UTOPIA mag

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REVISTA MENSAL DE TENDÊNCIAS E CULTURA

www.utopiamag.com ISSN 1645-5444

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arquivo sonoro de pernes Uma entrevista a um gravador de memorias musicais

and i draw a line Entrevista a 3 ilustradores

Nº. 327

one more time Conheça as novidades na área do design de produto. O casamento perfeito entre originalidade e inspiração

01 JULHO 2014



DIRECTOR Trevenen Morris-Grantham trevenen@utopiamag.com COORDENAÇÃO EDITORIAL Marta González marta@utopiamag.com DIRECTOR DE ARTE Ricardo Galésio COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Alex D’Alva Teixeira, Ana Azevedo, Ana Pracaschandra, Andreia Pinto, Anita Perna, Biel Grimalt, Carla Pires, Carolina Almeida, Catarina Botas, Diogo Ferreira, Eliana Tómaz, Filipa Penteado, Hugo Filipe Lopes, Inês Ferreira, João Berhan, João Moço, Kristin Rasch, Mariantonia Sampol, Marta Carvalho, Monika Hübert, Mr. Esgar, Nick Suave, Nuno Andrade, olaulau, Pedro Primo Figueiredo, Pedro Saavedra, Pedro Soares, Pureza Fleming, Ricardo Aço, Sara Abreu, Silvana Covas,Tânia Neves, Tiago Costa,Vera Marmelo. REDACÇÃO E DEPARTAMENTO COMERCIAL Rua Santo António da Glória 81. 1250216 Lisboa

PROPRIEDADE Publicards, Publicidade Lda. DISTRIBUIÇÃO Publicards publicards@netcabo.pt REGISTO ERC 125233, NÚMERO DE DEPÓSITO LEGAL 185063/02 ISSN 1645-5444 COPYRIGHT Publicards, Publicidade Lda., TIRAGEM MÉDIA 17 000 exemplares PERIODICIDADE Mensal ASSINATURA 10€ (8 Números)

a Telefone 21 32 25 727 Fax 21 32 25 729 www.utopiamag.com info@utopiamag.com Facebook www.facebook.com/utopiamag.pt

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“Ao sentir esta proximidade que tenho com os músicos e que se reflecte nas fotografias, acho que o public sente que está também mais próximo deles, percebe melhor o que se está a passar. E eu já fico super satisfeita com isso.”

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temas

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artigo 4

editorial

Ligação directa à alma

Tempo para cantar

O bom gosto musical. A música consegue ler-lhe os pensamentos? Nós conseguimos.

O vinil regressou e veio para ficar. Uma reflexão de Pedro Primo Figueiredo.

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artigo 1

artigo 5

O regresso das k7s

Pára e olha para mim

Lembre o formato K7, cassete, que surgiu nos anos 70 e que, actualmente, é um fenómeno que se mantém longe das massas.

Em tempos de crise, parece que a dimensão humana é valorizada. Uma fotografa que prova isso é Vera Marmelo.

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artigo 2

artigo 6

Here she comes, you better watch your step

Arquivo Sonoro de Pernes

Conheça Mariana Duarte Silva, Madame, uma mulher empreendedora que tivémos a horna de entrevistar.

Uma entrevista a um gravador de memórias musicais, sonoras. Uma entrevista a Miguel Pacheco Gomes, um dos criadores.

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artigo 3

artigo 7

One more time

Gentleman’s Journal

Conheça as novidades na área do design de produto. Soluções que surgem de um casamento perfeito entre a originalidade e a inspiração.

João Jacinto. O homem que se apercebeu que a elegância “é um estado de coração”. Um artigo imperdível.

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And I draw a line Fomos entrevistar 3 ilustradores de capas de discos. A música e o grafismo num só.

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T X T: M A RTA

GONZÁL

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Facto: os nossos vizinhos têm sempre mau gosto no que toca a música. Outro facto: fora essas ocasiões de incompatibilidade no gosto e volume, a música é a ligação mais profunda entre seres humanos, e simultaneamente uma ligação directa à alma. Quantas vezes uma letra diz aquilo que não conseguimos expressar. Quantas vezes uma batida nos transporta no tempo e no espaço. A UTOPIA 01 é uma edição musical,que queremos tão inspiradora para ti como é para todas as pessoas que a conceberam. Ouvimos música como nunca, de manhã à noite. A que nos foi trazida, a que inspira os entrevistados, as músicas das vidas deles, as músicas que eles fazem na vida. Ofereceram-nos palavras, mostraram-nos vinis e cassetes, enviaram-nos ficheiros e links:“Conheces esta?” Desta partilha nasceu o que agora vais ler, ver e tocar. Há música nestas páginas. Consegues ouvi-la?

