Grande Reportagem Impressa

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EDITORIAL

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O Racismo no Futebol Brasileiro

O racismo no futebol brasileiro

s constantes casos de racismo, que ocorrem no futebol nacional e internacional, assim como despertaram a atenção da sociedade brasileira, provocaram discussão também nos segmentos sociais alagoanos. Nesta grande reportagem, o foco é direcionado para os casos de preconceito e discriminação ocorridos nos estádios de futebol do Brasil que vaie-vem, voltam a registrar esses fatos inaceitáveis. A pesquisa-reportagem faz uma viagem ao tempo para mostrar que negros e índios fazem parte da formação social brasileira, mas, apesar da Abolição da Escravidão, em 1888, assinada pela princesa Isabel, a liberdade foi e continua sendo um processo difícil. A sociedade branca, no final do século 19, não via com bom grado a decisão da alteza e os negros, por sua vez, tiveram que buscar moradias e empregos nas áreas urbanas, pois não tinham como voltar a seu país de origem. Os empregadores consideravam os ex-escravos, pessoas desgastadas fisicamente e mentalmente e, deste modo, não tinham condições de lhes dar retorno produtivo.Não foi fácil para a população negra trilhar novos caminhos. Assim a discriminação racial no Brasil tornou-se um processo histórico. Ocorreu em certo momento no país, o que os historiadores chamam de processo de ‘favelização’, ou seja,

as pessoas que não tinham uma boa condição financeira, foram morar nos morros, perto de barreiras, em terrenos abandonados. A maior porcentagem dessa população é negra e, somente diante dessa opção de moradia, foram construindo sua vida. Em um determinado momento passou a acontecer à criminalização da pobreza, principalmente devido ao tráfico de drogas que estigmatizou as pessoas que vivem em regiões de favela. No futebol, a discriminação, teve inicio no Rio de Janeiro, nos times de elite. O caso mais conhecido, aconteceu no aristocrático Fluminense Football Club, em 1914. No campeonato carioca, o jogador Carlos Alberto, tentou esconder que era negro, usando pó de arroz no rosto e no corpo. Durante a partida, o suor começou a escorrer, revelando sua cor, o que gerou revolta na torcida do clube. Botafogo e Flamengo também não permitiram negros em determinada época. Outro fato que marcou o preconceito racial no futebol, ocorreu em 1950. O goleiro negro Barbosa, foi responsabilizado, pela perda da Copa do Mundo para o Uruguai. Cinquenta e cinco anos depois, os fatos se repetem. Em 2005 em partida pela competição Libertadores da América, o jogador Grafite, na época do São Paulo, foi hostilizado dentro de campo. Depois desses episódios,

vários outros se seguiram. Em 2014, o ex-jogador do Cruzeiro, Paulo César (Tinga) ouviu sons de macaco, entoados pela torcida peruana. Ainda em 2014, Aranha ex-goleiro do Santos, foi xingado por vários torcedores do Grêmio, em partida pela Copa do Brasil, realizada no Rio Grande do Sul. Devido aos diversos casos citados, além das opressões, ocorridas desde descobrimento do Brasil, decidi produzir essa grande reportagem, no intuito de saber, através da sociedade alagoana, de diversos profissionais e alunos/as quais as opiniões a respeito dessa pauta, que é tão recorrente, inadmissível que fere e atinge a reputação das pessoas negras e sempre volta à tona seja dentro do futebol ou fora dele. Como comunicador social, acredito que a representatividade negra na mídia é muito pouca, além de serem escassas as campanhas contra o racismo. Então ficam as indagações: O racismo é um problema socioeducacional? Quando acontece de jogador para jogador, os clubes tem sua parcela de culpa? A mídia/imprensa tem contribuído no combate ao racismo? É possível por fim no Racismo? Fui em busca dessas respostas. As declarações e relatos, o leitor confere a seguir.

Expediente

Universidade Federal de Alagoas Instituto de Ciências Humanas Comunicação e Arte Departamento de Comunicação Social “O Racismo no Futebol Brasileiro” Suplemento do Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo Autor: Rodrigo Rosas Orientadora: Professora-Dra. Lídia Ramires Fotografia Capa: Carolina Santana Fotografias Entrevistas Ariane Sapucaia, Rodrigo Rosas Design Capa: Hibrarin Dias Diagramação: Gerônimo Santos


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O Racismo no Futebol Brasileiro

Lauthenay Perdigão Foto: Ariane Sapucaia

Resgatando o passado

O escritor Lauthenay Perdigão idealizador do Museu dos Esportes onde está guardada a memória do futebol alagoano

O futebol brasileiro tem em sua história um negro chamado Domingos da Guia. O ex-zagueiro se destacou em um time de fábrica, foi contratado pelo Vasco, jogou no Nacional de Montevidéu e no Boca Juniors, onde foi campeão argentino. Da Guia conseguiu se consagrar ao ser contratado pelo Clube de Regatas Flamengo, tornando-se um grande jogador da década de 1930.

Lauthenay Perdigão


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Arquivo Vasco

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Escritor relembra a vida nos campos e enfatiza sua opinião sobre o racismo Admirador dos livros de Armando Nogueira, o escritor Lauthenay Perdigão tem arquivado, no Museu dos Esportes, a história do futebol alagoano. O ex-jogador do CSA, teve passagens no Tiradentes-PI e jogou pelo time do bairro do Mutange de 1952 a 1953. Após atuar como jogador, Lauthenay obteve aprovação em um concurso do Banco do Nordeste, onde passou a seguir outro caminho na vida. O ex-bancário é o atual diretor do museu que foi fundado no dia 8 de agosto de 1993. Vascaíno de coração, Lauthenay disse ser defensor da igualdade racial e lembrou que, através de suas leituras em relação ao clube carioca, ficou feliz em saber que o time foi uma das primeiras equipes a inserir negros em seu plantel. “!Ouço, leio muito sobre o racismo que existe no país. Nunca presenciei atitudes racistas e nem direcionadas a amigos meus. Quando eu jogava no CSA tinha companheiros negros como Silva Cão, Biu Cabecinha, Oscarzinho, Edgar e nunca vi nenhum problema nisso”, disse o entrevistado. Perdigão alegou que não teve problema de convivência com os companheiros. Lauthenay foi campeão alagoano pelo CSA em 1952 e afirma que seu relacionamento com os jogadores sempre foi sadio. Mesmo quando começou a trabalhar na rádio, em 1957, como diretor do Departamento Esportivo da Gazeta de Alagoas, teve contato, diariamente, com profissionais negros sem que houvesse incômodo algum. Seleção a dedo

