje está localizada a Igreja Velha Matriz havia sido construída a primeira Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Catalão. Igreja essa que anos mais tarde foi

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trocada pela capelinha de taipa, a Matriz Madre de Deos, localizada onde hoje é o Banco Itaú, antigo BEG. A permuta foi encabeçada pelo tenente-coronel João de Cerqueira Netto que exercia na época

o cargo de provedor da Irmandade, com a condição única de se fazer anualmente, ali, a novena em louvor à Nossa Senhora do Rosário. Porém, o acordo não foi cumprido.


_ FESTA DO ROSÁRIO DE CATALÃO

Coronel João de Cerqueira Netto

A atual Igreja Velha Matriz

Em seu texto, Sônia Sant’Anna nos conta que a primeira parte da promessa havia sido cumprida - a igreja dedicada à Nossa Senhora do Rosário havia sido construída, embora com a permuta tivesse passado a invocação de Madre de Deos. “Em 1888 já se encontrava em funcionamento, senwww.revistaportalvip.com.br

do Mário de Cerqueira Netto, o Nhozico, filho de João de Cerqueira Netto e Henriqueta Cristina Netto a primeira criança ali batizada. Mas, conforme convencionado ao tempo da permuta, a Festa do Rosário deveria ser celebrada com grande solenidade. Os escravos eram particularmente de-

votos da Senhora do Rosário; celebravam sua festa numa mescla de rituais católicos e africanos, que compreendiam batuques, além dos terços, missas e novenas. Finda a escravidão, o costume permaneceu. Os empregados recebiam folga de vários dias para homenagear sua protetora. Patrões costumavam oferecer refeições festivas em que serviam, eles mesmos, seus criados. Eram também devotos da santa. Essa era sua contribuição aos festejos. No entanto, João havia prometido mais. Enviaria alguns pretos a Araxá, onde a festa era tradicional para aprenderem todo o ritual. A morte não lhe deu tempo de cumprir essa segunda parte da promessa, mas fez seu enteado, Augusto Netto Carneiro jurar que seria cumprida. Augusto enviou alguns negros a Araxá para que aprendessem as danças e cânticos tradicionais e voltassem para ensiná-los aos companheiros. O coronel Augusto, casado com Maria Luiza da Costa, filha do Cônego Luiz Antônio, custeou do próprio bolso os trajes e adereços necessários às Congadas, como eram chamadas essas danças. No dia da festa, entretanto, o novo pároco da cidade, padre Joaquim Manoel de Souza, considerando desrespeito celebrar a Virgem com batuques pagãos, trancou as portas da igreja e saiu da cidade. Augusto não se conformou. Ao se fazer a permuta dos templos ficara acertada que a Festa do Rosário seria ali celebrada. A igreja fora construída por seu padrasto; ainda mais, genro do vigário anterior, certamente se julgava com direitos hereditários sobre a mesma. Não teve dúvidas, mandou chamar um famoso rezador, Antônio Romualdo Fernandes, o Antônio Guloso, arrombou a igreja e fez a festa com toda a pompa. As autoridades religiosas cederam”. (Sônia Sant’Anna). PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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_ FESTA DO ROSÁRIO DE CATALÃO

Hoje sabemos que, de 1880 até 1902 a homenagem à Nossa Senhora do Rosário era feita com terços, danças e festejos nas sedes das grandes fazendas do município. Os festeiros eram os coronéis João de Cerqueira Netto, João Eustáquio de Macedo e Irineu Francisco do Nascimento Pereira que se revessavam entre eles para, a cada ano, realizarem a festa. Com a morte do Coronel João de Cerqueira Netto, primeiro intendente municipal, em três de setembro de 1903, as caixas silenciaram. Com o passar de alguns anos, Augusto voltou a realizar a festa e foi com a volta dos negros de Araxá que surgiram os ancestrais das famílias de Sinhá Merença, Amélia, Geraldo (Prego), Gabriel e Nega. Famílias essas que, até hoje, são as maiores responsáveis pelas nossas Congadas. Entretanto, mesmo com a condenação dos padres, no início do século XIX a festa era realizada com terços, missas, danças, quermesse dentro e fora da Igreja Matriz. Com isso, a devoção à Nossa Senhora do Rosário era incentivada pelos fazendeiros aos seus trabalhadores de origem negra. Maria das Dores Campos nos conta em sua obra ‘Catalão estudo histórico e geográfico’, que poucos eram os dançadores daquele tempo, sendo divididos em Moçambiques e Congos. “Esses dançadores eram negros, trabalhadores das lavouras de café e cana, engenhos e lida doméstica nas fazendas da região. Durante os dias de louvor à Nossa Senhora do Rosário, com o consentimento de seus senhores, todos vinham das fazendas acompanhando os carros de bois que traziam a família dos senhores para participarem da festa. Os negros mais velhos e experientes juntavam-se formando o terno

Dançadores de Congo nos anos 1900

de Moçambique, geralmente, credenciados pela Irmandade do Rosário, usando roupas brancas bem rodadas, enfeitadas com tiras bordadas, cujos instrumentos de percussão eram chocalhos amarrados ao tornozelo”. Historiadores contam que na ocasião era servida muita comida aos dançadores e participantes da festa, sendo as despesas pagas pelos festeiros, que naquela época eram grandes fazendeiros. Nos dias de festa era tradição os brancos servirem os negros durante as refeições, uma vez que os senhores e sinhás tinham consideração

especial para com os negros empregados das fazendas, porém ainda tratados como escravos. Maria das Dores Campos relata em um de seus livros que naquela época os festeiros eram crianças que, vestidos de rei e rainha eram carregadas pelos negros, conduzindo a coroa numa bandeja de prata. Mariazinha nos revela ainda que, a mesma foi festeira por duas vezes, sendo uma delas com cinco anos, juntamente com o festeiro Célio Netto Paranhos, também criança naquela época.

Ternos Moçambique e Congos em 1907

Do ano de 1917 para frente é notável em todos os registros e atas a ausência da festa. Silêncio explicado por muitos como o descontentamento do povo por a festa ter sido proibida pelos frades Franciscanos que aqui chegaram substituindo os padres agostinianos. Naquela época, a celebração

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era feita sem a presença da igreja, o que apagava a religiosidade dos festejos que passaram a ser realizados pelos devotos de forma isolada, ou seja, em algumas residências da cidade eram realizados os terços de Nossa Senhora do Rosário. Tristes e desanimados, os negros retornaram as

fazendas, onde ali mesmo cultuavam sua dança, pois o que desejavam era manter a tradição de seus antepassados. Portanto, vale ressaltar que permutas nesse estilo acabam por comprovar e legitimar um local tido como sagrado, independente da fé ou origem.


_ FESTA DO ROSÁRIO DE CATALÃO

Igreja Velha Matriz

Muitos são os historiadores que relatam a festa voltar a ser realizada em na cidade no ano de 1951, porém a Revista Portal VIP não conseguiu confirmar a história, já que na pesquisa encontramos um registro em ata datado em 1940, com assinatura de João Paschoal, uma reunião na resi-

Ata 1940

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Aos fundos (direita), Igreja do Rosário na década de 20, na Praça Getúlio Vargas.

dência de José Hilário Alves, membro da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. Na ocasião, foram tratados assuntos relacionados à eleição da Irmandade daquele ano, dentre assuntos que citam datas como o ano de 1936, quando realizaram os festejos. Entretanto, com o desmoro-

namento da capelinha e a proibição dos padres franciscanos, a festa começou a ser realizada na casa dos próprios festeiros. Destaque naquele ano para a inclusão do Terno de Congo do Bairro Pio Gomes, fundado no ano anterior por Antônio Adão.

Capitães do Terno Pio Gomes: João Coelho, Osvaldo Rodrigues (Sapo) e Antônio Adão. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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_ FESTA DO ROSÁRIO DE CATALÃO

1936,

ano esse bastante conhecido na história de Catalão. Marcado pelo crime mais perverso e desumano que muitos de nós já ouvimos falar nesse município e cidades vizinhas. Tudo aconteceu na madrugada do dia 16 de agosto de 1936, quando um pouco mais da meia noite teve início a condenação de um homem acusado de ter cometido um crime sem provas. Naquela madrugada, o preso Antero da Costa Carvalho foi retirado de sua cela e arrastado por um percurso de um quilômetro. Por horas foi barbaramente torturado, caindo morto no local onde foi construída uma pequena capela, na antiga Rua da Grota. Aquele ato pôs fim ao que restava do coronelismo mandatário em Catalão. A cidade acordou não para um novo dia, mas para uma nova era que impulsionou ainda mais a fé dos catalanos. Cairo Mohamad Ibrahim Katrib conta em sua dissertação Nos mistérios do Rosário:AS MÚLTIPLAS VIVÊNCIAS DA FESTA em louvor a Nossa Senhora do Rosário, Catalão-GO (1936-2003) o depoimento que colheu em outubro de 2003, do lavrador João Lourenço, naquela época com 78 anos. “Eu sempri morei aqui em Catalão. Pra mim é a milhor cidade du Brasil. É o paraisu! Mais antigamente, quando eu tinha lá meus cinco, oito anos eu alembrô de vê meu pai falá que a cidade de Catalão tava pirigosa e que nem nóis qui morava na roça tinha sigurança. Era uma jagunçaiada; uma bandidaiada. Muita morte. Muitus inocenti pagarô pelus peca-

doris. Eu alembrô du causu que dexô a cidade abismada – o do Anteru. Minha mãe dizia que ele era genti de bem, mais foi cupadu de têmatadu um fazenderô. Por issu, judiarô muito dele até matá. E prôce vê, issu foi em 1936. Eu alembro tamém que minha vó e minha mãe se juntava com as otras sinhoras da vizinhança pra rezá o terço. Rezava... rezava num altar dentro de casa. Eu me alembrô como agora, tinha uma mesinha onde todo dia minha mãe punha vela pra Nossa Senhora do Rusário e rezava o terço e punha uma butija de água em cima da mesa, fazia seus pidido, principalmente pra Nossa Sinhora do Rusáriu e depois dava de bebê da água pra todu mundu da casa. Eu era responsável pelas flor do altar, purque minha mãe dizia que Nossa Sinhora era uma flor, a rosa mais linda e que alegrava sua vida de coisas boa e num pudia falta flor pra ela. As oração da mamãe num pararu tão cedo. Mais depois dissu a violência acalmô mais, mesmu assim num acabô não! De tanto o povu rezá, fazê muita oração as coisa mioraru, graças a Deus e a Nossa Sinhora du Rusariu”. E foi baseado nessa fé e na vontade de novamente a cidade voltar a ter aquela devoção seguida de tradição que, naquele ano de 1936, o dentista Enéas Fonseca doou um terreno para a Irmandade, localizado onde hoje é a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. O historiador e também dançador das Congadas de Catalão, Altair Moreira

Querino publicou o depoimento do dançador Osvaldo Rodrigues, o Sapo, (in memoriam) que nos conta: “Naquele tempo, depois de ganha o terreno, nóis saiu uma madrugada, fizemo um banguê, levamo uma pedra e colocamo lá. Pusemo essa pedra em cima. Ainda tinha um grande amigo nosso que acompanha a festa, que é o Homero Netto, que já faleceu há muito tempo. Ele, naquela satisfação, com um saco de fuguete e nóis subimo bateno caixa e acupanhano até chega no local. Colocamo a pedra, então cumeçamo mesmo, a turma da Irmandade e o pessoal da Irmandade começou a fazer a Igreja”. (Osvaldo Rodrigues – Sapo) Cairo Mohamad Ibrahim Katrib em sua dissertação nos conta que em 1936 a festa se firma na cidade. “A construção da Igreja do Rosário na Praça Irineu Reis Nicolleti, conhecida como Praça ou Largo do Rosário, marcou a retomada da festa na cidade. Dançadores mais antigos, como Pedro Alcino, Joaquim Coelho, Gabriel Gustavo, entre outros membros da Irmandade afirmam só ter sido possível a construção da igreja por completo mediante doações da população local e dos brincadores. Para eles, só foi possível repensar a importância da Irmandade, diante de tantos problemas que marcaram a história da festa em Catalão, com o acontecimento de alguns fatos interessantes, conforme descreve Gabriel Gustavo da Silva”:

“É, nóis já sofremu muitu pra tê nossa igreja. Quandu eu falo nóis eu tô Querenu dizê nossus antepassado, purque muitu de nóis num tinha nem nascidu ou era mulecoti. Eu mi lembru de vê meus pai contá da labuta que foi pra levantá nossa igreja e das pendega que teve pra nóis podê mantê viva a festa. Essa igreja que tá ai só foi levantada com muitu trabaio nossu – dos irmão de fé e das doação dupovu da cidade e ajuda da prefeitura, sinão nóis num tinha nem a festa mais. Graças a Deus Nosso Pai e ao seu Enéas, esse home de bão coração que nus duô esse lote. Aí tamém depois de tanto tê nus passadu a perna, nóis ficamo isperto e pegamu firme na Irmandade, iscolhenu nossus irmão e fazenu uma direturia honesta. E sem contá que us anos foro se passando, a festa cresceno, a devoção misturanu a diversão e a festa crescenu, crescenu muito. E com issu nóis ia veno que nossa igreja num comportava o povu, pricisava de reforma rápidim, maisi num tinha ispaço pra aumentá e nem dinherô pra nóis fazê isso e nem apoio. Até que a torri da igreja caiu. E issu serviu pra nóis da Irmandade abri os olho e pensá mió na distribuição do dinherô da festa. É nossa Irmandade já passô por muitas provação”. Esse terreno foi doado por Enéas da Fonseca Menezes e a escritura registrada em nome da Irmandade do Rosário, assinada pelo doador, pelo representante da igreja local Frei JoãoFrancisco Granahan, Érico Meirelles e João Netto Carneiro.

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_ FESTA DO ROSÁRIO DE CATALÃO

Construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário na década de 40

A Igreja do Rosário atual, tombada como patrimônio histórico cultural

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_FESTEIROS

...Assim começa a História dos Festeiros do Rosário Vimos que a referência e a fé da mãe Emerenciana repassada ao filho João, se concretiza numa festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário enfim realizada pelo enteado. Contudo, a Revista Portal VIP esclarece a comunidade catalana, que o início dessa história não é a festa, mas o que vem antes dela. Porém, é necessário deixar claro que não são 138 festeiros, mas sim 138 festas, onde 30 delas foram realizadas pelos devotos de forma isolada, onde aconteciam apenas os terços de Nossa Senhora do Rosário. Diante da imposição dos padres daquela época, hoje, sabemos que toda manifestação cultural esta sujeita, devido a suas

cores e encantos, bem como, musicalidade e mentalidade, a sofrerem interferências de todos os níveis possíveis, até mesmo em sua própria estrutura e condição. O fato é que, apesar dos pesares e de décadas silenciada, a festividade local que envolve o Louvor a Nossa Senhora do Rosário se firmou e hoje é revelada como a identidade de um povo e sua época, sua memória e história, ou seja, seu viver. Infelizmente nada sabemos sobre a Irmandade de antigamente, uma vez que não existem documentos que comprovem sua existência nessas três décadas citadas. Contudo, junto à construção da nova Igreja, uma nova diretoria ressurge

com sobrenomes dos mais diversos, onde percebemos o envolvimento de todos nessa fé. A Revista Portal VIP volta novamente ao ano de 1936, onde dançadores antigos, bem como documentos históricos relatam naquele ano, a volta dos festeiros. Com isso, após terem sido fazendeiros do século XIX, coronéis e crianças do século XX, agora eram membros da própria Irmandade junto às esposas ou devotos de Nossa Senhora do Rosário. E, começamos com a 60ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário, onde os terços eram realizados na casa do festeiro e a festa em um ranchão erguido no largo da Igreja Velha Matriz.

60ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: José Rosa e Ana Rosa

Os festeiros José e Ana Rosa

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Marina Rosa Netto Rodrigues, filha dos festeiros de 1975 e 1977, Geraldo de Cerqueira Netto e Alice Rosa Netto, também é neta dos festeiros de 1936, José Rosa Pena e Ana Rosa de Jesus. Marina chegou a conhecer os avós e nos conta o que recorda do belo casal. “Meu avô José e minha avó Ana, ou dona Sinhana, como era chamada, tiveram dez filhos, sendo seis homens e quatro mulheres. Moraram muitos anos em uma casa na Praça da Velha Matriz, onde ali tinham uma venda com produtos diversos. Meu avô fazia todos os anos a Folia de Reis reunindo foliões de toda a redondeza. Antes de mudar pra Catalão moravam em sua fazenda na região de Goiandira.” O casal foi festeiro da 60ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário, época em que a Igreja Velha Matriz era fechada à Irmandade por ordem dos padres franciscanos. Contudo, mesmo com a Irmandade proibida de realizar os festejos na Matriz, José Rosa não se conteve. Ao saber que a nova Igreja seria construída, em outubro, José e Ana realizaram a festança, onde a parte religiosa aconteceu na casa dos mesmos e a festa num ranchão frente à Igreja. Mal sabiam os padres que de nada adiantaria continuar com a proibição do folclore local, uma vez que se tornaria uma das maiores festas do país.


_FESTEIROS

61ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: João Arruda e Juliana Arruda

No ano de 1937, a luta dos negros devotos de Nossa Senhora do Rosário em dar continuidade à festa na cidade permanecia. E mesmo com tamanha falta de recursos, a irmandade seguia firme no propósito da construção da sua igreja. Para isso, se arrecadava verba de todas as formas, alguns exemplos eram as esmolas colocadas aos pés da santa, nas bandeiras dos ternos de congo ou na farda do capitão. Ainda sem igreja para realizar a festa, os festeiros daquele ano, João Arruda e Juliana Arruda realizaram a 61ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário, onde hoje é o quintal da casa dos Arruda, na antiga Rua da Capoeira. De acordo com relatos deixados pelo neto do casal, Edson Arruda, foi ali que eles levantaram o mastro, serviram a comida para os dançadores, rezaram o terço e fizeram o baile. “Meu pai, Geraldo Arruda, fundador do terno do Prego, contava que minha avó e meu avô realizaram a festa em nossa casa mesmo. Diziam que aqui era grande e nesse bairro era o local da cidade em que tínhamos, como ainda hoje, um grande número de negros devotos de Nossa Senhora do Rosário.” Pais de Geraldo, Antônio, Joana e Inácio (filho de coração), o casal festeiro de 1937, faz parte das nobres famílias que para cá migraram originando a congada.

Altair Sebba (Tuim) e José Sebba na década de 30

Geraldo Prego ainda criança

62ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Dona Tunica e Família

Frei João, José Hilário, Chiquinho Bibica, Antônio Rossino, Gabriel Pereira e Eutálio Pereira. (Esq.) Benedita, Joaninha, Padre desconhecido, Aparecida do Batel e Benedita Quirino.

Benedita Moreira Quirino é uma das primeiras bandeirinhas, vivas, de Catalão. Começou em 1938 e nos conta que, naquele tempo a festa era comandada pela família da tia Tunica, muito conhecida no meio. “Ela era biscoiteira e fazia salgados para casamentos. Tinha o senhor Basílio, general da congada que paswww.revistaportalvip.com.br

sou o posto para meu padrinho Eutálio Pereira. Eram apenas três ternos, dois de congo e um Moçambique. Chamaram-me, perante a Congada - que naquela época era muito pequena -, e me perguntaram se eu queria ser bandeirinha, carregar a bandeira da Irmandade, uma azul clara que trazia a escrita Salve o

Rosário. Aceitei, fiz o juramento de que carregaria a bandeira enquanto fosse solteira e assim fui durante alguns anos. Não existia a Igreja do Rosário e a festa foi proibida na Velha Matriz, com isso tivemos que alugar uma casa para continuar com a tradição. Tinha um imóvel muito velho do lado de cima da igreja, onde funcionou armazém, açougue, mas muito grande, e lá fazíamos a programação, o leilão, a novena e os bailes. Trabalhamos muito para arrecadar os recursos para edificar nossa igreja e ate água para amassar barro para construção da igreja eu tirei do poço. Não tenho vergonha de contar e tenho orgulho de ter pedido esmola na rua para fazer nossa Igreja e acho que isso foi a melhor coisa que fiz na vida. Muitos são os registros de milagres da padroeira de Catalão em minha vida e muitas foram às pessoas que vi pagando seus votos na Igreja. Já presenciei gente deitar na entrada da igreja, na escadaria principal, para os Moçambiques passarem por cima; também vi gente carregar pedra na cabeça e pote com água, repartindo água para as pessoas. São muitas as bênçãos”. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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_FESTEIROS

63ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Simplício Antônio de Macedo e esposa

De acordo com alguns relatos dos membros da família Macedo, consiste uma história contada de pai para filho e de avô para neto que revela o casal Simplício Antônio de Macedo e esposa colaboradores da festa na década de 30. Pai de Antônio Simplício de Macedo e irmão de Orozimbo Antônio de Macedo, Simplício veio dos cafezais de Ribeirão Preto para o Triângulo Mineiro e após alguns anos, resolveu tentar a vida em Catalão. Aqui, como todos os negros daquela época, teve sua cultura acrescentada e incorporada ao povo catalano. A Revista Portal VIP não conseguiu fotos do suposto casal festeiro que figura o ano de 1939, mas agradece em nome dos fiéis e devotos de Nossa Senhora do Rosário, toda contribuição oferecida pela família Macedo nesses longos anos de festa. Portanto, ilustramos essa página com o irmão de Simplício, senhor Orozimbo Antônio de Macedo e com o filho e neto de Orozimbo, João Barbosa e Adriano Barbosa. Todos figuras importantíssimas na historia dessa tradição. João Barbosa e Adriano

Orozimbo Antônio de Macedo

64ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário No dia 30 de junho de 1940 foi registrada em ata, com assinatura de João Paschoal, uma reunião na residência do senhor José Hilário Alves, membro da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário desta cidade. A mesma era para tratar assuntos relacionados a eleição da Irmandade daquele ano, bem como os festejos do mês de outubro. Eutálio Pereira da Silva depois de fazer um histórico da Irmandade, salientou que “a mesma através de muitos anos de existência sempre foi honrada com o apoio incondicional das autoridades eclesiásticas, administrativas

e policiais e merece sempre a simpatia do povo catalano através de todas as classes sociais”. Não há registros de quem foram os festeiros daquele ano, mas fizeram parte da realização da 64ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário de Catalão os senhores Manoel Domingos da Costa, José da Rosa Pena, João Paschoal, Christiano Ayres da Silva, Eutálio Pereira da Silva, Antônio Ferroci, Affonso Carlos Carisio, Tharsis Campos, João de Castilho, Jovino Arruda, Sebastião Silva, José Gonzaga, Simplício Antônio de Macedo, Antônio Raul, Antônio Teodorio, An-

tônio Zico, João Rosário, Moacir Campos, Vicente Gonçalves dos Santos, Hilário Alves, Mario Antônio, Sebastião Duque, Gornesino Julio, Waldemiro Gomes, João Biano, Pedro do Nascimento, João de Oliveira, João Silvério, José Pedro do Nascimento, José Nastácio Sobrinho, Joaquim Silvério da Silva, Israel Verissimo da Silva, Florentino Pereira dos Santos, Joaquim Pedro da Silva, Sebastião Candido, Ancelino Xavier, Constantino Fernandes, Manoel Romoaldo Pires, Prinio Araújo, Manoel Galdino, Joaquim Rosa de Oliveira e Diodato Martins Arruda.

