“PARA MUDAR: REFORMA POLÍTICA JÁ!” INICIATIVA POPULAR PELA REFORMA DO SISTEMA POLÍTICO REDAÇÃO E COORDENAÇÃO EDITORIAL: Rivane Fabiana de Melo Arantes REVISÃO: Fabiano Gonçalves CAPA, PROJETO GRÁFICO E ILUSTRAÇÕES: João Lin REALIZAÇÃO: INESC Instituto de Estudos Socioeconômicos e SOS CORPO Instituto Feminista para a Democracia PROMOÇÃO: Plataforma pela Reforma do Sistema Político e Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral APOIO: DFID/Caid e Avina TIRAGEM: 5.000 Sugerimos e motivamos a reprodução total ou parcial das ideias aqui expostas por todos/as. Para a cópia e difusão dos materiais publicados, solicitamos citar as fontes. Plataforma dos movimentos sociais pela reforma do sistema político SCS, QD 01, Bloco L, nº 17 Cobertura Ed. Márcia - Brasília/DF - CEP 70.307-900 E-mail: reformapolitica@inesc.org.br
P716p Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político e Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral. Para mudar: reforma política já! Iniciativa popular pela reforma do sistema político brasileiro / Rivane Fabiana de Melo Arantes, redação; João Lin, ilustrações; INESC e SOS Corpo, realização. – Brasília: INESC, 2012. 40 p.: il. ISBN: 978-85-87386-24-3 1. Política – Brasil. 2. Brasil – Sistema político - Reforma. 3 – Reforma política – Iniciativa popular. I. Arantes, Rivane Fabiana de Melo. II. Lin, João. III. INESC – Instituto de Estudos Socioeconômicos. IV. SOS Corpo – Instituto para a Cidadania. V. Título
Bibliotecária Responsável: Denise Mendes-CRB-4/1368 $VVRFLDomR 3URÀVVLRQDO GH %LEOLRWHFiULRV GH 3HUQDPEXFR
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03 PARA MUDAR, REFORMA POLÍTICA JÁ! 05 PRA COMEÇO DE CONVERSA 07 ENTRE O PODER E A POLÍTICA 09 O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO 11 FORTALECIMENTO DA DEMOCRACIA DIRETA 13 DEMOCRACIA DIRETA: COMO É HOJE? 15 QUAL A NOSSA CRÍTICA? 17 AS NOSSAS PROPOSTAS 19 APRIMORAMENTO DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA 21 ELEIÇÕES MAJORITÁRIAS X PROPORCIONAIS 23 TIPOS DE LISTA DE CANDIDATOS/AS QUE TEMOS HOJE 25 FINANCIAMENTO ELEITORAL 27 AÇÕES PARA ENFRENTAR A DESIGUALDADE DE GÊNERO 29 CONTROLE SOCIAL DO PROCESSO ELEITORAL 31 QUAL A NOSSA CRÍTICA? 33 NOSSAS PROPOSTAS PARA A REFORMA DO SISTEMA ELEITORAL PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DOS PARTIDOS PARA O CONTROLE SOCIAL DO PROCESSO ELEITORAL APOIO A PROJETOS QUE TRAMITAM NO CONGRESSO 37 FIQUE CONOSCO 39 E PRA TERMINAR ESTA CONVERSA 40 FICHA DE ADESÃO
PARA MUDAR, REFORMA POLÍTICA JÁ! Iniciativa Popular pela Reforma do Sistema Político Brasileiro UMA NOVA FORMA DE SE FAZER E PENSAR A POLÍTICA Parece que todos/as concordam que precisamos mudar a política, que precisamos de uma reforma política. Mas que reforma política interessa ao povo? Não é qualquer uma. Precisamos de uma reforma que aponte para a mudança das formas de se fazer e pensar a política. Que coloque o povo no poder – portanto, uma reforma que crie mecanismos para o exercício direto do poder pelo povo, seja na democracia direta ou mesmo na democracia representativa. Foi pensando nisso que a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) elaboraram a Iniciativa Popular para a Reforma do Sistema Político. Esse é um mecanismo de democracia direta previsto na Constituição Brasileira, no qual é preciso coletar 1% de assinaturas dos/as eleitores/as. Foi esse mesmo instrumento o usado para propor a lei da Ficha Limpa. A presente cartilha procura explicar as propostas da Iniciativa Popular que foram construídas pelos diversos movimentos e organizações da sociedade civil brasileira e pela população. Organizamos vários debates por todo o Brasil e a minuta, depois de elaborada, foi colocada em consulta pública por mais de seis meses. A partir das várias propostas e críticas elaboramos a Iniciativa Popular. Esta cartilha está estruturada da seguinte forma: para cada bloco de propostas, descrevemos como é hoje, qual a nossa crítica, o que estamos propondo para mudar e por que estamos propondo. Acreditamos que, assim, contribuímos não só para o conhecimento das nossas propostas, mas do funcionamento do sistema político brasileiro, a quem ele presta contas, os interesses de quem ele defende e, principalmente, quem exerce o poder. Em termos de conteúdo, podemos resumir a Iniciativa Popular como um conjunto de propostas articuladas da democracia direta e da democracia representativa que apontam na direção do exercício direto do poder pelo povo. Por exemplo: defendemos que, quando você escolhe seu/a candidato/a, não está transferindo o poder que é seu para o/a seu/sua representante. O voto não é uma procuração em branco que você passa na hora da eleição.
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2 SRGHU FRQWLQXD FRP R D FLGDGmR m 3RU LVVR D ,QLFLDWLYD 3RSXODU GH¿QH XP FRQMXQWR GH temas em que o Congresso Nacional e o Poder Executivo não têm poder de decisão. Estamos propondo um limite do poder dessas instâncias para resgatar o poder do povo. Outra questão que estrutura as nossas propostas tem a ver com a sub-representação de vários segmentos do nosso povo nos espaços de poder. Por exemplo: a pouca representação das mulheres, da população negra, população homoafetiva, juventude etc. Isso acontece em função da forma como os/as candidatos/as são escolhidos pelos partidos e como DV HOHLo}HV VmR ¿QDQFLDGDV 3UHFLVDPRV PXGDU HVVDV GXDV FRLVDV SDUD PHOKRUDU D UHSUHsentação. Para isso, temos um conjunto de propostas, que apresentamos nesta cartilha. Acreditamos que somente com o envolvimento de toda população teremos uma reforma política que atenda aos interesses do povo e uma política que deixe de ser usada por determinados grupos para ter mais poder e acesso aos recursos públicos e, portanto, para se reproduzir no poder, seja econômico, político, cultural, social, simbólico e no poder real do dia a dia dos nossos embates. Assim, poderemos construir outra sociedade, igualitária, plural, democrática e na qual todas as riquezas e poderes sejam partilhados por todos e todas. Para dar entrada no Congresso como projeto de Iniciativa Popular, precisamos coletar 1.500.000 assinaturas. Não é pouco, mas nada é impossível para pessoas e organizações que lutam para a construção de um Brasil igualitário, justo e radicalmente democrático. Vamos à luta – ou melhor, permaneçamos na luta! Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político
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PRA COMEÇO DE CONVERSA
Somos uma nação de muitas promessas, de muitas pessoas e de muitas riquezas, temos todas as condições para um bem viver coletivo. Todavia, muitos e muitas de nós sentem na própria pele como escassez e abundância, direitos e interdições, silêncio e voz coexistem como forças, fazendo do Brasil um país de paradoxos – uma potência sustentada em múltiplas injustiças e desigualdades. É o caso da morte dos jovens QHJURV TXH GHQXQFLD GLDULDPHQWH R FRQÀLWR UDFLDO R QmR SDUtilhamento do trabalho doméstico entre homens e mulheres, TXH GHPRQVWUD D SHUVLVWrQFLD GR FRQÀLWR GH JrQHUR H D comercialização das pessoas que vivem do trabalho que UHYHOD R FRQÀLWR GH FODVVH Então, somos um país em crise, em más crises. E, das que marcam nossa época (energética, ambiental, ¿QDQFHLUD WDOYH] D PDLV UHVSRQViYHO SHOD GHVRUJDQL]DomR da vida social e falta de rumo político seja a crise de projetos. 3RU FDXVD GHOD WHPRV GL¿FXOGDGH GH SHUFHEHU R TXH HVWi HP jogo. Por ela (também) cada vez mais a vida é mercantilizada. E é a pretexto dela que se insinua o mito de sermos um país de iguais, onde tudo já está resolvido. Isso suscita entre nós a falsa ideia de que podemos entregar nossos destinos... em vez de sermos sujeitos deles. E, como “o tempo não para”, a vida na república segue seu rumo... sem nós. Mas somos também um país em ebulição. Por aqui a vida pulsa e pede passagem. Seguimos resistindo de muitos jeitos, em muitos lugares e, enquanto alguns são parte sem ter parte, muitos e muitas de nós querem ocupar o mundo de outro jeito, querem não somente ser parte, mas dizer qual projeto de sociedade desejam ser parte. E isso é o que vem
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motivando um conjunto de sujeitos polĂticos na defesa dos direitos e bens comuns da sociedade. Dentre esses, destacamos a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema PolĂtico, uma articulação de vĂĄrias organizaçþes, movimentos, fĂłruns e redes sociais que desde 2005 vem questionando mais sistematicamente a democracia brasileira, o modo tradicional de fazer polĂtica e as interdiçþes ao direito Ă participação de toda a sociedade. Nossa intenção ĂŠ transparente – queremos vivenciar outro modo de fazer polĂtica na famĂlia, na sociedade, nos meios de comunicação e no Estado. Mais que ter poder, queremos e temos direito de ser poder. Assim, apĂłs um grande diĂĄlogo com a sociedade e intensas discussĂľes com os poderes instituĂdos em torno dos sentidos da nossa frĂĄgil democracia, apresentamos Ă sociedade o resultado de nossas UHĂ€H[}HV D QRVVD FRQWULEXLomR SDUD D WUDQVIRUPDomR GD SROtWLFD H GR modo de exercer poder em nossa repĂşblica. Evidentemente, para termos um paĂs em que caibam todas as pessoas, precisaremos realizar uma grande revolução. Mas acreditamos que essa marcha pode FRPHoDU SRU SHTXHQDV H VLJQLÂżFDWLYDV PXGDQoDV Por isso ousamos dar o ponta pĂŠ nessa revolução exigindo a Reforma do Sistema PolĂtico nacional, como forma de irmos construindo um chĂŁo mais seguro para a democratização da democracia. Motivados/as por esse desejo, esta Plataforma, em articulação com o Movimento de Combate Ă Corrupção Eleitoral (MCCE) apresenta para o diĂĄlogo com a sociedade brasileira o nosso Projeto de Lei de Iniciativa Popular para a Reforma do Sistema PolĂtico. Assim, convidamos todas as pessoas a deixar-se tomar por esse espĂrito, pois o desejo de transformar o mundo ĂŠ a garantia de transformação de nossas prĂłprias vidas.
