Saúde para Todos: Pneumologia - Doenças Respiratórias Crónicas - A asma e a DPOC

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DOENÇAS RESPIRATÓRIAS CRÓNICAS A ASMA E A DPOC As doenças respiratórias são doenças que afectam o trato e os órgãos do sistema respiratório. Estima-se que as doenças respiratórias vitimem por ano 4 milhões de pessoas. Só a DPOC constitui a quarta maior causa de morte a nível mundial. As doenças respiratórias como a asma limitam a actividade do indivíduo, podendo mesmo tornar-se incapacitantes. A medicação e as deslocações de emergência a unidades de saúde representam um elevado esforço financeiro tanto para as famílias como para os estados.

A ASMA É uma doença inflamatória crónica das vias aéreas. Em resposta a diferentes estímulos, há libertação de certas substâncias que levam à contracção dos músculos dos brônquios com consequente diminuição do seu calibre (broncoconstrição). A broncoconstrição é reversível espontaneamente ou através de medicamentos. A doença não é hereditária mas há uma predisposição genética: quando há casos na família é mais provável surgirem outros. Não tem cura mas a medicação permite o controlo dos sintomas. Quais os sintomas? - Falta de ar - Chiadeira no peito (pieira) - Pressão no peito, tosse

A ASMA BRÔNQUICA NA CONSULTA O que perguntar na consulta? Em contexto de consulta deve fazer sempre um conjunto de perguntas para perceber se a asma está controlada: 1. Tem sintomas de asma durante o dia? 2. Consegue fazer as suas tarefas do dia-a-dia sem dificuldade? 3. Acorda de noite com sintomas de asma? 4. Precisa de fazer o salbutamol (medicação de SOS) por ter crises de asma? 5. Com que frequência tem crises de asma? 6. Os exames respiratórios são normais ou estão alterados?

Como se trata a asma no dia-a-dia? - Evitar factores desencadeantes - Medicação inalada (bombinhas) - Todos os doentes devem ter salbutamol e saber que o devem fazer nas situações de crise

Informe os seus pacientes que as bombinhas não fazem mal ao coração!


Como se prescrevem os inaladores?

Beclometasona (200-500mcg, na câmara expansora) Mantem sintomas? (fazer as 6 perguntas) Aumentar beclometasona (500-1000mcg) + Salbutamol (4 inal. 3xd,na c.exp.)

ou

Manter a dose de beclometasona (200-500 mcg) + Salbutamol (4 inal. 3xd, na c.exp.) + Aminofilina (250 mg 2xdia) Mantem sintomas? Aumentar beclometasona (>1000mcg) Manter salbutamol e aminofilina

ASMA BRÔNQUICA NA URGÊNCIA Se não estiver controlada, a asma pode matar! As crises de asma podem ser fatais e, por isso, têm de se reconhecer precocemente e tratar corretamente. Caracteriza-se por broncospasmo e corresponde ao aumento súbito ou evolutivo (em horas ou dias) dos sintomas da asma: dispneia, tosse, pieira, pressão no peito. Existem vários fatores desencadeantes. Alguns exemplos são: -

Ácaros Pólenes Pelos de animais Poluição atmosférica Fumo dos cigarros Alguns alimentos Alguns medicamentos Odores fortes

- Mudanças de temperatura - Exercício - Azia - Infeções respiratórias - Alterações emocionais - Alterações endócrinas (gravidez, ciclo menstrual)

A crise é grave quando: Tem falta de ar em repouso, inclinando-se para a frente Fala pausadamente sem conseguir formar frases completas Está agitado, sonolento ou confuso Está exausto (cansado) Está em pânico (tem medo) Tem frequência cardíaca > 120 batimentos/minuto Tem frequência respiratória de 30/minuto ou mais, no adulto; 40/minuto ou mais, dos 12 meses aos 5 anos; 50/minuto ou mais, dos 2 aos 12 meses e 60/minuto ou mais, nos menores de 2 meses Os bebés param de mamar


Como atuar perante uma crise de asma? 1. Avaliar a gravidade da crise 2. Ponderar exames (radiografia, análises, etc.) 3. Iniciar medicação adequada para:

Como se prescreve a medicação?

