TCC arqurbuvv Detalhamento de Marcenaria: Guia para solucionar problemas comuns

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DETALHAMENTO DE MARCENARIA: GUIA PARA SOLUCIONAR PROBLEMAS COMUNS

IOLANDA POSSAMAI DA LUZ UVV 2019



UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

DETALHAMENTO DE MARCENARIA: GUIA PARA SOLUCIONAR PROBLEMAS COMUNS TTrabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obteção do grau em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Me. Clóvis Aquino de Freitas Cunha.

VILA VELHA | 2019 IOLANDA POSSAMAI DA LUZ





DEDICATÓRIA A marcenaria está presente na minha história mesmo antes de eu existir. Experiências familiares e um carinho pelo processo que foram passados dos pais para os filhos. Com dois anos de idade eu já ficava sentada numa latinha de verniz dentro da marcenaria. Fui crescendo, mas sempre brincando com as sobras de madeiras, MDFs e lâminas que encontrava por lá. O cheiro das oficinas de móveis me leva a outra dimensão e me faz voltar a ter cinco, seis, ou, até, oito anos de idade. A marcenaria era tão presente nos meus dias que criei uma habilidade para tirar farpas dos dedos que, não raro, eu e meu irmão arrumávamos ao entrar na Parati de cor vinho que era, além do nosso carro de passeio, aonde papai carregava as peças de madeira e os móveis já prontos. Aos dez anos eu tinha certeza que minha vida seguiria com passos rumo a marcenaria, só não sabia como fazer isso. Aos doze, perguntei ao meu pai o que eu poderia fazer para um dia poder trabalhar com os móveis. A resposta se concretiza aqui. Sendo assim, dedico esse trabalho a Wilson, meu pai, por ter me proporcionado tantos momentos que me fizeram chegar a quem sou hoje.

Não poderia ter seguido outro caminho. Tão pouco ter feito isso sem você, papai.



AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu pai por ser minha inspiração, por todos os conhecimentos passados e, principalmente, por fazer tudo que faz com carinho, zelo e amor. Agradeço à minha mãe, Patrícia, pelo suporte, paciência, cuidados e por me ensinar a ter dedicação em tudo que faço. Agradeço ao meu irmão, Guilherme, por me motivar e incentivar sempre a ser melhor. Agradeço aos meus avós por todas as orações e carinho. Agradeço ao Nikolas por ser meu companheiro, por me ajudar nesse processo, me fazer persistir e estar presente em todos os momentos. Agradeço ao meu orientador, o professor Clóvis Aquino, pela orientação fundamental para o desenvolvimento deste trabalho e na minha formação acadêmica. Agradeço às minhas amigas, Bianca e Maria Eduarda, por terem me auxiliado em momentos importantes que só elas poderiam fazer por mim. Finalmente, agradeço a Deus e à minha Mãe Santíssima, por me proporcionarem conquistas, mas principalmente, por permitirem ter todas essas pessoas junto a mim.

A todos que me ajudaram a escrever este trabalho, obrigada.



“Nunca perca de vista o seu ponto de partida.� Santa Clara de Assis


RESUMO Tendo em vista que o projeto é a forma de comunicação entre o profissional arquiteto ou designer de interiores e o marceneiro, e que a falta de oportunidades de vivência nesse meio pode colaborar pra inviabilizar uma representação rica em detalhes, o presente trabalho torna-se útil no sentido de identificar os erros mais cometidos em projetos e de propor soluções, além de mostrar como agregar informações aos profissionais, em formação ou atuantes, a fim de promover projetos de marcenaria mais adequados para sua aplicação final. Para tanto, foi necessário identificar os erros mais cometidos nos projetos de móveis, com os objetivos específicos de buscar soluções práticas que colaborem para uma boa elaboração de projeto, caracterizar uma boa representação gráfica e evidenciar o nível de informação necessária em projeto para facilitar a comunicação entre os arquitetos e designers de interiores com marceneiros. Realiza-se, então, uma pesquisa de abordagem qualitativa de caráter exploratório, utilizando as técnicas de pesquisa bibliográfica, documental, estudo de campo e estudo de caso, alinhados a elaboração de um projeto executivo de marcenaria, apresentado em forma de guia e destacando os pontos mais pertinentes da representação. Diante disso, verificou-se que os erros mais frequentes estão relacionados a levantamentos de medidas, seguidos de erros relacionados ao cliente, enquanto os erros de ergonomia são os menos comuns, estando todos ligados, direta ou indiretamente, a representação gráfica. Dessa forma, foi elaborada uma proposta de Guia de Projetos de Marcenaria com uma abordagem prática seguindo uma sequência lógica de execução, na qual em cada item descrito, o projeto foi sendo realizado simultaneamente, a fim de solucionar os problemas mais comuns destacados pelo presente trabalho.

PALAVRAS-CHAVE:

MARCENARIA PROJETO DETALHAMENTO


ABSTRACT Talking into consideration that the project is the mean of communication between the architect or the interior design and the joiner, and that the lack of experiences’ opportunity in this area might contribute to unfeasible a representation rich in details, this paper is useful to identify the most common errors in projects and to propose solutions. Furthermore, it shows how to gather information to university students, or workers, in order to promote woodwork’s projects more suitable for their final application. To do so, it was necessary to identify the most committed errors in the furniture’s projects by aiming to find practical solutions in order to collaborate in a good project’s elaboration, to characterize a good graphic representation and to point out the necessary information in projects to facilitate the communication between architects or interior designs and joiners. In this way, exploratory research is proposed as a methodological procedure for a qualitative approach in which it is used the bibliographical research techinics, documental, field research and case study aligned to a executive woodwork project by presenting it as a guide and by pointing out the most relevant points of the representation. It was observed that the most common errors are linked to measurement followed by the errors related to the client. The Human Factors’ errors are the least common and are all linked, directly or indirectly, to the graphic representation. In this way, it was elaborated a Woodwork Projects Guide with a practical approach by following the logical sequence of execution, in which in each item, the project was beeing realized simuoutaniously to find soluttions to the most common problems pointed out in this paper.

KEYWORDS:

WOODWORK PROJECT DETAIL


LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Madeira maciça . PÁGINA 27 Figura 2 - Compensado de madeira . PÁGINA 27 Figura 3 - Painel MDP . PÁGINA 27 Figura 4 - Painel MDF . PÁGINA 27 Figura 5 - Cozinha com móveis modulados . PÁGINA 28 Figura 6 - Cozinha com móveis planejados . PÁGINA 28 Figura 7 - Sala de jantar com móvel sob medida . PÁGINA 29 Figura 8 - Croqui de projeto . PÁGINA 32 Figura 9 - Render ambiente interno . PÁGINA 33 Figura 10 - Planta baixa esquemática do apartamento e ambientes de projeto . PÁGINA 42 Figura 11 - Cozinha do apartamento . PÁGINA 43 Figura 12 - Vista da porta de entrada da suíte . PÁGINA 44 Figura 13 - Suíte do apartamento . PÁGINA 44 Figura 14 - Vista para a porta da suíte . PÁGINA 44 Figura 15 - Banheiro da suíte . PÁGINA 44 Figura 16 - Quarto de solteiro, vista para porta . PÁGINA 45 Figura 17 - Quarto de solteiro, vista para janela . PÁGINA 45 Figura 18 - Legenda de cores para levantamento . PÁGINA 47 Figura 19 - Legenda de simbologia de pontos . PÁGINA 47 Figura 20 - Levantamento métrico quarto de casal . PÁGINA 48 Figura 21 - Levantamento métrico quarto de solteiro . PÁGINA 48 Figura 22 - Levantamento métrico da cozinha . PÁGINA 49 Figura 23 - Levantamento dos pontos hidráulicos da cozinha . PÁGINA 49 Figura 24 - Levantamento dos pontos elétricos da cozinha . PÁGINA 49 Figura 25 - Levantamento métrico banheiro da suíte . PÁGINA 50


LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 26 - Levantamento em vista do banheiro da suíte . PÁGINA 50 Figura 27 – Foto do levantamento real . PÁGINA 51 Figura 28 - Linhas contínuas . PÁGINA 55 Figura 29 - Linhas de projeção e de subprojeção . PÁGINA 55 Figura 30 – Tipos de linhas de chamada . PÁGINA 55 Figura 31 - Representação de hachuras . PÁGINA 56 Figura 32 - Exemplo de legenda em prancha . PÁGINA 57 Figura 33 - Levantamento do ambiente feito no AutoCAD . PÁGINA 59 Figura 34 - Vista do levantamento da cozinha feito no AutoCAD . PÁGINA 60 Figura 35 – Dimensões de camas . PÁGINA 61 Figura 36 - Triângulo funcional da cozinha . PÁGINA 62 Figura 37 – Croqui da cozinha . PÁGINA 63 Figura 38 - Posicionamento dos eletrodomésticos da cozinha . PÁGINA 63 Figura 39 - Croqui da suíte . PÁGINA 64 Figura 40 - Croqui do quarto de solteiro . PÁGINA 65 Figura 41 - Diferentes espessuras de MDF . PÁGINA 66 Figura 42 - Móvel recuado e alinhado a bancada, respectivamente . PÁGINA 66 Figura 43 - Corte do móvel recuado e alinhado a bancada, respectivamente . PÁGINA 67 Figura 44 – MDF naval ou ultra . PÁGINA 67 Figura 45 - Croqui em vista da cozinha . PÁGINA 69 Figura 46 – Croqui do guarda roupa do quarto de solteiro . PÁGINA 69 Figura 47 - Móvel em laminado melamínico . PÁGINA 70 Figura 48 - Móvel com lâmina de madeira natural . PÁGINA 70 Figura 49 - Folhas de lâminas pré-composta . PÁGINA 71 Figura 50 - MDF colorido e texturizado . PÁGINA 71


LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 51 - Móvel ripado e pintado em laca cor fendi . PÁGINA 72 Figura 52 - Guarda roupa com portas de vidro espelhado e alumínio . PÁGINA 72 Figura 53 - Cozinha em planta baixa . PÁGINA 74 Figura 54 - Cozinha, vista A com portas . PÁGINA 75 Figura 55 - Cozinha, vista A sem portas . PÁGINA 76 Figura 56 - Cozinha, planta baixa nível A . PÁGINA 77 Figura 57 - Cozinha, planta baixa nível B . PÁGINA 78 Figura 58 - Cozinha, planta baixa nível C . PÁGINA 79 Figura 59 - Cozinha, planta baixa nível D . PÁGINA 80 Figura 60 - Cozinha, corte AA’ . PÁGINA 81 Figura 61 - Cozinha, vista B com portas . PÁGINA 82 Figura 62 - Cozinha, vista B sem portas . PÁGINA 82 Figura 63 - Quarto casal em planta baixa . PÁGINA 83 Figura 64 - Quarto casal, vista A . PÁGINA 84 Figura 65 - Quarto casal, vista A painel cabeceira . PÁGINA 85 Figura 66 - Quarto casal, corte AA’ . PÁGINA 86 Figura 67 - Detalhes criado mudo . PÁGINA 86 Figura 68 - Quarto casal, planta baixa nível A . PÁGINA 87 Figura 69 - Detalhe painel ripado . PÁGINA 87 Figura 70 - Quarto casal, planta baixa nível B . PÁGINA 88 Figura 71 - Quarto casal, planta baixa nível C . PÁGINA 89 Figura 72 - Quarto casal, vista V com portas . PÁGINA 90 Figura 73 - Quarto casal, vista B sem portas . PÁGINA 91 Figura 74 - Quarto de casal, cortes . PÁGINA 92 Figura 75 - Quarto de solteiro em planta baixa . PÁGINA 93


LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 76 - Quarto de solteiro, vista A com portas . PÁGINA 94 Figura 77 - Quarto de solteiro, vista A sem portas . PÁGINA 95 Figura 78 - Quarto de solteiro, planta baixa nível A . PÁGINA 96 Figura 79 - Quarto de solteiro, planta baixa nível B . PÁGINA 97 Figura 80 - Detalhe painel de TV . PÁGINA 98 Figura 81 - Quarto de solteiro, corte AA’ . PÁGINA 98 Figura 82 - Quarto de solteiro, vista B externa . PÁGINA 99 Figura 83 - Quarto de solteiro, vista B corte interno . PÁGINA 100 Figura 84 - Quarto de solteiro, vista C externa . PÁGINA 101 Figura 85 - Quarto de solteiro, vista C corte interno . PÁGINA 101 Figura 86 - Banheiro em planta baixa . PÁGINA 102 Figura 87 - Banheiro, armário inferior a bancada . PÁGINA 102 Figura 88 - Banheiro, vistas e cortes . PÁGINA 103 Figura 89 - Detalhe 01, painel de espelho . PÁGINA 104 Figura 90 - Detalhe 02, puxador . PÁGINA 104 Figura 91 - Imagem da cozinha . PÁGINA 106 Figura 92 - Imagem da cozinha, armários abertos . PÁGINA 107 Figura 93 - Imagem da cozinha . PÁGINA 108 Figura 94 - Imagem da suíte . PÁGINA 109 Figura 95 - Imagem da suíte . PÁGINA 110 Figura 96 - Imagem da suíte, armários abertos . PÁGINA 111 Figura 97 - Imagem do quarto de solteiro . PÁGINA 112 Figura 98 - Imagem do quarto de solteiro, armários abertos . PÁGINA 113 Figura 99 - Imagem do quarto de solteiro . PÁGINA 114 Figura 100 - Imagem do banheiro da suíte . PÁGINA 115


LISTA DE DIAGRAMAS Diagrama 01 - Processo de criação do móvel na marcenaria . PÁGINA 34

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 - Erros muito comuns em projetos . PÁGINA 38

LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Dimensões dos eletrodomésticos . PÁGINA 61


LISTA DE ABREVIATURAS ABIMÓVEL - Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas ADEMI - Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário BNDES - Banco Nacional do Desenvolvimento IEMI - Instituto de Estudo e Marketing Industrial MDF - Medium Density Fiberboard MDP - Medium Density Particleboard NBR - Normas Brasileiras Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO . PÁGINA 23 JUSTIFICATIVA . PÁGINA 23 OBJETIVOS . PÁGINA 24 METODOLOGIA . PÁGINA 24

CAPÍTULO 2

PANORAMA DA ARQUITETURA DE INTERIORES . PÁGINA 26 PRODUÇÃO DE MÓVEIS: INDUSTRIALIZADOS X MARCENARIA . PÁGINA 27 O CLIENTE: A RAZÃO DO MÓVEL . PÁGINA 30 O ARQUITETO E A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA: PROJETOS QUE CONSTROEM . PÁGINA 31 MARCENARIA: AS ETAPAS DE PRODUÇÃO DO MÓVEL . PÁGINA 34

CAPÍTULO 3

PRINCIPAIS ERROS EM PROJETOS . PÁGINA 36

CAPÍTULO 4

VAMOS FAZER . PÁGINA 40 VAMOS ATÉ O LOCAL . PÁGINA 40 CHEGANDO AO LOCAL: ENTENDENDO O ESPAÇO PELO QUE VEMOS . PÁGINA 42


ENTENDENDO POR MEIO DO LEVANTAMENTO MÉTRICO . PÁGINA 46 Checklist de levantamento . PÁGINA 52 IDENTIFICANDO O CLIENTE E SUAS NECESSIDADES . PÁGINA 53 REVISANDO AS NORMAS EXISTENTES . PÁGINA 54 A folha de impressão . PÁGINA 56 ORGANIZANDO INFORMAÇÕES TÉCNICAS . PÁGINA 59 INICIANDO O PROJETO: SETORIZANDO O ESPAÇO . PÁGINA 61 CRIANDO E DESENHANDO OS MÓVEIS . PÁGINA 66 Qual espessura de MDF usar? . PÁGINA 66 Recuos e alinhamentos: bancada, piso e teto . PÁGINA 66 Materiais e acabamentos . PÁGINA 70 O PROJETO PONTO A PONTO . PÁGINA 74 APRESENTAÇÃO E FINALIZAÇÃO . PÁGINA 105

CAPÍTULO 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS . PÁGINA 118

REFERÊNCIAS . PÁGINA 120 APÊNDICE . PÁGINA 122



DETALHAMENTO DE MARCENARIA: GUIA PARA SOLUCIONAR PROBLEMAS COMUNS

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO CONHECIMENTO C O M PA R T I L H A D O Esse é um trabalho que carrega, antes de tudo, uma história familiar que transcende quatro gerações de uma família portuguesa: conhecimentos de marcenaria passados de bisavô para avô, de avô para pai, e de pai para filha. Uma sequência de anos de experiências e de vivências absorvidas pelos olhares e ouvidos atentos desde criança, somados a curiosidade pelo objeto que estava sendo produzido.