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Entre nĂłs hoje ĂŠ comum responsabilizarmos a polĂtica por todos os problemas VRFLDLV H DQWLSDWL]DUPRV FRP WXGR DTXLOR TXH D HOD VH UHÂżUD RV DV SDUODPHQWDUHV H JHVWRUHV DV D FRUUXSomR D HOHLomR RV SDUWLGRV R GHEDWH DV FDPSDQKDV H SURSDJDQGDV HOHLWRUDLV FRPR VH HVVDV SDODYUDV SXGHVVHP FRQWHU WRGR VHX VLJQLÂżFDGR Com isso reforçamos falsas ideias - “polĂtica nĂŁo se discuteâ€?, “todos os polĂticos/as sĂŁo corruptosâ€?, “mulheres nĂŁo gostam e nĂŁo sabem fazer polĂticaâ€?... Tratamos a polĂtica com desprezo, seguimos como se ela fosse um episĂłdio que sĂł acontece de dois em dois anos, quando somos obrigados/as a votar. E ĂŠ tĂŁo difĂcil essa conversa que esquecemos imediatamente em quem votamos, embora, sem querer, façamos do voto um modo de decidir que acompanha outros momentos de nossas vidas.
ENTRE O PODER E A POLĂ?TICA
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(QÂżP VHJXLPRV FRPR VH D GHPRFUDFLD UHSUHVHQWDWLYD RX PHOKRU R YRWR IRVVH D ~QLFD forma legĂtima de fazer polĂtica. PorĂŠm, como a polĂtica nĂŁo ĂŠ um ser, mas um fazer ser que se efetiva pela ação das SHVVRDV ID]HPRV SROtWLFD TXDQGR FULDPRV FRQĂ€LWR PHGLDPRV FRQĂ€LWR RX TXDQGR QRV omitimos deles. Fazemos polĂtica na famĂlia, na igreja, na rua, na relação afetiva, no trabalho, quando votamos e quando nĂŁo, quando decidimos decidir ou quando decidimos (ou somos obrigados/as a) silenciar. EntĂŁo, jĂĄ deu pra perceber que o exercĂcio da polĂtica, ou seja, o modo como nos organizamos para viver, o modo como lidamos com as pessoas e a natureza, tem a ver com o exercĂcio do poder. E essa ĂŠ a nossa questĂŁo aqui: “quem tem poder na nossa sociedade?â€? “Quais sĂŁo as formas atuais de exercĂcio do poder?â€? Essa prĂĄtica tem sido com justiça? “Quem controla o poder?â€? “Como se controla o poder?â€? Queremos ser poder ou queremos entregar nossos destinos a um “Messiasâ€?? SĂŁo perguntas difĂceis, principalmente nesse momento em que somos obrigados/as a YLYHU VRE D GLWDGXUD GR PHUFDGR e HVWH TXHP WHP GHÂżQLGR XQLODWHUDOPHQWH DV UHJUDV GR jogo, quer seja na polĂtica, na economia ou na cultura e, ĂŠ claro que ele se sustenta soEUH HVWUXWXUDV UDFLVWDV H SDWULDUFDLV SDUD DOFDQoDU D VXD Pi[LPD HÂżFiFLD GH GRPLQDomR exploração e opressĂŁo, privilegiando uns poucos em detrimento de todo o resto. E como ĂŠ que ele faz isso? Separando a polĂtica da grande maioria da população - o SRYR SRU DVVLP GL]HU GHVFRODQGR D HFRQRPLD GD SROtWLFD FULPLQDOL]DQGR R FRQĂ€LWR FRPR GHVRUGHP IRUoDQGR SUHFHLWRV PRUDLV H UHOLJLRVRV D VH WRUQDU FRQGXWDV REULJDWyULDV GH PXOKHUHV H PHQLQDV FULDQGR QLFKRV GH SRGHU HP TXH D VRFLHGDGH QmR WHP SRVVLELOLGDGH GH GHFLVmR H FRQWUROH FRPR D PtGLD H R MXGLFLiULR FRQIXQGLQGR RV FLGDGmRV mV FRP HVWUXturas de participação que em nada tĂŞm poder de decisĂŁo e concentrando poder nas mĂŁos de uns poucos (os ricos, os homens e os brancos). Ou seja, nos colocando ausentes de todas as decisĂľes do paĂs e nos impedindo de usufruir as riquezas socialmente produzidas... Fazendo de nĂłs uma democracia sem povo. A nossa proposta de reforma polĂtica traduzida no PL de iniciativa popular quer enfrentar esses problemas para ser caminho de radicalização da democracia. Por isso, propomos mudanças mais profundas – no sistema polĂtico, na cultura polĂtica e no prĂłprio Estado para ser possĂvel enfrentar as desigualdades e exclusĂľes e estimular a participação cidadĂŁ.
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O SISTEMA POLĂ?TICO B R A S I L E I R O
VocĂŞ sabia que estamos vivendo o perĂodo mais longo de democracia formal no Brasil? Pois ĂŠ: hĂĄ mais de duas dĂŠcadas temos eleiçþes periĂłdicas e universais, as liberdades formais estĂŁo garantidas e a participação ĂŠ um direito constitucional permitido a todos os brasileiros e as brasileiras. Mas nĂŁo tem sido um mar de rosas, nĂŁo ĂŠ? Nossa vida polĂtica ĂŠ atravessada por açþes que esvaziam o conteĂşdo da democracia. Estamos falando da apropriação privada daquilo que ĂŠ pĂşblico e coletivo, as relaçþes SDWULPRQLDOLVWDV H FOLHQWHOLVWDV TXH URXEDP R FDUiWHU S~EOLFR GD SROtWLFD a perspectiva racista, oligĂĄrquica e patriarcal, que expropria os direitos GH SDUFHODV VLJQLÂżFDWLYDV GD SRSXODomR Âą PXOKHUHV SRSXODo}HV QHJUD H LQGtJHQD SREUHV UXUDLV MRYHQV KRPRVVH[XDLV SHVVRDV FRP GHÂżFLrQFLD LGRVRV DV HWF Âą H R SRSXOLVPR R SHUVRQDOLVPR D FRUUXSomR H R QHSRWLVPR TXH FRPSURPHWHP VLJQLÂżFDWLYDPHQWH R FDUiWHU pWLFR GD SROtWLFD Ao mesmo tempo, somos um paĂs que cresce economicamente Ă custa de um modelo de desenvolvimento que esgota os recursos naturais, desrespeita as culturas locais e explora o povo. Apesar da diminuição do nĂşmero de pobres e miserĂĄveis, nos mantemos como um dos paĂses mais desiguais do mundo. E a captura da polĂtica pela economia de mercado aumentou a desproteção social, a violĂŞncia, a informalidade e precarizou as demais condiçþes de vida, colocando em xeque a construção de uma sociedade mais justa, igualitĂĄria, plural e democrĂĄtica. Essa visĂŁo reducionista da democracia e da cidadania, permeada pela GLQkPLFD GR PHUFDGR H GRV LQWHUHVVHV GR FDSLWDO ÂżQDQFHLUR FDXVRX R GHVHQFDQWDPHQWR GD SRSXODomR FRP D SROtWLFD H D GHVFRQÂżDQoD QDV instituiçþes, governos e atĂŠ nas prĂłprias pessoas. Tudo que ĂŠ publico passou a ser malvisto. Para nĂłs, esse ĂŠ um indicativo que democracia nĂŁo pode se restringir ao voto e a participação nĂŁo pode se confundir com processos eleitorais. É preciso reposicionar o poder na nossa direção, ampliando a esfera pĂşblica com partilha de poder, para permitir que nĂłs, mulheres, pessoas
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negras, indígenas, pobres, jovens, homossexuais, portadoras de necessidades especiais e tantas outras, SRVVDPRV GH¿QLU TXH VRFLHGDGH TXHUHPRV FRQVWUXLU H ser incluídos/as. Por isso a proposta formulada pela Plataforma não põe em questão apenas os processos eleitorais. Queremos colocar em causa o sistema político constituído pelas instituições eleitorais, mas demarcado pela correlação de outras forças sociais, como os meios de comunicação e o Poder Judiciário, estruturas que mexem diretamente no nosso cotidiano, mas que se mantêm insensíveis a qualquer tipo de controle por nós. Queremos ampliar o alcance da luta política, hoje limitada ao episódio eleitoral, fortemente condicionado pelo poder econômico e midiático, para discutir o próprio poder e as formas de exercê-lo. E, entre os GHVD¿RV TXH TXHUHPRV HQIUHQWDU SRU PHLR GR SURMHWR de lei de Iniciativa Popular, está o fortalecimento da democracia direta e o aprimoramento da democracia representativa, no que se refere ao sistema eleitoral e aos partidos políticos. Acreditamos que a maioria que vota tem direito de ter poder sobre a minoria que elege, e que esta não pode nos substituir, porque o poder é do povo, é nosso, e nunca pode ser delegado por inteiro. Mas, logo em seguida, queremos avançar no fortalecimento da democracia participativa/deliberativa, democratização da comunicação/informação e na democratização e transparência do Poder Judiciário.
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-i SHUFHEHPRV TXH GD IRUPD FRPR R QRVVR VLVWHPD SROtWLFR HVWi HVWUXWXUDGR PDLV EHQHÂżFLDdo serĂĄ quem estiver vinculado/a Ă s estruturas do capital/dinheiro e, como nossa sociedade estĂĄ sustentada pelo capitalismo, patriarcado, racismo e homofobia, as pessoas marcadas por essas estruturas nĂŁo conseguem acessar o poder em condiçþes favorĂĄveis Ă participação – basta um breve olhar sobre as trĂŞs esferas de poder (Executivo, Legislativo e JudiciĂĄrio) para perceber isso. AlĂŠm disso, a prevalĂŞncia da representação como o Ăşnico modo de fazer polĂtica, entre as outras formas de participação, some com a necessidade de nossa atuação, porque, da forma como o sistema estĂĄ pensado, ao votarmos, agimos como se assinĂĄssemos uma procuração em branco, dando poderes ilimitados aos/Ă s eleitos/as para decidir sobre os nossos interesses. E pior: eles/as agem como se os mandatos fossem privados e nĂŁo pertencessem Ă coletividade. Assim, precisamos descolar o exercĂcio da polĂtica das formas tradicionais de representação. PolĂtica se faz em qualquer lugar, e nĂŁo somente no estreito espaço do Estado. DaĂ a importância de entender que o poder cabe Ă cidadania, ĂŠ da ordem da soberania popular, como
FORTALECIMENTO DA D E M O C R A C I A diz nossa Constituição Federal – todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente –, e nĂŁo um monopĂłlio dos detentores/as dos mandatos ou partidos. Por isso, urgente ĂŠ resgatarmos o poder de decidir, sem intermediĂĄrios, sobre nossos destinos. É o que chamamos de democracia direta, ampliando os instrumentos para seu exercĂcio – plebiscito, referendo e iniciativa popular – e experimentando novas formas de fazer polĂtica, como o veto popular e a revogação de mandato.