O fato é que eram impostas restrições aos jogadores. No livro “O Negro no Futebol Brasileiro”, o jornalista Mario Filho destaca que após algumas vitórias, o presidente, a comissão técnica e alguns jogadores de clubes cariocas, comemoravam o resultado em suas sedes. Porém esse acesso era algo privado e escolhido a dedo. Alguns jogadores trabalhavam em fábricas, tinham que acordar cedo e, quando comemoravam, era em bares ou botecos. Autor de quatro livros, sendo o último “História do Futebol Alagoano - Arquivos Implacáveis”, Lauthenay Perdigão fala, com tristeza, sobre os casos existentes nos campos brasileiros. - Independente de sermos ricos ou pobres, não sei o que se passa na cabeça das pessoas brancas, que xingam pessoas negras só por causa de uma questão racial. Uma palavra pode maltratar muito mais do que um tapa na cara, ressaltou. De 2014 para 2015, os casos de racismo no futebol brasileiro têm sido recorrentes e mesmo com as campanhas, a conscientização ainda é falha. Em dados de um relatório produzido pelo Observatório da Discriminação Racial no futebol, 95% dos casos de 2014 aconteceram dentro dos estádios, outros 5% via internet. Onze estados brasileiros tiveram problemas com questões de racismo. O Rio Grande do Sul, por exemplo, contabilizou, na época, cinco fatos ficando em 1º lugar na lista de incidentes, o Estado de São Paulo vem em seguida com quatro casos. Os veículos de comunicação trazem

para o debate a questão do racismo quando acontece algum caso, porém uma discussão mais aprofundada, não é visto com frequência. “Não acredito em solução para combater o racismo nos campos. Mesmo que a imprensa toque no assunto, sempre tem um maluco fanático no estádio querendo agredir”, observa Lauthenay. Os povos negros vivem em lutas constantes, seja dentro dos campos ou fora deles. A Lei Áurea existe desde 13 de maio de 1888, a ressocialização não aconteceu e parte da sociedade ainda ignora que povos indígenas e negros façam parte da formação do Brasil, fato verídico e, permanentemente, inegável.

“Em 1922, havia um jogador baiano chamado Popó, um negro muito famoso no Nordeste. Com ele o CRB ganhou um torneio chamado Taça da Harmonia, onde os jogos foram disputados contra o CSA.Essa história quem me contou foi o doutor Ib Gatto. Após conquistar o titulo Popó tomou banho de champanhe francesa na sede do CRB. Independente de ser negro não houve problema em decorrência dessa atitude.”

Lauthenay Perdigão


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Dentro e fora Campo Os ruídos do apito que incomodam

É importante verificar o preconceito racial extra-futebol e no futebol que já é uma consequência do extra. É preciso ir aos primórdios de tudo. Sebastião Canuto

Ex-árbitro de futebol


Foto: Rodrigo Rosas

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“Os cidadãos negros são vistos como pessoas pouco recomendáveis, pessoas fracas, pobres de evolução social considerados de uma forma discriminatória ”.

Ex-árbitro de futebol, Sebastião Canuto disse que o racismo vem do extracampo onde o processo deve ser amadurecido

fato aquela decisão em relação à escravidão. No entanto, dados comprovam que ela persiste. Em matéria especial feita pelo G1 em junho de 2014, foram registrados no Brasil, 46 mil trabalhadores libertados, durante 20 anos. Afiscalizaçãodegruposmóveis,constatou que Minas Gerais é o estado com mais resgastes e aliciamentos nos últimos cinco anos. “Foi a partir de 1888 que começou todo o princípio de favelamento e os cidadãos foram morar nos morros. A sociedade, com seus moldes e com suas tradicionalidades não se desprendeu disso. Você vale quanto pesa. O negro que desenvolveu que ascendeu é tratado de uma forma. O que não conseguiu ou não tem condições para isso sofre”. Os clubes elitistas do Rio de Janeiro tinham grande aversão a jogadores negros, fato que gerou brigas, principalmente em 1923, o que causou a criação de outra liga. O mesmo fato aconteceu no Rio Grande do Sul. Tratando desse contexto de exclusão, na capital gaúcha foi criada, no fim da década de 1910, a Liga Nacional

de Futebol Porto-Alegrense, popularmente denominada de “Liga da Canela Preta”. Sua criação permitiu que se reunissem jogadores oriundos das camadas menos favorecidas, economicamente, principalmente os de etnia negra que não eram aceitos nos clubes da época. A Liga da Canela Preta era formada por nove clubes, cuja origem se restringia a espaços ocupados pela comunidade negra, como a Cidade Baixa, a Ilhota, a Colônia Africana e o Areal da Baronesa. O quadro da Liga era composto pelos seguintes times: 8 de setembro, Rio-Grandense, Bento Gonçalves, Primavera, 1º de Novembro, União, Palmeiras, Aquidabâ e Venezianos. “Dentro do futebol é mais fácil de resolver o racismo. Se houvesse integração dos entes responsáveis pela administração do futebol, as federações a FIFA, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), se tivessem normas baixadas e endereçadas aos clubes, haveria um freio entre os jogadores e torcedores”.

Agências Brasil

Agência Brasil

Gazeta Press

x-árbitro de futebol, Sebastião Canuto guarda na lembrança os diversos jogos que apitou durante 17 anos. Sua carreira teve início em 1969, após formação na Federação Alagoana de Futebol (FAF). Aos 44 anos, Canuto se aposentou dos gramados, passando a exercer outra função. Além de árbitro foi militar do Exército e tem formação em Direito e Psicologia. Fora dos campos, trabalhou como presidente da Comissão de Arbitragem de Alagoas em dois períodos diferentes. Ao falar sobre preconceito racial e sua infância, revelou que nunca teve problemas em relação a este tema, “Eu sou originário de uma família humilde. Os patrões da minha mãe foram pessoas que significaram uma referência para mim. Apesar da condição social deles, nunca fui tratado de forma diferente. Minha mãe os considerou bastante. Eu era integrado à família, cresci naquele ambiente sem me sentir isolado. Não tive problemas em colégios, nem na escola técnica”. Racismo contra árbitros No ano de 2014 através da mídia, a população brasileira se deparou com mais um episódio de racismo. Em março ao termino da partida entre Esportivo x Veranópolis pelo campeonato gaúcho, o árbitro Márcio Chagas, encontrou seu carro com as portas amassadas, bananas espalhadas no teto do carro e no escapamento, devido ao acontecimento. O Esportivo perdeu nove pontos no campeonato, recorreu da pena e diminuiu para três pontos, sendo rebaixado. “Lá no sul é algo mais arraigado, devido às descendências. A única maneira de dar um jeito dentro do esporte é com punição. Dessa forma, os casos de crime podem ser resolvido com maior velocidade. Tudo isso vem do extracampo, onde deve ser feito um processo amadurecido, embasado, com uma educação, uma formação escolar que dê resultados”, afirmou Sebastião Canuto. Trabalho escravo A partir de 1888, ano da Lei Áurea, ficou decretado a “liberdade” dos escravos. Os povos negros não tiveram real condição de ter uma vida nova, principalmente, por causa de parte da sociedade que não aceitou de

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Dilma Rousseff recebeu o árbitro Márcio Chagas e o jogador Tinga, vítimas de racismo

O polêmico Dulcídio Wanderley Boschillia, árbitro paulista acusado de racismo


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O Racismo no Futebol Brasileiro Divulgação/Flamengo

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Nélio, Zico, Peu e Rondinelli, geração do Flamengo campeã mundial de futebol em 1981; jogador alagoano conta como foi sua convivência no sul do país

