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Ressurreição (Selaginella lepidophylla

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de hibisco sobre folhas de papel bordadas a vermelho com elementos arquitectónicos que são reconhecíveis passeando por este jardim botânico. Se uma folha de papel é um armazém, que pode conter palavras escritas, desenhos, ima desenhos, imagens impressas com a luz, tal como a folha de uma árvore armazena a luz solar, será possível descrever por cima de folhas vegetais – nas quais estão impressas imagens de outras plantas que moram neste jardim – uma e uma estufa, estantes para vasos, uma porta? É preciso uma árvore para fazer uma casa, tal como é preciso um jardim para construir uma cidade. Nesta alteração de escala onde se guardam umas imagens e se sobrepõem outras, onde a luz se imprime, podemos onde a luz se imprime, podemos reencontrar uma relação com o espaço que ocupamos, como o habitamos e com quem. A reflexão sobre o fotográfico no trabalho de Sofia Berberan é abordada por uma metafotografia, que opera não por meio de processos fotográficos experimentais, mas por uma representação ao nível do simbóli simbólico através de uma performa vidade em que a figura humana e fotografia se tornam um só corpo. Numa primeira fase de captura, procura-se estabelecer uma relação entre fotografante e fotografado. Ao dispa disparar da máquina fotográfica o olho fecha-se e não vê e naquele instante de cegueira Captura-se uma imagem que prende quem está de um lado e do outro da objec va numa rede que se materializa visualmente pelos limos que vivem na paisagem aqu aquá ca onde se insere esta instalação, guardando um momento que já passou – como indica a escrita que alguém deixou por cima deste tanque, “just memory”. A ideia de ardência é associada por um lado a um incontentável desejo de ver, como também a uma potência destruidora de Devoração, que se manifesta tanto na planta carnívora que gradualmente se irá ap apropriando da imagem, como no vermelho da roupa e das flores da árvore do fogo (que se encontra neste jardim) que ocultam o rosto impossibilitado de cumprir o seu desejo, a não ser acabando por sucumbir a ele. Segue uma úl ma f fase de Ressurreição, tomando este tulo a par r da planta que hospeda cada uma destas imagens e cuja par cularidade é de, apesar de estar morta, reagir aos es mulos vitais ora abrindo-se e fechando-se, ora em t tonalidades verdes e outras acastanhadas. Neste contacto entre botânica e fotografia procura-se, entretanto, uma relação de reciprocidade entre luz e olho, remetendo para um

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