Tgi2 inah prado nassu

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Entre Camadas Processos


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Este caderno apresenta processos de formação de um pensamento sobre a cidade e a arquitetura. Mais que a proposta de edificação é o olhar para a cidade que faz o ato de projetar. A construção de um conceito de IDEAL que paute a arquitetura como mecanismo de viabilizar uma cidade no horizonte [o que se espera da urbanidade, da apreensão de espaço urbano e da apropriação dos coletivos. O espaço existente é a base para fomentar essa nova leitura, não é irrelevante, é a partir dele e de suas dinâmicas que se pode propor uma nova relação pessoal.espacial. Quanto à existência [questionar, duvidar, negar, exaltar, condicionar, romper, transpor, discernir, regrar, libertar. O fechamento de tgi2 não é mais que o processo de reavaliar as bases didáticas ao longo da graduação e aplicá-las espacialmente, não finaliza uma metodologia de projetar, mas incita a profissão de pensar e repensar a cidade, desnaturalizar o existente e avaliá-lo, questiona mais que responde, mas é ao perder o medo dos por ques sem respostas que se propõe alguma ação.


assunto


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Trabalho de Graduação Integrado 2 Inah Prado Nassu Instituto de Arquitetura e Urbanismo . São Carlos Universidade de São Paulo . São Carlos

Entre Camadas e Processos

Intervenção em Interstício. São Paulo


Ă­ndice


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pré tgi | 10 tgi 1 | 12 lugar | 20 camadas | 36 largo da memória | 44 aproximações | 52 foto.representação | 60 cidade no horizonte | 90 pontos a contrapor | 92 experimentações | 104 temas | 116 adições | 122 4:4 | 130 topografia recortada | 140 volumes | 152 situações | 168



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A todos que constroem: seja uma parede, seja um ideal.


pré tgi

¹PADOVANO , Bruno Roberto. Bernard Tschumi. Entrevista, São Paulo, 02.008, Vitruvius, out 2001.


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O conceito de percurso se desenvolve em concentração de caminho no espaço | tempo que se transforma em movimentos no espaço. Um conceito aberto, que não se finaliza em si e não se impõe às ideias sobre as quais ele foi desenvolvido, mas que, por adição de questionamentos é até agora o estágio da linha de pensamento. O indivíduo pensado como agente do movimento no espaço, por que se move, o que o move, o que muda seu movimento. Barreira, desvio, transposição, intenções, atrativos, sobreposição > continuar, percorrer, atravessar, virar, mudar, subir, descer [...] são ações-resposta a elementos criados no espaço. São a essas ações que atento, pois é o movimento que desenha as linhas e planos da criação de um lugar, e a elas se adicionam texturas, planos, usos etc. que são causa e conseqüência do movimento do usuário. O espaço é resposta e agente de transformação do movimento. O movimento é a ação ou o processo, e ainda o ato ou uma maneira particular de mover-se – que em um poema ou em uma narrativa, configura um progresso ou incidente, como o desenvolvimento de um lote. ¹ Partindo de um movimento-base linear, a dobra dessa linearidade e a ruptura nesse processo são subtrações espaciais e também adições de movimento em outra direção. A quebra, o ato de mudar parte de uma intenção, de uma vontade e de uma escolha são pontos importantes dentro da relação espacial. Enquanto o corpo em movimento gera espaço. Mas a arquitetura é a linha contrária: o espaço pensado a fim de criar novos movimentos, recriá-los ou repensálos como forma de expandir sensações, experiências, intenções.


tgi 1


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A essa relação espaço | indivíduo se volta o questionamento da cidade, da concepção de arquitetura, a análise de como as urbanidades acontecem a partir disso, e como negam que essa relação apareça de forma livre. Como as questões do movimento se aplicam ao processo de criação do espaço? Como a sensorialidade da cidade pode garantir uma nova visão urbana a quem a experiencia, e como a arquitetura se vale disso? Quão pertinente se faz o processo projetual que puramente experimenta a criação de espaços, e quanto se aproxima das questões de criação de uma cidade esperada. O TGI, mais que a elaboração de um projeto, é um caminho entre indagações e formação de pensamento que, como processo de graduação, repensa os conhecimentos adquiridos e costura uma leitura de conceitos e de posicionamento da ação do arquiteto e urbanista no espaço a ser transformado. Nessa leitura, entendo a cidade como processo, e a intervenção como rompimento para a geração de novas possibilidades de cidade que, dentro dessas possibilidades, tem um foco ou conceito base que pretende um ideal.