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A nossa Constituição Federal diz que a soberania popular serå exercida pelo voto universal, direto e secreto, com igual valor para todos e atravÊs do plebiscito, referendo e iniciativa popular. O plebiscito Ê a consulta popular por meio da qual os cidadãos e as cidadãs podem aprovar ou rejeitar, pelo voto, um tema importante para a sociedade que ainda não estå previsto em OHL 5HIHUHQGR p D FRQVXOWD SRSXODU QD TXDO RV FLGDGmRV H DV FLGDGmV SRGHP FRQ¿UPDU RX
D I R E COMO É HOJE?
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A
rejeitar, por meio do voto, uma lei jĂĄ aprovada pelos/as parlamentares. Em ambos os casos, a decisĂŁo popular obriga o cumprimento pelo Estado. Iniciativa popular ĂŠ o poder da população apresentar diretamente um projeto de lei ao Congresso Nacional. Isso ĂŠ possĂvel por duas formas: a) o/a cidadĂŁo/ĂŁ comum apresenta sua proposta de projeto de lei, desde que consiga acumular assinaturas de 1% do eleitorado nacional (hoje em torno de um milhĂŁo e meio de pessoas), conseguindo-as em pelo meQRV FLQFR HVWDGRV H UHSUHVHQWDQGR GR HOHLWRUDGR GH FDGD XP GHOHV E HVWi SUHYLVWD no regimento interno da Câmara dos Deputados e autoriza as entidades civis (organizaçþes nĂŁo-governamentais, associaçþes e sindicatos) a apresentar proposta Ă ComissĂŁo de Legislação Participativa do Congresso Nacional. Nesse caso, a proposta deve apenas vir acompanhada de documentos que comprovem a existĂŞncia da entidade . (VVHV LQVWUXPHQWRV QR HQWDQWR VmR LQVXÂżFLHQWHPHQWH UHJXODPHQWDGRV SHORV $UWLJRV LQFLVRV , D ,,, H LQFLVR ;9 GD &RQVWLWXLomR )HGHUDO H SHOD /HL Qž
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A principal crítica diz respeito à prevalência que o nosso sistema político dá à democracia indireta – aquela que se faz por meio da representação político-partidária – e a desvalorização das formas diretas de participação. Para nós, o poder é da cidadania, se origina nas pessoas, que são os sujeitos de todos os poderes. Por essa razão, nossos/as representantes não podem falar por nós, nem dizer como devemos pensar, querer e agir – representar não pode ser roubar nossas vozes, mas abrir espaço para multiplicar nossa manifestação . Daí ser importante aperfeiçoar e ampliar as formas diretas de participação da sociedade nas instâncias de poder. Por isso defendemos que temas importantes não podem ser decididos pelos/as nossos/as representantes sem a nossa participação direta.
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2XWUD FUtWLFD GL] UHVSHLWR jV UHVWULo}HV H GLÂżFXOGDGHV IRUPDLV SDUD R H[HUFtFLR GDV IRUPDV GLUHWDV GH SDUWLFLSDomR WRUQDQGR VHXV LQVWUXPHQWRV LQVXÂżFLHQWHV H LQFRPSDWtYHLV FRP R direito Ă manifestação livre e soberana da vontade do povo sobre as questĂľes de seu interesse. Da forma como estĂĄ previsto hoje, nĂłs nĂŁo podemos convocar plebiscitos ou UHIHUHQGRV Vy R &RQJUHVVR 1DFLRQDO Âą R TXH VLJQLÂżFD TXH D GHÂżQLomR VREUH R TXH p LPSRUWDQWH SDUD WRGRV DV ÂżFD VRE SRGHU H[FOXVLYR GDV DXWRULGDGHV FRQVWLWXtGDV H QmR GR povo. E pior: as decisĂľes sĂŁo tomadas Ă nossa revelia. 4XHVWmR PHOLQGURVD WDPEpP p R ÂżQDQFLDPHQWR GDV FDPSDQKDV SDUD R SOHELVFLWR R UHIH rendo e a iniciativa popular, que, reproduzindo o modelo das campanhas para mandatos eletivos, praticamente condiciona o seu sucesso Ă capacidade de mobilização de recursos privados. Isso possibilita a corrupção e concentração de poder, permitindo que grupos polĂticos, de forte poder econĂ´mico e presença na mĂdia, disputem, com vantagem sobre nĂłs, as posiçþes para garantir interesses privados e nos coloquem fora da linha de frente das campanhas, impedindo a manifestação de nossos pontos de vista. Hoje sĂŁo os partidos polĂticos que concentram o poder de organizar campanhas de plebiscitos e referendos, mas quem deveria estar na linha de frente ĂŠ a população, pois esse ĂŠ um instrumento da democracia direta. 3RU ÂżP SHUVLVWH R SUREOHPD GD LQLFLDWLYD SRSXODU H D HQRUPH GLÂżFXOGDGH DSUHVHQWDGD DRV jV FLGDGmRV mV SDUD VXD XWLOL]DomR 0DLV XPD YH] ÂżFD YLVtYHO R H[FHVVR GH IRUPDOLVPR com a exigĂŞncia de 1% de assinaturas do eleitorado nacional – hoje, aproximadamente 1 milhĂŁo e 500 mil pessoas –, tendo de informar ainda nĂşmero de vĂĄrios documentos, inFOXLQGR R WtWXOR HOHLWRUDO TXDQGR SDUD D FRQVWLWXLomR GH XP SDUWLGR SROtWLFR VmR VXÂżFLHQWHV apenas 500 mil. É um verdadeiro descompasso para um paĂs de proporção populacional, territorialidade continental e cultura polĂtica individualista como o nosso, a isso se somando R SRXFR UHFXUVR ÂżQDQFHLUR TXH D VRFLHGDGH WHP SDUD ID]HU HVVH WLSR GH PRELOL]DomR Ademais, quando a proposta chega ao Congresso Nacional, segue o mesmo caminho de anĂĄlise e deliberação dos demais projetos de lei, nĂŁo havendo nenhuma prioridade legisODWLYD ,VVR ÂżFD DLQGD SLRU SRUTXH QmR Ki QR &RQJUHVVR PHFDQLVPR GH FRQIHUrQFLD GDV assinaturas – o que, na prĂĄtica, faz com que as propostas de iniciativa popular tenham de ser “adotadasâ€? por algum/a parlamentar sensĂvel Ă questĂŁo, que a reapresente, seguindo entĂŁo o rito de tramitação ordinĂĄrio. É de fato um desestĂmulo Ă participação social.
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1 QRYD UHJXODPHQWDomR GR $UW GD &RQVWLWXLomR )HGHUDO SDUD VLPSOL¿FDU R SURFHVVR GD ,QLciativa Popular, permitindo a coleta de assinaturas por formulårio impresso, uso de urnas eletrônicas e assinatura digital pela internet, exigindo das pessoas apenas a indicação de QRPH FRPSOHWR GDWD GH QDVFLPHQWR H PXQLFtSLR HP TXH YRWD DFHLWDQGR TXDOTXHU GRFXPHQWR H[SHGLGR SRU yUJmR S~EOLFR R¿FLDO FRPR FRPSURYDQWH SDUD DVVLQDWXUD GH DGHVmR UHVSRQVDELOL]DQGR D -XVWLoD (OHLWRUDO SHOD FRQIHUrQFLD GDV DVVLQDWXUDV
2 SULRULGDGH GD WUDPLWDomR QR &RQJUHVVR 1DFLRQDO GH SURMHWRV GH OHLV GH LQLFLDWLYD SRSXODU 3 PXGDQoD QXPD OHL GH ,QLFLDWLYD 3RSXODU DSHQDV SRU UHIHUHQGR de recursos de empresas públicas e privadas no processo da iniciativa popular. 4 proibição Para garantir a transparência, a prestação de contas de todo o processo de construção da ,QLFLDWLYD 3RSXODU H GH VHX ¿QDQFLDPHQWR GHYHP VHU DSUHVHQWDGRV FRPR DQH[R GD SURSRVWD DR &RQJUHVVR 1DFLRQDO
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direito e o poder da população de convocar plebiscitos e referendos, e a obrigatoriedade da 5 oconvocação destes para os seguintes temas: ‡ FULDomR LQFRUSRUDomR IXVmR H GHVPHPEUDPHQWR GH HVWDGRV RX PXQLFtSLRV EHP FRPR criação de territórios federais, sua transformação em estado ou reintegração ao estado de RULJHP ‡ DFRUGRV GH OLYUH FRPpUFLR ¿UPDGRV FRP EORFRV HFRQ{PLFRV H DFRUGRV FRP LQVWLWXLo}HV PXOWLODWHUDLV GH ¿QDQFLDPHQWR )0, %DQFR 0XQGLDO H %,' ‡ FRQFHVVmR GH VHUYLoRV S~EOLFRV HVVHQFLDLV HP TXDOTXHU GH VXDV PRGDOLGDGHV EHP FRPR DOLHQDomR GH FRQWUROH H DEHUWXUD GH FDSLWDLV GH HPSUHVDV HVWDWDLV ‡ PXGDQoD GH TXDOL¿FDomR GRV EHQV S~EOLFRV GH XVR FRPXP GR SRYR H GRV GH XVR HVSHFLDO ‡ DOLHQDomR SHOD 8QLmR )HGHUDO GH MD]LGDV HP ODYUD RX QmR GH PLQHUDLV H GRV SRWHQFLDLV GH HQHUJLD KLGUiXOLFD DVVLP FRPR GH SHWUyOHR ‡ DXPHQWR GRV VDOiULRV H EHQHItFLRV GRV SDUODPHQWDUHV PLQLVWURV GH (VWDGR SUHVLGHQWH GD 5HS~EOLFD H GRV PLQLVWURV GR 6XSUHPR 7ULEXQDO )HGHUDO ‡ PXGDQoDV GH TXDOTXHU QDWXUH]D VREUH PDWpULD HOHLWRUDO FXMR SURMHWR QmR WHQKD VLGR GH LQLFLDWLYD SRSXODU ‡ PXGDQoDV HP OHLV GH LQLFLDWLYD SRSXODU H ‡ PXGDQoDV FRQVWLWXFLRQDLV campanhas dos plebiscitos e referendos (propaganda na TV e rådio) devem ter partici6 as pação, na sua coordenação, das organizaçþes da sociedade civil em pÊ de igualdade aos SDUWLGRV RX IUHQWHV SDUODPHQWDUHV
7 H[FOXVLYLGDGH GH ¿QDQFLDPHQWR S~EOLFR SDUD DV FDPSDQKDV GH SOHELVFLWRV H UHIHUHQGRV GHVWLQDGRV D GHEDWHV PDWpULDV GH LQIRUPDo}HV H IRUPDomR H jV FDPSDQKDV GH UiGLR H 79 de plebiscitos, referendos ou iniciativas populares que afetem as clåusulas pÊtreas 8 proibição GH¿QLGDV QD &RQVWLWXLomR GH H RV GLUHLWRV IXQGDPHQWDLV H LQGLYLGXDLV H de um novo instrumento de democracia direta: o veto popular, como mais um instru9 criação mento da manifestação da soberania popular, devendo ser usado quando a população discordar de uma lei aprovada pelo Parlamento (seguirå o mesmo rito da coleta de assinaturas da Iniciativa Popular: atingido o número de assinaturas, a lei que for objeto de veto popular deverå, automaticamente, ser submetida a referendo popular).