Para Santos (2017) muitos arquitetos acabaram fazendo móveis como extensão de sua própria arquitetura, como parte integrante de seus projetos, dessa forma, possuem uma produção pontual e direcionada pela busca da unidade do espaço construído. Para uma boa execução do móvel, o desejo de funcionalidade e de exclusividade deve levar a uma ideia. A ideia irá se transformar em desenho que, ao ser refinado, dará lugar ao projeto de execução. Assim, o marceneiro poderá compreender da melhor forma o que deve ser feito. Portanto, o projeto, produzido pelo arquiteto ou designer de interiores, torna-se uma linguagem entre o cliente e o produto a ser executado.

JUSTIFICATIVA

Os constantes pontos de melhoria em projetos de marcenaria escutados pela autora durante anos instigaram a busca de soluções para os principais erros cometidos na sua elaboração, uma vez que estes erros exigem conhecimentos e práticas que O móvel era o objeto em questão, sendo, inicialmente de origem podem ir além do que são ensinados durante a graduação em artesanal, deu origem a profissão dos marceneiros. Segundo Santi Arquitetura e Urbanismo. (2013), desde o período da colonização, os artesãos portugueses A falta de oportunidades de vivência dos estudantes e profissionais foram os responsáveis pela execução dos móveis e formação de arquitetura e de design de interiores no meio da produção no ofício de marceneiro. Hoje, em todas as regiões do Brasil, a de marcenaria e da experiência com elaboração de projetos fabricação do mobiliário oscila entre os métodos artesanais e de móveis, pode colaborar para inviabilizar uma representação industriais de produção. rica em detalhes e informações que facilite a interação entre os Embora existam móveis que atendem perfeitamente a função do profissionais de ambas as áreas. espaço, a produção artesanal de móveis sob medida é fruto de um desenho exclusivo para um ambiente. Seu papel é, além da funcionalidade, dar identidade ao interior e considerar os desejos exclusivos do cliente. Para isso, o arquiteto apresentará soluções direcionadas a marcenaria.

Dessa forma, o presente trabalho torna-se útil no sentido de identificar os erros mais cometidos e de propor soluções, além de mostrar como agregar informações aos profissionais, em formação ou atuantes, para que possam promover projetos de marcenaria mais adequados para sua aplicação final.

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OBJETIVOS

Além dos autores, a Associação Brasileira de Normas Técnicas O trabalho busca analisar a arquitetura e planejamento de (ABNT), especifica diversas regras voltadas para representação interiores com um olhar crítico para projetos de marcenaria e gráfica em projetos de arquitetura, sendo apresentadas em detalhamento, a fim de melhorar a representação gráfica e diferentes Normas Brasileiras (NBR). Dessa forma, foi realizada reduzir incompatibilidades. Sendo assim, pretende-se: uma análise das informações contidas a fim de caracterizar os itens disponíveis sobre o assunto. a) Destacar os erros mais cometidos nos projetos de móveis; b) Buscar soluções práticas que colaborem para uma boa elaboração de projeto; c) Caracterizar uma boa representação gráfica; d) E evidenciar o nível de informação necessária em projeto para facilitar a comunicação entre os arquitetos e designers de interiores com marceneiros.

METODOLOGIA

O estudo está estruturado a partir de uma abordagem qualitativa de caráter exploratório, utilizando as técnicas de pesquisa bibliográfica, documental, estudo de campo e estudo de caso, juntamente com a elaboração de um projeto executivo de marcenaria destacando os pontos mais pertinentes na representação. Nesse sentido, foram estudados autores como Ching e Binggeli (2006) e Doyle (2002) que tratam de forma específica a apresentação gráfica para projetos de interiores. Além de outros, como Booth e Plunkett (2015), que abordam especificamente sobre marcenaria e projetos de mobiliário.

Ademais, a pesquisa fosse desenvolvida a partir de boas práticas em campo, por meio de experiências e vivências da autora em marcenaria, observação de elaboração e de montagem de móveis; revisão das bases teóricas existentes; leitura de artigos relacionados a projetos de interiores; buscas na internet por publicações de revistas, de pesquisas já realizadas, de novidades acerca da produção de móveis e de acessórios e do crescimento dessa área nos dias atuais. Dessa forma, o segundo capítulo traz uma pesquisa teórica fazendo uma revisão bibliográfica que fundamenta o trabalho e norteia a análise e elaboração do projeto. Nesse capítulo, é feita a diferenciação entre móveis industrializados e de marcenaria e são demarcados os pontos principais do processo de elaboração do móvel desde o cliente, passando pelo profissional que irá desenvolver o projeto, até chegar ao marceneiro e a entrega final. O trabalho conta também com a aplicação de questionário a marceneiros, de forma anônima. Sendo assim, o estudo de caso, apresentado no terceiro capítulo, tem como base de pesquisa empresas de marcenaria especializadas em móveis sob medida para constatar as características da produção com foco na influência do projeto no processo de fabricação do móvel. As perguntas são direcionadas aos marceneiros responsáveis pela empresa, uma vez que são estes que recebem o projeto e direcionam a quem irá executar. Além disso, os marceneiros têm experiência pela vivência de contato maior com os móveis.


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Dessa forma, para a proposta desse trabalho, serão eles que irão identificar as inadequações de elaboração do projeto no momento de execução do móvel. Por conseguinte, o quarto capítulo apresenta uma proposta de Guia de Projetos de Marcenaria, com uma abordagem prática seguindo uma sequência de elaboração do projeto e destacando os principais pontos referentes a representação gráfica e conhecimentos relevantes. A fim de que se transforme futuramente em uma publicação, a linguagem usada é mais informal de modo a conectar o leitor as ações propostas ao se identificar com as situações em cada etapa de projeto, para tanto, é usada a primeira pessoa do plural. Enfim, no quinto capítulo são realizadas as considerações finais referentes a importância da pesquisa baseada no estudo de caso e em experiências da autora, que visa aprimorar o processo de projeto de marcenaria gerando um produto que pode ser usado por estudantes ou profissionais de arquitetura e designer de interiores. Dessa forma, é possível agregar conhecimento e informações técnicas a projetos de detalhamento de marcenaria, melhorando a representação gráfica e solucionando os erros corriqueiros.

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CAPÍTULO 2: PANORAMA DA ARQUITETURA DE INTERIORES DIÁLOGO QUE CONSTRÓI O TEMA

devem estar dispostos de forma funcional a fim de facilitar o uso do ambiente em questão. O arquiteto ou designer de interiores tem infinitas possibilidades de criação para alcançar um resultado satisfatório que propicie uma boa integração entre os elementos internos do ambiente e os usuários. Neste mesmo sentido, como citado pelos autores Ching e Binggeli (2013), o modo como o mobiliário é disposto também pode afetar a percepção do espaço a que se propõe o projeto. “Ao planejar o layout, o mobiliário e o enriquecimento do espaço, o arquiteto de interiores deve estar muito consciente do seu caráter na arquitetura, assim como de seu potencial de modificação e melhoria.” (CHING E BINGGELI, 2013, p.7).

Em um projeto de interiores, a organização do espaço é fundamental e sua forma será definida pela sua função (BOOTH e PLUNKETT, 2015). As modificações ocorridas no ambiente podem ser arquitetônicas, com modificações de alvenaria, de esquadrias e de revestimentos, ou então de interiores, através da escolha O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de materiais, cores e, principalmente, móveis e acessórios que (Sebrae), aponta que, inicialmente, os móveis possuíam apenas completam a modificação do espaço. funções práticas: banco e cadeiras serviam para sentar; mesas e estantes para apoiar objetos; e camas, para dormir. Porém, com o passar dos anos, os móveis adquiriram status e tornaram-se “Móveis e acessórios compõem a categoria de elementos de projeto que por definição se restringe quase que totalmente à indicadores de posição social. esfera do projeto de interiores. Ao passo que paredes, pisos, tetos, janelas e portas são definidos no projeto de arquitetura de uma edificação, a seleção e a disposição dos elementos móveis de interior – móveis, tratamento de janelas e acessórios – são as principais tarefas da arquitetura de interiores.” (CHING E BINGGELI, 2013, p. 318)

A escolha dos móveis pode ser feita pela compra em lojas de opções moduladas ou execução de móveis projetados. No caso do móvel projetado, para sua elaboração, preferencialmente deve ser feita a contratação de um arquiteto ou designer de interiores, o qual irá compreender o ambiente e as necessidades do cliente. A partir de um desenho elaborado por este profissional, Um bom projeto de interiores pode ser responsável por gerar a fabricação do móvel inclui uma das profissões mais antigas do sensações positivas, proporcionar conforto, garantir uma mundo, a de marceneiro. Nesse processo, a principal matériapraticidade diária, transmitir personalidade, e até mesmo trazer prima é a madeira. Podendo ser a madeira a maciça (Figura 1), sensações, valorizar boas memórias, e diminuir o estresse. ou a industrializada, como o compensado (Figura 2), o MDP Dessa forma, os móveis possuem um papel significativo como Medium Density Particleboard (Figura 3) e o MDF - Medium Density elemento que garante unidade do espaço arquitetônico, por isso Fiberboard (Figura 4).


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Figura 1 Madeira maciça

Figura 2 Compensado de madeira

pois se tornaram praticamente substitutos da madeira maciça. Nesse sentido, essa modernização para o processo industrial é a principal responsável pela mudança de estilo dos móveis produzidos para o que temos hoje. Para Gorini (2000) os móveis de madeira podem ser caracterizados como retilíneos, cuja matéria-prima principal são os painéis de madeira reconstruída; ou torneados, cuja matéria-prima é a madeira sólida.

Disponível em: <https://www.aiup.com.br/blog/ Disponível em: < http://blogdamarcenaria. diferenca-entre-os-principais-materiais-para- com.br/compensado-formica-e-madeira-qualmoveis>. Acesso em: 23 maio 2019. diferenca/>. Acesso em: 23 maio 2019.

Figura 3 Painel MDP

Figura 4 Painel MDF

Dentro desse contexto surgem diferentes nichos de fabricação que podem variar de acordo com o tamanho do empreendimento, maquinário, modo de produção, nível de emprego de tecnologia, matéria-prima, uso do produto, classe de consumo e até mesmo a faixa etária dos usuários (BNDES, 2016). Essa estrutura heterogênea do mercado moveleiro propicia uma grande variedade de produtos ofertados, diferentes segmentos de qualidade e design, e com isso, diversidade de preços. PRODUÇÃO DE MÓVEIS: INDUSTRIALIZADOS X MARCENARIA

Dentre a diversidade de produtos no setor de produção moveleira, para esse trabalho, destaca-se principalmente a diferença entre móveis modulados e planejados, com característica industrial, e Segundo Zamoner (2016), foi durante o século XX que o setor móveis sob medida, produzidos em marcenarias a partir de um moveleiro no Brasil alcançou um grande avanço, a partir da projeto. introdução dos processos seriados e industriais. Nesse momento, Os termos: modulados, planejados e sob medida são comumente novos materiais foram desenvolvidos para atender a demanda de utilizados por lojas e marcenarias. Essa abordagem é feita também mercado, permitindo inovações no design de produtos, gerando por diversos autores, incluindo Booth e Plunkett (2015), além novos comportamentos, novas experiências e novas formas. do Sebrae e pesquisas do Banco Nacional do Desenvolvimento Essa mesma autora destaca que foi com esses avanços (BNDES) e do Instituto de Estudo e Marketing Industrial (IEMI), mas tecnológicos que houve a mudança do setor moveleiro para podem gerar conflitos nos seus significados. Portanto, para esse produções com painéis de madeira (MDF e MPD, por exemplo), trabalho, foram definidos da seguinte forma: Disponível em: < http://fibraplac.com.br/pt-br/ Disponível em: <https://www.mbastos.com.br/blog/ produtos/cru/mdp>. Acesso em: 23 maio 2019. marcenaria/madeira-compensada--mdf-ou-compensado--qual-o-melhor>. Acesso em: 23 maio 2019.

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28 | Os móveis modulados (Figura 5), ou seriados, podem ser caracterizados pelo modelo físico oferecido cujas características não podem ser alteradas. São móveis padronizados e a biblioteca da fábrica é rígida, sem possibilidade de alterações e adaptações. Sua produção é industrial e em série, sendo vendido em lojas como opções genéricas para o ambiente.

Figura 6 Cozinha com móveis planejados

Figura 5 Cozinha com móveis modulados

Disponível em: < http://todeschinisaopaulo.com.br/moveis-planejadoscoloridos-uma-tendencia-na-decoracao/>. Acesso em: 23 maio 2019.

Disponível em: < https://www.riosmoveisshop.com.br/moveis-modulados/cozinha-modulada-integra-1-henn>. Acesso em: 23 maio 2019.

A grande vantagem dos móveis industriais é a agilidade, uma vez que estão prontos (modulados) ou requerem pouco acabamento para entrega final (planejados). Dessa forma, é possível ter um ambiente bem elaborado sem que seja necessário um longo período para isso.

A montagem desses móveis é feita a partir de peças separadas que serão unidas dentro das medidas disponíveis no ambiente. Nesse mesmo sentido, existem os móveis planejados (Figura 6), Além da agilidade, a forma de produção impacta diretamente que, embora sejam módulos pré-fabricados, tem possibilidade no valor, já que serão produzidos módulos em grande escala e de alterações e são parcialmente adaptáveis ao tamanho do necessitam de pouco planejamento. cômodo. Dessa forma, conseguem atingir o desejo do cliente e é possível ter um bom aproveitamento do espaço apesar da Entre os modulados e os planejados há uma diferença considerável fabricação industrial modular. Se planejados por boas lojas e de valor. Os móveis planejados precisam de mais precisão para profissionais, chegam a se aproximar do resultado dos móveis serem inseridos no ambiente em virtude do acabamento que visam entregar, por isso, acabam sendo mais caros que os seriados. feitos sob medida com projeto.


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Já os móveis definidos como sob medida (Figura 7) são projetados especificamente para o local onde serão inseridos e feitos a partir da necessidade do cliente. São totalmente exclusivos e adaptados ao ambiente, já que é pensado para o espaço em questão. Com esse tipo de móvel é possível criar instalações únicas e totalmente customizadas. Além da personalização, a grande diferença entre esse tipo de móvel está na produção, uma vez que requer o serviço do marceneiro, com uma produção mais voltada para o manual. Figura 7 Sala de jantar com móvel sob medida

Fonte: Acervo próprio, 2019.

