Estudo 9 deus fala a moisés no monte sinai

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DEUS FALA A MOISÉS NO MONTE SINAI Êxodo 19 IPCci 11/5/2-14 Pr. Jorge Luiz Patrocinio, Ph. D. Introdução Finalmente, irmãos, eles “chegaram” no local onde Deus havia dito que viriam para relacionar-se com Ele. Eles chegaram ao monte de Deus. Quando ainda estavam no Egito, Deus mesmo indicou este lugar a Moisés. Em Êxodo 3:12, no chamado de Moisés, Deus disse: “Eu serei contigo; e este será o sinal de que eu te enviei; depois de haveres tirado o povo do Egito, servireis a Deus neste monte.” E Moisés repete essas palavras a Faraó em Êxodo 5:1 “... assim diz o Senhor, Deus de Israel: deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto.” E agora após 60 dias que tinham deixado o Egito, eles chegam ao lugar da adoração a Deus. Não era o destino final. O destino final era a terra prometida. Você se lembra que esta terra prometida estava sendo conquistada por Abraão, Isaque e Jacó quando, por causa dos 7 anos de seca e fome, o povo de Israel precisou mudar-se para o Egito a convite de José. Mas o monte Sinal era o destino da adoração. Nem mesmo Abraão, Isaque e Jacó, quatrocentos e trinta antes do Egito, tinham vivido a plenitude de adoração e das orientações que eles iriam receber ali no Sinai. De acordo com Deuteronômio 1:2 eles estão a uma “jornada de onze dias desde aquele monte Horebe até Cades-Barnéia” onde os espias seriam enviados para fazer um reconhecimento da terra. E segundo Números 10:11, o povo de Israel ficou na região do monte Sinai por um ano, até que a nuvem se ergueu de sobre o tabernáculo para colocar os israelitas em marcha novamente.


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Neste período de um ano, eles recebem todas as informações e direcionamentos sobre a vida política, social e principalmente religiosa-espiritual do povo. A saída do povo em direção a Cades Barnéia está retratada no capítulo 33, com instruções, e em Números 12. Ou seja, a partir de Êxodo 19 o restante do livro, com exceção do capítulo 33, é gasto com as instruções ali na região do Sinai. O capítulo 19 retrata a chegada do povo de Israel no monte Sinai e o início dessas ordenanças. É um episódio cheio de acontecimentos e detalhes. E enquanto naquela viagem de 60 dias o povo tinha experimentado a presença de Deus através do Anjo do Senhor e da nuvem (dia) e coluna de fogo (a noite), agora eles estariam face a face com o Senhor Deus Todo-Poderoso. Deus fala ao povo e para isso, Ele convoca Moisés a subir aquele monte e ouvir as Suas ordenanças. A fala de Deus neste capítulo engloba três estágios específicos: Estes estágios estão delineados nos seguintes versículos: O primeiro momento desta fala começa no versículo 3 que diz: “Subiu Moisés a Deus, e do monte o Senhor o chamou e disse...” No versículo 7 Moisés desce do monte para falar com o povo. O segundo estágio desta fala aparece no versículo 10 “Disse também o Senhor a Moisés...” No versículo 14 nos diz que “Moisés tendo descido do monte ao povo, consagrou o povo...” O terceiro momento deste capítulo começa no versículo 17 “Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus...” E nesta noite eu gostaria de pontuar algumas declarações desta fala direta de Deus a Moisés e ao povo dentro desses três momentos.

DEUS FALA A MOISÉS NO MONTE SINAI 1. No primeiro momento desta fala o que Deus diz? Deus reitera quem é aquele povo – Vrs. 3-6


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Naquele lugar chega aquele povo cansado de quatrocentos e trinta anos de escravidão e agora de sessenta dias de caminhada no deserto com todas as dificuldades inerentes a tal caminhada. Era um misto de gente que mesmo experimentando milagres advindos do Senhor em cada obstáculo olhavam para trás. Este é o momento de afirmação de quem é aquele povo e vem das próprias palavras do Senhor a identidade daquela nação. Deus fala sobre quatro características que Ele mesmo tinha imprimido sobre aquele povo. 1. 1. Deus afirma que aquele povo tem uma identidade – Vr. 3 “... assim falarás a casa de Jacó e anunciará aos filhos de Israel.” Deus está lembrando ao povo a sua história antes do Egito. Precisamos lembrar que Deus nos vê como o povo com identidade, e assim como eles eram chamados de casa de Jacó e filhos de Israel; nós somos chamados de “cristãos” e “filhos de Deus.” 1.2. A segunda declaração da boca de Deus é que se tratava de um povo livre – Vr. 4 “Tendes visto o que fiz aos egípcios e como vos levei sobre asas de água e vos cheguei a mim.” Deus levou aquele povo sobre asas de águia. Os acontecimentos da passagem do mar vermelho não é outra coisa senão um grande livramento do Senhor. Deus também fala a cada um de nós nos exortando a ver aquilo que Ele tem feito por nós, em nós e através de nós. Aqui quem cantou muito bem este estado de libertação foi Asaph Borba: Nós somos o povo a quem Deus libertou Verdadeiramente somos livres Pois fomos comprados por seu grande amor Sim, Cristo nos resgatou Tirou-nos da mao do inimigo

E nos trouxe a um lugar de gloria Onde temos constante abrigo E onde temos garantida a vitoria Tirou-nos do império da escuridão E nos trouxe ao seu Reino de luz Um Reino de paz, alegria e perdão O qual nosso Rei é Jesus