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Essas pessoas eleitas sĂŁo muito conhecidas nossas: sĂŁo os/as vereadores/as, deputados/as, senadores/as, prefeitos/as, governadores/as e presidentes/as da RepĂşblica. Na teoria, funciona assim: o povo delega parte de seu poder para que essas pessoas o representem nos Poderes Legislativo e Executivo, fazendo a gestĂŁo do interesse pĂşblico por meio de polĂticas pĂşblicas e da normatização da vida social... Sempre no interesse da coletividade que o elegeu – o povo. Mas, se ĂŠ assim – o poder ĂŠ do cargo e nĂŁo da pessoa, e esta nĂŁo tem autorização para governar ou legislar em causa prĂłpria ou privilegiar os interesses de grupos privados em prejuĂzo da maioria da população –, essa pessoa deve atuar para garantir os direitos e interesses de toda sociedade – das que o/a elegeram e das que nĂŁo votaram nele/a tambĂŠm. E, se a matĂŠria-prima dos/as eleitos/as ĂŠ a coisa pĂşblica, entĂŁo devem atuar como se cuidassem de algo que nĂŁo lhes pertence, como se estivessem num trilho de trem do qual a qualquer hora terĂŁo de pular fora, mas deixando-o seguir intacto. AlĂŠm disso, se a representação ĂŠ uma expressĂŁo da vontade da sociedade e se polĂtica se faz na disputa via correlação de forças, os/as eleitos/as devem espelhar essa sociedade que os/as elegeram em termos de vontade, territorialidade, gĂŞnero, raça, idade, classe,
APRIMORAMENTO DA D E M O C R A C I A RULHQWDomR VH[XDO (QÂżP D SOXUDOLGDGH H D SURSRUFLRQDOLGDGH TXH Ki QD VRFLHGDGH DÂżQDO ĂŠ o nosso trabalho, a riqueza que produzimos e o nosso existir que fazem essas estruturas de poder ter sentido. A democracia representativa ĂŠ aquele modo de fazer polĂtica no qual o povo, que deve deter o poder real, delega-o para alguĂŠm representĂĄ-lo. Por isso tambĂŠm ĂŠ conhecida como democracia indireta.
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Das trĂŞs esferas de poder – Executivo, Legislativo e JudiciĂĄrio –, somente as duas primeiras sĂŁo, no Brasil, preenchidas por pessoas eleitas por nĂłs. Embora o JudiciĂĄrio seja espaço de grande poder sobre nossas vidas, ainda se mantĂŠm distante, fechado e insensĂvel a qualquer iniciativa de democratização. Somos nĂłs que pagamos suas despesas, mas nĂŁo somos nĂłs que decidimos os rumos de sua ação. O Executivo ĂŠ preferencialmente pensado para realizar açþes – as polĂticas pĂşblicas, que assegurem os interesses e os direitos da população, e tornem possĂvel uma vida com igualGDGH OLEHUGDGH H MXVWLoD SDUD WRGRV DV -i R /HJLVODWLYR GHYH DWXDU ÂżVFDOL]DQGR R ([HFXWLYR
REPRESENTATIVA COMO É HOJE? DSURYDQGR RX QmR R RUoDPHQWR S~EOLFR H DV OHLV TXH GHÂżQHP D YLGD VRFLDO H LQVWLWXFLRQDO Tudo com vistas a permitir a vivĂŞncia dos direitos pela sociedade. Esses poderes estĂŁo nos municĂpios, estados e na esfera federal, e devem atuar com autonomia, mas em diĂĄlogo entre si. Nesse modelo de democracia, a escolha de nossos/as representantes se dĂĄ num processo eleitoral baseado em um conjunto de regras e procedimentos que chamamos de sistema HOHLWRUDO e QHOH TXH HVWmR GHÂżQLGRV RV PRGHORV GH UHSUHVHQWDomR D UHJXODPHQWDomR GRV partidos, o modo de ocupação das cadeiras nas casas legislativas pelos partidos, os tipos GH ÂżQDQFLDPHQWRV GDV FDPSDQKDV DV Do}HV GH SURPRomR GD HTXLGDGH GH JrQHUR H R FRQtrole do processo eleitoral.
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ELEIÇÕES ELEIÇÕES MAJORITà RIAS X PROPORCIONAIS
O Brasil tem dois tipos de disputas eleitorais: para parlamentares no Legislativo (Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas e Câmaras de Deputados), por meio de eleiçþes proporcionais, e para prefeituras, governos estaduais, Senado e PresidĂŞncia da RepĂşblica, por intermĂŠdio de eleiçþes majoritĂĄrias. Na eleição, cada um/a de nĂłs vota em um/a candidato/a para deputado/a e vereador/a, e pensa que estĂĄ garantindo a eleição dele/a, mas, mesmo que nosso/a candidato/a seja bem votado/a, os/as eleitos/as serĂŁo os/as mais votados/as daquele partido ou coligação. Isso cria uma distorção na vontade do povo, pois votamos num/a, pensando que o/a estamos elegendo e, na verdade, elege-se outro/a, que pode atĂŠ defender propostas contrĂĄrias e/ou nem sabermos quem ĂŠ. Essa forma de escolha dos/as nossos/as representantes, a partir da soma dos votos de todos/as os/as candidatos/as de um partido/coligação e a distribuição proporcional Ă votação recebida pelos/as candidatos/as nĂŁo vincula o/a candidato/a a um programa ou partido. Ao contrĂĄrio, estimula a personalização das eleiçþes, tĂŁo comum em nossa cultura polĂtica, e impede que as casas legislativas espelhem a pluralidade de sujeitos e opiniĂľes que existe na sociedade. Por isso, o modelo mais indicado para os paĂses com profundas desigualdades como o Brasil, que favoreça a representação dos grupos vulnerabilizados, ĂŠ o sistema de lista prĂŠ-ordenada escolhida em processos amplamente participativos nos partidos e na sociedade. JĂĄ nas disputas majoritĂĄrias – prefeito/a, governador/a, Senado e PresidĂŞncia da RepĂşblica –, vencem aqueles/as que obtiverem a maioria dos votos nas eleiçþes. Ambos os sistemas, em função das regras existentes no Brasil, reforçam o personalismo e favorecem apenas os grandes partidos e os/as candidatos/as que tĂŞm mais dinheiro e poder, inclusive o poder dos meios de comunicação. Esse sistema faz com que quem tem poder o tenha cada vez PDLV SRU LVVR D PXGDQoD GD SROtWLFD QR %UDVLO SDVVD WDPEpP SHODV PXGDQoDV GDV UHJUDV eleitorais.
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ELEIÇÕES ELEIÇÕES
TIPOS DE LISTA DE CANDIDATOS/AS QUE TEMOS HOJE A distribuição do nĂşmero de parlamentares que cada partido terĂĄ ĂŠ sempre proporcional ao nĂşmero de votos que o partido teve. Os partidos apresentam Ă sociedade uma lista de nomes de candidatos/as que disputam entre si o nosso voto. Acontece que sempre hĂĄ DTXHOHV DV FDQGLGDWRV DV QRV TXDLV RV SDUWLGRV LQYHVWHP PDLV WDQWR ÂżQDQFHLUDPHQWH FRPR no tempo de TV e rĂĄdio. SĂł que isso nĂŁo ĂŠ dito para o/a eleitor/a. Essas listas, nas eleiçþes proporcionais, sĂŁo chamadas listas abertas. DaĂ, votamos nas pessoas, independentemente do grau de ligação que tenham com o programa dos partidos e, muitas vezes, independentemente de sua trajetĂłria polĂtica... E nem nos damos conta de que ĂŠ muito comum, hoje em dia, que candidatos/as de grupos conservadores – a conheFLGD GLUHLWD Âą GH UHSHQWH VH ÂżOLHP D SDUWLGRV FXMD KLVWyULD SROtWLFD IRL FRQVWUXtGD QD HVTXHUGD ou vice-versa. Sem falar que esse sistema favorece a reprodução do poder jĂĄ existente – masculino e branco. Ă€ primeira vista, entĂŁo, nos parece que somos “livresâ€? para votar em quem quisermos, mas nĂŁo ĂŠ bem assim. Votamos no/a candidato/a “do coraçãoâ€?, mas, na maioria das vezes “nĂŁo levamosâ€? e outros/as sĂŁo eleitos/as. Isso acontece porque os votos de cada candidato/a sĂŁo somados e, no cĂĄlculo das cadeiras conquistadas pelos partidos, vencem os/as mais votados/as do partido ou da coalizĂŁo. É por isso que muitos/as candidatos/as nĂŁo conseguem se eleger, mesmo tendo uma votação atĂŠ mais expressiva que os/as do outro partido. Aqui temos dois problemas: o personalismo, muito estimulado pelo modelo de lista aberta, H D LQÂżGHOLGDGH SDUWLGiULD PRWLYDGD SRU LQWHUHVVHV DOKHLRV j YLQFXODomR SURJUDPiWLFD DPERV IDYRUHFLGRV SHOR DOWR FXVWR GDV FDPSDQKDV H SHOR ÂżQDQFLDPHQWR SULYDGR $FDED TXH TXHP PDQGD QR PDQGDWR p TXHP R ÂżQDQFLD ,VVR QmR SRGH FRQWLQXDU
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FINANCIAMENTO ELEITORAL 'LPHQVmR LPSRUWDQWH GR VLVWHPD HOHLWRUDO p R VHX ÂżQDQFLDPHQWR 2 %UDVLO adota o sistema misto, o que permite a combinação de recursos pĂşblicos e privados para viabilizar comĂcios, reuniĂľes, programas de rĂĄdio e 79 SURGXomR GH PDWHULDO GH FRPXQLFDomR HQÂżP WRGR R ÂłQHFHVViULR´ jV campanhas eleitorais. 2 ÂżQDQFLDPHQWR S~EOLFR p FRQVWLWXtGR SRU UHFXUVRV RULXQGRV GR (VWDGR alocados no fundo partidĂĄrio e repassados aos partidos, bem como a cessĂŁo gratuita (obrigatĂłria por lei) de horĂĄrio eleitoral pelas emissoras de rĂĄdio e TV. Mas a prĂĄtica da polĂtica brasileira demonstra que ĂŠ mĂnima a FRQWULEXLomR GHVVH IXQGR QR ÂżQDQFLDPHQWR GDV FDPSDQKDV HOHLWRUDLV TXH GLJD VH GH SDVVDJHP VmR GDV PDLV FDUDV GR PXQGR -i R ÂżQDQFLDPHQWR privado tem uma diversidade de formas. Na prĂĄtica, ocorre por meio de doDomR HP GLQKHLUR GH SDUWLFXODUHV GHVGH VHXV VXDV SUySULRV DV ÂżOLDGRV DV empresas e grupos privados, atĂŠ a prestação gratuita de serviços, cessĂŁo de equipamentos, espaço e atĂŠ do trabalho “voluntĂĄrioâ€? de pessoas, ou mesmo contribuiçþes por fora, o famoso “caixa doisâ€? ou, num “termo modernoâ€?, recurso nĂŁo contabilizado. Muitos desses recursos sĂŁo oriundos da corrupção que, por sua vez, vai gerar mais corrupção. $VVLP FRPR R SHVR GR VLVWHPD HOHLWRUDO EUDVLOHLUR UHFDL VRE R ÂżQDQFLDmento privado, hĂĄ grande risco de que esses grupos econĂ´micos sejam privilegiados nas futuras decisĂľes polĂticas dos/as eleitos/as, em prejuĂzo do nosso interesse. AlĂŠm de ser muito presente a realização de prĂĄtiFDV LOHJDLV H HVFXVDV SDUD PRELOL]DU UHFXUVRV ÂżQDQFHLURV PHVPR D /HL OLPLWDQGR D FRQWULEXLomR GH SDUWLFXODUHV HPSUHVDV RX RUJDQL]Dçþes de acordo com seus rendimentos (mas deixando para os partidos a GHÂżQLomR GRV OLPLWHV GRV JDVWRV 3RU LVVR QmR p j WRD TXH QRV HVSDoRV de poder polĂtico, mulheres, população negra, indĂgena, pobres, jovens, KRPRVVH[XDLV HQÂżP XP JUDQGH Q~PHUR GH VXMHLWRV TXH IRJHP DR SDdrĂŁo masculino, heterossexual e com posses nĂŁo tenha representação.