Processos de análise das dinâmicas da cidade, para proposta de intervenção como ação-resposta à cidade existente. Para tanto destaco algumas abordagens: as Post-It Cities como latências urbanas, processos espontâneos que acontecem na cidade, e que não são vinculados a espaços programados para recebê-los, são vivências que devem ser atentadas como indícios de necessidades espaciais dadas pelas atividades da sociedade, as quais uma intervenção pode responder. Uma primeira aproximação nessa correlação entre edifício e cidade, se dá pela permeabilidade proposta do edifício com o espaço envolto. Nessa interação, é interessante pensar as diferentes propostas de aberturas: como elas podem pontuar, destacar uma visual da cidade; pode se expandir e se abrir para o meio urbano ou se fechar; a implantação do edifício como continuação de um percurso urbano: recortes no terreno, subsolo, elevações [...] o que suscita como esse percurso, ao entrar no edifício pode ser trabalhado - dentro e fora, cima e baixo - e como continuação desse caminhar urbano, como pode ser trabalhado um edifício que percorra contrastes permitindo um outro grau de leitura da cidade por quem o percorre. A partir dessas análises urbanas, a lógica de ações projetuais como ações-resposta à cidade subjacente são propostas de acordo com as condições existentes. E assim, a criação de uma espécie de sistema, não como módulo formal ou programático, mas uma lógica de ações a serem combinadas criando espaços singulares.


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Aos diferentes contextos que entremeiam as camadas da cidade e que constituem a variabilidade de espaços, à diversidade das dinâmicas urbanas. Leitura de cidade integrada, de múltiplas possibilidades, de seus inúmeros acontecimentos. O que constrói esse espaço são suas diferenças, portanto MOVIMENTAR-se entre elas, PERCEBÊ-las e ATIVÁlas são três ações concomitantes que somadas às inúmeras situações geram as infinitas experiências e experimentações de cidade. Figurativamente, essas camadas se apresentam separadas entre apropriação, resíduo, sistema e vazio. E a esses contextos aplicam-se os MOVIMENTOS, PERCEPÇÕES E ATIVAÇÃO DOS ESPAÇOS, pensando que a força de uma intervenção é sua capacidade de transformar essas ações e não de negar as camadas.


MOVIMENTOS

limiar . Percorrer as camadas sem invadi-las, atravessar seus limites, uma situação de cada lado, não corta nem insere, percebe as diferenças por estar entre elas, caminhar entre as barreiras. permear . Caminha dentro dos contextos, percorre seus meios, rasga e atravessa, percebe cada camada por vez: insere-se em uma, depois em outra [...]. Adentra, invade, quebra barreiras e limites.


PERCEPÇÕES. dispositivos17

Um dos dispositivos de percepção do espaço em contraste tem como base as composições de aberturas e fechamentos visuais e táteis entre os espaços internos da intervenção e o externo, do contexto. Outra abordagem é quanto a relação da intervenção com seu interior, não pela criação de barreiras físicas com o exterior, mas criando dispositivos que focam questões internas ao espaço criado.


ATIVAÇÕES DO ESPAÇO. dispositivos


19 ADIÇÃO . As ativações do espaço têm uma relação volumétrica mais forte com o processo de intervenção no espaço. A criação de um volume e sua implantação no meio é uma adição. Cria barreiras ou faz ligações, infere fluxos e transforma seu arredor, adiciona usos, edifica.

