CONSTRUINDOCIDADES SUSTENTÁVEIS
A Aplicação dos ODS e da Nova Agenda Urbana na Construção Civil
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC - SANTO AMARO
ARQUITETURA & URBANISMO
ESTUDOS SOCIAIS URBANOS - PRÁTICAS EXTENSIONISTAS
ANA JULIA FREIRE FIORDA
DIEGO GARDENAL DE CASTRO
DIOGO LIMA TEIXEIRA
FELIPE BARROS COSTA DA SILVA
HELENA LOMBARDO DE LIMA
ISABELLA MOSSO MARCINKEVICIUS
JOANA NEVES SAMPAIO
KETLYN REIS
LUCAS BARRETO DOS SANTOS
LUCIANO LEANDRO CORREIA
MARIA CLARA FERREIRA DA SILVA
MARIA LUÍSA MARTINS AMORIM
MYLENA PAVAN CARVALHO
NATHALIA DE SOUZA BERTTI
NUBIA MOTA YOKOTOBI
PEDRO HENRIQUE DE CARVALHO
RAFAEL FRANCISCO TURRI
RAISSA SILVA LIMA
RENAN BORGES MARTINS DA SILVA
SOPHIA ANTUNES DE ALMEIDA
YASMIN SILVA FREITAS
ORIENTADOR: RICARDO DUALDE
CONSTRUINDO CIDADES SUSTENTÁVEIS A APLICAÇÃO DOS ODS E DA NOVA
AGENDA URBANA NA CONTRUÇÃO CIVIL
SÃO PAULO 2024
APRESENTAÇÃO
Este documento é fruto da disciplina "Estudos Sociais Urbanos - Práticas Extensionistas", desenvolvida no segundo semestre de 2024 como uma iniciativa acadêmica voltada à integração entre ensino, pesquisa e extensão. A cartilha busca conscientizar sobre a importância das práticas técnicas e profissionais na construção civil, em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Nova Agenda Urbana (NAU).
Para compor este material, os alunos aplicaram uma abordagem prática, através de um questionário, e investigaram questões essenciais para o desenvolvimento urbano sustentável. O público-alvo, profissionais da construção civil, foi organizado em cinco grupos: planejamento e projeto, execução técnica, fornecimento e consultoria, agentes institucionais e ONGs, e profissionais de sustentabilidade. Cada segmento desempenha um papel relevante na construção de cidades mais inclusivas e sustentáveis.
Com base nesse entendimento, os alunos formularam perguntas para os cinco grupos, abordando temas fundamentais dos ODS e da NAU. As perguntas buscam promover a reflexão sobre como cada área pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida nas cidades.
Além das perguntas, a cartilha inclui estudos de caso que ilustram desafios e oportunidades para integrar sustentabilidade no trabalho cotidiano. Esses casos destacam como os profissionais da construção civil podem incorporar inovação, criação e desenvolvimento tecnológico em suas atividades, reforçando o papel social do arquiteto e de outros profissionais na busca por cidades mais resilientes.
Em várias respostas, ainda que não de forma predominante, percebe-se a associação de práticas sustentáveis ao aumento de custos. A cartilha visa esclarecer essa percepção, demonstrando que o impacto das práticas sustentáveis deve ser considerado em uma perspectiva de longo prazo, valorizando o papel da pesquisa e inovação.
Recentes eventos climáticos no Brasil e no mundo mostram que o controle total sobre as mudanças ambientais é um desafio. Porém, com informação e responsabilidade coletiva, é possível avançar na direção de cidades mais sustentáveis e inclusivas.
Boa leitura!
O que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)? Como a sua profissão contribui para uma cidade melhor
Desafios para adoção de práticas sustentáveis no setor da construção
Materiais e técnicas sustentáveis: Como os projetos de construção podem ser mais responsáveis e acessíveis nesses meios?
O que é a Nova Agenda Urbana (NAU)?
Déficit Habitacional: Uma Realidade Marcante em São Paulo
Projeto e técnicas sustentáveis: Vantagens e economia
Disposições Finais
O que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)?
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, são uma iniciativa global para transformar o mundo até 2030. Com 17 objetivos e 169 metas, os ODS buscam garantir o desenvolvimento econômico, social e ambiental de maneira sustentável, propondo mudanças significativas em áreas como saúde, educação, igualdade e proteção ao meio ambiente.
Esses objetivos envolvem toda a sociedade, incluindo profissionais da construção civil. Projetos sustentáveis que utilizam recursos naturais de forma consciente, criam espaços inclusivos e promovem cidades resilientes, que ajudam a alcançar os ODS.
ODS e a Construção Civil –O Papel de Cada Profissional
A construção civil é um setor importante para o desenvolvimento sustentável, e cada profissional desempenha um papel importante na aplicação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Desde o arquiteto que projeta até o pedreiro que executa, todos têm o poder de transformar o ambiente construído de maneira responsável e sustentável.
ODS7:EnergiaAcessíveleLimpa
Eletricistaspodeminstalarsistemasdeenergiasolareoutrasfontes renováveis, ajudando a reduzir a dependência de energias poluentesetornandoasedificaçõesmaissustentáveis.
