Revista concreta (issuu)

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Carta ao leitor Você acorda num final de semana e resolve conferir as novas peças em exposição no Museu da Casa Brasileira. Durante a ida, ao olhar pela janela do ônibus, você repara em certos cartazes colados em certo muro e na tipografia inusitada que os compõe. A viagem segue. Após descer do transporte, a icônica malha das calçadas paulistanas lhe chama atenção. Você segue caminho até o museu. Lá, conhece o acervo e devaneia pensando em toda a evolução pela qual uma simples cadeira passou durante os tempos. Terminada a visita, você decide passar num bar e comer algo. Chegando em frente ao estabelecimento, observa a lousa contendo o cardápio do dia procurando por uma boa refeição que sacie sua fome. Após essa parada, você pega o ônibus de volta. No tédio da volta para casa, pega o celular e abre sua rede social. Lá se depara com uma

ilustração psicodélica que prende sua atenção por certo tempo. O dia está para acabar. Você chega em casa, toma um banho e se deita pensando que o final de semana está passando e a volta para a faculdade na segunda é iminente. Um cotidiano simples talvez não evidencie a abrangência do tema “o design em São Paulo”, mas basicamente cada passo do relato acima estarão presentes nesta revista. A intenção é mostrar os mais diversos aspectos e vertentes dentro deste assunto, seja as grandes obras em museus ou cartazes distribuídos por todo o ambiente da cidade. O objetivo é abranger ao máximo as diversas peças que completam esse grande quebra-cabeças urbano, do mais simples, feito por apenas mais um Silva sem formação alguma na área, às grandes obras de um designer de renome.


sumรกri o


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A influência de Amilcar de Castro.

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Do refinado ao bar de bairro.

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A experimentação da visualidade.

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Concretismo e o Design paulistano.

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Ilustração aplicada ao Design.

Tudo por trás de um lambe-lambe.

Janelas e Paralelepipedos.

Concretismo da década de 1950.


ti po s

A influência de Amilcar de Castro A

re-diagramação

do Jornal do Brasil e

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seu impacto.


Edições do Jornal do Brasil na década de 1950. (diagramada por Amilcar de Castro)

Amilcar Augusto Pereira de Castro ( Nasceu em Paraisópolis, Minas Gerais, 1920 e morreu em Belo Horizonte, Minas Gerais, 2002). Exerceu as funções de escultor, gravador, desenhistas, diagramador, cenógrafo e professor. A obra de Amilcar de Castro como artista gráfico é extensa. Começou, em 1953, como paginador da revista “Manchete” e trabalhou até 2002 (ano de sua morte), quando ainda desenhava para o “Jornal de Resenhas”, veiculo mensalmente pela “Folha de São Paulo”. Em 1957, renovou e modernizou o visual dos jornais brasileiros ao reformar graficamente o “Jornal do Brasil”.

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A

reforma do “Jornal do Brasil”, que era um Jornal de classificados, começa em 1957 e se completa em 1961. O JB é bastante ousado e radical, principalmente na primeira página. Basicamente retiram-se os fios, as molduras, os títulos em negativo. Introduzem-se fotografias, que, além de diagramadas assimetricamente, são recortadas de maneira a enfatizar a sua horizontalidade ou o formato vertical. Estes recortes visavam expor a expressividade informativa das imagens, ao mesmo tempo que estabeleciam um diálogo temático entre elas. Além disso, há um diálogo gráfico entre as diversas fotografias que compõem a página. O branco separa as matérias pelas colunas verticais brancas, também pela diferença de espaçamento nas letras entre uma notícia e outra e pelas chamadas, um recurso muito usado pelas chamadas, um recurso muito usado pelos jornais atuais e que eram novidade para época. Fora a coluna em “L” dos classificados, que mantem a identidade antiga de jornal de classificados, chama a atenção a mobilidade das partes que geralmente são fixas, não somente as fotografias são móveis, também o logotipo e as manchetes. Cadernos internos como o de esporte, a revistinha infantil e as páginas femininas são diagramados apuradamente e também se insere, de forma sofisticada, um novo tipo de publicidade no jornal. Nos próprios classificados, os únicos a não perder os fios originais, aparecem desenhos com espaços em brancos que quebram a monotonia e permitem ao leitor uma pausa. O projeto de diagramação que marcou a imprensa brasileira que visava à modernização do “Jornal do Brasil” é também inseparável da nova figuração