SUBTRAÇÃO . Ao fazer a retirada de um volume existente, cria-se novas relações do espaço que antes estava limitado pelo volume subtraído. Possibilita novos caminhos, novas paredes são percebidas, afasta os limites, redireciona as barreiras.

INCISÃO . A incisão, dentro dessa atuação, seria mais a transformação de um espaço dado, sem ainda a necessidade de adicionar ou subtrair o volume a ser ativado: ao requalificar, dar novos usos ou garantir acesso, são transformações mais sutis que respondem ao potencializar algo que já existe.


lugar


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Por Nelson Kon apud Sentidos do Anhangabaú [pablo emilio robert hereñú]



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Bailinho do Largo da Mem贸ria. Mai.2010. Foto: JB Neto| Estad茫o



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AS CAMADAS HISTÓRICAS QUE CONSTITUEM O ESPAÇO

Tomando como partido três superfícies que determinam o recorte da cidade de São Paulo entre .CENTRO VELHO | CENTRONOVO | VALE DO ANHANGABAÚ | LARGO DA MEMÓRIA. em três marcos significativos

:Edifício Martinelli :Parque do Anhangabaú :Plano de Avenidas

área de intervenção

Linhas gerais: verticalização como um processo histórico que beneficiava classes de alta renda, em territórios já com melhor infra-estrutura urbana. A análise histórica do centro da cidade de São Paulo traça um perfil de ocupação que é verticalizado, mas não necessariamente denso. Dadas as propostas de legislação do espaço urbano, a ação municipal é mais um processo de regulamentação dos coeficientes de aproveitamento – densidade de construção - a fim de controlar uso e distribuição de infra-estruturas urbanas e valores fundiários.


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. 1910|1920. Início do processo de verticalização, a exemplo de outros casos mundiais (Chicago, Nova Iorque), otimização de terrenos >escritórios no Centro de São Paulo. . 1930|1940. Plano de Avenidas Prestes Maia, maior investimento em infra-estrutura urbana nas áreas adjacentes ao Centro >residências em bairros próximos ao Centro. > 1928 legislação de condomínio > 1929 Edifício Martinelli (coeficiente de aproveitamento 22x área do terreno) . Até Segunda Grande Guerra. >70% dos edifícios na área central > 65% dos edifícios de uso comercial >investimentos em aluguéis (até 79% das unidades alugadas) . 1940|1957. >71% dos edifícios construídos na área central >25% dos edifícios construídos de uso comercial >(até 25% das unidades alugadas) . 1942. legislação do inquilinato (congelamento de aluguéis em período inflacionário) primeira crise na história da habitação. . 1957. Anhaia Mello. Lei 5261 limita coeficiente de aproveitamento = 6x área do terreno para comércio, 4x área do terreno para residência. – antes a lei regulamentava apenas alturas de edificações, na zona central, por exemplo, esse limite era de 80m, equivalente a 25 andares, o que estimulava mais do que restringia o processo de verticalização - ; densidade demográfica máxima de 600 habitantes/ hectare (35m² de terreno por unidade) – processo que excluía as classes mais baixas desse mercado imobiliário, dado o alto valor de terra. . 1967. BNH . 1972. Lei de zoneamento - limitações de coeficientes de aproveitamento se dissolvem no espaço urbano >4% da área de São Paulo tem coeficiente =1 > 86% da área de São Paulo tem coeficiente =2 > 10% da área de São Paulo tem coeficiente =4.

