António de Oliveira Salazar

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Agrupamento de Escolas nº2 Escola Secundária Gabriel Pereira Outubro 2015

António de Oliveira Salazar Autoria: Inês Graça Mira Nº 10 12ºE


Hist贸ria A Prof. Fernando Gameiro


Índice •

Introdução

Ficha Biográfica

António: o moço, o rapaz, o homem

Oliveira Salazar: o professor, o ministro, o ditador

Conclusão

Web/Bibliografia


Introdução “Somos um país grande, não somos um país pequeno. Comandamos interesses muitas vezes importantes, e isto no Mundo. Nós continuamos aferrados à ideia de que somos pequenos, flamamos em pequeno. Há que fazer tudo em grande. Mas somos para aí uns pobres e parecemos não ter envergadura para isso.” escreveu Franco Nogueira em 1965 em “Um Político Confessa-se”. António de Oliveira Salazar, um homem de origens humildes mas com uma vontade heróica veio provar que temos envergadura para isso. António Ferro escreveu, depois, em “Homens e Multidões” que “Os homens mandam pouco e então os portugueses quase nada” e Oliveira Salazar foi a prova da inocência de tal afirmação. Foi uma figura polémica, desde que se iniciou na política até ao seu último dia. Foi um homem de grandes feitos, quer hoje os vejamos como positivos ou negativos. É inegável o seu contributo para a história de um país que, com o passar dos séculos, caiu no esquecimento. Salazar, enquanto vivo, recolocou Portugal no mapa. Austero, conservador e tradicional fez reemergir o país de uma crise desproporcional. O seu trabalho e método foram reconhecidos pelo mundo fora. António de Oliveira Salazar foi O político português, foi o “maior português de todos os tempos” nomeou-o o programa “Os Grandes Portugueses” da RTP1. A sua metodologia, as suas decisões e o seu pensamento todos são postos em causa mas o indubitável facto aqui é que Oliveira Salazar foi uma figura que marcou a história de um país. Há quem o defenda, quem o critique mas o cerne da questão é o que ele fez: fez renascer uma economia que já não tinha sinais de vida. Como o fez, não mo cabe a mim julgar. Espero com este trabalho, embora muito por alto, dar a conhecer um homem que “casou com a pátria”, um homem que se dedicou por inteiro a Portugal e não “Salazar, o ditador” que tanto se critica e pouco se tenta compreender.


Ficha Biográfica Nome completo: António de Oliveira Salazar Data de Nascimento: 28 de abril de 1889 (Vimieiro) Data de Falecimento: 27 de julho de 1970 (Lisboa) Filiação: Maria do Resgate Salazar e António Oliveira Profissão: professor universitário, político Partido: Centro Católico Português; União Nacional

Chefe de Governo desde 5 de julho de 1932 a 27 de setembro de 1968 Presidente de Portugal desde 18 de abril de 1951 a 9 de agosto de 1951

Ilustração 1.

Ilustração 2.


António: o moço, o rapaz, o homem António de Oliveira Salazar nasceu no seio de uma família humilde, uma família de agricultores. Era o único rapaz no meio de quatro irmãs. O real marco da sua infância e fator decisivo do seu futuro como pessoa e como figura pública e de poder foi o seu ingresso, em 1990, no Seminário de Viseu. Os padres de lá “acabaram por marcar a sua personalidade e disciplina intelectual”1 e era tido pelos seus como “uma criatura porreira” 1. Ainda em Viseu, passa pelo Colégio da Via Sacra para o qual recompõe o hino do colégio e mostra a sua vontade de “reconverter o país” 1. Mesmo após a sua ida para Coimbra para prosseguir com os estudos, onde conheceu Cerejeira e pôs de parte a ideia de ser padre, e de seguir, então, para a capital nunca renegou as suas origens e continuava a ir ao Vimieiro sempre que lhe fosse possível1. No que mais diga respeito à sua vida pessoal, pouco mais há que se possa dizer. Existe uma grande descontinuidade em relação à sua vida íntima e, sem acesso a fontes fidedignas como um todo, pouco se pode afirmar. As perspetivas são duas: a do homem casto e casado com a nação e a do homem que lutava contra a emancipação das mulheres porém se via rodeado por elas. Ficará, então, ao critério da opinião pessoal. Porque, embora a sua pessoa também importasse, não foi o seu coração que fez história.