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da escrita do jornal corresponderia assim ao novo imaginário urbano moldado pelos anúncios – affiches; pelos magazines de fait-divers; por comics ou fumetti, outdoors e tevê. Essa diagramação evidencia, assim uma prática semiótica que já era atual e se disseminava por toda parte, mas que não ganhara ainda a paginação do jornal, a relação eficaz, rentável e perturbadora entre a imagem e a palavra, bem como entre a escrita, a tipografia, mancha e sua ausência, e mais branco na página ou resumindo em uma só palavra, essa diagramação trouxe à luz a “dimensão física da palavra”, que se tornava, a partir de então. Amilcar aplicou ao “Jornal do Brasil” a concepção, que também guiou sua escultura, de que cada parte do plano, de cima ou de baixo, à direita ou à esquerda, deve ter o mesmo peso. A estrutura gráfica é, como dizia Amilcar “o carácter de um jornal” por isso a página deve ser “severa, clara, leve, mas séria”, sem detalhes desnecessários, “deve ser direto, preto no branco”. Elegeu também como objetivo do layout tipográfico a adequação da forma ao conteúdo, ou seja, a ideia de que a “boa forma” é aquela reforça a informação. E foi visando a eficácia da comunicação que Amilcar eliminou da composição todo ornamento, tomado como mentira estrutural, descartou por exemplo os “fios”, como denominavam os diagramadores as linhas que separavam as colunas, afinal, como dizia Amilcar “Ninguém lê fios”. Dentre as Inovações dessa “revolução gráfica”, como ficou conhecida na imprensa brasileira, destaca-se a valorização dos claros, dos espaços em branco, em relação às manchas negras da tipografia.


Edição do Jornal do Brasil -10 de Fevereiro de 1961 (diagramada por Amilcar de Castro)

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coti dia n o

Do refinado ao bar de bairro Uma análise dos menus de lousa.

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uando pensamos em lousas, logo nos vêm à cabeça a escola. Durante a aula, o quadro negro é o ponto de atenção de todos os alunos (ou ao menos deveria ser). Porém não vamos focar nesse pensamento. Aqui veremos a lousa como alternativa para bares, lanchonetes e restaurantes, dos mais finos aos mais populares, anunciarem seus cardápios de forma simples e eficaz. Imagine-se como dono de um desses estabelecimentos. É necessário deixar em evidência certos pratos, ofertas e produtos para chamar os clientes que passam em frente ao local. Colocar um cartaz talvez pese um pouco no bolso, visto que este deverá ser trocado conforme o cardápio. A solução para isso? Uma lousa! Simples e eficaz. O cardápio do dia é escrito e conforme for mudando, é só apagar e escrever novamente. Gastos com giz não serão um estorvo. Por esse motivo, muitos microempreendedores optam por essa alternativa. Nessa matéria, buscaremos analisar esses menus de lousa, mostrando suas características, semelhanças e diferenças, além da opinião dos grandes mestres por trás dessa arte.

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Hamburgueria 162. Foto: Luiz Castro.

Naturalmente. Foto: Luiz Castro.

Hambugueria 162

Naturalmente

Nesse caso há menos lanches para divulgar e uma preocupação com a descrição de cada um deles. Como o local não tem um cartaz ou fachada para identificação, o nome do estabelecimento vem na lousa, junto com os pratos do dia. Há uma boa solução para segregar nome, descrição e preço.