Mancha 1 . primeira verticalização | Centro Velho

Mancha 2 . segunda verticalização | Centro Novo

Mancha 3 . demais verticalizações | Adjacências ao centro


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EdifĂ­cio Martinelli 1929


Parque do Anhangabaú

Angelo Bucci identifica três momentos históricos da relação da cidade de São Paulo com o vale do Anhangabaú: Viaduto do Chá

Recusa. Da fundação até o século XVIII, a cidade se conformava dentre os vales do Tamanduateí e Anhangabaú, voltando-se para o centro, e fechandose para os vales, como uma forma de consolidação defensiva ao que era exterior a essas barreiras naturais, e se utilizavam dos veios fluviais como comunicação e estruturação dos núcleos que se formaram. Enfrentamento. Expansão a oeste do vale do Anhangabaú, que o tornou uma dificuldade física a ser transposta (20m de profundidade e 150m de largura) Superação. Viaduto do Chá em 1892 (por Jules Martin) é a concretização do “sonho centenário realizado” que é a transposição do vale. Até esse momento, o baixio do vale era uma área “esquecida” da cidade, mas que a partir daí, sofreria intervenções que transformaram seu espaço na escala da cidade (Parque de Joseph Bouvard).

Projeção do Triângulo Histórico | século XVIII


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O Viaduto do Chá, em 1929 chama a atenção de Le Corbusier, e em seus desenhos de projeto para a cidade permanecem as estruturas do parque e do viaduto como constituintes de um raciocínio de urbanização que transpõe as limitações físicas do relevo, e usa-se da natureza como espaços livres. Também nesse período, o Plano de Avenidas de Prestes Maia e Ulhôa Cintra configurou uma cidade de São Paulo que ainda é muito expressiva atualmente como sistema viário. O “Y” do plano com as radiais mais importantes – Avenidas Tiradentes, 9 de Julho e 23 de Maio – era o nó do sistema, que se articulava com a “sala de visitas” da cidade: O Parque do Anhangabaú. Mas vale destacar alguns contrapontos: Parque e Avenida | o sistema viário proposto quase que negava o a existência de um parque, exatamente no ponto de maior força do encontro de vias: o Y do plano. Recinto e Metrópole | o enquadramento do Anhangabaú com dimensões rígidas e conformando a área fechada de grande monumento se contrapunha à escala metropolitana de importância de seu espaço.

Plano de Avenidas Prestes Maia | Perímetro de irradiação 1920>1930


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camadas


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Dadas as camadas históricas apresentadas, o espaço atual pode ser lido em três camadas APROXIMAÇÃO . TRANSIÇÃO . DISTANCIAMENTO , esses nomes se ligam ao processo histórico de atravessar o vale do Anhangabaú, não que necessariamente sejam significativos das dinâmicas atuais - por exemplo, não se percebe um distanciamento da cidade para o vale atualmente - mas formam três níveis de urbanidades sobrepostas.



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APROXIMAÇÃO

TRANSIÇÃO

DISTANCIAMENTO



APROXIMAÇÃO| Cota alta, relativa ao triângulo histórico 41

e às primeiras construções da cidade, suas dinâmicas se aproximam da escala do pedestre.

TRANSIÇÃO| Plano Inclinado entre as cotas altas e

baixas, dinâmica de fluxos, de travessias, de subir e descer entre as camadas.

DISTANCIAMENTO| Cota baixa de fundo de vale, força

do sistema viário, as dinâmicas se aproximam da escala dos veículos, a consolidação espacial se faz pela fluidez das vias de trânsito, com grandes vazios volumétricos que mais que um vale topográfico, se torna um vale de construção.


A camada de TRANSIÇÃO é de grande potencial na cidade, está entre níveis de movimentos intensos, de aceleração, é um entrave, está entre limites. Não apenas ser o fluxo entre as barreiras, ela pode gerar movimento. Não é uma camada de negação da cidade, não deve ser tratada como um resquício urbano, mas considerada como uma condição autônoma e única.


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largo da mem贸ria


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Trechos e Imagens de: Instituto Cultural Itaú . Cadernos da Cidade de São Paulo - Largo da Memória ; 6. São Paulo: ICI, 1993. 23p.


1857| A pirâmide, o paredão e o entorno são iluminados para a comemoração do aniversário da Independência

Vista do Largo e arredores. 1860.

