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Pingos de Informação Boletim da Associação de Apoio às Comunidades do Campo do RN - Natal-RN - Nº 63 - 02 de Outubro de 2013

A AACC COMEMORA28 ANOS COM ENCONTRO ESTADUAL! Por Janaina Henrique

Foi com muita satisfação que nós da Associação de Apoio as Comunidades do Campo comemorou seus 28 anos de sua fundação, junto com as beneficiárias e beneficiários do Programa P1+2 e seus parceiros. O evento aconteceu no Centro de Treinamento João Paulo II - Praia de Ponta Negra (Natal -RN). E teve como tema Economia Solidária: Caminhos para convivência com o Semiárido. O Encontro compôs as atividades do Programa Uma Terra e Duas Águas - P1+2, da Articulação do Semiárido Brasileiro - ASA Brasil. Outros temas também foram discutidos no Encontro: economia feminista, finanças solidárias, etnodesenvolvimento, e participação da juventude do meio rural. Na programação foi lançado o vídeo: Conversa de Feira, do Projeto Balaio da Economia Solidária, desenvolvido pela Rede Pardal. O Encontro contou com a participação de representantes dos municípios: Campo Redondo; Monte das Gameleiras; Serra de São Bento; São Bento do Norte; São Miguel do Gostoso; Ceará-Miriam; João Câmara; São Miguel do Gostoso; Galinhos; Pedrinhas; Pureza; Parazinho; Touros, e Taipú. Na solenidade de comemoração dos 28 anos nosso colega Edmundo Sinedino resgatou a história de surgimento da AACC/RN no município de Serra do Mel, e sua importância da AACC para o Estado. O momento ainda foi de entrega das Comendas, como reconhecimento do apoio das instituições parceiras ao longo desse tempo, e de gratidão aos agricultoras e agricultores do P1+2, que constroem conosco nossa luta diária. A programação cultural contou com a apresentação da cantora paraibana Cátia de França, importante ícone da cultura nordestina. A equipe da AACC/RN agradece a participação de todas e todos que se fizeram presentes neste momento tão importante!


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ATUAÇÃO NO SEMIÁRIDO II ENCONTRO NACIONAL DE ENFRENTAMENTO DA SECA E DA DESERTIFICAÇÃO – ENED Por Edmundo Sinedino

A

conteceu nos dias 4 e 5 de setembro de 2013, em Campina Grande, o Segundo Encontro Nacional de Enfrentamento da Seca e da Desertificação, com o firme propósito de reacender esta discussão ambiental que andava meio sem perspectiva. Em termos de presença o evento ficou distante do primeiro em termos de público e da própria programação, denotando um certo descaso com a temática pós elaboração dos PAEs. Nos dois dias de evento foram apresentadas várias experiências de boas práticas dentro da política de combate á desertificação. Cada Estado fez um relato do seu evento preparatório e quais experiências foram relatadas, sendo que num segundo momento seria escolhida uma para um relato mais pormenorizado. As experiências Relatadas foram sobre plantas Medicinais – CENEP - Centro de Educação Popular – PB, e analise das áreas susceptíveis á desertificação. Monitoramento através de imagens de satélite, com levantamento sócioecomômico em áreas degradadas, tentando estabelecer uma relação entre a seca e áreas degradadas. Tivemos apresentação de trabalhos com construção de muretas de pedra, biodigestores, fogões agroecologicos, recuperação de nascentes, recuperação do rio cobra no RN. De certa forma a dinâmica foi boa, pois mostrou em diversos figurinos o que está sendo feito por este semiárido afora, houve uma ressalva que nos próximos eventos as pessoas que estão fazendo as experiências relatassem e não os técnicos. Um capitulo a parte foi no tocante a academia, as nossas universidades e sua distância da realidade do campo, com quase nenhuma produção em termos práticos. No ultimo dia tivemos a reunião da Comissão Nacional de Combate á Desertificação, com alguns relatos da necessidade de fortalecer este espaço, principalmente criando o departamento de combate á desertificação no MMA, até o momento não acontecendo, e a efetiva participação de todos os representantes do Governo e da sociedade civil. As entidades ao final apresentaram um documento com uma serie de reivindicações que ficou para pauta da próxima reunião da comissão. No intervalo houve uma reunião de alguns membros da ASA, que ressaltaram a necessidade interna de retomar o tema da desertificação á nível de todos os Estados, pois dentro do P1+2 temos duas ações: viveiros de muda e casas de semente que foi fruto da reivindicação do GT de Desertificação com o monitoramento do mesmo, sendo que na prática não estamos fazendo este monitoramento.