Esses dois fatores impactam diretamente no valor, chegando a ser, na maioria das vezes mais caro do que os móveis industriais. Além disso, o alto nível de detalhamento e precisão exigidos fazem com que sua fabricação seja mais lenta comparada aos móveis modulados e planejados. Para que a comparação de valores seja justa, é preciso considerar os materiais usados na fabricação dos móveis. Embora ambas as formas de fabricação utilizem, atualmente, mais painéis de madeira do que madeira maciça como matéria-prima, é mais comum encontrar móveis industriais feitos com MDP, que é relativamente mais acessível economicamente e por isso reduz o preço do produto; enquanto as marcenarias utilizam mais o MDF, que é de melhor qualidade, maior valor e por isso aumenta o valor final do móvel. Há pouco impacto na qualidade do produto, por isso é necessário considerar o contexto do móvel e conferir se a matéria-prima escolhida será boa para a função a que se destina. Dessa forma, em virtude do maior poder de personalização e sua produção artesanal, os móveis sob medida costumam ser mais caros do que os planejados industriais quando comparados nas mesmas circunstâncias e materiais. Mas podem ter um acabamento superior quando produzidos por uma mão de obra qualificada.

Por outro lado, os móveis industriais, pela facilidade de automação e processos tecnológicos, podem apresentar um acabamento de pintura, por exemplo, quase totalmente uniforme. Enquanto os móveis produzidos em marcenaria, exigem mais do profissional marceneiro, e, mesmo com a alta qualificação, o trabalho manual não pode ser comparado pelo maquinário industrial. Dessa forma, esse mesmo exemplo pode ter resultados mais irregulares, que por outro lado, são quase imperceptíveis se feitos corretamente. Dessa forma, o móvel sob medida produzido por um marceneiro Já em outros pontos, a marcenaria artesanal pode superar os além de ser único pode ser considerado um trabalho artesanal. acabamentos dos móveis industriais. Segundo o Sebrae, o serviço de um marceneiro, apesar das modernizações envolvidas, ainda pode ser considerado um trabalho de artesão, pois requer arte e delicadeza. Além disso, é preciso ter qualificação no manejo da madeira, paciência e criatividade, para que os projetos a serem materializados sejam executados com maestria e atenda ao que fora projetado pelo arquiteto.

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30 | A escolha entre esses tipos de fabricação fica a critério do cliente, considerando as características e circunstâncias do ambiente. Se o local tem particularidades, como alturas diferentes ou até mesmo vedações que impedem a entrada de produtos de prontaentrega, uma boa opção é projetar móveis especiais para o local.

No entanto, o móvel sob medida, elaborado por um arquiteto, tem deixado de ser um item da classe mais alta e tem sido uma necessidade nos ambientes. As mudanças do mercado imobiliário vêm reduzindo cada vez mais o tamanho dos imóveis. Um levantamento divulgado em 2013 pela Associação dos Dirigentes Segundo Booth e Plunkett (2015), a solução efetiva não depende do Mercado Imobiliário do Rio (Ademi-RJ) confirma que nos de sempre querer fazer algo novo, ou seja, não é necessário últimos 10 anos, da data de publicação do estudo, houve uma projetar e procurar um marceneiro se tem opções que possam ser redução de cerca de 29% no tamanho dos apartamentos de um mais viáveis economicamente e que irão satisfazer o desejo do e quatro quartos. Essa redução dos apartamentos implica em cliente, neste caso basta ter criatividade e perspicácia para usar alterações na configuração dos espaços. Dessa forma, é preciso criar maneiras de ter um bom aproveitamento do ambiente. os serviços oferecidos pelo mercado. Em contrapartida, segundo esses mesmos autores, a grande vantagem dos móveis sob medida produzidos em marcenaria, como já citado, é sua alta possibilidade de personalização. Eles são idealizados e projetados exclusivamente para o ambiente, por isso, além de atender necessidades específicas, também tem a capacidade de dar uma identidade distinta ao interior. Ao ser feito um projeto próprio para ele, podem ser especificados cores, puxadores, perfis de alumínio, espelhos, dobradiças, corrediças, tamanhos diferenciados, formas angulares e circulares, inclinações, dentre outras centenas de opções e padrões que tendem a deixar o móvel mais funcional e de acordo com a condição do cliente, podendo chegar a uma qualidade superior aos móveis industriais. O CLIENTE: A RAZÃO DO MÓVEL O cliente é o primeiro ponto para que o móvel exista, é ele quem irá analisar as demandas e necessidades para dar o primeiro passo na elaboração de um mobiliário. Além disso, é o cliente quem irá definir o orçamento disponível, e a partir disso, escolher por loja de móveis industriais, por um arquiteto ou ir diretamente ao marceneiro.

Além disso, a redução dos apartamentos, fez com que os ambientes, que antes tinham apenas uma função, passassem a comportar diversas atividades. Por exemplo, um quarto que antes tinha apenas a função de descanso, hoje, pode ser cenário para realizar atividades de home office ou estudos; bem como, muitos dos novos apartamentos têm plantas abertas, com ambientes que integram salas, varandas e cozinhas. Dessa forma, ao pensar no mobiliário de uma residência deve visar atender as necessidades funcionais do dia a dia de acordo com a versatilidade dos ambientes. Segundo dados de 2002 da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (ABIMÓVEL) a maior parcela de exportações do setor é representada pelos móveis residenciais, incluindo cozinhas e dormitórios. Para alguns marceneiros e arquitetos, a procura por móveis sob medida tem aumentado gradativamente nos últimos anos, atendendo, além das necessidades, o desejo pelo ambiente projetado. Nesse sentido, para atingir um maior número de clientes, os projetos têm sido adequados a diferentes classes através da escolha de materiais e acabamentos que tornam o orçamento mais acessível ao cliente da classe média.


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Essa procura se estende ainda para a possibilidade de ir diretamente ao marceneiro, o qual poderá executar o móvel sem um projeto prévio de um arquiteto. Porém, é importante ressaltar que o marceneiro não aprende sobre questões ergonômicas como um profissional de arquitetura, exceto pela experiência. Bem como, não estuda parâmetros estéticos e a melhor forma de entender o desejo do cliente. Dessa forma, isso pode levar a execução de móveis fora de padrões que permitam uma boa funcionalidade, além de uma qualidade estética inferior a de um projeto elaborado pelo arquiteto.

seus objetivos. Sendo assim, sua elaboração exige cuidados a serem seguidos e uma boa representação de forma a convencer que é possível executar o que se propõe. A ideia de que o desenho é uma forma de comunicação é confirmada por autores como Doyle (2002) e Farrelly (2011). Nesse sentido, o projeto, enquanto desenho, torna-se o principal meio de informação passada do arquiteto e designer para os profissionais que irão executar o serviço, a fim de obter o produto desejado.

Sendo assim, a redução dos imóveis, a busca pela “O arquiteto depende muito da representação adequada de suas ideias para convencer o observador da viabilidade do multifuncionalidade e o desejo de ter um projeto para o ambiente, projeto.” (FARRELLY, 2011, p. 145) são fatores que influenciam na decisão do cliente para escolha do melhor tipo de móvel. Além disso, a flexibilização e escolha dos materiais podem colaborar para produtos mais baratos e com alta qualidade, mas, principalmente, para elaboração de O croqui pode ser a primeira forma de passar uma ideia para um produtos únicos e totalmente personalizados para atender cada papel, real ou virtual, e comunicar de modo claro e conciso a intenção cliente. do projeto (FARRELLY, 2011). Segundo Marty Neumeier, citada por Doyle (2002), saber desenhar O ARQUITETO E A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA: PROJETOS QUE CONSTROEM nos dias de hoje não é mais uma obrigação do projetista, mas quem domina a linguagem do desenho é capaz de ver, pensar e comunicar Dada as diferenças de conhecimento e interesses entre o cliente com mais sofisticação do que quem só domina o computador, já e o marceneiro é preferível que haja um mediador entre ambos. O que, com apenas um lápis pode ser iniciado o processo de desenho. arquiteto é muitas das vezes o profissional escolhido, e é ele quem irá compreender e projetar as melhores opções para o espaço e Tal qual Farrelly (2011), o croqui (Figura 8) é um desenho rápido, vago atender ao desejo do cliente, o que pode ser feito também pelo e inacabado e, justamente pela rapidez de execução, torna-se uma ferramenta importante para a descrição de uma ideia. Dessa forma, designer de interiores. dentre suas classificações, podem ser chamados de croquis de Dessa forma, o móvel irá existir por meio da arquitetura de conceito, que são os responsáveis por revelar a essência de uma ideia interiores, que segundo Ching e Binggelli (2013) é o planejamento, complexa sem precisar de escala. Sendo assim, podem investigar o layout e o projeto de espaços internos às edificações. um problema, observar e desenvolver uma ideia de maneira visual e Segundo esses mesmos autores, o propósito de qualquer projeto interativa, seja com o ambiente, com o próprio autor ou com alguém é organizar suas partes como um todo coerente para alcançar a quem queira comunicar algo.

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Figura 8 Croqui de projeto

tipos de linhas, hachuras, terminações de linhas de chamada, entre outros. Sendo assim, dentre essas normas, é possível constatar muitos itens referentes a representação gráfica, porém ainda há uma muitos pontos do desenho nos quais a representação tornase livre e não segue um padrão pré-estabelecido. Nesse sentido, as normas tratam de forma geral sobre o universo arquitetônico, não abordando especificamente sobre projetos de interiores e de móveis e são poucas as bibliografias referentes a esse tipo de detalhamento, o que pode dificultar a execução do projeto.

Dessa forma, percebe-se hoje, em muitos projetos, a criação de novos padrões por diferentes escritórios. Segundo Farrelly (2011), alguns arquitetos adotam abordagens mais personalizadas à Fonte: A autora, 2019. aplicação de símbolos e aos tipos de informação incluídas nos desenhos que resultam em projetos característicos, ainda que Além dos croquis, uma boa representação gráfica técnica é não universais. importante e facilita a compreensão e execução do móvel. Dessa Essa personalização, muitas vezes, pode dificultar o entendimento forma, até mesmo um bom projeto pode ser prejudicado se tiver do desenho técnico quando passado a um profissional e propiciar uma má representação. uma análise errada que irá influenciar no produto final construído Nesse sentido, com o objetivo de criar uma linguagem por meio se não bem trabalhado ou analisado em desenho. Sendo assim, do desenho e convenções de representação, a fim de facilitar o apesar das normas não limitarem a um padrão, os itens existentes entendimento entre o marceneiro e o arquiteto, foram criadas as nelas devem ser aplicados aos padrões criados por cada normas de desenho técnico pela Associação Brasileira de Normas escritório, afim de que seja possível manter uma linguagem única Técnicas (ABNT). de desenho técnico. Embora não tenhamos NBRs específicas sobre desenho de arquitetura de interiores ou desenhos de móveis, têm-se normas que determinam a representação de projetos de arquitetura e diversas normas sobre desenho técnico em geral.

O fato de muitos arquitetos e designers não seguirem normas tornou-se tão comum que parece ser correto e muitas vezes nem se percebe que isso ocorre. Este pode ser o primeiro indicador de erro nas representações de projeto.

As normas de desenho técnico determinam nomenclaturas dos Além disso, o não conhecimento das normas já estabelecidas tipos de desenho, padrões de carimbo para folha, tamanho pode levar a ao excesso ou carência de informações no projeto adequado e forma das letras, margens, cotagem, espessuras e ao tentar criar padrões ou incluir informações, o que o torna


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Agindo juntamente com esses softwares, podem ser usados programas auxiliares de renderização, como V-Ray e Lumion, que geram imagens próximas do real (Figura 9), o que facilita a Nesse sentido, é imprescindível o conhecimento das normas visualização do produto antes mesmo que seja executado. de desenho técnico tanto pelos arquitetos e designers, quanto Figura 9 pelos marceneiros, a fim de facilitar e reduzir o tempo durante Render ambiente interno o processo de execução. Os projetos podem empregar uma linguagem com base nos sistemas de convenções que quando bem apresentadas serão facilmente entendidos, necessitando de pouco ou até nenhum texto explicativo. poluído e com difícil leitura. Assim como, a falta de conhecimento das normas técnicas pelo marceneiro pode ser responsável pela leitura e execução inadequadas do móvel.

Os desenhos de móveis devem ser detalhados e são produzidos durante a etapa de projeto executivo. Dessa forma, para que haja um bom entendimento devem incluir plantas, cortes e vistas em escala de fácil compreensão, e podem ter áreas específicas detalhadas, em escalas mais aproximadas do tamanho real, a fim de descrever um acabamento ou material. Além disso, com as representações atuais é possível gerar Fonte: A autora, 2017. imagens que experimentem, de maneira virtual e em escala real, um espaço proposto (FARRELLY, 2011). Os desenhos hoje são elaborados, praticamente, só em softwares específicos que Entretanto, para que o móvel seja executado com maestria, variam de escritório para escritório e conforme o móvel que será o desenho técnico é o primeiro ponto de partida. Portanto, em conjunto com os softwares de modelagem, podem ser usados representado. Programas como SketchUp, ProMob e Revit auxiliam na modelagem também programas focados na representação em 2D, como em 3D do ambiente e dos móveis propostos, de forma a facilitar AutoCAD. o entendimento e apresentação do projeto para o cliente e para o profissional marceneiro. Ademais, esses softwares podem ser responsáveis por gerar, pelo 3D, plantas baixas, cortes e vistas. Dessa forma é possível agilizar o processo de desenho e até minimizar erros, uma vez que todas as informações são elaboradas por um único programa e todos os itens podem ser compatibilizados, podendo chegar até um orçamento do produto.

Desse modo, independente da técnica de execução escolhida, os desenhos, sejam técnicos ou em perspectiva, são fundamentais para passar uma ideia. Sua elaboração deve ser cautelosa, clara e seguir padrões estabelecidos de forma a facilitar o entendimento do cliente, mas principalmente, dos profissionais que irão executar.

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34 | MARCENARIA: AS ETAPAS DE PRODUÇÃO DO MÓVEL A qualidade de representação do produto é tão importante quanto o processo. Dessa forma, para que o produto seja eficaz e eficiente, deve-se entender suas etapas de produção dentro da marcenaria. Os processos para criação de um móvel sob medida (Diagrama 1) envolvem três núcleos: os clientes, os arquitetos ou designers de interiores e os marceneiros. Isso pode ser observado no cotidiano de uma marcenaria, em escritórios de interiores e até como cliente e incluem etapas de envios de orçamentos e contratos que já foram considerados neste trabalho para a descrição do processo apresentado. Diagrama 1 Processo de criação do móvel na marcenaria

Fonte: A autora, 2019.


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Conforme o Diagrama 1, o cliente (item 1) é o primeiro fator para que exista o móvel, é quem irá solicitar o projeto e de onde irão partir todos os princípios que determinarão as escolhas das características do produto. Sendo assim, partindo de uma necessidade ou desejo, o cliente irá buscar um profissional que idealize o móvel. O arquiteto ou designer de interiores (item 2) são os responsáveis por elaborarem o projeto e criar a melhor configuração de uso para o ambiente. Dessa forma, após levantar as medidas no local, são eles que irão idealizar todos os móveis, as composições, variações de cores e, principalmente, considerar a vocação do espaço, os gostos e o estilo de vida dos clientes. O projeto de interiores virá a partir desse esforço empreendido pelo profissional de interiores para criação do móvel, que além disso, inclui toda a composição do ambiente dentro de infinitas possibilidades para alcançar o resultado.

A quantidade de informações dessa etapa é grande, por isso é preferível que tanto o responsável quanto o marceneiro que irá executar estejam juntos. Sendo assim, há uma melhor absorção de informações e detalhes que combinados pela experiência das duas pessoas, podem trazer resultados positivos. Além da conferência de medidas, é importante observar nesse momento as entradas, as escadas, o elevador de serviço e todos os caminhos que o móvel irá percorrer até chegar ao ambiente. Dessa forma, a execução é planejada conforme o espaço e considerando o carregamento, calculando o melhor tamanho das peças para não ter problemas quando o móvel for montado no local.