ODS9:Indústria,InovaçãoeInfraestrutura
Arquitetoseengenheirospodemprojetarcommateriaisinovadores e certificados, como madeira renovável, promovendo uma construçãomaisresponsávelecommenorimpactoambiental.
DS11:CidadeseComunidadesSustentáveis
Espaços inclusivos, acessíveis e seguros são parte desse objetivo. Profissionais podem priorizar materiais recicláveis e pensar em edificaçõesquerespeitemomeioambiente.
ODS12:ConsumoeProduçãoResponsáveis
Reduzir desperdícios e usar materiais de forma consciente são práticasaplicáveisatodosnaobra,daescolhadosmateriaispelos fornecedoresatéaexecuçãopelospedreiros.
ODS13:AçãoContraaMudançaGlobaldoClima Planejar edifícios eficientes, que utilizem ventilação natural e materiaisdebaixaemissãodecarbono,éessencialparaminimizar oimpactoclimático.
A aplicação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na construção civil é um caminho essencial para promover um futuro mais equilibrado, seguro e responsável. Com pequenas mudanças nas escolhas de materiais, nas técnicas de construção e nas práticas de projeto, cada profissional da construção civil contribui, para uma construção mais consciente e conectada com as necessidades do meio ambiente e da sociedade.
Projeto
Canteiro Escola
e sua Conexão com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
O foco do Canteiro Escola é mobilizar a comunidade acampada e militantes locais para colaborar na melhoria de suas próprias habitações. A ação é iniciada com um diagnóstico técnico e social feito em conjunto com as famílias da comuna, permitindo uma visão clara das condições de moradia e das carências em políticas públicas habitacionais. Dessa forma, criam-se estratégias sustentáveis e viáveis para a finalização e construção das casas, incorporando técnicas agroecológicas e respeitando o conhecimento tradicional. São utilizados materiais sustentáveis e de baixo custo, como terra crua, madeira e bambu, encontrados localmente, promovendo assim o desenvolvimento comunitário sustentável e o cumprimento dos ODS relacionados à habitação, trabalho decente, sustentabilidade ambiental e inovação.
Incorporar os ODS ao trabalho na construção civil não apenas melhora a qualidade dos projetos, mas também aumenta seu valor social e econômico. Ao nos comprometermos com a sustentabilidade, estamos construindo mais do que edifícios e infraestruturas, estamos construindo uma base para o bemestar das próximas gerações.
Como a sua profissão contribui para um cidade melhor
Você já parou para pensar como o seu trabalho, aparentemente individual, se conecta com a vida de milhares de pessoas em sua cidade? Cada um de nós desempenha um papel fundamental na construção de um futuro mais sustentável e próspero.
Devido a industrialização, o crescimento econômico e a urbanização acelerada fizeram com que a demanda na construção civil aumentasse nas últimas décadas, gerando grande impacto social, ambiental e sustentável. A forma como os recursos naturais são gerenciados, e como se projeta e investe a construção civil, considerando que é a principal responsável pelas modificações na paisagem natural
Desperdício em obras
A construção civil consome de 40% a 75% dos recursos naturais utilizados no setor produtivo e é responsável por cerca de 50% dos resíduos sólidos urbanos.Conforme a Abrelpe (2014), no ano de 2014 foi coletado nos municípios brasileiros, aproximadamente 45 milhões de toneladas de resíduos da construção e demolição. Isso representa um aumento de 4,1% em relação a 2013, não refletindo o total dos resíduos gerados, ou seja, quando há planejamento inadequado das construções, que isso acaba esgotando os recursos, destruindo paisagens e aumentando a sua vulnerabilidade, causando impactos sonoros, visuais e poluição do ar.
Conscientização Ambiental
Nos últimos anos, a conscientização ambiental cresceu devido a problemas como mudanças climáticas, escassez de recursos e desmatamento, impulsionando a adoção de práticas sustentáveis na construção civil. A construção sustentável busca um uso racional dos recursos naturais, considerando aspectos ambientais, sociais e econômicos, e exige métodos para avaliar o impacto ambiental das edificações. Esses métodos ajudam a definir metas e demonstram a responsabilidade do setor em proteger o meio ambiente. O planejamento e a execução de projetos, bem como o fornecimento de materiais e consultoria, desempenham papéis essenciais na transformação das cidades, sendo crucial que esses processos estejam alinhados com a nova agenda urbana, promovendo um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
Como você pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida nas áreas urbanas?
Planejamento Estratégico: Levantamento de necessidades locais, incluindo a população no processo de planejamento.
Execução Sustentável: deve focar na qualidade e no impacto ambiental, utilizando materiais que reduzam os danos ao meio ambiente, o desperdícios e aumentando a eficiência.
Fornecimento de Materiais de Construção: Valorizar a economia local, reduzir custos de transporte e utilizar materiais ecológicos.
Capacitação de Profissionais: Por meio de aprimoramento de técnicas dos trabalhadores e formar profissionais comprometidos com práticas sustentáveis.