Júlio dos Santos Ângelo nasceu dentro do campo do CSA, em 1960. Algumas pessoas tinham casas dentro do centro de treinamento do clube, inclusive sua mãe que era lavadeira e seu pai vigilante, ambos funcionários do time azulino. Criado no Mutange, Peu como é chamado até hoje, começou a jogar futebol com 11 anos. Liberado pela mãe para ser jogador, estreou nos campos em uma preliminar de CRB X São Domingos, nessa partida o ex-jogador marcou o gol da vitória. No currículo, CSA, Flamengo, Santa Cruz, Atlético-PR e Cruzeiro tiveram oportunidade de contar com seu futebol. Após sua aposentadoria como jogador, o alagoano ainda respira futebol e já teve experiências como técnico em clubes fora do estado de Alagoas. No segundo semestre de 2015 foi técnico do Picos-PI. Durante esta reportagem, em 2015, exercia o trabalho de treinador na equipe sub-20 do Murici-AL. “Na partida entre CRB e São Domingos, eu tive chance de fazer o gol, na época repercutiu bastante. A imprensa viu um menino de apenas 11 anos com grande talento, inclusive eu dei entrevista para o Diário de Pernambuco nesse mesmo dia”.

Foto: Rodrigo Rosas

De Alagoas para o Mundo Peu conta sua trajetória de sucesso e como os negros tinham se de comportar em equipe

Peu, revelado pelo CSA, campeão do mundo pelo Flamengo.

Entrevista Como foi a sua convivência nos clubes que você passou já teve algum problema devido a cor da sua pele? Futebol é uma profissão que se você jogar bem as pessoas respeitam, não tive problema, porém teve uma Copa no Brasil em que o goleiro era o Barbosa, aquele tomou o gol na final contra o Uruguai no Maracanã. Devido a esse fato, muitas pessoas culparam-no pela derrota. Os goleiros negros ficaram marcados por muitos anos. Se você fizer uma pesquisa os goleiros negros só voltaram a ter chances de 90 pra cá, então de 40 para 90 são 50 anos de exclusão. Você já recebeu alguma ofensa racista atuando em campos brasileiros?

No Rio Grande do Sul em Santa Catarina, eles pegavam muito no pé do Perivaldo jogador do Botafogo, principalmente por ele ser polêmico, então chamavam ele de Macaco, porque ele falava que era o negro mais bonito do Brasil. O torcedor rival sempre o xingava, comigo existiram ofensas mais fora de campo do que dentro. Você já presenciou dentro de campo um fato de racismo com algum companheiro? Sim, com o Luis Pereira, em um treinamento na Gávea, um rapaz começou a chamar de “macaco” e o Luis, já tinha vivido seis anos na Espanha onde, hoje ele é coordenador da base e do time B do Atlético de Madrid. No mesmo dia ele se sentiu mal e foi embora do clube. Um funcionário tirou o torcedor do campo, mesmo assim ele manteve a decisão. Como era tratado por vocês jogadores essa questão do racismo no futebol? A gente sempre comentava que o jogador negro ficou marcado, porque a gente se destacava mais do que os outros. Então nós conversávamos, que nossa atitude deveria ser a ocupação do nosso lugar no cenário futebolístico, então teríamos que jogar sempre em alto nível.


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Como explicar atitudes racistas em pleno

século 21?

Daniel Marinho trabalha no setor de currículo escolar, onde desempenha a função de técnico pedagógico da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte em Alagoas (SEEE). Possui especialização em História do Nordeste e doutorado em Sociologia. Professor de história do Centro Universitário Cesmac, Daniel falou sobre eugenia, comportamento humano no racismo, educação e processo de favelização. No fim do século XIX e começo do século XX, algumas escolas de ensino superior colocavam a raça negra como inferior defendendo uma teoria racista. O médico Renato Kehl defendeu para o Brasil uma legislação diferente para brancos e negros tal qual a legislação do Sul dos Estados Unidos e do Apartheid na África do Sul. “A eugenia é mais uma das teorias, de comportamentos humanos que distorce a imagem de negros e índios, colocando brancos europeus em uma escala maior de evolução, eu não gosto dessa ideia de evolução. O atual momento é semelhante a outros momentos históricos que a sociedade humana viveu, de crise econômica, criando repulsas a alguns governos. No caso do PT que representa o desenvolvimento de causas sociais, existe um ódio de classes de raças O racismo existe, fortemente”. explicou o professor. Para Daniel Marinho, o sistema educacional nunca deu conta e não nos proporciona uma educação para que possamos nos posicionar contra esses valores de eugenia, de xenofobia de racismo, ainda estamos engatinhando”, salientou. A rivalidade dentro de campo é considerada “normal”. Alguns amantes do futebol acreditam nesse termo como a essência do esporte. Em algumas partidas, o panorama passa dos limites, algumas posturas atordoam a mente dos atletas. A lembrança de que o Brasil é um país de escravização de negros pode até ser usada por jogadores da América e do Brasil. Entretanto o que se vê no racista são atitudes retrógradas. “A motivação é desestabilizar. Quando o fato surge de jogador para jogador tem uma carga histórica social, com essa intenção nítida. Por outro lado, na torcida à função é outra. Existe um contexto de organização de um discurso coletivo, em que o estádio de futebol é um dos espaços sociais, onde

Foto: Rodrigo Rosas

Professor Daniel Marinho faz um histórico que relaciona atos racistas nos estádios com o processo social

Para Daniel Marinho: “o sistema educacional não nos proporciona educação para combater o racismo”

uma turma pode se manifestar, onde individualmente, o torcedor pode se expor e existe uma relativa “liberdade”, onde se expressão sentimentos negativos e positivos. Portanto se um discurso for aceito, concordando que um negro é um macaco. ele será perpetuado”. O surgimento da favela está associado à concentração de renda, ao desemprego e à falta de planejamento urbano. De acordo com as Nações Unidas, por meio da Um-Habitat, favela é o termo que designa áreas que abrigam habitações precárias, desprovidas de regularização e serviços públicos (água tratada, esgoto, escolas, posto de saúde, entre outros).

“Enquanto não houver punições severas, essas atitudes vão ser mais comum , não só no meio do futebol, mas no nosso país. Eu achei que o que ocorreu com o Tinga pudesse mudar a mentalidade das pessoas.”

Arouca

“A favelização da sociedade brasileira, é fruto do processo mal acabado de abolição. Em Maceió havia leis municipais que proibiam a população negra de comercializar, livremente, seus produtos no centro da cidade. Então, na tentativa de sobreviver, os negros/as, foram ocupando, aos poucos, as margens dessa sociedade. A municipalização, a urbanização desenfreada, desorganizada, com poucas políticas públicas de saneamento, educação, moradia, resultaram em ações no final do século XIX começo do XX. Os bairros em torno das lagoas se tornaram solução para urbanidade. Era impossível os negros morarem em regiões mais nobres da cidade”, relembra o entrevistado.


