Estudo 8 o conselho de jetro

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O CONSELHO DE JETRO Êxodo 18 Pr. Jorge Luiz Patrocinio, Ph. D. Introdução Provérbios 11:14 nos afirma: “na multidão de conselheiros há segurança.” Nesta última terça-feira estudamos em nossos GCens o capítulo 3 de Tiago com o tema “Sabedoria do alto e sabedoria de baixo.” Ressaltamos que a nossa vida é feita de decisões: Das mais simples como escolher uma roupa a vestir toda manhã; até as mais complexas: como casamento, trabalho, escola, etc. Você tem dois caminhos a seguir em suas decisões: Você pode fundamentar suas decisões na sabedoria humana; naquilo que Tiago chama de sabedoria mundana. Ele leva ao extremo ao adjetivá-la de animal e demoníaca. Ou você pode tomar as suas decisões na sabedoria revelada pela Palavra de Deus; no que apóstolo Tiago chama de sabedoria do alto, divina, santa e pura. O apóstolo Paulo coloca esses dois caminhos de forma diferente em Romanos 12:1 “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.” Os dois caminhos de Tiago – sabedoria mundana e sabedoria divinasão os mesmos caminhos de Paulo- este século e a vontade de Deus.

Aplicação: Uma das fundamentais premissas da sabedoria do alto é que nós não conseguimos viver sozinhos. Nas palavras do poeta inglês do século XCI John Donne (1572-1631), “nenhum homem é uma ilha.”


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Nas palavras do próprio Senhor e Criador: “Não é bom que o homem esteja só.” (Gn. 2.18) O conselho do seu sogro e sacerdote Jetro trouxe para Moisés uma mentoria que lhe proporcionou um alívio e avanço consideráveis na sua capacidade de liderança. Pela análise do texto percebemos que Moisés tinha tomado uma estratégia familiar sábia neste momento de libertação do povo de Israel do Egito. Não querendo colocar seus filhos e esposa em risco, Moisés os deixou na casa de seu sogro Jetro até que todas aquelas demandas da saída do Egito, de guerra e perseguição acabassem. E assim aconteceu: Logo depois que o povo venceu os Amalequitas, Jetro veio a Moisés trazendo-lhe sua família. As demandas iniciais de guerra ficam para trás e agora Moisés começa a alinhar o povo como uma nação diante do Senhor. Pela primeira vez ele se assenta para ouvir as necessidades e dificuldades logísticas e sociais de uma nação aflita e nômade. O capítulo 18 narra a história do reencontro de Moisés e sua família após meses e até anos entre Êxodo 7:14 onde Deus diz a Moisés: “Vai ter com Faraó” e este texto aqui quando Moisés reencontra sua família e o sábio conselho sobre liderança. Conselho este que se perpetuaria para a Igreja de Cristo.

Aplicação Precisamos aprender e desenvolver em nossa vida e em nossa comunidade a capacidade de ouvir os conselhos que vêm de pessoas que têm a sabedoria do alto. Nesta noite eu gostaria de meditar com os irmãos sobre este conselho buscando atitudes para cada um de nós: como igreja e como famílias. Precisamos tomar consciência de uma verdade; a saber, não somos donos da verdade e por isso precisamos uns dos outros para seguir adiante.


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Provérbios 29:18 nos afirma que “não havendo profecia o povo corrompe.” Em outra tradução nos é dito “não havendo visão o povo perece.” E em Eclesiastes 9:13-18 o grande sábio Salomão ao descrever um exemplo de sabedoria ele fala de uma pequena cidade que tinha poucos homens e que foi sitiada por um grande rei e seu exército. E no versículo 15 ele afirma: “Encontrou-se nela um homem pobre, porém sábio, que a livrou pela sua sabedoria...” Hoje eu gostaria de meditar com os irmãos sobre o Conselho de Jetro para Moisés e pontuar algumas verdades universais para a nossa vida. Essas verdades podem ser usadas tanto no contexto corporativo – como igreja- ou individual- como pessoa; ou familiar. Precisamos nos ater para uma verdade universal e irremovível; a saber, entre várias coisas que nos fazem iguais a povos de todos os lugares da terra e das mais variadas culturas, línguas, crenças, economias, etc. E ainda nos iguala a povos antigos e as gerações futuras... É a dependência humana do nosso próximo. A Bíblia diz que “ninguém vive para si mesmo” (Romanos 14:6) E podemos completar sem medo de errar que “ninguém vive por si mesmo.” Além disso, o apóstolo Paulo afirma que “somos todos membros de um único corpo.” Viver em família e em comunidade- viver em uma comunidade cristã- requer de cada um de nós uma disposição mental e prática de partilhar e compartilhar os nossos dons e talentos; bem como as nossas dores e necessidades. É preciso lembrar que um dos nomes do nosso Senhor Jesus citado pelo profeta Isaías 6:9 é que Ele é “Conselheiro.” Viver como corpo sob a orientação de Cristo é dispor o nosso coração a viver um processo retro-alimentador de ajuda e aconselhamento. O processo de mentoria espiritual está fundamentado exclusivamente na declaração de Jetro no versículo 11: “Agora, sei que o Senhor é maior que todos os deuses, porque livrou este povo debaixo da mão dos egípcios, quando agiram arrogantemente contra o povo.”


