TFG - Abrigo para cães e gatos na cidade de Serrana

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Abrigo para cĂŁes e gatos na cidade de Serrana Isabela Lucas de Oliveira



Isabela Lucas de Oliveira

Abrigo para cães e gatos na cidade de Serrana SP

Trabalho final de graduação, apresentado ao curso de Arquitetura e

Urbanismo da Universidade Estácio de Sá de Ribeirão Preto como parte dos

requisitos necessários para obtenção do Grau de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Profª Catherine D'Andrea Defendido e aprovado em 10 de Dezembro de 2020. BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________ Orientadora: Catherine D'Andrea

_______________________________________________ Professora Convidada: Alexandra Marinelli

_______________________________________________ Professora Convidada: Viviane Carolina Cantarino Mazarini



"Nossos animais de estimação têm vida tão curta e, ainda assim, passam a maior parte do tempo esperando que voltemos para casa todos os dias. É impressionante quanto amor e alegria eles trazem para nossas vidas, e quanto nos aproximamos uns dos outros por causa deles." "

John Grogan - Marley e Eu




AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer aos meus pais e irmão por todo amor, apoio e incentivo desde sempre, por cuidarem de tudo com amor e zelo, a todos amigos que permitiram que houvesse equilíbrio saudável entre o lazer e as responsabilidades, em especial a Ju e Tati que foram imprescindíveis em inúmeros momentos bons e difíceis do trajeto, meu namorado Wendel pelo apoio e paciência, a todos os professores que enriqueceram minha vida com conhecimentos não só no âmbito profissional, mas também no social expandido minha visão e permitindo uma visão muito mais humana e empática sobre tantas questões sociais, e aos amigos feitos no curso. Em especial ao Henrique, Iago, ítalo e Rebeca, minhas jóias preciosas nesses anos todos,

que por longos semestres foram boas

companhias, serviram de motivação e apoio, fizeram do dia a dia e das correrias dos finais de semestre motivos de boas lembranças e risadas. Por último, mas não menos importantes, as minhas três "cãopanheiras" adotadas: Nina, Lolla e Maya. Infelizmente a Nina nos deixou antes que esse trabalho fosse concluído, mas sou imensamente feliz pela passagem dela na minha família, assim como as outras, passagem essa que me preenche de gratidão com os ensinamentos diários de amor incondicional, puro e verdadeiro que os animais são capazes de dar e despertar em nós. Enfatizo que tudo isso é graças a minha mãe que sempre foi tão amável e empática com a vida animal e nos aproximou e ensinou desde sempre a enxergar o animal com todo amor e respeito que eles merecem.



SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1.1 JUSTIFICATIVA.........................................................................1

1.2 OBJETIVO GERAL....................................................................4 1.3 OBJETIVO ESPECÍFICO..........................................................4 1.4 METODOLOGIA.......................................................................4

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A DOMESTICAÇÃO E A RELAÇÃO HOMEM X ANIMAL....7

2.2 O ABANDONO..........................................................................12

2.3 ABANDONO E SAUDE PUBLICA...........................................16 2.4 DIREITO ANIMAL.....................................................................18

2.5 A PROBLEMÁTICA NA CIDADE DE SERRANA...................20

3. LEITURAS PROJETUAIS 3.1 PALM SPRINGS ANIMAL CARE FACILTY....................................24

3.2 ANIMAL REFUGE CENTRE..............................................................32

3.3 SOUTH LOS ANGELES ANIMAL CARE CENTER.........................38


4. ÁREA ESCOLHIDA................................................44 4.1B DIRETRIZES PARA A ESCOLHA DO ESPAÇO..... .............45 4.2 OCUPAÇÃO DO SOLO............................................................50 4.3 PONTOS NOTÁVEIS E ANÁLISE DE FLUXOS....................51

4.4 USO DE SOLO...........................................................................52

4.5 GABARITO..................................................................................53 4.6 O TERRENO...............................................................................54

4.7 SÍNTESE DE LEVANTAMENTOS............................................55

5. O PROJETO..................................................................57 5.1 CONCEITO.......................................................................................58 5.2 PARTIDO.........................................................................................58 5.3 PROGRAMA....................................................................................60 5.4 ORGANOGRAMA...........................................................................61

5.5 FLUXOGRAMA...............................................................................62

5.6 VOLUMETRIA.................................................................................63

5.7 MATERIALIDADE...........................................................................64

5.8 CONFORTO: SOLUÇÕES TERMICAS E ACUSTICAS............65 5.9 IMPLANTAÇÃO..............................................................................66 6. ACESSOS...........................................................................................67

6.1 SETORIZAÇÃO...............................................................................68

6.2 LAYOUT...........................................................................................70 6.3 VISTAS.............................................................................................89 6.4 CORTES ESQUEMÁTICOS..........................................................91