Militão Augusto de Azevedo

1867| A Comissão de Obras Públicas inicia reforma do chafariz e melhorias no Tanque Reuno 1873| Construção de uma escava de pedra unindo a Ladeira de Piques à Rua do Paredão 1876| Início da urbanização do Morro do Chá. Reforma do Largo da Memória e construção do terceiro paredão. Extinção do velho Chafariz do Piques

Vista da Ladeira São Francisco para Largo da Memória.1860

Militão Augusto de Azevedo

1899| a Rua do Paredão parra a ser denominada Rua Coronel Xavier de Toledo 1908| A Ladeira do Piques, por exigência popular, teve seu nome alterado para Rua Quirino de Andrade 1919| Iniciada a reurbanização do Largo da Memória com o projeto do arquiteto Victor Dubugras, auxiliado pelo desenhista Wasth Rodrigues. Início da construção do quarto paredão Rua Quirino de Andrade.1919.

Autor desconhecido


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Reabertura do Largo da Memória.1922.

Guilherme Gaensly

1922| No Centenário da Independência é inaugurado o novo Largo da Memória, na gestão de Washignton Luís

Vista em direção à R. Cel. Xavier de T.1971.

Autor desconhecido

1941| Rebaixamento do leito da Rua Formosa 1975| Tombamento do largo pelo Condephaat 1976| O metrô inicia a instalação do canteiro de obras da Estação Anhangabaú 1983| Inauguração da Estação Anhangabaú do Metrô 1984| Término da pintura do painel de Tomie Ohtake

Da escadaria ao obelisco.1992.

Susana Coroneos



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Chafariz do Largo.1990.

Jorge Rosenberg



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Largo da Mem贸ria. 2012

Fotografia pr贸pria


aproximações


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Como processo de formação de um universo projetual, a base de referências e o entendimento deste recorte de cidade existente, suscitando os questionamentos apresentados, aborda-se principalmente três pontos iniciais: TOPOGRAFIAS CONSTRUÍDAS.SISTEMATICIDADE. ENTREs como formas de impor ações sobre o espaço existente. Mantendo ativos: CONTRASTES URBANOS | CORPO > FORMA > PROCESSOS > TEMPORALIDADES > INCORPORAÇÃO PERCURSO > MOVIMENTO > DINÂMICAS URBANAS E TEMPORALIDADES DA CIDADE


Ao longo do tempo, São Paulo elaborou uma forma particular de se relacionar com a geografia do seu sítio de implantação. Soube fazer, desde o início, um uso oportuno das “barreiras naturais” para proteger-se contra os “outros”. Uns “outros” que sempre foram maioria: inicialmente eram os índios; depois, índios e negros; índios, negros e imigrantes; índios, negros, imigrantes, migrantes e, finalmente todos e também os filhos de todos juntos; ainda, todos os que nunca ganharam nada e também todos os que perderam tudo. [Angelo Bucci > Pedra e Arvoredo]

Que a cidade seja feita para todos e também os filhos de todos juntos; ainda, todos os que nunca ganharam nada e também todos os que perderam tudo.


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A textura da cidade feita para proteger-se contra os “outros” é dura. É feita de sólidos altos a se perder a percepção dos nossos olhos. Os espaços de muitos MEUS e SEUS e tão poucos NOSSOS. Porque é uma cidade feita aos moldes de pessoas que não se reconhecem. Os espaços coletivos assumidos como -lugares de ninguém- e não -lugares de todos nós-. A cidade transparece esse medo, esse recuo, essa estranheza entre todos que estão nela, mas não a ocupam.



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foto.representação


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O levantamento fotográfico da área como forma de explicar o espaço, de possibilitar visualizações do meio.


Em linhas gerais: .edificações residenciais nos pavimentos superiores [uso decrescente, migração para áreas adjacentes da cidade] .térreo de comércio e serviços .gabarito médio: 14 pavimentos .força de movimentos em horários comerciais .grande fluxos de movimento - Estação Anhangabaú de Metrô e Terminal Rodoviário Bandeiras .a imagem da multidão e a figura do trabalhador.