Com projeto em mãos, conferência de medidas feitas e conhecimento do espaço, o funcionário da marcenaria irá preparar todas as peças, cortes e execução do móvel (item 6). Durante esse processo o móvel é montado e preparado dentro da própria A partir disso, é feita a escolha do profissional que irá executar marcenaria para que todas as peças sejam conferidas e, após o serviço e o projeto é enviado para a marcenaria (item 3). O execução, o móvel é desmontado e embalado para transporte. recebimento é feito por um marceneiro responsável da empresa, Com as peças prontas para o transporte, o móvel é enviado até que pode ser por meio virtual ou pessoalmente. Nesta etapa, o local do projeto e montado (item 7). Nessa etapa é comum podem haver explicações gerais sobre o projeto ou apenas a que o funcionário que o executou vá, pois é ele que tem maior entrega. Assim, esse profissional que recebe o projeto irá fazer conhecimento de todas as peças e esteve presente desde a uma análise do documento recebido para entender exatamente primeira explicação sobre o projeto. Porém, outros funcionários o que está sendo solicitado. podem acompanhá-lo para ajudar no momento da montagem ou Em seguida, o projeto é passado e explicado ao funcionário da empresa que irá executá-lo (item 4). Após a compreensão, o marceneiro responsável pela empresa e o funcionário vão até o local para o qual o projeto se destina e fazem a conferência das medidas (item 5). Nesse momento, observa-se o espaço, como podem ser algumas peças de encaixe, qual o local onde o móvel irá ficar e tem-se então a noção do espaço como um todo e não apenas pela representação gráfica.

o serviço pode ser totalmente terceirizado, variando conforme a complexidade do móvel. Finalizando o processo, após a entrega do móvel é feito o feedback do cliente e do arquiteto ou designer, que irão contribuir para melhorar o processo e a qualidade do produto.

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CAPÍTULO 3: PRINCIPAIS ERROS EM PROJETOS

Os possíveis erros de projetos foram registrados e divididos nas seguintes categorias:

INVESTIGANDO O ASSUNTO • Falta de precisão de medidas. O objetivo desse estudo de caso é, ao final da pesquisa, avaliar a qualidade do processo de elaboração do projeto, representação gráfica usada, detalhes e as interferências que alguns erros podem ter na produção, tornando-se também referencial teóricoprático do trabalho. Além disso, compreender como as etapas de confecção, desde o recebimento do projeto, até a entrega do móvel, podem interferir na elaboração do desenho técnico de marcenaria. Através das entrevistas será possível descobrir, pelo olhar do marceneiro, quais são os principais erros que ocorrem nos projetos e afetam a fabricação do móvel sob medida. A seleção das empresas limita-se no estado do Espírito Santo, Brasil, de forma a buscar profissionais na região Sul e na região metropolitana de Vitória. Optou-se por compreender como atuam profissionais que trabalham para a classe alta e média nessas regiões pela facilidade dessas empresas receberem projetos para que os móveis sejam executados. As empresas entrevistadas foram nomeadas como Marcenaria A e B, na região metropolitana de Vitória, e Marcenaria C, na região Sul do estado, as quais responderam perguntas acerca do processo da empresa para fabricação do móvel e sobre os problemas já encontrados em projetos, apontando a frequência e algumas soluções buscadas.

• Usar projetos originais do prédio como base para definir os móveis. • Não tirar medida de todas as paredes, dificultando a representação do real ângulo existente nos cômodos. • Não considerar medidas do marco da porta. • Não considerar tipos de acabamentos de bancadas existentes.

• Não considerar projetos complementares para compatibilizar com os móveis. • Não considerar existência ou faltas de tomadas no local onde o móvel é inserido (considerando demanda do ambiente e do móvel). • Não prever de onde virá a energia para ligar equipamentos


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com locais específicos no móvel (ex.: micro-ondas). • Não prever de onde virá a energia para ligar o LED indicado no móvel. • Não considerar local da fonte ou tipo de ligação do LED no projeto. • Não considerar espaço da cuba da pia e tubulação de saída de esgoto. • Não indicar alvenarias estruturais ou shafts nos projetos (locais que requerem mais cuidado para instalação do móvel).

• Não indicar materiais próprios para o ambiente (ex.: ambientes externos ou úmidos). • Não considerar arremates laterais (quando rentes a parede) e

• Falta de diálogo com cliente a medida que o projeto avança na elaboração. • Dificuldade de entendimento do projeto pelo cliente. • Não entender o desejo do cliente.

• Desenhar armários muito altos, fora do padrão ergonômico. • Indicar sistema de abertura para armários altos que dificultam sua utilização.

superiores (quando próximos ao teto). • Não especificar mecanismos de aberturas dos armários (ex.: tipo de dobradiça, tipo de corrediça, etc.). • Não especificar ou detalhar puxadores. • Falta de conhecimento dos materiais indicados.

• Representar peças muito grandes sem pensar como irão

• Criar local para colocar itens pesados sem pensar no reforço

chegar ao local;

estrutural adequado (ex.: prateleiras, gavetas, etc.).

• Não observar acessos de escada e elevador;

• Não considerar espaço para cortina.

• Escolher materiais e acabamentos incompatíveis com a região.

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Os resultados são: Gráfico 1 Erros muito comuns em projetos

• Representar desenhos com divergências de padrões reconhecidos para elaboração gráfica. • Errar ou não representar o tipo de abertura das portas. • Excesso de informação na prancha, desenhos poluídos e com cotas muito repetidas. • Não seguir padrão de espessuras de linhas. • Deixar projeto com cotas faltando. • Deixar projeto com falta de informações e especificações do projeto. • Indicar incorretamente nome do desenho e escala.

Fonte: A autora, 2019.

• Enviar pranchas por e-mail sem indicação do tamanho da

Dentre as categorias, os erros citados como de maior frequência estão relacionados a levantamentos de medidas, seguidos de folha para impressão. erros relacionados ao cliente. Sendo muito comum não considerar • Enviar pranchas por e-mail em tamanhos que dificulta a medidas de marcos da porta, não descobrir o ângulo real da impressão (ex.: A3, A2, etc.). parede e principalmente elaborar projetos com falta de precisão das medidas. • Indicar vistas como cortes ou indicar cortes como vistas. Quanto aos erros relacionados aos clientes, as três empresas pesquisadas concordaram que é muito comum o cliente não projeto. entender o projeto, o que pode proporcionar uma expectativa no • Representar em escalas não convencionais ou que dificultam cliente que não será atendida mesmo se o projeto estiver sem erros de desenho ou de especificações. a compreensão. • Usar fontes não convencionais na representação gráfica do


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Em contrapartida, os erros referentes a ergonomia foram pouco citados, sendo apenas de baixa frequência ou que nunca ocorreram. Esse fato pode estar relacionado ao estudo dos profissionais sobre a área da ergonomia e até mesmo a facilidade de acesso a informações e medidas, em livros e internet, para diferentes alturas de pessoas. Embora tenham sido pouco citados no questionário, os erros relacionados à compatibilização, aos materiais e acabamentos e à representação gráfica ainda ocorrem com certa frequência. Dentre eles, os principais são: não considerar existência ou faltas de tomadas no local onde o móvel é inserido, não considerar local da fonte ou tipo de ligação do LED no projeto, não especificar mecanismos de aberturas dos armários, não especificar ou detalhar puxadores, e deixar projeto com falta de informações e especificações do projeto. Os erros percebidos pelos marceneiros são originados durante o processo de elaboração do projeto, sendo pela falta de conhecimento de materiais indicados, falta de informação sobre o local e o cliente, falta de comunicação entre as pessoas envolvidas e, até falta de conhecimento das NBRs de representação de desenho técnico. Dessa forma, é preciso ter atenção, principalmente, aos erros que ocorrem com maior frequência, buscando soluções simples e com foco na influência do projeto no processo de fabricação do móvel. Assim, é possível auxiliar arquitetos e designers formados ou em formação a elaborarem projetos executivos que garantam a qualidade do móvel.

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CAPÍTULO 4: VAMOS FAZER FOCO EM SOLUÇÕES

Neste capítulo será apresentado uma proposta de Guia de Projetos de Marcenaria. Dessa forma, com base nos conhecimentos e pesquisas sobre o assunto, será feita uma abordagem prática seguindo uma sequência lógica de execução, na qual em cada item descrito o projeto foi sendo realizado simultaneamente. Sendo assim, por se tratar de um manual que contém informações, instruções e conselhos acerca do tema marcenaria, e a fim de que se transforme futuramente em uma publicação, a linguagem usada será mais informal de modo a conectar o leitor as ações propostas ao se identificar com as situações em cada etapa de projeto, para tanto, será usada a primeira pessoa do plural.

ANTES DE IR ATÉ O LOCAL Suponhamos que nessa etapa não conhecemos nada sobre o espaço, sabemos somente a localização do edifício e, talvez, o nome do prédio. É nesse momento que vamos reunir todas as informações que conseguirmos. É preciso procurar qual a construtora do prédio e verificar se há disponível uma planta baixa do apartamento que seja possível imprimir e levá-la como base para a medição do local. Vamos preparar os materiais necessários para levantamento métrico agrupados como Kit de Levantamento, contendo os seguintes itens:


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Trena digital (caso tenha)

Trena comum

Canetas coloridas

Lápis e borracha

Câmera fotográfica (ou celular)

Prancheta ou ponto de apoio

DICAS:

• Caso use trena digital, leve pilhas extras. • Mesmo com a trena digital, tenha sempre a trena comum, pois ela ajuda a tirar medidas pequenas e garante segurança caso aconteça alguma coisa com a trena elétrica. • É possível fazer um levantamento com apenas uma caneta ou um lápis, mas ter outras opções de cor ajuda nas anotações. • Não se esqueça de carregar o celular e/ou levar carregador portátil para garantir que seja possível tirar as fotos. O mesmo vale para a câmera fotográfica. • Pode ser usado como apoio uma prancheta ou algum caderno, qualquer coisa que sirva como base para escrita.

NESTA ETAPA:

• Agrupar informações prévias disponíveis sobre o local; • Separar planta baixa (se disponível) da construtora; • Organizar materiais para levantamento.

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42 | CHEGANDO AO LOCAL: ENTENDENDO O ESPAÇO PELO QUE VEMOS O apartamento escolhido está situado em Cachoeiro de Itapemirim -ES, tendo sido aprovado pelo Código de Obras do município com um total de 98m2, com três quartos, sendo uma suíte. Embora seja possível perceber que, espacialmente, as dimensões são confortáveis para o tamanho da habitação e condizentes com o padrão do edifício, não serão feitos demais comentários sobre a arquitetura do local. Nesse sentido, foi escolhido trabalhar com a cozinha, a suíte do apartamento (quarto e banheiro) e o quarto de solteiro (Figura 10) por serem ambientes aos quais pode-se exemplificar situações de móveis que facilite elaborações aplicadas a outros cômodos. Os ambientes já estão acabados e prontos para receberem a marcenaria, sem que seja necessária nenhuma modificação do que foi entregue pela construtora. Figura 10 Planta baixa esquemática do apartamento e ambientes de projeto

Fonte: A autora, 2019.


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Nesse primeiro momento é preciso conhecer o local e entender os espaços, suas necessidades, características, potencialidades e limitações. A noção física proporcionada pelo levantamento visual facilita as etapas posteriores de dimensionamento. Dessa forma, é preciso sentir o local na prática, por exemplo, como funcionam as circulações, as aberturas de portas, alturas de bancadas, além das vistas que o ambiente possui e questões relacionadas a privacidade. Devese também observar onde estão situados os shafts e elementos estruturais. Logo, o levantamento começa ao chegar no local, antes mesmo da medição. A melhor forma de identificar as estruturas e shafts existentes, bem como projetos adicionais, é verificando a documentação do imóvel, na qual deve incluir um conjunto de plantas do edifício. Porém, com a observação do local é possível identificar esses elementos, mesmo que sem precisão. A localização, a espessura e até o som produzido ao bater na parede podem dar pistas para distinguir suas características. Essa identificação vai auxiliar na decisão de fixação dos móveis. Na Figura 11 está representada a cozinha, juntamente com área de serviço, que possuem 12m2, bancada fixa em granito preto com cuba de inox e torneira, e um tanque. Todas as tomadas e pontos hidráulicos estão com acabamento e o local apresenta um quadro de rede, um de disjuntores e um de acesso aos shafts. Não possui janelas, mas apresenta uma porta para o banheiro de serviço e uma para a varanda localizadas na área destinada a lavanderia. Figura 11 Cozinha do apartamento

Fonte: Acervo próprio, 2019.

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44 | As Figuras 12, 13 e 14 mostram o quarto da suíte com 12m2, uma pequena circulação ao entrar no ambiente que também permite acesso ao banheiro. Há um ponto de ar condicionado e ponto de antena para TV. A janela possui vista para apartamentos vizinhos, porém sem prejudicar a privacidade. Figura 12 Vista da porta de entrada da suíte

Fonte: Acervo próprio, 2019.

Figura 13 Suíte do apartamento

Figura 14 Vista para a porta da suíte

Fonte: Acervo próprio, 2019.

Fonte: Acervo próprio, 2019.

Figura 15 Banheiro da suíte

O banheiro da suíte (Figura 15) possui 2,80m2 com pouco espaço de circulação. A pia apresenta uma cuba embutida com recortes que podem implicar em uma marcenaria abaixo da bancada que acompanhe sua forma.

Fonte: Acervo próprio, 2019.


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O quarto de solteiro (Figura 16 e 17) possui 10m2. A janela tem vista para a cidade sem prejudicar a privacidade e recebe sol direto pela manhã. O quarto possui pontos de ar condicionado, antena de TV e tomadas padrões. Figura 16 Quarto de solteiro, vista para porta

Figura 17 Quarto de solteiro, vista para janela

Fonte: Acervo próprio, 2019.

Fonte: Acervo próprio, 2019.

NESTA ETAPA:

• Visitar para levantamento; • Identificar previamente os elementos estruturais e os shafts; • Identificar os pontos elétricos e hidráulicos existentes; • Observação visual e espacial.