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g A Utopia celebra tambĂŠm a mĂşsica, em www.utopiamag.com/musica

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No ano passado assinalou-se pela primeira vez o Cassette Store Day, um dia para celebrar este formato que tantos podiam considerar enterrado quando, justiça seja feita, mantém uma saudável existência, ainda que distante de uma cultura de massas. Fala-se da cassete, óbvio. Na verdade, ela sempre foi um meio privilegiado para partilhar música com um cariz marcadamente experimental, que escapa às formulações da canção pop, tendo tido especial peso nas redes do noise e do black metal mais recôndito ou até da folk mística. Ainda que a partir de meados dos anos 1990, e por aí fora, o CD, temporariamente, se tenha imposto à cassete, o objeto nunca desapareceu, nem as pessoas com vontade de editar música neste formato. No entanto, é inegável que nos últimos anos há uma maior mediatização em torno da cassete, com uma proliferação de editoras que se focam nestas edições (estabelecendo, quase sempre, uma relação com a plataforma digital Bandcamp). Porque mesmo no circuito underground o CD-R perdeu o interesse. Branches, projeto de Pedro Rios, lançou recentemente a cassete “Casa Nossa”, pela editora portuguesa Mouca. Já em 2013 Ondness, de Bruno Silva, editou pela alemã Noorden a cassete “Pelas Margens” e pela britânica Where to Now? uma outra cassete, “Poor Man’s Twilight Zone”, além de uma outra edição, no mesmo formato, pela Adventures in Dubbing. O fascínio existe, propaga-se e para Pedro Rios o fator nostalgia entra na equação. “A geração de músicos na casa dos 20/30 anos tem ainda memórias das cassetes e a nostalgia é algo,por paradoxal que possa parecer,muito forte na cultura pós-Internet em que nos movemos”,afirma.Bruno Silva não põe de parte esse “peso nostálgico”, ainda que goste de “pensar que existe toda uma nova geração de putos para quem isto não tenha qualquer peso e que acreditam no formato”. Daí que não tenha uma relação fetichista com

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a cassete.“No caso de Ondness as editoras que contactei dedicam-se maioritariamente a edições em cassete, mas mais do que o formato, foi a música delas que me interessou. Ou seja, não foi uma escolha assim tão consciente da minha parte, embora tenha a noção de que para a música que faço – já de si algo lamacenta – a cassete seja bastante viável”.Também Pedro Rios considera que a música que faz como Branches, uma música “que vive pouco do detalhe hi fi (...) e que explora os lados mais baços e contemplativos do som”, tenha relação com este objeto. Existem sempre detratores e desse lado muitos consideram a cassete um formato dispensável pela maior facilidade da deterioração do som. Tanto Bruno Silva como Pedro Rios pouco se preocupam com essas questões. E o músico que assina como Ondness salienta:“Evitando encarar essa deterioração como algo poético em si – a efemeridade da obra, etc. – a verdade é que o som de fita acaba por transmitir um certo calor”. Este ressurgimento também poderá ser uma “resposta à desmaterialização da música”, como afirma o músico de Branches: “Se temos ‘toda’ a música online e queremos o objeto físico por fetiche, faz algum sentido que o objeto que se procure seja o mais antiquado possível”. Além dos nomes que se movem no circuito underground, outros mais mediatizados como Animal Collective, Flaming Lips ou Deerhunter também já escolheram a cassete para algumas edições, ainda que pontuais. O que pode apenas ser reflexo “de um mero hype alimentado por questões que se prendem mais com o fetiche para com o objeto em si do que com a música”, como afirma Bruno Silva. Ainda que agora se viva um certo hype à sua volta, a cassete não deixa de ser um objeto bonito e barato que facilita a proliferação de música que, tradicionalmente, não pertence à cultura de massas. E depois da excitação passar, a cassete continuará por aí. Já sobreviveu até hoje, porque é que não continuará a circular mais um pouco?



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mariana dua

here she comes, you better watch your steps. E O F IG U E IR R O P R IM T X T: P E D

IR E S CARLA P D O / P H T:

Ultimamente focada no Village Underground, que trouxe de Londres para Lisboa, Mariana Duarte Silva é uma empreendedora que já o era antes da crise que forçou muitos a arregaçar as mangas e procurar novas alternativas de trabalho. Licenciada em Gestão de Empresas, Mariana, Madame para o meio das artes,é responsável por trazer a Lisboa um punhado de eventos de música vanguardista. As festas “O Baile” trouxeram em anos recentes à capital portuguesa artistas como Micachu & the Shapes e Jon Hopkins, entre muitos outros, sendo também uma montra de alguma da melhor produção portuguesa em terrenos eletrónicos. Mas o começo foi diferente: o ano era 2005 e o objetivo era agenciar músicos e DJs. Tudo muito bonito, mas depois veio Londres, em 2007, para onde Mariana foi morar – e onde ganhou mundo e calo. No currículo diz que trabalhou com o único português a chegar aos tops das tabelas britânicas, Rui da Silva, mas foi às duplas Stereo Addiction, Heartbreakerz e no (então) novo talento Twofold que dedicou “mais tempo e coração”. A Mariana é um doce de pessoa e uma profissional de exceção. Que da música partiu para todo um novo mundo de projetos. Falámos com a Madame sobre a sua ligação com a música.


Como se deu o teu arranque profissional no mundo da música? Qual foi o primeiro evento que produziste?

Estiveste em Londres algum tempo. Quais as principais diferenças entre trabalhar neste meio em Inglaterra e em Portugal?

