Estudo 2 a travessia do mar vermelho

Page 1

1

Lições do Êxodo A Travessia do Mar Vermelho: O Impossível Aconteceu Êxodo 14 Pr. Jorge Patrocinio Introdução Uma das histórias que mais me impressionou quando iniciava meu ministério foi contada pelo Pastor Ronaldo Lidório. Talvez você já a tenha ouvido também. Quando se preparava para o campo missionário transcultural, Ronaldo Lidório viajou ao Peru para um período missionário. Naquela época o Peru estava afundado numa crise nacional sem precedente onde um grupo armado – Sendero Luminoso- tentava tomar o controle do país. Veja uma pequena parte de seu testemunho desta época: “A Igreja Quechua no Peru impactou minha vida de maneira profunda em 1991. O contexto no qual viviam cerca de uma década atrás era de tremenda opressão terrorista. Vários pastores e líderes haviam sido mortos e uma onda de agressão dominava as regiões de Huancayo, Ayacucho e outras áreas por onde passamos. Mas a Igreja amava a Jesus até a morte e isto desafiou-me profundamente. Vi pequenas congregações reunidas com as portas fechadas e cantando aos susurros para não serem descobertos pelo grupo terrorista Sendero Luminoso, pastores viajando dias e arriscando suas vidas para darem uma palavra de encorajamento ao rebanho e um povo que canta o Salmo 23 (Dios Taytallay – ‘O Senhor é o meu pastor...”) como ninguém. Em um dos cultos sentei-me ao lado de uma senhora que contou-me haver se convertido devido ao testemunho do senhor Gonçalez, um idoso evangelista, que após ser torturado em 1989 embaixo de uma árvore, ter suas pernas e braços quebrados, gritava até a morte em alta voz: “A igreja de Jesus continuará caminhando”. Ela, ouvindo este testemunho, correu até a igreja e entregou-se ao Senhor. Jesus sem dúvida está contruindo a Sua Igreja na terra e os Quechuas são um testemunho vivo disto.” Neste escrito Ronaldo Lidório não fala do que lhe aconteceu nesta época. Um dia estava pregando o Evangelho na pequena Igreja as portas fechadas quando um grupo armado invadiu o lugar e levou todos os homens, inclusive Ronaldo Lidório.


2

Ao chegar no lugar foram colocados diante de um paredão enfileirado numa clara posição de fuzilamente, quando um senhor de idade mais avançada começou a discutir com o líder da falange terrorista. Mais tarde Ronaldo Lidório compreendeu que se tratava do pai do terrorista. O senhor mais idoso tentava convencer o filho a não fulizar Ronaldo Lidório, e numa atitude corajosa o senhor idoso colocou-se na frente de Ronaldo para que ele não fosse morto. Aplicação Existem momentos que tudo parece perdido até que o impossível acontece. Aplicação Você já experimentou uma situação semelhante a de Ronaldo Lidório onde a iminente derrocada parece certeira e inescapável? Mas de uma forma providencial o impossível acontece? E Deus promove um livramento através de algo que você nunca esperava. É preciso lembrar as palavras de Jesus em Lucas 18 “o impossível aos homens é plenamente possível para Deus.” O texto que lemos nos conta a história do impossível que aconteceu: A passagem pelo mar vermelho. Na administração da décima praga, Faraó ficou consternado. Disse a Moisés e Arão: “Que saiam todos daqui imediatamente. Eu não quero ver mais a sua face.” O Egito ficou tão chocado com a morte dos primogênitos que deu aos israelitas o que eles precisavam e pediram para a viagem. Mas logo depois Deus mesmo diz em Exodo 14:4 “Endurecerei o coração de Faraó para que os persigam e serei glorificado nele e em seus exércitos.” Por uma ação soberana de Deus de endurecimento do coração, Faraó tem um surto de impiedade e se arrepende de ter se arrependido. Faraó prepara seu exército para perseguir o povo e com carros e cavalos e todo o um exército preparado não demora para que os egipcios alcancem o povo de Deus.