Terno de Congo São Francisco

“Senhor Basílio, general da festa. Era um negro alto, simples e durante a Congada colocava um chinelão, uma túnica e empunhava a espada comandando a turma. Depois ele passou o posto para Eutálio Pereira”. (Benedita Moreira Quirino).

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Destaque: nesse ano foi fundado o Terno de Congo São Francisco. O criador desse terno foi o Sr. Pedro Tete, em 13 de maio de 1940, onde inicialmente apresentava como primeiro capitão e segundo o Sr. Sebastião Araújo. Passado algum tempo ambos foram substituídos por João do Nego (primeiro Capitão) e Antônio Gabiroba (segundo). Em abril de 1994, houve uma mudança nessa escala de capitães: primeiro capitão Reginaldo Nascimento Reis e segundo capitão Geraldo Nascimento.


_FESTEIROS

65ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Sebastião Guarda-chaves e Cecilia

Geraldo Calixto da Silva

Sebastião José Ribeiro (Maruca) e Maria de Jesus

Em seu artigo “Vida e Voto de Devoto”, o historiador Altair Moreira Querino, formado pela Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão e também dançador das Congadas de Catalão nos relata uma entrevista feita com Osvaldo Rodrigues, o Sapo (in memoriam). O depoente revela que era dançador da Festa do Rosário de Catalão, quando ainda existiam apenas dois ternos de congos e um de Moçambique. Osvaldo recorda que no início da década de 40, com a irmandade proibida de realizar a festa na Igreja Velha Matriz, um dos festeiros foi Sebastião Guarda-chaves e sua esposa Cecilia. “A festa era feita na casa dos festeiros, onde construímos um rancho todo com folha de banana. Ali rezávamos o terço e a festa ficava www.revistaportalvip.com.br

meio que particular”. (Osvaldo Rodrigues, Sapo). A Revista Portal VIP não conseguiu localizar os familiares desse nobre festeiro que, na década de 40 trabalhava na ferrovia de Catalão e tinha esse apelido por virar a chave que conduzia o caminho do trem de ferro. Na ausência de fotos dos festeiros da 65ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário, a Revista aproveita e homenageia aqueles que encantaram e já não estão mais entre nós. Dentre eles, Sebastião José Ribeiro, o Sebastião Maruca que foi o segundo capitão do Terno do Prego em sua inauguração. Geraldo Calixto da Silva que foi suplente de capitão no Terno do Prego. E, por último, Sebastião Oliveira, dançador também do Terno do Prego.

Sebastião de Oliveira

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66ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Alceste Netto Carneiro e Henriqueta do Valle

Osvaldo, conhecido como Sapo

Em seu artigo “Vida e Voto de Devoto”, o historiador Altair Moreira Querino, formado pela Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão e também dançador das Congadas de Catalão, nos relata uma entrevista feita com Osvaldo Rodrigues, o Sapo (in memoriam). O depoente revela que era dançador na Festa do Rosário de Catalão, quando ainda existiam apenas dois ternos de congos e um de Moçambique. Osvaldo recorda que no início da década de 40, com a Irmandade proibida de realizar a festa na Igreja Velha Matriz, um dos festeiros foi Alceste Netto. “O evento era feito na casa dos festeiros, onde construíamos um rancho todo com folha de banana. Ali rezávamos o terço e a festa ficava meio que particular.” Filho de José Netto Carneiro e Maria Luiza Estrella, o catalano Alceste Netto Carneiro era irmão de Maurílio, Lindoya, Maria, Auristela, Zoraide, Mariana, Amélia, Henriqueta e José Netto. Alceste casou-se com Henriqueta Estrella do Valle, filha de Cincinato Carlos do Valle e Henriqueta Estrella. De acordo com Sylvim Netto do Blog Nosso Catalão, a construção do Mercado Municipal foi uma parceria de Alceste Netto Carneiro com Álvaro de Medonça Netto, o Alvim. Alceste Netto e Henriqueta Estrella, juntamente com amigos e familiares realizaram também a 86ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário.

Atual prefeito, Jardel Sebba e os gêmeos Nancy e Fernando Safatle dançavam naquela época

Livro com depoimento do Sapo

Destaque: nesse ano foi fundado o Terno Congregação do Rosário.

67ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Eutálio Pereira da Silva e Alfredina No dia 19 de julho de 1944 foi registrado em ATA e assinado por João Paschoal, reunião na casa do senhor presidente da Irmandade de nossa Senhora do Rosário de Catalão. Na ocasião, o senhor tesoureiro Cristiano Ayres da Silva apresentou um balancete que, acusava a Irmandade ter um saldo em caixa de Cr$ 1.357,10 (hum mil e trezentos e cinquenta e sete cruzeiros e dez centavos). Naquele dia foi dada ordem aos encarregados da construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, os senhores Afonso Carizio e José Hilário, que reiniciassem as obras da mesma.Esse montante seria referente à festa de 1943, comandada pela Irmandade, mas figurando o nome de Eutálio Pereira da Silva e sua esposa Alfredina. Sendo assim realizada a 67ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário. Eutálio Pereira da Silva é sem duvida alguma, um dos generais mais lembrados da Congada de Catalão. Pai de Zilda (in memoriam), Maria do Rosário e Ângelo (in memoriam), esse general foi lembra-

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do em todas as casas que a Revista Portal VIP esteve, bem como, por todos os nossos depoentes. Figura ilustre na Irmandade de Nossa Senhora do Rosário daquele tempo, teve seu nome doado a antiga Praça dos Congos, hoje, Praça Eutálio Pereira.


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68ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Aguiar de Paula (Rola) e Matilde Margon Vaz

Celina Rodrigues e Aguiar de Paula

No dia 30 de julho de 1944 foi registrada em ata, com assinatura de João Paschoal, uma reunião realizada na casa do senhor presidente da Irmandade daquele ano. A mesma era para tratar assuntos relacionados aos festejos do ano de 1944, cujos festeiros eram o senhor Aguiar de Paula (Rola) e dona Matilde Margon Vaz. Em pauta ainda, quem seriam os próximos festeiros da festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário, pois José Hilário comunicou que os senhores Azamor Netto, Pedro Ayres, Rozemar Paranhos e Francisco Pereira gostariam de ser os próximos. Com isso,

Matilde Margon e Gerônimo Vaz

ficou decidido que, as festas futuras passariam por sorteios entre candidatos. Na ocasião, Eutálio Pereira pediu ao festeiro da 68ª Festa do Rosário, senhor Aguiar de Paula que, distribuísse entre as juízas presentes envelopes destinados a angariar fundos para a construção da igreja. Envelopes esses, recolhidos na reunião do dia oito de outubro, na casa do senhor Aguiar de Paula (Rola). Naquela oportunidade foi repassado ao tesoureiro Cristiano Ayres a importância de Cr$ 1.506,90 (um mil e quinhentos e seis cruzeiros e noventa centavos). A festeira de 1944, Matilde

Margon Vaz era esposa de Gerônimo Vaz e mãe de Nilda, Nilo, Laerte, Haley, Tereza, João, Anita, Francisco e Carlos. O filho Haley Margon, diz que naquela época tinha 12 anos e que a festa era feita dentro da religiosidade. “Naquele tempo se fazia a festa para Nossa Senhora do Rosário, sem comércio, ou seja, barracas, então apesar de ser menor que os dias atuais, se viviam a verdadeira FÉ.” O festeiro daquele ano, Aguiar de Paula era casado com Celina Rodrigues e pai de oito filhos, Ovídio, José, Sebastião, Bento, João (Thoya), Sena, Duvirges e Laurinda.

69ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Francisco Pereira, Procópio e Joana Ponciano No dia 8 de outubro de 1944 foi registrada em ata, com assinatura de João Paschoal, uma reunião realizada na casa do senhor Aguiar de Paula com a presença de Cristiano Ayres, João Paschoal, Affonso Carisio, Eutálio Pereira e José Hilário. Na reunião foram sorteados os festeiros de 1945, Francisco Pereira, Procópio Ponciano e Joana Henriqueta de Sousa Ponciano e para mordomo do mastro Júlio Paschoal. No outro dia, outra reunião foi atada, desta vez, na residência do presidente da Irmandade de 1944, Manoel Domingos. Na mesma, ficou deliberado que todas as pessoas que desejarem fazer a festa de Nossa Senhora do Rosário a pedido ou promessas, terão que arcar com as despesas. Como assim foi exposto pelo orador Eutálio Pereira, na residência do festeiro Procópio Ponciano no momento da entrega da coroa. Ficou decidido também que todas as esmolas arrecadadas seriam revertidas em prol da construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. No ano de 1945 foi realizada pelos festeiros Francisco Pereira, Procópio Ponciano e Joana Henriqueta de Sousa Ponciano a 69ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário. www.revistaportalvip.com.br

Joana Henriqueta de Sousa e Procópio Ponciano PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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70ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: João Camilo Rodovalho e Sâmia Damião Rodovalho

Sâmia Damião Rodovalho e João Camilo Rodovalho

No dia 17 de agosto de 1946 foi registrado em ATA com assinatura de Júlio Pinto de Mello, uma reunião realizada na casa do presidente da Irmandade daquela época, Afonso Carlos Carísio. A reunião era para tratar assuntos relacionados aos festejos daquele ano, que aconteceram entre 4 e 13 de outubro. Naquela noite, ficou decidido que os festeiros da 70ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário, Sâmia Damião

Sâmia e Antônio com a netinha Karla Rodovalho

Rodovalho e João Camilo Rodovalho ficariam a cargo das despesas relacionadas aos fogos, cafés e refeições dos dançadores. Casada com Antônio Rodovalho, Sâmia foi a festeira da festa de Nossa Senhora do Rosário no ano de 1946, ao lado do cunhado João Camilo. Sócios proprietários de uma loja na cidade, Sâmia realizou a festa para pagar uma promessa feita a Nossa Senhora e com a graça concebi-

da. O único filho, Jurandyr Rodovalho, que hoje, reside em Goiânia, lembra que a festa era realizada na Igreja Velha Matriz. “Não tinha barraquinhas, mas todas as noites eram realizados leilões. As pessoas que se deslocavam das fazendas vizinhas, doavam várias prendas como laranjas, cana de açúcar, leitoa, frango assado e outros. Com isso, a festa acontecia e era muito boa e lucrativa”.

71ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: João Sebba e Aviduque Sebba

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Festa de Nossa Senhora do Rosário 1947

Aviduque Elias Sebba e João Sebba

O Médico João Sebba com sete anos

Tradicional família goiana, João Sebba e Aviduque Elias Sebba, ambos de origem árabe, moraram em Santo Antônio do Rio Verde antes de virem para Catalão. Naquele município, à exceção de José, nasceram os filhos do casal, Jahyr, Lígia, Estrela, Goianita e Antônio. Festeiros da 71ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário, o casal residia na esquina da Avenida 20 de Agosto, onde hoje, está localizada a loja Corpo Mágico. Dos filhos do casal, apenas Lígia e Estrela estão vivas. Emocionada por relembrar o

passado, Dona Lígia, ao longo de suas mais de sete décadas vividas e com uma energia de dar inveja a qualquer adolescente, recebeu a equipe Portal VIP descalça, onde corria para lá e para cá a fim de nos mostrar o local exato onde seus pais recebiam os congos. “Eram poucos os dançadores, mas era emocionante recebe-los em nossa casa, era tradição para meus pais. Eu tenho uma foto, mas por ser muito pequena, não me recordo onde guardei e no verso está datado o ano de 1947, onde sou eu quem

conduz a coroa que naquela época era guardada no banco da cidade.” Infelizmente, até o fechamento dessa edição, a nobre senhora não havia encontrado a foto, mas a imagem que apresentamos ilustra a matriarca Aviduque Elias e o patriarca da família Sebba na década de 40. Dona Aviduque era devota de Nossa Senhora do Rosário e na outra foto está o médico João Sebba Neto, aos sete anos, dançando no Moçambique para pagar promessa de sua avó.

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72ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Wady Salomão e Emília Salomão

Wady Salomão e a neta Biane

No dia 13 de outubro de 1948 foi registrado em ATA, com assinatura de Júlio Pinto de Mello, uma reunião na casa do tesoureiro da Irmandade, Cristiano Ayres. A mesma aconteceu às dezenove horas com as presenças de Eutálio Pereira da Silva, João Marçal, José Hilário Alves, Sabino Pereira da Silva e Wady Salomão, festeiro de 1948. Em pauta o acerto dos festejos daquele ano e o acerto das mensalidades dos congos e moçambiqueiros que foram pagos pelos irmãos Sabino Pereira da Silva, Orozimbo Macedo e João Marçal. Os membros da Irmandade parabenizaram os festeiros da 72ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário, Wady Salomão e Emília Salomão, pela festa realizada e por toda renda conquistada. Emília Salomão foi casada com João Salomão com quem teve os filhos Wady, Nabi, Racissa, João, Rass e Nabirra. O festeiro Wady Salomão foi casado com Altiva Ferreira com quem teve as filhas Vera e Célia, mas o nobre senhor, também ajudou a criar os sobrinhos Jacy Salomão e Hélio.

Destaque: Nesse ano foi fundado o Terno de Congo Toinzinho, ou Santa Terezinha. Consta nos documentos da fundação do terno, que o mesmo teve início em Três Ranchos, sob orientação do capitão Sebastião José Ribeiro, logo depois esse cargo foi passado para o capitão Nenê Rosário, e deste para o capitão Pedro Cassimiro. Hoje, o terno se mantém em Catalão e tem como primeiro capitão o senhor Antônio Alves de Lima.

73ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: José Hilário e Josefina

No dia 04 de outubro de 1948 foi registrada em ata, com assinatura de Júlio Pinto de Mello, uma reunião realizada na casa do senhor José Hilário Alves, às dez horas da manhã com as presenças de João Marçal, Geraldo Arruda, Eutálio Pereira da Silva, Arachid Damião, João Aprígio, Vicente Gonçalves e Júlio Pinto de Mello. A reunião era para tratar assuntos relacionados aos festejos do ano de 1949. Em pauta, quem seriam os próximos festeiros. Após longa conversa, ficou decidido que a festa seria no nome da Irmandade, figurando apenas www.revistaportalvip.com.br

o nome do companheiro José Hilário Alves e sua esposa Josefina como festeiros. Para o mordomo do mastro foi escolhido Eutálio Pereira da Silva. Segundo Robson Macêdo em seu livro “Congada de Catalão” a fotografia mostra da esquerda para direita, dançador de congo Teodoro, Orosino Barbosa (capitão do Moçambique), José Hilário, Zefina, Augusta (rainha) e Elói Rita (guarda coroa). Já Sylvim Netto, do Blog Nosso Catalão, completa a nomeação das pessoas na foto, que mostra pelas características da construção (portal em arco e

uma coluna de cada lado), que seja a Igreja de Nossa Senhora do Rosário quando ainda não havia recebido o reboco. O senhor de terno escuro, à direita, no alto, é Sabino (pai do Sabininho, que possuía uma serralheria abaixo do Colégio Mãe de Deus), o garoto mais jovem à esquerda e ao lado do andor é o mestre de obras Tiãozico, o senhor mais à direita de perfil é Eutálio Pereira, figura das mais relevantes no cenário da Irmandade do Rosário. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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74ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Sebastião Pereira da Silva

Registros da festa na década de 50

Descobrimos os festeiros da 74ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário através da dissertação apresentada no programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito parcial para obtenção de título de mestre em história do aluno Cairo Mohamad Ibrahim Katrib. O mestre em história nos conta que, “a festa do ano de 1950, realizada pelo festeiro Sebastião Pereira da Silva, apresentou uma renda muito baixa. Obteve-se uma arrecadação de Cr$: 14.990,00 e verificou-se uma despesa de Cr$: 12.490,00. Sendo assim, em relação a outras festas de anos anteriores a renda foi bastante inferior – Cr$: 2.500,00. Diante disso, a irmandade de Nossa Senhora do Rosário, ao escolher os festeiros de 1951, delegaram-lhes, com a aprovação também do vigário local, plenos poderes na condução da festa. Esses festeiros formaram então,

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uma comissão de auxiliares que passou a conduzir os preparativos desde 1951. Foi a partir dessa época que se instituiu oficialmente a comissão de auxiliares para, juntos, promover a festa, tornando-a uma tradição. Os festeiros apresentaram os resultados financeiros da festa, que teve uma receita bruta de Cr$: 109.164,30 e despesas num total de Cr$: 53.471,50, e revelando um lucro de Cr$: 55.539,80, utilizados para o término da igreja do Rosário. Foi também nesse ano que a parte festiva teve um impulso expressivo, inclusive incentivando as noitadas no Ranchão de festa, abrilhantadas por música ao vivo, comidas, bingos, leilões e outras diversões, o responsável no tocante aos bingos e leilões, era o senhor Irineu Reis Nicolleti. Um fato interessante de destacar foi que o casal de festeiros do ano de 1951 resolveu aplicar o lucro da festa no término da igreja, prestando contas à irmandade, mas

não lhe repassando o dinheiro arrecadado. Este foi administrado pelo festeiro na construção do telhado e acabamento básico da capela, o que gerou uma certa polêmica na época, inclusive, constando em ata, a circulação de uma carta pela cidade acusando-o de uso ilícito do dinheiro da festa. Na visão do memorialista Edson Democh, parente do festeiro do ano de 1951, a família sentiu-se ofendida diante de tamanha acusação, porque a preocupação do seu tio era em melhor administrar o dinheiro, pois se tivesse deixado a cargo da irmandade, esse teria sido distribuído em partes desiguais com a paroquia, e com isso a igreja não teria sido concluída. Com o lucro da festa de 1951 foi possível construir o telhado da igreja e realizar outros acabamentos. A igreja só foi de fato concluída no ano de 1952 com o lucro obtido na festa desse ano realizada por Pedro Neto Paranhos e esposa”.


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75ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

No dia 20 de agosto de 1951 foi registrada em ata, com assinatura de Júlio Pinto de Mello, uma reunião realizada na casa do presidente da Irmandade daquele ano. A mesma era para tratar assuntos relacionados aos festejos do ano de 1951. Em pauta, quem seriam os próximos festeiros. Foi aprovado por unanimidade que os festeiros seriam Jorge Democh e sua esposa Adibe Elias Democh. Para o mordomo do mastro foi escolhido Sebastião Nascimento. Foi organizado o cronograma da festa com a aprovação do vigário da paróquia, Frei Ronam, e deu-se publicidade ao acontecido. Essa Irmandade legou aos festeiros amplos poderes para organizarem a festa, para que a mesma ocorresse em maior cordialidade e entusiasmo. Consta também na ata de 22 de outubro de 1951, que a festa daquele ano teve lucro de Cr$ 56.539,80 (Cinquenta e seis mil e quinhentos e trinta e nove cruzeiros e oitenta centavos). Mandou-se fazer balancetes e distribuir na cidade para conhecimento de todos. Segundo Sylvim Netto, do Blog Nosso Catalão, os festeiros da 75ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário eram pais de Dilma, Dalton, Dimas, Dib e do conhecido Demochin. Na década de 1970 Demochin fundou uma pequena indústria de picolés, a Tip Top. A fotografia, que foi tirada em frente à igreja do Rosário

Festeiros: Jorge Democh e Adibe Elias Democh

Foto das primeiras barraquinhas na década de 50

Adibe Democh com a coroa nas mãos

mostra Adibe segurando a coroa. A Igreja, que desde então passou por algumas reformas, teve algumas das características de sua arquitetura alteradas. De acordo com o neto do casal, Elias Antônio Democh, foi o seu avô quem trouxe as barraquinhas para Catalão. “Tenho um obsoleto caderno amarelado com muita coisa escrita. Tem uma história, onde meu avô foi em uma cidade de Minas para convidar os barraqueiros a virem para Catalão. Esqueci o nome da cidade, mas até o nome do primeiro barraqueiro eu tenho. Ele tinha uma barraca de brinquedos”.

Terno Moçambique

Destaque: no dia 20 de agosto de 1951 foi fundado o Terno de Congo Moçambique Mamãe do Rosário pelo senhor Gabriel Gustavo da Silva, que foi seu primeiro capitão.

76ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Pedro Netto Paranhos e Lily Paranhos

Afonso Belizário Dias Paranhos

No dia 22 de outubro de 1951 foi registrada em ata, com assinatura de Júlio Pinto de Mello, uma reunião realizada na casa do senhor Willian Democh às 19 horas com a presença dos senhores: Jorge Democh, Aziz Abrão, Irineu Nicoletti, José Hilário, Sabino Pereira, Eutálio Pereira, Wilson Democh, Sebastião Pereira e Célio Netto Paranhos. A mesma era para tratar assuntos relacionados aos festejos do ano de 1951. Em pauta, a prestação de contas da festa realizada naquele ano. Também ficou decidido por unanimidade que, os festeiros de 1952 seriam Pedro Netto Paranhos e Lily Dias Paranhos. Para o mordomo do mastro foi escolhido Dib Elias Democh e ainda www.revistaportalvip.com.br

Pedro Netto Paranhos

lembraram que, a menina Sheila Zarif, filha de Gibrail Abud foi eleita rainha das bonecas daquele ano. Em tempo, o senhor Aziz Abrão homenageou Irineu Nicoletti pelos serviços prestados à festa. O festeiro Pedro Netto Paranhos era casado com Maria Chaves Paranhos e desta união nasceram os filhos Edward, Maria do Rosário, Clóris, João Alfredo, Fátima e Lincoln. A festeira Augusta Dias Paranhos, a Lily, era casada com Celio Netto Paranhos, eles pais de Maria do Rosário, Onofre, Afonso Belizário, Célia Maria e Antônio. A primogênita da festeira lembra que cresceu convivendo por vários anos com a Festa do Rosário. “Meu pai era muito bom para organizar festas e tudo era de

Lily Dias Paranhos

muita fartura e animação. Naquela época, as festas eram feitas para o Congado e não visando angariar dinheiro para a Igreja. Não havia brancos, creio que meu irmão foi o primeiro a dançar no meio deles. A festa foi tão grandiosa que minha mãe voltou a ser festeira por mais vezes”, conclui Maria do Rosário. É preciso ressaltar que foi Pedro Paranhos que trouxe o fundador do Catupé Amarelo, Antônio Miguel da Silva para Catalão e o terno saiu pela primeira vez no ano seguinte. Consta também em ata que o resultado obtido na festa de 1952 atingiu a importância de cento e vinte mil cruzeiros. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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77ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário. Festeiros: José Afonso Aires e Izabel Mendonça Netto

João Vaz de Mesquita, Gercília, Zizi, Maria, José Afonso, Mário, Lourdes, Anuniação, Gilberto, Dorinha e Gracinha Cortopassi

Registros do Terno Catupé Cacunda Nossa Senhora das Mercês

No ano de 1953 os festeiros da 77ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário foram os amigos e compadres José Afonso Aires de Araújo e Izabel Mendonça Netto. O filho do senhor José Afonso Aires, Yolando Aires conta que seu pai era muito amigo do casal João Netto de Campos e Izabel Mendonça, com isso aceitou realizar a festa daquele ano ao lado dos amigos queridos. João Netto e Izabel trouxeram ao mundo Mário, Yedda, Marlitt e Álvaro de Mendonça Netto. Yolando lembra que a festa daquele ano foi farta em doações. “Meu pai ganhou 102 bezerras para realizar a festa, jamais vou me esquecer disso, acredito ter sido um fato histórico na realização dessa festa.” José Afonso Aires de Araújo era casado com Maria Ferreira de Araújo e a festa aconteceu no Largo do Rosário, relembra a filha Lourdes, viúva de Mário Cortopassi. O resultado da festa foi registrado em ATA no dia 19 de setembro de 1954 com assinatura de Júlio Pinto de Mello, onde uma reunião foi realizada na casa do secretário às nove horas da manhã com a presença de Orozimbo Antônio de Macedo, Gabriel Gustavo da Silva, Antônio Simplício, José Fernandes, Gervásio Rodovalho, Sabino Pereira, José Hilário Alves e Júlio Pinto de Mello. Em pauta, a prestação de contas dos festeiros José Afonso e Izabel Mendonça. Na opinião dos presentes foi uma festa muito boa, com uma renda de Cr$ 127.000,00 (cento e vinte e sete mil cruzeiros).

Catupé Amarelo

Izabel Mendonça Netto e João Netto de Campos

Destaque: nesse ano foi fundado o Catupé Cacunda Nossa Senhora das Mercês – Amarelo, que teve como seu fundador o Sr. Antônio Miguel da Silva, no dia 1 de agosto de 1953. Maria Ferreira e José Afonso

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78ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Fued Pedro e Maria Marciano Pedro

O casal de festeiros com a família

Encontra-se registrado em ata assinada pelo secretário Júlio Pinto de Mello que, no dia 27 de setembro de 1954 foi realizada uma reunião na casa da festeira de 1953, Isabel Mendonça Netto, com a presença do festeiro de 1954, Fued Pedro. A mesma foi para apresentar o resultado da eleição realizada no dia 25 de setembro daquele ano, onde Ermelindo Ferreira, Camilo Caixeta e

Fued Pedro e Maria Marciano Pedro

Willian Democh apresentaram o resultado em que José Hilário Alves recebeu 150 votos para presidente da Irmandade. Com isso, fica claro que os festeiros da 78ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário foi o casal Fued Pedro e Maria Marciano Pedro, pais de Terezinha, Ana Maria, Amélia, Regina, Fued, Felipe, Zalita e Karla. A filha Terezinha apesar de na época ter apenas

três aninhos, lembra que cantou na festa em que os pais foram os festeiros. Família tradicional em Catalão, onde todos são conhecidos e parabenizados pela religiosidade de seus membros, os filhos afirmam que essa religiosidade não vem de berço, mas da barriga. Aliás, basta olhar na foto do casal e reparar o crucifixo dependurado no pescoço da matriarca da família Pedro.

79ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Sabino Pereira e Joana Bueno

Geraldo, Eutálio e Rodolfo

Sabino, Tonim Português, Porquinho e Fued Pedro, todos festeiros de N.S. do Rosário

Apaixonado pela Festa do Rosário, Sabino Pereira da Silva acompanhou por muitos anos a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Catalão, na qual ocupou o cargo de presidente por várias diretorias. Casado com Joana Bueno, o casal realizou, de acordo com informações colhidas através de alguns membros da família Pereira, a 79ª Festa em louvor a padroeira da cidade. Eles também trouxeram ao mundo os filhos: Maria Lúcia, Sabino Junior, Maria de Fátima, Maria Antônia, Luís Alberto, Eutálio e Sebastião César. A filha caçula das mulheres, Maria Antônia (Tonica), nos conta que seu pai colocou nos filhos o nome dos seus irmãos. E por falar em irmãos, o nobre festeiro de 1955 era irmão de Eutálio Pereira, figura das mais importantes no cenário da Congada de Catalão, uma vez que foi e ainda é lembrado como um gran-

de e respeitado general da mesma. Tonica lembra que a Festa do Rosário é um retrato de sua infância. “Era pequena ainda, mas meu pai sempre nos levou para participar de todas as solenidades que marcavam a festa, como a entrega da coroa. Todos os ternos iam para nossa casa e tudo era muito bonito.” Ela lembra também da festança no Ranchão. “Íamos todos os dias na grande barraca, no Largo do Rosário, era muito animado, pois haviam os leiloeiros, Porquinho e Sapo, que eram bem conhecidos. Minhas tias Joana e Maria Santana (tia Neném), irmãs do meu pai, eram bandeirinhas dos ternos, aquelas que são guardiãs dos estandartes. Meu pai não dançava na Congada, pois era uma espécie de coordenador de todos os ternos, já meus tios Sebastião (Tãozinho) e tio Eutálio eram congos.”

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Sabino Pereira da Silva e Joana Bueno de Morais PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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82ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Geraldo Evangelista da Rocha e Geralda Aires Rocha

Geralda Aires Rocha e Geraldo Evangelista da Rocha

Geralda Aires Rocha e Geraldo Evangelista da Rocha com os filhos

Festeiros da 82ª festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário, o casal Geraldo Evangelista da Rocha e Geralda Aires Rocha eram os pais de Marise, Paulo Cesar, Fernando Cesar, Cristiano Cesar e Idelfonso. Descobrir sobre o casal de festeiros foi emocionante, uma vez que a filha do saudoso José Alves, popular Zé do Gordo, Denise Alves, guarda em sua carteira o santinho da festa de 1958 que ficava carinhosamente guardado na carteira de seu pai em vida. Também está registrado em ATA, no dia 24 de outubro de 1958 e assinado por Júlio Pinto de Mello, reunião realizada às 19 horas na residência de Geraldo Evangelista da Rocha. Na ocasião, Antônio Evangelista da Rocha apresentou o balancete total da festa de Cr$ 266.401,00 e com saldo líquido de Cr$ 227.408,00. A festeira Maria Geralda Aires da Rocha declarou que o gasto da festa com alimentação foi doado pela firma Irmãos Rocha. Aurea Aires de Campos revelou que dessa arrecadação da festa de 1958, vinte mil cruzeiros foram entregues a João Marçal, presidente da Irmandade em exercício e Cr$ 160.279,50 ao frei Inácio.

Zé do Gordo

83ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Olegário Teixeira e Clotilde Borges

Patricia, Edmilce, Olegário Neto e Olegário em 1959

No dia 19 de novembro de 1959 foi registrada em ata, com assinatura de Júlio Pinto de Mello, uma reunião realizada na casa do senhor Olegário Martins Teixeira às 20h30min, com as presenças de vários membros da Irmandade e os festeiros daquele ano representados pelos filhos Olegário e Geraldo. Na reunião, Olegário Antônio Teixeira entregou a importância de sessenta mil cruzeiros (60.000,00) arrecadados na festa de seus pais, onde a mesma quantia foi destinada à construção da nova Matriz. Naquela noite, o cheque de nº 61845 foi entregue ao Frei Inácio, representante da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Catalão. O

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Olegário e Clotilde com a família

vigário agradeceu os festeiros e os filhos pelo bonito trabalho na festa e desejou que Nossa Senhora do Rosário derramasse bênçãos sobre os mesmos. A renda total da festa foi de 257.221,00 cruzeiros com as bezerras valorizadas. Os pais de Levi, Olegário, Onofre, João, Geraldo, Juca, José Ângelo, Anunciação, Bernardina, Dalva, Luzia e Terezinha foram festeiros da 83ª Festa do Rosário de Catalão. Em nossa pesquisa, o filho Olegário Antônio Teixeira e sua esposa Edmilce Terezinha de Castro Teixeira relembram aquele ano: “Eu e minha esposa assumimos a festa para ajudar meus pais, com isso, coloquei um cidadão em cada

região rural, como Pedra Branca, Olhos D’água e outros, para conseguir prendas para o leilão da festa, o que funcionou, pois muitas foram as doações. Naquela época já existiam as ceias, onde membros da comunidade ofereciam os pratos e vendíamos os ingressos. Recordo que o Irineu Nicoletti era o leiloeiro e que a mesma aconteceu no Largo do Rosário. Foi uma festa muito boa e produtiva e no dia da prestação de contas entreguei um cheque alto para o padre no nome da Irmandade”. Pais de Olegário Neto, Patrícia, Nelson e Leonardo Martins, o casal agradece a oportunidade de ter realizado a festa.


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84ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: José Pereira (Nego Zico) e Yolanda Mesquita

José Pereira de Mesquita

Geraldo Prego com alguns jovens dançadores no ano de 1963

Yolanda

No dia 1º de abril de 1961 foi registrado em ata, com assinatura de Júlio Pinto de Mello, uma reunião realizada na casa do presidente da Irmandade, senhor Antônio Simplício às 19 horas com a presença dos senhores: Orozimbo Antônio de Macedo, João Antônio de Macedo, Gabriel Gustavo Silva, Elói Antônio Rita e outros. Com a palavra o senhor Orozimbo que disse não estar contente com o capitão Pedro Antônio, pois este não obedece a suas ordens e isso não pode continuar porque sem disciplina nada vai para frente. Ainda em pauta, foram tratados assuntos relacionados à festa daquele ano com os festeiros José Pereira de Mesquita e Yolanda Vaz de Mesquita. Pais de João, www.revistaportalvip.com.br

Destaque: neste ano foi fundado o Terno de Congo do Prego.

Inézio, Heleno (in memoriam), Geraldo, Maria Carolina (in memoriam), Alda, Joaquim (in memoriam) e José Alberto, o casal realizou a 85ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário. De acordo com o filho Geraldo Vaz de Mesquita, sua mãe foi muito atuante em Movimentos Religiosos - Legião de Maria e outras congregações e oferecia assistência na Sociedade São Vicente de Paulo, pois era muito caridosa. Geraldo conta que todos da família participaram da festa daquele ano. “Foi um evento muito animado. Recordo que, o que “bombava” eram os leilões e como meu pai era fazendeiro, todo dia eram realizados leilões dos mais variados com leitoa, frango, biscoitos que minha mãe fazia

e inúmeras doações de pessoas da cidade. Naquela época os catalanos eram muito religiosos e meus pais então, estavam na missa todos os domingos.” Geraldo lembra ainda das diversões na festa, “o sucesso maior da grande festa era o Correio Elegante, ou seja, o Facebook e WhatsApp de então. As moças e rapazes mais “bonitinhos” recebiam a todo momento e passavam a festa inteira respondendo as “cantadas”. Tinha também aquelas paqueras pelo alto-falante como, “essa música vai para fulano” e era demais”, revela em gargalhadas. O filho emocionado conclui ao dizer que, o pai era isso da foto, sorridente, mas muito severo, progressista e correto ao extremo. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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85ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Noraldino Moreira e Ana dos Santos Destaque: neste ano foi realizada uma procissão de velas, organizada pelo senhor Pedro Aires Filho, a fim de levar a imagem de São Benedito para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Imagem essa doada pelo mesmo.

Ana Ferreira e Noraldino Moreira

No dia 29 de outubro de 1961 foi registrada em ata, com assinatura de Júlio Pinto de Mello, reunião realizada na casa dos festeiros daquele ano, Noraldino Moreira dos Santos e Ana Ferreira dos Santos. Pelo referido festeiro foi apresentado uma renda bruta de Cr$ 687.116,00, sendo as despesas de Cr$ 118.500,00. Foi esclarecido que, 10% da renda líquida daquela festa foi entregue ao vigário Frei Inácio. Filho de Febrônia das Dores de Castro e José Saturnino de Castro, o festeiro da 85ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário era irmão de João Moreira, Mário de Castro, Rosiclair, Edimilson e Maria do Rosário. Proprietários do extinto açougue Santa Lúcia na década de 70, os festeiros daquele ano são pais de Manoel Ferreira da Silva Neto, Lucia Vânia de Castro, Vânia Lucia de Castro e José Saturnino de Castro. Dona Ana relata à revista

Portal VIP que pediu para fazer a festa para pagar uma graça recebida. “Meu filho Manoel teve paralisia infantil e entreguei-o nas mãos de Nossa Senhora do Rosário, disse que se curado, seríamos festeiros da grandiosa festa em seu louvor. Sempre fomos ligados à festa e chegamos a participar de várias comissões, mas a oportunidade surgiu em 1961.” Dona Ana nos fez uma pergunta, a qual não soubemos responder. Ela nos contou que até hoje participa dos terços às seis da manhã e questiona. “A festa sempre foi lucrativa, você pode me explicar porque até hoje a igreja é tão pequena? Preciso madrugar no terço para poder sentar e para a minha idade isso é complicado.” Simpática e muito bem educada a nobre senhora nos deixa esse questionamento.

Terno de Congo em 1961

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São Benedito, reverenciado

Nota: A nossa produção entrou em contato com a Irmandade do Rosário, por telefone falamos com o presidente da entidade Leonardo Bueno, que nos informou sobre os motivos da não ampliação da estrutura física da Igreja do Rosário. Segundo Leonardo, como a Igreja é tombada como patrimônio histórico não é permitido nenhum tipo de obra de ampliação, nem mesmo a cor da construção pode ser alterada.


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86ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Alceste Netto Carneiro e Henriqueta do Valle

www.revistaportalvip.com.br

João Coelho, Osvaldo Sapo, Sebbinha e Antônio Adão

Ata daquele dia

João Marçal e seu filho Euripedes

No dia 12 de agosto de 1963 foi registrada em ata, com assinatura de Júlio Pinto de Mello, uma reunião realizada na casa Paroquial de Catalão às nove e trinta da manhã com as presenças de Frei Miguel, vigário da Paróquia, Alceste Netto e Antônio Simplício de Macedo. A reunião era para tratar dos acertos de contas relacionados aos festejos do ano de 1962, sob a responsabilidade de Alceste Netto, o qual apresentou o seguinte resultado: Cr$ 270.000,00 (Duzentos e setenta mil cruzeiros). Dessa quantia, Cr$ 30.000,00 foram arrecadados no altar e Cr$ 32.000,00 no aluguel das barracas. Foi entregue ao senhor vigário o cheque de nº894285 do Banco Mercantil de Minas Gerais S/A, no valor de Cr$ 208.000,00. O restante foi entregue a Antônio Simplício. O vigário agradeceu a Alceste Netto e esposa pela magnifica festa que os mesmos fizeram, pedindo que suas famílias sejam abençoadas pela padroeira da paróquia. Filho de José Netto Carneiro e Maria Luiza Estrella, o catalano Alceste Netto Carneiro era irmão de Maurílio, Lindoya, Maria, Auristela, Zoraide, Mariana, Amélia, Henriqueta e José Netto. Alceste casou-se com Henriqueta Estrella do Valle, filha de Cincinato Carlos do Valle e Henriqueta Estrella. De acordo com Sylvim Netto do blog Nosso Catalão, a construção do Mercado Municipal foi uma parceria de Alceste Netto Carneiro com Álvaro de Mendonça Netto, o Alvim. Alceste Netto e Henriqueta Estrella, juntamente a amigos e familiares, realizaram a 86ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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87ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: José e Rute Sebba

Rute e José Sebba

No dia 21 de agosto de 1963 foi registrada em ata, com assinatura de Júlio Pinto de Mello, uma reunião realizada na casa de José Sebba, festeiro daquele ano. Na reunião estavam Antônio Simplício, Frei Miguel, Catarina Sebba e Geraldo Arruda. O encontro era para esclarecer assuntos relacionados aos festejos daquele ano, como: a renda do pé da santa (altar) seria entregue a Irmandade, bem como o dinheiro do aluguel das barraquinhas. Ficou combinado que no dia da festa, a missa das onze seria às nove horas e a primeira missa, no horário de costume. Também ficou combinado que seriam estourados dois morteiros e dez dúzias de fogos. Naquela noite, os festeiros da 87ª Festa em

José Sebba Júnior com um aninho

Louvor a Nossa Senhora do Rosário, José Sebba e Rute Malvina Silva Sebba deram início aos preparativos para a grande festa. Conselheiro aposentado do tribunal de contas, José Sebba foi deputado estadual, secretário de estado da viação e obras públicas, engenheiro, professor universitário e agropecuarista. Filho de Antônio Sebba e Zaquia Sebba, nasceu em Catalão no dia 06 de outubro de 1930. Casado há mais de cinco décadas com Rute Malvina Silva Sebba, o casal trouxe ao mundo José Sebba Junior, Lamartine, Candice e Frederico. Dona Rute, que hoje, reside em Goiânia junto ao marido, lembra que a festa aconteceu no Largo do Rosário e foi uma festa com saldo lucrativo.

Capitão Antônio Miguel da Silva

Destaque: neste ano morreu o fundador do Catupé Amarelo, Antônio Miguel da Silva, que nasceu em Itapecerica/MG e foi casado com dona Malvina a convite de Pedro Paranhos Netto, veio a Catalão pela primeira vez em 1952 dançar na festa do Rosário. Em 1953 mudou-se para cá e fundou o Catupé Cacunda Nossa Senhora das Mercês, em atividade até hoje. Cantador de versos, cantador de folia de reis, analfabeto, justo e místico, o nobre senhor era rigoroso e para dançar em seu terno era preciso saber fazer o próprio instrumento com cipó e couro de boi curtido. Autônomo, não gostava de refeições na casa dos outros e servia todo o terno em sua casa. O neto Gilson Lourenço conta que o avô pressentiu a morte, pois na festa de Três Ranchos reuniu o terno e anunciou sua saída. “Ele sabia que não estaria no próximo ano, com isso, passou o terno para Anjo Pereira.” E assim aconteceu, vítima de um acidente em 1963, o nobre capitão não resistiu.

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88ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Antônio Simplício e Amazília Macedo

Amazília da Silva Macedo com a filha Neuza e os netinhos Sandra e Robson Macedo

Eu, Maysa Abrão, peço licença aos outros festeiros, dentre eles meu papai João Abrão e a minha vovó Samira Calixto (ambos, in memoriam), para falar dos festeiros do ano de 1964. De todos os motivos existentes na proposta de realizar esse trabalho junto à família Portal VIP, acredito que Antônio Simplício de Macedo tenha sido o maior. Muitos são os nobres homens e mulheres que fizeram a história dessa festa centenária, mas tenho um carinho gigantesco por esse senhor que em vida foi humilde e amigo de todos. Não tive a honra de conhecê-lo, porém respeito sua memória por tudo que conheço a seu respeito, uma vez que é grande www.revistaportalvip.com.br

inspiração para recordar o passado. Admiro a simplicidade daquele que, durante anos, guardou no humilde guarda-roupa de madeira a coroa de Nossa Senhora do Rosário. Isso mesmo, uma das histórias magnificas que o neto, Robson Macedo, relata em seu livro “Congada de Catalão”. O jornalista homenageia sua avó Amazília, que morreu em 2006 com algumas histórias que a avó deixou sobre a congada. “Aquele era um lugar seguro e fora de qualquer suspeita. Embrulhada em um pano branco, nem os filhos sabiam do segredo. A coroa só saia do guarda-roupa na época da festa. Por mais de 16 anos ninguém imaginou que fazíamos

Antônio Simplício de Macedo

isso”, recordou a nobre senhora. Membro da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário desde o final da década de 40, Antônio foi presidente da mesma por muitos anos. Filho de Simplício Antônio de Macedo e sobrinho de Orozimbo Antônio de Macedo, figuras ilustres da congada catalana, Antônio foi integrante do Moçambique. Exemplo de marido e de pai para os filhos Ademir, Milton, Neuza, Fátima e Simpliciano, o festeiro da 88ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário deixou de herança aos filhos, netos e bisnetos a paixão por essa festa, pois podemos dizer que, 90% da família faz parte da congada de Catalão. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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89ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Sebastião e Isabel Aires de Araújo

Divino Aires e sua mãe Isabel

O filho de Sebastião Aires, Divino e sua mãe, a festeira Isabel, Heber Campos, João, Minerval, Filogonio, Jarbas Pinto da Pãixão, Almeri de Paiva, Chico Cassiano e Palmira

Irmão e tio de festeiros de outros anos, Sebastião Aires de Araújo, juntamente com sua esposa Isabel Aires de Araújo realizaram a 89ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário de Catalão. No dia 27 de julho de 1965, foi realizada uma reunião, registrada em ata para tratar algumas propos-

tas da diretoria sobre a festa daquele ano. A reunião aconteceu na casa dos festeiros, onde ficou decidido que o terreno onde são montadas as barracas ficaria por conta da Irmandade e não poderiam alugá-los sem antes comunicar ao presidente da época, Antônio Simplício. Também ficou decidido

que as esmolas em prol da Santa ficariam para a Irmandade e não seria permitida a montagem de barracas de bebidas para que fossem evitados aborrecimentos futuros. Por último, ficou estabelecida e totalmente proibida a montagem de barracas em frente à rua que dá para a linha do trem de ferro. Pais de Divino, Carlos, Célio e Jane, os festeiros de 1965 foram grandes fazendeiros da nossa região.

90ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Jesus Geraldo de Mello e Norma

O ano de 1966 não foi marcado em Catalão apenas pela oitava edição da Copa do Mundo FIFA, mas também pela realização da eleição que elegeu a diretoria da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de 1967 a 1970. A eleição aconteceu no dia 25 de setembro de 1966, onde ficou decidido que para presidente Geraldo Arruda, vice João Martins Coelho, secretário Hildo Cassimiro, tesoureiro Simpliciano Macedo e como 2º secretário Heleno Ribeiro. Nesse mesmo dia, Júlio Pinto de Mello entregou o cargo de secretário da irmandade que ocupava desde 1944. Naquele ano, o casal de festeiros da 90ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário foi o alfaiate Jesus Geraldo de Mello e sua esposa, Norma André de Mello. O convite aos pais de José Eduardo (in memoriam), Maria Cristina, Jorge Luiz, Marcelo, Marcos e Raquel, para serem festeiros surgiu através dos padres da paroquia. “Não sabemos o que aconteceu, mas foram os padres que nos convidaram para tomar frente à festa. Recordo que os negros não

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queriam de forma alguma que fôssemos nós, mas sim o Chico do Irapuan”, conta a festeira daquele ano. O filho Marcelo lembra o festejo e supõe que tal convite surgiu pela religiosidade do pai e a contrariedade dos congos pelo lado político. “Recordo meu pai como um homem extremamente religioso e como católico praticante frequentava missas, participava de cursilhos e encontros religiosos. Também era político e chegou a ser vereador por três mandatos e presidente da câmara municipal.” A festeira de 1966, hoje na doçura dos belos cabelos brancos relembra a festa daquele ano, “Nunca pedimos para ser festeiros, porém, os padres bateram na nossa porta. Muito religioso, meu marido aceitou, mas ficou estabelecido que a responsabilidade fosse dividida, ou seja, nós daríamos o café e os salgados e a paróquia o almoço dos dançadores. Realizamos a festa e ficamos com nossa conta zerada no banco, mas nunca nos arrependemos e Deus sempre esteve conosco. Agradeço imensamente aos ami-

Jesus de Mello e Norma André

gos Antônio Ayres, José Rocha Evangelista e Onofre Evangelista que muito contribuíram para nossa festa”.


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91ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Cassiano Leite e Áurea Martins Em 1967, Cassiano Leite Martins e Áurea Pereira Martins realizaram a 91ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário. Filho de Francisco Cassiano Martins (Usina Martins) e Palmira Leite Martins, o Cassianinho, como é conhecido por todos, nasceu em 1933, com um dos pés virado para trás. Quando estava com apenas quatro anos, seu pai o mandou para São Paulo, onde passou por uma cirurgia corretiva. Filha de Antônio Horácio e Maria, Áurea Pereira disse sim ao matrimônio com Cassianinho no dia 27 de outubro de 1951. Pais de Luís, Levi, Fernando, Hélio e Francisco (in memoriam), dedicaram a vida à cana de açúcar, gado, arroz, milho e soja. O festeiro daquele ano lembra que a ideia de aceitarem a responsabilidade de tamanha festa foi da esposa e contaram com o apoio da comunidade, amigos, familiares e a fé pela padroeira. “Minha esposa foi convidada pela Irmandade a realizar a festa de 1967 e aquele momento era algo da vontade dela. Para mim foi gratificante poder ajudar e fiz o possível e o impossível para conseguir um saldo gratificante para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário.”

Cassiano Neto, Hélio, Cassiano Leite, Áurea, Levy, Luis e a esposa Gislene. A criança é Lilan

Cassianinho e Áurea Àurea e Cassiano

92ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: José Teodoro de Souza e Olivia da Silva e Cunha

O netinho dos festeiros, Fernando, na década de 90

De 1966 para os dias atuais a escolha dos festeiros acontece através da Irmandade, uma vez que os mesmos se reúnem e realizam uma votação seguida de alguns critérios. É preciso que o casal seja da cidade, participe da vida religiosa e possua influência econômica na cidade. No ano de 1968, o casal escolhido foi José Teodoro de Souza e Olivia da Silva e Cunha. A festeira daquele ano conta que a vontade de realizar o festejo www.revistaportalvip.com.br

Maria Heloísa, José Teodoro Filho, Olivia, José Teodoro e Maria Isabel

sempre foi gigantesca e que certo dia o convite bateu a sua porta. “Eles me convidaram para realizar a festa, conversei com meu marido, hoje falecido, e decidimos que seriamos os festeiros da 92ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário.” Pais de Maria Heloísa de Souza Lopes, Maria Beatriz de Souza e José Teodoro de Souza Filho (in memoriam), os festeiros realizaram perante a Irmandade uma belíssima festa com apoio dos amigos

e familiares. Vice-prefeito de Catalão, fazendeiro e conhecido por toda cidade, o marido de dona Olivia muito contribuiu para realizar o desejo da esposa que, saudosa lembra os detalhes do festejo. “Ficávamos o dia todo por conta das guloseimas, bem como as refeições dos dançadores de congo e familiares. Pela noite eram realizadas as orações, ceias e ainda ficávamos nos bailes do ranchão”, conclui a festeira de 1968. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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94ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Chico do Irapuan e Waldyr

Os festeiros de 1970 e a tradição da entrega da coroa

Francisco Alves de Sousa era natural de Caconde, no interior paulista. Comerciante, casou-se com a catalana e dona de casa Waldyr Lucas de Sousa com quem teve as filhas Indyara Lucas de Sousa e Kênia Lucas Pires de Campos. Hoje, advogadas e servidoras públicas, a filha Indyara conta que os pais foram festeiros no ano de 1970. A caçula das irmãs releva que naquela época era muito nova, mas sua irmã lembra as festividades que marcaram os 94 anos da Festa

do Rosário em Catalão. Proprietário do Bar e Restaurante Irapuan na década de 60, Francisco ganhou o apelido de Chico do Irapuan, estabelecimento que se situava na Avenida 20 de Agosto, ao lado do Salão de Festas do CRAC. Chico também foi proprietário do Bar Taco de Ouro, que funcionava onde antigamente era o banco HSBC. Sylvin Netto nos conta que anos antes de ser proprietário dos dois estabelecimentos no centro da cidade, Chico administrou o restaurante do posto JK

e mostra em seu blog “Nosso Catalão”, uma fotografia que registra Chico do Irapuan ao lado do ex-presidente Juscelino Kubitschek, em visita a Catalão. Indyara ressalta que o motivo pelo qual os pais foram os festeiros, ela não sabe dizer, mas deduz, “Acredito que a escolha recaía em pessoas de alguma evidência da época, já que o festeiro arcava com uma série de contribuições financeiras. Já a festa era igual à de hoje, com alvorada, barracas, ranchão e outros”.

Catupé Cacunda São Benedito

Destaque: nesse ano foi fundado o Catupé Cacunda São Benedito, no primeiro dia de julho no bairro São João por Sebastião Jacinto de Jesus, o Guim e Maurício Rosa, o Teca.

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95ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Irineu Reis Nicoletti e Dona Pitenga

Renato, Pitenga, Humberto e Irineu

O festeiro de 1971 foi uma das pessoas mais ilustres que tivemos em nossa cidade. Casado com Dona Pitenga, Irineu Reis Nicoletti, o Porquinho, comandou juntamente com seus irmãos Mário e Wanderley a Panificadora São José e o Bar Faixa Azul, que durante duas décadas foi um dos locais mais frequentados pelos catalanos. De acordo com Sylvim Netto, do blog Nosso Catalão, Irineu Nicoletti sempre era requisitado para fazer a locução de eventos e durante muitos anos foi o leiloeiro do Ranchão de Nossa Senhora do Rosário. Irineu Nicoletti e sua esposa Pitenga, ajudaram muitos amigos a realizarem a festa e estiveram à frente da 95ª Festa em Louvor a Padroeira de Catalão. Pais de Humberto Nicoletti, o Porquinho, Renato Nicoletti e Nilcéa Nicoletti, o casal teve uma vida dedicada à família, a comunidade catalana e ao fiel círculo de amigos. A revista Portal VIP não alonga a história, pois prefere que as imagens falem por si e conclui esse texto com uma frase de Sylvim Netto. “Irineu Nicoletti soube muito mais que vender pão, soube tratar com as pessoas.”

Dona Pitenga entre amigas e crianças

Irineu e seu filho Humberto (Porquinho Jr.)

Irineu, Wanderley , João Abrão, Édima, Neura e Adelino

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Irineu Nicoletti com amigas

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96ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Toninho Português e Cícera

Toninho e Cícera entregando a coroa para Jorge Lalau e Camélia

Toninho, Cícera, Pitenga, Irineu Nicoletti e o reinado em 1971

Na década de 70, Cícera Rocha Granado teve um problema de saúde e o médico Dr. Aldo precisou colher material de seu útero e mandar para Brasília, para análise. Naquele tempo, isso era mais assustador que hoje e Cícera prometeu a Nossa Senhora do Rosário que se nada fosse, ela se empenharia ao máximo e daria tudo de si na festa do amigo Irineu Nicoletti. Com o resultado negativo

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em mãos, a nobre senhora cumpriu a promessa feita à Santa, porém, naquele ano de 1971, durante a festa, a Irmandade junto ao reinado procurou Cícera e ofereceu a festa do próximo ano a ela e ao marido Antônio Rocha Granado, o Toninho Português, que já havia aceitado o convite. A emoção de Cícera foi tanta que mal conseguiu responder, uma vez que para ela, Nossa Senhora

levou a festa até sua porta. Com isso, em 1972 o casal realizou a 96ª edição da Festa em Louvor a padroeira de Catalão. “Foi muito difícil, pois até os frangos que ganhávamos tínhamos que matar, hoje se consegue tudo pronto. Mas conseguimos realizar a festa e foi muito bom”, concluiu Cícera, que em janeiro de 1990 ficou viúva.


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97ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Jorge Lalau e Caliméria

Jorge José de Alcântara e Caliméria Arminda de Alcântara

Jorge José de Alcântara e Caliméria Arminda de Alcântara foram os 97º festeiros da Festa do Rosário de Catalão. Pais de Telma Joana Rodrigues e Luzenilda de Alcântara Faria, a família lembra que mesmo pequena, realizaram a festa do ano de 1973 com sucesso. Naquela época não tinha comissão, assim o casal comandava a festa junto a familiares e amigos. “Tudo que era para a festa era feito aqui, na casa dos meus pais. Tivemos que improvisar para assar frangos e leitoas, bem como os biscoitos para serem servidos no café da manhã. Com isso, a família e conhecidos passavam o dia todo ajudando para a festa ser realizada”, conta a filha Telma. Naquela época o almoço dos congos era feito e servido onde hoje é a creche São Francisco e não havia cozinheiras, a família quem cozinhava. Telma lembra que era preciso pedir prendas na rua para os leilões e a comunidade cooperava. “Hoje tudo é mais fácil, mas naquela época era complicado. Mas, tínhamos uma vantagem, o povo vivia a festa, com isso eles gostavam e sentiam prazer em colaborar e oferecer bandejas de prendas para os leilões. Era muito gratificante e outro fato que lembro bem é que, a coroa era entregue na casa dos festeiros e guardada no Banco do Brasil.” Em 2014, o senhor Jorge completou 94 anos e lembra aquela época: “Chegava ser uma festa misteriosa, mas o povo gostava de ajudar. Fui festeiro apenas uma vez e gostei muito, pois jamais esqueci as reuniões, o barraco feito com folha de babaçu, onde os mestres de construção ajudavam, e lembro também da cooperação da comunidade nos festejos”. Telma conclui ao lembrar que as ceias eram servidas no Ranchão e depois de terminadas, afastavam-se as mesas e começavam as músicas, danças e leilões.

Terno Sagrada Família

Em 03 de outubro de 1973, Catalão oficialmente elegeu Nossa Senhora do Rosário como padroeira da cidade, conforme Lei Municipal nº46. Destaque também para a fundação do Terno de Congo Sagrada Família, cujo capitão atual é o Senhor Antônio Serafim de Freitas. www.revistaportalvip.com.br

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98ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Arachid e Aparecida Damião

Arachid Damião e Aparecida Ferreira Damião foram casados por mais de seis décadas e juntos criaram os filhos Jorge Luiz, Carlos Alberto, Luiz Alberto, Valéria Aparecida (in memoriam) e Roberto Antônio. Festeiros da 98ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário, realizada no ano de 1974, Aparecida conta que fez a festa para pagar uma graça alcançada à sobrinha Célia, que na época estava muito doente e sem diagnósticos. “No dia que o festeiro Jorge Lalau veio nos trazer a coroa, pedi que sua esposa, Camélia, entregasse o símbolo da festa para minha sobrinha, já que a festa seria para pagar a promessa feita em sua cura.” Aparecida lembra ter sido uma festa trabalhosa, mas com a ajuda dos amigos tudo saiu maravilhoso. “O trabalho era quase 24 horas por dia, minha casa era um entra e sai daqueles, mas com a ajuda do casal de amigos Antônio Ferreira e Zaira Rosa realizamos uma festa linda. Em meu coração, trago boas recordações daquele outubro de 1974.”

Camélia entrega a Coroa para Célia

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Aparecida, Valéria e Arachid

Registros da festa de 1974 com fotos de Annibal Margon


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99ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Geraldo de Cerqueira Netto e Alice Rosa Netto Em 1975 a festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário foi realizada pelo casal Geraldo de Cerqueira Netto e Alice Rosa Netto. A filha do casal, Marina Netto, lembra que sua filha primogênita era bebê quando os pais realizaram a festa. “Moramos em Goiânia e no dia da Entrega da Coroa ficamos até tarde servindo lanche à congada. Naquele mesmo dia, pegamos a estrada para casa e passamos por Uberlândia, uma viagem longa e cansativa. Meus pais gostavam muito dessa festa e guardo comigo fotos que mostram eles em outras comissões, inclusive na que o senhor Arachid Damião foi festeiro. Por residir fora, tenho poucas lembranças daquela época.” Pais também de José Rosa, João Rosa e Célio, o casal realizou a 99ª Festa do Rosário, algo tradicional na família, uma vez que, a festeira Alice era filha de José Rosa Pena e Ana Rosa de Jesus, festeiros na época em que os padres franciscanos proibiram a Irmandade de realizar os festejos na igreja Matriz. Mas a história da família Netto não acaba por ai, pois o festeiro Geraldo de Cerqueira era filho de João de Cerqueira e neto do Tenente Coronel João de Cerqueira Netto, figuras importantíssimas no contexto da festa de Nossa Senhora do Rosário. Festa essa que, os antepassados jamais imaginavam tornar o maior acontecimento do município, bem como, fazer parte do folclore local sendo o maior do gênero no país.

Alice com a coroa e o marido atrás dela

Obra de arte feita pela filha Marina em homenagem aos pais

Destaque: nesse ano foi fundado o Terno de Congo Marinheiro, criado por nove irmãos e que teve como primeiro capitão João Diniz da Silva. O Terno de Congo Marinheiro é um dos poucos ternos que possui uma juíza. De acordo com dona Benedita Moreira Quirino, a primeira bandeirinha das Congadas de Catalão, entrevistada em 2009 para o programa de pós-graduação de Marise Vicente de Paula, a primeira figura feminina que saiu junto aos congos nas ruas foram às juízas. Senhoras casadas, conselheiras dos ternos, cuja função era recolher doações para os ternos, podendo ser da família dos congadeiros ou não. As juízas esposas de dançadores de congos normalmente acompanhavam os ternos, mas sempre com certa distância.

Terno de Congo Marinheiro

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100ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Geraldo Mesquita e Benvinda de Freitas Mesquita

Geraldo e Benvinda

Geraldo Mesquita e Benvinda de Freitas Mesquita foram os festeiros da 100ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário de Catalão no ano de 1976. Geraldo con-

ta que não pediu para ser festeiro, mas o convite chegou até sua porta, e que devido a grande amizade com o senhor Gabriel e incentivado pelo mesmo, aceitou. “Naquela época era complicado tomar frente da festa, porque tudo era muito difícil e o poder municipal não ajudava financeiramente. Recordo que das poucas ajudas que recebemos, uma foi do ex-prefeito Leovil, que nos doou toda a carne para o almoço dos dançadores.” O ranchão, que naquele tempo era feito com folha de babaçu e madeira, ainda era destaque nas festas do Rosário, uma vez que o tempo passou e o tradicional ranchão acabou. O senhor Mesquita conta que em sua festa o amigo Albino Transvaldo doou a madeira, Miguel Fonseca a folha de babaçu e a prefeitura ofereceu o caminhão para buscar. Emocionado pelas lembranças do passado e sensível pela perda da filha em 2014, a psicóloga Silvania Mesquita, o nobre senhor registra a grande ajuda que recebeu dos amigos Bomba, Agostinho e Adailson de Paiva. “Acredito que a amizade seja um dos pontos fortes para a realização dessa grandiosa festa.” Patrícia do Prado

É preciso destacar que, de alguns anos para cá, o café da manhã é oferecido no Centro do Folclore, rompendo a tradição.

Ranchão

101ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Geraldo de Cerqueira Netto e Alice Rosa Netto

A esquerda e ao fundo estão Marina Netto e seus dois filhos

Alice Rosa e Geraldo de Cerqueira Netto

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Em 1976, os festeiros Geraldo Mesquita e Benvinda realizaram a 100ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário. Naquele ano, o casal entregou a coroa para dois moradores da cidade, que por razões pessoais não puderam realizar a festa em 1977. Com isso, Geraldo de Cerqueira Netto e Alice Rosa Netto, por vontade própria, assumiram novamente a responsabilidade. Dessa vez, os pais de José Rosa, João Rosa, Marina e Celio realizaram a 101ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário. Segundo consta no Jornal Folha de Goyaz, em sua edição de 16 de outubro de 1977, “o que se viu, este ano, na Festa do Rosário em Catalão foi uma manifestação de fé que, desafiando tradições místico-religiosas que se observam em Goiás nos últimos anos, mostrou-se em toda sua exuberância e esplendor, evidenciando estar mais viva do que nunca. Já na manhã de domingo, penúltimo dia da festa, as ruas da cidade recebiam compacta massa humana concentrada nas calçadas, emoldurando o quadro colorido representado pelos congos, moçambiques, catupecacundas, vilões e outros ternos tradicionais de uma das mais antigas evocações de Goiás. As congadas desceram a Avenida José Marcelino, criteriosamente ordenadas, seguidas por um batalhão de jornalistas e fotógrafos representado os principais órgãos de comunicação do país. Desfilaram pela Avenida 20 de Agosto, subindo a Rua Tenente Coronel João de Cerqueira Netto, até a residência dos festeiros Geraldo Cerqueira Netto e Alice Rosa Netto, onde, após a veneração da coroa do Rosário, a transportaram até a igreja, onde foi celebrada missa campal. Em Catalão, este ano, foram consumidas tonelada de biscoitos, quatro sacas de arroz, uma de feijão, dez quilos de macarrão, seis caixas de tomate e três reses abatidas”.


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102ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: José Augusto e Berenice Carneiro

O festeiro de 1978 é tetraneto de Emerenciana Netto Carneiro Leão, bisneto de Pedro Netto Carneiro Leão, neto de Augusto Netto Carneiro e filho de Azamor Netto Carneiro. Com toda essa descendência, o empresário José Augusto Carneiro trás no sangue a verdadeira devoção a Nossa Senhora do Rosário. Casado há 57 anos com Berenice Martins Carneiro, o casal trouxe ao mundo Marcos Antônio, José Augusto Júnior, Mara e Maria Aparecida. Festeiros da 102ª Festa do Rosário, ambos aconselham os filhos a realizarem essa festa. “Pela nossa devoção, gostaríamos muito que isso acontecesse. Sabe, pedimos para fazer a festa, fomos agraciados e apesar de alguns contratempos conseguimos realizar uma maravilhosa comemoração a Nossa Senhora. Digo isso, porque queimou o transformador ao lado da igreja e por uma razão ou outra, não ouve interesse da prefeitura em trocar, com isso, tive que improvisar para continuar a novena e até as barracas estavam sem energia. Mas fomos muito felizes, onde toda comunidade nos ajudou e ganhamos vários donativos. Do lucro da festa, apenas 5% foram para Irmandade, o restante foi entregue ao Padre Máximo que investiu na construção

Berenice e José Augusto

da Igreja de São Francisco.” José Augusto revela que foram festeiros em uma época de tradições. “A Irmandade exigia estar bem trajado e respeitar a coroa, portanto, era preciso estar elegante no dia da entrega. A coroa, por exemplo, jamais era entregue após o pôr do sol e quem sempre guardava o mastro era Antônio Primo, com sua morte, por tradição, o filho Jorge Primo assumiu.” O casal conclui

Festa do Rosário de 1978

ao contar que, foi feito um voto para a saúde do filho mais velho e que ambos acompanhariam a procissão descalços. “Recebemos a graça e no dia de pagar a promessa, para nossa surpresa, ao olharmos para trás, estava toda a família descalça e na mesma intenção, mas sem ninguém saber. Momento único de fé familiar, pois naquela época eram poucos os devotos.”

103ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Jorge Primo e Helda Persicano Primo

Helda Persicano Primo segurando a coroa

“Quem ouve o batuque das caixas, os louvores e vê o colorido das fitas e indumentárias durante a Festa do Rosário talvez nem imagine o que vai no coração de quem faz acontecer um dos mais belos eventos do país. Senhor Antônio Alves de Lima, capitão do terno Santa Terezinha, relembra dos anos que serve à Nossa Senhora do Rosário, “Lembro-me sempre do ano em que o festeiro abandonou os preparativos faltando pouco menos de 15 dias para a festa e foi um desespero danado. O Jorge Primo encarou o desafio de realizar o evento e manter a tradição. Ninguém pode imaginar o que é para um participante da Congada ficar um ano sem dançar”, comenta senhor Antônio.” O texto, publicado pela Revista Portal VIP, fala do ano de 1979, quando Jorge Elias Primo e sua filha Helda Persicano Primo www.revistaportalvip.com.br

Jorge Elias Primo, João Antônio de Persicano e Aida Persicano Primo

realizaram a 103ª festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário. A filha Hilma das Graças Primo, a Didi, conta que seu pai gostava muito da festa e pediu para ser o festeiro daquele ano. “Já havia data certa para ele ser festeiro, mesmo assim pediu para comandar aquela festa. Meu pai participou de várias comissões e nossa família, por conta do meu avô Antônio Primo,

sempre foi muito ligada à festa, tanto que após a morte do meu avô, meu pai assumiu a responsabilidade em ser o mordomo do mastro.” Hilma revela ainda que, o balãozinho que fazia parte da procissão era tradição da avó Maria Jorge Farjalla, “o papai ficou muito doente e minha avó fez promessa de fazer os balões e assim foi por mais de 70 anos”. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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104ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Yolando Aires e Genésia

Yolando e Genésia

Yolando Aires de Araújo e Genésia Aires foram os festeiros da 104ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário. Realizada no ano de 1980, época em que o padre se desentendeu com a Irmandade a três dias da festa e se recusou a emprestar as mesas para o Ranchão. Sabendo disso, o empresário Arachid Damião chamou Yolando Aires e cedeu 140 mesas e pediu em troca

exclusividade para a cerveja Brahma. Com isso, o festeiro daquele ano pôs fim às mesas de madeira que acompanharam por longos anos o ranchão da festa. Yolando lembra que a comissão era formada por amigos e familiares e a decoração foi feita pela extinta Escola Parque. O ex-festeiro abriu uma conta no banco para ir depositando a renda da festa, que assegura ele,

Os festeiros conduzindo a coroa

ter sido grande, uma vez que ganhou quarenta bezerras para o leilão e centenas de outras doações. “Minha única despesa foi construir o Rancho.” Pai de Fernando, Maria José, Fábio, Cibele e Fausto, o nobre senhor se orgulha em ter aceitado o convite para ser festeiro de Nossa Senhora do Rosário a exemplo de seu pai, José Afonso Aires, no ano de 1953.

105ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Jorge Primo e Helda Persicano Primo

Jorge Primo e Helda Persicano Primo

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Filho de Antônio Elias Primo e Maria Jorge Farjalla, o fundador do Guaraná Amazonas, Jorge Elias Primo junto a sua filha Helda Persicano Primo foram os festeiros da 105ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário de Catalão. A filha Hilma das Graças Primo, a Didi, conta que, o pai sempre amou a Festa do Rosário, algo hereditário na família. “Certa vez, meu pai ficou seriamente doente e minha avó Maria fez promessa a Nossa Senhora do Rosário que se curado, ela iria fazer os balõezinhos para a procissão da bandeira. Assim foi por mais de 70 anos, pois meu avô Antônio morreu e meu pai deu continuidade sendo o mordomo do mastro e minha mãe confeccionando os balões.” A festa daquele ano de 1981 foi marcada por fortes chuvas, inclusive, uma delas levou o telhado do ranchão que foi refeito para continuidade da festa. Jorge Primo foi mordomo do mastro de 1972 a 1997, ano em que pressentiu sua morte dizendo que aquela seria sua última festa. A tradição dos balõezinhos para a procissão dos mastros, que acontece no segundo sábado da festa, poucas vezes foi repetida desde

a morte do empresário. Da casa de Jorge Primo saía a bandeira de Nossa Senhora do Rosário acompanhada de fiéis com os balões e dos ternos em direção à capela. Desde 2003 que o mordomo do mastro é o empresário Dorivan Duarte.

A bandeira que foi mastro da família Primo por quase sete décadas e a Nossa Senhora que o empresário doou para a Igreja


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106ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: José Avelino e Ignês Fernandes de Almeida

Em frente a bandeira o senhor Teodoro, que foi dançador de congo junto a amigos e família

Casada com Orlando Natívio de Almeida, mãe de José Avelino, Mário, Maria Inês, Doralice, Marcos, Dorane e Orlando Júnior, dona Ignês Fernandes de Almeida foi a festeira do ano de 1982. Ao lado do filho José Avelino de Almeida, a matriarca da família Almeida além de realizar uma belíssima festa marcada na lembrança de muitos catalanos, ainda realizou o sonho de estar à frente da 106ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário de Catalão. Devota de Nossa Senhora do Rosário, dona Ignês herdou esse amor de berço, uma vez que era filha do senhor Teodoro que também, pelas fotografias existentes, dançava congo desde o princípio como devoção. Festeira na década de 80, quando o rancho era feito com palha de coqueiro pelos integrantes do grupo da congada com a ajuda do festeiro, pegou fogo. Familiares contam que dona Ignês ajoelhou no meio do Largo enfrente a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e pediu que a Santa a ajudasse, na meswww.revistaportalvip.com.br

ma hora começou a chover e a água da chuva apagou o fogo. Com isso, a festa seguiu normalmente. O filho José Avelino, na época era casado com Ceila e pai

de Vanessa e Toni. Alegre, brincalhão e comunicativo José Avelino participou de outras comissões e estava sempre rodeado de amigos.

José Avelino sempre na Cozinha brincando com todos

Dona Ignês conduz a coroa ao lado dos filhos

Para registro: A tradição em se fazer aquele tipo de “ranchão” acabou na década de 90. A justificativa para o fim foi justamente a segurança, uma vez que, a palha poderia pegar fogo facilmente, como aconteceu algumas vezes. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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107ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Dinivaldo e Leny, Divino e Oneide

Leny entregando a coroa para Cicera, festeira de 1984

A festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário de 1983 foi realizada pelos irmãos Dinivaldo Antônio dos Reis e Divino Antônio dos Reis juntamente as suas respectivas esposas. Oneide de Melo Reis, viúva a oito anos de Divino, conta que naquela época era tudo muito difícil e poucas eram as pessoas que estavam dispostas a assumir a festa como festeiros. “Estava tudo

muito precário e não tínhamos nada para realizar a festa, pratos, talheres era tudo da creche do Padre Máximo, só depois que o Marinho entrou é que teve início a compra dos utensílios. A Irmandade não tinha conta e o Divino sugeriu que fosse aberta uma para o repasse do dinheiro. Foi muito bom realizar a festa, mas pela falta de tudo, achamos muito dificultoso.” Revela

Oneide e Leny

a mãe de Dione, Dilberto e Daniel. Leny Rodrigues dos Reis, esposa de Dinivaldo e mãe de Décio, Denílson e Lucélia relembra a festa e a inclusão da Ceia do Lions Club na mesma “Conversei com o Divino e resolvemos acrescentar a Ceia do Lions ao cardápio das ceias da 107ª festa de Nossa Senhora do Rosário e assim ficou desde então”, finaliza.

108ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Antônio e Cícera Rocha Granado

Cícera Rocha Granado, viúva de Antônio Rocha Granado é só emoção ao contar o quanto o companheiro de uma vida amava a festa do Rosário e as Congadas. A paixão do popular “Toninho Português” era tanta que ele mal esperou o amigo José Avelino terminar a frase: “Pega que eu te ajudo” que já foi logo aceitando o convite

Antônio e Cícera

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para ser novamente festeiro, dessa vez no ano de 1984. Toninho e Cícera realizaram a 108ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário e assim como em 1972, fizeram bonito ao lado dos amigos e familiares. Cícera recebeu a coroa das amigas Oneide e Leny e passou para os amigos João Abrão e Samira Calixto. “É sempre muito prazero-

so realizar uma festa ao lado dos amigos, ver a alegria do Toninho é uma recordação que trago comigo até hoje. Faço parte do Lions Club e é muito bom estar ali todos os anos relembrando uma época muito linda de nossas vidas”, conclui a viúva de Toninho Português, ele que morreu em janeiro de 1990.

O casal de festeiros com a Coroa


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109ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: João Abrão e Samira Calixto Os Festeiros de Nossa Senhora do Rosário, que conforme prega a tradição, devem ser da cidade, foram, no ano de 1985, o músico João Abrão e sua mãe Samira Calixto. Nessa época, a festa era vivida em todos os seus detalhes, onde o sentido profundo de toda a beleza dos rituais próprios era capaz de levar o público às lágrimas, devido à originalidade de expressões e grandeza de sentimentos. A frente da 109ª Festa do Rosário, mãe e filho junto a toda família Abrão e amigos fizeram bonito e não deixaram a desejar. Casada com Nicolau Abrão, respeitado integrante da colônia árabe em Catalão, dona Samira foi uma mulher guerreira e feliz ao lado dos filhos Nager, Zique, Nazira, João, Fátima e Paulo. João Abrão, músico de grande valor, foi casado com Édima e pai da repórter da Revista Portal VIP, Maysa Abrão e do músico Danilo Abrão. João chegou a conhecer a neta Badra, por quem nutriu um amor incondicional. A festa de 1985 ficou marcada na vida de muitos catalanos, uma vez que foi intensa na união da família e dos amigos daquela época. A entrega da coroa ainda era na casa dos festeiros, assim como mandava a tradição, em um momento único e eternizado na memória. E por falar em tradição, a coroa, símbolo maior da festa era passada ao festeiro do outro ano, antes do sol se pôr.

Cartaz da festa daquele ano feito em quase um mês

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Os festeiros junto ao reinado e ao general Gabrielzinho

Os festeiros recebendo o andor de Nossa Senhora do Rosário

Os festeiros junto ao Moçambique

Os festeiros junto com o Padre Máximo

Parte da Familia Abrão na porta da casa da Dona Samira Calixto

Os festeiros levando a coroa

Almoço da Congada - Nicolau abraçado com o Alvim do Zé do Gordo

Nicolau e dona Samira com a familia real

O ranchão lotado

O festeiro João Abrão sendo servido pela amiga Joaninha Margon PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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110ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Lázaro Pinto e Aparecida Ramos Marra No dia 14 de outubro de 1985, dona Samira Calixto e seu filho João Abrão entregaram a Coroa de Nossa Senhora do Rosário ao casal Lázaro Pinto Marra e Aparecida Ramos Marra. Festeiros de 1986, os pais de Amarildo, Benildo (in memoriam) e Cássia, filha de coração, re-

alizaram junto aos familiares e amigos a 110ª Festa do Rosário. Político de grande destaque na vizinha Davinópolis, Lázaro Marra era filho de Antônio Marra e dona Neném. O festeiro daquele ano era irmão de Gaspar, Gilda, Antônia e Ana Maria e no dia 13 de outubro de 1986, juntamente

Dona Samira entrega a coroa à festeira Aparecida Ramos Marra

Catupé Branco

a Aparecida passou a coroa para o médico João Sebba Neto e sua esposa Maria Célia Paschoal S. Sebba. Em Catalão, foi fundada a escola Municipal Lázaro Pinto Marra em homenagem ao nobre homem que aqui passou e conquistou uma legião de amigos.

Lázaro Pinto Marra e Aparecida Ramos Marra na porta de casa a espera da coroa

Edivaldo de Oliveira (Vado)

Destaque: nesse ano foi fundado o Terno de Congo Catupé Nossa Senhora do Rosário, conhecido como Catupé Branco, criado pelo seu primeiro capitão Carlos Francisco Rosa da Silva. A equipe Portal VIP aproveita a oportunidade e agradece toda colaboração recebida dos seus componentes na festa de 2014. Ainda em tempo, rendemos homenagens ao senhor Edivaldo de Oliveira, o Vado, capitão do Catupé Branco que morreu em 11 de março de 2003 deixando a esposa Simone do Rosário Macedo e os filhos Nadiny e Edivaldo Junio

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111ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: João Sebba Neto e Maria Célia Paschoal Safatle

João Sebba e Maria Célia

Maurício Abrão e Dona Sofia

O médico João Sebba Neto e Maria Célia Paschoal Safatle foram os festeiros da 111ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário, realizada no ano de 1987. Pais de Marcelo, Maria Tereza e Maria Cristina, o casal tem como xodós os netinhos Antônio e Marcela. Maria Célia conta que a ornamentação do Ranchão, naquela época, de palha, foi feita por Mauricio Abrão (in memoriam) e Imaculada. “Eu era diretora do Colégio Estadual João Netto Campos e contei com a ajuda de todos os professores. Realizamos uma bela festa, onde a famosa Ceia Síria foi feita pela saudosa Dona Sofia Abrão. Os biscoitos foram feitos no Posto JK, pois como era em grande quantidade, o Dininho (in memoriam), nos emprestou por dois dias os fornos industriais”. Ranchão ornamentado daquele ano

112ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Haley Margon Vaz e Joana Gomides Margon

Haley Margon e Joaninha

Ex-deputado e ex-prefeito de Catalão Haley Margon Vaz e sua esposa Joana Gomides Margon, chamada por todos de Dona Joaninha, foram os festeiros da 112ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário. Casados desde 1955, os pais de Letícia, Halley Júnior e Ricardo realizaram em 1988 uma das mais belas festas. Haley conta que sua festa aconteceu em uma época em que as www.revistaportalvip.com.br

Haley e Joaninha colaboraram em outras comissões

barracas eram poucas, porém a fé e a devoção já eram muito fortes. “Minha querida e saudosa mãe, Matilde Margon Vaz foi festeira juntamente com o senhor “Rola”, saudoso Aguiar de Paula, na década de 40. Naquela época não existiam as barraquinhas e a festa era marcada pela fé de muitos devotos de Nossa Senhora do Rosário.” Ao relembrar o ano de 1988, Margon acrescenta que foi

uma festa perfeita. “Gostei muito da experiência, pois recordo de amigos queridos que ali estiveram entre nós e que hoje não estão mais. Posso dizer que tanto para mim, quanto para Joaninha, bem como para nossos amigos e familiares, foi gratificante poder doar aqueles momentos de nossas vidas a Nossa Senhora do Rosário e oferecer uma bela festa à comunidade catalana.” PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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113ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Orcalino Bertoldo, Maria Vieira e Sebastião Bertoldo Orcalino Bertoldo de Almeida foi festeiro em 1989 juntamente a seus pais Maria Vieira de Almeida e Sebastião Bertoldo de Almeida. O ex-festeiro, em entrevista ao Blog da Verdade, do nosso colega Luiz Cláudio Elias, lembra que antigamente a festa era feita com muitas dificuldades. “Não tínhamos muito o apoio das empresas, as ceias eram realizadas no ranchão e com isso, mal acabavam e tínhamos que correr para deixar o rancho pronto para os bailes.” Para Orcalino, uma verdadeira loucura, uma vez que a estrutura não era suficiente para dar uma refeição digna aos dançadores, “Mesmo com tamanhas dificuldades, posso afirmar que fiz uma festa com muita fartura sendo a primeira vez que foi servido frango para todos congadeiros”. Orcalino conclui, ressaltando que Nossa Senhora do Rosário é sua mãe e que enquanto vida tiver, estará ornamentando o andor da festa.

Orcalino Bertoldo, Maria Vieira e Sebastião Bertoldo de Almeida na Entrega da Coroa

Cartaz Festa Orcalino

Terno Marujeiro

Terno Marujeiro

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Destaque: neste ano foi fundado o Terno de Congo Marujeiro pelo seu primeiro capitão João Biano, que antes dançava no Terno do Prego e também no Marinheiro.


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114ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Miguel Maurício e Gislene Resende Paschoal Safatle

Miguel Maurício e Gislene com a coroa

Miguel Maurício Paschoal Safatle e Gislene Resende Paschoal Safatle foram os festeiros da 114ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário, realizada no ano de 1990. Pais de Roberta, Cláudia e Leandro e avós de Leonardo, Luís Otávio, Luciana e Ana Lívia. Devotos de Nossa Senhora do Rosário, Gislene conta que ela e o marido trabalharam na Comissão de 1987, quando seu cunhado João Sebba foi o festeiro e que para o casal, foi uma experiência emocionante transformada em amor. “Depois que ajudamos o João, meu marido pediu para sermos festeiros e logo nos chamaram. Na época o ranchão ainda era de palha e foi muito lindo organizar tudo e realizar a festa. Algo que jamais irei esquecer e que me marcou profundamente foi o dia da entrega da Coroa, pois não queria entregar a Santa, uma vez que ela ficou um ano em minha casa e ter que me separar dela, foi algo muito triste, me fez chorar por todo o percurso.” Outro detalhe que emocionou o casal foi que no dia da Entrega da Coroa, o calor estava intenso e choveu o dia todo, para eles, uma chuva muito abençoada, onde a congada cantava e dançava agradecendo a Santa.

115ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Antônio Ferreira da Silva e Maria das Dores Ferreira Antônio Ferreira da Silva, popularmente conhecido como Antônio Maria e sua esposa Maria das Dores Ferreira conseguiram promover, em 1991, uma das mais bem organizadas festas em louvor a Nossa Senhora do Rosário. Não é uma missão simples fazer a festa, mas o casal junto à comissão realizou esse sonho tomando frente da 115ª Festa de Nossa Senhora do Rosário. No dia da entrega da Coroa, 16 ternos de congos partiram escoltando o casal que conduzia o símbolo principal da festa (a coroa) até a casa do festeiro escolhido para 1992. Um palanque foi armado em frente à residência do casal Dorival Miranda Duarte e Wilma Costa Almeida Duarte que aguardava ansiosamente a chegada da comitiva. Sob os aplausos da multidão que tomou conta de toda extensão da Avenida São João, cada terno que chegava fazia sua exibição, até que a coroa foi passada às mãos do casal festeiro do ano de 1992. Naquele ano, o presidente da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário era Osark Rosa de Almeida. www.revistaportalvip.com.br

O casal de festeiros Antônio Maria e Maria das Dores PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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116ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Dorival Miranda e Wilma Duarte

Miranda, Aguinaldo, Wilma e o General Gabriel

No dia 14 de outubro de 1991, um palanque foi armado em frente à residência do casal Dorival Miranda Duarte e Wilma Costa Almeida Duarte para a apresentação da congada que foi responsável pela beleza e harmonia das cores vibrando em louvor a Nossa Senhora do Rosário. Naquele mesmo dia, uma multidão tomou conta de toda extensão da Avenida São João, para assistir a entrega da coroa ao casal festeiro de 1992. Pais de Myrelle, Kelly e Danilo, o casal Miranda e Wilma, proprietários do Posto Santo Antônio, realizou a 116ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário. Fizeram parte da comissão dos mesmos, os casais Adauto Aires Júnior e Marlene, Absalão Ramos da Cruz e Terezinha, Jaime Cardoso da Silva e Dagna Maria, Dorivan Antônio Duarte e Terezinha, Valdir Pereira Neves e Albertina, Pedro Borges da Silva e Neusa, Lázaro Ferreira Pires e Nilva, João Batista Duarte Mesquita e Helena, José Cosmem da Silva e Laesse e, Adilson Sebastião de Oliveira e Vera Lúcia. Após dez dias de muita fé e festa aconteceu no dia 12 de outubro de 1992 a entrega da Coroa, dessa vez entregue ao casal festeiro de 1993, Salvo Ribeiro da Silva e Aldanice Pereira da Silva Ribeiro.

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Antero, Wilma, Miranda e Batuira

Destaque: A Revista Portal VIP homenageia o capitão do Moçambique Mamãe do Rosário, Diogo Gonçalves, nessa época dançador do Catupé Amarelo...


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117ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Salvo Ribeiro da Silva e Aldanice Pereira da Silva Ribeiro

O festeiro Salvo Ribeiro da Silva

A entrega da Coroa da Festa de Nossa Senhora do Rosário foi realizada no dia 12 de outubro de 1992. Naquele dia, a coroa, símbolo maior da festa, foi entregue ao casal Salvo Ribeiro da Silva e Aldanice Pereira da Silva Ribeiro pelas mãos do casal Dorival Miranda Duarte e Wilma Duarte. Festeiros em 1993, os pais de Cristiane, Simone e os trigêmeos Fausto, Aline e Gustavo explicam que a festa inicia um ano antes, justamente com a entrega da coroa. “Os bastidores durante esse ano que antecede a festa, nos faz sentir e ver o que realmente é festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário. A chegada da imagem da santa em nossa residência, bem como todos os preparativos para que seja realizada a festa é de uma grandiosidade inexplicável, pois só quem vive todo aquele momento consegue entender. Naquela época, os enfeites e toda ornamentação era feita pela comissão e pelos festeiros que se reuniam, ou seja, totalmente diferente dos dias de hoje. Mas cremos que tudo se resume na fé e na emoção que é estar à frente dessa festa”, revela o casal de festeiros da 117ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário.

A emoção da festeira Aldanice Pereira da Silva Ribeiro

Destaque: neste ano foi inaugurada a Sede da Irmandade no Bairro São Francisco, no dia 29 de maio de 1993. www.revistaportalvip.com.br

Os festeiros de 1993 e a Coroa PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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118ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: José Cosmem (Zé da Barra) e Laesse David da Silva

Os festeiros com a Rainha Carolina e o Rei Eurípedes

É fato que a Festa de Nossa Senhora do Rosário é o maior acontecimento do município de Catalão e em todos esses anos se tornou internacionalmente conhecida por sua beleza, atração e devoção. Quesitos esses, que não foram diferentes na festa de 1994, onde atuaram os festeiros José Cosmem da Silva, o Zé da Barra e sua esposa Laesse David da Silva. Casados há 42 anos, os pais de Andrecia, Adriana e André são avós de Gustavo, Júlia, Andarah e Anarah. A festeira da 118ª Festa do Rosário lembra que a festa foi um sucesso e com uma renda de aproximadamente duzentos salários mínimos. “Foi trabalhoso como todos os festeiros dizem, mas muito gratificante. Até

Ranchão

Almoço na Creche São Francisco

Comissão de 1994

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pouco tempo tínhamos alguns balancetes que guardávamos de lembrança. Foi uma festa bastante lucrativa e realizada com muito carinho por nós e pelas pessoas que nos ajudaram”, relata a festeira Laesse que esteve à frente da última festa realizada no Ranchão, pois no próximo ano já seria inaugurado o Centro Folclórico. Laesse finaliza ao contar que algumas refeições eram servidas na creche São Francisco em um típico ranchão, também construído com o propósito de acomodar os grupos de dançadores que todos os anos juntam-se para celebrar as festividades abrilhantando os olhos dos simpatizantes.


