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Sumário REALIZAÇÃO E APOIO ............................................................................................................................. 4 PROGRAMAÇÃO ..................................................................................................................................... 5 RESUMOS ................................................................................................................................................ 8 ASPECTOS LEGAIS - Ana Carla Bliacheriene (Universidade de São Paulo Departamento de Direito Público).................................................................................................................................................... 8 ATIVIDADE FÍSICA: DA OBRIGAÇÃO À DIVERSÃO - Cesar Augusto Bueno Zanella (Fisioterapeuta Claretiano Centro Universitário e Universidade de Ribeirão Preto) ....................................... 8 ESPIRITUALIDADE E A BUSCA DO SENTIDO DA VIDA NO ENVELHECIMENTO Cesar Diogo Arnaldo Corrêa (SOBRAL – Associação Brasileira de Logoterapia e Análise Existencial Frankliana Universidade de Mogi das Cruzes - SP) ......................................................................................................................... 8 TRABALHO VOLUNTÁRIO: ATIVIDADE TRANSFORMANTE E AUTOTRANSFORMADORA - Edson Garcia Soares (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP Departamento de Patologia e Medicina Legal) ................................................................................................................................................................. 9 MINI-CURSO: POSSIBILIDADES E DESAFIOS DA APOSENTADORIA - Helga H. Reinhold ........................ 11 MINI-CURSO: POSSIBILIDADES E DESAFIOS DA APOSENTADORIA - Helga H. Reinhold ........................ 12 ENVELHECIMENTO - José Eduardo Dutra de Oliveira, Maria Helena Silva Dutra de Oliveira ............... 12 O MITO DA TERCEIRA IDADE - Leandro Karnal (Unicamp Departamento História).............................. 14 COMO ENVELHECER SEM PREDER A TERNURA JAMAIS - Mara Lucia Sander Soprana (Administração UNOCHAPECO SC) ................................................................................................................................. 15 ASSISTÊNCIA À PESSOA IDOSA - Maria Nazareth Grisolia Vieira da Silva (Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto) ...................................................................................................................... 15 CÉREBRO, ARTES E ENVELHECIMENTO - Norberto Garcia-Cairasco (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo) ....................................................................................... 16 TRANSFORMANDO PERDAS EM GANHOS - Sônia Nascimento (Associação de Logoterapia Viktor Emil Frankl).................................................................................................................................................... 16
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REALIZAÇÃO E APOIO
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PROGRAMAÇÃO
5 de setembro de 2014, Sexta-Feira 12h00 / 13h00 - Recepção e inscrições 13h00 / 17h00 - Cursos pré-congresso (preferencialmente para profissionais) Sala A: Introdução à Logoterapia Profª Dra. Marina Lemos Silveira Freitas – IECVF –RP/SP Sala B: Sexo, sexualidade e sentido do amor Ms. Guilherme Falcão – SBGG, CPPC – Curitiba Sala C: Possibilidades e desafios da aposentadoria. Profª Dra. Helga H. Reinhold – UNIFEOB/SP. 13h00 / 17h00 - Oficinas para familiares e cuidadores Sala D: Atenção aos familiares e cuidadores Fernando Aguzzoli Peres – Porto Alegre Elaine Hillesheim – FMRP/USP. 13h00 / 17h00 - Oficinas para idosos Sala E: Trabalho voluntário: uma forma de me preparar para a aposentadoria. Verter Eitor Cortucci e Maria Gilda Pedreira de Freitas Cortucci – Centro de Voluntariado de Ribeirão Preto. Sala F: Transformando perdas em ganhos. Esp. Sônia Nascimento – RJ
CONGRESSO 05 de setembro de 2014, Sexta-Feira 18h00 / 19h30 - Recepção e inscrições. 19h30 / 20h00 - Abertura oficial do Congresso Fantasia – Improviso Opus 66 – Chopin Pianista Hélio Ryuji Kabumoto Tanomaru 20h00 / 21h20 - Palestra de abertura: O mito da 3ª idade . Prof. Dr. Leandro Karnal – UNICAMP/SP 21h20 / 21h30 - Lançamento de livros: Logoterapia e Existência - A importância do sentido da vida. Paulo Kroeff. Quem, Eu? Uma avó. Um neto. Uma lição de Vida. Fernando Aguzzoli Peres.