DESENHOS TÉCNICOS.......................................................................92

REFERÊNCIAS...............................................................97


1. 1 JUSTIFICATIVA A finalidade deste trabalho é estudar, sintetizar e apresentar os problemas causados pelo abandono de cachorros e gatos no ambiente urbano e como a arquitetura, juntamente com órgãos

públicos, pode exercer um papel importante na redução desse impacto urbano quando oferece um espaço projetado para atender a necessidade da cidade de resguardar e cuidar dos animais abandonados, tendo como produto final deste estudo a criação de um abrigo para animais em

situação de rua na cidade de Serrana SP, como forma de alternativa para essa problemática que só cresce, pois nada é feito para amenizar. O abrigo tem a finalidade não só de um espaço físico com o propósito de lar temporário para a remoção desses animais da via pública, mas também como um

centro de cuidados com o animal oferecendo espaço para atendimento veterinário, melhorando a qualidade de vida dos animais, espaços para visitas da população e feiras de adoção para que os mesmos tenham a chance de encontrar novos lares e permitir que outros animais sejam resgatados, cuidados e devolvidos de forma decente a sociedade.

1


Um espaço bem planejado não só resolve um problema urbano, como permite um novo olhar da

população para esse espaço que resgata animais, não mais o vendo como uma área isolada da

cidade onde o animal é “descartado”, mas sim remetendo a ideia de lar e promovendo o interesse das pessoas em adotá-los ou visitar o espaço e interagir com os animais.

Analisando a cidade de Serrana, observa-se um grande número de animais abandonados e

maltratados por estarem em situação de rua.

Além da aptidão e empatia pela vida animal, este trabalho apresenta como justificativa uma questão pessoal onde desde sempre houve movimentação por parte materna junto à protetores de animais

da cidade em busca de cuidados com animais de rua, alimentação, saúde, além de castrações e busca por novos lares para estes animais.

A empatia pela vida animal sempre foi algo presente, onde o olhar arquitetônico só ampliou a

vontade de propor alternativas para esse problema, pensando no bem estar animal, na interação desse espaço com a sociedade e na redução desses animais nas ruas.

2


3


1. 2 OBJETIVO GERAL Construção de um abrigo para cães e gatos abandonados na cidade de Serrana.

1. 3 OBJETIVO ESPECÍFICO Proporcionar um espaço de cuidado e lar temporário aos cães e gatos abandonados, permitindo que os mesmos estejam seguros longe das ruas, bem cuidados e prontos para serem adotados. Além de reduzir os impactos urbanos causados por estes animais estarem na via pública.

1. 4 METODOLOGIA Este trabalho foi realizado através de referências bibliográficas de diferentes tipos:

pesquisas, dados informativos, teses, artigos, outros trabalhos finais de graduação e leituras projetuais em projetos iguais ou semelhantes a proposta, a fim de expandir e embasar de forma teórica a compreensão das relações homem x animal,

relação animal x sociedade e estudos de legislação pertinente, que também possui grande relevância e contribuição no quesito prático e diretrizes de projeto a serem adotadas posteriormente.

Também foi realizada entrevista com uma protetora de animais na cidade de

Serrana a fim de compreender as necessidades de programa e as dificuldades no gerenciamento do convívio de vários animais no mesmo ambiente para melhores definições de projeto.

4


5


2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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2.1 A DOMESTICAÇÃO E A RELAÇÃO HOMEM X ANIMAL

Há inúmeras teorias sobre a relação da domesticação animal,

suas motivações e evolução dessa relação, mas estima-se que a

domesticação iniciou-se desde a pré história e surge quando o homem passa a utilizar a criação de animais como auxilio na

produção de alimentos, cuidados com os terrenos na agricultura e no transporte de cargas e pessoas (WALMAN, 2013) Segundo

Cardoso

(2013)

o

animal

que

contribuiu

para

a

domesticação de cães foram os lobos e que esse processo de

aproximação surge quando os lobos procuram restos de comida deixado pelos caçadores, o que facilitou a aproximação entre eles

GUILLOUX (2011) cita que os humanos selecionavam os animais

mais dóceis como companheiros, além da aceitação dos mesmos na aproximação humana, auxilio na caça e pastoreio.

Sobre a domesticação dos gatos, CARDOSO (2013) menciona ter

acontecido a cerca de 10 mil anos a partir da África e expandiu-se

ao Egito onde além de animais domésticos, tornaram também espaço como uma figura mitológica. E que depois da domesticação os gatos se espalharam por todo o continente através de

diferentes meios de transporte que os humanos usavam para viagens. Atualmente, é possível verificar que os animais estão

presentes e possuem papel muitas vezes ativo em desenhos animados, filmes, livros e propagandas (GARCIA, 2009).

7


Ter um animal de estimação é algo muito

brasileiros

(cerca

de

28,9

milhões

de

comum entre os seres humanos, uma rotina

unidades domiciliares) possuem pelo menos

tratados como membros da família, em

domiciliares) pelo menos um gato.

habitual onde muitos animais inclusive são

alguns casos é uma alternativa de casais que não querem ter filhos, opção para

pessoas que moram sozinhas e precisam de companhia. (WALDMAN, 2013) Nas famílias americanas, animais

de

boa

parte

estimação

dos

tutores

consideram

de

estes

como um amigo e/ou membro da família (WALSH, 2009).