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46 | ENTENDENDO POR MEIO DO LEVANTAMENTO MÉTRICO Apesar da responsabilidade de tirar medidas ser do profissional que irá executar, um levantamento não preciso pode levar a modificações indesejadas do móvel e até do ambiente, ou que precisem de uma nova aprovação do projeto pelo cliente. Além disso, alterações inesperadas em tamanhos de gaveta, largura, altura e profundidade de prateleiras e armários, podem fazer com que a marcenaria projetada não atenda as ideias iniciais, De acordo com as respostas obtidas pelos formulários aplicados, como exemplo, quando é projetado para um objeto específico, se os erros relacionados a levantamento foram destacados como reduzida a dimensão, invalida o espaço para essa função. os mais comuns, podendo ocorrer por diversos motivos. Quando Nesse sentido, ter plantas disponibilizadas pela construtora em ocorrem, acarretam no atraso da produção e podem ser motivo mãos na hora do levantamento pode auxiliar como base de de pequenas ou grandes alterações do projeto. Dessa forma, desenho, mas não como garantia de medidas, pois essas plantas o cuidado no acerto das medidas pode evitar alterações de apresentam valores aproximados da realidade do local. Por isso, é estrutura de um armário projetado ou modificação dos elementos preciso tirar as próprias medidas, considerando as dimensões de todas as paredes e de forma a encontrar o real ângulo existente construídos anteriormente. Os autores Booth e Plunkett (2015) adotam como margem de erro nos cômodos. Dessa forma, é importante ter uma preparação antes aceitável para um levantamento de marcenaria o valor de 5mm. do levantamento a fim de conferir as informações disponíveis do Enquanto isso, os marceneiros que responderam o questionário local, imprimir a planta se possível, e tê-la em mãos como amparo afirmam que até 3cm não geram grandes modificações no para anotações e desenhos mais rápidos. Após análise visual vamos realizar o levantamento métrico, é através dele que nós iremos dar início a elaboração do projeto e, antes disso, nenhuma ideia deve ser sustentada. O levantamento deve ser preciso e com ele é possível elaborar a primeira tentativa concreta de solucionar os problemas solicitados pelo cliente. Para dar início ao levantamento é preciso ter em mãos o Kit de Levantamento, apresentado no primeiro passo do guia.

projeto. Todavia, vale considerar que, quanto menor os ambientes Caso não possua a planta do local para levá-la, é necessário ou a área de destino do móvel, menor deve ser o erro, pois menor desenhar o ambiente ao chegar no local. Para facilitar as anotações leve no mínimo 3 instrumentos de escritas diferentes, é o espaço disponível para redistribuição das medidas. Esse cuidado se aplica também aos alisares de portas e de podem ser lápis, lapiseira ou canetas, desde que permitam janelas, pois são medidas que variam muito de ambiente para distinguir anotações, conforme o exemplo (Figura 18). ambiente e podem ser cruciais para instalação do móvel. Por isso, devem ser medidos com cautela e, se ainda não tiverem sido instalados no momento da medição, a atenção deve ser redobrada, mantendo a ideia de que o projeto deve ser flexível para se adaptar posteriormente.


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Figura 18 Legenda de cores para levantamento

Figura 19 Legenda de simbologia de pontos

Caneta preta, lápis Desenho das paredes ou lapiseira e elementos fixos Caneta azul

Pontos hidráulicos, gás e ar condicionado

Caneta vermelha

Pontos elétricos e interruptores Fonte: A autora, 2019.

Durante o levantamento de paredes e elementos fixos, uma dica é evitar diversas linhas de cota para não confundir com o desenho, além de ser mais ágil. Pode-se também criar táticas como circular medidas gerais para que não se percam às outras, e puxar pequenas setas para locais pequenos. As anotações e medidas devem ser feitas de forma rápida e compreensiva o necessário é que quem vai passar as informações para o software precisa entender os registros. Não é preciso decorar símbolos ou ordem em que deve ser escrita as dimensões de janelas, por exemplo. Durante o levantamento crie uma legenda própria e simples, seguindo uma ideia prévia de simbologia (Figura 19), como a usado nesse projeto e adaptada conforme necessário, acrescente informações objetivas e, se necessário, algumas dúvidas da representação feita podem ser facilmente conferidas e analisadas em fotos. Além disso, faça a medição dos pontos elétricos e hidráulicos por seus eixos.

Fonte: A autora, 2019.

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48 | Além disso, o uso das cores auxilia na separação de informações, em que números e desenhos de mesma cor são informações associadas e podem ser lidas sem as demais cores. Para ambientes com poucos pontos elétricos e hidráulicos, como os quartos (Figuras 20 e 21), as cores evitam confusão de informações ou que seja feito um novo desenho.

Figura 21 Levantamento métrico quarto de solteiro

Figura 20 Levantamento métrico quarto de casal

Fonte: A autora, 2019.

Fonte: A autora, 2019.


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Já ambientes com muitos pontos e informações, como cozinhas (Figura 22, 23 e 24), é bom que sejam feitos vários desenhos, mesmo que use as cores determinadas em legenda, dessa forma, caso seja necessário mesclar informações, na hora de anotar fica mais fácil.

Figura 22 Levantamento métrico da cozinha

Figura 23 Levantamento dos pontos hidráulicos da cozinha

Fonte: A autora, 2019.

Fonte: A autora, 2019.

Figura 24 Levantamento dos pontos elétricos da cozinha

Fonte: A autora, 2019.

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50 | Para o banheiro (Figura 25) também podemos usar a ideia de mesclar informações e diferenciá-las pela legenda, uma vez que é um ambiente menor. Porém, é importante ressaltar que informações como medidas de bancadas e posição da cuba devem ser registrados, e em algumas situações até localização dos pontos relacionados ao chuveiro, duchas higiênicas e ralos. Por isso, faz-se importante considerar quais informações vão ser desenhadas para ponderar a importância de um novo desenho. Em alguns casos é interessante, também, desenhar vistas para representar alturas e detalhes (Figura 26), muito comum em áreas molhadas.

Figura 26 Levantamento em vista do banheiro da suíte

Figura 25 Levantamento métrico banheiro da suíte

Fonte: A autora, 2019.

Fonte: A autora, 2019.


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Sendo assim, ao final do levantamento as informações estarão completas e passíveis de entendimento (Figura 27). Os desenhos não precisam ser perfeitos, mas devem servir de base para registrar tudo que for importante, vale até ressaltar com marca texto algumas informações, como por exemplo o pé direito do ambiente. Figura 27 Foto do levantamento real

Fonte: A autora, 2019.

Além disso, as fotos são indispensáveis e quanto mais, melhor. É preciso registrar todos os cantos e detalhes de teto, bancadas e ralos, tudo que passar despercebido pode ser relembrado pelas fotos. Sendo assim, elas são importantes meios de conferência, já que não se pode confiar na memória quando há grande quantidade de informações. Nessa sequência, outra dica é sempre tirar a dimensão de pisos e de azulejos do ambiente, pois em caso de dúvidas, pelas fotos, pode-se ter noção de algumas medidas não tiradas. Complementando as informações, deve-se tirar medida do pé direito de todos os ambientes, detalhes do teto, sancas e altura do rodapé. Também é interessante destacar a importância de ter uma lista de conferência do que deve ser feito durante o levantamento. Assim, podemos sempre lê-la calmamente, principalmente, antes de sair do local, a fim de que não fique nada esquecido e não seja necessário voltar por algum descuido ou esquecimento.

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52 | Também é interessante destacar a importância de ter uma lista de conferência do que deve ser feito durante o levantamento. Assim, podemos sempre lê-la calmamente, principalmente, antes de sair do local, a fim de que não fique nada esquecido e não seja necessário voltar por algum descuido ou esquecimento. Checklist de levantamento o Norte (orientação solar e ventilação);

o Pontos de ar condicionado;

o Dimensões do perímetro do cômodo;

o Pontos de iluminação;

o Pé direito;

o Quadro de disjuntores (dimensões, posição);

o Esquadrias (dimensões dos vãos e alisares);

o Saída de ventilação (coifa);

o Rodapé;

o Desníveis;

o Detalhes do teto (sancas);

o Revestimento (medir piso, parede e teto para referência);

o Material construtivo (alvenaria, bloco de concreto, drywall e outros);

o Bancadas existentes (altura, saia, rodabanca, desnível, material);

o Identificar elementos estruturais e shafts;

o Escadas e rampas;

o Pontos elétricos (tomadas e interruptores, pelo eixo); o Pontos hidráulicos (água e esgoto, pelo eixo);

o Verificar autorização e horários de entrada de materiais e executores;

o Ralos;

o Verificar com o síndico documentos necessários para a obra;

o Ponto de gás;

o Tirar fotos (cantos, 360° e detalhes importantes).

o Pontos de telefone, interfone e rede;

NESTA ETAPA:

• Medir as dimensões do ambiente; • Medir vãos, portas e janelas; • Medir os elementos fixos existentes; • Medir de pontos elétricos e hidráulicos; • Fazer demais anotações necessárias sobre o local.


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IDENTIFICANDO O CLIENTE E SUAS NECESSIDADES O processo de projeto não é linear, mas pode sim ser dividido em etapas criativas que se interligam em diversos momentos. Dentre elas, conhecer o cliente e suas necessidades faz parte do todo, e não só do momento inicial. As necessidades aparecem logo no primeiro contato, quando o cliente pede um orçamento ou solicita uma visita, é preciso estar atento a tudo que é dito. O cliente, na maioria das vezes, não sabe o que pode ser feito no ambiente e por isso, conhecer seus gostos, manias e particularidades ajudará a fazer o projeto. Em outros casos, o cliente já diz exatamente o que quer e cabe a nós avaliar se aquela opção atende da melhor forma as necessidades dele. Portanto, durante toda a produção é preciso estar concentrado às solicitações, aos desejos do cliente, aos gostos e às particularidades, a fim de que o projeto tenha a cara dele e não a sua. É comum que nem todos saibam exatamente o que querem, por isso cabe aos profissionais contratados para criação decifrarem e apresentarem as melhores opções.

feita no local, mas faz parte do levantamento tê-las em mãos. Em outras situações, o cliente tem um objeto de dimensões específicas e por isso deve ser medido no local. Essa relação com o cliente também se baseia em perguntas e necessidades básicas, que podem e devem estar anotadas em um modelo de briefing. Essa palavra, na língua inglesa, pode ser traduzida como “instruções” e, dessa forma, é um método que ajuda a entender as necessidades do cliente e as particularidades de um novo projeto, ou seja, o objetivo do briefing é orientar os profissionais de criação de forma a produzir um material alinhado às necessidades pré-definidas do cliente. Ele deve ser capaz de nortear as ações e eliminar dúvidas para que o processo de produção esteja alinhado ao usuário.

Para isso pode ser feito um modelo padrão com perguntas que abranjam diversas áreas de interesse sobre a pessoa e sua família. Um exemplo é perguntar se almoçam ou tomam café juntos e em qual local da casa, quais as cores preferidas, se gostam ou Visitar a casa atual, observar os objetos de decoração e móveis não de espelhos, o que não pode faltar no projeto, se gostam de atuais, perguntar sobre hobbies, livros e gostos musicais, são receber amigos e qual o orçamento. gatilhos que ajudam a começar a entender quem é a pessoa Além disso, é possível adicionar perguntas específicas para os para quem você está projetando. A partir daí, podem ser feitos ambientes que serão trabalhados, como por exemplo se o cliente questionamentos sobre quais matérias e acabamentos ele irá tem preferência por cama tamanho padrão ou maior, quais eletrodomésticos serão usados, se são existentes ou novos, entre preferir e qual o estilo de móvel atende as necessidades dele. Além disso, é importante considerar os objetos que terão no outros. local. Durante o levantamento deve-se considerar não apenas os elementos fixos e construtivos, mas também tudo que obrigatoriamente será armazenado no espaço por necessidade do cliente. Como por exemplo, malas, bonecas, televisões, sapatos baixos, sapatos de salto, liquidificador, micro-ondas, etc. Em muitos casos, a medição de alguns objetos não precisa ser

NESTA ETAPA:

• Conhecer o cliente, seus gostos, desejos e necessidades; • Fazer um bom briefing.

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54 | REVISANDO AS NORMAS EXISTENTES A ABNT tem diversas normas relacionadas ao desenho e à representação técnica, que apesar de abordarem muita coisa, não são suficientes para padronizar os projetos de diferentes escritórios. Porém, é importante ter conhecimento das normas existentes afim de que haja elementos em comum independentes dos autores de projetos.

Trazendo para a ideia do projeto, os móveis podem ser estudados como esboço, ser feito um desenho preliminar da ideia apresentada em esboço, apresentado juntamente com um croqui para facilitar o entendimento, até chegar ao desenho definitivo no projeto executivo de marcenaria.

Após isso, os móveis podem ser representados separadamente Sendo assim, começamos nossa análise pelo NBR 10647 (1989), indicando um por um como elementos soltos (desenho de de Desenho técnico, a qual trata dos tipos de representação componente), ou então em uma vistas e plantas baixas (desenho de desenho que podem ser classificados quanto ao grau de de conjunto). Associados a eles, podem ser feitos os detalhes na intenção de explicar algo mais minucioso, devendo ser elaboração, sendo dividido em: apresentado em uma escala diferente do todo. • Esboço; • Desenho preliminar; • Croqui; • Desenho definitivo.

Ainda pela classificação da norma, é possível que seja feito:

• Um desenho de componente, quando se representa cada elemento separadamente; • Um desenho de conjunto, quando reúne os elementos e, associados, formam o todo; •Ou então o detalhe, que é uma vista ampliada de uma parte do todo.

O emprego de escala é abordado pela NBR 8196 (1999), a qual enfatiza que a escala selecionada deve ser suficiente para permitir uma interpretação fácil e clara da informação apresentada. Dessa forma, pode-se representar os desenhos nas escalas que melhor se adequarem ao projeto, seja de redução (1:10, 1:20; 1:25), natural (1:1), ou de ampliação (2:1, 5:1). Nesses casos, as duas últimas citadas são mais comuns para detalhes, enquanto a de redução é usada nos projetos representando o móvel ou o ambiente. Para tanto, a NBR 10067 (1995) trata sobre os princípios gerais de representação em desenho técnico, na qual os desenhos das vistas devem ser escolhidos de forma a melhor representar o ambiente, usando o número de vistas necessário a caracterização dos elementos, evitando repetição de detalhes e linhas tracejadas desnecessárias. Dessa forma, é preciso ter a certeza que a representação usada está suficiente para indicar todas as informações do objeto ou móvel. Em caso de representar detalhes, deve ser feito um indicativo da área que será ampliada.


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Nessa sequência, a NBR 8403 (1984) e a NBR 6492 (1994) trazem o conteúdo de aplicação de linhas em desenhos e tratam sobre os tipos de traço e as espessuras da representação. Podendo ter diversas espessuras, a variação das linhas contínuas é conforme profundidade do desenho (Figura 28). Dessa forma, quanto mais afastadas, mais finas e quanto mais próximas ou em corte, mais grossas. Figura 28 Linhas contínuas Contínua larga

Elementos mais à frente do desenho

Contínua estreita

Elementos mais atrás do desenho Fonte: A autora, 2019.

Em continuidade, há duas linhas que geram conflitos de entendimento: a tracejada e a traço dois pontos (Figura 29). Embora muitos escritórios usem a linha tracejada para representar todos os elementos de subprojeção e de projeção, o ideal é que a linha tracejada seja usada para elementos não visíveis, ou seja, que estão atrás de algum outro mostrado ou então, nos projetos de marcenaria, para indicação do sistema de abertura das portas. Enquanto a linha traço dois pontos seja usada para detalhes situados antes do plano de corte e que são necessários representar. Logo, usa-se a linha tracejada para indicar o limite de um móvel embaixo da bancada, enquanto a projeção do móvel de cima é representada pela linha traço dois pontos.

Apesar de a maioria dos escritórios utilizarem atualmente a linha de projeção como linha tracejada, isso pode acabar interferindo no entendimento. Dessa forma, seria bom que todos utilizassem a representação apresentada na norma para que facilitasse o entendimento do projeto e diminuísse erros e mal-entendidos, ao passo que futuramente todos seguiriam a forma correta de representação. O mal-uso dos elementos gráficos pode gerar conflito pelo que está em subprojeção ou em projeção. Além disso, a NBR 8403 (1984) aborda também sobre as linhas de chamada, que podem ser feitas de 3 diferentes formas (Figura 30), dentre elas: sem símbolos, se partem de uma linha de cota, com um ponto, se partem de dentro do objeto ou com uma seta, se partem da aresta do desenho. Figura 30 Tipos de linha de chamada

Na linha de cota

Figura 29 Linhas de projeção e de subprojeção Tracejada Traço dois pontos

Contornos não visíveis, subprojeção Projeção Fonte: A autora, 2019.

Dentro do objeto

Na aresta do objeto Fonte: A autora, 2019.