Oliveira Salazar: o professor, o ministro, o ditador

Dois anos após concluir os estudos em Viseu, parte para Coimbra para estudar Direito. Anos mais tarde, a convite dos professores José Alberto dos Reis e Aniceto Barbosa, começa a ensinar a cadeira de Economia Política e Finanças. No Centro Académico de Democracia Cristã conhece algumas das personalidades que, mais tarde, viriam a integrar os seus governos. Entre elas: Mário de Figueiredo, Juvenal de Araújo e Manuel Gonçalves Cerejeira. Aqui começa a expandir os seus conhecimentos e a consolidar os seus pensamentos; começa a combater o anticlericalismo da Primeira República. “Salazar nasceu para a política pugnando pelo acertar do passo com a Europa, e com a paixão pela Educação".2 Em 1921 concorreu por Guimarães a deputado do parlamento, foi eleito mas regressou à universidade passados três dias. Desde a implantação da república em 1910 até ao golpe militar de 1926, Portugal passa por um desassossego político e civil sem precedentes. A nação quer o fim desta realidade violenta, “é hoje legítima e necessária uma ditadura militar em Portugal”3. Nesse mesmo ano é convidado para a pasta das finanças, a qual aceita mas logo renuncia por não se lhe satisfazerem as necessidades. Em 1928, depois da eleição de Óscar Carmona, regressa ao cargo para ficar. Exigiu o controlo sobre as despesas e receitas de todos os ministérios, o que lhe foi concedido. Foi, portanto, austero e rigoroso no controlo das contas. Fez reemergir as finanças portuguesas. O mérito foi-lhe reconhecido internacionalmente, a revista Times declara o trabalho de Salazar como “um feito para o qual a história não tem muitos precedentes” 4. Recusando o regresso ao parlamentarismo e à democracia da Primeira República, cria a União Nacional em 1930, com vista ao estabelecimento de um regime de partido único. Com a nova constituição de 1933, que permite a algumas mulheres portuguesas votar, Salazar constrói o Estado Novo, uma ditadura conservadora autoritária e antiliberal bem como anticomunista. A base da sua política será a trilogia “Deus, Pátria e Família”. Podemos ver aqui, então, a forte influência dos


estudos católicos e o peso desta influência não só na sua vida privada como, também, nas suas decisões e rumos políticos. Teoricamente, reorganiza-se o país em corporações de nomeação e direção estatal, articuladas numa Câmara Corporativa; o Estado Novo era, portanto, um Estado Corporativo e autoritário (negava a luta de classes, há um partido único e uma polícia política). Os presidentes da república passam a desempenhar funções apenas cerimoniais, o poder está no Presidente do Concelho de Ministros. Com o romper da Guerra Civil Espanhola, Salazar foi um apoiante silencioso e cauteloso de Franco. Sempre tendo presente uma forte inteligência política, não deixou de ajudar Franco ao mesmo tempo que não nunca colocou o país em trabalhos às custas dele. Comunicou a Eisenhower que Portugal não se oporia à substituição de Franco, caso fosse assim a decisão do governo de Washington. Em 1936, a pretexto da Guerra Civil Espanhola, ocorreu o Motim dos Barcos do Tejo, uma revolução comunista contra a ditadura portuguesa que fracassou. Embora demonstrasse astutamente o contrário, Salazar era antimonárquico. Este facto só emergiu muito depois de já deter o poder e o ter consolidado, pois para o adquirir necessitaria do apoio dos monárquicos portugueses, o que conseguiu. Em 1940 assina-se a Concordata entre a Santa Sé e Portugal, que resiste até depois 1974 com apenas a alteração do consentimento do divórcio civil para os casamentos. Durante a II Guerra Mundial Salazar preocupou-se em manter a neutralidade mas distanciou-se dos movimentos fascistas e nazis. Terminada a Guerra, a política externa portuguesa foi claramente dirigida para o “bloco Ocidental”, o que já seria de esperar pela clara aproximação de Portugal aos Aliados nos últimos anos do conflito. Desde o fim da II Grande Guerra, que a ONU vinha a insistir na implementação de uma política de descolonização à qual Oliveira Salazar se opôs, trazendo consequências desmedidas para o país. Assim, rebenta, em 1961, em Angola, uma revolta. O Chefe de Estado português insiste em manter as colónias, então esta revolta estende-se até à Guiné e Moçambique: Portugal está perante uma guerra colonial. As consequências desta guerra não foram só os milhares de óbitos como também o desequilíbrio económico tanto na pátria como nas colónias, que se desenvolveram rapidamente perante a situação. As estruturas sociais e políticas do país sofreram também. Estes eventos viriam a culminar na revolta de 25 de abril de 1974.