Orientação Técnica: Realizando consultorias e análises especializadas oferecendo orientações que atendem às expectativas de sustentabilidade e qualidade. Garantindo que metas alcançadas.
A execução e o planejamento de projetos, fornecimento de materiais e consultoria são essenciais para criar cidades mais justas e sustentáveis. Integrando esses processos à nova agenda urbana e com a colaboração de todos os envolvidos, é possível transformar as comunidades e melhorar a qualidade de vida.
Conjunto Jardim Edite
A cidade de São Paulo, como muitas outras grandes metrópoles ao redor do mundo, enfrenta desafios significativos relacionados ao crescimento urbano desordenado, déficit habitacional e problemas de infraestrutura. Nesse cenário, iniciativas de habitação social sustentável vêm ganhando destaque como uma solução eficaz para melhorar a qualidade de vida das comunidades de baixa renda
O Conjunto Habitacional Jardim Edite, localizado em uma área valorizada de São Paulo, é um marco na habitação social brasileira, transformando uma favela em um complexo moderno com moradias dignas, equipamentos públicos e áreas verdes No entanto, a verticalização da área e a realocação de famílias geraram controvérsias, destacando as tensões entre desenvolvimento urbano e justiça social. O projeto, que incorpora práticas de sustentabilidade e acessibilidade, tornou-se um caso emblemático, tanto pelas inovações quanto pelas polêmicas que gerou.
Durabilidade e Sustentabilidade
O projeto também teve um enfoque claro na durabilidade das construções e no uso de materiais sustentáveis. Durante a fase de construção, foram adotados materiais de baixo impacto ambiental, como blocos de concreto reciclado e revestimentos com menor emissão de CO₂ Além disso, as técnicas de construção seguiram princípios que maximizam a durabilidade das edificações, reduzindo a necessidade de manutenção frequente e grandes reformas no futuro.
Durabilidade e Sustentabilidade
Um dos maiores destaques do projeto é o seu foco em responsabilidade social O Jardim Edite não apenas realocou moradores de uma área insalubre, mas também integrou a comunidade ao tecido urbano formal da cidade. O projeto incluiu equipamentos públicos e comerciais no térreo dos prédios, como creche, centro de capacitação profissional e unidades de saúde, promovendo a inclusão social e oferecendo serviços essenciais próximos às moradias.
Energia Sustentável e Eficiência Hídrica
Jardim Edite incorporou sistemas de energia sustentável, como painéis solares para aquecimento de água, reduzindo o consumo de energia elétrica. Além disso, foi implementado um sistema de captação de água da chuva para irrigação das áreas verdes, contribuindo para a economia de água potável.
Desafios para adoção de práticas sustentáveis no setor da construção
Ao analisarmos as respostas obtidas em nossa pesquisa, pudemos identificar 4 conceitos recorrentes, os quais foram tomados como baliza para a elaboração de nossa análise. Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, na qual os resultados não podem ser traduzidos exclusivamente em números e porcentagens, bem como onde a complexa subjetividade dos entrevistados tem papel crucial na elaboração de uma análise, parametrizamos nossa contagem a partir destes 4 conceitos aglutinadores. Sendo assim um único entrevistado pode apresentar até três conceitos em sua argumentação.
A
NÃO SEI
respostas inconclusivas, que escapam do escopo da pergunta
B
CUSTO/ BENEFÍCIO
quando custos impedem os profissionais e clientes da construção de optarem por técnicas e materiais sustentáveis
Resultados
C
OFERTA/ DEMANDA
quando há dificuldade em encontrar profissionais especializados em técnicas e materiais sustentáveis no mercado
D MUDANÇA CULTURAL
quando o desafio é conscientizar e informar sobre a importância e vantagens da construção sustentável
O grupo A com 23%, B com 28%, C com 18%, e por fim, D com 31%, percebemos com que, embora equilibrados os resultados, Mudança Cultural 31% e Custo / Benefício 28% foram os maiores desafios encontrados por nossa amostra. Apesar de ainda necessários ajustes e aprofundamentos em nossa estratégia de análise, já podemos apontar, por exemplo, que a minoria reconhece a oferta e demanda (18%) como um problema para o setor da construção civil em adotar práticas mais sustentáveis e responsáveis de consumo. E que, na outra ponta, encontramos a Mudança cultural (31%) como o principal obstáculo para tanto, seguida pelo Custo/Benefício (28%).
Programas Habitacionais com potencial de solucionar problemas urbanísticos de São Paulo
Para solucionar o grave problema do déficit habitacional, o Programa Pode Entrar intenta garantir moradias de qualidade para pessoas de baixa renda. Para aumentar a oferta de imóveis habitacionais e estimular o reaproveitamento do estoque construído, o Programa Requalica Centro busca estimular a requalificação de prédios antigos da região central. Juntos estes programas da prefeitura de São Paulo apontam para uma solução dos problemas tanto da reocupação e democratização das áreas centrais, quanto da produção de moradia popular de qualidade que ofereça às pessoas de baixa renda acesso ao transporte, saneamento, educação, saúde e emprego. Recursos estes, tão escassos nas periferias e abundantes nas regiões centrais.