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21h30 / 22h00 - Coquetel com música
06 de setembro de 2014, Sábado
08h00 / 08h30 - Apresentação artística Apresentação de saxofone com Vanderlei Henrique. 08h30 / 09h15 - Viva bem a idade que tem! Ms. Guilherme Falcão – SBGG, CPPC – Curitiba 09h15 / 10h00 - Sentido da vida: fator protetor contra a depressão no idoso Profª Dra. Helga Reinhold – UNIFEOB/IECVF São João da Boa Vista/SP. 10h00 / 10h30 - Coffe break / Exposição de pôsteres 10h30 / 12h30 - Mesa Redonda: Qualidade de vida Coordenador: Ms. Guilherme Falcão Atividade física: da obrigação à diversão Prof. Dr. Cesar Augusto Bueno Zanella – CEUCLAR – Batatais/SP Nutrição que alimenta Profª Ms. Juliana Cristina Lemos de Souza Marchesi – FMRP/USP. Cérebro, arte e envelhecimento Prof. Dr. Norberto Cairasco – FMRP/USP Biblioterapia, uma experiência com idosos Paulo Kroeff – UFRS – Porto Alegre Plenária / Debate. 12h30 / 14h00 - Almoço / Exposição de pôsteres 14h00 / 15h30 - Mesa Redonda: Aposentadoria como oportunidade e desafio Coordenador: Profª Dra. Helga Reinhold Aspectos legais Profª Dra. Ana Carla Bliacheriene – FDRP/USP Trabalho voluntário: atividade transformante e autotransformadora Prof. Dr. Edson Garcia Soares – FMR/USP Espiritualidade e a busca do sentido da vida no envelhecimento Ms. Diogo Arnaldo Corrêa – SOBRAL/SP Plenária / Debate 15h30 / 16h00 - Sentido da vida e envelhecimento Prof. Dr. José E. Dutra de Oliveira – FMRP/USP Maria H. Dutra de Oliveira – Fundação Dutra de Oliveira 16h00 / 16h30 - Coffe break / Exposição de pôsteres 6
16h30 / 18h00 - Mesa Redonda: Sempre há possibilidade de realização de sentido Coordenador: Ms. Diogo Arnaldo Corrêa. Assistência para o idoso Dra. Maria Nazareth G. V. da Silva – S. M. da Saúde da PMRP Alegria: indicador de que as coisas vão bem Profª Dra. Marina Lemos Silveira Freitas A história do neto que virou “pai” da avó Fernando Aguzzoli Peres – Porto Alegre Plenária / Debate. 18h00 /18h30 - Envelhecer, mas sem perder a ternura jamais Esp. Mara Sander Soprana 18h30 / 19h00 - Avaliação, dinâmica de encerramento seguida de apresentação artística 19h00 / 19h30 - Encerramento
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RESUMOS
ASPECTOS LEGAIS - Ana Carla Bliacheriene (Universidade de São Paulo Departamento de Direito Público) Resumo: Aborda o modelo de seguridade social adotado no Brasil, bem como detalha como a previdência pública se insere neste contexto. Aborda o problema do endividamento e comprometimento dos proventos do idoso com saúde e auxilio a familiares e destaca a situação de vulnerabilidade financeira que pode surgir nesta etapa da vida
ATIVIDADE FÍSICA: DA OBRIGAÇÃO À DIVERSÃO - Cesar Augusto Bueno Zanella (Fisioterapeuta Claretiano Centro Universitário e Universidade de Ribeirão Preto) Resumo: Sabe-se que o estilo de vida atual tem levado cada vez mais um número de pessoas ao sedentarismo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) manifesta sua preocupação com o aumento da expectativa de vida, e diminuição da qualidade de vida, principalmente considerando a incapacidade e a dependência. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), “o envelhecimento é reconhecido como uma das mais importantes modificações na estrutura da população mundial”. Esta modificação é uma verdade em todos os países do mundo, porém entre os dotados de menos recursos econômicos e sociais como o Brasil, a questão cerca-se de uma gama muito maior de problemas. Segundo a World Health Statistics, em 1950 ocupávamos o 16º lugar em população com idade igual ou superior a 60 anos, com 2,1 milhões de idosos. Em 2025, estima-se que este contingente se elevará a 31,8 milhões, o que nos elevará à 6ª posição. Dentre os hábitos saudáveis a serem adquiridos, a prática de atividades físicas regulares e orientadas desempenha importante papel, pois essa constitui um excelente instrumento de promoção à saúde em qualquer faixa etária, em especial no idoso, induzindo várias adaptações fisiológicas e psicológicas (ORGANIZAÇÃOMUNDIAL DA SAÚDE, 2002). Essas adaptações abrangem uma série de modificações nos sistemas corporais do idoso, trazendo benefícios como a melhora da circulação periférica, melhora do equilíbrio e da marcha, menor dependência para realização de atividades domésticas e melhora da auto-estima e da autoconfiança (NOBREGA et al, 1999). Nesse aspecto, se destaca a influência positiva da atividade física orientada. A escolha da atividade física é feita individualmente, levando-se em conta os seguintes fatores: preferência pessoal, aptidão necessária e risco associado. Vale ressaltar que a atividade física também diminui com a idade, tendo início durante a adolescência e declinando na idade adulta. Nesse contexto, os fatores que motivam o idoso à pratica de atividade física merecem atenção especial. Andreotti e Okuma (2003) mostram que os principais motivos da busca pela vida ativa na velhice são: indicações de amigos, melhora da saúde e busca por convívio social. No entanto, estudos mais recentes sugerem que o principal motivo para a adesão em um programa de atividade física é a busca por saúde, seja por interesse próprio ou por indicação médica. Atualmente o grande desafio está em manter o praticante motivado a praticar atividade física e, associar o lúdico à atividade parece ser o caminho. Uma velhice satisfatória resulta da qualidade da interação entre pessoas em mudança, vivendo numa sociedade em mudanças (NERI, 1993).