3

O texto que lemos narra este encontro que aconteceu às margens do mar Vermelho. Na série – Lições do Êxodo- estudamos semana passada sobre “A saída do Egito”. Nesta segunda mensagem meditaremos sobre “A travessia do mar Vermelho: O impossível aconteceu” Deus abriu passagem para o Seu povo onde não havia passagem: Para os lados, os desertos e as regiões montanhosas; á frente o mar vermelho e atrás o exército de Faraó. Este é o quadro do impossível – Mas o que é impossível aos homens é plenamente possível a Deus. Sobre a travessia do mar vermelho dois pontos a serem meditados: 1. Porque Deus abriu o mar vermelho? 1.1. Porque Deus determinou trazer juízo em definitivo sobre Faraó e seu exército – Vr. 4 Em Êxodo 7:3 Deus afirma que endureceu o coração de Faraó para ser glorificado na terra do Egito com os Seus sinais e maravilhas. Agora em Êxodo 14 Deus repete a mesma declaração dizendo que seria glorificado em Faraó com o seu perecimento no mar. 1.2. Porque Deus foi “sensível” às limitações do povo – 13:17-18 Deus não os levou pelo lugar mais próximo e sim pelo lugar mais seguro. Essa declaração é interessante e merece uma análise mais de perto. Ora. Deus é soberano e poderoso. A pergunta é: O Deus que destruiu Faraó não poderia vencer os filisteus? Mas aqui Deus vai usar todo o deserto como uma desintoxicação do Egito na vida do povo. 1.3. Porque Deus expandia com o episódio os sinais de sua aliança – Este é um episódio chei0 de significado espiritual para a Igreja cristã conforme os escritos do Novo Testamento. Falamos semana passada que Deus acabara de instituir o segundo sinal da aliança – a páscoa. Deus havia instituído a circuncisão.


4

Eles saíram com os pães ainda por levedar. Não tiveram tempo de colocar fermento na massa. O apóstolo Paulo vê nesta ação a nova abordagem da páscoa da Igreja cristã como sendo os crentes aproximando de Deus em sinceridade e fé. 1 Corintios 5:7-8 “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade.” Mas ao fazer o povo passar pelo mar Vermelho, de acordo com a intepretação inspirada do apóstolo Paulo, Deus estava expandido. A circuncisão era “imperfeita” porque ela servia de “aio” para nos levar a Cristo. Imperfeita não na sua aplicação, pois requeria fé, mas no sinal em si, pois contemplava somente os homens. 1 Corintios 10:1-4 “Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés. Todos eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo.” Deus haveria de instituir o batismo como sinal da aliança e este batismo aconteceria apenas no Novo Testamento; mas ainda lá Deus já começava a usar a água como símbolo da aliança. 2. Quais as lições para nós? 1. Deus é fiel às Suas Promessas – Vrs. 10-13 Logo no primeiro obstáculo o povo murmurou, teve medo e reclamou com Moisés. Mas Deus iria libertar aquele povo porque o momento era chegado de fazer cumprir Suas promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó. Existe em nossos dias uma corrente doutrinária entre os evangélicos do Brasil que ensina que a fé é tudo. Usam textos isolados da Bíblia: Sem fé é impossível agradar a Deus. Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda. Então essa corrente diz que você precisa “reivindicar” de Deus baseado na sua fé. Outro dia eu ouvi um pregador dizer na televisão:


5

Se você não tiver fé, venha assim mesmo, porque eu tenho fé. Eu vou pedir baseado na minha fé. Essa é uma forma clássica de transformar a fé como um fim em si mesmo. Se Deus fosse tratar o povo de Israel na saída do Egito baseada na fé do povo, Ele devolveria o povo para Faraó alí mesmo às margens do mar vermelho. O que Deus fez, então, foi trazer à tona e cumprir a parte de Sua aliança. Veja: Eu não estou dizendo que você não precisa ter fé; mas o ponto aqui é que Deus não nos trata primariamente fundamentado em nossa fé, mas em Sua promessa e Seu amor. Porque a própria fé que temos é dom de Deus. 2 Timóteo 2:10-13 “Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória. Fiel é esta palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele; se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos negará; se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.” Pergunta: Porque aquele povo duvidou tanto de Deus? Eles estavam vivendo por quatrocentos e trinta anos no Egito, mas o senso de religiosidade judaico é extraordinário. As famílias continuavam ensinando seus filhos os preceitos do Senhor. Prova disso é que Moisés viveu quarenta anos na Corte, mas sua mãe conseguiu imprimir nele um fogo consumidor, um zelo extravagante pela obra de Deus. Porque, então, aquele povo duvidou tanto? Em Êxodo 12:37-38 nos diz que somente os homens que saíram era 600 mil; mas juntamente com as mulheres, crianças e o gado subiu também com eles “um misto de gente”.