Os programas Requalifica Centro e Pode Entrar, destacam-se como estratégias eficazes para promover a sustentabilidade urbana. Ambos os programas, ao requalificarem edificações existentes e ociosas nas áreas centrais da cidade, contribuem para reduzir o desperdício de materiais e ampliar a oferta de moradia digna para a população de baixa renda.
A requalificação do Edifício Prestes Maia
Um caso emblemático e recente, que podefuncionar como um exemplo para nossa tese, é o do Edifício Preste Maia, que ca nos arredores da estação da Luz. Antes da reforma, o local já abrigava um movimento de moradores que não podiam arcar com habitações melhores e mais adequadas. A condição acordada entre a prefeitura e os moradores para que a reforma do edifício se desse, atrelava as famílias que ali já residiam à ocupação do edifício reformado, e proibia a concessão dos apartamentos ao setor privado.
Essa prática não só evita o desperdício oriundo da demolição, mas também maximiza os recursos financeiros e ambientais Entretanto, a realidade atual evidencia desafios quanto à implementação desses programas no contexto do mercado imobiliário.
A gentrificação das áreas centrais, impulsionada pela especulação imobiliária, reflete a apropriação elitizada do espaço urbano, tornando o centro acessível apenas à classe média alta e excluindo a população de baixa renda que mais se beneficiaria de moradias bem localizadas e com infraestrutura adequada. A exploração imobiliária em detrimento de interesses habitacionais sociais exacerba a desigualdade territorial e vai de encontro aos princípios de sustentabilidade e inclusão social defendidos pelo ODS 12. A exclusão social é alimentada também pela visão negativa de muitas pessoas sobre o centro da cidade, visto como uma área insegura e degradada, visão que precisa ser desconstruída por meio de campanhas de conscientização que destaquem o potencial de uma reabilitação urbana segura e inclusiva.
A especulação imobiliária cria um efeito semelhante na adoção de práticas de consumo responsável e uso de materiais sustentáveis. Ao se posicionarem como práticas exclusivas e de alto custo, essas soluções acabam sendo vistas como uma opção restrita às classes mais altas Esse estereótipo precisa ser quebrado para que práticas sustentáveis sejam amplamente acessíveis e adotadas, independente da classe social.
O desafio está em democratizar o acesso a essas práticas, transformando em uma realidade acessível e não em um nicho de mercado para poucos. Essa dinâmica ressalta a necessidade de acompanhamento rigoroso das políticas públicas e de uma atuação mais comprometida de profissionais de arquitetura e urbanismo, para garantir que os objetivos de sustentabilidade e inclusão social sejam efetivamente alcançados. É essencial que a sociedade e o poder público se mobilizem para transformar o centro urbano e tornar as práticas sustentáveis acessíveis, promovendo, assim, um desenvolvimento inclusivo que atenda ao interesse coletivo e que caminhe rumo ao consumo e produção mais responsáveis.
Materiais
e técnicas sustentáveis: Como os projetos de construção podem ser mais responsáveis e acessíveis nesses meios?
O uso de materiais e técnicas sustentáveis na construção civil vem ganhando destaque como uma forma de promover responsabilidade ambiental e melhorar a acessibilidade em projetos arquitetônicos urbanos. Entretanto, apesar do aumento no conhecimento sobre essas práticas, ainda existe uma lacuna significativa entre conhecimento e aplicação.
Neste capítulo, vamos explorar a importância da sustentabilidade na construção, a realidade do seu uso, exemplos de projetos bem-sucedidos e as oportunidades que ela oferece para um futuro mais verde nas cidades.
A importância de adotar
materiais e técnicas sustentáveis
Os objetivos do ODS 12 falam sobre o uso eficiente dos recursos naturais, que trazem o incentivo da redução do consumo, a reciclagem e o reuso dos materiais. A construção civil é um dos setores que mais consome recursos naturais e gera resíduos. A adoção de materiais e técnicas sustentáveis surge como uma resposta essencial para reduzir os impactos ambientais, além de promover economias financeiras e melhorar o conforto das edificações. Entre os principais benefícios estão:
Redução de desperdícios: Técnicas mais eficientes diminuem o uso excessivo de materiais e, consequentemente, a geração de resíduos.
Eficiência energética: Utilização de soluções como iluminação e ventilação natural reduz o consumo de energia elétrica.
Maior conforto térmico e acústico: Materiais sustentáveis muitas vezes melhoram o desempenho climático dos ambientes, tornando-os mais agradáveis e saudáveis.
Acessibilidade econômica: Embora alguns materiais sustentáveis possam ter um custo inicial mais elevado, eles proporcionam economia a longo prazo, sendo uma opção viável para projetos de diferentes escalas e orçamentos.
No agora!
Uma pesquisa realizada com profissionais de diversas áreas da construção civil, projeto e planejamento, técnicos de execução, fornecedores, participantes de ONGs e profissionais da sustentabilidade e inovação, mostrou que, embora muitos profissionais conheçam e apliquem técnicas sustentáveis, a maioria ainda não as vê como parte do cotidiano das construções.
35% Utilizam técnicas sustentáveis regularmente.