Vista sobre a Passarela dos Piques para a Avenida 9 de Julho - Ao fundo o Viaduto 9 de Julho que faz integração entre a Avenida São Luís e o Viaduto Jacareí


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A presença da passarela como sobreposição à camada de DISTANCIAMENTO, não apenas uma camada adicionada fisicamente, mas uma sobreposição de usos e dinâmicas. A passarela contrapõe as Avenidas e o Terminal da Bandeira, e explicita essa camada abaixo quando se percebe o cânion formado pelas altas edificações e os eixos viários.

Vista da Passarela dos Piques para o Terminal Bandeira de ônibus metropolitano e o Viaduto Doutor Eusébio Stevaux


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A passarela como contraponto à velocidade das vias que sobrepõe (9 de Julho e 23 de Maio), importantes no sistema viário da cidade de São Paulo, decorrentes do Plano de Avenidas, são de intenso fluxo de veículos.

Vista da Avenida 23 de Maio para a Passarela dos Piques. [Chegada da passarela na Rua do Ouvidor]


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A imagem da passarela de conexão: Largo da Memória-Estação Anhangabaú [Centro Novo] ||Terminal da Bandeira || Largo São Francisco [Centro Velho] como forte marco na paisagem da cidade, principalmente como sobreposição transversal das vias 9 de Julho e 23 de Maio.

Vista da Avenida 9 de Julho para a Passarela dos Piques. [ Chegada da passarela no Largo da Memória]


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A extens茫o da passarela como elemento que desenha a paisagem da cidade.

Vista sobre a Passarela dos Piques para o Terminal Bandeira de 么nibus metropolitano, com vista ao fundo para a extremidade junto ao Largo da Mem贸ria


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A chegada da passarela na Rua do Ouvidor como uma barreira, sua posição no meio da via de rolamento faz com que a a Rua do Ouvidor esteja fechada para trânsito de veículos, com uso restrito liberado apenas para estacionamento. E a situação atual de fechamento em muros da área abaixo da passarela.

Vista da Avenida 23 de Maio para a Passarela e sua extremidade de integração a Rua do Ouvidor


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Os 2 pontos de acesso das extremidades [Centro Novo] e [Centro Velho] tais como a própria passarela têm dinâmicas de pedestres, na escala do passo humano. São duas entradas tanto de NÓ (atrativos autônomos) quanto de CONEXÃO (ligação entre os espaços percorridos).

Vista da Rua do Ouvidor. Extremidades da Passarela de integração com o Largo São Francisco e de travessia sobre a Avenida 23 de Maio


75


A abertura das visuais pelos vazios construtivos (relativos à edificaçþes) entre as Avenidas 9 de Julho e 23 de Maio e o Terminal da Bandeira.

Vista da Rua do Ouvidor para a Passarela dos Piques


77


A Chegada da Passarela dos Piques no Largo da Memória desenhando horizontalmente a paisagem.

Vista da Rua Álvaro de Carvalho para a Passarela e a Avenida 9 de Julho


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O espaço de conexão entre o Largo da Memória e a Passarela dos Piques é tratada com restrição, os muros e barreiras impostos na área enrijecem os fluxos locais.

Vista do acesso ao Largo da Memória para a extremidade da Passarela e para a esquina da Rua Álvaro de Carvalho com a Avenida 9 de Julho


81


Esse enrijecimento não é só quanto aos fluxos de passagem dos usuários, mas quanto aos usos e apropriações do espaço que tem essas potenciais dinâmicas de multiplicidade de movimentos.

Vista da Passarela para a extremidade da Passarela e para a esquina da Rua Álvaro de Carvalho com a Avenida 9 de Julho


83


O caráter peatonal das entradas da passarela no Largo da Memória e na Rua do Ouvidor (com conexão ao Largo São Francisco) conferem espaços potenciais de ocupação mais próximos dessa dinâmica de caminhar pela cidade, não tanto do veículo e das vias. São espaços de apreensão mais lenta.