A sistematização desta edição do Candeeiro trás a experiência do Banco Solidário do Gostoso. Instalado na comunidade rural de Tabua do município de São Miguel do Gostoso-RN, em dezembro de 2012. A história do Banco teve início através da articulação da AACC/RN e a Incubadora Te c n o l ó g i c a d e Desenvolvimento Solidário ITES, da Universidade Federal da Bahia - ITES/BA. Funciona com moeda própria, com as cédulas de 50 centavos de gostoso, 1 gostoso, 2 gostosos, 5 gostosos, e 10 gostosos. O Banco prevê ainda linhas de créditos: o crédito jovem, o crédito para produção e o crédito para consumo. O processo de elaboração do Candeeiro foi muito interessante, pois contou com a participação de agricultoras, que utilizam a moeda e linhas de créditos, comerciantes e a gestão do Banco! No dia 24 de setembro, na ocasião do Encontro Territorial pela AACC/RN, a coordenação do Banco, João Eudes, participou da Mesa Finanças Solidárias como Estratégia de Conivência no Semiárido.


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ATUAÇÃO NO SEMIÁRIDO - REGIÃO DO MATO GRANDE Dona Vitorina: exemplo de vitalidade, força e vida de uma mulher quilombola. Dona Vitorina, comunidade de Capoeiras, Macaíba-RN. Foto: Edmundo Sinedino.

Por Edmundo Sinedino

O dia está começando a raiar e chegamos a comunidade de Capoeiras, genuinamente quilombola, no município de Macaíba. Com este programa que é o desbravador dos sete cantos (P1MC), chegamos a esta comunidade que foi beneficiada com 222 cisternas, água de qualidade para 1.110 pessoas, como ultimo estágio estamos colocando a placa de identificação e tirando uma foto do beneficiário/a ao lado da implementação. È neste momento que experimentamos uma aproximação maior com as pessoas. É uma água, um gole de café, um dedo de prosa e seguimos em frente. Entramos numa vereda um pouco afastada das casas e vislumbramos ao longe uma senhora magra passeando entre as plantas, anunciamos: «louvado seja nosso senhor Jesus cristo!» Ao longe escuto a resposta: «prá sempre seja louvado». - ÉDona Vitorina? - «Sou eu mesma em tecnicolor»! - «Viemos colocar a placa da sua cisterna e tirar uma foto». No momento em que ela é convidada para assinar o termo de recebimento da cisterna escuto o seu repente: «a única inveja que tenho é não saber lê e escrever, não invejo roupa, nem dinheiro. Meu pai não deixava a gente estudar, na minha casa foram 24 irmãos e irmãs. Sou de outubro de 1928, tenho 84 anos, trabalho no plantio de mandioca, tenho 6 mil covas plantadas e limpa, tenho a ajuda de meu neto». Em toda capoeira Dona Vitorina é uma referência em termos de trabalho, sempre foi assim, desde nova, quando trabalhava “de meia” na comunidade vizinha de Grossos. Segundo depoimento do marido de Ana de Salvina, quando da construção de sua casa Dona Vitorina carregava na cabeça as pedras do alicerce, mostrando sua força e disposição: «na mocidade dancei fandango, cateretê, coco de roda e jongo, fui à igreja e vou, de tudo participei e continuo na ativa com louvor de deus e de todos os santos», revela. ‘

Encontro e Intercâmbio das mulheres da ASA no TRAIRÍ. Intercâmbio só com as mulheres beneficiárias e parceiras da ASA, nos dias 10 e 11 de setembro no município de Lajes. O primerio dia foi dedicado ao intercâmbio entre as mulheres atendidas pelas instituições AACC/RN e SEAPAC/Natal. No dia seguinte as mulheres debatem sobre o tema: Convivência com o Semiárido - um olhar das mulheres. O evento fortalece a construção do G T de Mulheres da ASA, e possibilita a troca entre beneficiárias de instituições, comunidades e Microterritórios diferentes!