Utilizam técnicas sustentáveis esporadicamente.
Muitos dos entrevistados não levam em conta que, dentro da sustentabilidade, a questão social é essencial, logo materiais sustentáveis são aqueles que, além de reduzir ou até reverter danos no meio ambiente, também são acessíveis para as pessoas.
Partindo desse pressuposto, é interessante pensar que reinventar o uso de determinados materiais baratos e cotidianos, reutilizar e reciclar materiais e até usar materiais que reduzem gastos e impactos ambientais a longo prazo, são práticas sustentáveis em si.
Durante a pesquisa, foi comum ver pessoas que usavam algumas dessas práticas, mas não as reconheciam como sustentáveis. Essa falta de conhecimento e sua conexão com a ausência da prática é um dos aspectos que influencia diretamente na na qualidade de vida nas cidades e nos traz a reflexão sobre formas de como a sustentabilidade poderia ser melhor integrada às práticas comuns.
No Cenário da Construção Civil
e Futuro da Sustentabilidade
Para que o uso de materiais sustentáveis se torne uma norma, é necessário que haja incentivos regulatórios e maior conscientização por parte de profissionais e consumidores.
O futuro da construção civil deve ser pautado pela responsabilidade com o meio ambiente e pela busca de soluções inovadoras que favoreçam tanto o ambiente urbano quanto seus habitantes.
Enchentes no
cidade de São Paulo. Imagem: iStock
Por que devemos intensificar o uso de práticas sustentáveis?
As práticas sustentáveis existem para promover um urbanismo mais equilibrado e responsável.
A adoção em larga escala e a regulamentação delas, a longo prazo, nos ajuda a evitar desde situações críticas até problemas urbanos insistentemente presentes no nosso cotidiano.
As enchentes, por exemplo, que frequentemente atingem grandes cidades, muitas vezes são causados pelo excesso de impermeabilização do solo e carência de áreas verdes, problemas que resolvem com uma transformação em nossa forma de ver e lidar com o mundo.
Sustentabilidade é só para quem pode pagar?
Não. Embora alguns materiais tenham um custo inicial mais elevado, eles proporcionam economias significativas a longo prazo. A ideia, no entanto, é, também, uma mudança na lógica de construção: com projetos pensados seguindo uma lógica sustentável, os arquitetos e projetistas podem fazer com que materiais de baixo custo e de uso cotidiano sejam ressignificados e seus usos sejam transformados. Um bom exemplo é o Residencial Eldorado em Campo grande (MS), parte do programa Minha Casa, Minha Vida, que incorpora técnicas sustentáveis em moradias populares. A sustentabilidade pode e deve estar presente em projetos de todas as escalas. O caminho para um futuro mais sustentável passa pela conscientização e pela prática. Com esses meios, podemos transformar a forma como construímos nossas cidades, criando ambientes mais equilibrados, acessíveis e responsáveis!
Projeto exemplar - Casa Vila Matilde
A Casa Vila Matilde, projetada em 2015 pelo escritório Terra e Tuma Arquitetos Associados, em São Paulo, é um exemplo icônico de como a sustentabilidade pode ser aplicada de forma eficiente e acessível, mesmo com orçamento restrito.
O projeto foi desenvolvido para uma senhora idosa que vivia em uma casa em ruínas e tinha como desafios um terreno estreito com orçamento limitado. Mesmo assim, os arquitetos conseguiram criar uma solução sustentável e de qualidade.
Foram adotados alguns pontos que foram essenciais para a sustentabilidade e conforto da casa, sendo eles: Concreto aparente: Utilizado de forma otimizada para reduzir desperdícios
Iluminação natural: Amplas aberturas permitem que a luz do sol ilumine os ambientes.
Ventilação cruzada: Janelas estrategicamente posicionadas que permitem a circulação natural de ar Telhado verde: Auxilia no isolamento térmico da casa e melhora o microclima
Captação de água da chuva: Para reuso em certas atividades como limpeza e irrigação.
O projeto da Casa Vila Matilde demonstra que é possível aplicar soluções sustentáveis com baixo custo, sem sacrificar a qualidade. O reconhecimento internacional que a casa recebeu reforça o potencial de projetos semelhantes para, também, outras áreas urbanas.
O que é a Nova Agenda Urbana (NAU)?
Objetivos:
A Nova Agenda Urbana (NAU) é um documento global criado durante a Conferência das Nações Unidas sobre
Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat III), que ocorreu em Quito, Equador, em outubro de 2016. Seu objetivo principal é orientar o desenvolvimento urbano sustentável nos próximos 20 anos, promovendo cidades mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis.
Habitação Adequada: Garantir acesso à moradia digna e acessível para todos.
Infraestrutura Sustentável: Promover infraestrutura e serviços urbanos que sejam sustentáveis e acessíveis.
Cidades Inclusivas e Participativas: Fortalecer a governança e a participação comunitária na tomada de decisões sobre o desenvolvimento urbano.
Economia Urbana Sustentável: Incentivar o crescimento econômico inclusivo, promovendo empregos e investimentos sustentáveis.