Vista da extremidade da Passarela de integração com o Largo da Memória e o Terminal Anhangabaú de Metrô


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Também de importância o caráter histórico do Largo da Memória e sua escadaria.

Vista da Rua Quirino de Andrade para o Largo da Memória e o Terminal Anhangabaú de Metrô


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Atualmente a área é um NEGATIVO da cidade. Um recorte urbano a não ser visto, ausente.

Vista da Rua Formosa para o Largo da Memória e o Terminal Anhangabaú de Metrô


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cidade no horizonte


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Cidade múltipla, que mantém a diversidade de atividades, horários, pessoas, que OFERECE mais que funcionalmente-estritamente-corretamente espaços funcionais-estritos-corretos, mas ambiências de liberdade de apropriação, de vivência. Borra os limites de usos, de especificações, a cidade é o lugar onde o transeunte se identifica, não pela compatibilidade de detalhes, mas pela liberdade de se sentir parte dela, ao compreender que a arquitetura [não a edificação, mas a constituição dos espaços] acontece quando ela é experienciada. Onde as dinâmicas da cidade acontecem? Quais as condicionantes de seu espaço? O que é tensionado quando se fecha parte da cidade em espaços privativos? Como desconectar os movimentos do terreno? Como liberar os térreos urbanos?


pontos a contrapor


1. OCUPAÇÃO MASSIVA DO TERRENO E RESTRIÇÃO DO PERCURSO COLETIVO

As dinâmicas próprias do terreno da cidade, na conformação existente, se perdem com o fechamento de espaços para usos privativos ou de maior grau de especialização. Entender que as dinâmicas livres e os térreos são necessários para a sociedade, como proposta de manter as vivências urbanas e ainda assim permanecer seus vazios, importantes como respiro e como contraste à massa edificada como barreira no percurso do terreno.

2. FACES DE QUADRA | IMPLANTAÇÕES EM MARGENS VIÁRIAS

A imposição do sistema viário como estruturador de toda a construção física urbana tem como consequência [predominante] a implantação de edificações limítrofes às linhas de trânsito. Essa ocupação que não se volta para dentro das quadras cria resquícios espaciais entre construções, resíduos urbanos.

3. CIDADE DE FRENTE E FUNDOS

Em conformidade com [2.], o alinhamento construtivo às margens viárias volta as faces de edificações a esses eixos. Existe então uma hierarquia entre fachadas: a frente, voltada para as vias; e os fundos, todas as demais fachadas que se voltam para os interiores de quadra, faces para não serem vistas.

93



95

[1.]



97

percursos existentes

[2.]



99

percursos adicionados

[2.]



101

faces de frente | todas as demais s達o fundos

[3.]



103

faces para n達o ver

[3.]


experimentações


105

Ao questionar o processo projetual de elaboração de volumes, autônomos e independentes à cidade que o circunscreve, impostos no relevo como indiferentes à todo o seu contexto, a experimentação de novas formas de pensar a implantação de edifícios a partir da existência, suas empenas, barreiras, limites, espaços limítrofes ao que é coletivo e privativo, as faces da cidade, para dentro e para fora da edificação, conformam a paisagem projetada.