6

Segundo alguns comentadores estima-se que o total de pessoas tivesse chegado a três milhões de vida. Essa “mistura de gente”, possivelmente eram escravos oriundos de outras nações, que aproveitaram a ocasião para escapar da opressão egípcia. Que povo era, então, aquele povo? Mais à frente Moisés escreve em Números 11:4-6 que eles serviram de pedra de tropeço para os hebreus, e os incitaram a murmurar no deserto, quando não havia carne para comer O texto diz assim: “E o populacho que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e também disseram: Quem nos dará carne a comer?” Graças a Deus que Ele não nos trata segundo a nossa justiça e capacidade de crer n’Ele, mas segundo a Sua muita misericórdia e poder para sustentar a Sua aliança. 2. Deus age no cotidiano da vida – Vr. 2-3; 15-16; 21-22 Veja o que Deus fez ali: Eles estavam fugindo, mas de repente Deus mandou que o povo parasse, retrocedesse e se acampasse diante do mar Vermelho. Havia pelo menos dois caminhos para irem além do mar vermelho. Poderia o povo subir ao norte e rodear a ponta do mar vermelho. Ou mesmo descer para o sul e ganhar as terras de povos vizinhos. Mas Deus pensou cuidadosamente para eles passarem pelo meio do mar. Moisés levantou a vara e Deus soprou um vento oriental que bateu sobre o mar vermelho. Veja esta expressão “vento oriental”? Você sabia que os céticos buscam nos fenômenos da natureza a resposta para os milagres do deserto? O mar se abrindo, as cordonizes e o maná. O homem sempre esperou milagres de Deus. Quando Jesus estava na cruz alguns disseram “desça da cruz e creremos em Ti.” Mas quando estes milagres aconteceram muitos não acreditaram. Algo importante: Deus está enganjado em sustentar o mundo e salvar o homem. E para tal Deus sempre exerceu as forças para a promoção da vida. Deus age no natural de forma sobrenatural.


7

O que é milagre? Milagre é uma intervenção do reino espiritual na terra. Cientificamente o milagre não faz sentido. Todas as vezes que Deus toca a terra, há um milagre. Neste sentido, então, o mundo está impregnado de milagres de Deus. É um milagre estarmos vivos. A terra é sustentada pela mão de Deus. Mas em alguns momentos os reinos espiritual e natural se encontram e o sobrenatural de Deus toca o natural do homem. Neste momento há um milagre diferente. Um milagre que é raro no cotidiano: uma enfermidade curada, um livramento da morte como Ronaldo Lidório. O nosso problema é que só esperamos esses milagres raros, a subversão do natural e nos esquecemos de viver o simples do cotidiano. Mas o fato é que Deus usa muito do nosso cotidiano. Deus está ativo em nós. Ele intervém para fazermos a Sua vontade e vivermos para a Sua glória. Deus usou tanto Moisés com as mãos levantadas como o vento oriental para fazer aquele povo passar a pé enxuto no meio do mar.

3. Deus usa as atitudes do homem – Vr.15-16 Neste momento Deus faz uma declaração que não é encontrada em nenhum outro episódio: “Porque clamas a mim, diga ao povo de Israel que marchem?” Este é o único lugar na Bíblia que parece sugerir que Deus repreendeu a oração do povo. O fato é que Deus repreende o povo porque eles estavam usando a oração como uma lamúria congelante. Eles não estava naquele momento usando a oração para articular a estratégia do livramento mas para reclamar pela situação de encurralamento que tinha se colocado. Há tempo para orar, mas há também tempo para marchar. A oração eficaz pressupõe estratégia e atitudes determinantes. O povo tinha que passar pelo mar vermelho porque muitos ensinamentos sairiam dali.


8

Nada acontece por acaso. Até as ações dos ímpios são usadas para a glória de Deus. Compreender isso nos ajuda porque somos agentes transformadores na implantação do Reino de Deus. A Bíblia diz que “manifestamos a multiforme graça de Deus.” Conclusão Portanto, lembre-se: somos agentes transformadores na implantação do Reino de Deus. A Bíblia diz que “manifestamos a multiforme graça de Deus.” 1. Deus é fiel às Suas Promessas – Vrs. 10-13 2. Deus age no cotidiano da vida – Vr. 2-3; 15-16; 21-22 3. Deus usa as atitudes do homem – Vr.15-16


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.