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AÇÕES Com a problematização das mulheres sobre desigualdade de gĂŞnero no acesso ao poder SROtWLFR GHVGH YrP VHQGR DGRWDGDV DOJXPDV Do}HV DÂżUPDWLYDV SDUD SRVVLELOLWDU R DFHVVR GDV PXOKHUHV DR 3RGHU /HJLVODWLYR 7UDWD VH GD /HL Qž IUXWR GDV OXWDV feministas no paĂs, que obriga os partidos polĂticos a reservar o mĂnimo de 30% e o mĂĄximo GH SDUD FDQGLGDWXUDV GH FDGD VH[R GR )XQGR 3DUWLGiULR SDUD D IRUPDomR SROtWLFD das mulheres e 10% do tempo de propagando partidĂĄria em anos nĂŁo eleitorais para promover a participação daquelas. Perceba que a lei obriga a reserva de candidaturas e nĂŁo de cadeiras Ă s mulheres, e o percentual ĂŠ de 30% apenas, mesmo elas sendo maioria da população brasileira. E, para piorar, o fato de nĂŁo haver praticamente representação negra e indĂgena nos espaços de poder nĂŁo ĂŠ considerado problema, ainda que estas tambĂŠm sejam maioria na população GR SDtV QmR KDYHQGR QHQKXP PHFDQLVPR TXH HQIUHQWH HVVH GpÂżFLW Na prĂĄtica, os partidos nĂŁo cumprem as cotas e ainda alegam que sĂŁo as mulheres e as populaçþes negra e indĂgena que nĂŁo se interessam pela vida pĂşblica, responsabilizando os prĂłprios sujeitos pelas interdiçþes e nĂŁo sofrendo nenhuma punição por nĂŁo cumprir a lei (no caso das mulheres).
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3RU ÂżP QmR Ki LQVWUXPHQWR TXH SHUPLWD D SRSXODomR H VXDV RUJDQL]Do}HV DFHVVDU RV PHFDQLVPRV GH ÂżVFDOL]DomR H GHQ~QFLD GDV DUELWUDULHGDGHV FRPHWLGDV QRV SURFHVVRV HOHLWRUDLV +RMH para a maioria das açþes, apenas os/as candidatos/as e prĂŠ-candidatos/as, partidos, coligaçþes e MinistĂŠrio PĂşblico podem exercer esse direito. Por exemplo, a população nĂŁo pode propor nenhuma ação judicial contra um partido ou candidato/a que tenha cometido irregularidade, pois a Justiça diz que nĂŁo somos partes interessadas. Pode uma coisa dessas? Ademais, tambĂŠm nĂŁo hĂĄ previsĂŁo de que nĂłs possamos revogar os mandatos dos/as eleitos/as que cometeram ilegalidades ou descumpriram suas promessas, o chamado recall. Hoje sĂł ĂŠ possĂvel a cassação dos mandatos e, pelas prĂłprias casas legislativas, por meio do chamado impeachment, ou pelo JudiciĂĄrio. NĂłs, o povo, que elegemos os/as ocupantes dos mandatos, nĂŁo temos nenhum poder diante dos abusos e ilegalidades .
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QUAL A NOSSA CRĂ?TICA?
Temos muitas discordâncias sobre o modelo de democracia representativa implantado no Brasil. A mais forte tem a ver com a representação ser vista como o Ăşnico modo legĂtimo de fazer polĂtica, limitando a democracia ao processo eleitoral e desvalorizando as experiĂŞncias de participação direta da sociedade. Hoje, todo o poder polĂtico institucionalizado estĂĄ FRQFHQWUDGR QD GHPRFUDFLD UHSUHVHQWDWLYD SRU LVVR FRORFDPRV QD DJHQGD D QHFHVVLGDGH de seu aperfeiçoamento, para ser capaz de acolher nĂŁo somente as vĂĄrias demandas, mas tambĂŠm para dar visibilidade aos vĂĄrios sujeitos polĂticos existentes na sociedade. Por isso, um sujeito importante ĂŠ o partido polĂtico, espaço que deveria se ocupar do debate polĂtico democrĂĄtico, transparente e representante de segmentos da sociedade. Partido ĂŠ ser uma parte que tem um projeto polĂtico para toda a sociedade chamado de programa, uma parte que quer representar o todo . Como hoje os partidos sĂŁo a Ăşnica forma de acesso ao poder representativo via eleiçþes, entendemos que os mandatos sĂŁo vinculados a eles e GHYHP WRPDU SRU EDVH RV FRPSURPLVVRV SURJUDPiWLFRV DVVXPLGRV SHOR FRQMXQWR GRV DV ÂżOLDGRV DV /RJR FRPSUHHQGHPRV TXH RV SDUWLGRV GHYHP VHU GLULJLGRV SHORV DV ÂżOLDGRV DV H nĂŁo apenas pelos/as dirigentes e, como nenhum espaço que aglutina gente ĂŠ homogĂŞneo, devem ser capaz de conviver com as dissidĂŞncias internas, garantindo tambĂŠm o direito das minorias. Nesse sentido, se torna urgente a criação de mecanismos que melhor regulamentem a prĂĄtica polĂtica da troca de partidos, bem como as condiçþes das alianças a serem tecidas entre eles, uma vez que: a dimensĂŁo programĂĄtica e ideolĂłgica do partido ĂŠ orientadora de seu projeto de sociedade e mobilizadora de suas forças, as divergĂŞncias sĂŁo constitutivas das instituiçþes democrĂĄticas e o mandato ĂŠ, efetivamente, dos partidos. No modelo atual, os/as candidatos/as tratam os partidos como se fossem acessĂłrios de suas disputas pessoais no dia a dia da polĂtica e nĂŁo tĂŞm nenhum pudor em trocar de legenda quando ela nĂŁo mais acolhe seus interesses pessoais, agindo de maneira tĂŁo personalista e privatista que resistem a devolver aos partidos de origem seus mandatos polĂticos – ĂŠ a FKDPDGD LQÂżGHOLGDGH SDUWLGiULD
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Outro fenĂ´meno sĂŁo os acordos polĂticos tecidos durante o processo eleitoral, conhecidos como coligaçþes partidĂĄrias. 2FRUUHP TXDQGR SDUWLGRV GLIHUHQWHV PXLWDV YH]HV VHP QHQKXPD DÂżQLGDGH LGHROyJLFD SURgramĂĄtica e metodolĂłgica, resolvem se alinhar num Ăşnico bloco para fortalecer um projeto SROtWLFR ÂłGH FRDOL]mR´ ( R TXH Mi HUD UXLP ÂżFD SLRU (P PXLWRV FDVRV DV DOLDQoDV WHFLGDV pelos diretĂłrios nacionais dos partidos nĂŁo combinam e atĂŠ sĂŁo contrĂĄrias Ă s realizadas SHORV GLUHWyULRV HVWDGXDLV H PXQLFLSDLV e XP FRPSOHWR GHVDVVRVVHJR e R SDUWLGR ; TXH se alinha com os partidos Y e Z na instância municipal, mas que ĂŠ adversĂĄrio polĂtico de Y e Z na instância estadual... E quanto mais vĂŁo se aproximando as eleiçþes, mais inusitado, confuso e contraditĂłrio vai se tornado o processo de aliança entre as forças polĂticas. Por isso, defendemos a recuperação da importância dos partidos como sujeitos da polĂtica representativa, mas democratizando seus processos, reforçando a dimensĂŁo pĂşblica dos PDQGDWRV H VXEPHWHQGR D WURFD GH OHJHQGD H D FRDOL]mR GH IRUoDV SDUWLGiULDV j DÂżQLGDGH programĂĄtica e ideolĂłgica. Para nĂłs, as candidaturas devem ser lançadas por partidos devidamente constituĂdos, para evitar as legendas de aluguel – que se constituem para apresentar candidatos/as “laranjasâ€? durante as eleiçþes. A troca de partido sem motivação programĂĄtica deve resultar na perda automĂĄtica do mandato e sĂł devem ser permitidas federaçþes partidĂĄrias como modelo de aliança. 1DV IHGHUDo}HV SDUWLGiULDV RV SDUWLGRV FRP DÂżQLGDGH LGHROyJLFD H SURJUDPiWLFD SRGHP formar um bloco antes das eleiçþes para atuar com unidade em todo o paĂs. A ideia ĂŠ que essa aliança se reproduza nos trĂŞs nĂveis de poder (municipal, estadual e federal) e dure tempo razoĂĄvel para uma conformação polĂtica, diferente de hoje, quando os partidos se aliam temporariamente apenas para juntar votos, ganhar pleitos, aumentar o tempo de propaganda e dar espaço para os chamados “partidos de aluguelâ€?.