ESPIRITUALIDADE E A BUSCA DO SENTIDO DA VIDA NO ENVELHECIMENTO Cesar Diogo Arnaldo Corrêa (SOBRAL – Associação Brasileira de Logoterapia e Análise Existencial Frankliana Universidade de Mogi das Cruzes - SP) O processo do envelhecimento é dinâmico e progressivo. É marcado por alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, o que propicia à pessoa que o vivencia maior suscetibilidade aos 8
acometimentos internos e externos que ultimam com a morte (PAPALÉO NETTO, 2007). Tais aspectos, contudo, não reduzem as potencialidades do ser, nem excluem as possibilidades para a descoberta de sentido e para realização de valores, pois, em todas as situações da vida – colocará Frankl (1978) – é possível descobrir sentido, inclusive nas situações limite e nas situações inevitáveis. Desta forma, mesmo frente uma realidade desafiadora, como é o envelhecimento, e que pode despertar a sensação de perda ou privação dos aspectos funcionais, cognitivos, sociais e culturais, o especificamente humano – a dimensão noética – não é diminuída ou comprometida, e seus desvelamentos são ininterruptos, presentes nas variadas experiências significativas dos idosos e, dentre elas, a espiritualidade. A partir de um reconhecimento fenomenológico, e considerando algumas pesquisas relacionadas ao assunto (VITOLA, 1997; SANTANA; SANTOS, 2005; ARAÚJO et al., 2008; DUARTE et al., 2008; TEIXEIRA; LEFÈVRE, 2008; CARDOSO; FERREIRA, 2009; PEGORARO, 2009; DENDENA et al., 2011; LUCCHETTI et al., 2011; BARRICELLI, 2012; SANTOS; SOUZA, 2012; VITORINO; VIANNA, 2012), é possível atestar que, no processo do envelhecimento, há uma maior busca pela espiritualidade, o que corrobora a diminuição da sensação de perda ou privação, de desesperança, e contribui para que o idoso enfrente e supere, de modo ativo, as condicionalidades relacionadas à senescência. Considerando também que a recorrente reflexão sobre a finitude da vida é ainda mais frequente pela pessoa que vivencia o processo do envelhecimento – a morte é percebida de modo mais intenso na sua realidade vivida (LUCCHETTI et al., 2011), a espiritualidade pode favorecer a descoberta de sentido ante esta etapa da vida, oportunizando consolo espiritual, a efetividade de uma rede de apoio social, e o encontro com o sagrado (TEIXEIRA; LEFÈVRE, 2008; CARDOSO; FERREIRA, 2009; SANTOS; SOUSA, 2012). O envelhecimento saudável, portanto, requer bem-estar físico, social e mental, com a participação ativa em atividades que ofereçam satisfação ao idoso. Na busca de um envelhecimento saudável, as vivências espirituais do idoso também devem ser consideradas, pois contribuem com a descoberta do sentindo na vida (ARAÚJO et al., 2008; BARRICELLI et al., 2012). A espiritualidade vivenciada no processo do envelhecimento, portanto, pode ser um farol que indica, no entardecer da vida, a direção para o itinerário em busca do sentido potencial de cada situação e para o encontro com o Sentido Último da vida, favorecendo que a navegação da pessoa, no desfecho do seu viver, possa realizar-se para além dela mesma e para além do seu próprio destino. Avançar em idade é avançar em vida. É viver intensamente o momento, é ter perspectiva, fazer novos projetos para o amanhã. Algo que mereça o esforço, a luta, a conquista de novos ideais. A velhice se aninha onde termina o sonho. A vida vale ser vivida quando há sentido em cada etapa da caminhada. Cada instante é valioso quando se tem objetivos claros para onde se quer ir e onde se quer chegar. O importante não é sobressair-se, mas viver com normalidade, dignidade e entusiasmo. Aproveitar agora que pode escolher, selecionar na vida atividades que causem prazer e bem-estar. Tudo na vida pode ter um significado e tornar-se interessante, desde que a pessoa se entregue com paixão, isto é, com entusiasmo, motivação e perseverança, despertando alegria e criatividade a cada passo e em qualquer circunstância. (MELO, 2013, p. 24).