Essa relação entre os homens e os animais

teve inicio nos primórdios da história da humanidade

com

sentimentos

muito

a

domesticação

dos

animais e é mantida até hoje graças a 2004).

peculiares

(FARACO,

Em 2013, a Pesquisa Nacional de saúde

(PNS) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou que pelo menos 44,3% dos domicílios

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um cachorro e 17,7% (11,5 milhões de unidades O IBGE também aponta uma estimativa de população animal equivalente a 52,2 milhões

de cachorros em domicílios brasileiros (média

de 1,8 cachorro por domicílio com pelo menos um cachorro) e 22,1 milhões de gatos em domicílios brasileiros (média de 1,9 gato por domicilio com pelo menos um gato). Segundo

Brasileira

dados da

de

2019

Indústria

de

da

Associação

Produtos

para

Animais de Estimação (ABINPET), o Brasil é o terceiro maior mercado mundial de produtos para

animais

de

estimação,

com

uma

participação de 5,1%, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido. E tendo

em base levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ABINPET

observa que o país ocupa a terceira posição em número de animais domésticos, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.


Existem pesquisas que indicam melhora

emocional

e

psicológica

proveniente

e obesidade se tornarem mais ativas através

do

da realização de exercícios físicos,

convívio entre homem e animal de estimação,

Além de proporcionar relaxamento através do

onde a maioria dos donos de cães e gatos

carinho oferecido pelo animal de estimação,

a introdução dos animais de estimação, além

zooterapia e os serviços prestados pelos cães

afirmaram melhora na qualidade de vida após

até

de diminuição das tensões entre os membros

A

relação

dos

animais

com

mesmo

a

contribuição

através

da

aos deficientes físicos. (COUTINHO ET ALL,

da família aumentando a compaixão inclusive no convívio social (BARKER, 1998)

a

2004).

Apesar de todos os benefícios, vale considerar

crianças

possibilidade de malefícios nessa relação de

sensivas e afetivas, aumentem o senso de

(2001) ressalta que a embora a interação

permitem que estas se tornem mais solidárias, responsabilidade e compreensão dos ciclos da

vida (COSTA-VAL e TATIBANA, 2009). Na terceira

estimação

idade,

pode

possuir

um

impactar

de

animal

de

maneiras

castração. terapias,

nos

estados

de

felicidade

de

relação

de

De

acordo

com

DOTTI

(2005)

é

importante

atenta-se

se

as

questões como lidar com o adoecimento do

animal e até mesmo perde-lo, seja por doença,

e

desaparecimento

melhora estados psíquicos e físicos, podendo

muito

estimular pessoas com sedentarismo

.

uma

afetuosa,

animal, entre outros. E da perspectiva humana,

solidão, melhora a qualidade de vida através aumento

mostre

atividades não estão gerando um estresse ao

(2009), a presença do animal de estimação no

de

como

se

Franco

quando os animais são usados no auxílio de

Ainda de acordo com TATIBANA E COSTA-VAL sentimento

animal

animal.

para ele e sobre a reprodução (através) da

melhorar a auto-estima,l (COSTA, 2006).

do

x

perspectiva

sobre a liberdade, quando quer dar carinho

além de estimular a convivência social e

diminuição

homem

a

autoritarismo, onde que é o homem que decide

alívio em momentos de perdas e mudanças,

causa

com

apresenta-se

positivas através da promoção de conforto e

lar

acordo

sofrimento,

ou

roubo,

angústia

pode e

até

depressão ao tutor. (MIRANDA, 2011).

9

.

acarretar mesmo


.

10


11


2.2 O ABANDONO

Embora tão queridos por tantas famílias brasileiras, o abandono e maus tratos ainda

acontecem de forma muito recorrente e preocupante, pois pessoas descartam vidas como se fossem algo inanimado, inutilizável, sem valor e isso nos faz pensar nas motivações que fazem as práticas de maus tratos de animais são muito comuns na história da humanidade e perduram até hoje. (ESTRELLA, 2008)

Destacam-se como os principais motivos do abandono de animais: rejeição à animais velhos

e doentes, fêmeas com crias, tutores que viajam ou mudam de residência e deixam seu

animal para trás, cachorros que cresce e ficam com porte muito grande, animais barulhentos ou de comportamento agressivo, dificuldade na adaptação no convívio com crianças ou outros animais no lar; alergia a pelos, entre outras causas. (NATALINO, 2016)

A Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (SUIPA) – aponta que o número de

cachorros abandonados cresce em torno de 70% durante o período de férias escolares. Os motivos são mudança de residência e viagens. (BLASO 2015)

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No Brasil, infelizmente o abandono faz parte de uma realidade habitual e corriqueira no dia a dia das ONGs e nas cidades como um todo, esses abandonos acontecem praças, estradas, parques e

até mesmo nas portas de pet shops e hospitais veterinários, onde as vezes existe quem interne o animal doente e não volte mais. (SCHEFFER, 2018) Segundo PATRONEK (1996) os animais com maior risco de abandono são aqueles com problemas comportamentais, animais mais velhos, não castrados e não adestrados, também os obtidos de abrigos ou a baixo custo.