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1.3. Deus também diz que eles eram um povo escolhido – Vr. 5 “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. O profeta Zacarias 2:3 nos diz: Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Depois da glória ele me enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho. Este texto ganha eco nas palavras do apóstolo Pedro. É provável que Pedro tenha lido Êxodo 19:5 quando escreveu: “Vós sois povo de propriedade exclusiva de Deus.” (1 Pe. 2.9) 1.4. Por fim Deus diz que aquele povo era um representante federal (Um povo de sacerdotes para todos os povos) Vr. 6 “vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa...” Mais uma vez as palavras de Pedro ecoam altissonante: “Vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa...” (1 Pe. 2.9) E porque Deus os escolheu? A resposta a essa pergunta nos ajuda a compreender também porque Deus nos escolheu. Sobre nossa capacidade o apóstolo Paulo diz que Deus escolheu as coisas fracas para envergonhar as fortes e as coisas loucas do mundo para confundir as sábias. Mas a resposta do porque Deus escolheu encontra-se em Deuteronômio 7:6-8: “Porque és povo santo ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhes fosse o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra. Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu porque fosseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos. Mas porque o Senhor vos amava e, para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Fará, rei do Egito.” Nós fomos salvos e libertos pela graça e somos mantidos pela misericórdia do Senhor. Essa verdade deve gerar em nós gratidão (apresentando-se a Ele dia a dia para adorá-lo) e devoção (apresentando-se a Ele dia a dia para servi-lo)


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Após Deus declarar claramente a identidade daquele povo, Ele agora começa a preparar o povo para a Sua manifestação de poder. Esse é o segundo ponto da mensagem e do texto.

2. No segundo momento o que Deus fala? Deus convoca o povo à santidade – Vr. 10-11 O povo devia preparar-se para encontrar-se com Deus. As palavras do profeta Amós 4:12 diz: “...prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus.” E Josué 3:5 “Santificai-vos porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós.” No versículo 11 Deus diz “estejam prontos... porque à vista do povo o Senhor descerá sobre o monte.” Existe um descaso muito grande por parte de vários cristãos em nossos dias no que diz respeito ao relacionamento com o Senhor. Muitos parecem relacionar-se com um Deus mudo e obediente que não fala sobre Suas ordenanças e que obedecem às necessidades diversas de seus adoradores. É como um Deus religioso que é, e deve ser, encontrado apenas dentro do templo. Mas a Bíblia diz que Deus quer se relacionar na intimidade conosco e nesta intimidade, ou pacto ou ainda aliança, Deus ouve e fala, Deus abençoa, mas requer adoração exclusiva e santa. Precisamos nos santificar e nos preparar para encontrar com Deus e servir a Deus. A Confissão de Fé de Westminster chega a dizer sobre os nossos preparos mais seculares para servirmos a Deus. Sem se ater ao preparo espiritual, interior e de santidade, ela fala sobre prepararmos para cultuar a Deus. No capítulo 21 a CFW item VIII diz que o domingo “precisa ser santificado quando os homens, devidamente preparado os seus corações e de antemão ordenado os seus negócios ordinários, na só guardam, durante todo o dia, um santo descanso das suas obras, palavras e pensamentos a respeite de seus empregos seculares e de


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suas recreações, mas também ocupam todo o tempo em exercícios públicos e particulares de culto...”

3. No terceiro momento o que acontece? Deus se manifesta no Sinai com poder–VRS. 12-24 Deus havia declarado a identidade daquele povo e o convocado para um preparo solene em santidade para este encontro; mas nesta convocação fica manifestada a discrepância, o abismo, entre a justiça do homem e a justiça de Deus. O monte Sinai se torna o lugar da revelação da grandiosa santidade e poder do Altíssimo. Vr. 12 “Marcarás em redor limites ao povo...” Deus impõe limites de aproximação que é na verdade manifestação de Sua graça para não consumir aquele povo. Vr. 17 “Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus...” Moisés passa a ser o grande mediador do Sinai entre o povo e Deus. E aqui há um grande ensinamento: O Deus do Sinai é manifestado também no monte Calvário. “Porque há um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus homem.” No monte da transfiguração Moisés aparece, mas em seguida os discípulos vêem somente Jesus: “Este é o meu filho amado, a Ele ouvi.” (Mc. 9.7) O Sinai e o Calvário são elucidativos: Eles, aparentemente, são dois montes contraditórios. No Sinai, Deus mata; no Calvário, Deus morre na pessoa de Seu Filho. No Sinai, Deus grita; no Calvário, Deus suplica. No Sinai, Deus ameaça; no Calvário, Deus espera. E nas palavras dos reformadores Lutero e Calvino, no Sinai Deus se torna absconditus, no calvário Deus se torna revelatus. O fato é que em ambos temos um mediador: No Sinai, temos Moisés. No calvário, temos Jesus. Em ambos temos a salvação; No Sinai, a Lei. No Calvário, a graça.


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E ambos se complementam: O Sinai é sombras. O Calvário é a revelação exata. O Sinai e o Calvário nos ensinam que o Deus do Velho Testamento, não é diferente, é o mesmo do Novo Testamento. Ele não é mau e radical no Velho, e bom, amoroso, misericordioso no Novo, não! A Bíblia diz que Deus É eterno, Nele não existe mudança nem sombra de variação. Deus não é homem para mudar. Ele sempre foi amor; Ele não foi intransigência e agora é amor. Ele sempre foi amor e sempre foi justiça, revelando o pecado do homem e o caminho para a sua aceitação.

Conclusão Este foi o grande momento do povo de Deus para ser firmado diante do Senhor. Três coisas acontecem no Sinai: (1) Deus faz a revelação de quem é aquele povo; (2) Deus os convoca santidade e (3) Deus manifesta-se com poder.


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