Resiliência e Sustentabilidade Ambiental: Aumentar a resiliência das cidades frente a desastres naturais e mudanças climáticas, promovendo a preservação ambiental.
Sua Relação com as ODS
Tem forte relação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, principalmente com a ODS 11 - Cidades e Comunidades Sustentáveis, que visa "tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis". No entanto, a NAU também tem conexões com outros ODS, já que os problemas urbanos abrangem várias dimensões do desenvolvimento sustentável, como:
ODS 1 - Erradicação da Pobreza: A NAU busca reduzir a pobreza urbana por meio do acesso a moradia digna e ao desenvolvimento econômico inclusivo.
ODS 6 - Água Potável e Saneamento: Visa assegurar que toda a população urbana tenha acesso a serviços básicos, como água e saneamento.
ODS 13 - Ação contra a Mudança Global do Clima: Incentiva as cidades a adotarem práticas de construção e urbanização sustentáveis para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
É possível perceber como essas iniciativas são importantes para uma melhor convivência do cidadão com a cidade que vive. Na cidade de São Paulo temos alguns exemplos modelo que aplicaram na prática a necessidade dessa melhora de relação.
Em São Paulo, uma das formas de aproximar a cidade desses princípios é através da criação de parques e áreas verdes. Esses espaços são fundamentais não apenas para melhorar a qualidade ambiental e combater as ilhas de calor, mas também para promover a inclusão social, oferecendo áreas de lazer e convivência para todas as comunidades. A expansão dos parques paulistanos, inspirada pela NAU, pode contribuir significativamente para uma cidade mais equilibrada, sustentável e saudável para seus habitantes.
Árvores do Campus da USP Butantã
A Nova Agenda Urbana (NAU) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) visam promover cidades inclusivas e sustentáveis, com diretrizes que fortalecem a inclusão e a proteção ambiental. Este estudo de caso explora como esses princípios, aplicados em projetos urbanos como parques e áreas verdes, podem transformar o ambiente urbano e beneficiar a população.
Parque Linear Bruno Covas e a Nova Agenda Urbana
Localizado em uma das regiões mais urbanizadas de São Paulo, o Parque Linear Bruno Covas Novo Rio Pinheiros foi planejado para ser o maior parque linear da cidade, estendendo-se ao longo de toda a margem oeste do rio Pinheiros. Inaugurado em 2022, o primeiro trecho de 8,2 km já oferece diversas atrações, incluindo ciclovias, playgrounds, áreas de piquenique e trilhas, buscando revitalizar a área e promover o uso público
Apesar da sua longa extensão, os únicos acessos ao parque em que é possível chegar caminhando são pela Ponte Cidade Jardim e pela Ponte Laguna – distantes 6,2 km entre si, equivalente a 1 hora e meia a pé. Dessa forma, apesar de estar na margem do rio, só é possível acessar o parque em segurança caminhando cerca de 30 minutos –no caso da Peinha até a Ponte Laguna – e cerca de 1 hora, no caso do Real Parque e Jardim Panorama tanto para a Ponte Laguna quanto para a Ponte Cidade Jardim. Uma melhor facilidade de acesso ao parque, faria com que os moradores próximos utilizem no dia a dia, os moradores mais distantes aproveitem como o lazer e os turistas como um o mais novo ponto turístico da cidade de São Paulo ear Bruno Covas Novo Rio plifica os princípios da Nova em São Paulo, promovendo sustentável e inclusão social ciclovias, áreas de lazer e a maximizar seus benefícios, é ar a divulgação e melhorar o do que mais pessoas usufruam mais saudável e inclusivo ao heiros.
Déficit Habitacional: Uma Realidade Marcante em São Paulo
O déficit habitacional em São Paulo é um problema que afeta milhares de famílias, especialmente as de baixa renda. Segundo dados recentes divulgados pela prefeitura, estima-se que o déficit habitacional na cidade de São Paulo seja de 400 mil moradias. Este déficit é agravado por fatores como a especulação imobiliária e a insuficiência de políticas públicas que ofereçam soluções habitacionais acessíveis. Muitos moradores, especialmente aqueles que pertencem a classes econômicas menos favorecidas, vivem em condições precárias, em favelas ou ocupações irregulares, em busca de um lugar para morar próximo dos locais de trabalho. No entanto, devido à carência de moradias acessíveis no centro expandido, eles acabam sendo empurrados para bairros distantes, aumentando os tempos de deslocamento e o custo da mobilidade.
O planejamento urbano de São Paulo historicamente priorizou o desenvolvimento de áreas centrais e o crescimento vertical, deixando as periferias com menos recursos e menos oportunidades de emprego e serviços essenciais. Esse planejamento deficiente criou uma concentração de empregos na região central, dificultando a vida de milhões de trabalhadores que moram nas extremidades da cidade. A falta de habitação acessível nas áreas mais próximas ao centro obriga esses trabalhadores a fazerem longas viagens diariamente, enfrentando ônibus e trens lotados, além de congestionamentos constantes. Essa realidade impacta negativamente o tempo de descanso, lazer e convívio familiar dos trabalhadores e, a longo prazo, reflete em seu bem-estar e produtividade.