O momento que marcou o início da paixão por música eletrónica deve ter sido o [festival] Boom 2000. Apesar de já ter produzido festas no Indústria desde 1998, chegar ao Boom foi perceber que o coração batia mais e melhor quando ouvia 4 por 4 (de qualidade). Depois as festas “Providers”, a mítica no Cristo Rei ao som de Infusion, e em 2003 o colapso, a rendição total ao techno puro e duro quando chego ao Coliseu para o concerto de Underworld e deparo-me com uma dupla de DJs a partir o bar do Coliseu com um set estrondoso - eram os Stereo Addiction. O resto é história. O primeiro evento que produzi deve ter sido uma festa do “penteado” no Indústria ou a dos “post-its”. O Indústria foi onde tudo começou.

Londres é do tamanho de dez Lisboas, por isso há dez vezes mais opor tunidades, dez vezes mais clubes, dez vezes mais talento e dez vezes mais liberdade. Em pouco mais de um ano, e porque conheci as pessoas cer tas, estava a fazer festas no Plastic People, The End, The Egg, Sketch, Cargo, Music Hall e mais uma mão cheia deles. Londres é do tamanho de dez Lisboas, por isso há dez vezes mais opor tunidades, dez vezes mais clubes, dez vezes mais talento e dez vezes mais liberdade. Em pouco mais de um ano, e porque conheci as pessoas cer tas, estava a fazer festas no Plastic People, The End, The Egg, Sketch, Cargo, Music Hall e mais uma mão cheia deles.

Fotografia: Carla Pires Styling: Pureza Fleming Make Up e Cabelos: Andreia Pinto

Diz-me um músico ou banda com quem gostavas de trabalhar.

Qual foi o evento que até hoje te deixou com o maior sorriso nos lábios?

Qualquer uma que na verdade mexa comigo e seja feita por boas pessoas. As pessoas é que contam. Se são boas e puras fazem boa música.

Levar “O Baile” ao festival Exit, na Sérvia, foi sem dúvida o reconhecimento de algo que na altura estava a acontecer da melhor forma. Levar o DJ Ride, os Stereo Addiction, o Rui da Silva e os Papercutz a um dos maiores festivais de música do mundo marcou-me, sem dúvida.

Village Underground

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Can You Feel It

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Desde sempre os artistas e a Arte viveram de “mãos dadas” com inquietações, muitas delas relativas à sociedade do seu tempo e espaço. Na obra de Jeffrey Gibson, “Punching Bags”, existe uma inquietação latente, que ecoa destes objetos, reflexo de um brutal desconforto sentido em relação ao modo como a cultura dos Nativos Americanos é vista pela sociedade em geral. Motivo pelo qual começou a utilizar os sacos de boxe para descarregar muita da sua frustração perante o tema. O modo como este povo vive a sua cultura é para Jeff muito mais genuíno e ligado às verdadeiras origens americanas. O povo indígena tem o seu próprio “código” não só de música, como de moda, costumes sociais e até mesmo economia, refletidos também estes no modo como se comportam e no seu tão caraterístico “pow wow”, a conhecida dança que executam trajados com fatos coloridos. Assim, nas “Punching Bags” Jeff recorre ao imaginário “gráfico” das vestes dos índios americanos, combinando materiais tradicionais e outros mais modernos, embeleza-os e torna-os hipnóticos. Deste modo, confere-se uma personalidade a este objeto inanimado, deixando assim de se querer bater no mesmo, passando a apreciá-lo e respeitá-lo.


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IR A

American Girl

Cloudbuster

RE ĂŠS FER T X T: IN


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Acessórios feitos com discos de vinil podem parecer heresia à maioria dos coleccionadores, mas Raquel Cardoso, antiga estudante de doutoramento e actual costureira de discos, garante que só usa discos que ninguém quer coleccionar. Criou por isso, a Polyphonic, onde produz malas para todo o mundo a partir de LP’s ou SP’s a preços não proibitivos e inspiradas sempre no frenesim urbano de Lisboa. A melhor combinação de inspiração e originalidade em peças únicas e irrepetíveis e com um gostinho musical muito próprio. www.etsy.com/shop/PolyphonicPT Leve, rápida, ágil e cheia de vitalidade, a nova Vespa Sprint é a mais desportiva e jovem de toda a gama. Seguindo a tradição das legendárias “Vespino”, o novo modelo está, no entanto, cheio de novidades. A tecnologia mais avançada e um design excepcional garantem à Vespa Sprint leveza e simplicidade ao mesmo tempo que estabelece novos standards no que toca ao conforto, espaço, prazer de condução e segurança. Nasceu uma nova lenda.

a mota que vais

querer ter

O Village Underground é uma plataforma internacional para a cultura, que existe em Londres desde 2007 e que abriu recentemente em Lisboa. Divide-se em duas partes: espaços de trabalho e espaços culturais. Os ateliers de trabalho são montados numa estrutura de contentores marítimos e autocarros desactivados da Carris, para serem ocupados por profissionais de indústrias criativas. Coube ao talentoso akaCorleone, ilustrador e designer gráfico, aquecer o espaço e dar-lhe identidade. Os contentores foram entendidos com uma tela tridimensional em que os elementos gráficos unificam os blocos de ateliers. Pedro Campiche, akaCorleone, é hoje um dos maiores talentos na área da streetart, como ficou bem patente na exposição que ocupou a galeria Underdogs recentemente e que foi destacada em sites internacionais de curadoria artística.