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119ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Orioval Cândido e Norma Suely Rosa Leão A 119ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário de Catalão foi realizada pelo festeiro Orioval Cândido Leão, o Vardim e sua esposa Norma Suely Rosa Leão. Pais de Orioval Júnior, Maria Carolina e Alexandre, bem como, avós corujas de Gabriel, Ana Luíza, João Vítor e João Pedro, o casal fez acontecer em 1995 a festa mais popular de Goiás. Festa bem organizada e elogiada por muitos, ficou marcada na memória dos catalanos, pois naquele ano foi fundado o Centro Social do Folclore e do Trabalhador Orozimbo Antônio Macedo. Uma obra realizada na administração de José de Fátimo Moreira e que colocou fim as ceias realizadas no tradicional ranchão. O Centro ganhou esse nome como forma de homenagear aquele que foi uma das figuras mais relevantes no cenário da Irmandade do Rosário de Catalão. Durante a pesquisa sobre os festeiros, ninguém soube explicar o porquê do senhor Orozimbo Antônio de Macedo ser conhecido em nossa cidade como Orozino Barbosa, mas era o nome dado ao Centro Folclórico que o nobre capitão e general da congada assinava as atas da Irmandade.

O casal de festeiros do ano de 1995

Vardim e Norma amparando a coroa

Orozimbo Antônio de Macedo

Inauguraçãoo do Centro Folclórico www.revistaportalvip.com.br

Inauguração do Centro Folclórico PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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120ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: José Arruda e Luzia Arruda Honório

Comissão José Arruda Honório e Luzia Arruda Honório

José Arruda Honório e Luzia Arruda Honório

José Arruda e esposa, Marinho e esposa, Edson Arruda e esposa

Em outubro de 1995 o casal José Arruda Honório e Luzia Arruda Honório receberam das mãos dos festeiros daquele ano, Orioval Cândido Leão e Sueli, a Coroa da festa de Nossa Senhora do Rosário. Com isso, os filhos de João Honório e Olívia Martins Arruda, e João Gregório e Ana Arruda da Silva realizaram a 120ª Festa do Rosário de Catalão. Pais de Graciela, Cleides e Fábio, o casal que fez parte de outras comissões, ficou encantado com o convite para assumir a festa, realizando assim um dos sonhos da saudosa Luzia. A filha do casal, Graciela, conta melhores detalhes. “Minha mãe era devota de Nossa Senhora do Rosário e sempre teve vontade de fazer a festa. Os

enfeites foram todos feitos na nossa casa junto à comissão daquele ano e isso está registrado em várias fotos. Naquela época fazer essa festa era só para quem era muito guerreiro, pois tinha que arrecadar verba, uma vez que não conseguíamos muita ajuda das empresas catalanas e era preciso pedir a comunidade bezerras e leitoas. Feito isso, a comissão tinha que buscar toda a arrecadação em brindes, o que era muito trabalhoso.” A jovem lembra ainda que os pais passaram a coroa para Marinho e Célia e se emociona ao concluir que a Festa de 1996 foi uma realização da vontade de sua mãe que faleceu há oito anos.

121ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Eliomar Pereira da Silva e Maria Célia de Oliveira Pais de Lucas, Fernanda e Ricardo, Eliomar Pereira da Silva, popularmente conhecido como “Marinho” e sua esposa Maria Célia de Oliveira Silva foram festeiros da 121ª Festa de Nossa Senhora do Rosário no ano de 1997. De lá para cá, Marinho participou de várias outras comissões de festeiros, dentre elas podemos afirmar as de Valdivino Duarte e Valdeci, Cidinha e Jacy, Fabian e Walquíria, Zé Paulo e Marley, William Moraes e Nivalda, Velomar e Neusa, Manoel e Angélica e Edsônia e Edson. Muito religioso Marinho sempre gostou de participar das festividades e religiosidades da festa e seu maior objetivo sempre foi o de criar uma melhor estrutura para atender os ternos e a comunidade. O empresário revela que, no ano em que foi festeiro, sua comissão fez bonito em matéria de conquistas. “Nossa comissão conseguiu comprar 100 mesas com 400 cadeiras para o Centro Social do Folclore, dois freezers grandes, equipamentos e muitos utensílios para a cozinha”, destaca. Além de estar presente na festa todos os anos e ter deixado sua ajuda nessas participações, Marinho também teve e ainda tem a grata satisfação de comandar shows pirotécnicos, que quase todos os anos, colorem o céu de Catalão em vários momentos da centenária festa em louvor a padroeira da cidade.

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Eliomar e Maria Célia segurando a Coroa


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122ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: José Ramos, Corina Ferreira e Jovina Rosa

Frente da Pensão Omega

Comissão a espera da Coroa

Dona Jovina com a Rainha Carola e o Rei Eurípedes www.revistaportalvip.com.br

Corina e José Ramos

Rei Eurípedes e Márcia Elias

Podemos dizer que a 122ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário teve gostinho de realização de sonhos, onde o ano de 1998 ficou marcado pela família Rosa. Jovina Rodrigues Rosa foi devota de Nossa Senhora do Rosário durante toda sua vida e sonhava em poder realizar a festa. Certo dia, o sobrinho José Ramos Rosa, que naquela época não residia em Catalão, convidou a tia para ser festeira a seu lado, pois assim a coroa seria entregue na residência de Dona Jovina. A tia não pensou duas vezes e logo aceitou o convite. Mãe de Arminda, Dario, Margarida, Duplani, Deni, Davi e Darli, a nobre senhora iria realizar um dos seus grandes sonhos. A filha Arminda conta que a mãe era alegria dia e noite. “Ela não cabia em si de tanta felicidade. Como é bom relembrar aqueles dias, para ela foi sem dúvida o que de melhor aconteceu na vida.” Dona Jovina morreu em 2012, mas a neta Márcia Elias relata a festa daquele ano. “Minha avó não parou um minuto e ajudou em tudo que foi preparado na sua casa. Nunca vi tanta força em uma pessoa já de idade, ela estava muito feliz. Recordo que o tema da nossa festa foi “Jardim dos Anjos” e quem decorou tudo foi a artista plástica Cacilda Alves”. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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123ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Valdivino José e Valdecy Maria Duarte

Valdecy e Valdivino com a família real

Valdivino José Duarte com a Coroa

Em 1999 Valdivino José Duarte e sua esposa Valdecy Maria Duarte foram os festeiros da mais expressiva e graciosa festa de nossa cidade, a tradicional “Festa do Rosário”. O casal participou de várias comissões organizadoras, mas foi no último ano do século XX, que realizaram com louvor, a 123ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário de Catalão. Pai de Rogério Fernandes Duarte, Fabiana Duarte e Vitória Elias Duarte, o ex-vereador, ex-presidente da Câmara, bem como secretário de Indústria e Comér-

cio do ex-prefeito José Moreira, diretor de Infraestrutura da SEINFRA na gestão Velomar Rios e proprietário da empresa Flash Comunicação e Terceirizadora de Serviços, ficou conhecido na Festa de Nossa Senhora do Rosário pela voz marcante nos leilões de arte da Irmandade e do Ranchão. Valdivino conduziu todos os leilões até o ano de 2013, pois em 2014, a cidade ficou órfã de um homem família, e acima de tudo, um grande amigo de todos. Uma ausência que foi muito notada, na festa de 2014, pois como

eu, Maysa Abrão, acompanhei todas as ceias e o leilão de arte, posso dizer que em todos os momentos o nobre festeiro de 1999 foi lembrado e homenageado por todos. Valdivino e sua esposa Valdecy Maria Duarte realizaram uma maravilhosa festa, digna de ser lembrada após quinze anos da sua realização.

Moçambique Coração de Maria

Nesse ano foi fundado o Terno Moçambique Coração de Maria que tem como dono e 1º Capitão, Antônio Carlos Ribeiro.

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124ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Jacy Alves dos Santos e Maria Aparecida Devota de Nossa Senhora do Rosário, Maria Aparecida de Resende conhecida por toda comunidade catalana por ser proprietária da loja Cidinha Modas, participou de doze comissões organizadoras da festa de Nossa Senhora do Rosário e no ano 2000 foi festeira ao lado do ex-marido Jacy Alves dos Santos. Cidinha conta que um fato que marcou sua festa foi a presença do governador de Goiás, Marconi Perillo, pela primeira vez nas festividades. “Foi maravilhoso ser festeira e o que marcou aquele ano foi conseguirmos trazer o governador Marconi para conhecer o evento. Algo marcante, uma vez que, se tornou positivo para Catalão, porque ele ajudou na época e desde então, esteve presente em todas as edições, proporcionando efetivo apoio material à sua realização.” O governador de Goiás afirma acreditar nas tradições religiosas, uma vez que elas resgatam a identidade e a história do povo. “Quando o povo tem consciência de suas tradições, consegue construir uma bela história”, ressalta Perillo.

125ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Dorivan Antônio e Terezinha Gonçalves Duarte

Terezinha era só emoção

Dorivan e Terezinha

Dorivan e Terezinha - Mordomos do Mastro

Dorivan Antônio Duarte é o atual Mordomo do Mastro, cargo que ocupa desde 2003, quando a diretoria o escolheu para substituir a família Primo. Dorivan e sua esposa Terezinha são responsáveis em guardar as bandeiras durante todo o ano e conduzi-las em cortejo para serem hasteadas no último sábado da festa, em frente à Igreja do Rosário. www.revistaportalvip.com.br

A Festa do Rosário de 2001, organizada pela Comissão daquele ano, teve como festeiros Dorivan Antônio Duarte e Terezinha Gonçalves dos Santos Duarte. A mestre em Educação Física, Patrícia do Prado, em sua pós-graduação em educação física pela Universidade Estadual de Campinas, defendeu como tese a dissertação: “Congada, corpo e cultura na 125ª festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário”. Em sua pesquisa de campo, Prado entrevistou o festeiro daquele ano que falou do seu papel na festa. “Como festeiros, tivemos o papel de organizar a festa, angariar fundos para fazer a alimentação dos congos, uma vez que, são dois almoços e três cafés da manhã para aproximadamente 3.000 pessoas. Então, a despesa é muito alta. Com isso, pedimos bezerros aos fazendeiros, polvilho e tudo para as refeições. Durante o ano realizamos quatro eventos, dentre eles, o leilão de arte, junto a Igreja onde fui até Ipameri e conversei com o bispo para ele vir e marcar presença.” Sobre a parte profana da festa, Dorivan destacou. “É uma tradição que acontece em espaço aberto, onde todos participam. O católico vai para assistir a missa, o evangélico vai às barraquinhas, os pais levam os filhos no parque e assim por diante. Em nossa festa foi grande a participação da comunidade e nenhuma ocorrência policial foi registrada, algo que acontecia muito, antigamente”. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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126ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Fabian Luís e Walquíria Ribeiro Goulart

General Gabriel, o unico de branco sozinho a frente em 1985

Sim, general! Gabriel Gustavo Silva Os festeiros Fabian e Walquíria fizeram uma grande festa

O casal de festeiros de 2002 foram os empresários Fabian Luís Goulart e Walquíria Ribeiro da Silva Goulart. Pais de Onézio Ribeiro da Silva Neto, Fabian Luiz Goulart Junior e Álvaro Medeiros Goulart, os festeiros da 126ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário relatam a festa como a realização de um sonho. “Era um desejo do meu marido, uma vez que no ano anterior participamos da comissão dos festeiros Dorivan Duarte e Terezinha. Naquela oportunidade, ele comentou o seu desejo que foi passado ao Cheirim, na época, presidente da Irmandade. Pronto, viramos festeiros.” Walquíria lembra que na época ficou assustada, mas que Nossa Senhora do Rosário passa a todos uma força e uma energia que só quem é festeiro sente. “São dez dias de muito trabalho e alegria, onde você não sente cansaço algum. Dormíamos no máximo uma hora por noite e não sentíamos nada, por isso afirmo que a força que Nossa Senhora oferece é fenomenal. Não podemos esquecer a comissão que tivemos, a união de todos foi um ponto forte para o sucesso da festa, pois sem eles, não conseguiríamos. A festa de Nossa Senhora do Rosário foi meu maior feito, foi uma grande honra realizá-la e como devota, se um dia tiver oportunidade, eu a faço novamente com muito prazer.”

A festa de 2002 foi uma festa maravilhosa, mas órfão de um grande integrante. Gabriel Gustavo Silva, conhecido como Gabrielzinho foi um grande general. Devido a um grave problema de saúde, quando nasceu, sua mãe fez um voto para a cura da doença, o que lhe trouxe para o seio da Congada, onde foi dançador, capitão e general. Como autoridade, Gabriel ficou por vários anos até falecer em 27 de março de 2002.

Joaquim Coelho, capitão do Terno Vilão Santa Efigênia e a sua direita o Mané Cotó, festeiro de 2006

Joaquim Coelho da Silva “Porque a pessoa pra mode brincá é preciso ter fé na Santa e ter crença. Firmá o pensamento prá Santa, porque a Santa é muito poderosa. Nossa Senhora do Rosário é muito poderosa. E nóis precisa ter fé nela, na Santa, pra brinca com carinho, com amore na Santa e no povo; amizade, porque o que manda hoje é amizade. Primeiro Deus, depois amizade, e aí o dinheiro... (risos). (Joaquim Coelho no livro Vida e Voto de Devoto de Altair Moreira Querino). O primeiro Vilão a se apresentar em Catalão, o grupo Santa Efigênia, foi fundado em 02 de outubro de 1954, por Joaquim Coelho da Silva, também sob influência das festas realizadas em cidades mineiras. Joaquim contou com a ajuda do segundo capitão Sebastião de Assis Vitor – Nena e de seu genro Eurípedes Severino, o “Pavão”. Capitão por mais de três décadas, Joaquim era tido como guia, pai, irmão e homem sábio. Morreu em 2002 aos 97 anos deixando o congado órfão de um grande capitão.

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127ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Edsônia, Edson e Maria Cecília Arruda

Edson Arruda um devoto alegre

A dedicação de corpo e alma dos irmãos Elzon, Edson e Edsônia Arruda sempre foi destaque na Congada de Catalão. Conhecidos pela paixão dedicada ao Terno do Prego, muitas são as histórias contadas debaixo das suntuosas mangueiras que ocupam o quintal da família. Devotos de Nossa Senhora do Rosário, a família Arruda fez bonito em 2003, quando Edsônia, Edson e Maria Cecília foram os festeiros da 127ª Festa do Rosário. Para conhecermos melhor a festa daquele ano, vejamos o relato de Edson Arruda para a tese de pós-graduação de Cairo Mohamad Ibrahim Katrib. “Quando recebemos a coroa, sabí-

Entrega da Coroa

amos que não seria fácil, então reunimos a família e ouvimos a opinião de cada um e só depois aceitamos fazer a festa. Sabíamos da nossa dificuldade financeira, somos todos trabalhadores, temos horários a cumprir, não temos renda e fazer essa festa demanda tempo, influência e uma boa comissão. Graças a Deus e a Nossa Senhora do Rosário os casais da nossa comissão eram todos amigos, o que nos ajudou mostrar pra cidade que podíamos fazer uma boa festa. Muita gente falou que não íamos dar conta; que ia ser um fracasso e isso desilude muito a gente, mas nossa família decidiu que Nossa Senhora do Rosário teria a festa mais

bonita de todas. Ela nos ajudou e fizemos. Realizamos um sonho antigo, porque desde a época do meu tio Antônio Simplício que essa festa não era comandada por um negro. Se teve dois ou três até hoje foi muito. E agora, na entrada do século XXI, fomos agraciados e pudemos realizar o sonho do meu pai que não está mais aqui para viver isso, mas está vendo tudo. Quando a gente vê nossos sonhos realizados, a gente olha pra trás e não acredita.” Na tese de Cairo, muitos são os comentários a respeito da festa daquele ano, onde todos enfatizam ter sido organizada e impecável em todos os sentidos.

128ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Willian da Silva e Nivalda Maria de Moraes Festeiros da 128ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário, Willian da Silva Moraes e Nivalda Maria de Moraes realizaram com muita animação e intensidade uma festa que atraiu centenas de pessoas de toda região. Para William, uma experiência marcante que ficará guardada para o resto de sua vida. “Certo dia, bateu na porta de casa o convite para ser o festeiro de 2004 e a princípio não aceitei, depois de uma reunião concordei. Trabalhamos vários anos antecedentes em algumas comissões da festa e isso apesar de ser uma motivação, também nos mostra não ser uma festa fácil de ser realizada. Depois de muita conversa, junto à dedicação e a fé que temos em Nossa Senhora do Rosário, eu e minha esposa aceitamos o desafio. Daquela época até hoje digo a todos, foi uma benção que recebi de Nossa Senhora, pois mudou minha vida em todos os sentidos. Hoje, sinto-me honrado por ter sido festeiro e trago comigo toda a nossa comissão, porque se antes éramos amigos, hoje somos muito mais. Existem aquelas pessoas, que infelizmente, foram morar com Deus, mas os familiares, bem como o restante da comissão são amigos inseparáveis.” O ano de 2004 se tornou marcante para os catalanos e adoradores da festa do Rosário, pois as Congadas de Catalão foram destaque no Jornal Nacional da Rede Globo. Uma reportagem mostrou como é a realeza de uma das mais ricas manifestações folclóricas e religiosas do país. Para fazer a matéria, que fez parte de uma série especial do quadro Identidade Brasil, o repórter Marcelo Canellas e o cinegrafista Lúcio Alves estiveram em Catalão registrando depoimentos e imagens. www.revistaportalvip.com.br

Jardel, Marconi, Nivalda e William

O casal de festeiros no Livro do jornalista Robson Macedo

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129ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: José Paulo e Marlei Camargo

José Paulo, Marlei, Willian Moraes e Nivalda

José Paulo, Marlei e Bigu

Devotos de Nossa Senhora do Rosário há muitos anos, José Paulo Camargo e Marlei Rabello de Oliveira Camargo foram os festeiros da 129ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário de Catalão. Pais de Luciana, Paula e José Paulo Filho, o casal de avós das belas Isadora e Lavínia fez da festa de 2005 um grandioso evento. Marlei lembra que foi muito prazeroso e um momento maravilhoso conduzir as festas. “Trabalhamos em outras comissões, mas estar à frente da própria comissão é diferente, pois a responsabilidade é maior e você precisa fazer acontecer. É muito trabalho, mas

a nossa festa foi muito bem organizada e preparada por uma comissão que empenhou dias e noites para um excelente resultado.” José Paulo morreu há dois anos e para Marlei foi o companheiro de uma vida. “Durante 33 anos fomos muito felizes e realizar essa festa ao lado dele foi gratificante, pois a emoção toma conta a cada detalhe. Ficamos muito contentes com a participação dos devotos naquele ano.” Emocionada Marlei agradece a todos da comissão de 2005, os amigos, familiares e o genro José Matias, que já é membro da família há muitos anos.

130ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Manoel Antônio e Maria Angélica Ferreira

Manoel Antônio Ferreira e Maria Angélica Borges Ferreiraaa

Mariarte

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A 130ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário começou como todos os anos, na madrugada de sexta, com a Alvorada, onde os ternos se concentraram em frente à Igreja do Rosário e logo em seguida saíram em procissão pela cidade. A Festa de 2006 foi organizada pelos festeiros Manoel Antônio Ferreira e Maria Angélica Borges Ferreira, pais de Ricson, Sara, Alan e Arminda (in memoriam), o casal de avós da jovem Mariana Amorim, foi escolhido pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, como parte da tradição. Devotos de Nossa Senhora do Rosário, Maria Angélica revela que foi um sonho realizar a festa. “Jamais pensei que um dia realizaríamos a festa como festeiros, até que fomos convidados. Posso dizer que, em termos de FÉ, foi algo maravilhoso que aconteceu em nossas vidas, uma vez que, somos pessoas simples e só a elite era convidada para realizá-la. Fomos o segundo casal de festeiros, onde o homem é dançador de congo e meu marido dança há 50 anos. Fizemos tudo dentro da religiosidade e o bispo me elogiou dizendo que eu estava ungida pelo Espírito Santo dentro do Ranchão.” Naquele ano, participaram da festa 19 ternos de congo da cidade somando aproximadamente 1400 dançadores. A grande novidade de 2006 foi a apresentação do terno feminino composto por 36 integrantes. Comandado pela capitã Aldanice Moreira, o Terno Mariarte, tem em seu nome uma homenagem a Maria e a arte. As integrantes têm suas histórias familiares ligadas à tradição da congada.


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131ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Velomar e Neusa Rios

Festeiros da 131ª Edição da Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário, realizada no ano de 2007, Velomar Gonçalves Rios e Neusimar Teodora da Silva Rios, conhecida como Neusa, realizaram a festa com a respectiva comissão, com o apoio das Paróquias São Francisco de Assis e Nossa Senhora do Rosário. Pais de Maisa, Murilo e Danilo, o casal devoto de Nossa Senhora do Rosário está sempre presente nas novenas realizadas em louvor à Santa. Na época, a festeira Neusa não conteve as lágrimas diante do dever cumprido e ao entregar a coroa disse emocionada: “É trabalhoso, mas muito gratificante.” Neusa e Velomar entregaram o símbolo da festa para Suely e Cassimiro. Naquele dia foi montado um trio elétrico próximo à residência escolhida pela Irmandade para abrigar a coroa durante o ano, assim os fiéis puderam acompanhar de perto os rituais centenários da entrega da coroa.