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56 | Segundo a NBR 12298 (1995), de representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico, ao representar o corte de um objeto a área cortada deve apresentar uma hachura, desenha com linhas inclinadas a 45 graus com relação as linhas do objeto e devem ser bem finas. As hachuras de uma mesma peça devem seguir a mesma direção, caso haja duas peças próximas, as hachuras podem ser diferentes para identificar cada uma delas, e podem ser usadas também para identificar o tipo de material usado desde que identificadas. Como por exemplo para distinguir a parede do móvel (Figura 31). Figura 31 Representação de hachuras

Parede

Móvel

Fonte: A autora, 2019.

A folha de impressão Antes de iniciar o projeto é preciso ter em vista que, segundo a NBR 10068 (1987), sobre folha de desenho, a apresentação das plantas, cortes e vistas deve ser executada em menor formato possível, desde que não prejudique a clareza e legibilidade. Dessa forma, a escolha da escala e da folha estão interligadas e devem ser resolvidas logo no princípio. Estão associadas ao tamanho da apresentação, entrega do projeto, melhor forma de leitura e quantidade de informações disponíveis. Nesse momento é preciso definir se o projeto será entregue impresso ou digital, qual a melhor forma de impressão para quem for realizá-la e qual o melhor formato para leitura durante a execução do móvel. É possível que para os projetistas seja fácil imprimir em formatos como A2 ou A3, enquanto que, para alguns marceneiros, seja possível apenas no formato comum: A4. Dessa forma, é preferível que seja usado o tamanho A4 e, no máximo, A3 para desenhos de marcenaria, considerando sempre a forma de entrega do projeto, além da facilidade de leitura pelo marceneiro, que é dificultada por folhas muito grandes. Vale ressaltar que as pranchas precisam ser claras e de fácil compreensão. O excesso de informações no mesmo local inviabiliza um bom entendimento por parte do marceneiro. Por isso, não limite o número de pranchas, nem se preocupe em preencher todos os espaços da folha. Deixe o desenho respirar, apresentando planta por planta, vista por vista, e agrupando somente desenhos menores. Outro item importante da folha de impressão é a legenda, ela deve estar posicionada do lado direito da folha, conter informações de identificação do desenho, autor e cliente. Além disso, a direção de leitura deve acompanhar a do desenho. Segundo a NBR 10068 (1987), a legenda em folhas no formato A4, A3 e A2 deve ter


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178mm de comprimento e as margens da folha podem respeitar as medidas de 25mm na parte lateral esquerda e 7mm nas demais extremidades, porém é convencional que cada escritório adote um padrão personalizado, o que, desde que não tenha carência de informações e não prejudique a clareza da prancha, fica a critério de cada um. Além disso, próximo a legenda podem ficar informações adicionais e gerais do projeto. Logo, é pertinente que a legenda inclua (Figura 32): • Nome do cliente; • Autor do projeto; • Discriminação (qual local está sendo trabalhado?); • Escala; • Formato de folha usado; • Data do projeto (mês e ano); • Numeração de prancha; • Notas gerais; • Observações. Figura 32 Exemplo de legenda em prancha

Fonte: A autora, 2019.

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58 | Desse modo, é conveniente que seja dispensada atenção para essa parte do projeto, pois é dela que sairão informações chaves sobre todos os desenhos. Ao salvar o arquivo em PDF perdemos a referência do tamanho da folha, por exemplo, e este lugar é propício para anotá-lo, assim como é pela legenda que conferimos a quantidade de pranchas e de qual cliente se trata. Assim como as pranchas o conteúdo escrito e as cotas devem ser claros e não causar poluição visual. Segundo a NBR 8402 (1994), a escrita deve ser legível, uniforme e, quando totalmente em letras maiúsculas, não deve ser menor do que 3,5mm de altura, porém vale testar o tamanho prezando pela compreensão. Por conseguinte, a fonte usada deve ser simples e sempre prezar pela melhor leitura. Por isso, vale optar pela Arial, Calibri ou semelhantes, que, além de deixarem o desenho limpo, são bem comuns. Enquanto isso, a NBR 10126 (1987) trata sobre cotagem em desenho técnico. Uma boa forma de verificar incompatibilidades, reduzir interferências e melhor as informações inseridas é iniciar essa etapa a cada desenho produzido. Dessa forma, podemos verificar quais cotas são necessárias sem perder nenhuma informação. Destacase que as cotas são obrigatórias no desenho, pois é a partir delas que o marceneiro vai entender o projeto. Um projeto sem informações não pode ser executado já que as peças só podem ser produzidas se tiver medidas. Do mesmo modo que não podemos errar pela falta de informações, devemos tomar cuidado com os excessos. Os dois erros são graves e fazem o projeto perder a qualidade. A repetição das cotas polui a prancha visualmente e faz com que o projeto dificilmente seja lido ou, quando feito, pode levar a uma leitura errada. A própria norma aborda que se deve cotar apenas o necessário, incluindo cotas auxiliares apenas onde será vantajoso para esclarecimento do desenho. Sendo assim, as cotas devem ser na horizontal e vertical quando em planta baixa, e, preferencialmente, apenas na vertical quando em vistas ou cortes verticais, com atenção para as informações que estão sendo inseridas.

NESTA ETAPA:

• Definir qual padrão de folha será usado e que facilmente pode ser impresso; • Definir margem e legenda; • Definir padrões de letras e cotas de acordo com cada escala do desenho.


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ORGANIZANDO INFORMAÇÕES TÉCNICAS Além da revisão de normas e preparo da parte técnica do projeto, até o momento, conhecemos o local, observamos suas características e peculiaridades, registramos com fotos e anotações e temos em mãos o levantamento métrico do ambiente considerando elementos fixos, construtivos, pontos elétricos e hidráulicos. Agora, devemos passar as informações a limpo para um software de preferência. No caso apresentado foi usado o AutoCAD para criação dos desenhos bidimensionais (Figura 33).

Figura 33 Levantamento do ambiente feito no AutoCAD

Fonte: A autora, 2019.

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60 | Inicie por um ponto e siga com as informações do ambiente. Em alguns casos as medidas podem não fechar o desenho ao finalizar a passagem de anotações para o software, nesse caso, e é preciso analisar qual o motivo para isto. Nesse momento, é possível, e não raro, encontrar paredes tortas que na hora do levantamento passaram despercebidas. Porém, em levantamentos bem feitos, mesmo que o desenho do ambiente não feche, a diferença tende a ser pequena e podemos arredondar em alguns casos, lembrando sempre que o melhor é evitar que isso ocorra. Para casos em que há grande diferença entre as medidas, como aproximadamente 10cm, o melhor a fazer é rever no local as informações coletadas. Tirar novas medidas e buscar mais pontos de referência a fim de se descobrir o que causou o erro para evitar futuras interferências. Após passar o levantamento da planta baixa a limpo no software, situando pontos hidráulicos e elétricos, é interessante levantar vistas dos ambientes (Figura 34), representando as alturas de cada elemento da parede e do próprio pé direito do espaço. Dessa forma, ao criar e representar a marcenaria, simultaneamente em planta baixa e vista, é feita também a compatibilização com os elementos existentes. Figura 34 Vista do levantamento da cozinha feito no AutoCAD

Fonte: A autora, 2019.

NESTA ETAPA:

• Passar as informações do levantamento métrico para o software escolhido.


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INICIANDO O PROJETO: SETORIZANDO O ESPAÇO Partindo para a concepção do projeto, é comum que o próprio espaço indique como deve ser estruturado, principalmente cozinhas e banheiros por possuírem elementos fixos, como bancadas, pontos elétricos e hidráulicos, que são posicionados de acordo com cada elemento que será inserido do local. Dessa forma, é preciso ficar atento e definir se a distribuição será feita conforme indicada ou considerando alguma modificação para relocação de pontos.

Tabela 01 Dimensões dos eletrodomésticos

Em outros ambientes, como quartos e salas, é mais fácil sair do óbvio. Assim, a decisão pode partir do briefing, escolha estética, decisão técnica, ou até a soma desses pontos. Com o levantamento em mãos e briefing definido podemos dimensionar o ambiente de acordo com a rotina e necessidades do cliente. Faz parte dele também conhecer os elementos que estarão no local. Para tanto é preciso ter uma lista das referências e dimensões dos eletrodomésticos e objetos a serem inseridos, como dimensões de camas (Figura 35) e de eletrodomésticos (Tabela 01). Figura 35 Dimensões de camas

Fonte: A autora, 2019.

Fonte: A autora, 2019.

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62 | As seguintes decisões e determinações fazem parte do briefing para o projeto do apartamento escolhido: • O quarto de solteiro deve possuir bicama; • O quarto de solteiro deve ter uma cama com colchão de 90cm de largura e bicama de 80cm; • O guarda-roupa do quarto de solteiro não deve ficar com a lateral de frente para a porta ao entrar, deve possuir dimensões maiores do que se estivesse neste espaço; • No quarto de casal optou-se pela cama queen ou king, mas sempre visando melhor circulação e espaço livre no ambiente; • Os quartos devem possuir mesas de apoio e televisões; • A geladeira inicialmente será de apenas uma porta, em modelo já comprado pelo cliente, porém deseja-se, futuramente, adquirir uma geladeira de dimensões maiores que deve estar prevista no projeto; • Não será feita nenhuma alteração de pontos elétricos e hidráulicos em nenhum ambiente; • As bancadas não serão alteradas.

É comum nas cozinhas usar a ideia do triangulo funcional, que parte do princípio do posicionamento equivalente entre fogão, geladeira e pia criando um triângulo imaginário (Figura 36). Esse posicionamento é válido para muitos formatos de cozinha e, dessa forma, facilita a locomoção pelo ambiente. Porém a ideia do triangulo é de maior valia partindo do princípio de criar o projeto do zero, posicionando desde o início a pia e os pontos para cada elemento.

Figura 36 Triângulo funcional da cozinha

Fonte: A autora, 2019.


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Quando os elementos já são pré-determinados é possível criar um layout inteligente e deixar a cozinha organizada e funcional sem que se utilize o triângulo, de forma a otimizar os espaços de acordo com o que já está definido, como é o caso da cozinha escolhida em forma linear. Com a definição dos eletrodomésticos, foi escolhido organizar conforme a Figura 37 e 38, considerando os pontos hidráulicos e elétricos, e separando o ambiente em área de preparo e lavagem, área quente e armazenagem. Figura 37 Croquei da cozinha

Fonte: A autora, 2019.

Figura 38 Posicionamento dos eletrodomésticos da cozinha

Fonte: A autora, 2019.

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64 | Enquanto isso, o layout de cada quarto ficou conforme as Figuras 39 e 40, atendendo as solicitações apontadas no briefing. Figura 39 Croqui da suíte

Fonte: A autora, 2019.


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Figura 40 Croqui do quarto de solteiro

Definindo os espaços e localização de cada móvel, partimos para definição estética e divisão interna das marcenarias. As decisões vão variar conforme os gostos do cliente, podem partir com base em imagens de referências ou criação. Enquanto isso, a divisão interna varia de acordo com a necessidade, para tanto é preciso saber quais itens serão guardados e recorrer ao briefing feito junto com o levantamento métrico. Assim é possível decidir se será necessário área para vestidos longos, calceiro, quantidade de gavetas e prateleiras, espaço para sapateira, altura das prateleiras, localização do escorredor de pratos, entre outros.

Fonte: A autora, 2019.

NESTA ETAPA:

• Definição das dimensões dos elementos do ambiente; • Setorização do espaço; • Determinação da área dos móveis.

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66 | CRIANDO E DESENHANDO OS MÓVEIS Para representar a marcenaria deve-se ter em mente o que você quer do projeto. Assim, todas as informações que são específicas para o que deseja que seja feito devem ser apresentadas em desenho. Nesse sentido, não é precisa detalhar minuciosamente um projeto como se fosse ensinar como o móvel deve ser feito, e sim, expressar sua ideia graficamente para que o marceneiro entenda como é e execute da melhor forma dentro dos conhecimentos dele. Assim como o arquiteto está preparado para projetar dentro de padrões funcionais e estéticos, o marceneiro possui as habilidades de execução e prática.

Figura 41 Diferentes espessuras de MDF

Disponível em: <http://unicamarcenariadesign. Durante a etapa de concepção é interessante realizar a modelagem com.br/815-2/ >. Acesso em: 28 outubro 2019. 3D simultaneamente, pois dessa forma é possível visualizar o que Recuos e alinhamentos: bancada, piso e teto está sendo criado como se estivesse no ambiente, prevendo Ao fazer um móvel embaixo de bancadas, deve-se pensar na situações que podem ocorrer e reduzindo as interferências. seguinte questão: o móvel pode ser recuado ou alinhado (Figura Qual espessura de MDF usar? 42). Tendo em vista que, caso seja área molhada, ao recuar, Existem MDFs de diversas espessuras (Figura 41), dentre eles: 3, 6, 9, protege-se da água que por ventura venha a cair durante o uso. 12, 15, 18, 20, 25 e 30mm. É muito comum usar em desenhos MDFs Enquanto isso, o alinhamento garante mais espaço no interior e de 18mm para desenhar a base dos móveis, sendo representados melhor alinhamento visual externo. em desenho com 20mm, pois facilita cotagem do desenho, mesmo Figura 42 que não seja o adotado pelo marceneiro ao produzir o móvel. A Móvel recuado e alinhado a bancada, respectivamente vantagem é que essa espessura garante rigidez ao móvel e caso seja substituído, provavelmente, será por um valor menor, o que não prejudica o espaço livre do armário que foi determinado em projeto.

Em outros pontos é possível usar também o de 15mm, como em espessura de gavetas, enquanto o de 9mm (representado com 10mm) é ideal para fundos de armários. Outras espessuras podem ser representadas pelo valor desejado ao final, por exemplo nichos de 3 ou 4cm de espessura, e fica a critério do marceneiro decidir o que fazer para chegar a esse resultado, podendo ser pela soma de uma ou mais chapas.

Fonte: A autora, 2019.


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Essa decisão vale principalmente para as laterais dos móveis e para tanto devemos considerar o que traz melhores benefícios ao usuário, pois se trata de uma decisão técnica que não parte de uma opção do cliente. Dessa forma, decidir pela proteção do móvel garante maior durabilidade para a marcenaria projetada e até mesmo melhor acabamento entre o móvel e a bancada. Além disso é preciso prever situações, como por exemplo, se a bancada for de material lavável, pode inviabilizar a limpeza ao definir o móvel dessa forma e o cliente pode nem perceber que ao lavar, corre um risco maior de danificar os móveis.

A opção de recuo e o valor varia conforme material e acabamento da bancada, mas pode ser usado cerca de 2 e 3cm, ou então, caso a bancada possua rodasaia, o suficiente para que o móvel fique dentro da área do acabamento. Essa questão também é comum em piso e teto. Ambas as decisões têm a ver com uso, durabilidade e manutenção do espaço. Em áreas molhadas, como cozinhas e banheiros, encostar o móvel direto no chão não é a escolha ideal. Nesses lugares é preciso proteger os móveis, mesmo que tenhamos inicialmente a ideia que não pode jogar água no piso. Já que, não iremos controlar os usuários, portanto devemos prever até mesmo o que estamos supondo não acontecer.

Essa questão vale também para a parte frontal (Figura 43), o ideal é que seja sempre recuado, protegendo as portas e até as pessoas dos puxadores, já que se trata de uma área de maior contato Para essas situações de área molhada, é possível indicar partes entre pessoa, móvel e bancada. Porém, também é possível decidir do móvel que devem ser em MDF ultra ou naval (Figura 44), pelo alinhamento das portas rente a bancada. ou seja, que são mais resistentes a água, o que é o ideal, mas nem sempre é suficiente. Dessa forma, elevar os móveis do piso garante proteção quanto a água, mas quanto elevar? Figura 43 Corte do móvel recuado e alinhado a bancada, respectivamente

Figura 44 MDF naval ou ultra

Fonte: A autora, 2019. Disponível em: <https://www.madeireiraurbano.com.br/ mdf-ultra-resistente-agua >. Acesso em: 28 outubro 2019.