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E por falar em compromisso com o eleitor/a e na dimensĂŁo pĂşblica dos mandatos, tambĂŠm vemos com grande preocupação a permissĂŁo de o/a polĂtico/a ser eleito/a para cargo no Legislativo e ocupar cargos no Executivo. Por exemplo, um/a deputado/a que se torne ministro/a durante o mandato ou um/a eleito/a ao Senado que dispute a eleição para SUHIHLWR D 2 PDQGDWR SUHFLVD VHU FXPSULGR DWp R ÂżQDO 3RU LVVR GHIHQGHPRV D SURLELomR de disputar outro cargo eletivo na vigĂŞncia de seus mandatos ou de assumir cargos no Executivo durante os mesmos. Essa medida visa evitar mais uma vez que a coisa pĂşblica seja submetida aos interesses individuais e privados dos/as eleitos/as ou dos partidos, bem como que o processo eletivo se transforme em trampolim individual para acessar outros espaços de poder. NĂŁo dĂĄ mais para tolerar que se brinque com nossos desejos e crenças ou se desconsidere a vontade da coletividade. Para nĂłs, o/a eleito/a para qualquer cargo do Executivo ou Legislativo que quiser disputar novo mandato tem de renunciar ao que foi eleito/a e assumir os riscos de sua escolha futuramente, com a possĂvel perda da eleição ou cargo executivo. 2XWUD FUtWLFD GL] UHVSHLWR DR PRGR GH ÂżQDQFLDPHQWR GDV HOHLo}HV 4XDQGR R SURFHVVR GH escolha dos/as representantes exige um grande volume de dinheiro e este ĂŠ mobilizado a SDUWLU GH GRDo}HV SULYDGDV p yEYLR TXH HVVD HTXDomR QmR YDL VLJQLÂżFDU R EHP FROHWLYR 2V inĂşmeros escândalos de corrupção, lavagem de dinheiro, troca de favores, prevaricação HWF FRPSURYDP TXH HVVH WLSR GH ÂżQDQFLDPHQWR QmR p GHVLQWHQFLRQDGR RX JUDWXLWR 0DLV dia, menos dia, essa “faturaâ€? serĂĄ cobrada e quem terminarĂĄ pagando seremos nĂłs, o povo, que, alĂŠm de lesados/as, seremos punidos/as com a “transferĂŞnciaâ€? dos recursos das polĂticas pĂşblicas direto para os cofres dos grupos privados. E, para piorar, quando essa operação se combina com o patriarcado e o racismo, que orJDQL]DP D VRFLHGDGH H VXVWHQWDP WDPEpP HVVHV HVSDoRV GH SRGHU SDUFHODV VLJQLÂżFDWLYDV da população sĂŁo impedidas de acessar as instâncias de representação polĂtica. Vejamos o caso das mulheres: sĂŁo maioria da população, da PEA (população economicamente ativa) FRP PDLV GH DQRV WrP PDLV HVSHUDQoD GH YLGD H PDLRU HVFRODULGDGH TXH RV KRPHQV no entanto, continuam excluĂdas dos espaços de poder.
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3DUD ID]HU VHQWLGR R ÂżQDQFLDPHQWR S~EOLFR H[FOXVLYR SUHFLVD VHU XP LQVWUXPHQWR GH FRPbate Ă s desigualdades nos processos eleitorais, que geram a sub-representação de vĂĄrios sujeitos polĂticos. Defendemos que sejam ampliados os critĂŠrios de partilha dos recursos (hoje concentrados no nĂşmero de parlamentares eleitos/as para a Câmara dos Deputados). Queremos que sejam incluĂdos nos critĂŠrios para a partilha os mecanismos que os partidos tĂŞm para que os/as sub-representados/as possam acessar o poder. +RMH QR PDUFR GRV DQRV GR YRWR IHPLQLQR HPERUD VHMDP maioria do eleitorado e haja pesquisa que demonstra que a PDLRULD GRV DV EUDVLOHLURV DV YRWDULDP HP PXOKHUHV HVWDV UHSUHVHQWDP DSHQDV GD &kPDUD )HGHUDO PHQRV GH QDV FKHÂżDV GDV SUHIHLWXUDV H HP WRUQR GH 12% dentre os/as vereadores/as. E isso sĂł nĂŁo ĂŠ pior porque nĂŁo ĂŠ possĂvel fazer uma anĂĄlise racial desses HVSDoRV SRLV QmR WHPRV LQIRUPDo}HV QD ÂżFKD GH candidatura da justiça eleitoral nĂŁo consta o item cor/ etnia). Mas, para isso, nĂŁo precisamos de grandes pesquisas: basta olhar para vermos a total ausĂŞncia da população negra nos espaços de poder. As listas abertas dos partidos contribuem muito Ă persistĂŞncia dessas desigualdades. Hoje, as legendas apresentam uma lista de candidatos/as sem prioridade para que a sociedade faça suas escolhas. DaĂ votamos, mas, na maioria das vezes, nem nosso/a candidato/a se elege, nem sabemos quem nosso voto ajudou a eleger. Isso acontece porque o processo nĂŁo ĂŠ transparente, favorece o personalismo (votamos nas pessoas sem considerar o seu partido e o seu projeto) e beQHÂżFLD TXHP Mi HVWi QR SRGHU Âą SRUWDQWR RV KRPHQV EUDQFRV e com posses. Ficando pior quando hĂĄ coligação nas disputas proporcionais, pois a distribuição das cadeiras com os/as candidatos/as vai depender nĂŁo somente da quantidade de votos de cada um/a, mas do acordo e do lugar que cada legenda ocupa na aliança. É SRU LVVR TXH QXPD FROLJDomR ÂżFD PDLV GLItFLO VDEHU TXHP QRVVR YRWR HOHJHX Assim, defendemos a adoção de listas partidĂĄrias prĂŠ-ordenadas, com alternância de sexo e observando critĂŠrios ĂŠtnico/raciais, geracionais, vivĂŞncia da sexualidade, territorialidade etc. 0DV HVVDV OLVWDV SUHFLVDP VHU HVFROKLGDV HP SURFHVVRV GHPRFUiWLFRV SHORV DV ÂżOLDGRV DV dos partidos ou por processos mais amplos. Por exemplo: um partido pode abrir um pro-
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FHVVR FRP D VRFLHGDGH SDUD HODERUDU D OLVWD e DVVLP QR 8UXJXDL p DVVLP QD $UJHQWLQD H em outros paĂses e, com as listas prĂŠ-ordenadas, vamos saber em quem estamos votando e nĂŁo hĂĄ possibilidade de haver “candidato/a oculto/aâ€? – aquele/a que recebe nosso voto VHP VDEHUPRV $ DOWHUQkQFLD GH VH[R QDV OLVWDV VLJQLÂżFD TXH RV SDUWLGRV GHYHUmR FRQWHPplar obrigatoriamente nĂŁo somente as candidaturas, mas vĂŁo fazer uma espĂŠcie de reserva das cadeiras dos Legislativos para mulheres e homens. Como esse tipo de lista contempla obrigatoriamente as mulheres, acreditamos ser mais possĂvel nĂŁo somente um grau satisfatĂłrio de transparĂŞncia, escolhas de projetos em vez de pessoas, mas a construção de chances reais para que mulheres e outros segmentos sub-representados da sociedade sejam eleitos. Na prĂĄtica, isso funcionaria assim: cada partido, com base no nĂşmero de cadeiras a que tĂŞm direito nas casas legislativas, decidiria em prĂŠvias partidĂĄrias uma lista de candidatos e candidatas a partir dos critĂŠrios jĂĄ informados, apresentando para a sociedade o nome de um homem, seguido de uma mulher ou vice-versa, e assim sucessivamente. NĂłs, jĂĄ sabedores/as dos/as candidatos/as, votarĂamos nas listas, e nĂŁo nas pessoas, e, quando da apuração, seriam eleitos/as aqueles e aquelas que estivessem nos primeiros lugares da lista eleita. Isso evitaria o personalismo da disputa, diminuindo a competição e o peso das desigualdades entre os/as candidatos/as, porque todos/as teriam de trabalhar para que a lista, e nĂŁo suas prĂłprias candidaturas individuais, fosse vencedora. Ademais, em muito contribuiria para a paridade de gĂŞnero, jĂĄ que, no caso brasileiro, as mulheres estariam obrigatoriamente contempladas nas listas, nas mesmas condiçþes dos homens, alĂŠm da eleição de outros sujeitos que hoje nĂŁo tĂŞm acesso Ă s condiçþes para uma forte campanha eleitoral.
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NĂŁo podemos nos esquecer dos problemas na lei de cotas partidĂĄrias. Reconhecemos TXH HOD p XP SDVVR VLJQLÂżFDWLYR QR HQIUHQWDPHQWR GDV GLÂżFXOGDGHV VRIULGDV SHODV PX lheres para acessar o Poder Legislativo. Ela assume que hĂĄ o problema da desigualdade de gĂŞnero no nosso sistema eleitoral. Todavia, o fato de a lei apenas obrigar a reserva de percentual de candidaturas (e nĂŁo de cadeiras nos parlamentos) e, ainda assim, bem inferior Ă proporcionalidade da população feminina no Brasil – a reserva ĂŠ de 30%, quando as mulheres jĂĄ sĂŁo maioria da população –, e de seu descumprimento pelos partidos nĂŁo resultar em nenhuma punição, em pouco tem contribuĂdo para o reconhecimento das mulheres como sujeito polĂtico. Para nĂłs, as cotas seriam mais bem aplicadas em sistemas de listas fechadas, jĂĄ que as abertas, como se pratica hoje, sĂł contribuem para ampliar o desequilĂbrio entre homens e mulheres.