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Uma frase que tem sido pontuada desde o início do treinamento dos nossos GCens se aplica aqui: “NÓS SOMOS SERVOS E SANTOS” Como servos, somos aqueles que levados para o Seu reino foram chamados para servir. Como santos, somos aqueles que Deus mesmo livrou das garras do Faraó espiritual. O apóstolo Paulo clarifica muito bem isso em Colossenses 1:13: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor.” “O Senhor é maior que todos os deuses e Ele nos livrou do Egito...” Você precisa ter consciência de quem você é: Você é um filho de Deus. E em Efésios 4:17 Paulo nos exorta a que “não mais andemos como andam os gentios.” Devemos andar em novidade de vida, como novas criaturas e filhos de Deus, em comunhão, submissão, amor, humildade e crescimento: Pensemos, pois sobre:

O CONSELHO DE JETRO O Conselho de Jetro para Moisés tem ingredientes atuais para cada um de nós. Portanto, todas as vezes que precisamos tomar decisões e necessitamos da sabedoria do alto, algumas verdades que saíram da boca de Jetro podem e devem ser usadas por nós.

1. Faça uma clara análise da situação – Vr. 14 “Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, perguntou: Que é isto que tu fazes ao povo? por que te assentas só, permanecendo todo o povo junto de ti desde a manhã até a tarde?” Jetro fez um reconhecimento da situação. Ele “viu”. Ele investiu tempo em fazer uma observação desprovida de inclinações humanas. Ele viu a situação com um olhar de fora. Em Mateus 21 e Marcos 11, os evangelistas mencionam a “purificação do Templo” por Jesus. Este é o único episódio que Jesus usa ação tão enérgica a ponto de expulsar os vendedores do Templo. É difícil para nós humano ler essa passagem sem deixar que a nossa


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mente imagine que Jesus tenha perdido o controle. É difícil para nós entender a expressão “ira santa.” E Mateus relata o acontecimento desta forma: Cap. 21:12 “Tendo Jesus entrado no templo expulsou todos os que ali vendiam e compravam; também derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas e disse-lhes: Está escrito: a minha casa será chamada casa de oração, vós, porém a transformais em covil de salteadores.” Mas um detalhe neste acontecimento passa despercebido por Mateus, mas não passa pelo evangelista Marcos. Neste mesmo episódio, no capítulo 11:21, na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, o evangelista Marcos diz o seguinte: “Quando entrou em Jerusalém, no templo, tendo observado tudo, como fosse já tarde, saiu para Betânia com os doze.” Somente depois desta observação é que Jesus retorna ao templo e faz uma limpeza na casa de Deus. Você percebe que mesmo Jesus fez uma boa análise da situação e refletiu sobre as coisas que via no Templo? Outro exemplo muito interessante é a reconstrução dos muros de Jerusalém por Neemias. Assim se procede: Neemias 1:1-4 “Sucedeu no mês de quisleu, no ano vigésimo, estando eu em Susã, a capital, que veio Hanâni, um de meus irmãos, com alguns de Judá; e perguntei-lhes pelos judeus que tinham escapado e que restaram do cativeiro, e acerca de Jerusalém. Eles me responderam: Os restantes que ficaram do cativeiro, lá na província estão em grande aflição e opróbrio; também está derribado o muro de Jerusalém, e as suas portas queimadas a fogo.Tendo eu ouvido estas palavras, sentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e continuei a jejuar e orar perante o Deus do céu.” Neemias recebeu o relatório da situação: orou, chorou, jejuou e decidiu agir. Mas quando ele chegou em Jerusalém qual foi a primeira atitude sua? Vejamos o que diz Neemias 2:11-15: “Cheguei, pois, a Jerusalém, e estive ali três dias. Então de noite me levantei, eu e uns poucos homens comigo; e não declarei a ninguém