De acordo com dados levantados pela Organização Mundial de Saúde em 2014 há uma

estimativa de que no Brasil o número de animais abandonados esteja em torno de 30 milhões (10 milhões de gatos e 20 milhões de cães).

Figura. Quantidade de cães e gatos abandonados. Fonte: OMS, 2014

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Uma pesquisa realizada em 2007 pela revista “Journal of Applied Animal Welfare Science” e

conduzida por Salman et al, faz um estudo em doze abrigos de animais dos Estados Unidos,

envolvendo cerca de 1.984 cães e 1.286 gatos, foram identificadas as principais causas de abandono:

Em comum entre espécies:

mudança de endereço onde o dono da nova casa não

permitia animais de estimação, instalações inadequadas, muitos animais em casa, problemas pessoais, custo, espaço.

No caso dos felinos:

sujeira na casa, alergias ao

pêlo e a incompatibilidade com outros animais de estimação.

Em relação aos cães:

: ausência de tempo do tutor para interagir com o animal, doenças do animal e comportamentos

desobedientes e imprevisíveis (mordida, por exemplo).

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Figura. Principais motivos que levam ao abandono. Fonte: ANDA, 2014. Adaptado.

14


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2.3 O ABANDONO E A SAÚDE PÚBLICA

Além dos problemas sociais do abandono, esse ato também é percursor de outros

problemas, como por exemplo o de saúde publica, pois além do descontrole populacional desses animais que ficam nas ruas, a ausência de vacinação e adoecimento desses animais

pode fazer com que aconteça contaminação de seres humanos. (LIMA, 2017) Além dos problemas de doenças como raiva e leishmaniose, o animal em via pública também pode causar acidentes. (GIOVANELLI, 2017).

GIOVANELLI aponta como alternativas para a redução dessa problemática além da

castração, enfatizando que muitas ONGs e abrigos procuram fazer mutirões de castração dos animais resgatados para tentar manter o controle populacional destes animais, também

a conscientização sobre a posse responsável e a importância da promoção de campanhas

de conscientização da população não só sobre os problemas de saúde pública, como os

danos causados ao animal e a importância do comprometimento por parte do adotante.

LIMA ressalta que é importante que seja divulgado as consequências do abandono, seja por meio de veículos de comunicação ou programas de conscientização pra crianças e jovens nas escolas e nas universidades a fim de prestar esclarecimentos também sobre a

importância dos animais domesticados na sociedade, mostrando os benefícios em possuir

um animal de estimação e o quão benefico os animais podem ser na sociedade: auxilio no tratamento de doenças, contribuição no PIB nacional, além da geração de empregos diretos e indiretos na fabricação de produtos para PET, entre outros. (LIMA,2017)

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2.4 DIREITO ANIMAL

Abandonar animais é crime federal amparado pela lei de crimes ambientais, que é a

principal lei de proteção aos animais (Lei9.605/98):

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. De acordo com o artigo 225, paragrafo 1° da a Constituição Feral de 1988, cabe ao poder

publico:

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento)

Os crimes contra os animais abrangem o âmbito econômico, social e cultural devido a

gravidade dos maus tratos,m grandes e pequenas cidades as multas e penas que correspondem aos crimes parecem ser insignificantes em relação ao nível de sofrimento dos animais. (MURARO 2014)

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2.5 A PROBLEMÁTICA NA CIDADE DE SERRANA Segundo entrevista realizada com uma atuante protetora dos animais na cidade de Serrana,

Rose Storari, a cidade carece de auxílio público em inúmeras questões: espaço adequado para

esses animais de rua, ausência de políticas de castração a fim de reduzir o número de animais abandonados, carência de feiras de adoção e conscientização a respeito dos problemas do abadono animal, além da ausência de materiais para cuidado de animais resgatados e suporte eficaz que atenda todas as necessidades da cidade. Ainda de acordo com Rose, a cidade oferece

canil e centro de zoonoses com poucos profissionais veterinários para a demanda necessária,

além do canil não ter nenhuma proposta de devolução digna dos cães que lá se encontram, servindo apenas como um "depósito" onde o problema só é mascarado, mas não resolvido. Foi

questionado

sobre

dificuldades

cotidianas ao resgatar um animal de rua em relação as necessidades de espaço e

convivência entre cães e gatos e de acordo

com

a

protetora

as

maiores

dificuldades de espaço em relação ao cuidar dos animais em casa se dá pela

ausência de bais para separação dos

animais, além dos barulhos que podem ser

incômodo

para

os

vizinhos,

em

relação a convivência entre os animais,

Rose afirma que cães e gatos possuem no

geral

boa

interatividade

quando

estão sob supervisão, mas que quando

isso não acontece ela opta por separar os gatos dentro de casa e os cães do lado de fora.