TRABALHO VOLUNTÁRIO: ATIVIDADE TRANSFORMANTE E AUTOTRANSFORMADORA - Edson Garcia Soares (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP Departamento de Patologia e Medicina Legal) É bastante frequente ocorrer certo desequilíbrio na vida das pessoas que atingem a época da aposentadoria. Num primeiro momento pode vir a sensação de liberdade plena, com a ideia de que “agora posso fazer o que eu quiser”, ou então, “agora ninguém mais vai mandar em mim”. Entretanto, depois de algum tempo, variável para cada um, surge a sensação de inutilidade. Vem aquela saudade das atividades que foram deixadas para trás. Aquela promessa de que “nós continuaremos a nos encontrar” vai se diluindo com o tempo. Você percebe que a sua presença pode incomodar aqueles que estão trabalhando. Nem sempre companheiro de trabalho é amigo. Na própria família você passa a 9
sentir que “eles estão me tratando como velho”. Surge um vazio existencial. Este gera a insegurança que pode levar a um perigoso estado de depressão. Você que vivia dizendo “não vejo a hora de me aposentar para aproveitar o tempo e me divertir”, quando a hora chega, a impressão é de que nem o corpo e nem a mente têm a mesma capacidade produtiva. Entretanto, você sente a necessidade de “não ficar apodrecendo em um canto”. O que fazer? Continuar correndo atrás do dinheiro “fazendo um bico” que geralmente não aparece com a renda financeira que você pretendia, ou buscar uma atividade que modifique a vida das outras pessoas, recebendo um retorno não material, mas emocional. O trabalho voluntário pode ser a solução para recuperar a alegria de viver. Após completar quarenta anos de idade descobri que não precisaria aguardar a aposentadoria para diversificar minhas atividades. Não me bastava ser docente universitário dedicado para as atividades de ensino, pesquisa e assistencial. Eu queria conhecer outros campos de interesse. Durante anos fui buscando novos conhecimentos e linhas de atuação. Entendi que o homem precisa compreender que é um componente de um sistema vivente maior, que suas ações são capazes de modificar esse sistema vivente e, por outro lado, ele está sujeito às modificações do sistema. A harmonia desse sistema, portanto, depende da maneira como o indivíduo se comporta consigo mesmo, com o outro e com o meio onde vive. Há múltiplas formas de buscar essa harmonização e saí em busca de algumas delas. Inicialmente conheci o “princípio biocêntrico” criado por Rolando Toro Araneda, antropólogo e psicólogo chileno, professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Chile. Segundo Toro, o princípio biocêntrico é a conexão imediata com as leis universais que conservam os sistemas vivos e permitem a evolução da vida. É um estilo de sentir e de pensar que toma como ponto de partida, e como referência existencial, a vivência e a compreensão dos sistemas viventes. Do ponto de vista prático, Toro estruturou uma dinâmica de grupo que ele chamou de “biodanza”, um sistema de integração afetiva, renovação orgânica e reaprendizagem das funções originárias de vida, através da música, movimento e comunicação em grupo. Para Toro, “Somos por demais solitários em meio a um caos coletivista. É uma maneira de ser ausente, mesmo com toda nossa presença. No ato de não olhar, de não escutar, de não tocar o outro, despojamo-nos sutilmente de sua identidade; estamos com o outro, mas o ignoramos. Essa desqualificação, consciente ou inconsciente, encerra a patologia do Eu. Celebrar a presença do outro, exaltá-la no encanto essencial do encontro é, talvez, a única possibilidade saudável”. Em busca de novos caminhos, conheci a teoria socionômica de Jacob Levi Moreno, fazendo o curso e completando a especialização em psicodrama. Moreno desenvolveu o psicodrama a partir do teatro espontâneo, procurando, em suas dinâmicas de grupo, estruturar um cenário, escolhendo um protagonista, atuando com diretor da dinâmica, com o auxílio ou não de outro conhecedor dessa dinâmica que ele denominou ego-auxiliar e podendo ou não haver um público que pode participar ativamente da dinâmica estabelecida. Nesse trabalho de grupo dá-se atenção para a conserva cultural que cada indivíduo do grupo traz em sua história de vida, são estabelecidos papéis aos indivíduos e trabalha-se a troca desses papéis. O psicodrama favorece o desenvolvimento da espontaneidade e da criatividade do indivíduo dentro desse trabalho grupal. Em seguida me interessei por uma formação holística. Fui aprender os fundamentos holísticos em Altinópolis com um grupo que estava iniciando os trabalhos da Unipaz que tinha sede em Brasília. Aprendi então a trilogia integrativa da Unipaz que defendia:1. A Paz consigo próprio (Ecologia e Consciência individuais), sobre os planos do corpo, das emoções e do espírito; 2. A Paz com os outros (Ecologia e Consciência Sociais), sobre os planos da economia, da sociedade e política e da cultura e 3. A Paz com a natureza (Ecologia e Consciência do Universo), sobre os planos da matéria, da vida e da informação durante o período dessas formações iniciei um trabalho voluntário no Centro de Valorização da Vida onde aprendi a teoria da orientação não diretiva de Carl Ransom Rogers, psicopedagogo e pensador. Esse profissional estabeleceu um trabalho psicológico onde abordava a orientação não diretiva, ou seja, deixava-se a pessoa aberta à experiência, vivendo de maneira existencial, tornando-se ela mesma. Nessa ação terapêutica há a consideração positiva incondicional, onde se aprende a receber e aceitar a pessoa como ela é e expressar uma consideração positiva por ela. Além disso, é necessária a empatia, com a capacidade de se colocar no lugar do outro, ver o mundo através dos olhos dele e procurar sentir como ele sente. Também é necessária a congruência que é a coerência interna do terapeuta. Rogers também utilizava a abordagem centrada na pessoa, ou seja, cada pessoa possui em si mesmo as respostas para as suas inquietações e a habilidade para resolver seus problemas. O sentimento de pena e o determinismo são maneiras de negar a capacidade de realização de cada indivíduo. E, finalmente, havia a busca de permitir com que 10