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Atacante Zé Carlos exprime sua experiência nacional e internacional e cobra punição enérgica Conhecido como Zé do Gol devido à fama de goleador, Zé Carlos tem experiênFoto: Site Linha de Fundo cia nacional e internacional dentro do futebol. O atleta iniciou sua vida pro“Racismo é falta de fissional no Corinthians Alagoano em respeito, indepen2000 e, no mesmo ano se transferiu para o FC Porto clube de Portugal, dente de ser negro no currículo extenso carrega pasou branco, somos sagens por clubes da Coreia do todos iguais, tem Sul, Japão, China e Emirados Árque ter respeito em abes. Jogou em 2015 no Clube de Regatas Brasil (CRB) e no primeiro lugar, Ajman Club, dos Emirados Árnós temos que abes. No Brasil, Zé Carlos foi viver nossa vida campeão mineiro pelo Cruzeiro, mas foi pelo Criciúda melhor forma de Santa Catarina que ma possível, atingiu o status de artilheiracismo não ro, principalmente por ter leva ninguém marcado 41 gols em 45 jogos no ano de 2012, pra frente”. ajudando sua equipe a subir da série B para série A do campeonato brasileiro. O racismo no futebol não para de acontecer, no dia 13 de maio de 2015, da partida válida pela Copa do Brasil, na o jogador do Avaí-SC, Eduardo Cos- ocasião Eduardo alegou que agiu em leta, agrediu com um soco o técnico do gitima defesa, após ter sido chamado de Figueirense-SC Argel Fucks no final “Macaco Nojento” o caso foi investigado

TRAJETÓRIA José Carlos foi artilheiro do Campeonato Brasileiro de Futebol - série B - 2015 pelo CRB, com 19 gols. Neste ano (2016) voltou a vestir a camisa alvirrubra. É alagoano e iniciou a carreira em 2002 no Corinthians Alagoano. No ano seguinte foi emprestado ao Porto, de Portugal, atuou no futebol coreano, Chinês e Emirados Árabes. Foi pela segunda vez, artilheiro da série B do Brasileirão. A primeira foi em 2012, vestindo a camisa do Criciúma-SC com 27 gols, batendo recorde da competição.

“Tenho passagens por vários clubes do Brasil, Ponte Preta, Cruzeiro, Portuguesa, Criciúma, mas nunca vivi nenhum problema de relacionamento nos clubes que eu passei. É chato ver os casos de racismo, tenho 15 anos de profissional nunca presenciei nenhum caso, nem comigo nem com nenhum companheiro de clube”. Zé Carlos

Atacante do CRB

pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Desde fevereiro de 2013 até 10 de abril de 2014 foram registrados e disseminados publicamente 14 casos de racismo em estádios brasileiros. Os clubes, em certos fatos, respondem pelo mau comportamento de algumas pessoas nos estádios, em grande parte provocado pelas torcidas organizadas, os problemas se agravam mais ainda quando o caso é causado pelo próprio jogador. O torcedor que vai para o estádio e comete ato racista tem que pagar pelo erro. Você vai para o estádio torcer pelo seu clube do coração, e não para ofender, xingar, o torcedor tem direito de ir ao campo cobrar o clube e o jogador e não de esculhambar, tem que pagar com multa e prisão dependendo do caso, enfatiza Zé Carlos. Não existe a informação concreta, se os clubes brasileiros trabalham, internamente, o debate a conscientização em relação ao racismo e sobre a igualdade racial. O que é se pode afirmar é que os clubes devem se preocupar rapidamente com essa pauta, o país a cada ano que passa sofre vários embates sociais, racismo em pleno século 21 é inadmissível, conforme preconiza o Estatuto da Igualdade Racial. Arte:Globo Esporte


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Jornalistas pela Igualdade Racial exprimem repulsa ao racismo nos estádios Valdice Gomes acha uma vergonha o racismo no futebol: “Um esporte que a gente aposta como um meio saudável”

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jornalista Valdice Gomes, faz parte da Comissão Nacional de jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira), que é ligada à Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). Mulher e negra, Valdice defende, com intensidade, a luta do seu povo. Atualmente a jornalista também integra a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Al) que representa o Sindicato de Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal). A comissão do Cojira-AL teve sua efetivação a partir de 24 de novembro de 2007. O Cojira-AL é referência, por ter sido o primeiro núcleo do Nordeste a trabalhar as questões etnicorraciais no movimento sindical da categoria. Até o momento, seus integrantes vêm sendo a ponte no diálogo entre o movimento negro e a mídia alagoana. O desejo central da comissão alagoana é proporcionar através de ações e atividades, o debate a vivência e a reflexão, em relação à veracidade da vida dos cidadãos afro-descendentes, revelando quais os mecanismos, usados pelos meios de comunicação, para estabelecer o contato com as temáticas interligadas à causa negra. Em março de 2014, o jogador Arouca que atuava pelo Santos-SP foi chamado de macaco por três torcedores do clube do interior. O fato aconteceu no encerramento do jogo

Foto: Rodrigo Rosas pra ser um meio saudável, que é uma atividade

Jornalista Valdice Gomes, integrante da Cojira-AL

contra o Mogi Mirim-SP, enquanto o jogador dava entrevista. No momento Arouca ameaçou acionar a Polícia Militar, mas desistiu. Rapidamente indagado pelo repórter não quis falar sobre o ocorrido. Porém, logo se manifestou “É bom nem ouvir, nem dar ouvido a essas pessoas.Nem sei se pode chamar de pessoa”, disse o atleta à rádio ESPN, julgado pelo Tribunal de Justiça Desportivo de São Paulo. O Mogi teve que pagar multa de R$ 50 mil devido aos insultos racistas. “O racismo está muito presente na sociedade brasileira, apesar dessa falsa democracia racial, não é de se estranhar jogadores sofrendo com esses atos, é uma vergonha! É vergonhoso o racismo no futebol, um esporte que a gente aposta

Negro é visto como “bola cheia” no gramado, mas “bola murcha” no comando técnico Foto: Márcia Feitosa

Um dado interessante foi levantado pelo jornalista Pedro Borges, do site Alma Prete reforça esse trabalho sobre o racismo no futebol. Dos vinte treinadores da série do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2015, apenas um é negro, Roger Machado, do Grêmio.Os números do torneio equivalem também as estatísticas de outras edições e revelam uma situação curiosa para o Brasil; Só um treinador negro se sagrou campeão nacional em 2009 que foi, Andrade, ex-jogador do Flamengo e do Vasco da Gama, quando dirigiu o flamengo de Adriano, Wagner Love e Petkoviski. Andrade era auxiliar-técnico de Cuca, comandante do rubro-negro. , Cuca foi demitido. Depois da sua queda, Andrade assumiu o cargo de modo interino, mas, com o bom desempenho que teve, manteve-se no posto. Com a mudança do esquema tático da equipe do 3-5-2 para o 4-23-1 e aproveitamento de 73% dos pontos disputados, o troféu veio, assim como o título de melhor técnico do campeonato brasileiro daquela edição. Apesar da conquista inédita, o primeiro da série A no século 21, Andrade foi demitido cinco meses depois, sem que o clube justificasse a medida. Porém , o caso Andrade é pouco diante do de Luís Pereira , ex-treinador de equipes como Flamengo, Bahia e Ceará, disse em entrevista à revista Placar que já ouviu de empresários que “o pessoal do clube gostou do seu perfil, mas, me desculpe, você é preto” O boicote a treinadores pretos e as barreiras raciais dentro do futebol vão além do caso de Andrade. Lula Pereira. O pentacampeão do mundo Roque Jr. também sentiu na pele o racismo dentro do futebol. Depois de estágios em