Velomar e Neusa Rios segurando a coroa

132ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Festeiros: Sebastião Cassimiro e Suely Alves Macedo

O andor de Nossa Senhora do Rosário durante procissão www.revistaportalvip.com.br

Os festeiros na entrega da coroa

Para que tudo acontecesse dentro dos conformes os festeiros de 2008 contaram com a dedicação de uma comissão formada por 25 casais. Para Sebastião Cassimiro de Macedo e sua esposa Suely Alves Cassimiro de Macedo, foi uma grande honra estar à frente da 132ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário. Para eles, a principal festa da cidade. “Fizemos nosso melhor para que a qualidade do evento se mantivesse. A festa é parte da nossa cultura e é uma benção de Nossa Senhora termos sido festeiros. Foi um ano de muito trabalho para nós e nossa comissão, mas tudo foi recompensado, mantivemos as tradições e realizamos uma bela festa”, disse o festeiro Cassimiro. Para ter noção de empenho, a comissão serviu naquele ano dois cafés da manhã e dois almoços no Centro do Folclore. As refeições eram servidas especialmente para os ternos e os envolvidos na organização. Para o café de encerramento, por exemplo, foram feitos bolos com 90 quilos de farinha, três mil pães foram recheados, de 120 quilos de farinha de trigo foram feitas roscas e ainda mais de 15 sacos de tamanho gigante de polvilho foram gastos do preparo das quitandas. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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133ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Vicente Lourenço e Hilda de Melo

Em 2008, Vicente Lourenço da Silva e Hilda de Melo Silva receberam a coroa dos festeiros Sebastião Cassimiro e Suely com a missão de realizar a edição de 2009. A cerimonia foi realizada no Congodromo, em um momento de muita devoção e fé, marcado por bênçãos do padre Orcalino ao novo casal e toda comissão que estaria à frente do festejo. Foram doze anos participando de outras comissões mas, nunca surgiu o convite para serem festeiros. Em 2008 foi diferente, e após serem convidados, aceitaram a responsabilidade. Vicente conta que o apoio da comunidade, das empresas, a fé e amor pela padroeira, bem como pela cidade de Catalão foi o que ajudaram nessa missão. E, como diz o ditado: “missão dada, missão cumprida”, pois a 133ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário foi realizada com sucesso pelo casal, que juntamente com sua comissão, recebe as bênçãos de Nossa Senhora do Rosário. Sobre a emoção de ser festeira, Hilda destacou o amor a Nossa Senhora do Rosário: “O amor à santa é gigantesco, portanto, nos empenhamos para que tudo desse certo e fizemos uma linda festa”.

134ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Juliano Tavares e Nara Rúbia Juliano Tavares e Nara Rúbia Mota Tavares foram os festeiros da 134º Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário realizada no ano de 2010. Casados há vinte e quatro anos e pais de Anna Karolina Mota Tavares e Antônio Tavares Neto, o casal aceitou a missão devido à devoção de Nara por Nossa Senhora do Rosário e por Juliano dançar ha vários anos no terno Catupé Amarelo. A abertura da 134ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário ficou marcada na memoria de muitos fieis, uma vez que, aconteceu a apresentação da imagem da Santa, com mais de 1 metro de altura, confeccionada por um artesão de Guaratinguetá, no interior de São Paulo. Naquele dia, uma carreata percorreu a cidade juntamente com vários devotos, onde na Praça do Largo do Rosário, a imagem foi colocada na gruta, substituindo a outra que lá estava e que hoje se encontra dentro da Igreja. No mesmo ano, Nara lançou a Revista Projeto Congadas de Catalão, bem como o DVD documentário da festa de 2010, que mostra desde a Alvorada até a Entrega da Coroa.

Juliano Tavares e Nara Rúbia

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A imagem sendo levada à gruta


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135ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Márcio Júnior Silva e Valéria Marques Pires Um dia antes da tradicional Alvorada do ano de 2011, foi realizada pela Irmandade e Comissão de Festeiros uma carreata anunciando o início da 135ª edição da Festa de Nossa Senhora do Rosário. Os festeiros Márcio Júnior Silva e Valéria Marques Pires contaram com o apoio da administração municipal, que se responsabilizou pela montagem da infraestrutura da festa, bem como, a estrutura onde se rezam as missas, algo avaliado na época pelo presidente da Irmandade, Leonardo Bueno, como de primeiro mundo. A estrutura, além de mais bonita, ofereceu mais conforto para a população e para os dançadores dos ternos de congo. O pároco da época elogiou o trabalho realizado pelos festeiros e agradeceu ao prefeito pela parceria do município. Para a igreja, o líder religioso trouxe um sermão sobre o amor como plenitude da graça Divina e também falou sobre a generosidade.

136ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário Festeiros: Jean Luiz Barbosa e Maria Etelvina Jean Luiz Barbosa e Maria Etelvina Morais foram os festeiros da 136ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário realizada no ano de 2012. Jean conta que a vontade de realizar o festejo sempre foi gigantesca e que certo dia, resolveu mandar um ofício para a Irmandade do Rosário, onde solicitava ser festeiro da festa. “Eu era morador do bairro Nossa Senhora de Fátima e durante toda minha vida, fui devoto de Nossa Senhora do Rosário. Minha devoção era e é tanta que, sempre desejei realizar a festa, com isso, escrevi um ofício que foi analisado por toda diretoria da Irmandade, e no ano de 2012 realizei meu sonho. Posso dizer que foi uma grande festa, onde eu, minha esposa Etelvina e toda minha comissão só têm a agradecer por todas as graças alcançadas por intercessão de Nossa Senhora durante o ano em que ficamos frente à festa”, conta Jean Luiz. www.revistaportalvip.com.br

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137ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

Ricardo Bueno Neto, proprietário da Casa de Carnes Buenos, é casado com Ivana Cristina Goulart Bueno e pai de Bruno e Ricardo Júnior. Católicos praticantes, o casal realizou no ano de 2013 a missão de ser festeiro da 137ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário. Para Ricardo foi uma festa feita com muito carinho e amor, e todos que doaram prendas e ajudaram como voluntários, o fizeram com bom sentimento. “Tivemos uma comissão focada em realizar um excelente trabalho, o que foi feito, tanto no Leilão de Artes, quanto em todos os eventos realizados, tudo foi maravilhoso. Contamos com a parceria da Irmandade, da Prefeitura, da comunidade e da Paróquia, na pessoa do Padre Roberto. Portanto, posso dizer que foi uma festa 100% em termos de participação do público e colaboração dos voluntários. Fechamos nosso balanço sem nenhum ponto negativo registrado.” Sobre o que não foi realizado, Ricardo revela que gostaria de ter feito muito mais, mas o tempo é curto, “Caso um dia tivesse oportunidade de ser novamente festeiro, aceitaria o desafio e tentaria fazer bem melhor, pois se trata de uma festa gratificante, na qual se conta com amigos para trabalhar, e no final vira uma grande confraternização”. A festa de 2013 contou com a volta do cortejo entre a Igreja Matriz de São Francisco e a capela do Rosário no domingo pela manhã.

Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

Festeiros: Ricardo Bueno Neto e Ivana Cristina Goulart Bueno

Buscando a Coroa

Entrega da Coroa

Edson Arruda Capitão do Terno do Prego

A Rainha Elone Rita e o Rei Eurípedes Antônio Rita

A 137ª Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário não contou com a presença do Sr. Eurípedes Antônio Rita, o Rei das Congadas, que morreu no dia 29 de julho de 2013, aos 72 anos. As Congadas de Catalão perdeu um importante integrante que era devoto de Nossa Senhora do Rosário, e também um grande colaborador para a festa e para as congadas de devoção à Santa. Quem assumiu o lugar do Sr. Eurípedes Rita, foi Cleiber Francisco Inês, uma surpresa para toda população, pois naturalmente, o rei teria de ser o filho de Eurípedes (Sidney), que segundo um dos diretores da Irmandade, não aceitou o cargo. Com isso, a indicação foi da tia do novo rei, a rainha Eloene Rita.

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Outro acontecimento histórico nas Congadas de 2013 foi a ausência do Terno do Prego, fundado em 27 de maio 1961 por Geraldo Arruda. O terno, que já havia feito isso em 2009, teve que voltar em 2010 devido à pressão da comunidade e dançadores. Porém, em 2013, o motivo foi de dor e muita tristeza, o Prego ficou de luto pela morte de Edson Arruda (2º capitão) em 19 de maio daquele ano. Com isso, os irmãos consideraram inoportuna a participação na festa. A paixão de Edson pela Festa de Nossa Senhora do Rosário era gigantesca, o que fez dele, um dos principais historiadores da congada. “A base do terno sempre foi a nossa família e sem ele eu não tinha forças para colocar o terno na rua”, conta Elzon Arruda, o mais velho dos dez filhos do Prego. Sendo assim, na 137ª edição, a festa começou na madrugada de sexta-feira (04), com a participação de apenas 20 ternos.


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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abr達o


Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

ÚLTIMO ENSAIO

TUDO PRONTO! A população de Catalão é presenteada com um grande espetáculo de cores, sons e harmonia. Para que a apresentação da Congada durante a Festa seja realmente um acontecimento é preciso muito trabalho de preparação. Os ensaios, que todo ano acontecem durante o mês de agosto/setembro, são momentos de ajustar a performance de cada terno para fazer bonito nas apresentações.

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_ ULTIMO ENSAIO _FESTEIROS

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_ALVORADA

O começo oficial A alvorada da Festa do Rosário é um dos momentos mais esperados no ano pelos devotos da padroeira de Catalão. A cidade é acordada com fogos de artifício e pelo balanço e emoção propiciados pelos inúmeros dançadores dos ternos que compõem a Congada. E neste ano, um aspecto que fugiu do que ocorre tradicionalmente, foi o “apitaço” inicial que autoriza o toque dos tambores marcando o início das apresentações dos ternos, que foi feito pelo Rei Cleiber e não pelo General Dimiro como ocorre desde a primeira festa, onde quem apita o início e o fim da festa é o general.

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TERÇOS

1º Terço da Comissão 2014

6º Terço da Comissão 2014

Contas de fé!

2º Terço da Comissão 2014

Os fiéis mantém vivo um hábito tradicional do catolicismo, a reza do terço e novenas. Durante a Festa do Rosário isso ainda é mais forte. Registramos vários desses momentos de contemplação e louvor como a novena em louvor a Nossa Senhora do Rosário, terço Apostolado da Oração, terço da Comissão 2014 e terço da Irmandade.

1º Terço da Comissão 2014

4º Terço da Comissão 2014

Terço Apostolado da Oração

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5º Terço da Comissão 2014


Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_ TERÇOS

Terço da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário

Primeiro Terço da novena em Louvor a Nossa Senhora do Rosário

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_ CAFÉ DA MANHÃ DOS CONGOS NO SALÃO SÃO FRANCISCO

Café para a Congada A tradição de recepcionar bem os inúmeros dançadores dos ternos que formam a Congada de Catalão é seguida à risca pelas comissões de festeiros. Outra mudança em 2014 é que todos os anos eles buscam a coroa na Igreja São Francisco e levam para a missa campal... Esse ano, buscaram no salão de festas São Francisco, pois a Igreja está em reforma. Aproveitando o espaço e tempo, o festeiro deixou de servir o café da manhã no Centro Folclórico para servir no Salão de Festas também.

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_ CAFÉ DA MANHÃ NA CASA DO MAURO CAMACHO

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_ CAFÉ DA MANHÃ NA CASA DO MAURO CAMACHO

Virgem Maria – Um modelo de Fé Exemplo de Fé na Santíssima Virgem Maria, Mauro Camacho Sanches cresceu devoto de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. Durante os momentos difíceis de sua vida sempre fechou os olhos para pedir a intercessão da virgem e sempre soube agradecer, uma vez que agradecer é preciso em todas as ocasiões. Natural de Mandaguari/Paraná, o técnico em agropecuária é casado com a cardiologista Maria do Carmo Batista Camacho e pai de Maria Beatriz, Mauro Henrique e Mauro Rubens. Família católica praticante, os Camacho em Catalão são devotos também da padroeira da cidade, Nossa Senhora do Rosário. Mauro nos revela que sempre recebe graças da Virgem, mas uma delas tem um significado marcante na vida familiar. No ano de 2010, Mauro, Maria do Carmo e o filho Mauro Rubens sofreram um gravíssimo acidente numa BR de Arapongas, envolvendo três veículos. O acidente aconteceu quando uma motocicleta ocupada por duas pessowww.revistaportalvip.com.br

as alcoolizadas, saia imprudentemente da estrada para entrar na rodovia e acabou batendo lateralmente contra o carro da família catalana. Naquele momento, Mauro precisou fazer manobra para desviar dos mesmos e invadiu a pista contrária, batendo de frente com outro automóvel. No acidente, infelizmente, duas pessoas de uma mesma família morreram e três foram internados em estado grave, dentre eles o filho dos Camacho, na época com 15 anos. Durante o socorro, a tia do adolescente foi com o sobrinho na ambulância e na ocasião retirou tudo que estava no corpo de Mauro Rubens, inclusive um cordão com um pingente de Nossa Senhora do Rosário. O estado de Mauro Rubens era bastante crítico e foi preciso realizar várias cirurgias na tentativa de salvar sua vida. Os pais, ao saberem do estado do filho, o entregaram a Nossa Senhora do Rosário e pediram que a padroeira da cidade que ambos escolheram para morar salvasse o filho. Milagre ou não, horas depois Mauro Rubens, que estava desenganado, estava acordado e pronto para tomar banho. E naquele banho, o extraordi-

nário acontece, o enfermeiro encontra algo grudado no pescoço do adolescente e ao retirar e entregar ao mesmo, que reconhece como o pingente de Nossa Senhora do Rosário. Ou seja, a tia retirou o cordão, mas a medalhinha ali ficou, fora das vistas dos médicos, para proteger o filho de Mauro e Maria do Carmo. Mas, independente das graças recebidas, de alguns anos para cá o casal resolveu, durante a festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário, servir um café da manhã especial ao Terno de Congo Zé do Gordo. Um momento de muita devoção para toda família Camacho, que não consegue esconder a emoção ao receber o Terno. Com isso, enquanto os dançadores cantam em frente à casa do casal, as lágrimas caem do rosto daqueles que celebram a vida pela Fé em Nossa Senhora do Rosário. A revista Portal VIP acompanhou de pertinho essa emoção e agradece o Terno Zé do Gordo pelo convite e à família Camacho pela magnífica recepção. PORTAL VIP • Janeiro/2015 |

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_ ALMOÇO NO PREGO

Acolhida Os ternos que formam a Congada de Catalão recebem carinho e atenção de devotos de várias idades. E a tradição dos cafés e almoços é valorizada a cada ano. O Terno do Prego, um dos mais tradicionais da cidade, é um dos que recebe esse carinho na forma de ceias fartas e caprichadas. Registramos um desses momentos.

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O empresário Mauro Camacho e a médica Maria do Carmo prestigiam o terno


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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_ALMOÇO DOS CONGOS NO CENTRO FOLCLÓRICO

ALMOÇOS Em Catalão, os cuidados para fazer a festa da Congada são perceptíveis em cada detalhe. Um exemplo disso é o capricho com que são preparadas as refeições para os dançadores. Registramos o almoço no Centro Folclórico da Irmandade do Rosário..

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_ ALMOÇO CONGADAS NO CENTRO FOLCLORICO

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

Bom cuidado O Restaurante Manga Rosa deu exemplo de valorização da cultura catalana e recebeu o terno Catupé Amarelo para um almoço especial. Cardápio caprichado e atendimento especial propiciados pelos empresários Fabian e Walquíria.

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_CEIA SÍRIA

Rayana, Rafael, Michel, Ann Shein, Fabinho e Núbia

Pietro, Priscila, Claudina, Reginaldo, Kassia, Isabela e Costinha

Leo Bueno, Silvano, Mary e Naruna

Luciana, Luciola e Rogério

Marco Aurélio, Leo Bueno e João Paulo

Luiz, Aparecida Damião e Marilza

Todos por um! Para realizar uma festa gicantesca em todos os sentidos como a Festa do Rosário, impossível não ter a união de esforços. E o mais interessante, é que a união de forças tem como objetivo ajudar Clubes de Serviços na realização de ação social, já que parte da renda dos jantares são revertidos em prol dos projetos de cada organização. A Revista Portal VIP - Especial Congadas 2015 registrou as Ceias da Loja Maçônica José Marcelino, do Rotary Club de Catalão Solidariedade e a Ceia Síria, da comissão. www.revistaportalvip.com.br

Adriana, Roxinha, Lidiane, Ricardo, Paulo Alex, Paulo Alves, Jackeline, Diogo, Alyne, Layllane, Cássio e Eduardo

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_CEIA ROTARY CLUB SOLIDARIEDADE

Companheiros do Rotary Club Solidariedade

Eliana Machado

Adair

Adelar e Fabiano

Cleomar e Eliana

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João Neto, Marcella, Elizeth e Cida Rezende

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_FESTEIROS

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_CEIA LOJA MAÇÔNICA JOSÉ MARCELINO DA SILVA

Dora, Luís, Neguinho e Eliane

Rubens e Luiz Cláudio

Rafael Novaes

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Cleomar e Eliana

José Silvério, João Rezende, Manuel Coutinho, Rildo Ferreira e Sélvio Xaviér

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_FESTEIROS


_ FEITIO DOS BISCOITOS

Capricho e variedade!

Todo esforço é válido, garantem os voluntários da Comissão de Festeiros responsáveis para por a mão na massa e fazer deliciosas quitandas. Bolos, biscoitos, roscas e outras variedades compõem o banquete oferecido à Congada, uma manifestação de carinho e zelo para com o próximo.

Maria Terezinha, Hilda, Marlene e Maria Rita

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_FESTEIROS

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_ MISTURADO DA IRMANDADE

O Genereal Eduardo Camilo agradeceu aos céus pela união dos presentes

Deu-se inicio ao Misturadão da Irmandade

Tudo junto! A Congada de Catalão é composta de 21 ternos, mas existe um momento único durante a comemoração em que todos os dançadores viram um mesmo terno. O Misturadão da Congada significa confraternização, irmandade e fé. O Genereal Eduardo Camilo agradeceu aos céus pela união dos presentes ≈

Em uma junção de amor pela Santa Padroeira, todos dançaram na batida da congada

Nesse momento de confraternização o Padre Elias cantou para a Congada de Catalão

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_MISSAS

Para o católico a celebração da Santa Missa é um dos acontecimentos de maior importância. Momento de reflexão, veneração e reverências, as missas são um marco durante as festividades da tradicional festa em homenagem à Padroeira de Catalão. As celebrações que acontecem em vários dias, locais e horários são coordenadas por vários padres, dentre os quais citamos Padres Roberto, Wendell e Márcio, os quais foram responsáveis pelas celebrações durante a Festa de 2014, assim como o Bispo Dom Guilherme. Ficam os registros feitos pela Revista Portal VIP desses momentos de fé e emoção!

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_MISSAS

A Fé contagiante de Maria Eduarda

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_APRESENTAÇÃO

MARCANDO PRESENÇA! Registramos o espetáculo dos ternos da Congada após a missa celebrada pelo Bispo Dom Guilherme e no Largo do Rosário. Durante os dois momentos, uma multidão se emocionou ao ver cores, tons e sons misturados a muita fé.

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_O HOJE E O AMANHÃ

Catupé Amarelo - Ian Pablo

Catupé Amarelo

O HOJE E O AMANHÃ! Comum é registrar nos ternos da Congada de Catalão a presença de devotos de Nossa Senhora do Rosário que mal sabem dar os primeiros passos, mas que já vivenciam o sentimento de reverenciar aquela considerada como padroeira dos negros. Crianças de todas as idades participam da centenária festa e são a certeza de que no amanhã a tradição estará preservada. Destaque também para os responsáveis pela tradição de manter viva uma das mais belas manifestações cultural e religiosa do Brasil. Kauan - Moçambique Mamãe do Rospário

Catupé Amarelo - Davi e Guilherme

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Marujeiro

Capitão Mirim Moçambique Coração de Maria


_O HOJE E O AMANHÃ

Sagrada Família - Emanuel

Zé do Gordo - Murilo

Penacho

Catupé Cacunda Santa Efigênia

Prego - João Pedro

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Penacho - Sthephanny Vitória e Maria Eduarda

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_O HOJE E O AMANHÃ

Marujeiro

Prego - Papai Rodrigo com a futura geração do Prego Arthur e João Vitor

Zé do Gordo - João Guilherme

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Moçambique Mamãe do Rosário - Sarah

Moçambique Mamãe do Rosário - Nhandeara

Zé do Gordo - Antônia

Catupé Branco - Carlos Neto


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_O HOJE E O AMANHÃ

Santa Terezinha

Santa Terezinha - Naruna

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Vilão - Arthur e Anna Carolina

Santa Terezinha - Júlia Shofia

Sagrada Família - Felipe

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_NOITE CULTURAL

Leilão de Artes Como acontece tradicionalmente, nesse ano o leilão de artes realizado pela Comissão de Festeiros em parceria com o artista plástico Itamar Rodrigues. A XVI Noite Cultural foi marcada pela beleza das telas e um público bonito.

Joel, Nora e Jardel

Meire, Padre Emerson, Mary, Diogo e Silvano

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Joel, Joana e Marconi

Roberto, Regiane e Jhon Kennedy

Badra e Édima

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_ PROCISSÃO DAS IMAGENS

Pagamento Além do número de fiéis, a procissão das imagens é um momento especial para os católicos. Levando as imagens de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, os participantes fazem muito mais que uma homenagem aos símbolos católicos, aproveitam para pagar bênçãos recebidas.

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abr達o

Catal達o: 9949 7898 VIVO 8133 1707 TIM


Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_ PROCISSÃO DOS MASTROS

Levantamento do Mastro O levantamento do mastro é um momento ímpar na festividade catalana. O ritual inicia com um desfile dos ternos pelas ruas da cidade que vão em busca das bandeiras de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. A procissão das bandeiras e o levantamento dos mastros reúnem muitos devotos que aproveitam o ensejo para agradecer por graças recebidas e para pedir bênçãos. Vale destacar o capricho dos guardiões das bandeiras, os empresários Diorivan e Terezinha, que em todos os anos mostram sua dedicação em ornamentar os símbolos de fé.

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_ OS ANJOS DIZEM AMÉM

Maria Vitória

Alice

Pedro Henrique

Miguel

Matheus

Arthur

Natália

Enzo

REGISTRO Eles dizem amém! Muitas crianças abrilhantam a Festa do Rosário com seu sorriso e simpatia. O evento não teria o mesmo brilho não fosse a presença marcante dos pequenos vestidos de anjo. Muitos desses participam da programação pagando promessas por bênçãos recebidas. Clara

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Camile

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_ COROAÇÃO DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

COROAÇÃO DA PADROEIRA Um dos momentos mais importantes para os católicos durante a Festa do Rosário é a coroação da padroeira de Catalão. Num rito de fé, veneração e emoção, crianças, jovens, adultos e idosos de todas as classes sociais vivenciam a tradição que reforça a crença na Santa milagreira.