NOS SAS PARA A REFORMA DO SISTEMA ELEITORAL Fim das votaçþes secretas nos Legislativos; ÀP GD LPXQLGDGH SDUODPHQWDU D QmR VHU exclusivamente no direito de opinião e denúncia; ÀP GR ž H ž VDOiULRV SDUD RV DV SDUODPHQWDUHV entender como quebra do decoro parlamentar atos praticados ao longo da vida do/a eleito/a e que não sejam de conhecimento público;
inclusĂŁo nas comissĂľes de ĂŠtica dos Legislativos de representantes da sociedade civil, escolhidos/as pela prĂłpria sociedade;
recesso parlamentar de um mĂŞs, como os/as demais trabalhadores/as;
Ă€P GR IRUR SULYLOHJLDGR H[FHWR QRV FDVRV HP TXH D DSXUDomR refere-se ao estrito exercĂcio do mandato ou do cargo;
LPSODQWDomR GD ÀGHOLGDGH SDUWLGiULD SURJUDPiWLFD
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Por fim, nĂłs, cidadĂŁos e cidadĂŁs, e nossas organizaçþes, lamentamos a insuficiĂŞncia dos instrumentos de controle do sistema eleitoral e o fato de nĂŁo termos o direito de utilizar os mecanismos de fiscalização, controle e denĂşncia das ilegalidades e abusos cometidos durante o processo eleitoral. Do modo como nosso sistema eleitoral estĂĄ organizado, hoje apenas os/as candidatos/as e prĂŠ-candidatos/as, partidos polĂticos, coligaçþes e MinistĂŠrio PĂşblico ĂŠ que podem acessar a justiça, o que restringe nossa capacidade de participação e nos leva a defender a transformação do sistema, com a criação de instâncias em que possamos participar em pĂŠ de igualdade com aqueles sujeitos e a legitimidade de nossa capacidade de controle. Isso tem a ver com a nossa proposta de incluir nas comissĂľes de ĂŠtica dos Legislativos representantes da sociedade civil.
PROPOSTAS Ă€QDQFLDPHQWR GHPRFUiWLFR GR SURFHVVR HOHLWRUDO H proibição de recursos privados nos processos eleitorais. YRWR HP OLVWDV SDUWLGiULDV WUDQVSDUHQWHV FRP DOWHUQkQFLD GH sexo e respeito Ă diversidade racial/ĂŠtnica e sexual; partidos devidamente constituĂdos para lançar candidaturas; FULDomR GH IHGHUDo}HV SDUWLGiULDV publicação semanal das despesas de campanha eleitoral na web em sĂtio prĂłprio da Justiça Eleitoral; proibição de disputar outro cargo eletivo durante vigĂŞncia do mandato; proibição de assumir cargo no Executivo tendo mandato; limitação do domicĂlio eleitoral ao local onde a pessoa nasceu ou onde reside efetivamente; SXEOLFDomR GDV Ă€FKDV GRV DV FDQGLGDWRV DV PDMRULWiULRV DV H PHPEURV GH OLVWDV pela Justiça Eleitoral com as eventuais referĂŞncias a pendĂŞncias judiciais; e para o registro das candidaturas, a Justiça Eleitoral deve seguir as mesmas categorias usadas pelo IBGE no Censo.
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PARA A DEMOCRATIZAĂ‡ĂƒO DOS PARTIDOS As contas SDUWLGiULDV GHvem ser publicadas de forma pormenorizada na internet a cada mĂŞs;
intervenção: sĂł pode ocorrer HP FDVR GH SUiWLFD as GH Do}HV LOtFLWDV Pi movimengestĂŁo ou realização de WDo}HV Ă€QDQFHLUDV alianças fora da polĂtidos partidos sĂł poFD GHĂ€QLGD SHOR dem ser realizadas por partido; PHLR HOHWU{QLFR FDUW}HV de dĂŠbito ou crĂŠdito ou transferĂŞncia EDQFiULD
os partidos sĂł SRGHP VHU Ă€QDQFLDdos por recursos do fundo SDUWLGiULR H FRQWULEXLo}HV GH VHXV DV Ă€OLDGRV DV $V FRQYHQo}HV SDUWLGiULDV GHĂ€QHP R SDWDPDU INFRAÇÕES Pi[LPR GH FRQWULEXLomR GRV DV Ă€OLADMINISTRATIVAS QUE ados/as, sendo essa decisĂŁo tornada IMPEDEM A PARTICIPAĂ‡ĂƒO EM pĂşblica. PrevisĂŁo de cancelamento, Ă“RGĂƒOS DE DIREĂ‡ĂƒO PARTIDĂ RIA WHPSRUiULR RX GHĂ€QLWLYR GR SDUPOR OITO ANOS: tido que desrespeitar a norma. D GHVYLR GRV UHFXUVRV SDUWLGiULRV SDUD 1HVVH SHUtRGR Ă€FD VHP Ă€QV GLYHUVRV GRV SUHYLVWRV HP OHL acesso ao fundo parE utilização de valores pertencentes ao WLGiULR SDUWLGR SDUD R Ă€QDQFLDPHQWR GH FDPpanhas; F FDSWDomR LOtFLWD GH VXIUiJLR QD realização de qualquer votação do partido; e G fraude ou coação nos processos eleitorais internos, sendo irrelevante o alcance do resultado pretendido.
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PARA A DEMOCRATIZAĂ‡ĂƒO DOS PARTIDOS destinação do tempo de propaganda SDUWLGiULD SDUD Do}HV DĂ€Umativas – pelo menos 30% do WHPSR GH SURSDJDQGD SDUWLGiULD gratuita na mĂdia devem ser para a promoção da participação polĂtica das mulheres, afrodescendentes, indĂgenas, pessoas LGBT, jovens e pessoas com GHĂ€FLrQFLD
aumento do SUD]R GH ÀOLDomR SDUD D FDQGLGDWXUD GRLV DQRV SDUD D SULPHLUD ÀOLDção, mantida a possibilidade GH FDQGLGDWXUD GRV DV Mi ÀOLDGRV DV 2V DV LQWHJUDQWHV GR 3RGHU -XGLFLiULR WDPEpP devem ser sujeitos/as a essas normas;
destinação de pelo menos 30% dos recurVRV GR IXQGR SDUWLGiULR SDUD D IRUPDomR SROtWLFD H Do}HV DĂ€UPDWLYDV GDV LQVWkQFLDV GH PXOKHUHV afrodescendentes, indĂgenas, pessoas /*%7 MRYHQV H SHVVRDV FRP GHĂ€FLrQFLD RUJDQL]DGRV DV QRV SDUWLGRV SDUD conpromoção de açþes voltadas ao forcessĂŁo de talecimento e ampliação da parlegitimidade ao ticipação desses sujeitos na MinistĂŠrio PĂşblico, orgapolĂtica; e nizaçþes da sociedade civil
e demais partidos para quesWLRQDU QR -XGLFLiULR LOHJDOLdades praticadas pelos partidos polĂticos.
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PARA O CONTROLE SOCIAL Capacidade postulatĂłria: a capacidade postulatĂłria deve ser estendida ao/Ă eleitor/a que, como criacidadĂŁo/ĂŁ, pode ter interesse na ção de Conseapuração de fatos ou ação que lhos da Justiça Eleitoral, possa ter omissĂŁo dos partidos encarregados de promover e candidatos/as por conveniĂŞnaçþes de educação para a cidadania, cias polĂticas ou omissĂŁo do atuar como ouvidoria, dar cumprimento MinistĂŠrio PĂşblico; DR $UW % SDUiJUDIR VHJXQGR GD /HL da Ficha Limpa, que determina a formação de uma rede institucional para assegurar a criar, com apuração dos delitos eleitorais. Composto participação da por representantes da Justiça Eleitoral, sociedade civil, o ConMinistĂŠrio PĂşblico, instituiçþes da selho Nacional de ReguiUHD GH FRQWUROH RĂ€FLDO H VRFLHlamentação e Fiscadade civil; lização do Processo Eleitoral; criar a ação civil pĂşblica eleitoral para a apuração de lesĂľes aos direitos difusos dos/as cidadĂŁos/as, tais como: propaganda feita de forma preconceituosa em relação a determios nomes nados grupos sociais, excessivamente dos/as pretendentes ruidosa ou poluidora, autorizando-se a membros dos tribunais a celebração de termos de eleitorais devem ser diajustamento de vulgados na internet com o conduta; currĂculo completo e pro-
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cedimento de consulta pĂşblica;
depois de deixar o tribunal, seu/sua ex-integrante Vy SRGHUi DGYRJDU perante a mesma corte apĂłs uma quarentena de quatro anos; e
DO PROCESSO ELEITORAL
AP OI O
sĂŁo impedidos de participar dos tribunais eleitorais os/as que ocuparam cargo nos ĂłrgĂŁos de represenWDomR SDUWLGiULD IRUDP FDQGLGDWRV DV RX H[HUFHUDP FDUJRV GH FRQĂ€DQoD nos Ăşltimos oito anos, bem como os/as que incidem em qualquer dos critĂŠrios da Lei da Ficha Limpa ou sĂŁo parentes de mandaWiULRV DV
A
conferir Ă Justiça Eleitoral o acesso Ă s inIRUPDo}HV Ă€VFDLV H j PRYLPHQWDomR Ă€QDQFHLUD GR D FDQGLGDWR D mediante repasse de Declaração de Imposto de Renda de Pessoa FĂsica ',53) H GD 'HFODUDomR GH 0RYLPHQWDomR )LQDQFHLUD ',02) QRV ~OWLPRV FLQFR DQRV FDOHQGiULR DQWHV GD SRVVH EHP como, se eleito/a, durante o perĂodo em que durar o mandato, assim como os cinco exercĂcios posteriores ao mandato.
M NO CONGRESSO A T I RAM T Quem UE Q assinar a IniOS T ciativa Popular da ReE J forma do Sistema PolĂtico O R WDPEpP HVWDUi DVVLQDQGR R P apoio Ă proposta de Emenda &RQVWLWXFLRQDO 3(& TXH SHUmite a revogação dos mandatos UHFDOO SHOD SRSXODomR H D proposta de Lei de Responsabilidade Fiscal e Social .