Mobilidade e o “Efeito Pêndulo”
A consequência do déficit habitacional e da concentração de empregos no centro é o chamado “efeito pêndulo”, que caracteriza o deslocamento diário e maciço da população das periferias para o centro da cidade e vice-versa. Esse fenômeno sobrecarrega o sistema de transporte público, principalmente em horários de pico, quando ônibus, trens e metrôs operam além de sua capacidade, resultando em desconforto e atrasos frequentes Os trabalhadores que dependem desse transporte passam, em média, cerca de duas a três horas por dia no trajeto casa/trabalho, um tempo que poderia ser investido em outras atividades.
Esse longo deslocamento gera não só cansaço físico, mas também impacto financeiro, pois muitos trabalhadores gastam uma parte significativa de sua renda apenas com transporte. Além disso, o aumento da frota de veículos particulares, como alternativa ao transporte público lotado, contribui para a poluição e o agravamento dos congestionamentos, fazendo com que a cidade de São Paulo figure entre as mais congestionadas do mundo. O tempo de deslocamento e o estresse diário devido às condições de transporte não apenas diminuem a qualidade de vida, mas também afetam a saúde mental e física dos trabalhadores.
Perspectivas e Soluções para o Futuro
Para mitigar os efeitos do déficit habitacional e melhorar a mobilidade urbana, é fundamental que a cidade de São Paulo adote um planejamento urbano mais integrado, que considere a distribuição equitativa de empregos e moradias. A construção de habitações acessíveis nas áreas mais próximas ao centro, bem como a ampliação da infraestrutura de transporte nas periferias, são medidas essenciais Além disso, iniciativas como a promoção de políticas de incentivo ao trabalho remoto, onde aplicável, e a descentralização de centros empresariais e de serviços podem contribuir para diminuir o fluxo de pessoas e aliviar a sobrecarga no sistema de transporte
Case: Incorporadora Magik JC, Projeto Bem Viver
O projeto Bem Viver, desenvolvido pela Magik JC, surge como uma resposta direta aos desafios habitacionais e de mobilidade urbana enfrentados pela cidade de São Paulo. Inspirado pela necessidade de moradias acessíveis, próximas dos principais centros de trabalho e com infraestrutura completa, o projeto busca transformar a vida de seus moradores, oferecendo uma alternativa ao efeito pêndulo e melhorando a qualidade de vida nas áreas urbanas. Esse projeto inova ao focar em soluções que valorizam a proximidade e o bem-estar, proporcionando moradias que atendem as necessidades das famílias paulistanas e reduzem o tempo de deslocamento para o trabalho e o acesso a serviços essenciais.
Uma das premissas do Bem Viver é oferecer moradia acessível e integrada, possibilitando que trabalhadores de diferentes faixas de renda possam viver em áreas com infraestrutura e serviços adequados. A proximidade com o centro da cidade e com regiões economicamente dinâmicas diminui a necessidade de longos deslocamentos, promovendo um estilo de vida mais equilibrado e sustentável. Além disso, o projeto investe na criação de espaços comunitários que incentivam a convivência e o fortalecimento do laço comunitário, promovendo uma vida mais participativa e interativa para seus moradores.
Outro aspecto central do projeto é o seu foco em sustentabilidade e eficiência energética. Em alinhamento com a Nova Agenda Urbana, o Bem Viver incorpora soluções ecológicas, como aproveitamento de energia solar e gestão eficiente de resíduos, que minimizam o impacto ambiental e reduzem os custos mensais dos moradores. Essas características fazem do projeto uma referência em habitação sustentável e acessível, um exemplo do que São Paulo precisa para combater o déficit habitacional e melhorar a mobilidade urbana.
Projeto e Técnicas Sustentáveis
Vantagens e Economia
As práticas sustentáveis estão mais presentes no dia a dia profissional do que imaginamos, e as respostas à nossa pesquisa revelam um forte compromisso com o meio ambiente, descobrimos como iniciativas pequenas e grandes geram impactos significativos e inspiram ações no setor.
O que encontramos é mais do que simples mudanças, 70% dos profissionais mencionaram estratégias desde a reutilização de materiais, economizando recursos ao transformar resíduos em novas oportunidades, até o uso de painéis solares e tecnologias de captação de água da chuva, que não apenas diminuem o consumo, mas também reduzem os custos operacionais.
Redução, Reuso e Reciclagem
No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei n° 12.305/2010, busca promover a sustentabilidade na gestão de resíduos, estabelecendo diretrizes para que empresas, consumidores e governos compartilhem a responsabilidade pelo descarte e reaproveitamento de materiais. A PNRS incentiva práticas como reciclagem, reutilização e coleta seletiva, essenciais para o avanço da economia circular.
A prática dos 3 Rs reduz o volume de resíduos, diminui a necessidade de novos recursos naturais e contribui para a conscientização do consumidor sobre o impacto ambiental de seus hábitos.
