As obras da lei

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As obras da lei

digg Entre 1947 e 1956, centenas de manuscritos antigos – incluindo cópias de quase todos os livros do Antigo Testamento – f oram descobertos, dentro de grandes vasos de barro, escondidos em 11 cavernas, nas montanhas do lado oeste do Mar Morto. Ao analisar sua escrita e submetê-los a testes radiométricos, os arqueólogos f icaram pasmos ao constatar que esses documentos tinham cerca de 2 mil anos de idade! Alguns haviam sido escritos nos dias de Jesus e outros até dois séculos antes! Quem teria escrito os f amosos Manuscritos do Mar Morto? Por que teriam sido escondidos nas cavernas do remoto e inóspito Deserto da Judéia? Que segredos eles escondem? Essas perguntas continuam sendo debatidas até hoje por arqueólogos, historiadores, f ilólogos e teólogos. Mas algumas respostas surpreendentes já f oram encontradas. Uma dessas surpresas ocorre num manuscrito conhecido como MMT (abreviatura da expressão hebraica Miqsat Ma-ase ha-Torah = importantes obras da lei). Esse é o único escrito, f ora da Bíblia, que usa a expressão “obras da lei”. Antes de sua descoberta, essa expressão só aparecia nos escritos do Apóstolo Paulo, onde severas críticas são f eitas às “obras da lei”. Paulo ensina, por exemplo, que “o homem não é salvo pelas obras da lei” (Gálatas 2:16) e que “todos aqueles que são das obras da lei estão debaixo da maldição” (Gálatas 3:10). O que Paulo queria dizer por “obras da lei”? Alguns acharam que ele estava se ref erindo à obediência à Lei de Deus e concluíram, muito apressadamente, que os cristãos não precisavam mais obedecer aos Dez Mandamentos. O MMT, contudo, aponta para um signif icado totalmente dif erente. Seis cópias f ragmentárias do MMT f oram descobertas nas cavernas do Mar Morto, indicando que, provavelmente, muitas outras cópias f oram f eitas e distribuídas. O MMT é uma carta, com mais de 130 linhas, que tenta convencer seus leitores a praticar as “importantes obras da lei” e, para nossa grata surpresa, ele f az uma lista de cerca de 20 dessas práticas religiosas, consideradas extremamente importantes pelo autor do MMT. Entre elas está: (1) não usar tecidos em que se mistura lã e linho; (2) não colocar debaixo do mesmo jugo animais de espécies dif erentes; (3) não semear grãos de espécies dif erentes no mesmo campo; (4) não lavar utensílios em água corrente – pois poderiam se contaminar com o que tivesse sido lavado corrente acima; etc. O MMT, evidentemente, interpreta e amplif ica, de maneira extremada e distorcida, os ensinamentos do Antigo Testamento. Sua preocupação é com a preservação da pureza, em não misturar o puro com o impuro, em não incorrer no erro do “jugo desigual”. O MMT considera tais práticas como essenciais para a religião. O apóstolo Paulo se posiciona f irmemente contra esse ensinamento que, como nos mostra o MMT, parece ter


sido bastante dif undido naquela época. O MMT comete o erro de achar que impureza é uma questão externa, ritualística, e não moral, do íntimo do coração. Para Paulo, uma religião meramente exterior e ritualística não têm qualquer virtude, porque todos somos “justif icados pela f é em Cristo, e não pelas obras da lei, porque pelas obras da lei ninguém será justif icado” (Gálatas 2:16). A Lei de Deus, porém, continua sendo “santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Romanos 7:12).


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