Eis outra lousa personalizada. Nela os produtos já estão marcados previamente, tendo apenas os preços à giz, considerando que o local é uma pequena barraca com poucas opções de serviços e não há necessidade de uma troca de cardápios diária. Um funcionário se encarrega das mudanças na lousa.

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Restaurante Violeta Foto: Luiz Castro.

Violeta Dentre os bares visitados, este tem o menu de lousa mais amigável para com o cliente. O funcionário se importou em colocar uma pequena saudação ao frequentador do local, com uma estilização simples. O foco é apenas a sugestão do chef, com um modesto anúncio de outro prato no final, o que acaba tornando o layout mais limpo.

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Le Gusta

Le Gusta Foto: Luiz Castro

Apesar da falta de separação de elementos e a aparente bagunça na composição, o Jorge, ao contrário da maioria dos outros responsáveis pelas lousas, se interessa por tipografia, tatuagem e grafite. Essa lousa é uma boa prova de como a falta de cores diferentes e segregação de elementos causam um certo desconforto visual.

Bareca

Restaurante Bareca Foto: Luiz Castro.

Um típico caso no projeto de um menu de lousa: arrume um quadro-negro, coloque na frente do estabelecimento e deixe o funcionário com a letra mais bonita encarregado de escrever e atualizar tudo. Nesse caso, a funcionária Kelly tem essa tarefa. Interessante observar como os pratos executivos vêm no topo da lista e como cada seção é escrita em cores diferentes, facilitando a leitura e interpretação do cliente.

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car ta z e s

Tudo por trás de um lambe-lambe A tecnologia na divulgação do processo construtivo de peças.

A curiosidade leva à uma interação maior do público com a peça, e seu processo de criação. Foto: Rico Lins.

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Interação do público com cartaz em baixo do Minhocão, São Paulo. Foto: Rico Lins.

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alvez o termo “lambe-lambe” lhe cause certo estranhamento, mas você provavelmente já viu ao menos um deles na sua vida. São típicos cartazes, atualmente mais utilizados como intervenção artística do que em anúncios, que preenchem o meio urbano. Seu processo de impressão pode ser meio arcaico e ultrapassado, mas o resultado um tanto quanto “relaxado”, com alguns borrões e pequenas imperfeições, é justamente um aspecto que os apreciadores dessa arte buscam preservar. É um procedimento simples e barato, logo popular. A preservação de formas de impressão que entraram em desuso é comum e deve ser incentivada, mas como seria mesclar uma dessas formas antiquadas com algo contemporâneo? Como incorporar a modernização em lambe-lambes? Eis que entramos no ponto principal dessa matéria. Rico Lins é um designer que utiliza esses cartazes em seu projeto Cidade Limpa. Nesse projeto, junto com a revista digital Contém Glúten ele adiciona QR Codes nos lambe-lambes, estes que levam à um vídeo documentando todo o processo de produção por trás das obras espalhadas pela cidade. A impressão ficou à cargo da Fidalga, clássica gráfica paulistana conhecida por seus trabalhos com lambe-lambes. Rico Lins a escolheu por ser a única que trabalhava com essas impressões em formato grande e com a volta da moda os lambe-lambes, a Fidalga voltou à ativa, visto que a morte da gráfica seria iminente já que essa técnica impressão estava sendo substituída por novas tecnologias. Os cartazes foram espalhados pela USP, Butantã e abaixo do Minhocão, este último que já tem uma cultura de abrigar essas peças. O QR Code despertou interesse do público em saber onde ele levava. O resultado de tudo isso foi uma mistura perfeita entre o novo e o antigo, fazendo o já esquecido modelo de cartaz interagir com o meio digital.

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mu s e u

A experimentação da visualidade Um passeio pela exposição Ideias Concretas e Construções Sensíveis.