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68 | Vamos considerar que para a manutenção e limpeza do ambiente será necessário acessar o espaço com facilidade usando uma vassoura ou rodo, por isso, cerca de 20 ou 25cm são indispensáveis considerando um armário de até 60cm de largura. Assim, vale pensar qual a dimensão adequada para atingir o objetivo de limpeza.

unindo o móvel inferior com a torre para o micro-ondas e o móvel superior. Além disso, o móvel foi afastado do chão 20cm e 10cm do teto, optando pelo rodateto recuado, para melhor alinhamento, manutenção e limpeza do ambiente. Enquanto isso, o móvel como divisória vai até o teto por decisão estética de criar algo semelhante a um painel que separa a área de serviço da cozinha.

Enquanto isso, os móveis próximos ao teto, tem três opções: deixar uma altura suficiente para alcançar completamente a parte superior do armário, fechar a parte superior com roda teto ou encostar totalmente a marcenaria no teto. Tais decisões devem ter em vista a manutenção e acabamento do ambiente. Ao escolher por recuar o armário do teto, opta-se por deixar uma distância suficiente entre ele e o forro que permitam acessar para limpeza, tendo visualização completa da parte superior. Essa opção não é vantagem para ambientes com pé direito baixo, pois perde-se muito espaço de armário.

Dessa forma, é possível perceber que a escolha de cada elemento do móvel depende do que desejamos criar, não sendo nada limitado, mas tudo justificado e pensado conforme o uso, prevendo até mesmo o que o cliente nem sabe que poderá ou irá fazer. Assim, fica garantido que a limpeza do ambiente irá ocorrer sem prejudicar a durabilidade dos móveis criados.

Outra opção é fechar a parte superior com um rodateto, vedando a parte superior. Assim, fica garantido o alinhamento entre móvel e imperfeições do forro. Esse fechamento pode ser alinhado ou recuado do móvel, características que são pouco perceptíveis, mas opcionais. Recuar traz a ideia de soltar o armário e deixar como acabamento entre parede e móvel, enquanto deixar alinhado cria a ideia de continuidade.

torna mais difícil perceber se a parede está desalinhada ou não; optar por deixar uma espessura maior colada na parede, como no guarda roupa (Figura 46) a fim de permitir alinhamento de imperfeições; ou então deixar o móvel afastado o suficiente que permita limpeza e manutenção do ambiente, devendo analisar a dimensão de acordo com a situação.

Para guarda-roupas e áreas secas as mesmas questões são válidas. Ao encostar a marcenaria no chão, deve-se ter o cuidado de indicar a opção por MDF resistente a água. Além disso, deve estar previsto uma base de alinhamento entre o chão e entre A escolha por levar o móvel até o teto deve ser vista com cuidado. o teto com o objetivo de corrigir imperfeições e inclinações do Para tanto é preciso que o teto esteja perfeitamente reto ao ambiente. passo que seja possível instalar o móvel nesse local sem que O alinhamento de paredes segue o mesmo sentido da proximidade haja uma parte destinada ao nivelamento. Essa é uma decisão dos móveis entre pisos e entre tetos. Para tanto, é preciso deixar o de característica estética e deve estar alinhada as necessidades móvel colado direto na parede, como foi feito no armário superior funcionais e técnicas do ambiente e da produção do móvel. a geladeira da cozinha (Figura 45), sendo uma área pequena que

No caso dos móveis da cozinha (Figura 45), optou-se por recuar uma lateral inferior esquerda da bancada, alinhar a lateral direita


DETALHAMENTO DE MARCENARIA: GUIA PARA SOLUCIONAR PROBLEMAS COMUNS

Figura 45 Croqui em vista da cozinha

Fonte: A autora, 2019.

Figura 46 Croqui do guarda roupa do quarto de solteiro

Fonte: A autora, 2019.

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70 | Materiais e acabamentos Simultâneo a todo processo de concepção, criação e posicionamento dos móveis, é feita a decisão dos materiais e acabamentos. Para a escolha deve ser considerado os elementos estéticos, a durabilidade, o uso e o valor do produto.

Laminado melamínico

O uso de laminado melamínico (Figura 47), bem conhecido pela marca Formica, agiliza o processo de produção, pode trazer diferentes texturas, cores e acabamentos, e traz resultados mais baratos do que pintura em laca ou lâmina natural. Para esse tipo de acabamento o ideal é indicar a marca escolhido e a referência do material para que fique exatamente como desejado. Pode apresentar variação de cor, texturas, desenhos, e até imitar as lâminas de madeira. São resistentes bem resistentes e podem ser usados em diversos ambientes. Figura 47 Móvel em laminado melamínico

Lâmina de madeira natural

A lâmina de madeira natural (Figura 48) tem uma grande variedade de preço entre as diversas opções de madeira disponíveis. É um acabamento mais primoroso e associado a requinte. Deve ser trata com verniz e por ser natural, a mesma madeira pode ter diferentes séries de produção e apresentar grandes variações de cores e desenhos. Dessa forma, a escolha por esse material implica na aprovação da lâmina disponível nas madeireiras durante o processo de produção do móvel. A disponibilidade e perfeição da peça pode variar de acordo com a época, a amostra deve ser avaliada somente após a aplicação de verniz sobre a lâmina, pois há alteração. Entre os revestimentos tende a ser o mais caro e podem ser considerados frágeis. Figura 48 Móvel com lâmina de madeira natural

Fonte: Acervo próprio, 2019.

Fonte: Acervo próprio, 2019.


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Lâmina de madeira pré-composta

A lâmina de madeira pré-composta (Figura 49) é uma variação da lâmina natural. Produzida através de madeira refloresta é um produto ecológico, a imagem é obtida através da colagem de lâminas, o que possibilita desenhos e cores com algumas características da madeira, porém com desenhos e traços paralelos e sempre com a mesma largura de folha. Assim, se aproxima da lâmina natural, mas não a substitui fielmente, isso garante valores mais baixos para esse tipo de revestimento quando comparadas umas com as outras. Figura 49 Folhas de lâminas pré-compostas

MDF colorido

O MDF usado para estrutura aparente dos móveis normalmente apresentam revestimento branco, é possível indicar que sejam usados MDFs em cores (Figura 50), com diferentes padrões e texturas, permitindo variações dos interiores dos armários e até aparência externa. Para essa decisão também é preciso indicar qual a marca escolhida e qual a referência do material. A variação do branco comum também afeta aumentando os valores da marcenaria e vale conferir com o marceneiro a possibilidade de uso desse revestimento, pois por ter variedades de opções podem ser comprados somente para o projeto em questão, não tendo tanta saída como os materiais comuns, o que agrega valor ao móvel Figura 50 MDF colorido e texturizado

Disponível em: <http://ecofolhas.com.br/ showroom/>. Acesso em: 30 outubro 2019. Disponível em: <http://www.duratexmadeira.com.br/ padroes/portoro/>. Acesso em: 30 outubro 2019.

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Laca

A pintura em laca pode ter dois acabamentos: brilhante e fosca. O acabamento brilhante permite maior visualização das irregularidades e fica com marcas de mãos e dedos com mais facilidade, por isso, é preciso avaliar ao usá-la em locais com fecho toque por exemplo, ou superfícies muito grandes. Já o acabamento fosco é aparentemente mais regular e fica bom em diversas superfícies, como armários e mesas. A laca pode ser usada em todos os ambientes e é ideal para locais com frestas e recortes pois permite melhor acabamento com a pintura (Figura 51). Para especificar esse material é preciso indicar a marca do catálogo onde a cor foi escolhida ou então indicar que será definido futuramente com o catálogo da marcenaria. Indicar a cor por imagem no próprio projeto pode interferir na hora da impressão e até mesmo na visualização em diferentes telas.

Vidro e alumínio

O vidro e o alumínio (Figura 52) podem ser adotados em conjunto para portas de armário, por exemplo. Deve-se tomar cuidado com o peso que o vidro terá no armário, se for uma área muito grande, e como será a sustentação e reforço. Com o alumínio é possível criar a estrutura que irá sustentar o vidro. Nesse caso podem ser usados diversos tipos de acabamentos para os materiais, como vidro jateado, pintado nas cores da laca, ou com desenhos impressos, e até outros elementos como revestimento em couro, telas, etc. Da mesma forma, o alumínio pode ter acabamentos que variam como não ficar aparente, acabamento metalizado e laqueado. Figura 52 Guarda roupa com portas de vidro espelhado e alumínio

Figura 51 Móvel ripado e pintado em laca cor fendi

Fonte: Acervo próprio, 2019.

Fonte: Acervo próprio, 2019.


DETALHAMENTO DE MARCENARIA: GUIA PARA SOLUCIONAR PROBLEMAS COMUNS

Muitos outros materiais podem ser usados ou aplicados nos móveis e, independente do revestimento escolhido, é preciso conhecer e estar alinhado ao que é feito na marcenaria. O projeto serve para indicar o que nós queremos que seja feito, qual resultado pretende-se e a partir daí o marceneiro irá trabalhar com os elementos, materiais e tecnologias disponíveis, podendo haver, após o envio do projeto, ajustes para alinhar algumas informações, como definição de cores e tipos conforme catálogo da marca disponível na marcenaria.

NESTA ETAPA:

• Conhecendo tipos de MDFs que podem ser usados; • Definindo acabamentos entre bancadas, piso e teto; • Conhecendo os revestimentos.

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COZINHA

O PROJETO PONTO A PONTO Nesta etapa veremos informações e dicas pertinentes ao projeto apresentas nas Figura 53 a Figura 90. Figura 53 Cozinha em planta baixa Indicar eletrodomésticos e referências básicas

O bom é que primeiro seja feito um desenho do layout limpo, sem cotas e mostrando apenas as informações iniciais e gerais do projeto

Descrever um pouco dos móveis Indicar projeções

Indicar cortes e vistas

Fonte: A autora, 2019.


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COZINHA

Figura 54 Cozinha, vista A com portas

Dividir as plantas baixas em níveis de detalhamento e indicar em vista

Desenho em vista, cotas verticais

Fonte: A autora, 2019.

As mesmas hachuras e cores representam o mesmo material

Indicar local do led e cor que deve ser usada

Indicar qual o puxador usado

Linha tracejada representa forma de abertura das portas

Indicar marca e cor ou referência

Indicar onde irá acender o LED “A DEFINIR”: Escolher cor depois, de preferência, pessoalmente com o marceneiro OU indicar catálogo e referência da cor


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COZINHA

Figura 55 Cozinha, vista A sem portas

Cota horizontal indicando o recuo do rodateto (evita uma planta baixa para cotar só essa distância)

Fechar parte de cima com rodateto, para ajustes de desnível

Indicar os acessórios com marca, referência e dimensões

Móvel encostado na parede

Cotar altura das gavetas Indicar os acessórios com marca, referência e dimensões

Móvel elevado do chão

Indicar pontos de tomada crianos na marcenaria

Fonte: A autora, 2019.


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COZINHA

Figura 56 Cozinha, planta baixa nível A

Linha traço dois pontos indica projeção da bancada (marcenaria recuada)

Compatibilizar marcenaria com pontos existentes Marcenaria alinhada com bancada

Indicar linha de projeção

Indicar marca e cor ou referência

Fonte: A autora, 2019.


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COZINHA

Figura 57 Cozinha, planta baixa nĂ­vel B

Deixar espaço de passagem de fios para ligar micro-ondas que pode ser usado para localizar fonte do LED

Fonte: A autora, 2019.


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COZINHA

Figura 58 Cozinha, planta baixa nível C

Indicar adaptações para os acessórios

Fonte: A autora, 2019.


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COZINHA

Figura 59 Cozinha, planta baixa nível D Representar níveis do móvel que sejam diferentes, podendo ser com a planta do ambiente todo, ou recorte

Fonte: A autora, 2019.


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Figura 60 Cozinha, corte AA’

Representar corte do LED

Acesso para ponto de gás

Recuo do móvel com relação a bancada para proteção contra água

Fonte: A autora, 2019.

COZINHA

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82 | Figura 61 Cozinha, vista B com portas

COZINHA

Figura 62 Cozinha, vista B sem portas Localização do fecho toque, acionamento ao empurrar a porta contra o móvel

Essa representação é válida para ter noção do espaço e locais onde não é possível planejar móveis

Verificar altura de acordo com cliente Fonte: A autora, 2019.

Fonte: A autora, 2019.


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SUÍTE

Figura 63 Quarto casal em planta baixa

Planta com layout sem cotas para informações iniciais e gerais do projeto Fonte: A autora, 2019.


84 | Figura 64 Quarto casal, vista A

SUĂ?TE

Vista humanizada do painel

Representar LED

Conferir no catĂĄlogo para especificar

Fonte: A autora, 2019.


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SUÍTE

Figura 65 Quarto casal, vista A painel cabeçeira

Indicar cor e localização da fonte do LED

Localizar pontos de energia criados no painel

Fonte: A autora, 2019.


86 | Figura 66 Quarto casal, corte AA’

SUÍTE

Figura 67 Detalhes criado mudo

Indicar qual lâmina natural quer que seja usada e verificar, depois, qual a tonalidade disponível

Indicar marca, modelo, cor e referência, se disponível, do puxador

Pensar em como o painel pode ser estruturado

Fonte: A autora, 2019.

Fonte: A autora, 2019.


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SUÍTE

Figura 68 Quarto casal, planta baixa nível A

Desenhar detalhes e cotar

Figura 69 Detalhe painel ripado

Deixar área de passagem para fios da TV

Fonte: A autora, 2019.

Fonte: A autora, 2019.


88 | Figura 70 Quarto casal, planta baixa nível B

SUÍTE

Ar condicionado em projeção

Localizar tomadas

Fonte: A autora, 2019.


DETALHAMENTO DE MARCENARIA: GUIA PARA SOLUCIONAR PROBLEMAS COMUNS

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SUÍTE

Figura 71 Quarto casal, planta baixa nível C

Representar níveis do móvel que sejam diferentes, podendo ser com a planta do ambiente todo, ou recorte

Fonte: A autora, 2019.


90 | Figura 72 Quarto casal, vista V com portas

Portas facilitam acesso e dão acabamento como painel

SUÍTE

Para inserir essa iluminação tem que aumentar a espessura do MDF para encaixar a luminária

Fonte: A autora, 2019.


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Figura 73 Quarto casal, vista B sem portas

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SUÍTE

Indicar fundo removível para facilitar futuras manutenções

Espessura maior por causa da iluminação

Espaço para vestidos longos

Fonte: A autora, 2019.


92 | Figura 74 Quarto de casal, cortes

SUÍTE

O fundo pode ser afastado 1 ou 2cm para melhorar questões como umidade no móvel

Solução de mesa com gaveta, verificar alturas de acordo com cliente

Fonte: A autora, 2019.


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QUARTO DE SOLTEIRO

Figura 75 Quarto de solteiro em planta baixa

Fonte: A autora, 2019.

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QUARTO DE SOLTEIRO

Figura 76 Quarto de solteiro, vista A com portas

Profundidade do cortineiro ajuda a deixar o ambiente mais escuro, a largura pode variar dependedo da cortina, sendo comum de 15 a 20cm

Podem ser usados em portas de vários tipos e gavetas sistemas de amortecedor, para que o móvel feche lentamente depois de empurrado

Indicar: PORTA/GAVETA COM AMORTECEDOR

Não deixa a gaveta da bicama sair totalmente, já que nesse sistema não tem corrediças Fonte: A autora, 2019.