o outro pudesse realmente tornar-se pessoa. Para isso temos que admitir que todos os homens são bons na sua essência, e todo o aprendizado deve ser organizado no sentido do indivíduo para o meio, e não o contrário. Os conceitos de Rogers são muito úteis para o trabalho de voluntariado exercido pelo Centro de Valorização da Vida. Esse trabalho iniciou em 1953 com Edward Chad Varah, sacerdote da igreja Anglicana, que fundou “The Samaritans”, organização não-religiosa, oferecendo suporte telefônico para ajudar suicidas e desesperados. Ainda sentindo necessidade de ampliação do aprendizado, procurei o grupo do Colégio Viktor Frankl em Ribeirão Preto (Instituto de Educação e Cultura Viktor Frankl – IECVF). Lá aprendi um pouco (não completei o curso) sobre o Sentido da Vida, a base filosófica da logoterapia de Frankl, médico psiquiatra austríaco, fundador da escola da Logoterapia, que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência. Frankl estabeleceu como princípios fundamentais da logoterapia: 1. a liberdade da vontade; 2. a vontade de sentido englobando a vontade de poder (Nietzsche) e vontade de prazer (Frankl) estudadas pelas psicologias de Adler e Freud, respectivamente e 3.o sentido da vida - busca do sentido como uma cura para o sofrimento provocado pelo vazio existencial. Com essas cinco linhas de pensamento: princípio biocêntrico, teoria socionômica, fundamentos holísticos, orientação não diretiva e o sentido da vida, ousei estruturar uma disciplina optativa aos alunos do primeiro ano médico da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo que foi denominada Bioética Vivencial. A partir dessa disciplina fui convidado para ser o tutor de um grupo de humanização que foi denominado Grupo FelizIdade, no final de 2003, o qual permanece até hoje fazendo atendimento voluntário particularmente nas enfermarias de Geriatria do Hospital das Clínicas da FMRP. No início de 2004 começou o trabalho hospitalar com um atendimento voltado à dignidade humana buscando a diminuição do sofrimento dos pacientes. O objetivo é aliviar a tensão do ambiente hospitalar, trazendo atenção, conforto, respeito, carinho e alegria ao paciente. Até o momento o Grupo já organizou uma Jornada e quatro Simpósios de Humanização. Só sei dizer que tudo isso mudou minha maneira de pensar em mim, nos outros e no mundo. Atualmente ousei me tornar escritor e já publiquei dois livros de poemas (Hai-kuasis sabor pimenta e outros sabores em 2912 e Disparando poemeus em 2013) e um livro de crônicas está a caminho. Então, na intenção de uma atividade transformante, não deixo de agir obtendo uma atividade auto-transformadora. Em 2001, tive oportunidade de escrever um editorial para a revista Medicina, editada pela USP, onde se lê: “O final do século passado e este início de milênio estão sendo marcados pelo desrespeito à sacralidade da vida com alta mortalidade humana causada pela imprudência, marginalidade e guerras em nome do nacionalismo ou de posturas religiosas É paradoxal chegarmos a um momento onde temos a tecnologia mais avançada que jamais o mundo teve e não temos a sabedoria para aproveitar essa tecnologia na preservação de nossa espécie e do ambiente”. Conclusão: É necessário ampliar o trabalho voluntário em várias frentes na tentativa de procurar melhorar este mundo que nos ajuda a preservar essa coisa extraordinária que se chama VIDA.
MINI-CURSO: POSSIBILIDADES E DESAFIOS DA APOSENTADORIA - Helga H. Reinhold Muitos trabalhadores de todos os níveis hierárquicos nas instituições e empresas preferem não pensar que um dia, mais distante ou até bem próximo, eles vão se aposentar, e que então sua rotina de vida sofrerá uma alteração radical. Além disso, o desligamento do trabalho por aposentadoria frequentemente vem associado a uma série de mitos ou estereótipos negativos: inatividade, obsolescência, inutilidade, velhice, doença e morte. Com essa visão pessimista, é comum que o trabalhador com a perspectiva de se aposentar, pelo menos a curto prazo, entre em conflito, e seu estado emocional acaba interferindo na qualidade e quantidade de trabalho que ainda terá que realizar na empresa antes de se desligar. A maioria das pessoas não consegue planejar objetivamente sua aposentadoria, do ponto de vista laboral, psicológico, social, financeiro e dos papéis sociais que se modificam, tornando-se a transição da vida corporativa para a vida de aposentado traumática, caótica, constituindo uma verdadeira crise vital para o aposentado, sua família e a sociedade. Pesquisas epidemiológicas evidenciam a longevidade cada vez maior das pessoas, e com o aumento da expectativa de vida surge a necessidade de se elaborar novos projetos de vida. Desta forma, para evitar conflitos pessoais, prejuízos para a empresa e até problemas de saúde pública, programas focados no 11
esclarecimento e desmitificação de ideias e concepções distorcidas sobre a aposentadoria, ressaltando seus aspectos positivos e controláveis, facilitarão esse período de transição para todos os atores envolvidos. O curso aborda os resultados de duas pesquisas sobre significados da aposentadoria e de “ser velho”, levantando estereótipos e mitos no imaginário de jovens estudantes e trabalhadores na ativa quanto à velhice e aposentadoria e discutindo o trabalho como uma das fontes mais importantes para o sentido da vida humano e, conseqüentemente, o impacto da ruptura com um estilo de vida por ocasião da aposentadoria. Aborda a aposentadoria como um período de revisão e reestruturação de valores e conseqüentes atividades, como um tempo de liberdade e novas descobertas, e não como um tempo de inutilidade e perdas. Enfoca a necessidade de um planejamento e uma preparação para a aposentadoria a fim de que o homem possa viver esse período com sentido, e não se entregar a um “vazio existencial”, com angústia e solidão.