akacorleone

village underground


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TXT: PEDRO PRIMO FIGUEIREDO / PHT: TIAGO COSTA

o regresso do vinil

Rita Redshoes. Capitão Fausto. PAUS. You Can’t Win, Charlie Brown. Bruno Pernadas. Em comum, discos novos no mercado. Falamos de música portuguesa de enorme vitalidade e pujança. Uns editam em vinil, outros não – mas todos partilham a paixão pelo objeto. Meio caminho entre conversas sobre a música dos próprios e a de outros, a UTOPIA foi falar com toda esta rapaziada. E todos trouxeram uma rodela à maneira antiga.

facto

As vendas de discos de vinil cresceram em 2013. Estão a ver a indústria da música, aquela em crise há anos, sempre na procura de nova forma de gerar receita? Essa mesma indústria redescobriu o vinil e raras são as novidades de hoje, pelo menos no que à produção mais alternativa diz respeito, que não são editadas neste formato. A British Recorded Music Industry, responsável por gerir os números da indústria britânica, revelou que o Reino Unido teve em 2013 o seu melhor ano em vendas de discos de vinil desde 2001. Ainda de acordo com a mesma entidade, há dados que apontam para que o aumento de vendas nas lojas independentes no Reino Unido tenha sido apoiado na venda de álbuns em vinil. Discos de nomes como David Bowie, Nick Cave, Daft Punk e Boards of Canada contribuíram para tal. Os Capitão Fausto editaram o recente e segundo tomo de originais, “Pesar o Sol”, em vinil. PAUS e Rita Redshoes têm novo disco e o vinil é também obrigatório. Bruno Pernadas

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e You Can’t Win, Charlie Brown não têm edições dos seus álbuns neste formato. “Talvez um dia”, diz Afonso Cabral, vocalista dos segundos. “Adorava”, sublinha Pernadas. Todos adoram música e todos fazem música pertinente. Rita Redshoes, por exemplo, regressa agora aos escaparates com o terceiro álbum, “Life Is A Second Of Love”. “É um disco onde falo muito na primeira pessoa”, começa por dizer à UTOPIA. Amores, encontros e desencontros, viagens e até uma experiência de ”quasemorte”, no Senegal, são combustível que faz andar esta máquina de bom gosto pop. “A vida é demasiado curta para me repetir”, analisa Rita nascida Pereira, tornada Redshoes para as artes. Dos Capitão Fausto muito já foi dito. “Pesar o Sol” é uma pedrada tão inesperada como essencial para compreender a geração rock atual. Perguntamos a Tomás Wallenstein, vocalista e guitarrista, como foi chegar aqui e como é conciliar estudos com amplificadores e família: “Nunca houve uma desaprovação, mas quando se começa a perder muito tempo e não há frutos existe algum desconforto. Quando começámos a mostrar resultados foi diferente”, frisa. As comparações com os Tame Impala, “os Capitão Fausto australianos”, não chateiam, mas este quinteto quer mostrar que é mais que uma representação local de uma bem-sucedida empreitada psicadélica do outro lado do mundo. E são-no: 2014 é deles. “Clarão” é o segundo álbum dos PAUS, quarteto que se apresentou há um par de anos desta forma: “uma bacteria siamesa, um baixo maior do que a tua mãe e teclados que te fazem sentir coisas”. Em 2014, há menos teclados, mais guitarra – a formação mudou entretanto – e um novo disco vigoroso e abrasivo. “Basta chegar o disco masterizado para eu pensar que mudava logo coisas nele”, diz Hélio Morais, um dos bateristas, perfeccionista. Makoto Yagyu, teclas e baixo, secunda: “Em todos os discos, em todas as bandas que tocamos, é assim”. Bruno Pernadas e os You Can’t Win, Charlie Brown cruzamse musicalmente. A UTOPIA fala com Pernadas e Afonso Cabral momentos antes de um ensaio de ambos para o concerto que o primeiro viria a levar ao Teatro Maria Matos, em Lisboa, apresentação única em formato “big band” para um dos álbuns mais incríveis editados por Portugal este ano.”Não sei se darei mais concertos neste formato”, diz. Afonso Cabral é um dos que apoia o músico ao vivo, poucos meses volvidos sobre o segundo disco dos seus “Charlies”.”Estamos muito satisfeitos”, diz Afonso, na ressaca de elogios vários de crítica e público. O vinil talvez chegue mais tarde. A música, essa, está aí para consumo imediato.

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(CAPITÃO FAUSTO) ESCOLHE “HAIR” (2012), DE TY SEGALL & WHITE FENCE

“Acho muito bom. A ideia é engraçada, eles cantam as músicas um do outro mas cantam os dois, de alguma maneira, as canções. Tem harmonias de voz divertidas, o disco. O meu critério foi escolher algo que ando a ouvir muito agora. Fiz uma batota, não tenho este disco e pedi-o emprestado ao Domingos [Coimbra, baixista dos Capitão Fausto]. Tenho acima de tudo discos mais antigos, a maior parte herdados porque sou um gajo teso.”