20


Em relação aos problemas encontrados ao resgatar animais e doá-los posteriormente, Rose

relata

que

encontra

dificuldade

em

encontrar

lar

temporário

ou

mesmo

adotantes

comprometidos, pois há casos onde o o animal é doado e depois é novamente abandonado ou continua com o adotante mas em condições precárias de tratamento levando a protetora

muitas vezes a optar por ficar com o animal e não doá-lo, pois além do vínculo criado, essa atitude poupa que o animal corra o risco ser abandonado ou maltratado posteriormente. Rose

acredita que para que um abrigo ou lar temporário funcione, além de todo espaço para

acolhimento dos animais e cuidados veterinários, seja realizado com frequência feiras de adoção onde o poder publico juntamente com órgãos responsáveis por cuidarem do abrigo se

comprometam a verificar periodicamente se o animal adotado está sendo bem cuidado,

permanece com o adotante e se foi devidamente castrado. Ela sugere que os animais saiam do abrigo já castrados ou com castração agendada.

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3. LEITURAS PROJETUAIS

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3.1 Palm Springs Animal Care Facility Palm Srings, Estados Unidos.

.

Fonte: Archdaily, 2012

Palm Springs Animal Care Facility foi projetado pelo escritório americano Swatt | Miers

Architects, está localizado em Palm Springs nos Estador Unidos, possui 21.000 m² de área construida e está situado em um terreno de três hectares.

O centro de tratamento animal era uma necessidade da área e a partir dessa premissa os

Amigos do Abrigo (organização sem fins lucrativos) arrecadaram fundos em parceria com o

poder publico para viabilizar a construção, então a partir da parceria público-privada tornouse possível a construção.

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Acessos e circulação: O abrigo apresenta dois acessos externos: público e para funcionários.

Internamente também segue o mesmo princípio para a circulação: pública (para visitantes) e privada (para funcionários).

Acesso Externo:

A

acesso público acesso funcionários

B

.

Fonte: GOOGLE MAPS + modificaçõs legenda da autora

Os acessos separados dessa forma não só delimitam o acesso entre público e privado como

permite que as entradas publicas organizem o programa: na entrada A fica a entrada voltada para visitantes, enquanto a entrada B direciona a entrada para adotantes e pessoas que precisam falar na recepção.

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.

Circulação: acesso público acesso funcionários

Fonte: PRADO (2017)

.

Fonte: Pinterest + modificaçõs legenda da autora

A circulação delimitada permite que áreas como

setor de funcionários, espaço administrativo e áreas

médicas

tenham

acesso

restrito

aos

colaboradores, enquanto as demais áreas são de livre acesso ao público, permitindo o trânsito

nas áreas dos animais além de oferecer espaço entre

essas

áreas

para

visitantes com bancos e afins.

permanência

de

O projeto conta com separação de espécies em

canil

e

externos animais.

26

gatil,

para

além

de

espaços

socialização

de

internos

pessoas

e

e


27

.

Fonte: Archdaily, 2012


A área destinada aos gatos, logo na entrada, chama-se "cool cats" que tem como ideia inicial o

estímulo ao comportamento dos gatos permitindo a interação entre eles.

Por ficar logo na entrada, permite que os visitantes interajam com os animais e estreite os caminhos de aproximação homem-animal para adoção.

.

Fonte: Archdaily, 2012

Além disso, possui aberturas voltadas para o

externo em caixilhos assimétricos, o que além

de contribuír com a questão plástica do edifício,

também garante boa iluminação natural ao

ambiente e permite o contato visual com o externo.

As bases em pedra na janela permitem a

permanência dos animais próximos a essas aberturas.

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O abrigo possui sistema de reciclagem da água, pois o ambiente possui necessidade de limpeza

constante devido ao número de animais, além de estar situado numa área quente e deserta onde é de grande importância a conservação da água. Possui pé direito duplo oferecendo amplitude

ao espaço, área de permanência para visitantes, e as janelas voltadas para áreas de maior incidência solar possuem proteção por brises, além de sistemas de ventilação cruzada.

.

Fonte: Archdaily, 2012

29


.

Fonte: Archdaily, 2012

.

Fonte: Archdaily, 2012

.

Fonte: Archdaily, 2012

30


.

Fonte: Archdaily, 2012

Considerações: A proposta de interação entre pessoas e animais, atendimento veterinário no local, além das áreas

externas

e

internas

de

convivência

e

separação

por

espécie

considerando

as

particularidades dos cães e gatos se assemelham a ideia de proposta de abrigo para a cidade de Serrana. Possui pé direito duplo oferecendo amplitude ao espaço e as janelas voltadas para áreas de maior incidência solar possuem proteção por brises, além de sistemas de ventilação cruzada.

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3.2 Animal Refuge Centre Amsterdã, Holanda.

.

Fonte: archlovers, 2014.

Animal Refuge Centre foi projetado pelo escritório holandês Arons and Gelauff, está

localizado em Amsterdã na Holanda e possui 5.800 m² de área construída, sendo o maior

abrigo para animais do país. Concluído em 2007, o abrigo atende cerca de 480 gatos e 180 cães, conta com cerca de 30 colaboradores.

O projeto foi uma junção de dois abrigos de animais já existentes em Amsterdã e a proposta

foi que o edifício conseguisse equilibrar o conforto e o clima, além das restrições por estar na margem da cidade

Está localizado as margens de um córrego, mas sua fachada está voltada para uma avenida

permitindo a visibilidade do abrigo pelos usuários. O Centro está localizado numa área longe do centro da cidade e possui o entorno arborizado, o que apresenta boas condições para

ruídos provenientes do abrigo. Ainda assim, o mesmo foi projetado voltado para dentro o que torna-se uma solução acústica devido ao "abafamento" do som.