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itmo, quebra da sintaxe visual. É desta maneira brusca que mergulhamos em duas exposições de mestres do abstracionismo moderno da década de 50. Para quem não é familiarizado com o conceito, à primeira vista a exposição parece ter uma certa aleatoriedade sem rumo, porém mergulhar no universo concreto significa entender um conceito que quebrou paradigmas e que se expressa ali de maneira física. O concretismo brasileiro se originou em meados da década de 50 e teve seu marco zero na Primeira Bienal Internacional de São Paulo, que contou com a presença de uma ilustre delegação suíça composta por, entre outros, Max Bill, um dos maiores expoentes já vivos da arte concreta. Esta exposição quebrou paradigmas e influenciou a nata dos artistas brasileiros da época a criarem o viés do movimento concreto paulista. A exposição Idéias concretas começa explorando a experimentação da visualidade dos poemas da época e conecta esta arte à revista noigrandes, o principal veículo de divulgação das idéias do movimento. Após isso os poemas escritos por Haroldo de Campos ganham vida das maneiras mais diversas de modo à adaptar para o mundo real sua incessante busca pela visualidade. Por fim a exposição apresenta um panorama geral das influências concretas nos materiais gráficos atuais. Tivemos a oportunidade também, de irmos à mostra do Centro Cultural Fiesp que contou com mais de 124 obras de 63 artistas de toda a américa latina. Por sua vez o conteúdo é mais geral com relação à temática pois evidencia também os maiores nomes do neoconcretismo carioca. A diversidades de peças presentes dão uma nova perspectiva ao conceito, representando através de esculturas, fotografias e pinturas o ritmo, contraste, e rigor geométrico vigentes.

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Exposição Construções sensíveis. Foto: Anderson Gustavo.

Exposição As ideias concretas. Foto: Anderson Gustavo.

Exposição Construções sensíveis. Foto: Anderson Gustavo.

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foto gra f i a

Janelas e paralelepípedos Uma sobre

crônica visual peças ignoradas.

A

pressa para chegar à aula no horário certo provavelmente priva a maioria das pessoas que vêm e vão de apreciarem alguns dos tantos aspectos do campus que talvez não passem despercebidos por aqueles que tem um olhar mais atento ou tempo de sobra para observar desde as janelas aos paralelepípedos que compõem a arquitetura local). Mas o que há de interessante em janelas e paralelepípedos que os tornam dignos de admiração? Talvez você já tenha passado pela experiência entediante de esperar por algo ou alguém e nesse período, não havia nada para lhe distrair. Filas no banco, a espera por um amigo num ponto da cidade, a demora para ser atendido no hospital. São em momentos como esses que simples objetos ganham uma enorme significância. Você começa a observar o padrão de janelas, as texturas de uma parede e toda a organização do ambiente na intenção de matar o tédio e assim, uma mera peça do local se torna a coisa mais interessante do mundo. Este ensaio fotográfico busca retratar justamente esta visão singular aplicada ao campus Morumbi. Ignorar as obras de destaque do local e focar nos pequenos detalhes e peças que normalmente não despertariam interesse do público, como a textura das janelas e os padrões e ritmo dos paralelepípedos.

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Ritmo descompassado. Foto: Luiz Castro. Universidade Anhembi Morumbi (Campus Morumbi).

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Um novo olhar sobre o comum, cotidiano. Foto: Luiz Castro. Universidade Anhembi Morumbi (Campus Morumbi).

As formas se expressam em meio Ă um mar de claros e escuros. Foto: Luiz Castro. (Universidade Anhembi Morumbi (Campus Morumbi).

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As perspectivas de um dia nublado. Foto: Luiz Castro. Universidade Anhembi Morumbi (Campus Morumbi).


Janelas. Foto: Luiz Castro. Universidade Anhembi Morumbi (Campus Morumbi).

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design grá fi c o

Concretismo e o design paulistano A influência da arte concreta no design gráfico paulistano.

Prédio situado na Av. Paulista. Foto: Anderson Gustavo.