Andrade, o último técnico negro, campeão brasileiro em 2009

equipes no Brasil e no exterior, curso de treinador e MBA na área de gestão esportiva, Roque Jr. recebeu o convite para dirigir o XV de Piracicaba-SP, durante o campeonato paulista de 2015.Segundo Pedro Borges lembra na notícia, “antes mesmo do primeiro jogo, a mídia local tratava Roque Jr. como uma má opção para comandar a equipe. Durante a campanha, depois de atritos entre o ex-jogador e a imprensa, parte dos veículos de comunicação do interior de São Paulo o rotulou como arrogante. O ex-treinador do XV de Piracicaba ficou seis jogos à frente da equipe, o necessário para ser considerado pela imprensa regional como o pior técnico da história do clube. A reportagem postada em no dia 4 de novembro de 2015, no site Outras Palavras enfoca outro aspecto interessante. “Hélio Santos, um dos precursores da política de cotas no Brasil e presidente do Instituto Brasileiro de Diversidade, destaca como é bom observar que “os treinadores

saudável agente ver esse tipo de manifestação” afirma. A mídia brasileira repercute os fatos de racismo, principalmente aqueles que causam grandes comentários entre a sociedade e os profissionais comunicadores, em casos de grande ênfase o assunto é tratado com um debate mais aprofundado. “Não tem como não se preocupar quando o assunto é racismo, o trabalho que a comissão procura fazer é conversar com os colegas, fazer palestras para os profissionais, fazemos um trabalho de conscientização e educação, para essas pessoas que são da mídia. O intuito é mudar essa forma de fazer comunicação, tornando o objetivo fim a compreensão dos profissionais, deixando clara a abordagem que deve ser feita em uma matéria referente a gênero”. Na Copa do Mundo de 2014, o Ministério do Esporte e a FIFA, promoveram ações contra o racismo. O ministério distribuiu para autoridades e jornalistas o livro “O Negro no futebol Brasileiro” do jornalista Mário Filho. A obra é referência por contar, de fato, como se deu a inserção dos negros no futebol brasileiro. A FIFA no dia 4 de julho de 2014 fez nova campanha onde os capitães das seleções da Alemanha e França, leram um texto que reprime toda manifestação de racismo.

(ex-jogadores) brancos não são nenhum ‘intelectual’ do futebol. Muito pelo contrário. É racismo inercial: negros jogam futebol, mas não são capazes de ‘pensar futebol’. Se Andrade e Roque Jr. são lembrados por ótimas passagens em Flamengo e Palmeiras, respectivamente e mesmo assim tiveram poucas oportunidades, ex-jogadores brancos, independente da qualidade que tinham, foram premiados com ótimas chances. Paulo Roberto Falcão e Dunga são bons exemplos disso. Ambos tiveram as suas primeiras experiências enquanto treinadores na seleção brasileira. A naturalidade com que os fanáticos por futebol enxergam a falta de negros no posto de coordenador das equipes é vista por Hélio Santos, como face do racismo inercial. Para ele, “treinar equipes sugere ‘racionalizar’ técnicas futebolísticas. Ou seja, infere-se que para treinar há que pensar e refletir. Tudo aponta para uma síndrome racista que não vê o negro nessa posição, mesmo sendo ele exímio craque”. E na Seleção brasileira? Símbolo nacional, a seleção brasileira não foge à regra dos clubes do país. Em toda a história, a equipe foi dirigida em apenas seis partidas por negros. Em 11 de setembro de 1991, Ernesto de Paulo comandou o país na derrota para País de Gales. Ernesto ocupou o cargo de forma interina depois da saída de Paulo Roberto Falcão. Gentil Cardoso teve mais oportunidades do que Ernesto de Paulo. Em 1959, Gentil organizou um combinado entre as equipes de Pernambuco para disputar um torneio sul-americano. A seleção terminou em 3° lugar e Gentil foi demitido depois de 5 partidas e 23 dias a frente do cargo. Gentil até o fim da sua vida dizia que “só não me chamaram porque eu sou preto”,.


Belmira Magalhães

“A sociedade nunca deixou de ser racista depois da escravidão” Pesquisadora das áreas Análise do Discurso Político, Literatura e Estudo de gênero, Belmira Magalhães tem doutorado/mestrado em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Alagoas. Especialista em Análise do Discurso, Belmira expressou sua opinião em relação aos “discursos” xingamentos usados na mídia e, posteriormente nos Campos de futebol. A 14ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, proporcionou ao jogador Rhayner, do Vitória da Bahia, um novo contato com o Clube Náutico do Recife e sua torcida. O time pernambucano deu visibilidade ao jogador. Apesar do carinho guardado por ele,Rhayner se envolveu em fato incômodo no dia 26 de julho de 2015, após um lance de expulsão que retirou do campo um jogador de ambas as equipes. O jogador se virou para torcida do clube recifense fazendo gestos obscenos, dizendo “baixa a bola”. Depois do fim da partida, o atleta, se defendeu afirmando que foi vítima de gestos racistas, segundo uma reportagem do Globoesporte. O atleta tentou amenizar a situação. Perto das arquibancadas, tirou foto com torcedores, além de ter entregado a camisa a um deles. Prontamente, o assessor de imprensa do clube baiano o tirou de campo. “No ponto de vista brasileiro, a sociedade nunca deixou de ser racista depois da escravidão. Antes já era com os índios. O racismo é muito arraigado na sociedade brasileira, quando se está no futebol em um momento explosivo tem-se o risco de deixar escapar palavras inadequadas. No mercado de trabalho, os negros são os que ganham menos, as negras ganham menos que os negros, a população negra tem as piores ocupações, o nível de escolaridade é menor. O xingamento é usado para animalizar o atleta. Quando se chama alguém de macaco, a pessoa quer dizer que você não pensa que é rude, um animal com a bola nos pés”, destacou Belmira. O programa Linha de Passe do Canal ESPN levantou uma pauta específica. O jornalista Mauro Cesar relatou, no dia 10 de agosto de 2015, que o ex-treinador do Flamengo Cristóvão Borges estava sendo perseguido por algumas pessoas. Em contato com o Canal, o treinador gravou uma matéria, onde explica o assunto que foi levantado no programa. “Eu vi a abordagem. Venho sofrendo críticas que fogem do padrão normal no futebol. Existem as críticas exacerbadas que viraram perseguição”, disse o técnico rubro-negro. Perguntado pela repórter Débora Gares sobre o incômodo, Cristóvão afirmou que se sente vítima de racismo. - Alguns dos conteúdos veiculados têm componentes racistas sim, porque eu fui citado. Falaram que o Flamengo, ao invés de escolher o Oswaldo de Oliveira optou pelo Mourinho do Pelourinho, isso não atrapalha meu trabalho, mas quando me atinge como pessoa, cidadão aí eu vou procurar meus direitos. Somos um país de democracia. O racismo existe, é camuflado, como está sendo agora” enfatiza Cristóvão.