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Centralizar o projeto acaba sendo uma das premissas de definições da forma dando ao edifício

um formato longo em fita devido a adaptação à topografia e com isso pode-se estender o

corredor de serviços e o canil ao longo dessa forma; Além de o projeto voltado ao centro

permitir que centralize a área de convivência formando esses dois grandes pátios que tem função de solário.

Outra estratégia adotada é o gatil sobre o canil enquanto estratégia acústica para abafar o

som dos latidos.

.

Fonte: archdaily, 2008

33


.

Devido a essa questão dos ruídos o edifício foi projetado para dentro e o gatil está no nível superior do canil como mais uma alternativa para amenizar os ruídos dos latidos.

Fonte: archdaily, 2008. Adaptado pela autora.

.

Fonte: archdaily, 2008 adaptado pela autora

corredor acesso gatil canil convívio

corte 34

iluminação e ventilação


.

O programa também conta com uma clínica veterinária, uma loja, apartamento de zelador de

115m², salas de ensino, cozinha, escritórios, espaços técnicos e salas de armazenamento.

A clínica veterinária, administração, recepção e serviços encontram-se na área central do

projeto o que permite que fique no meio em relação aos canis e gatis. O pátio centralizado reduz

os ruídos e permite um grande espaço de interação e solário para os animais. A quarentena fica na ponta, pois devido ao isolamento desses animais, possui o acesso individualizado.

recepção quarentena

pátio central / solário

serviços canis administrativo clínica veterinária salas de apoio

Fonte: archdaily, 2008 adaptado pela autora.

35


.

Fonte: archdaily, 2008

A fachada é constituída de painéis de aço zincado em tons de verde como se fossem "pixels" de uma imagem cuja referência é justamente a vegetação do entorno na intenção de trazer um aspecto plastico de pertencimento do abrigo ao lugar sem que causasse impacto no entorno, mas

acredito que a tonalidade das cores acabou deixando o abrigo em destaque em relação ao entorno onde a vegetação tem a coloração mais próxima do verde escuro.

36


.

Fonte: archdaily, 2008

.

Fonte: archdaily, 2008

Considerações: O interessante desse projeto é a ideia de utilizar o gatil como uma solução para o barulho do canil, principalmente se o abrigo for implantando em áreas mais centrais onde o ruído pode ser

um problema para as demais edificações. A ideia de voltar o programa para dentro e centralizar o

pátio para convívio dos animais também é uma boa alternativa, visto que proporcionou um amplo espaço capaz de atender as necessidades de lazer dos animais, além de potencializar a redução do ruído,

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3.3 South Los Angeles Animal Care Center Los Angeles, Estados Unidos.

.

Fonte: archdaily, 2013.

South Los Angeles Animal Care Center foi projetado pelo escritório RA-DA Design e

Architecture, está localizado em Los Angeles nos Estados Unidos e encontra-se numa cercada por

industrias, cercada por uma área residencial e ruas movimentadas, por se tratar de um lote de esquina sua fachada tem boa visibilidade e as árvores do projeto dão um aspecto agradável ao

abrigo. Possui uma variedade de serviços e atendimentos para os animais, desde clinica

veterinária, espaço de quarentena para animais que precisam de maiores cuidados, convivência para visitantes, escritórios e estacionamento.

A fachada apresenta uma junção de formas trapezoidais e mesclam diferentes tons de verde, o que contrasta com o entorno e garante visibilidade a atratividade para o edifício

38


.

Fonte: archdaily, 2013

Aqui observamos os tons de verde contrastando com o concreto, também podemos observar as formas trapezoidais inclusive no formato das janelas proporcionando não só uma identidade

para o edifício como permite que a luz forme desenhos internos devido ao formato trapezoidal

da abertura. O piso é reto e caminhável, acessível e de fácil manutenção com uma modulação que lembra a forma do edifício .

39


.

Fonte: archdaily, 2013

o número 1 está localizado os serviços, recepção, clínica veterinária, espaço para quarentena e afins. enquanto ali nas setas azuis é o espaço dos canis e gatis.

As setas indicam a orientação da fachada dos canis e gatis, e se observarmos notamos que eles foram colocados com a face oposta na intenção de evitar que os animais fiquem em contato visual, alternativa adotada para evitar latidos excessivos.

A linha tracejada maior (indicada pelo triângulo vermelho) é o acesso primári, que liga o

estacionamento ao pátio dos fundos (2) onde é uma área de convívío dos animais, enquanto o tracejado menor é o caminho secundário de acesso ao entorno dos canis e gatis.

40


.

Fonte: archdaily, 2013 modificado pela autora

espaço comunitário / aberto ao público castração clínica veterinária recepção e escritórios / funcionários quarentena e isolamento preparo alimentos / cozinha eutanásia

41


caminhos entre as baias

.