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QUARTO DE SOLTEIRO

Figura 77 Quarto de solteiro, vista A sem portas

Gavetas podem ser indicadas com corrediças de extração total, ou seja, que abrem até ficarem totalmente para fora do armário

Indicar: GAVETA COM CORREDIÇA DE EXTRAÇÃO TOTAL

Fonte: A autora, 2019.


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QUARTO DE SOLTEIRO

Figura 78 Quarto de solteiro, planta baixa nível A

Pode separar os desenhos para não gerar confusão com muitas cotas

Fonte: A autora, 2019.


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Figura 79 Quarto de solteiro, planta baixa nível B

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QUARTO DE SOLTEIRO

Indicar os acessórios com marca, referência e dimensões

Fonte: A autora, 2019.


98 | Figura 80 Detalhe painel de TV

O painel cria encaixe para TV que permite passagar os fios e esconder a lateral da TV com suporte usado para fixação

QUARTO DE SOLTEIRO

Figura 81 Quarto de solteiro, corte AA’

Fonte: A autora, 2019.

Fonte: A autora, 2019.


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QUARTO DE SOLTEIRO

Figura 82 Quarto de solteiro, vista B externa

Indicar marca, modelo, cor e referência, se disponível, do puxador

Fonte: A autora, 2019.

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QUARTO DE SOLTEIRO

Figura 83 Quarto de solteiro, vista B corte interno

Fonte: A autora, 2019.


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Figura 84 Quarto de solteiro, vista C externa

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QUARTO DE SOLTEIRO

Figura 85 Quarto de solteiro, vista C corte interno

Fonte: A autora, 2019.

Fonte: A autora, 2019.


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BANHEIRO

Figura 86 Banheiro em planta baixa

Figura 87 Banheiro, armário inferior a bancada

Afastar o painel ajuda no alinhamento entre móvel e parede

Não colocar fundo em móveis de áreas molhadas, assim facilita caso seja preciso manutenção

Fonte: A autora, 2019.

Fonte: A autora, 2019.


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BANHEIRO

Figura 88 Banheiro, vistas e cortes

Recuo para proteger o mรณvel

Puxadores esculpidos em marcenaria devem ser desenhados e cotados

Fonte: A autora, 2019.


104 | Figura 89 Detalhe 01, painel de espelho

BANHEIRO

Figura 90 Detalhe 02, puxador

Fonte: A autora, 2019.

Fonte: A autora, 2019.

NESTA ETAPA:

• Definir portas e sistemas de aberturas; • Definir e representar puxadores; • Determinar áreas de passagem para fios; • Projetando cortineiro; • Projetando uma cama; • Demais itens do projeto;


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APRESENTAÇÃO E FINALIZAÇÃO Após definir as características do projeto, localização dos móveis e matérias que serão utilizados, deve ser apresentado ao cliente para aprovação. Para isso, é interessante investir nessa etapa, a fim de que o cliente entenda tudo que está sendo proposto e não se oponha durante a produção do móvel. A apresentação bem explicada ajuda na visualização do projeto e entendimento do cliente e pode ser feita por:

• Planta baixa humanizada; • Vistas; • Desenho a mão; • Imagem 3D renderizada; • Imagem 3D não renderizada; • Combinação de um ou mais elementos.

Para esse projeto, além da planta baixa humanizada e técnica, associada aos desenhos em vistas, foi optado por mostrar imagens 3Ds renderizadas (Figura 91 a 100).

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106 | Figura 91 Imagem da cozinha

Fonte: A autora, 2019.


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Figura 92 Imagem da cozinha, armรกrios abertos

Fonte: A autora, 2019.


108 | Figura 93 Imagem da cozinha

Fonte: A autora, 2019.


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Figura 94 Imagem da suíte

Fonte: A autora, 2019.


110 | Figura 95 Imagem da suĂ­te

Fonte: A autora, 2019.


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Figura 96 Imagem da suíte, armários abertos

Fonte: A autora, 2019.

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112 | Figura 97 Imagem do quarto de solteiro

Fonte: A autora, 2019.


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Figura 98 Imagem do quarto de solteiro, armรกrios abertos

Fonte: A autora, 2019.

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114 | Figura 99 Imagem do quarto de solteiro

Fonte: A autora, 2019.


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Figura 100 Imagem do banheiro da suíte

Fonte: A autora, 2019.

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116 | Seguindo as etapas de projeto, ao final estão concluídos os seguintes passos: • Agrupar informações prévias disponíveis sobre o local; • Separar planta baixa (se disponível) da construtora; • Organizar materiais para levantamento; • Visitar para levantamento; • Identificar previamente os elementos estruturais e os shafts; • Identificar os pontos elétricos e hidráulicos existentes; • Observação visual e espacial; • Medir as dimensões do ambiente; • Medir vãos, portas e janelas; • Medir os elementos fixos existentes; • Medir de pontos elétricos e hidráulicos; • Fazer demais anotações necessárias sobre o local; • Conhecer o cliente, seus gostos, desejos e necessidades; • Fazer um bom briefing; • Definir qual padrão de folha será usado e que facilmente pode ser impresso; • Definir margem e legenda;

• Definir padrões de letras e cotas de acordo com cada escala do desenho; • Passar as informações do levantamento métrico para o software escolhido; • Definição das dimensões dos elementos do ambiente; • Setorização do espaço; • Determinação da área dos móveis; • Conhecendo tipos de MDFs que podem ser usados; • Definindo acabamentos entre bancadas, piso e teto; • Conhecendo os revestimentos; • Definir portas e sistemas de aberturas; • Definir e representar puxadores; • Determinar áreas de passagem para fios; • Projetando cortineiro; • Projetando uma cama; • Demais itens do projeto; • Apresentação e finalização de projeto.

Agora os desenhos encontram-se praticamente prontos e podem estar sujeitos apenas a conferências e correções. Com isso, vimos que projeto não é receita de bolo, mas passa por etapas e segue uma metodologia que pode ser aplicada em todos. Por isso, conhecer o básico e alguns exemplos aplicados, alinhado a um passo a passo discriminado do que fazer, ajuda a desenvolver muitos tipos de desenhos de móveis e de detalhamentos. Dessa forma, o conhecimento prático, alinhado ao estudo de normas e representação tende a proporcionar um projeto completo e capaz de comunicar fielmente as ideias escolhidas. Com a certeza de estar concluindo, bem representado e aprovado pelo cliente, devemos entregá-lo ao marceneiro.


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CAPÍTULO 5: CONSIDERAÇÕES FINAIS

empresas de móveis sob medida que têm contato diretamente com os projetos que chegam para serem executados. Dessa forma, para a proposta desse trabalho, foram eles que apresentaram os erros de elaboração de projeto, apontando a frequência em que ocorriam.

O segundo objetivo específico era buscar soluções práticas que colaborassem para uma boa elaboração de projeto. Isso foi atingido através da apresentação de projetos elaborados com base em revisões de bibliografias e de normas disponíveis, somados ao conhecimento obtido em campo pela autora, por meio de experiências e vivências em marcenaria e observação de elaboração e de montagem de móveis, de forma a solucionar os Quando se iniciou o trabalho de pesquisa constatou-se que erros mais frequentes apontados no estudo de caso. há dificuldade de representação e elaboração de projetos de Além disso, os outros objetivos específicos eram caracterizar uma boa marcenaria por estudantes e profissionais de arquitetura e design representação gráfica e evidenciar o nível de informação necessária de interiores. Somado a isso, os constantes pontos de melhoria em projeto para facilitar a comunicação entre os arquitetos e em projetos de marcenaria escutados pela autora durante anos designers de interiores com marceneiros, que foi possível através instigaram a busca de soluções para os principais erros cometidos da elaboração do projeto executivo de quatros ambientes de um na sua elaboração. Por sua vez, fez-se importante identificar os apartamento, apresentado de forma completa durante o trabalho e erros mais comuns e apresentar soluções adequadas a projetos e enfatizando os pontos mais pertinentes a execução. detalhamentos de marcenaria. A pesquisa partiu da hipótese de que, assim como os erros Diante disso a pesquisa teve como objetivo geral analisar a escutados pela autora durante anos, outros marceneiros teriam os arquitetura e planejamento de interiores com um olhar crítico mesmos problemas relacionados a elaboração e projeto. Com o para projetos de marcenaria e detalhamento, a fim de melhorar trabalho a hipótese foi confirmada, pois os entrevistados alegaram a representação gráfica e reduzir incompatibilidades. Constata- muitos erros em comum de grande frequência nos projetos que se que o objetivo geral foi atendido, pois o trabalho conseguiu, chegavam a marcenaria para serem executados. apresentar projetos de marcenaria adequados a aplicação final, A partir disso, supôs-se que muitos profissionais e estudantes da área tendo todos os dados e desenhos verificados por marceneiros, a não têm contato direto com móveis e marcenaria e isso pode ser um fim de garantir a viabilidade de execução da proposta. dos fatores para projetos com carência de informações ou presença O objetivo especifico inicial era tal destacar os erros mais cometidos de erros. Além disso, durante a pesquisa, verificou-se que há poucas nos projetos de móveis, que foi atendido através do estudo de referências bibliográficas relacionadas a projetos de marcenaria e caso ao aplicar um questionário aos marceneiros responsáveis por principalmente a representação gráfica diretamente ligada a móveis.

CONSTRUIR O FUTURO SONHADO


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Dessa forma, para contribuir com mais informações da área de projetos e detalhamentos, especificamente de móveis, foi elaborado uma proposta de Guia de Projetos de Marcenaria (Capítulo 4: Vamos fazer), que segue a ideia de instruir e exemplificar o processo de elaboração e representação gráfica. Assim, a proposta ensina formas de desenvolver o projeto que podem ser aplicadas a diversas situações e conta com exemplos que ajudam a representar muitos tipos de desenhos, sem que padronize os projetos. Tudo isso foi possível através de pesquisa bibliográfica, documental, boas práticas em campo, por meio de experiências e vivências em marcenaria, observação de elaboração e de montagem de móveis, buscas na internet por novidades acerca da produção de móveis e de acessórios e do crescimento dessa área nos dias atuais, além de aplicação de um questionário a empresas de marcenaria a fim de identificar, pelo olhar do marceneiro, os erros mais comuns em projetos de móveis. Percebe-se que, devido a limitação de tempo, não foi possível apresentar mais modelos de projeto, que poderia contar também com uma coleta de exemplos de móveis disponibilizados pelos profissionais entrevistados que seriam aplicados em projetos para ilustrar outras situações. Assim, seria viável apresentar mais formas de abertura de portas e novos materiais, partindo de exemplos típicos e atípicos a fim de enriquecer o trabalho com maior quantidade de informações e auxiliar os estudantes e profissionais em muitos outros casos. Portanto, para futuras pesquisas, pode-se acrescentar informações que auxiliam na comunicação entre o profissional arquiteto ou designer e o marceneiro. Dessa forma, compreende-se que com o presente trabalho é possível minimizar interferências de projetos e retrabalhos em ambas as áreas, aumentando assim os lucros para os profissionais, à proporção que são solucionados os erros mais

comuns destacados durante o estudo. Assim, o Guia de Projetos de Marcenaria pode ser facilmente utilizado para sanar dúvidas e colaborar com aprimoramento da elaboração gráfica de projetos de marcenaria, agregando ainda mais conhecimento e informação técnica a área que podem ser aplicados como parâmetros em demais projetos.

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REFERÊNCIAS AS BASES DA PESQUISA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10067: Princípios gerais de representação em desenho tecnico. Rio de Janeiro. 1995. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10068: Folha de desenho - Leiaute e dimensões. Rio de Janeiro. 1987. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10126: Cotagem em desenho tecnico. Rio de Janeiro. 1987. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10647: Desenho tecnico. Rio de Janeiro. 1989. Norma cancelada em jul. 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12298: Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho tecnico. Rio de Janeiro. 1995. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492: Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro. 1994. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8196: Desenho tecnico – Emprego de escalas. Rio de Janeiro. 1999. Norma cancelada em ago. 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8402: Execução de caracter para estrita em desenho tecnico. Rio de Janeiro. 1994. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8403: Aplicação de linhas em desenhos - Tipos de linhas - Largura das linhas. Rio de Janeiro. 1984.


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BOOTH, Sam; PLUNKETT, Drew. Mobiliário para o design de interiores. São Paulo: Gustavo Gil, 2015. CHING, Francis D. K; BINGGELI, Corky. Arquitetura de Interiores Ilustrada. 2a ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. CHING, Francis D.K. Representação Gráfica em Arquitetura. 3a ed. Porto Alegre: Bookman, 2000. DOYLE, Michael E. Desenho a cores: tecnicas de desenho de projeto para arquitetos, paisagistas e designers de interiores. Porto Alegre: Bookman, 2000. FARRELLY, Lorraine. Tecnicas de representação. Porto Alegre: Bookman, 2011. GORINI, A. F. A Indústria de móveis no Brasil. Curitiba, Paraná: Alternativa editorial, 2000. SANTI, Maria Angélica. Mobiliário no Brasil: Origens da produção e da industrialização. São Paulo: Editora Senac, 2013. SANTOS, Maria Cecilia Loschiavo dos. Móvel moderno no Brasil. São Paulo: Editora Senac, 2017. SEBRAE. Como montar uma marcenaria. (s. d.) Disponível em: <http://www.sebrae.com. br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-uma-marcenaria,7b987a51b9105410VgnVCM1 000003b74010aRCRD>. Acesso em: 29 abr. 2019. ZAMONER, Michele Tais Dalle Carbonare. Estudo sobre a durabilidade do mobiliário da Cimo S.A.: Uma contribuição para o design de móveis contemporâneo. Dissertação (Dissertação em Design) – Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2016. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1884/43508>. Acesso em: 27 abr. 2019.

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APÊNDICE C O M P L E M E N TA N D O AS INFORMAÇÕES QUESTIONÁRIO Identificação: Marcenaria ___ Município: _______________ 1. Recebimento do projeto • Como o projeto chega até a empresa? Quais os meios utilizados? • Há alguma orientação do arquiteto para a empresa que vai além da entrega do projeto técnico? Se sim, como é feita? 2. Produção • Como o projeto é passado para o funcionário que irá executar? • É feito levantamento in loco para revisar as medidas? Se sim, quem realiza esse levantamento, como ele é feito e o que é feito logo após? • Qual o máximo de erro aceitável para o levantamento das medidas do local? • Pode ser usada alguma espessura padrão para representação gráfica do material usado na estrutura do móvel? Como saber qual a espessura correta a ser usada?


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• O arquiteto acompanha a produção? De que forma? • Qual a solução tomada quando não há especificação no projeto? (ex.: quanto ao tipo de dobradiça, madeira, MDF comum, MDF naval, MDP, corrediça, etc.) • Tem itens que não precisam ser especificados? Quais? • O que é feito ao ser identificado um problema no projeto? • Quais as soluções mais adotadas ao se notar erros durante a montagem de móveis? • O que é feito ao ser identificado um problema no projeto durante a montagem do móvel? • Quais os problemas você julga serem mais comuns em um projeto? Como solucioná-los? • Há algum contato direto com o cliente para o alinhamento de projeto? 3. Entrega • Quem realiza a montagem dos móveis? • O arquiteto acompanha a entrega do móvel? Como? • Como é feito o Feedback do móvel? • Quais os problemas que você já encontrou em projetos? Com qual frequência? • Quais os problemas que você já encontrou em projetos? Com qual frequência? • O que fez para solucionar alguns dos problemas apresentados?

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