Foto: Rodrigo Rosas

Pesquisadora da Ufal explica o que leva o torcedor a se comportar de modo tão extremo quando vai ao estádio

Professora e pesquisadora da Universidade Federal de Alagoas, Belmira Magalhães,

Durante a entrevista o técnico deu a entender que estava sendo perseguido por algumas pessoas da imprensa. No site Trivela Uol, o jornalista Caio Maia fez uma publicação sobre a manifestação de Cristóvão, ressaltando que o apelido “Mourinho do Pelourinho”, surgiu na época em que o treinador estava no Fluminense, mas antes já era utilizado, constantemente, por Renato Maurício Prado, comentarista da Fox Sports e colunista de o Globo. De fato, o que o comentarista denominou como “gozação divertida”, não caiu bem aos olhos do técnico Baiano do Flamengo, ter usado o bairro do Pelourinho, provavelmente incomodou. O bairro foi usado como tortura de escravos, apesar de hoje ser um local livre se referir dessa maneira, a um negro que conquistou espaço dignamente é totalmente racista. “A mídia é contraditória. Ela não é, explicitamente, racista porque dá prisão. A prisão foi uma luta da sociedade contra o racismo e, causa inibição. Antes de tomar algumas atitudes, a mídia faz parte da sociedade. Se formos trabalhar, discursivamente, Se percebe que, até pelo silêncio, a mídia entra no racismo por causa da ausência de atores negros e jornalistas negros. O padrão é o branco. As mulheres estão aparecendo mais até no futebol. Ao mesmo tempo, os veículos de comunicação encampa as campanhas contra o racismo, apesar de não existir um grande debate na mídia”. O discurso é um instrumento de poder do ser humano. Palavras mal colocadas podem se caracterizar como discriminação. Em artigo apresentado por Paulo Vinicius Baptista, no Chile em 2005, o mesmo destaca no texto o discurso usado na produção cultural de massa, que envolve literatura, cinema, jornais, televisão e livros didáticos, no cinema que usam há algum tempo a mulher negra como a recorrente “mãe preta”, sofredora e conformada, que diariamente se dedica integralmente a uma família branca.

Na Literatura destaca a conversa de Isaura com sinhá Malvina, que se coloca como submissa a sua senhora, agradecendo os dotes e vantagens que possui. Por parte da imprensa encontraram no jornal Folha de São Paulo metáforas pejorativas sobre a população negra. Carmen Mayrink Veiga [...] disse: Penei com termos horrorosos como grã-fina e socialite. Nem sei o que é isso. ‘Sempre trabalhei como uma negra’ (Folha de São Paulo,25/08/1995 apud Menezes, 1998, p. 76, grifo nosso). O país vive um momento grave, está encurralado por uma política absolutamente contraditória, um samba do crioulo doido (Folha de São Paulo, 02/06/1996 apud Menezes,1998, p. 76, grifo nosso). A estereotipia está impregnada nas palavras “mulato” “malandro” “jogador de futebol”, “crioulo” “Quando usamos certos tipos de palavras elas são discriminatórias, até um elogio pode ser. Exemplo: ‘esse aí é um negro bom, tem que ter muita perspicácia para fazer certas colocações, a palavra em si ela é neutra, ela vai ser encaixada dentro da própria realidade do contexto, macaco é uma palavra neutra, agora dependendo como sujeito fala, da forma que ele fala pode se tornar uma expressão do racismo.” A palavra educação, tem como um dos seus objetivos, proporcionar a sociedade, o desenvolvimento de um raciocínio comportamental e disciplinar, para que se possa conviver com diversos grupos sociais, independente de cultura ou condição social. O Governo Federal coloca o Brasil como “Pátria Educadora”, porém o que se vê, atualmente, é um país em crise, com diversas reinvindicações e greves estabelecidas, apesar do cenário, parte da população, acredita na educação de qualidade para existência das igualdades sociais, o corte no setor existe, falta recurso, faltam educadores capacitados, para enxergar o mal como o racismo. Na educação, o povo não para, luta, clama, reclama e segue vivendo no pedido por melhorias, por um “Brasil Melhor”.


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O Racismo no Futebol Brasileiro

Volante diz que já recebeu insultos de racismo mas ignorou os preconceituosos

Carlos Alberto, o “pó-de-arroz” Foto: Acervo/Gazeta Press

Foto: Rodrigo Rosas

O time do Fluminense, no início do século 20 era constituído por jogadores brancos e de famílias ricas, porém um deles até hoje é marcado como referência do racismo no futebol que foi o negro Carlos Alberto Pó de Arroz. Ex-jogador do América do Rio, Carlos Alberto foi contratado pelo tricolor das Laranjeiras e foi orientado a colocar poz de arroz no rosto para adquirir a aparência de branco. No entanto, segundo o jornalista Mário Filho em seu livro o Negro no Futebol Brasileiro, o jogador ficou com o rosto cinzento de tanto pó. Ao jogar contra seu ex-clube, a torcida adversária caia em cima de Carlos Alberto gritando “Pó de Arroz”. A expressão também virou uma espécie de marca para o time do Rio de Janeiro.

Leônidas, o Diamante Negro Leônidas da Silva, conhecido como “Homem-borracha” ou “Diamante Negro” foi o inventor de uma das jogadas mais celebrizadas no futebol: a bicicleta Seduzida pela fama alcançada pelo melhor jogador e artilheiro da Copa do Mundo de 1938, com sete gols, a fábrica Lacta resolveu rebatizar um de seus produtos mais badalados em uma homena- gem ao atacante.

Perivaldo, lateral do Botafogo

Agencia o Globo

Marcos Antônio conta sua trajetória no futebol comportamentos irracionais podem voltar à tona. O fanatismo o amor aos clubes irá perdurar. A formação social de cada cidadão faz parte de um eixo particular. Algumas pessoas da sociedade batalham pela igualdade racial, causa essa tratada como principal na reinvindicação das causas negras.

“Eu fico triste pelo atleta

e por pessoas sem cultura. As pessoas esquecem a história do Brasil. É triste ver nossos companheiros sofrerem com essas questões, principalmente em um país como nosso de diversas raças.

Marcos Antônio

Ao jogar no Sul do país, o lateraldireito Perivaldo , do Botafogo, nos anos de 70 era chamado de ‘macaco” porque falava que era o negro mais bonito do Brasil. Perri como era chamado, jogou pela selação brasileira (1981-1982) e chegou a marcar um gol na Copa da Espanha. Recentemente foi resgatado da condição de mendigo em que vivia em Portugal.