Fonte: archdaily, 2013

รกrea interna

42


Considerações: A questão do acesso primário levar ao público a uma área de convívio dos animais é interessante porque no caso da disposição do programa, induziu o visitante a caminhar entre os canis e gatis,

aproximando o visitante do animal e abrindo margem para a adoção através de um primeiro contato, além de ser um caminho arborizado e convidativo.

Outro ponto interessante é a disposição física das baias dos canis e gatis com a fachada oposta

uma das outras como alternativa para evitar o contato visual dos animais uns com os outros, reduzindo então o excesso de ruídos (latidos, etc).

.

Fonte: archdaily, 2013

.

Fonte: archdaily, 2013

43


44


4. ÁREA ESCOLHIDA

45


46


4.1 Diretrizes para a escolha do espaço:

A escolha da cidade deu-se por identificar uma ausência de suporte efetivo para animais

abandonados e a área escolhida para realização do projeto encontra-se no centro da cidade de Serrana-SP.

Através do estudo do cenário local em relação ao animais abandonados notou-se que o único

canil existente na cidade encontra-se distante da cidade, localizando-se próximo às margens do Rio Pardo (divisa com o município de Altinópolis). Percebe-se que há uma dificuldade de chegar

ao local e a localização não é atrativa para pessoas conhecerem os animais presentes no canil e expandir a possibilidade de adoção, Criou-se na cidade uma desimportância com os animais por estarem distantes, que pensando na melhor localização para a implantação do abrigo e

conversando com uma protetora de animais da cidade concluiu-se que criar um abrigo às margens da cidade é enfatizar e continuar enraizando a ideia de que "depositar" animais é apenas camuflar o problema.

A área escolhida encontra-se na avenida principal da cidade, está localizada em um local ainda

sem vizinhança frontal pois é um grande espaço vazio, atualmente é utilizada como garagem de

ônibus, está do lado esquerdo de um posto de gasolina e o restante é composto basicamente por

residência. Seu acesso acontece na avenida Deolinda Rosa, local de fácil acesso de carro ou a pé, onde as pessoas caminham com bastante frequência no período da manhã e noite, e devido a presença de bares e igrejas o local está sempre movimentado, inclusive a movimentação da área torna-se um ponto positivo visto que o abrigo pode atrair essas pessoas.

47


avenida Deolinda Rosa

ĂĄrea - atual garagem de Ă´nibus

48


รกrea frontal da รกrea

49


4.2 Ocupação do Solo: Figura fundo

Área escolhida

N

50


4.3 Pontos Notáveis e Análise de Fluxos:

R: DEZ DE ABRIL AV. DEOLINDA ROSA

R: SERAFIM DO BEM R: BARÃO DO RIO BRANCO

Pontos Notáveis:

Fluxo de veículos:

Área escolhida

alto fluxo

Parque Ecológico

médio fluxo

Clínica veterinária Posto de Combustível

baixo fluxo

Mercado

51

N


4.4 Uso do Solo:

N

Uso: Serviços

gabarito

Comércio Residencia

Instituicional Área escolhida

predominância de usos

52


4.5 Gabarito:

N Ocupação:

gabarito

1 pavimento

2 pavimentos

predominância

53


4.6 O Terreno:

nascente

AV

71,90 m

DE OL IN DA

75,00m

RO SA

poente vento dominante

71,90 m x 75m = 5.392,50 m²

N

O terreno localiza-se na AV Deolinda Rosa, na cidade de Serrana SP.

O lote possui 87 x 89 metros. Considerando a topografia natural do terreno, nota-se duas curvas de nĂ­vel, chegando a maior parte do terro a 2 metros de altura (duas curva de 1 metro) considerando a rua como nĂ­vel 0.

54


4.7 SÍNTESE DOS LEVANTAMENTOS:

De acordo com os levantamentos observa-se que devido a localização ser a principal avenida

da cidade, próximo a um posto de combustível, bares, igrejas, quadra esportiva e outros, a área possui grande visibilidade e acesso facilitado, sendo uma área de considerável fluxo de

pessoas tanto de carro, quanto caminhando, pois muitos moradores utilizam a avenida para exercitar-se. O que é um ponto positivo para a instalação do abrigo, pois a fachada ativa colabora com a intenção do projeto que é promover o acesso convidativo as pessoas e aproximação dos animais abandonados dos possíveis adotantes.

O terreno escolhido não possui vizinhança frontal por enquanto, a lateral esquerda é um

posto de combustível, os fundos e lateral direita são residências, por se tratar de um terreno grande que será usado parcialmente, soluções acústicas serão adotadas para o projeto a fim de reduzir os ruídos dos animais.

A área possui baixo gabarito, com a maior parte de construções térreas onde os maiores

gabaritos limitam-se a no máximo dois pavimentos.

55


56


5. O PROJETO

57


5.1 Conceito: Acolhimento.

Pensar em projetar um abrigo é pensar também no sentimento de conforto e segurança que ele proporciona, é olhar a vulnerabilidade animal com afeto e traçar caminhos para reduzir o problema como um todo: para o animal, para a sociedade e para a cidade enquanto

problema urbano. O conceito exemplifica a proposta e norteia o projeto pensando

justamente na ideia da união de todos os propósitos, mas com um propósito bem definido: o de acolhimento.