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o que o meu Deus pusera no coração para fazer por Jerusalém. Não havia comigo animal algum, senão aquele que eu montava. Assim saí de noite pela porta do vale, até a fonte do dragão, e até a porta do monturo, e contemplei os muros de Jerusalém, que estavam demolidos, e as suas portas, que tinham sido consumidas pelo fogo. E passei adiante até a porta da fonte, e à piscina do rei; porém não havia lugar por onde pudesse passar o animal que eu montava. Ainda de noite subi pelo ribeiro, e contemplei o muro; e virando, entrei pela porta do vale, e assim voltei.” Portanto, irmãos o primeiro conselho para nós é: Faça uma clara análise da situação.

2. Tenha uma visão clara da vontade de Deus sobre sua vida – Vr. 19 “Ouve agora a minha voz; eu te aconselharei, e seja Deus contigo: sê tu pelo povo diante de Deus, e leva tu as causas a Deus.” O primeiro passo, analisar uma situação de forma clara e sem préconceito é o ponto fundamental. Igualmente importante está a vontade de Deus. Jetro disse: “Eu te aconselharei e Deus seja contigo.” Não é somente reconhecer a situação, mas tomar as atitudes que estão afinadas com a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Qual é a sua demanda nesta noite? Ouça o que Jetro disse: “Leva tu as causas a Deus.” Neste versículo há várias marcas desta vontade de Deus que se revela: (1) Por aconselhamento de pessoas mais experientes que nós - “Ouve agora a minha voz; eu te aconselharei...” (2) Pela presença de Deus sobre nós – “...e seja Deus contigo...” (3) Pelo envolvimento com o povo de Deus – “...sê tu pelo povo diante de Deus...” (4) Pela oração constante – “...leva tu as causas a Deus.”


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3. Busque a cada dia a intimidade do Senhor – Vr. 21 “Além disto, procurarás dentre todo o povo homens de capacidade, tementes a Deus, homens verazes, que aborreçam a avareza, e os porás sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dez.” Jetro aqui oferece a Moisés algumas características dos homens que deveriam dirigir o povo: capazes, tementes a Deus, verazes (verdadeiro e confiável), aborrece a avareza (não são apegados aos bens materiais). Precisamos de homens assim que possuam estas qualidades que os levem para uma vida íntima com o Eterno. A propósito, estamos às portas de eleição para oficiais- Presbíteros e Diáconos – e estas qualidades de homens íntimos com Deus são imprescindível. Salmos 25:14 A intimidade do SENHOR é para os que O temem, aos quais Ele dará a conhecer a sua aliança. Salmo 37:4 “Entrega o teu caminho ao senhor confia nele e o mais Ele fará.” Jeremias 29:11 “Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.”

4. Aprenda a valorizar potencial – VRS. 25-26 “E Moisés deu ouvidos à voz de seu sogro, e fez tudo quanto este lhe dissera; e escolheu Moisés homens capazes dentre todo o Israel, e os pôs por cabeças sobre o povo: chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dez. Estes, pois, julgaram o povo em todo o tempo; as causas graves eles as trouxeram a Moisés; mas toda causa pequena, julgaram-na eles mesmos.” Precisamos aprender a valorizar as pessoas ao nosso redor e aqui nestes versículos Moisés demonstra as qualidades de um líder aprovado.


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1. Moisés demonstrou uma capacidade de ouvir – Ele era o líder geral, mas aprendeu a ouvir o conselho do seu sogro; 2. Com isso Moisés manifestou um desinteresse no poder – Ele era o líder, mas não era tirano e soube aproveitar os que estavam a sua volta; 3. Moisés estava aberto a mudanças – Nem tudo é como eu quero ou penso ser o melhor.

Conclusão Uma das coisas mais lindas da Igreja é que ela foi formada como um corpo. Através de nossos irmãos nós crescemos e os fazemos crescer. Ouvir e falar; receber e dar, pedir ajuda e ajudar; são coisas inseparáveis e necessárias para cada um de nós. Que sejamos assim em nossa igreja – Espírito manso e tranqüilo, ensinável e ajudador.


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