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E PRA TERMINAR ESTA CONVERSA Para terminar esta conversa... Opa! Esta conversa nĂŁo termina: segue conosco vida afora, mexendo com a gente, causando nervoso, desmantelando R GLD D GLD PDV QRV PRVWUDQGR XP ÂżOHWH GH HVSHUDQoD GH TXH VHQGR D YLGD da gente, o poder sobre ela nĂŁo pode escapulir de nossas mĂŁos. NĂŁo temos dĂşvida de que apenas a transformação em lei de nossas proSRVWDV QmR VHUi VXÂżFLHQWH SDUD DV UXSWXUDV TXH D FRQVWUXomR GD MXVWLoD igualdade e liberdade exigem... mas ĂŠ um passo cheio desses sentidos. Por isso, cada um e cada uma de nĂłs, nossa força e nossa voz, sĂŁo importantes nesse processo. EntĂŁo nĂŁo tenha medo! A situação tem uma cara feia, sangra nossa carne, tira nosso sonho, vai ver que nem vamos consegui dar conta de tudo nesse curto tempo de nossas vidas – mas queremos que a Reforma do Sistema PolĂtico provoque perda dos privilĂŠgios de grupos polĂticos diretamente ligados a grupos econĂ´micos e midiĂĄticos poderosos, e que se apropriam dos espaços de poder que sĂŁo do povo. 0DV VH D JHQWH FRUUHU GD UDLD H QmR Âż]HU OXWD KRMH YDPRV FRPSURPHWHU DV possibilidades de vida de quem ainda nem ĂŠ presente, mas tem o direito de existir e de bem viver. E aĂ, por onde passa sua luta? Onde vocĂŞ vai depositar sua energia? A nossa, por ora, ĂŠ essa:
PARA MUDAR, REFORMA POLĂ?TICA JĂ ! 36
FIQUE CONOSCO ( VH DR ÂżQDO GHVWD FRQYHUVD YRFr SHUFHEHU TXH WHP DOJXPD FRLVD HUUDGD H TXH QmR p com vocĂŞ, mas lhe atinge, vocĂŞ estĂĄ correto/a! EntĂŁo se deixe levar por essa inquietação. &KHJXH MXQWR VRPH VH D QyV ÂżTXH GH ROKR QRV DV QRVVRV DV UHSUHVHQWDQWHV FRQVLGHUH tambĂŠm as outras formas de fazer polĂtica e assuma seu lugar de sujeito nas decisĂľes do paĂs. Converse com seus familiares, amigos/as, vizinhos/as, junte a comunidade para GLDORJDU VREUH LVVR WXGR $66,1( ( &2/(7( $66,1$785$6 FRQRVFR SDUD R 352-(72 '( /(, '( ,1,&,$7,9$ 3238/$5 3(/$ 5()250$ '2 6,67(0$ 32/Ă‹7,&2 'r XP SDVVR VLJQLÂżFDWLYR QD WUDQVIRUPDomR GR SRGHU QHVVH SDtV H DSRVWH TXH LVVR SRGH LPSDFWDU WDPEpP QRVVDV YLGDV 3URFXUH D ÂżFKD GH DGHVmR DR 3URMHWR GH /HL GH ,QLFLDWLYD Popular no nosso site (www.reformapolitica.org.br) e ASSINE sem demora. Junte-se a nĂłs H VHGX]D PDLV JHQWH SDUD HVVD LGHLD 3$5$ 08'$5 5()250$ 32/Ă‹7,&$ -Ăˆ E se quiser conhecer mais sobre o tema ou nossa campanha, veja nossos programas de rĂĄdio, vĂdeos, pesquisas, entrevistas, matĂŠria de opiniĂŁo, procure os sites de nossa plataforma:
Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema PolĂtico www.reformapolitica.org.br
Movimento Contra a Corrupção Eleitoral – www.mcce.org.br
Universidade Livre Feminista – www.feminismo.org.br
Inesc – www.inesc.org.br SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia – www.soscorpo.org.br
Cfemea – www.cfemea.org.br
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REDES QUE COMPÕEM A PLATAFORMA ABONG – Associação Brasileira de ONGs AMB – Articulação de Mulheres Brasileiras AMNB – Articulação de Mulheres Negras Brasileiras ACB – Associação dos Cartunistas do Brasil Campanha Nacional pelo Direito à Educação CEAAL – Conselho Latino Americano de Educação CLAI - Conselho Latino-Americano de Igrejas CNLB – Conselho Nacional do Laicato do Brasil Comitê da Escola de Governo de São Paulo da Campanha em Defesa da República e da Democracia CONFEA - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia EPJ - EvangÊlicos Pela Justiça FAOC – Fórum da Amazônia Ocidental FAOR – Fórum da Amazônia Oriental FBO – Fórum Brasil do Orçamento FBSSAN - Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional FENDH – Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos FES – Fundação Friedrich Ebert Fórum da Cidadania de Santos )yUXP GH 5Hà H[mR 3ROtWLFD )yUXP 0LQHLUR SHOD 5HIRUPD 3ROtWLFD $PSOD 'HPRFUiWLFD H 3DUWLFLSDWLYD FNPP – Fórum Nacional de Participação Popular FPPP - Fórum Paulista de Participação Popular FNRU – Fórum Nacional da Reforma Urbana Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão INTERVOZES – Coletivo Brasil de Comunicação Social LBL – Liga Brasileira de LÊsbicas MEP – Movimento EvangÊlico Progressista MCCE – Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral MNDH – Movimento Nacional de Direitos Humanos 0RYLPHQWR 3Uy 5HIRUPD 3ROtWLFD FRP 3DUWLFLSDomR 3RSXODU Observatório da Cidadania 3$' ² 3URFHVVR GH 'LiORJR H $UWLFXODomR GH $JrQFLDV (FXPrQLFDV H 2UJDQL]Do}HV %UDVLOHLUDV 5HGH %UDVLO 6REUH ,QVWLWXLo}HV )LQDQFHLUDV 0XOWLODWHUDLV REBRIP – Rede Brasileira pela Integração dos Povos
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5HGH 1DFLRQDO )HPLQLVWD GH 6D~GH 'LUHLWRV 6H[XDLV H 'LUHLWRV 5HSURGXWLYRV
FONTES CONSULTADAS $ SROtWLFD GR GLD D GLD WUDQVIRUPDQGR D YLGD GDV PXOKHUHV ,Q -RUQDO )rPHD DQR ;,,, Qž %UDVtOLD ') Âą MXOKR DJRVWR setembro/2010. Cfemea – Centro Feminista de Estudos e Assessoria. Ăˆ9,/$ %HWkQLD $ SDUWLFLSDomR GDV PXOKHUHV QD 5HIRUPD 3ROtWLFD 'LVSRQtYHO HP KWWS ZZZ LQHVF RUJ EU ELEOLRWHFD SXEOLFDFRHV DUWLJRV D SDUWLFLSDFDR GDV PXOKHUHV QD UHIRUPD SROLWLFD &DSWXUDGR HP Boletim Agenda Feminista para a Democratização do Poder na Reforma PolĂtica. SubsĂdio para a incidĂŞncia polĂtica (2011). Cfemea – Centro Feminista de Estudos e Assessoria. Boletim Plataforma Feminista Eleiçþes 2010: em defesa da igualdade e da cidadania feminina (2010). Cfemea – Centro Feminista de Estudos e Assessoria. %ROHWLP 3RQWR GH 9LVWD )HPLQLVWD VREUH D 5HIRUPD 3ROtWLFD &IHPHD Âą &HQWUR )HPLQLVWD GH (VWXGRV H $VVHVVRULD &+$8, 0DULOHQD &RQĂ€LWR p FRUDomR GD GHPRFUDFLD 'LVSRQtYHO HP KWWS VXO FRP EU MRUQDO R FRQĂ€LWR H R FRUDFDR GD GHPRFUDFLD GHIHQGH PDULOHQD FKDXL &DSWXUDGR HP Manifesto da Frente Parlamentar pela Reforma PolĂtica com Participação Popular. DisponĂvel em: http://www.cfemea.org. EU LQGH[ SKS"RSWLRQ FRPBFRQWHQW YLHZ DUWLFOH LG PDQLIHVWR GD IUHQWH SDUODPHQWDU SHOD UHIRUPD SROLWLFD FRP SDUWLFLSDFDR SRSXODU FDWLG DUWLJRV H WH[WRV ,WHPLG &DSWXUDGR HP MORONI, JosĂŠ Antonio. Reforma do Sistema PolĂtico: devolver o poder ao povo. DisponĂvel em: http://www.inesc.org.br/ ELEOLRWHFD SXEOLFDFRHV DUWLJRV UHIRUPD GR VLVWHPD SROLWLFR GHYROYHU R SRGHU DR SRYR &DSWXUDGR HP PASSOS, Najla. ApĂłs Ficha Limpa, movimentos querem eleiçþes sem verba privada. DisponĂvel em: http://www.cartamaior.com. EU WHPSODWHV PDWHULD0RVWUDU FIP"PDWHULDBLG &DSWXUDGR HP Proposta de Iniciativa Popular para a Reforma do Sistema PolĂtico brasileiro. DisponĂvel em: http://www.reformapolitica. RUJ EU ELEOLRWHFD FDWBYLHZ GRFXPHQWRV GD SODWDIRUPD KWPO &DSWXUDGR HP 48(,52= &ULVWLDQD 0RQWHLUR GH 3,1+(,52 /XDQD 0XOKHUHV H 3RGHU XPD DVVRFLDomR SRVVtYHO" ,Q %UDVLO 3UHVLGrQFLD da RepĂşblica. Secretaria Especial de PolĂtica para as Mulheres. RelatĂłrio Anual do ObservatĂłrio Brasil da Igualdade de *rQHUR %UDVtOLD 6HFUHWDULD (VSHFLDO GH 3ROtWLFDV SDUD DV 0XOKHUHV RANGEL, PatrĂcia. Participação Feminina na PolĂtica Institucional: anĂĄlise do sistema eleitoral brasileiro e sugestĂľes de mudança. In: Brasil. PresidĂŞncia da RepĂşblica. Secretaria Especial de PolĂticas para as Mulheres. RelatĂłrio Anual do 2EVHUYDWyULR %UDVLO GD ,JXDOGDGH GH *rQHUR %UDVtOLD 6HFUHWDULD (VSHFLDO GH 3ROtWLFDV SDUD DV 0XOKHUHV RelatĂłrio Final da ComissĂŁo Especial da Reforma PolĂtica. DisponĂvel em: http://www2.camara.gov.br/atividade-legisODWLYD FRPLVVRHV FRPLVVRHV WHPSRUDULDV HVSHFLDLV D OHJLVODWXUD UHIRUPD SROLWLFD DUTXLYRV UHODWRULR ÂżQDO FRQVROLGDGR &DSWXUDGR HP SILVA, Carmen. Reforma PolĂtica para Promover a Igualdade. DisponĂvel em: http://www.soscorpo.org.br/home/entry/ UHIRUPD SROLWLFD SDUD SURPRYHU D LJXDOGDGH KWPO &DSWXUDGR HP ______________ Feminismo, movimentos sociais e cultura polĂtica. Feminismos e Lutas Sociais: Curso de Formação 3ROtWLFD )HPLQLVWD &DGHUQR GH 7H[WR 626 &RUSR BBBBBBBBBBBB 5Dt]HV GDV 'HVLJXDOGDGHV ,Q &DGHUQRV GH &UtWLFD )HPLQLVWD $QR , Qž 'H]HPEUR 5HFLIH 626 &RUSR Cartilha Construindo a Plataforma dos Movimentos Sociais para a Reforma do Sistema PolĂtico no Brasil: por uma reforma polĂtica ampla, democrĂĄtica e popular, versĂŁo II. Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema PolĂtico, 7(,;(,5$ $QD &ODXGLD &KDYHV RUJ 2V 6HQWLGRV GD 'HPRFUDFLD H GD 3DUWLFLSDomR 6mR 3DXOR ,QVWLWXWR 3yOLV 3XEOLFDo}HV 3yOLV $QDLV GR 6HPLQiULR 2V 6HQWLGRV GD 'HPRFUDFLD H GD 3DUWLFLSDomR 6mR 3DXOR MXOKR GH
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