Campanha contra o racismo Vinícius Costa

Na sala de quadros que expõe diversas fotografias do CSA, o volante Marcos Antônio falou, abertamente, no período de apuração de reportagem (1º semestre de 2015) sobre racismo. O jogador que tem a mãe como espelho de amor e luta, teve seu pon tapé futebolístico no Corinthians Alagoano e, atualmente, defende o CSA na série D do Campeonato Brasileiro. O alagoano teve a oportunidade rodar o Brasil e no histórico dele, clubes como América-RN, GamaDF, Boa Esporte-MG, Atlético-GO já fizeram parte da sua vida. Com experiência, de sobra, o jogador ainda teve passagens por clubes do Japão e da Alemanha. “Na minha vida, nunca houve um problema de racismo, em relação à recepção e dia a dia nos clubes brasileiros que passei. O povo brasileiro é mais mestiço, só alguns fatos que vêm acontecendo agora, mas eu nunca me envolvi em nada” enfatiza. O futebol atual é contato puro. No calor do jogo, durante o acirramento das partidas é nítido o enfrentamento do nível de disputa elevado, existente dentro dos campos. A cada ano que passa a luta física fica maior, devido a esse embate dos gramados, as conversas ríspidas e os xingamentos entre os jogadores sempre aumentam. “Já recebi xingamentos, mas eu fico muito focado no jogo. Quando me chamam de negro, macaco, eu procuro trabalhar e esquecer. Isso é chato e não convêm, já presenciei e já sofri. Se a gente for revidar, é tudo que eles querem, então eu tiro de letra. Falo muito bem, obrigado. Elogio porque o cara que xingou não tem cultura, não sabe de onde vem a população brasileira”, ressaltou Marcos Antônio. No dia 20 de abril de 2015, a mídia noticiou mais um caso envolvendo um atleta, através da rede social (Instagram), onde as pessoas publicam fotos pessoais. O zagueiro Jemerson do Atlético-MG foi alvo de injúrias raciais. O autor da agressão publicou em uma de suas fotos: ‘Volta pra senzala e ele gosta é de banana’. Procurado para comentar sobre o caso, Jemerson não revelou se iria acionar a justiça. Somos todos iguais No dia 14 de fevereiro de 2014, o presidente da CBF na época, José Maria Marin divulgou uma nota repudiando o ocorrido, com o jogador brasileiro Tinga, o mesmo foi hostilizado em uma partida no Peru, válida pela Copa Libertadores da América. No mesmo dia, a confederação lançou a campanha “Somos Todos Iguais” como ação “considerável”. “Quando aconteceu a campanha dos “Somos Todos Iguais” foi devido a uma questão de repercussão mundial, mas durou pouco tempo. A CBF fez mais depois de dois meses todo mundo esqueceu. A televisão deveria debater mais o racismo, para que as crianças saibam que, em lugar de branco entra preto também. Temos direitos iguais” ressalta Marcos Antônio. Nas escolas, o conhecimento e o debate, em relação à questão racial, devem ser propagados, durante o período de formação educacional. A Lei 10.639 sancionada em 2003 pelo ex-presidente Lula, estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino, a obrigatoriedade da temática “História e Cultura AfroBrasileira”. “Sabemos que o negro sofre muito, em um país em que a raça é mista. É complicado falar dessa questão que envolve muitas coisas.Eu estudei pouco sobre a raça negra, mas o país tem culpa. Deveriam ter mais disciplinas falando sobre a raça negra, sobre o movimento negro dentro das escolas”. O fim do racismo no futebol é uma incógnita. Os

Fatos & Fotos

A intensidade dos casos de racismo no futebol mundial levou a Fifa a promover uma campanha nos estádios contra o preconceito e discriminação racial dentro e fora dos campos. No Brasil, os jogadores de futebol aderiram a campanha nas competições de âmbito nacional.


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O Racismo no Futebol Brasileiro Warneroliveira.com

Warner Oliveira

Para setorista esportivo racismo é algo que choca a qualquer pessoa

A

lagoano de coração, Warner Oliveira, atualmente, é radialista da Gazeta Web. O capelense já trabalhou no jornalismo em jornal e revista, tendo como paixão eterna o rádio. Começou sua carreira jornalística em 1979, secretariando como rádio-escuta dos programas na rádio Gazeta de Alagoas. “Rádio escuta era o profissional ou estagiário que ficava apurando notícias fortes, factuais que rendessem uma pauta quente e exclusiva, algo dado com mais detalhes, muito usado em reportagens policiais”. Trabalhando como repórter, Warner possui uma vasta experiência no jornalismo esportivo, sobretudo por conta das coberturas da Seleção Brasileira de Futebol. O jornalista teve a oportunidade de acompanhar a Copa do Mundo da França (1998), quando o Brasil amargou a segunda colocação ao perder na final para Seleção Francesa. Viu de perto a seleção brasileira conquistar em La Paz a Copa América da Bolívia (1997). Outro grande título conquistado pela seleção em que Warner esteve presente foi o Pré-Olímpico disputado na Argentina (1996). “O Brasil foi campeão em Mar Del Plata, território do nosso maior rival. Estive também na Copa Carnevalle na Itália (2000), com o Corinthians Alagoano. Em 2010, na Argentina, cobri mais uma Copa América”. Oliveira sempre fez coberturas do futebol alagoano, o que lhe rendeu aprendizado para trabalhar, em jogos nacionais da seleção canarinho. De fato adquiriu sua experiência profissional na Rádio Difusora de Alagoas. Durante o tempo que trabalhou na rádio obteve o registro profissional de radialista em 1982, conquista que lhe proporcionou entrar no quadro técnico da emissora. “Nunca tive o desprazer de presenciar o racismo, de ver algo premeditado. Nunca vi essa confusão de perto. O racismo, de certa forma, discrimina. É algo que choca, emocionalmente qualquer pessoa. Eu não vejo a diferença do racismo ser dentro ou fora do futebol, no convívio normal. É uma falta de respeito. É um crime e comungo da prática da punição. Nós

somos de uma formação, onde temos raças variadas, racismo é algo muito grave’, enfatiza Warner Oliveira, locutor do Timaço da Gazeta. No jornalismo impresso, Oliveira trabalhou com editor de Esportes no extinto JH (Jornal de Hoje), o que ele considerou uma grande escola de jornalistas. Warner ganhou e dividiu com o companheiro José Machado, o prêmio Salgema de Jornalismo em 1991, que por sinal era bastante disputado na época. O registro do relatório de discriminação racial, mostra que durante a Copa do Mundo (2014) ocorreram oito atitudes racistas, entre elas, xingamentos ao lateral esquerdo Marcelo, jogador do Real Madrid da Espanha. O mesmo recebeu ofensas via redes sociais, após ter feito um gol contra na estreia do Brasil, que venceu a Croácia por 3 x 1. As ofensas foram feitas por meio de mensagens como: “Tinha que ser preto”. “Tira esse preto do jogo e “se fosse branco não faria uma merda dessas”. São atitudes lamentáveis proferidas por pessoas da mesma nacionalidade. ” . Casos de racismo O racismo no futebol brasileiro existe, devido às atitudes de algum torcedor, ou jogador, em casos de racismo, os clubes acabam pagando pelos erros executados, onde em determinados casos são penalizados com uma multa. Em 2014 o Grêmio-RS foi punido em duas ocasiões, na final do campeonato gaúcho. Enquanto o zagueiro Paulão do internacional dava entrevista na beira do campo, um torcedor gremista fez sons de macaco, o que incomodou, prontamente, o atleta, o caso foi levado ao Superior Tribunal de Justiça Desportivo (STJD), julgado o Grêmio foi multado em R$ 80 mil, recorreu e a pena foi reduzida para R$ 15 mil. Em outra ocasião, a auxiliar de odontologia Patrícia Moreira, foi flagrada pelas câmeras xingando o goleiro Aranha do Santos de “macaco”. Outros torcedores gremistas participaram dos insultos. O clube foi, novamente, punido tendo que pagar R$ 50 mil. Neste caso, os auditores ainda suspenderam o árbitro da partida por 90 dias e os auxiliares por 60, demonstrando medidas efetivas.