(PAUS/LINDA MARTINI/IF LUCY FELL) ESCOLHE “...BURN, PIANO ISLAND, BURN” (2003), DE BLOOD BROTHERS

“É o único disco que tenho autografado. Não gosto muito de ter autógrafos, normalmente prefiro falar cinco minutos com a pessoa. Este foi especial, na altura nós, If Lucy Fell, tocámos com Blood Brothers e a Cláudia [Guerreiro, baixista de Linda Martini] fez-me uma surpresa: comprou o vinil e pediu para o baterista [Mark Gajadhar], um dos gajos que mais me influenciou e mais admiro a tocar, o assinar.”

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(YOU CAN’T WIN, CHARLIE BROWN) ESCOLHE “YELLOW MAGIC ORCHESTRA” (1978), DE YELLOW MAGIC ORCHESTRA

“Na verdade a minha coleção de vinis é modesta. Este é dos poucos que de facto só tenho em vinil e não noutro formato. É um disco especial porque foi oferecido de forma inesperada. Foi o Tomás, baterista da banda, que mo deu, há uns dois anos. Adoro isto, tem aquela característica que é rara na música: não só gosto de ouvir porque é boa música mas até me faz rir de vez em quando. Rir não no sentido gozão, mas com aquele ‘kitsch’ que adoro”.

ESCOLHE “MULATU OF ETHIOPIA” (1972), DE MULATU ASTATKE

“Já conhecia a música do Mulatu Astatke com um projeto que ele tinha que era o Ethiopian Quintet. Este disco é um dos primeiros discos dele [a solo]. Conheci-o pessoalmente no festival MED, de Loulé. Ele tornou-se famoso mais tarde porque a música dele aparece no filme “Broken Flowers”, ganhou muita internacionalização aí com esse filme. Este disco foi o meu sobrinho que me trouxe da Alemanha neste último Natal”.

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EN IL IPA P T X T: F

Começou a fotografar rque ainda na faculdade, po queria estar perto dos sua amigos que eram, na maioria, músicos. era Como não sabia tocar, que a máquina fotográfica ça justificava a sua presen activa.

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CARLA / P H T: TEADO

P IR E S

Já começa a ser hábito encontrar nestas páginas pessoas que gostam de pessoas. Realizadores, músicos, artistas de todas as áreas, cujo traço comum é o fascínio pelo outro. Talvez seja uma coincidência ou então um indício de que em tempos de crise, o único câmbio que não desvaloriza é a dimensão humana. Nesta economia paralela, Vera Marmelo pertence a uma classe privilegiada. Tem trinta anos, é do Barreiro por inteiro, engenheira a full time e fotógrafa em todo o tempo que lhe resta para além disso. Começou a fotografar ainda na faculdade, porque queria estar perto dos amigos que eram, na sua maioria, músicos. Como não sabia tocar, era a máquina fotográfica que justificava a sua presença activa. Aprendeu a revelar e a ampliar num clube de fotografia do Instituto Superior Técnico, onde estudava, mas em tudo o resto é autodidacta. Hoje em dia, é na música que continua a encontrar os rostos que gosta de fotografar. Muitos deles faziam parte desse grupo inicial de amigos e têm, de certa forma, crescido juntos ao nível profissional. Começou a fotografar concertos no Barreiro Rocks de Nick Nicotine, acompanhou Francisca Cortesão, Walter Benjamin e B Fachada quando faziam parte do catálogo da Merzbau, editora fundada pelo amigo Tiago Sousa. Num processo orgânico, seguiram-se os artistas da Flor Caveira: Samuel Úria, Lacraus e Tiago Guillul, entre outros. Nos últimos anos, em registo de concerto ou em modo retrato, juntaram-se à lista nomes como os Orelha Negra (para quem fez também o video ‘Throwback’, em parceria com Ben Monteiro) os Linda Martini, Pacman, Alex D’Alva Teixeira ou Capicua.

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Fotografa habitualmente na ZDB e participou no projecto O Dia Pela Noite, com curadoria de Susana Pomba (que entretanto se tornou também uma amiga e com quem continua a colaborar regularmente) alternando sempre entre o digital e o analógico consoante o momento e o tipo de trabalho. Em 2006, criou o v-miopia, um blog onde podemos ser voyeurs através da sua lente. Era possível escrever um texto só com as histórias e intervenientes que fazem parte do percurso de Vera Marmelo, mas o que importa dizer é que todas as linhas deste diagram partem dos afectos ou a eles vão dar. Talvez por isso, o retrato é o seu registo favorito. De preferência em médio format analógico, porque o filme dá textura, dimensão e ruído.

“Os retratos dão-te espaço para conversar, para conhecer as pessoas, para fazer amigos novos”, diz.