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U

m dos principais vetores do design paulistano, é a ligação deste com a indústria. A maneira expressa com que o âmbito da metrópole se manifesta transforma o olhar para as coisas mais efêmeras do cotidiano. O concretismo surge num período de grande expansão em relação às modificações no meio social e cultural. As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro iniciam seus processos de metropolização, oriundos do êxodo industrial e, pautadas no desenvolvimento urbano. Do ponto de vista de desenvolvimento cultural, este período é de extrema importância uma vez que surgem os principais museus e exposições, que alavancaram as criações concretistas e abriram espaço ao desenvolvimento do design brasileiro na década de 1950.

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Prédio situado na Av. Paulista. Foto: Anderson Gustavo.

O design contemporâneo, dentre as diversas referências, ainda faz alusão ao design moderno da década de 50, talvez de maneira subjetiva a simplificação aplicada à identidade de grandes corporações teve um dos seus primeiro lampejos com o nascimento da escola superior da forma e mais tarde, com o concretismo e à expansão deste através de um dos seus grandes expoentes, Alexandre Wollner. A aplicabilidade é um dos cinco fatores determinantes para uma boa identidade visual, tendo em vista a extensa intermídia contemporânea, é possível afirmar o quão visionários eram, os precursores deste movimento.

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PrĂŠdio situado na Av. Paulista. Foto: Anderson Gustavo.

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en ten d a

Um passeio pela história do movimento concretista brasileiro, na década de 1950. Apontando alguns dos principais acontecimentos e nomes do movimento no eixo Rio de Janeiro (neoconcretismo) e São Paulo (concretismo).

1951

max bill Exposição no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). 1ª Bienal Internacional de São Paulo

1952

ruptura

Waldemar Cordeiro Geraldo de Barros, Anatol Wladyslaw

Estudos do abstracionismo, baseado em Kandinsky, Mondrian e nas teorias da Gestalt.

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Revista Noigrandes


1954 grupo frente

Ivan Serpa Ferreira Gullar Aluísio Carvão Lygia Pape Experimentação de todas as linguagens, foge um pouco do rigor geométrico paulista.

1956

décad

0 5 9 1 a de

A partir da exposição do grupo ruptura, os artistas do Rio de Janeiro e São Paulo começaram a interagir e realizaram juntos a Exposição Nacional de Arte Concreta

1959 A poesia concreta consolida-se como uma nova vertente da literatura brasileira.

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em pa u ta

Ilustração aplicada ao Design As incríveis ilustrações de Bruno Miranda Bruno Miranda, 26 anos, é ilustrador freelancer e mora na grande São Paulo. A primeira impressão que se tem quando reparamos em suas ilustrações, é de vislumbramento, talvez pelas cores saturadas e ao melhor estilo psicodélico, ou pela quantidade enorme de detalhes. Com clientes de peso em seu currículo, Bruno consegue imprimir em suas peças um estilo próprio, as diversas referências da cultura pop parecem ganhar vida mesmo que de uma maneira subjetiva. Seu trabalho, muitas vezes vai de um horror Lovecraftiano à referência das linhas orgânicas típicos do Art Nouveau, do início século XX. Em entrevista para a revista Concreta Bruno Miranda conta um pouco do seu processo criativo e dos primeiros passos de sua carreira profissional.

Foto: Bruno Miranda

Você acha que o design de São Paulo tem uma cara? Um comportamento marcante? Acredito que cada indivíduo tem sua peculiaridade, e São Paulo é cheia de peculiaridades, algumas escancaradas, outras escondidas mais escondidas, bem difíceis de se achar. A cena aqui só tende a fervilhar mais! São Paulo está sempre em movimento, e se manter em movimento é bom! Como começou seu interesse pela profissão? Como foi sua formação acadêmica? Acredito que isso ocorreu quando a vontade de se expressar se tornou mais evidente. O que antes era passatempo foi dando espaço para uma possibilidade profissional. Comecei com um panfleto onde estava escrito “Curso de Comunicação Visual - ETEC Carlos de Campos”, me inscrevi para a prova e tudo fluiu. Tive a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas, primeiro estágio e posteriormente faculdade, curso superior na Anhembi Morumbi, Design Gráfico com ênfase em tipografia. Muito aprendizado de todos os lados, olhos atentos.