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_ FIÉIS

DEVOTOS Manifestação de fé! Não importa a idade, o sexo, a posição social, falando em fé, a manifestação é sempre igual, emoção, amor, lágrimas, compaixão, sacrifício, veneração, louvor e resignação. Registramos inúmeros momentos em que os fiéis deixaram evidenciar o sentimento de devoção.

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_ SAÍDA DOS DANÇADORES DO TERNO ZÉ DO GORDO

QUEBRANDO A TRADIÇÃO Penacho, Congo São Francisco, Catupés, Moçambique, Congo Marujeiro, Terno do Pio Gomes, Sagrada Família, Santa Terezinha, Zé do Gordo, Vilão, Mariarte e outros ternos fazem parte da Congada de Catalão. Nessa edição, destacamos o Terno Zé do Gordo, um dos mais antigos da cidade. Um acontecimento registrado pela repórter e fotógrafa Maysa Abrão / Revista Portal VIP, foi um ritual diferente, no Terno do Zé do Gordo antes da saída do grupo de sua sede, acontece uma oração em grupo e na saída, um a um recebe uma benzeção com um ungido especial, um ritual de religiosidade e magia, essa tradição vem desde a época do patriarca Zé do Gordo. Registramos ainda outro fato inesperado, na sede do terno Zé do Gordo, o general Dimiro chegou e pediu desculpas pela quebra de tradição durante o levantamento de mastros. “Quebrando a tradição, o 2º General deu ordem para começar o levantamento das bandeiras antes dos ternos chegarem ao Largo do Rosário, lamentavelmente foi uma quebra de tradição e como o Terno Zé do Gordo é antigo, me senti na obrigação de dar uma explicação. Peço desculpas pelo ocorrido”, ressaltou Dimiro.

O terno cantou em homenagem ao general Dimiro

Cuidados da vovó Ioly com o neto João Guilherme

General Dimiro pede desculpas pelo levantamento dos mastros antes dos ternos se reunirem

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_ DETALHES

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Fotos: Revista Portal VIP/ Maysa Abrão

_ VARIADÃO

A Revista Portal VIP flagrou o Padre Emerson de Gunga

Grande confraternização da Comissão da Festa de 2014 no Festival do Chopp

Senhor Elzon na preparação das caixas

Leo Bueno, Tonha, Marco Aurélio, João Paulo e Orcalino na Festa da Amizade

Andersen fez a alegria dos convidados no Ranchão

Patrícia, Danilo e Maysa

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Equipe reeleita à direção da Irmandade Nossa Senhora do Rosário de 2015 e 2016


_ ENTREGA DA COROA

CORTINAS FECHADAS! Realizada de 03 a 13 de outubro de 2014, a 138ª Festa do Rosário de Catalão foi encerrada com sucesso em todos os sentidos. A Entrega da Coroa mudou a rotina da cidade. O desfile colorido e alegre dos ternos movimentou os catalanos. A entrega da coroa nesse ano aconteceu na Av. 20 de Agosto, uma vez que não foi montado o Congodromo - o qual geralmente era montado no estacionamento da Nova Matriz. No entanto, essa mudança não tirou o brilho do acontecimento. Os novos festeiros, vereador Silvano Mecânico e Cida, receberam a coroa do Rosário e a incumbência de trabalhar para em 2015 fazer mais um grande acontecimento de fé e cultura. Eduardo Camilo - General

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_ ENTREGA DA COROA

Catupé Amarelo

Caixa Preta

Catupé Cacunda Santa Efigênia

Flagra de momento descontraído dos Generais pela repórter Maysa Abrão

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Catupé Cacunda Santa Efigênia

Catupé Amarelo


_ ENTREGA DA COROA

Catupé Azul

Catupé Azul

Moçambique Coração de Maria

Catupé Branco

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Mariarte

Marujeiro

Entrega da Coroa

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_ ENTREGA DA COROA

Marinheiro

Catupé Azul

Moçambique Coração de Maria

Entrega da Coroa

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Nossa Senhora da Guia


_ ENTREGA DA COROA

São Francisco

Congo Pio Gomes

Catupé Branco

Penacho

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Santa Terezinha

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_ ENTREGA DA COROA

São Benedito

Sagrada Família

Penacho

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Prego


_ ENTREGADA COROA

Vilão II

São Francisco

Vilão Santa Efigênia

Vilão Santa Efigênia

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_ 138ª FESTA DO ROSÁRIO

Festeiros: Joel e Joana “Ver que nossos planos e dedicação de todo o ano resultaram em uma festa tão alegre e bonita nos deixa muito felizes. Agradeço pela confiança que tiveram e espero que a população também tenha ficado satisfeita com o nosso trabalho”, Joel Fernandes. Na madrugada do dia três de outubro de 2014 teve início a 138ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário. Missas, terços, procissões, novenas, ceias e as tradicionais barraquinhas marcaram a vida dos festeiros Joel Antônio Fernandes e Joana Darc Cândida Silvestre Fernandes. Em meio a muita fé, emoção, batuques de tambores e cores o superintendente da CIRETRAN de Catalão, Joel Fernandes junto a sua esposa Joana, estiveram à frente da maior festa de Congadas do Brasil. Com sentimento de alegria por ter realizado os festejos de 2014, Joel conta que a festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário não se resume em apenas uma data. “Nosso trabalho foi feito com amor e muita fé durante o ano todo, e isso foi visto pelos catalanos durante a festa. Só tenho o que agradecer.”O que o pai de Joelma, Jaqueline e Joel Júnior quis dizer é que os festeiros da padroeira de Catalão conduzem a festa a partir do instante em que recebem a coroa. Com isso, para arrecadar verba para a realização da festa de 2014, os festeiros organizaram o Festival de Chopp, Festa da Amizade e o Leilão de Artes. Os 30 casais que fizeram parte da comissão também se reuniram mensalmente para a reza do terço e para tratarem de assuntos pertinentes à organização do evento. Joel e Joana sempre gostaram de participar de outras comissões da Festa do Rosário e de poder dedicar um pouco do seu tempo a Nossa Senhora. Emocionada, a festeira Joana relembra o início marcado por um frio na barriga, uma vez que, “eles” seriam os responsáveis por uma tradição secular. “Sabíamos desde o início que não seria fácil, porém, devido nossa fé e devoção, Nossa Senhora do Rosário esteve conosco o tempo todo nos conduzindo e protegendo.” No final da festa de 2014, Joel Fernandes disse que ser festeiro é uma tarefa de grande responsabilidade, mas também bastante gratificante. “Ver que nossos planos e dedicação de todo o ano resultaram em uma festa tão alegre e bonita nos deixa muito felizes. Agradeço pela confiança que tiveram e espero que a população também tenha ficado satisfeita com o nosso trabalho.”

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Comissão organizadora de 2014 Casal de Festeiros: Joel Fernandes e Joana Darc

A edição 2014 da Festa do Rosário foi considerada sucesso em todos os sentidos. Resultado mérito da dedicação de vários voluntários que fizeram parte da Comissão de Festeiros, encabeçada por Joel Fernandes e Joana. Registramos aqui o reconhecimento de Catalão ao empenho para realizar mais uma grande homenagem à padroeira do município.

André de Paula Araújo e Sandra Vicente de Paula Araújo Antônio do Nascimento Vaz e Emilze Maria da Silva Vaz Carlos Vidal Mamede e Jackelyne Silvestre Fernandes Carmem Martins Duarte Celito Teodoro Vaz e Zilá de Fátima Rodrigues Vaz Celso Antônio Fernandes e Mira Lúcia Candido Fernandes Cleomar de Jesus Gomes e Ana Paula Ribeiro Alves Fabian Goulart e Walquiria Ribeiro Goulart Flávio Garcia de Alvarenga e Nicléia Cândida Sales Alvarenga Gabriel Tadeu Costa Júnior e Vera Lúcia J. Santos Gilmar Rodrigues da Costa e Cleire Lane Netto P. Costa Hernando Bernardo da Silva e Valéria Lúcia de Melo Silva Humberto Vieira Nunes e Neide Aparecida Sylvestre Nunes Jair Vicente de Paula e Herondina Aparecida de Paula João Evangelista Dias Sobrinho e Marlene Cândida da Silva Dias João Jerônimo dos Santos e Solira Maria Rodrigues dos Santos João Paulo Guimarães Caixeta www.revistaportalvip.com.br

Joel Silvestre Fernandes Júnior e Larissa Lorrany Silvestre Jorge Antônio André e Malba Fernandes Félix André José Rubens de Mesquita e Eliane Arcanjo de Sousa Mesquita Leonardo Bueno da Costa e Maria Antônia Duarte Ribeiro Manoel Coutinho dos Santos e Vera Lúcia Costa dos Santos Márcio de Faria Vale e Marilânia Borges P. Vale Marco Aurélio Guimarães Stefani Minerval Silvestre Candido e Nilza Pinto Ribeiro Murilo Marques Pimenta e Roseane Rodrigues Pimenta Nilde Alves Ribeiro Roberci Marciano Leite e Magda Elaina Aparecida Pereira Leite Roberto César Fernandes e Nerivalda Ciríaco Fernandes Roberto Ferreira dos Santos e Naila Skaf Democh Rogério Mesquita e Luciana Matias Marra e Cruz Mesquita Rubens Rodrigues de Cássia e Maria Amélia do Nascimento Rodrigues Sebastião Cassimiro de Macedo e Suely Alves Cassimiro de Macedo.

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_ ENTREVISTA

Missão cumprida!

A recompensa em se fazer uma revista como a Portal VIP. Há pouco tempo, li em um blog algo que ficou guardado comigo. No contexto dizia: “Entre tantas definições, registrar a história é a arte de estabelecer fundamentos para o futuro a fim de que as próximas gerações sejam beneficiadas e possam celebrar com gratidão a memória de nosso passado.” Essa definição me chamou a atenção, uma vez que acredito nisso, pois desde pequena sou curiosa e é bem verdade que não tem como trilhar os caminhos do futuro sem conhecer nossas origens. Certo dia, minha filha Badra parou e me disse com um olhar distante, “Nossa mãe, como eu queria ver fotos das Congadas de cem anos atrás”. Com aquela frase, parei para imaginar como eram as festas. Devemos muito há alguns historiadores de Catalão, principalmente aqueles que nos oferecem a origem de nossa querida cidade; mesmo sendo uma história cheia de lacunas. A equipe Portal VIP tenta de todas as formas resgatar aquela que, seguramente foi nossa mais importante fase histórica - a Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário - razão fundamental de nossa existência enquanto Município; da promoção do turismo em Catalão e de suas belezas enquanto folclore de uma festa tradição. Porém, não sabíamos que a nossa revista era fonte de pesquisa para teses universitárias e ficamos surpresos e agradecidos ao descobrir esse fato. Cássio Ribeiro Manuel, de 23 anos, é formado em Letras (Português e Inglês pela UFG) e nos contou que quando iniciou sua vida acadêmica tinha como intuito fazer um trabalho de conclusão de curso sobre as Congadas. E por viver desde a infância em meio a essa festa, com o passar dos anos, desejou ser dançador. Filho único de José Pedro Manuel e Marilda Ribeiro Manuel, o

jovem sempre foi movido pela fé. “Recordo que minha fé se manifestou ainda na infância, sendo que dancei pela primeira vez com três anos. Meus pais e avós são católicos e minha avó paterna, Divina Martins, foi bandeirinha. Meus tios e os netos também, ou seja, algo que sempre nos foi passado de geração em geração”. Cássio revela que quando resolveu fazer a monografia sobre as Congadas preferiu consultar livros e não fazer uma pesquisa de campo. “Como não era possível eu fazer uma pesquisa de campo direta, pois esta teria que passar pelo comitê de ética da faculdade, pesquisei nos livros, e conversando com pessoas próximas que já estavam há muito tempo presentes nas Congadas. Em uma pesquisa indireta, falei com minha avó, com o irmão dela, João Coelho que foi capitão e presidente da Irmandade, inclusive o primeiro estatuto foi criado dentro da casa dele. E dessa curiosidade de saber mais sobre a cultura e essa manifestação riquíssima, nasceu a inspiração para realizar as pesquisas. Também, é claro, através dos livros, através de estudiosos como o Carlos Rodrigo Brandão, livros das Congadas do Robson Macêdo, foi com propósito de saber mais sobre essas modificações que acontecem na festa”. Cássio lembra que a Revista Portal VIP colaborou com sua pesquisa e acredita serem importantíssimas as pesquisas que a Revista realiza sobre a festa. “Parabenizo a Revista Portal VIP pelo belo trabalho de todos os anos. Trabalho esse que foi uma base pra eu construir a parte histórica da minha tese, porque eu tinha poucos relatos sobre a parte histórica. O artigo publicado me ajudou muito a construir e a refletir sobre essa parte da nossa cultura, que já existe há mais de 100 anos. Acredito que os estudiosos precisam registrar, caso contrário, daqui há alguns anos não vai ter nada de memória sobre essa gi-

gantesca cultura. Temos que registrar tudo isso para que nossos filhos possam ter conhecimento dessa festa linda, que completa 138 anos de manifestações religiosas e culturais”. Todos os jovens sabem que apresentar uma monografia não é nada fácil. Cássio relembra sua apresentação. “Eu estava muito seguro do que eu ia falar, pois tenho muita devoção a Nossa Senhora do Rosário e toda vez que eu ia escrever uma parte da minha monografia, pedia a intercessão da Santa, e dizia: “Nossa Senhora, é pra senhora que eu estou escrevendo, então me ilumina e me ajuda”. Minha banca foi muito tranquila, era pra durar 20 minutos e acabou sendo uma discussão de mais de uma hora. Havia dois estudiosos dessa cultura na banca, a Luana Duarte, que fez um glossário em sua monografia de pós-graduação, e em seu mestrado ela trabalhou as irmandades de preto, e a outra, minha orientadora, Professora Dra. Maria Helena de Paula, que trabalhou as cantigas em seu mestrado. Ali discutimos e conversamos sobre os temas e debatemos pontos e questões que surgiram durante a apresentação”. Feliz com o resultado, o dançador do Mocambique Mamãe do Rosário deixa uma mensagem para as crianças que vem por aí, e que é o futuro das Congadas. “Os papais e mamães devem incentivar seus filhos, os que já são dançadores, incentivar a continuarem dançando e louvando a Nossa Senhora do Rosário para que essa tradição possa prosperar ainda por anos a fio. Para não deixar que nada abale essa tradição, e sim que continue passando de geração a geração, para que os filhos dos nossos filhos possam ainda vivenciar essa cultura tão forte e bonita”. O jovem conclui ao cantar para nós, trechos de uma cantiga que o toca muito.

“Oia viva! Oia viva! Oia viva! Oia viva a Mamãe do Rosário! Oia viva! Oia viva! Oia viva! Oia viva a Mamãe do Rosário”! “Sempre quando chegamos ao Largo do Rosário para hastear a bandeira de Nossa Senhora, o Capitão Diogo começa a marcar essa cantiga. Cantiga essa, que me marcou muito nesse primeiro ano que dancei no Terno Moçambique mamãe do Rosário”, Cássio.

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Agradecer é preciso, SEMPRE! Durante toda minha vida concordei com o filósofo Cícero que escreveu: “a gratidão não é apenas a maior das virtudes, mas a mãe de todas as outras”. Baseada nessa teoria, às vezes, me pego a pensar no quanto sou grata às pessoas, pois a vida me ensinou que o cotidiano nos impõe necessidades de colaboração mútua e que ninguém, absolutamente ninguém, por mais rico que seja, está livre de precisar do outro. Por isso, estou aqui, para simplesmente eternizar o meu MUITO OBRIGADA a todos que, de uma forma ou de outra, me incentivaram a realizar esse grande projeto juntamente com toda equipe Revista Portal VIP. Obrigada Iliane Fonseca por acreditar na minha capacidade de realizar essa pesquisa sobre a Congada e ter me apresentado a Cultura Racional, que tanta sabedoria e paz me oferece.

milo pelas pesquisas, informações e todo carinho para com o nosso trabalho. Obrigada aos festeiros de 2014, Joel Fernandes e Joana Darc, bem como aos festeiros de 2015, Silvano e Mary, por ajudarem esse projeto e por se dedicarem à nossa cultura.

Ana Cristina Oliveira Pires, Rubya Danielle Ferreira, Fabiana Borges, Ana Darc Ribeiro, Lú Dantas e Cacauh Bento pelos nomes dos festeiros lembrados. Obrigada Alvim, do Terno do Zé do Gordo, por toda ajuda e pelos convites para acompanhar seu terno.

Obrigada dona Maria de Lourdes Netto Campos, que tão bem nos recebeu em sua casa e nos revelou importantes passagens de sua família na centenária festa em Louvor à Nossa Senhora do Rosário.

Obrigada a todos os colegas da imprensa, que tanto me incentivaram, pois a força de vocês foi primordial em minhas pesquisas.

Obrigada Paulo Hummel Júnior, pois soubemos da sua busca aos festeiros para nos ajudar.

Obrigada a todos os nossos patrocinadores e anunciantes por acreditarem na cultura de Catalão e confiarem em nosso trabalho.

Obrigada professor José Francisco, o Chiquinho e ao jornalista Robson Macedo, pois o vasto conhecimento de vocês nos ajudou imensamente. Obrigada Cléo Travaglini por todas as fotos e informações preciosas que você nos nos repassou. Você é dez!

Bom, se esqueci de alguém, peço aqui, imensamente desculpas! No entanto, o meu muito obrigada a minha filha Badra e seu namorado Phellipe, minha mãe Édima e ao meu irmão Danilo pelo incentivo e confiança que me passaram. Sem dúvida alguma, dedico esse trabalho a vocês, de todo meu coração.

Obrigada Elaine Rosa Teixeira, Flávia Goulart, Márcia Rosa e Janaina Faleiro e Ítalo Bueno pois a amizade e a proteção de vocês me incentivaram muito nesse trabalho e nessa realização.

Por fim, gostaria de registrar aqui o maior de todos os meus agradecimentos, ou seja, obrigada minha mãezinha Nossa Senhora do Rosário. Obrigada, mil vezes obrigada! Salve Rosário! Desfrute desta edição especial!

Obrigada senhor Elzon Arruda e toda família por tão bem nos recepcionar em sua residência e nos dedicar seu precioso tempo.

O nosso muito obrigada aos amigos Mauro Camacho e Maria do Carmo por tudo que vocês fizeram para a realização desse sonho e pela devoção que vocês nutrem por Nossa Senhora do Rosário. Obrigada de Coração.

Obrigada Marcial Campos por todas as madrugadas em que esteve acordado, me ajudando através do whatsapp com dados para a pesquisa. Aliás, “Ah! esses coronéis”! (risos).

Obrigada Marina Rosa Netto e seu marido, o jornalista Luiz Carlos Rodrigues, pois nunca nos vimos e vocês com todo carisma e humildade me ajudaram com tantos festeiros.

Obrigada Edson Democh por ser esse magnífico pesquisador e por ter aberto as portas de sua casa e nos revelado tudo que sabia. Sua ajuda foi essencial.

Obrigada Vera Lúcia do Nascimento e Ênio Barbosa pois vocês são como meus segundos pais e me deram mais que força para realizar esse trabalho, uma vez que abraçaram o projeto e me fizeram acreditar que seria capaz.

Obrigada Hávila Leonel por ter sido minha sombra nos últimos quatro meses, e por todas as orientacões e apoio nos momentos de dúvidas e dificuldades. Obrigada Ana Paula Oliveira, Ana Paula Vasconcelos e Letícia Cubas por fazerem parte da equipe Portal VIP. Obrigada Guilherme Weber, Vaneli Ferreira Leão, Regina Rodovalho, Ana Mendes e Yamara Venâncio por terem sido meu braço direito e minha companhia nas pesquisas no Museu Cornélio Ramos.

Obrigada professor Dan Ashuero e sua esposa Luzenilda por amarem tanto a nossa cultura e nossa história. Sem vocês nada teria se concretizado. Obrigada Sylvio Netto Lorenzi e seu blog: “Nosso Catalão” por sempre me ajudar a esclarecer minhas dúvidas com informações e fotografias do nosso Catalão. Obrigada Núbia Palmério, Fábio Netto Lorenzi, João Sebba, Maria Célia Paschoal, Cherim, Kalil Abrão e Annibal Margon por todas as fotos a nós repassadas e que abrilhantam a nossa revista. Obrigada Diogo Gonçalves e Eduardo Ca-

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Obrigada as minhas amigas Sônias: Sônia Rocha, Sônia Weder Ramos e Sônia Sant’Anna, pois vocês fizeram a diferença nessa pesquisa. Obrigada Lucinha Tartuci e agradeça sua mãe por nós, pois as memórias do passado foram nossa base para o início. Obrigada Alex Bittarely Messias pelas muitas caminhadas e por se importar tanto com o passado dessa grande festa. Nosso obrigada aos amigos faces: Sonia Maria de Morais Pereira, Geisiane Martins,

Maysa Abrão e toda equipe Revista Portal VIP


Fotos: Márcia Rosa / Badra Abrão – Texto: Letícia Cubas

Reconhecimento:

uma virtude! Requisitos necessários para desenvolver um trabalho bem feito, completo, perfeito: Emoção; claro, quem não se emociona não tem sensibilidade para escrever e descrever os fatos.

Ela ama o que faz

Persistência; é fácil começar, findar um trabalho é que é o complicado, lutar consigo mesmo para dia após dia manter a paixão pelo que começou. Bom humor; sem este, nada se mantém! Tropeçar, errar, perder, cair, mas levantar, e levar com bom humor as adversidades encontradas no decorrer da missão. Carinho; cada foto, cada palavra, tudo que é feito com carinho a gente sente, e sem dúvida a repórter, fotógrafa, “pesquisadora e historiadora” Maysa Abrão empregou todo carinho do seu coração nesse projeto. Não foi fácil! Lágrimas, sorrisos, cansaço, noites e mais noites mal dormidas, mas valeu a pena! Queremos agradecer diretamente a esta profissional que proporcionou esta linda homenagem a uma das mais belas manifestações de cultura e religião do nosso país. Maysa, obrigada pela coragem e determinação. Seu esforço valeu a pena, pois está materializada nesta Edição Congadas Especial, a história secular desta linda manifestação catalana, por toda a eternidade. Equipe Portal VIP

Dedicação é uma marca de quem ama o que faz. Maysa é dedicação em pessoa.

www.revistaportalvip.com.br

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