Um dos seus últimos feitos profissionais surgiu precisamente de um gesto de amizade. “Quando o Thurston Moore tocou na ZDB em 2012, o Sérgio Hydalgo – programador musical da ZDB, um amigo de sempre e um grande fã de Sonic Youth - pediu-me para fazer um retrato do Thurston. Quando ele saiu do ensaio, perguntei se o podia fotografar, ele sentouse com um copo de vinho na mão e tive tempo de fazer cinco disparos. As fotografias ficaram bonitas e o Sérgio enviou-as. Passado um ano estava a receber um e-mail do Thurston a perguntar se as podia usar como fotos de promoção”. No horizonte, está também um trabalho em conjunto com Luís Martins, outro fotógrafo habitual na ZDB. A ideia é fazer uma selecção de imagens dos concertos que fotografaram no “Aquário” ao longo dos anos e editar um livro ainda em 2014, por altura do 20.º aniversário da Zé dos Bois. Da sua actividade enquanto engenheira, retira uma capacidade de organização que lhe é útil, mas a sobreposição entre os dois mundos fica por aí. Gostava de fazer da fotografia o seu ganha-pão mas, por outro lado, isso também iria desvirtuar aquilo que considera ser a sua missão. Fala de tudo com humildade e, tal como no início, encara a câmara como justificação para a sua presença nos sítios onde consegue estar e para o acesso que tem. A partir daí, diz que vai criando uma “montra de favoritos” e que a importância do seu trabalho está directamente ligada aos momentos que tem tido o privilégio de registar e à ligação emocional que cria com os músicos e com o público. “Ao sentir esta proximidade que tenho com os músicos e que se reflecte nas fotografias, acho que o public sente que está também mais próximo deles, percebe melhor o que se está a passar”.

Vera Marmelo Fotografia: Carla Pires Styling: Pureza Fleming Make Up e Cabelos: Andreia Pinto Blusão: Pepe Jeans T-shirt: Boom Bap Calças: H&M

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Fotografia: Vera Marmelo Vestido LACOSTE Sapatos FLY LONDON

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Fotografia: Vera Marmelo Camisa e Calรงas G-STAR

Fotografia: Vera Marmelo Camisa e Calรงas G-STAR

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ADO


A UTOPIA falou com Miguel Pacheco Gomes, um dos criadores do projecto. Como surgiu a ideia de criar este arquivo sonoro?

Qual o som das tuas memórias? Que ruídos, que músicas, que vozes levarias contigo se tivesses de abandonar tudo?

Assentou na vontade de se criar um Arquivo Sonoro que pudesse registar, preservar e apresentar uma ideia social (etnológica) política, cultural e económica da antiga e histórica vila de Pernes. Uma ideia que apelasse à experiência e à memória afectiva daqueles que sobre ela ainda podem dar ou continuar a dar o seu testemunho. Porquê a escolha do som como forma de registo e não a imagem, por exemplo? A ideia é criar uma plataforma que explor e e apresente outras formas de mostrar, tomar contacto e despertar a curiosidade sobre a região, promovendo o som enquanto prática documental e social. Sempre foi essa a intenção e a área em que pretendemos trabalhar - interpretando e entendendo o som na sua relação com a cultura, a natureza e o ambiente sonoro; percebendo a audição como uma forma de “conhecimento”.

O Arquivo Sonoro de Pernes é um projecto que guarda os sons e neles a vida de uma vila. Cada ficheiro é uma viagem para os ambientes, a natureza, as pessoas que formam a localidade: ouvem-se pássaros a chilrear, a água das fontes, o sino da igreja, o ruído mudo das ruas vazias. Os nomes por detrás deste projecto vêm de várias áreas de formação, tendo em comum uma ligação bastante próxima e profunda a esta zona, embora nenhum deles viva lá a tempo inteiro. De licenciados em Educação, a Arquitectos Paisagistas, passando por Sociológos, Designers de Comunicação e Engenheiros Informáticos, todos contribuem com as suas “ferramentas” específicas para a recolha, arquivo e divulgação deste trabalho sobre a relação entre o som e a cultura.

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Como é feita a recolha e de que forma está a ser arquivada/disponibilizada ao público? Quais são os planos para fazer crescer ou manter este arquivo? A conversa gerada junto dos entrevistados/ intervenientes decorre de uma forma muito pouco formal e, ao mínimo orientada por nós. Escolhemos locais e pessoas que, à partida, são consideradas relevantes para o entendimento dessa tal ideia social, ambiental, política, cultural e económica da zona. Para o seu arquivamento e disponibilização temos utilizado um web site próprio, www. aspsa.tk. É uma versão de teste que irá, dentro dos próximos tempos, transitar para o domínio definitivo, www.aspernessa.com.

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AROL T X T: C

M E ID IN A A L

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Styling: Gentleman’s Journal Fotografia e produção: António Medeiros Maquilhagem: Pat Mclou Cabelo: Marcio Néris Modelo: Mariana Nunes @central models