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Confusions. Ilustração: Bruno Miranda


Qual sua metodologia de trabalho? Começa com uma boa música. Se for trabalho autoral e só deixar os sentimentos correrem. Se for trabalho freelancer, dou uma boa lida no briefing, faço a composição com fotos e outros registros, começo a traçar o esboço, tento ser o mais sincero possível com o que acredito ser o ideal para o momento da produção, eu e o layout vamos nos acertando com o tempo. Algo que chama bastante atenção no seu trabalho são as cores. Este fundamento amadurece durante qual fase do processo? É utilizada alguma ferramenta para definir um esquema cromático tão marcante? Muito obrigado! Geralmente as cores se ajeitam mais pro final! Preencho tudo e com o tempo as coisas vão se encaixando. Procuro seguir alguma coerência inicial, com cores análogas, complementares ou tríade. Busco algumas paletas na internet também, depois o olhar dita o caminho, às vezes dá certo, às vezes não, produzindo e aprendendo.

Seu estilo é consideravelmente marcante. Como foi este processo para você? Buscando diante tantas coisas, me encontrar. É um processo doloroso, mas a experiência é gratificante. Ser sincero sempre, se questionar sim, mas sem se cobrar demais, tudo no seu tempo. Qual relação você faria do papel do design nas suas ilustrações? Ah, acredito que total influência, composição, peso visual, técnica, bom gosto. Tudo que foi possível ser absorvido dos ensinamentos do Design é aplicado no trabalho do dia-a-dia. O restante é vivência, repertório e amor. Um dos processos mais longos para um artista é a busca por um estilo que se consolide de maneira natural em sua arte. Quais artistas você definiria como suas referências? Gosto muito da atitude do Broken Fingaz, inspiração demais! http://brokenfingaz.com/. Fico maluco com as coisas que eles produzem, cheio de vida, lisérgico!

Qual o peso das composições tipográficas em suas peças? Algo que senti muito presente no projeto Amnesia. A tipografia é um charme, ter a oportunidade de inseri-la na ilustração é uma honra! Faço sempre um treino, quando existe a possibilidade de aplicação na peça, aproveito! O projeto Amnesia foi muito interessante, foram 5 pessoas Projeto Amnésia. Ilustração: Bruno Miranda trabalhando no projeto, cada um contribuindo à sua maneira, um processo muito desgastante, mas enriquecedor. No final das contas, nesse trabalho em particular, acabei não trabalhando tanto com as tipografias principais, apenas com as que eram inseridas nos balões de fala. Seu trabalho muitas vezes é aplicado ao mundo editorial, como é esta troca, há exigências das grandes editoras? Hoje, graças a Deus, grande parte dos clientes editoriais dão uma boa liberdade dentro do briefing, contribuem com ótimas ideias e só otimizam a qualidade da arte! A troca é sempre recíproca, em prol de uma ótima experiência de trabalho.

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Expediente

Diretor responsável

Agradecimentos

Iroko Henrique

Diretor de arte

Waldemar Zaidler, Claudio Ferlauto, Raul Busarello, Lucy Brito, Elisa Quartim, Bruno Miranda, Rico Lins e Virginia Chagas.

Victor Viana José Roberto

Distribuição

Luiz Castro Anderson Gustavo

Gratuita Locais de entrega: bibliotecas públicas e escolas técnicas. Editora Amarelo

Edição de fotografia

Veiculação

Luiz Castro Anderson Gustavo

Secretária da Cultura da cidade de São Paulo. Editora Amarelo

Ilustrações

Gráfica

Anderson Gustavo José Roberto Victor Viana

InPrima Soluções Gráficas Tiragem: 5000 unidades

Edição de texto

Repórteres Iroko Henrique Luiz Carlos

Coordenação Executiva Victor Viana

Coordenação editorial Luiz Castro

Presidente da secretária de cultura de São Paulo José Luiz Penna







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