FALANDO NISSO! Encontro Territorial de Mulheres da ASA Mato Grande Nos dias 13 e 14 de novembro será a vez do Mato Grande receber o encontro das mulheres da ASA. As mulheres irão discutir a realidade dos seus municípos a partir do tema C o n s t r u i n d o Caminhos para a

auto-organização.


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Pingos de Informação

Está agendado! Outubro - 09 e 10: reunião da CE Agroecologica

e Cultural da

Chapada do Apodí da ASA em Apodí; Outubro - 16 e 17: Encontro Outubro - 28 a 31: Encontro nacional E s t a d u a l d e A g r i c u l t o r e s e de Agricultores e agricultoras Agricultoras experimentadoras em experimentadoras em Campina Grande Apodí; Outubro - 23 a 26: Caravana

O sucesso da parceria FFBB e Rede ASA na visão da Fundação

Foto: Gleice Gondim

Cannttoo

a C a i s e o P de de oesia P À AACC

Venho de Serra de São Bento, Daquela cidade participar, Do aniversário da AACC, que foi espetacular! Quero agora agradecer, Com todo amor e carinho. À família AACC, com todo meu jeitinho!

No ultimo dia 20/08, tivemos em Recife a avaliação da parceria entre a Fundação Banco do Brasil e Rede ASA para a implantação da tecnologia social de cisterna de placa com meta de 60.000 cisternas, num período de 01 ano. Ressaltamos a fala do diretor da fundação Eder Melo: A fundação encarou o desafio de um projeto de 60 mil cisternas em Dona Nozinha 2012, com o dobro dos recursos do ano anterior. A fundação com 26 anos,não Sítio Cruz, Serra de tinha recebido um repasse do BB, as negociações eram ano a ano, com este projeto a fundação conseguir garantir um percentual do lucro operacional do São Bento - RN. BB, ou seja não precisamos mais negociar ano a ano ,temos um orçamento Aquele abraço! fixo, tudo isto como fruto desta parceria com a Rede ASA. O Ministério da Integração ofereceu uma parceria com as cisternas de plástico, o que não foi aceito pela fundação, imagine a carga de Leticia; Geisa; Elaine; Ana de Salvina; Nenega; Ana de responsabilidade que ficamos quando optamos pela Rede ASA. Amsterdã; Seu Pedro; Manoel; Lembrando que naquele momento que optamos pela ASA, estávamos Eliete; Simone; Cássia; Dona num cenário político complicado, com aquela onde de denuncias contra as Vitorina (todos/as de Capoeiras); ONGs. e Lívia (AACC/RN), pelo No processo de implantação desta tecnologia, constantemente a aniversário! Pedro e Ricardo presidência da republica ligava para a presidência do Banco, que novatos na AACC/RN - sejam bem-vindos! automaticamente chamava a F B B para relatar como estava o desenvolvimento das metas e o prazo de execução. Em novembro de 2012, entramos no desafio de alcançar a construção EXPEDIENTE de 30 mil cisternas, o tom de acreditar na meta de 30 mil cisternas, mudando a Pingos de Informação relação com o governo e com o banco em relação a FBB, ou seja um novo Elaborado pela equipe da AACC/RN olhar e um grau de confiança foi estabelecido. Rua Doutor Múcio Galvão, 449 Hoje estamos levando esta experiência com a ASA para outras Lagoa Seca, Cep. 59022-530, Natal/RN parcerias, tipo os catadores. Email: aaccrn@aaccrn.org.br - Tel. 84.3211.6131 Como fruto desta experiência esta sendo lançado um vídeo: ' 1 Bilhão Responsável: AACC de litros de água no estoque democrático' e um livro relatando todo este Diagramação: Janaina Henrique trabalho, com toda a intensidade desta intervenção no semiárido. Edição: Janaina Henrique, Edmundo Sinedino, Lidiane Freire, Marialda Moura, Silvana Lutif. Textos: Edmundo Sinedino, Janaina Henrique, Lívia Atanázio Tiragem: 200 exemplares


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