Assume-se como um diário de viagem ao mundo da moda masculina e é dirigido ao homem português. Chama-se Gentleman’s Journal e é daquelas moradas digitais a não perder de vista para quem considera que a elegância é um state of heart. Há um ano que João Jacinto, o homem por detrás do Gentleman’s Journal, iniciou esta sua viagem, levado ora pela curiosidade, ora por ter percebido que falar sobre elegância e moda para homens portugueses “era uma necessidade mais generalizada”, conta à UTOPIA. “Temos tudo para ser elegantes. Temos o charme latino e a simpática natural. A elegância, antes de tudo, é um estado de coração”, explica. E para comemorar o primeiro aniversário do Gentleman’s Journal, o também consultor de comunicação decidiu dar espaço precisamente a quem se dirige - o homem português - e celebrar a sua elegância. Como? Em parceria com o fotógrafo Mário Príncipe e a stylist Xana Guerra, eternizaram a elegância de 13 homens portugueses emblemáticos em várias áreas, desde a moda ao desporto, passando pelas artes ou representação. O projecto culminou então numa exposição que esteve patente na Galeria 3+1, no Chiado. Com uma forte componente de moda masculina, podemos também encontrar no site sugestões e opiniões do autor sobre “propostas variadas que se pautam pela boa qualidade, seja um restaurante ou uma exposição”. Isto porque, de acordo com João Jacinto, “a elegância não se resume ao vestuário...fashion, culture e lifestyle são o tripé necessário para exercitar a elegância”. Nós subscrevemos. www.gentlemans-journal.com

Styling: Gentleman’s Journal Fotografia e produção: António Medeiros Maquilhagem: Pat Mclou Cabelo: Marcio Néris Modelo: Mariana Nunes @central models


Styling: Gentleman’s Journal Fotografia e produção: António Medeiros Maquilhagem: Pat Mclou Cabelo: Marcio Néris Modelo: André Fernandes @central models Look total: Levi’s e sapatos Dkode

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Styling: Gentleman’s Journal Fotografia e produção: António Medeiros Maquilhagem: Pat Mclou Cabelo: Marcio Néris Modelo: André Fernandes @central models Look total: Levi’s e sapatos Dkode


Styling: Gentleman’s Journal Fotografia e produção: António Medeiros Maquilhagem: Pat Mclou Cabelo: Marcio Néris Modelo: André Fernandes @central models Look total: Levi’s e sapatos Dkode

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L IA N T X T: E

Á A TO M

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Ilustrar a capa dum disco é quase como dar forma à música. Interpreta-se a banda, as letras, os sons para depois se começar a dar a forma visual que liga todo conjunto. Pedimos a 3 ilustradores que nos contassem o processo criativo que exploraram para chegar a essa fórmula, ou melhor, forma. Ficamos também a saber que a relação interpessoal com a banda e o envolvimento com a música são actos naturais para que todo o processo flua e chegue a uma unidade. As duas formas criativas encontram-se e apresentam-se numa ilustração, quase como se fosse a montra do que está lá dentro. De seguida, ouve-se a música e percebe-se que ambas fazem parte integral uma da outra.


www.braulioamado.net Destaca um dos teus trabalhos. Que processo criativo exploraste, qual o briefing recebido e que técnicas usas para desenvolver uma ideia?

Desenvolveste uma relação interpessoal com o músico no decorrer deste trabalho? Completamente. Infelizmente este tipo de trabalhos – edição de autor pagam bastante pouco, especialmente quando são para projectos dentro do underground musical. Normalmente só aceito fazer capas quando sinto empatia pela música/ banda, e sei que o processo será mais do que apenas um simples serviço para um cliente.

A capa para “COCO DELPRAT — MESSAGES” nasceu logo a partir de uns rascunhos que fiz após a pr imeira vez que ouvi o disco. Normalmente é esse o meu processo: ouvir a música e apontar algumas ideias após a pr imeira reação à música. Penso que esse seja o processo que mais me entusiasma— eu, enquanto designer, reagir a algo sem ter um briefing ou uma ideia com que trabalhar logo à partida. Torna o trabalho mais colaborativo entre mim e o músico e faz-me sentir menos limitado. O projecto em questão é bastante “dark” de maneira que o preto fez sentido logo à partida. A identidade do músico em questão é omitida em todas as entrevistas que ele dá, e até nos concer tos se esconde atrás de uma máscara preta. O anonimato foi traduzido na tipografia ao tentar codificar a leitura do nome do músico — um pouco como as bandas de black metal fazem.

Quando compras um disco, relacionas ou procuras referências à música e ao músico em questão? Sempre. Grafismos super bem desenhados e feitos conseguem facilmente impressionar alguém, mas se não houver um trabalho feito dentro de um conceito em comum com a música ou que traduza o que a banda está a tentar fazer, então é facilmente esquecido.

Agora que o trabalho está concluído, consideras haver relação entre a tua capa e a música que nele se encontra? Penso que sim, ou pelo menos criou um universo paralelo e bastante pessoal (meu) para que a música possa viver e ser conotada a algo visual.

PAPAYA - UM/I 12” Released by Adagio 830 Records Design, 2013

Coco Delprat , Messages, 2014

The Growlers, Poster, 2013

utopia

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www.tigerbastard.com Destaca um dos teus trabalhos. Que processo criativo exploraste, qual o briefing recebido e que técnicas usas para desenvolver uma ideia? A capa dos D’ALVA é uma colaboração com a designer Sofia Martins, que comigo desenvolveu a ideia, acompanhou o processo e que explor a graficamente a edição. Assim, fazendo uso de uma total liberdade criativa concedida pelo Alex D’Alva Teixeira e pelo Ben Monteiro (o núcleo duro dos D’ALVA), quisemos interpretar o universo da banda. O ponto de par tida foi um alfabeto alfanumérico ilustrado que tenho vindo a desenvolver e que mais não é do que uma composição gráfica com fauna, flora e objectos do quotidiano. Por se tratar do primeiro longa duração da banda, quisemos que a capa fosse uma apresentação clara da música e dos seus intervenientes. Uma divagação pop, uma interpretação visual minha e da Sofia, alicerçada na música, na mistura de culturas e nas referências da banda.