Se sim

Se sim


A DPOC A doença pulmonar obstrutiva crónica é uma doença prevenível e tratável com efeitos extra-pulmonares importantes que podem contribuir para a gravidade do quadro clínico. O componente pulmonar é caracterizado por uma limitação do fluxo aéreo que não é totalmente reversível. Esta limitação ventilatória é usualmente progressiva e associada a uma resposta inflamatória anormal do pulmão a partículas ou gases nocivos.

Quais os sintomas? - Tosse - Expetoração - Dispneia de esforço. É frequente ocorrerem episódios de agravamento agudo destes sintomas.

Quais os fatores de risco? O fator de risco mais importante para a DPOC é o Tabagismo. O fator de risco genético melhor documentado é uma deficiência grave hereditária de alfa-1 antitripsina. O desenvolvimento da doença está relacionado com a carga total de partículas inaladas pelo indivíduo durante toda a sua vida: Tabagismo: incluindo cigarro, cachimbo, charuto e outros tipos de tabaco. A exposição passivo ao fumo do tabaco contribui de igual forma para a existência de sintomas respiratórios e DPOC Poeiras e químicos ocupacionais: vapores, substâncias irritantes e gases (exposições intensas e prolongadas) Poluição do ar interior: por combustíveis orgânicos, utilizados para cozinhar e para aquecimento de habitações inadequadamente ventiladas Poluição do ar exterior: aumenta a carga total de partículas inaladas, embora pareça ter um efeito minor quando causa de DPOC


Diagnóstico: Deve ser ponderado em qualquer indivíduo com mais de 40 anos que apresente sintomas característicos e uma história de exposição a fatores de risco, sobretudo ao fumo do tabaco.

Indicadores-chave para diagnóstico de DPOC:

Tosse crónica

Expetoração crónica

Dispneia

+

Exposição a fatores de risco

Presente de forma intermitente ou todos os dias. Pode não ser produtiva.

Qualquer padrão de produção crónica de expetoração poderá indicar DPOC.

Progressiva (agrava-se com o tempo) Persistente (presente todos os dias) Agrava com o exercício Descrita pelo doente como: “esforço maior para respirar”, “dificuldade em respirar”, “falta de ar”, “peso” ou “necessidade de ar”

Fumo de tabaco Poeiras e químicos ocupacionais Fumos domésticos (cozinha, aquecimento a lenha)

O diagnóstico deve ser confirmado por Espirometria. Quando não for possível realizar uma espirometria, o diagnóstico de DPOC deverá ser efetuado recorrendo a outras alternativas disponíveis. Sintomas e sinais clínicos (dispneia e aumento do tempo expiratório na auscultação pulmonar) podem ser úteis para o diagnóstico. Um débito expiratório máximo instantâneo (peak flow) baixo é compatível com DPOC, mas tem pouco significado, dado poder ser limitado também por outras doenças pulmonares e por má colaboração do doente. Para melhorar a precisão do diagnóstico de DPOC todos os esforços deverão ser efetuados para garantir o acesso a uma espirometria padronizada.


SINTOMAS

EXPOSIÇÃO A FATORES DE RISCO

Tosse Expetoração dispneia

Fumo de tabaco Ocupação Poluição interior/exterior

ESPIROMETRIA

Não reversível

VEMS/FVC < 70% VEMS < 80%

* Para o diagnóstico e a avaliação da gravidade da DPOC, é recomendável determinar o VEMS pós-broncodilatação.

Terapêutica A terapêutica da DPOC estável deve ser adaptada ao nível de gravidade da doença.

Estádio I Ligeira

VEMS ≥ 80%

Evicção de fatores de risco, vacina da gripe broncodilatadores de curta ação em SOS

Estádio II Moderada

50%≤VEMS<80%

+ broncodilatadores de longa duração (1 ou mais) e reabilitação respiratória


Estádio III Grave

30%≤VEMS<50%

+ corticosteroides inalados se exacerbações repetidas

Estádio IV Muito Grave VEMS<30% ou VEMS<50% e IRC + oxigenioterapia/terapêutica cirúrgica

Exemplo de prescrição R/salbutamol 4 inal 6/6h brometo de ipratrópio 4 inal 6/6h beclometasona 2 inal 12/12h aminofilina 1 cp 12/12h


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