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1. Interligações e Impactos As alterações climáticas são atualmente uma realidade global incontestável e politicamente urgente, tendo como principal causa os gases com efeito de estufa (GEE) em resultado da ação humana. Constituem não apenas um problema ambiental, mas uma emergência humanitária e de desenvolvimento com proporções globais, afetando de forma desproporcional os países menos desenvolvidos e os setores da população mais pobres e vulneráveis. Não é possível promover um desenvolvimento sustentável sem uma ação firme, sustentada e inovadora no combate às alterações climáticas, nem se pode responder às alterações climáticas sem ter em conta os desafios multidimensionais ao desenvolvimento, no plano global, nacional e local. Isto é ainda mais importante se tivermos em conta os efeitos cumulativos da crise provocada pela pandemia de COVID-19. Nas últimas décadas, as alterações climáticas têm tido efeitos diretos que estão hoje amplamente estudados e comprovados: o planeta tem sofrido uma aceleração do aquecimento global, com o derretimento de gelo e glaciares que origina a subida do nível das águas do mar, bem como o aumento da frequência e duração de secas e ondas de calor; a intensidade e quantidade de fenómenos meteorológicos extremos é cada vez maior, aumentando a exposição e vulnerabilidade às alterações climáticas; há uma crescente acidificação dos oceanos, que acresce a outras pressões humanas sobre o mar (como a sobrepesca, a poluição e os plásticos); e os ecossistemas são fortemente afetados, com a alteração do equilíbrio das espécies e dos habitats, a perda de biodiversidade e um impacto económico, social e ambiental de grandes proporções. A crise climática é, assim, parte de uma crise ambiental e de sustentabilidade mais alargada, em que a Humanidade se tem afastado da Natureza e vivido no curto-prazo, como se os recursos fossem ilimitados. Apesar de terem parca responsabilidade pelas alterações climáticas, as regiões, países e populações mais pobres são os que sofrem maiores impactos negativos. Com efeito, historicamente os países desenvolvidos foram os grandes responsáveis pela emissão e concentração de gases com efeito de estufa (GEE) na atmosfera e pelo consequente aquecimento