Desenvolveste uma relação interpessoal com o músico no decorrer deste trabalho? Sim, ouve uma aproximação no decorrer do trabalho. Já havia empatia e já nos conhecíamos das andanças da Xungar ia no Céu, onde o Alex faz par te do núcleo duro juntamente com o Tiago Cavaco, o Samuel Úria e O Mar tim, onde o Ben também colabora e onde desenvolvo todo o grafismo. Foi por altur a da saída do primeiro disco de XNC , na carrinha a caminho de um concer to, que tomei contacto com alguns dos temas que viriam a fazer par te do “#batequebate”.

Quando compras um disco, relacionas ou procuras referências à música e ao músico em questão? Normalmente já tenho essas referências quando vou à procura do disco. Contudo, muitas vezes a correr os escaparates das lojas, tropeço em capas que me chamam à atenção e que, caso eu não conheça, me levam a querer saber mais sobre a música ou a banda.

Agora que o trabalho está concluído, consideras haver relação entre a tua capa e a música que nele se encontra? Talvez. Se bem que a música está aí e muitas vezes dissociada do objecto disco e da sua capa, aberta então à interpretação do ouvinte que a apanha num concerto, na rádio, na televisão ou noutro qualquer contexto. A capa pretende ser um complemento gráfico à música. Talvez um cartão-de-visita ou convite à descoberta.


Rumble In The Jungle

Rumble In The Jungle

Vodafone Paredes de Coura

Vodafone Paredes de Coura

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www.maga-atelier.com

Desenvolveste uma relação interpessoal com o músico no decorrer deste trabalho? Claro, já conhecia o Rafa que foi o interlocutor durante o primeiro trabalho, no segundo e terceiro toda a banda esteve envolvida. Eles são bastante democráticos nisso e envolvem-se bastante. As ideias e esboços das capas são discutidos entre todos.

Destaca um dos teus trabalhos. Que processo criativo exploraste, qual o briefing recebido e que técnicas usas para desenvolver uma ideia? Mais do que um disco destaco todo o meu trabalho com os Lava, que começou com um convite do Rafa [Rafael Ripper]. Ele viu uma ilustração que eu tinha feito sobre o tema “Little Wing” do Hendrix”, e disse-me que podia fazer o que quisesse dentro daquela estética psicadelic/sci-fi/hedonist/ fuzzy/60-70’s. No segundo trabalho da banda (e primeiro álbum), a ideia apareceu de uma imagem que tinha na minha cabeça ao ler um livro de Carlos Castañeda, onde um xamã descrevia a sua passage para outro estado como uma entrada numa vagina gigante no céu. Um Portal colossal. Criei uma sleeve com um cortante porque não quis mostrar directamente a capa, queria manter a dúvida, a curiosidade. Esta solução foi também utilizada no álbum “Two Virgins” do John Lennon & Yoko Ono ou no “ThunderBox” dos Humble Pie. Para o segundo álbum “Red Supergiant” Miss Lava, Blues for the Dangerous Miles, 2009 quis ilustrar o processo de autoreflexão da banda per ante algo gigante, a amplificação e inter nacionalização da sua música. A imagem da banda a olhar para ela própria a ser engolida por uma Red Supergiant e as expressões faciais dos músicos fustigadas pela força do processo, reflectem essa ideia.

utopia

Agora que o trabalho está concluído, consideras haver relação entre a tua capa e a música que nele se encontra? Claro que sim, porque foi pensado assim, criaste algo para alguém, para alguma coisa. Tu ouviste a música, falaste com a banda, leste a letras, fazes parte do processo, para ti essa relação existe, e acredito que para a banda também. E a partir do momento que é editado, para os outros a capa e a música têm uma relação. Quando falas do “Dark side of the Moon” a capa to Storm Thorgerson aparece automaticamente e vice-versa. Se alguém me falar de Carcass, a capa do “Reek of Putrefaction” salta logo.

Quando compras um disco, relacionas ou procuras referências à música e ao músico em questão? Normalmente compro-o pela música, mas às vezes também pela capa, apenas para ter aquele objecto, porque tem algo exótico ou estranho. Mas em vinil, porque é um suporte perfeito para o artwork.. O último vinil que comprei foi os Fuzz, um dos melhores de 2013, com ilustração da Tatiana Kartomten. Por isso é perfeito.

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Miss Lava, Red Supergiant CD cover / 2012 Raging Planet Edition Artwork & Design by José Mendes

Miss Lava, Blues for the dangerous miles / 2010 Artwork & Design by José Mendes

Miss Lava, Red Supergiant CD cover / 2012 Raging Planet Edition Artwork & Design by José Mendes

Miss Lava, Blues for the dangerous miles / 2010 Artwork & Design by José Mendes

Miss Lava, Blues for the dangerous miles / 2010 Artwork & Design by José Mendes

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magazine


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