MINI-CURSO: POSSIBILIDADES E DESAFIOS DA APOSENTADORIA - Helga H. Reinhold A partir das definições correntes e tipologias de depressão, especialmente freqüente no idoso, analisam-se as contribuições da Logoterapia para que a velhice seja preenchida por um sentido especial de vida, seja em relação ao histórico de vida, seja em relação ao sentido de cada momento e às realizações ainda possíveis num futuro de duração reduzida, mas permeado de atitudes, ações e projetos autotranscendentes. Projetos públicos e de instituições educacionais privadas que ofereçam cursos específicos para essa faixa etária têm mostrado sua eficácia terapêutica para que o idoso possa encontrar novas possibilidades de realização de sentido, apesar das perdas e rupturas inevitáveis dessa fase de vida, e que freqüentemente o levam à depressão.
ENVELHECIMENTO - José Eduardo Dutra de Oliveira, Maria Helena Silva Dutra de Oliveira Fomos convidados para lhes falar hoje sobre Envelhecimento...Muito próprio o convite, pois 2 velhinhos que estão vivendo esta fase da vida, por certo terão muitas experiências para contar. Acontece que eu sou de pouco falar. Se o assunto for ciência nutricional, crianças anêmicas por falta de ferro, colocação de ferro na água, ou se a proposta for falar sobre métodos modernos de ensino, é comigo mesmo...Pensando melhor... envelhecimento também é comigo. Com quase 87 anos, posso lhes falar de situa-ções que estou vivendo e de como estou aprendendo a enfrentá-las. Boca seca, nariz entupido, dificuldade para dormir...Posso lhes contar que meu genro Marcelo fala por aí que tinha 4 velhinhos na vida. Um, o seu pai, que ficou muito depressivo, morreu sem ele conseguir ajudá-lo, o que ainda lhe causa muita tristeza. A se-gunda é sua mãe, que não aceita a velhice, teima que quer fazer tudo sozinha e fica muito brava quando alguém quer fazer ou decidir alguma coisa por ela. O terceiro velhinho não acredita que vai ficar velho, não percebe que já está velho, tem tantos planos, tantas coisas para fazer que precisaria viver mais uns cinqüenta anos pelo menos. Esse ele diz que sou eu e a quarta é a Maria Helena que aceita este caminho novo e procura viver da melhor maneira possível. Este Congresso de Logoterapia nos traz à mente o grande médico psicoterapeuta austríaco Victor Frankl, seu fundador. Sobrevivente de vários campos de concentração, ele observou que os que conseguiam sobreviver, não eram os mais fortes, os mais valentes, ou os mais malandros que se aliavam aos opressores ou roubavam a comida dos outros. Ele observou que os que tinham um sentido na vida, enfrentaram melhor as dificuldades. Ele mesmo é um exemplo: ao ser preso, foi-lhe roubado a manuscrito de um livro que estava escrevendo. Ele tinha um sentido, ele tinha um objetivo, queria reescrever o manuscrito e terminar o livro. E suas observações o levaram a uma nova corrente de psicoterapia. Ele insistia em mostrar que mesmo em situações quase finais, o ser humano consegue encontrar forças interiores e se superar. Logoterapia é o que buscamos hoje. Logos quer dizer sentido, terapia é tratamento. Não é uma tera-pia de procurar problemas da infância. É ir daqui para a frente, procurar um sentido, caprichar na vida que se leva com tranquilidade, fazer as coisas com carinho. E o 12
que buscamos nós na velhice? Passo a palavra agora para a Maria Helena, que vai completar com alguns exemplos, o que a velhice e a logoterapia podem fazer juntas. Eu quero começar, citando um dos maiores poetas italianos, Dante, que escreveu a Divina Comédia. Este poema começa assim: “NO MEIO DO CAMINHO DE NOSSA VIDA, EU ME ENCONTREI EM UMA SELVA ESCURA. E O CAMINHO ERA SEM VOLTA” Para alguns de nós, não é mais o meio do caminho. Já é quase o fim. Mas vamos imaginar que es-tamos entrando. Somos muitos, mas cada pessoa vai ter uma experiência própria. Pensemos um pouco: Uma floresta escura Sem retorno É difícil andar no escuro Um pouco de medo Tropeçar Cair Bater a cabeça num galho mais baixo Ouvir barulhos estranhos Pisar numa pedra Se desequilibrar E que são esses obstáculos? Perda de memória Queda dos cabelos Enfraquecimento da vista Surdez Problemas com os dentes Dores nas costas Coração batendo mais Coração batendo menos Dor nos joelhos Pernas inchadas Problemas com o intestino Problemas com a bexiga Menor desejo sexual Falta de equilíbrio Unha encravada Solidão Insônia Abandono O que podemos fazer para minimizar esses problemas? A primeira