107



109



111


intervenção


113


intervenção


115


temas


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Qualificar esse espaço em uso: A passarela tem um forte potencial como ambiência na cidade, espaço a ser caracterizado muito além de puramente funcional. Importa o percurso percorrido, os enquadramentos e percepções da cidade, destacando seu nível acima da cota “térrea” das Avenidas 9 de Julho e 23 de Maio, e sua dinâmica exclusivamente peatonal, quando muito, de bicicletas e skates que em seus percursos se aproximam mais do caminhar em pernas, do que dos veículos motores. Por não ter essa dinâmica em que as vias de trânsito ditam a velocidade, as paradas e o tempo da caminhada, é um espaço que pode promover percepções desaceleradas da cidade em sua alta velocidade: as avenidas, as multidões, o terminal, o Viaduto do Chá, o parque do Anhangabaú. Interessa aqui, nesse entrave de cidade funcional, um respiro que não se sirva apenas de local de passagem, de pressa, de ocupações demais para se permitir apreender o Largo da Memória, a passarela elevada e toda a cidade que se apresenta dali. Propõe-se um espaço que não se prenda apenas às atividades de horários ditos comerciais, porque a cidade não só se vende. O espaço tem um potencial que dorme quando se fecham as portas das vendas, e que deveria se ativar de segunda a segunda, de dia e de noite, pois tem latências maiores que atravessar a passarela, subir a ladeira, desviar das barreiras, andar nos caminhos. Atenta-se inserir novas ações ao espaço dado.


Galeria Boulevard do Centro

Galeria Califórnia

Galeria Rua Nova Barão

Cooperativa Paulista de Teatro Galerias M.A. e Ipê Biblioteca Mário de Andrade

Grupo de Teatro Capobianco Teatro Cultura Artística

Escola de Fotografia


Galeria Olido

Galerias It谩 e 77

Teatro Municipal

Galerias das Artes e 7 de Abril Galeria Prestes Maia Ponto de Bicicleta | Metr么

Faculdade de Direito | USP

temas existentes

119


Arquibancada

Cinema Comércio Descanso Pós Almoço Pique - esconde Arquibancada Exposição

Mural

Comércio informal

Espera da hora do ônibus


121

Ponto de encontro

Skate Anteparo

Coletivo Culturas Urbanas

Manifestação

Estar

Feira Ar livre Descanso

temas adicionados


adições


123

Caracterizar os meios urbanos como VAZIOS, não são espacialidades nulas, inexistentes à cidade. São espaços que apresentam AUSÊNCIAS físico-construtivas, mas imbuídas de dinâmicas e potencialidades, de grande expectativa de se agregar valores urbanos. Sendo esse espaço de ausência, esta deve ser entendida como uma ausência positiva: de respiro na cidade, sem construção física na paisagem por intenção de assim ser, abarcada de dinâmicas, mas se propõe a ser uma vista à cidade circundante. A área de intervenção é atualmente um espaço de ausência negativa forçada, esse recorte urbano já possui dinâmicas latentes de tamanha força que já foram ocupadas de forma espontânea e que hoje não acontecem por estarem propositalmente circundadas por muros. O vazio proposto abraça essas dinâmicas, desponta essa urbanidade de intenções que atendem suas próprias demandas de se constituir como ESPACIALIDADE URBANA COLETIVA.



adição: acessos125



adição: eixos de percursos127



adição: estares e ausências129


4:4


131

Etapas em 4:4 do processo de transformação do recorte urbano existente para a situação de intervenção. 1:4 | situação existente 2:4 | retiradas 3:4 | topografia reconstruída 4:4 | volumes adicionados



133

1:4



135

2:4



137

3:4



139

4:4


topografia recortada


141

A intenção do projeto é evidenciar as relações entre espaços. A cidade deve ser criada de forma a estabelecer vínculos com suas existências, suas populações, seus acontecimentos. O terreno não é entendido como uma área abstrata descolada do que a circunda, não é um monte de terra independente do seu entorno.



143



nĂ­vel: 735145



nĂ­vel: 737147



nĂ­vel: 739149



sem nĂ­vel151


volumes


153

: Volume 1 | relações com o percurso ao nível térreo, aberturas cobertas, adições de: um volume menos permeável com tema [comercial] e um plano inclinado com fechamento semi permeável de apropriação livre. :Volume 2 | relações entre cobertura e piso: a cobertura do volume incrustado no terreno também é piso do ambiente acima. Abaixo, menos permeável com tema [coletivo culturas urbanas]; acima, livre, flexível, passagem e mirante.



155



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165



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situações


169

Mimetizações dos ambientes criados neste projeto imaginário a partir de possíveis cenários. >7 acessos 7>17 meios



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<7



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