“A punição deve ser dada a quem cometeu o ato.O clube não intermedia nada, quem motivou é que deve ser punido. A punição deve existir, a prisão nesse caso de ofensa está bem colocada, a depender do nível da ofensa”. Devido ao turbilhão de casos de racismo existentes no Brasil, a mídia, as escolas e as universidades, têm nas mãos o “poder” de contribuir no combate ao racismo, à mídia da ênfase ao assunto em decorrência dos casos que surgem, mas ainda falta a manutenção de ações firmes em prol desse combate, nas escolas seja elas particulares, estaduais ou públicas encontra-se falhas no ensino, e debates em relação a essa pauta não ocorrem, permanentemente, nas universidades a convivência com diferentes opiniões, grupos sociais e raças é evidente, todavia não existe a implantação de disciplinas, que leve para as salas de aula o estudo sobre igualdade social/racial.

“A formação familiar

influi muito, no relacionamento com as pessoas. Hoje a gente sabe que é muito difícil à aceitação de um negro em uma roda de amigos brancos, é preciso formar uma base familiar, uma base religiosa muito positiva nesse sentido, na escola é preciso à integração por parte dos professores”. Existe a questão do aspecto financeiro. Negro é tido como pobre é marginalizado, a base familiar é essencial para mudar esse tipo de conceito. Warner Oliveira


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O Racismo no Futebol Brasileiro

Professor diz que não se pode passar a mão para exaltação ao racismo Marcos Mesquita diz que precarização cultural faz do futebol um espaço para xingamentos e preconceito Defensor das causas sociais, o professor de Psicologia, Marcos Mesquita é graduado pela Universidade Federal da Paraíba, possui mestrado em Sociologia Política, pela federal de Santa Catarina e doutorado em Psicologia Social pela Universidade Católica de São Paulo e faz parte do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Alagoas, onde ministra aulas desde 2008. Experiente na área de Psicologia Social, Mesquita também fez parte do Movimento Abrace a Vila, que defendeu a permanência e a revitalização da Vila de Pescadores que existiu há mais de seis décadas, no bairro de Jaraguá, em Maceió (AL). O professor, pouco acompanha o futebol mas afirmou que, independente de não assistir ao esporte, teve conhecimento dos casos Daniel Alves, que comeu uma banana atirada no gramado e, após sete meses, viu o desconforto enfrentado por Aranha, na Arena do Grêmio, “Foram dois acontecimentos midiáticos que repercutiram bastante. Torna-se impossível não saber dessas notícias”. No dia 9 de setembro de 2014, a torcedora do Grêmio, Patrícia Moreira esteve presente no programa Encontro com Fátima Bernardes, transmitido na Rede Globo de Televisão e, na ocasião, Patrícia falou sobre o insulto racista acontecido no dia 28 de agosto na partida entre Grêmio x Santos, ao ser questionada sobre o xingamento de Macaco (direcionado a Aranha) a gremista respondeu “Foi um impulso na hora do jogo” “Fui junto com a torcida. Na hora a gente não pensa, age com a emoção. Eu não tenho dúvida de que quando a gente está na massa, em um jogo de futebol a

Foto: Carolina Santana “A nossa sociedade é, profundamente, preconceituosa. O racismo continua arraigado na sociedade, ainda que existam leis de combate a esse tipo de ato” Marcos Mesquita

gente é contagiado por alguma emoção, palavras de ordem, entretanto por mais que eu esteja na multidão, eu devo saber meu posicionamento diante dela, eu não posso expressar aquilo que eu não compactuo. Compactuar que foi um momento de exaltação do coletivo, é passar a mão na cabeça, se reforçamos esse tipo de discurso a gente de novo minimiza os efeitos dele, e praticamente diz. Não foi Racismo, foi uma brincadeira” ressalta. O Brasil é um país de mistura de raças, grupos sociais diferentes, culturas particulares e linhas de opinião diversificadas. O comportamento do cidadão brasileiro alterna, principalmente devido à educação. Formar é imprescindível. A educação passa por momentos de sucateamento. Cortes de gastos que afetam a vida de, milhares de jovens prestes a serem formados, no intuito de que

ao menos respeitar o próximo, independente de opiniões pessoais. A educação familiar é ponto crucial na formação dos jovens. Dificilmente as pessoas se assumem racistas, quando expõem essa atitude, geralmente usam um argumento sem fundamento, complicando ainda mais seu posicionamento. “A nossa sociedade é, profundamente, preconceituosa. O racismo continua arraigado na sociedade, ainda que existam leis de combate a esse tipo de ato, ele se apresenta de forma muito sutil e velada. O futebol, como uma manifestação cultural, é um espaço que o racismo se apresenta, na medida em que ele estar presente no dia-adia da sociedade, de modo mais evidente, através de um xingamento ou manifestação pejorativa. Não me espanta ainda que me cause certa perplexidade, é uma atitude que permeia nas nossas relações” enfatiza.

Racismo: Questão social ou psicológica? O racismo não faz parte de questão social nem psicológica, na perspectiva psicossocial. O sujeito não é desconectado da cultura que ele está inserido, e ao mesmo tempo, ele tenta transformar essa cultura, através da forma como ele pensa e dos seus valores, o racismo é compartilhado nessa relação entre sujeito e sociedade. Só em 2015, foram constatados 20 casos de racismo envolvendo futebol. Dos 22 casos, quatro tiveram algum encaminhamento. Em um desses o torcedor teve que pagar fiança de R$ 400. No campeonato tocantinense o Guaraí foi multado devido à atitude da sua torcida

que proferiu insultos ao zagueiro Alberto, do Interporto. Em Minas Gerais, Junior Paraíba, do URT, acusou o árbitro de racismo, porém o mesmo foi absolvido do caso. No clássico de Santa Catarina Avaí x Figueirense, Eduardo Costa, atleta do Avaí, deu um soco no técnico do Figueirense, o motivo segundo o volante foi ter sido chamado de Macaco nojento. Eduardo registrou BO. Os dois casos foram dados como encerrados. O Internacional-RS foi absolvido das acusações de injúria racial, contra o atleta Fabrício, por falta de testemunhas/provas suficientes foi absolvido Já o Grêmio foi acusado

devido à suposta imitação de macaco de seu torcedor. Outros dois tiveram apenas registros feitos via internet: o caso Jemerson que foi alvo de comentários racistas via instagram e o goleiro do São Paulo Rogério Ceni que recebeu cânticos de “Bicha” toda vez que cobrava o tiro de meta, em um clássico contra o Palmeiras. Por fim, exclusivamente, o jogador Elias que foi ofendido pelo zagueiro uruguaio González de 18 anos, preferiu publicar uma nota para comentar o fato, mas optou por não denunciar o jovem jogador.


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OpiniĂľes


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Eles fizeram do nosso futebol, o melhor do mundo por cinco vezes


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