idéia é ACEITAR. Reclamar não adianta. Diga “está difícil, meu Deus, mas eu aceito” A segunda idéia é ACEITAR COM HUMILDADE. Nós somos um grão de poeira no universo. E tivemos e temos tantos privilégios. Somos pequenos e a nossa vida nos foi dada sem termos que dar nada em troca. E o importante é que aceitando humildemente, vamos perceber a realidade. E ao contrário dos que caminham sozinhos no poema de Dante, muitas vezes temos ajuda, verdadeiros anjos como diz uma amiga que está numa cadeira de rodas.E nesta fase, entra muito da logoterapia. Lembramos que Victor Frankl passou por 4 campos de concentração, teve fome, frio, conviveu com doenças e morte, e com sua idéia de logoterapia, não viveu depois, revoltado, rancoroso, deprimido. Sua grande idéia foi: Vamos daqui para a frente. Não adianta remoer o passado. Cada passo bem pensado, tudo feito devagar e com carinho, aproveitar o tempo em coisas alegres que fazem bem para a gente e para os outros. A terceira ideia é: VAMOS ACEITAR E AJUDAR A VELHICE. Ainda há muita coisa para fazer. Coisas que você gostaria de ter feito e não encontrou tempo. Gestos que deixou para mais tarde e se esqueceu. Podemos nos distrair com palavras cruzadas, fazer exercícios físicos como caminhar, correr, nadar, dançar. Quanto tempo? Quantos metros? Não se preocupe. Você não 13
está competindo. Faça tudo no seu passo e no seu conforto. Podemos ler jornais, revistas, livros, podemos tocar ou ouvir música. Fazer tricô, crochê para os familiares ou para os pobres. Escrever as lembranças dos filhos pequenos ou dos netos, como o de uma neta nossa que não queria mais fazer xixi amarelo, queria cor de rosa. Podemos ver televisão, colecionar coisas, contar anedotas, receber e fazer visitas. Temos uma amiga viúva, filhos casados, morando sozinha, que quase toda tarde, convida uma amiga para tomar um cafezinho com biscoitos. Podemos ajudar numa creche, ajudar na igreja, contar histórias para crianças do bairro, visitar um shopping. Podemos viajar, pescar, ir a uma academia. Podemos formar um grupo de amigos para nos encon-trarmos de vez em quando. Podemos tomar um sorvete devagarinho...Podemos mexer os dedos, as mãos, eu faço isso toda manhã. Eu estava perdendo força no polegar esquerdo e melhorei muito. E escutem a minha surpresa: recebi um e-mail de um genro, o Haroldo, falando que mexer os dedos e as mãos eliminam o stress, aumentam a auto-estima, liberam serotonina que dá ale-gria. Pensei, que bom, estou certa. Continuando a leitura do e-mail, vi um senhor com um pacote de notas contando o seu dinheiro... E porque tantos problemas, tantas sugestões de atividades, tanta procura por uma velhice melhor? A resposta é: 1 – Não queremos ser um peso para nossos filhos, 2 – Não queremos ficar nos queixando, 3 – Não queremos ser deixados de lado como se não existíssemos, Outro dia, soube que uma colega estava doente e muito deprimida. Telefonei. Ela só respondia anh, ahn. Na segunda vez falei: - Maria, sei que às vezes as coisas ficam tão difíceis que o jeito é dar uma boa risada. - Dar uma risada? Nunca. Não acho graça nisso, estou com um andador há dois meses, ela respondeu. - Maria, eu fiquei de andador 5 meses - Cinco meses? - É, e me ajudou bastante, - Não quero saber mais. Acho tudo difícil, tudo ruim, a vida enfim - Mas ainda há algumas coisas boas. - Não, não acho - E esse seu filho que olha você? - Ah! Ele é um tesouro - E você tem alguém para cozinhar para você e levar a comida na cama? - Tenho sim... - Tem dinheiro para comprar remédios? - Tenho sim Perguntei mais uma ou duas coisas e pedi para ela pensar... E deu resultado... Também nós, se quisermos, podemos fazer uma lista de problemas e aborrecimentos, num instante... Mas podemos também centrar nossa atenção nos privilégios que Deus nos dá. Lembrem-se de que rir é o melhor remédio e é de graça! Com esses exemplos de recursos, vamos chegando ao fim de nossa floresta escura de que falei no começo. As freiras do colégio onde estudei contaram que ao fugir, durante a guerra, levavam muitas coisas, e as iam abandonando ao longo do caminho, por cansaço, desânimo, falta de forças... Chegavam em algum refúgio já sem nada, só elas mesmas. Assim, ao fim de nossa floresta escura, já despojados, não vamos encontrar somente algum refúgio. Dante e a nossa fé nos dizem que vamos encontrar a luz, “o Amor que move o céu e as estrelas.” Ao fim de nossa floresta escura, com humildade, vamos encontrar Deus.