A decadência de António de Oliveira Salazar começa em 1968 com a famosa queda da cadeira que, por sinal, não é assim tão certa. Há quem testemunhe que realmente Salazar tenha caído da cadeira, outros afirmam que foi da banheira. Independentemente do que tenha realmente sucedido e da discórdia dos médicos perante a condição do Presidente do Concelho, foi internado e operado sendo, assim, afastado das suas funções políticas e substituído por Marcello Caetano. Falece em 1970, ainda firmemente convicto e nunca contrariado de que permanece Chefe de Estado e Presidente do Concelho.

Ilustração 3. Página do Diário de Notícias anunciando o falecimento de António de Oliveira Salazar


Conclusão Em “Férias com Salazar”, Christine Garnier afima que “Pode-se fazer política com o coração, mas só se pode governar com a cabeça”. Na minha opinião, esta é a afirmação que descreve António de Oliveira Salazar. Depois de ser exposta a diferentes fontes de informação sobre uma das figuras mais polémicas da história da política portuguesa, cada uma apresentando um ponto de vista diferente, e depois de vo-las apresentar vagamente aqui posso dizer que Salazar foi definitivamente um grande político e um grande patriota. Um homem que, vindo do nada, se empenha sem a garantia de recompensa na reconstrução de um país é um homem que merece respeito. Portugal havia caído do seu pedestal, o Mundo já não era nosso nem o voltou a ser, a estrutura económica e social do país estavam no fundo. Salazar reergueu o país. Sem parcialidades, sem opiniões pessoais: Salazar reergueu o país. A austeridade e o conservadorismo do seu modus operandi, foram sempre alvo de discussão mas a verdade está nos números e os números, enquanto Oliveira Salazar os controlou, foram sempre mais favoráveis. Um homem devoto, para quem a religião detinha um papel de destaque. Um homem tradicional, para quem a pátria estava em primeiro lugar. Detentor de uma inteligência política invejável, convicto das suas ideias, firme na instituição dos seus princípios e políticas. Apoiou Franco, nunca colocando o país em constrangimentos por o fazer. Manteve Portugal neutro na II Guerra Mundial nunca apoiando fascistas ou nazis, porém mantendo uma boa relação com os Aliados. Quando a ONU quis implementar uma política de descolonização, manteve-se firme das suas crenças e lutou (independentemente dos resultados que adviriam disso) por aquilo em que acreditava nunca cedendo. À parte de políticas, à parte de opiniões e críticas, à parte de olhares contemporâneos sobre um alguém de uma outra época… António de Oliveira Salazar foi um homem que dedicou a sua existência por inteiro à prospeção de um país em que acreditava; foi um homem que lutou por um país que amava. E quanto ao modo como operou, não mo cabe a mim julgar.


Webgrafia/Bibliografia/ Referências 1

https://www.youtube.com/watch?v=KXcHS85mwzQ

2

José Manuel Quintas, "Origens do pensamento de Salazar", História, nº 4/5, Julho / Agosto 1998, pp. 77-83.. 3

1ª publ.: O Interregno. Defesa e Justificação da Ditadura Militar em Portugal . Fernando Pessoa. Lisboa, Núcleo de Acção Nacional, 1928 4

Derrick 1938, p. 39.

https://www.youtube.com/watch?v=Uv5UbJgtiWc https://www.youtube.com/watch?v=GCz0n3sGTXE https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_de_Oliveira_Salazar PAÇO, António Simões do; “Salazar o Ditador Encoberto”; Lisboa, BERTRAND Editora, 2010


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