inst it ut o gam alie l.co m
http://www.instituto gamaliel.co m/po rtaldateo lo gia/delas-e-o -reino /teo lo gia
Delas é o Reino
digg Precisamos, como seguidores de Jesus Cristo, amar as crianças e protegê-las. Por Carlos Queiroz A morte brutal da menina Isabella Nardoni, crime que adquiriu contornos de comoção nacional, f oi apenas mais um episódio de uma chaga quase cultural no Brasil: a violência contra crianças e adolescentes. Dos maustratos à tortura, da negligência ao assassinato, cada vez mais meninos e meninas são vitimadas – e isso independe de origem social, étnica ou religiosa. Entre as diversas f ormas de violência praticadas contra menores, o abuso sexual é, tristemente, uma das mais comuns. Ela pode ocorrer nas ruas contra crianças abandonadas; dentro das próprias f amílias; ou no crime organizado, para f ins comerciais. Seja qual f or a f orma, as crianças e adolescentes submetidas a este tipo de violência sof rem danos irreparáveis para o seu desenvolvimento f ísico, psíquico, social e moral. As vítimas são garotos e garotas que tiveram suas inf âncias roubadas, viram seus sonhos perdidos e passam a enxergar o f uturo sem perspectivas. Lembro da f rase que ouvi de uma criança de 11 anos: “Transei com um gringo, recebi o dinheiro e f ui comprar brinquedos”. Uma criança com atividade de adulto, mas com corpo e cabeça ainda inf antis. Qual será o f uturo dessa menina? E de tantas outras vitimadas pelo abuso e exploração sexual no Brasil? O relato da menina F. G., de sete anos, contando o que o padrasto f azia com ela, traduz essa perversidade: “Ele dizia que eu não podia f alar nada, senão iria apanhar. Todos os dias ele namorava comigo, quando minha tia ia trabalhar”. T ão grave quanto a violência é o muro de silêncio que cerca situações como essa, erigido pela indif erença da sociedade e pela cultura da impunidade dos agressores. Tais constatações nos trazem prof undo pesar e indignação; mas, ao mesmo tempo, o desejo de despertar e mobilizar sentinelas comprometidas a combater toda f orma de violência contra a vida de adolescentes e crianças inocentes. Precisamos, como seguidores de Jesus Cristo, amar as crianças e protegê-las. Elas devem ter acesso e direito aos símbolos religiosos, que intencionam comunicar à sociedade o livre direito de cidadania celestial. Acolher e respeitar a criança nos ambientes religiosos constitui-se num belo testemunho e exemplo para a sociedade. Precisamos propiciar às nossas crianças espaços coletivos de lazer e educação, ambientes comunitários onde, sob os olhares de muitos, nossas crianças sejam mais percebidas como atores da revelação de Deus e não como objetos dos desejos desumanos e interesses comerciais. A Igreja, principalmente, não pode manter-se indif erente a um problema tão grave. A inf ância violentada af ronta a vida e encobre a possibilidade de acolhermos a revelação de Deus através dos pequenos. Jesus disse: “Quem recebe uma criança a mim me recebe; e quem me recebe, recebe o Pai que me enviou”. As crianças são
prioritárias no Reino de Deus, conf orme o próprio Cristo af irmou: “Delas é o Reino dos céus.” Além de agir diretamente em seu socorro, a Igreja e seus agentes precisam acionar os mecanismos legais de responsabilização – a f amília, a escola e o Estado. A atitude de proteção e cuidado com as nossas crianças é muito mais do que emitir signif icativos gestos de amor e justiça pelos pequenos f ilhos do Reino. Trata-se, antes de tudo, de uma questão de compromisso com o Deus eterno, o Pai criador e protetor de todas as crianças. Faça da sua igreja uma comunidade em que o bem suplanta e vence toda f orma de mal e violência. Quantas Isabellas estão sendo vítimas, neste exato momento, de atrocidades no Brasil? E quantas não serão sequer mencionadas, por pertencerem às classes baixas, condenadas ao esquecimento e à indif erença? Se somos f ilhos e f ilhas do Reino de Deus, proteger e servir a toda e qualquer criança é servir aos f ilhos e f ilhas deste mesmo Reino. Se f izermos isso, estaremos resgatando parte importante do todo, dessa criançahumanidade amada pelo Senhor.