O MITO DA TERCEIRA IDADE - Leandro Karnal (Unicamp Departamento História) Trataremos das percepções do envelhecimento no chamado mundo líquido e os desafios do envelhecimento num mundo de valorização crescente da juventude. A partir de uma reflexão histórica, analisaremos a constituição dos saberes jovens ligados à tecnologia e o ataque sistemático à gerontocracia dominante do passado. 14
COMO ENVELHECER SEM PREDER A TERNURA JAMAIS - Mara Lucia Sander Soprana (Administração UNOCHAPECO SC) Resumo: O “meu” mundo INTERNO e o mundo EXTERNO: “Envelhecer como o maracujá, quanto mais enrugado por fora mais doce por dentro” Mara Sander Soprana
ASSISTÊNCIA À PESSOA IDOSA - Maria Nazareth Grisolia Vieira da Silva (Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto) Gasta-se pelo menos metade do tempo de nossas vidas procurando um sentido para nossas existências. Na meia idade, homens e mulheres atravessam um período de reavaliação da própria vida. Todos procuram o verdadeiro prazer de viver! Com exceção da infância, na qual o inconsciente se encontra em condição especialíssima, sob a hipnose da vida cerebral, todos os ciclos da vida humana são marcados pela contínua erupção da vida inconsciente. Wanderley S. de Oliveira. Além disso, o fantasma da solidão precisa ser afastado. É comum relacionar velhice com solidão, como se fosse uma experiência obrigatória quando as pessoas ficam mais velhas. A solidão não ocorre na velhice mais do que em outro período da vida. Elisandra Villela G.Sé. É possível procurar respostas para a solidão. Essas respostas aparecem em nossas vidas de maneira singular, sendo diferentes, portanto, para cada um. Temos que tentar perceber qual é a música que toca em nosso íntimo, permitir-nos ouvi-la e respeitá-la, em sinal de maturidade. O certo e o errado nem sempre estão escritos em algum lugar. Os conceitos coletivos precisam ser avaliados, pois nem sempre são adequados para todos, e é justamente por isso que temos que desafiar a lógica cotidiana. Precisamos ser nós mesmos, pois a individuação estimula o prazer de viver. É assim que acontece: A individuação é um processo através do qual o ser humano evolui para um estado maior de diferenciação, o que implica em uma ampliação da consciência. O indivíduo identifica-se menos com as condutas e valores encorajados pelo meio no qual se encontra e mais com as orientações vindas dele mesmo. Carl Jung Na assistência à pessoa idosa, trabalhamos com a dor e o sofrimento, talvez mais do que no contato com qualquer outra idade. Procura-se trabalhar com a habilidade de superar o sofrimento, para que o prazer de viver possa surgir na vida das pessoas. Mas, para superar o sofrimento, precisamos entender as razões das nossas dores! Sentir-se bem é sinônimo de felicidade, que dá acesso à liberdade. Somente o prazer que nos equilibra e preenche, sem sofrimentos posteriores, é um prazer real. A avaliação de uma pessoa idosa deve contemplar a análise de suas condições de vida, de saúde, condições econômicas e de suporte social. Essa abordagem nos permite perceber demandas sociais, sanitárias, econômicas e afetivas dessa população, frente à inversão demográfica, verificada no mundo todo. As doenças infectocontagiosas, durante esse processo de envelhecimento populacional em nosso país, deram lugar às doenças crônico-degenerativas, ao câncer e à violência no trânsito. Frente a essa situação, Políticas Públicas devem ser criadas com o intuito de manter a autonomia e a independência, pelo maior tempo possível, evitando-se a incapacidade, que desfavorece a qualidade de vida. Estudos sobre as condições de vida de pessoas idosas em nosso país mostram que as condições de saúde ainda são preocupantes, que há insuficiência do sistema de seguridade social, e que vários desses estudos mostram que vive mais quem tem maior prazer de viver, sem dependência direta com a presença ou ausência de doenças. Quando nos indagamos se é possível ter prazer de viver na velhice, entendemos que este prazer relaciona-se à autopercepção da saúde. Pessoas idosas que são capazes de realizar as 15
atividades de vida diária, importantes para seus interesses, tem autopercepção mais positiva, mesmo que doenças crônicas estejam presentes e causem alguma limitação. A autonomia é a maior defesa da alma, porque estabelece limites, produz a serenidade, dilata a autoconfiança e coloca-nos em contato com nossas aspirações superiores. Ermance Dufaux. Nesse contexto, percebemos que as prioridades na assistência à pessoa idosa relacionam-se à manutenção da autonomia e da independência, que refletem a funcionalidade. Sabemos, infelizmente, que as iatrogenias são grandes causadoras de perda de funcionalidade e, paralelamente, a atenção ao doente, e não exclusivamente à doença, deve ser o norteador da assistência à pessoa idosa, justamente para evitar erros médicos e suas graves consequências. Por fim, destacamos o documentário Sentido da Vida, em fase de pré-produção, onde o diretor mostrará a história de um jovem que descobre ser portador de uma doença incurável e opta por fazer uma viagem ao redor do mundo, procurando descobrir qual o sentido da vida. Produção brasileira, vale a pena conferir em 2015.
CÉREBRO, ARTES E ENVELHECIMENTO - Norberto Garcia-Cairasco (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo) Faremos uma viagem pela história da Neurociência e sua interação com as Artes Visuais, na procura por explicações defunção e disfunção cerebral ao longo da vida. A evolução do conhecimento sobre as Neurociências teve uma enorme contribuição de filósofos, naturalistas, pintores, desenhistas, escultores. Os naturalistas foram pioneiros na observação da natureza e a Ciência Moderna Ocidental certamente nasceu destas interações com as Artes e as Humanidades. A expressão das Artes desde os primórdios das cavernas e em todas as sociedades, afeta e faz parte das maiores manifestações das culturas e civilizações humanas. Ciência Arte são fundamentais para o entendimento da nossa singular espécie em todos os momentos do ciclo da vida.
TRANSFORMANDO PERDAS EM GANHOS - Sônia Nascimento (Associação de Logoterapia Viktor Emil Frankl) A oficina “Transformando Perdas em Ganhos” é fundamentada acerca das colocações de Viktor Emil Frankl sobre os valores de atitude. Se propõe – a partir da música, poesia, leitura e produção de texto bem como uso de colagem de tecido – a possibilitar uma reflexão sobre um novo sentido à vida (vivida), levando a pessoa humana ao cumprimento de um propósito. A produção manual representará a respectiva história de vida referenciando uma das mais significativas sugestões de Viktor Frankl, que é o reconhecimento das memórias ricas de um passado que mantém vivo o significado de uma existência.
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