A Importância da Economia Circular
A economia circular é um modelo que propõe uma transição do sistema tradicional de “extrair, usar e descartar” para um ciclo fechado de materiais. Ao invés de produzir resíduos que acabam em aterros ou na natureza, os produtos e materiais são reaproveitados e devolvidos ao ciclo produtivo, reduzindo a necessidade de extrair novos recursos.
No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) tem sido uma grande impulsionadora dessa pratica, estabelecendo regras para que empresas, consumidores e governo compartilhem a responsabilidade pela gestão de resíduos. Isso inclui desde o uso de embalagens recicláveis até a implementação de sistemas de coleta que permitem o descarte correto e o reaproveitamento dos materiais.
Devolvendo Produtos ao Ciclo de Vida
A adoção da economia circular promove uma produção mais sustentável, protege os recursos naturais e diminui significativamente a quantidade de resíduos gerados.
A indústria da construção civil pode transformar restos de materiais, como concreto e tijolos, em novos componentes para obras, economizando em recursos e reduzindo o impacto ambiental.
A logística reversa é um dos mecanismos mais inovadores e necessários para a sustentabilidade. Ela se refere ao processo pelo qual empresas assumem a responsabilidade pelo descarte de seus produtos após o uso, facilitando a devolução, coleta e reciclagem. Assim, ao invés de sobrecarregar o sistema de resíduos urbanos, produtos como eletrônicos, pilhas e até embalagens retornam para o fabricante ou para empresas especializadas em reciclagem
A PNRS estabelece a obrigatoriedade da logística reversa para vários setores, exigindo que indústrias, distribuidores e comerciantes desenvolvam estruturas de coleta para que os consumidores possam devolver itens pós-consumo de forma segura e sustentável
Programa Hortas Urbanas: Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS)
É uma iniciativa que visa promover a sustentabilidade nas áreas urbanas por meio do incentivo à criação de hortas comunitárias. Focado na saúde, no meio ambiente e na qualidade de vida, o programa tem como objetivo integrar o cultivo de alimentos com práticas de convivência comunitária e educação ambiental. As hortas urbanas, que podem ser implantadas em terrenos públicos e privados, são uma forma de fomentar a produção local de alimentos saudáveis e reduzir o impacto ambiental das grandes cadeias de distribuição alimentares.
Incentivar a criação de áreas verdes nas cidades, especialmente em espaços subutilizados.
Promover a conscientização ambiental e a sustentabilidade por meio da agricultura urbana.
Fomentar a economia circular através do uso de compostagem, da reciclagem de resíduos e do aproveitamento de materiais recicláveis.
O Programa Ambientes Verdes e Saudáveis está diretamente alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 12, que visa garantir padrões de consumo e produção sustentáveis. O ODS 12 propõe uma mudança nas práticas de consumo e produção, com o objetivo de reduzir o desperdício de alimentos, otimizar os recursos naturais e promover práticas de produção responsáveis e sustentáveis.
Ao aplicar essas práticas no contexto urbano, o PAVS não só contribui para a segurança alimentar e a melhoria da saúde, mas também para o consumo responsável e a preservação dos recursos naturais, pilares essenciais do ODS 12. Dessa forma, o programa se torna um modelo de como ações locais e comunitárias podem impactar positivamente a sustentabilidade global, promovendo um futuro mais equilibrado e sustentável para todos.
Disposições Finais
A construção civil é uma das indústrias de maior impacto ambiental, consumindo grandes volumes de recursos naturais e gerando resíduos. Por isso, é essencial que os profissionais do setor busquem aplicar métodos e técnicas de construção e consumo mais sustentáveis. Com uma população consciente e bem-informada, é possível construir cidades resilientes e adaptadas às mudanças climáticas. Para tanto, é fundamental que todos compreendam que a adoção de práticas sustentáveis não se limita à construção civil, mas sim à todas as esferas de produção e consumo.
Durante a análise de nossa pesquisa e consequente produção desta cartilha, foi evidenciando-se que o setor de produção da construção civil no Brasil possui a capacidade de implementar as medidas propostas pela ONU através das Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e da Nova Agenda Urbana (NAU); e assim tornar-se uma força propulsora para a transformação social, ambiental e econômica do mundo da produção. Projetos que utilizam materiais ecológicos, implementam técnicas sustentáveis de manejo e reaproveitamento de recursos e priorizam o bemestar das pessoas, destacam-se não apenas pela inovação, mas também pelo compromisso com um futuro sustentável.
Nesse sentido, esperamos que nossa cartilha ajude todos os profissionais envolvidos nos processos da construção civil a compreender melhor os desafios, mas principalmente as oportunidades que o setor enfrenta nesse momento histórico. Para nós, fica a lição de que para efetivamente implementarmos as ODS da ONU, mudanças de paradigmas culturais, transformações nos processos de trabalho e conscientização dos profissionais e consumidores é a abordagem necessária para alcançarmos os impactos positivos desejados para o nosso setor. Uma abordagem colaborativa aliada à uma projeção de médio e longo prazos são fundamentais para essa mudança de paradigma. Uma visão de produção em que a sustentabilidade, a responsabilidade social e a inovação caminham juntas para atender às demandas de um desenvolvimento justo para as pessoas e saudável para todo o planeta.
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