5.2 Partido:

Quando pensado na palavra "acolher" e na ideia de materializá-la num ato ou imagem, foi pensada na junção das mãos em formato de concha protegendo algo que está dentro.

(

¬

( Foto: Sinditest, 2010

¬

O partido direciona para que o projeto seja voltado para dentro do edifício, seguindo até

alguns pontos levantados nas leituras projetuais de outros abrigos, além de trazer a ideia de acolher centralizando o espaço de convivência dos visitantes.

58


59


5.3 PROGRAMA

60


5. ORGANOGRAMA

gatil serviços

ADM

área médica

convívio

outros

canil

estacion.

recepção

RELAÇÃO ACESSOS X PROGRAMA

privado - colaboradores público - livre acesso semi público - pessoas autorizadas

61


5.5 FLUXOGRAMA

solário gatil individual

solário

gatil coletivo

lixos internação

sanitários

sanitários copa/cozinha sala adm sanitários

exames

desp. limpeza

desp. ração

cozinha animal

banho e tosa

canil coletivo sala de reunião

interação

solário canil individual

arquivo médico interação

consultório 3

consultório 4

espera cães

consultório 1

consultório 2

espera gatos

farmácia vacinação

estacionamento

recepção AV. DEOLINDA ROSA

62


5.6 VOLUMETRIA

ventos

N

O edifício teve o programa dividido em dois volumes que seguem o partido: O bloco azul apresenta uma altura final 6,90 metros, sendo dois pavimentos. O bloco rosa apresenta altura final de 4,90 metros, sendo um pavimento.

O deslocamento ao posicionar dos blocos no terreno acontece de forma a não prejudicar a permeabilidade da ventilação entre os edifícios, respeitando o conceito e seguindo o partido.

o bloco rosa encontra-se à leste, pois além de ser mais baixo e permitir que a ventilação chegue ao outro bloco, nele também encontra-se os canis. Os voltados para o centro são protegidos pela

cobertura vazada e os voltados para leste recebem menor incidência solar pensando no bem estar do animal.

63


5.7 MATERIALIDADE

estrutura concreto

brise e cobertura vazada aço corten

vedação tijolo de barro

piso externo concreto

cobertura telha termoacústica

piso interno vinílico em manta

Para a estrutura foi utilizado o concreto, nas vedações o tijolo de barro considerando questões acústicas e térmicas, assim como a escolha da telha termoacústica deu-se pelo mesmo motivo. Nos brises e coberturas vazadas foi utilizado o aço corten e piso externo em concreto. Na área interna optou-se pelo piso vinílico em manta considerando facilidade de limpeza, redução de ruídos e resistência.

As paredes são pintadas com tinta acrílica, algumas possuem cimento queimado e trabalhos em grafite.

64


5.8 CONFORTO - SOLUÇÕES TÉRMICAS E ACÚSTICAS Paisagismo:

vegetação usada como barreira acústica na parte interna dos muros a fim de reduzir os ruídos próximos as residências.

usada na area central entre os dois blocos para amenizar a temperatura nas áreas de convívio e sombrear parcialmente a frente do canil. brise e cobertura vazada:

brise usado principalmente na fachada Norte e Oeste para redução dos raios solares no programa administrativo e médico.

cobertura vazada utilizada na área externa protegendo parcialmente da incidência solar (complementando o sombreamento vegetativo), mas permitindo permeio da iluminação natural para visitantes e canil, além de considerar questões plásticas na escolha da forma trabalho desenho de luzes no espaço de convívio. distanciamento e posicionamento:

gatis e canis não possuem visualização direta um do outro, o que impede o ruído animal causado pelo estresse do atrito entre as espécies.

canis posicionados de costas um para os outros a fim de evitar o contato visual entre os animais e reduzir os ruídos.

canis posicionados com a abertura leste e oeste, sendo o lado oeste voltado para a área central de convívio que possui tratamento térmico com vegetação e cobertura vazada.

atrio central descoberto

a fim de melhorar a ventilação dentro do edifício e das salas de consulta veterinária, optou-se pelo espaço de convivência interno ser descoberto garantindo o permeio de ventilção e iluminação dentro do edifício.

65


5.9 IMPLANTAÇÃO

AVENIDA DEOLINDA ROSA

66

N


6. ACESSOS PUBLICO SEMI PUBLICO PRIVADO ACESSO RECEPÇÃO ACESSO ESTACIONAMENTO ACESSO CONVÍVIO

N Os espaços de acesso público são a maior parte do projeto, onde a finalidade é tornar o

espaço convidativo e usual a comunidade para interação com os animais e quem sabe uma possível adoação. O semi público é destinado às áreas de consulta, onde o acesso é

direcionado aqueles que buscam atendimento veterinário e o privado destina-se a espaços de acesso restrito a colaboradores do abrigo.

67


6.1 SETORIZAÇÃO

ESTACIONAMENTO

PLANTA TÉRREO

RECEPÇÃO CONSULTÓRIOS SANITÁRIOS CIRCULAÇÃO VERTICAL ISOLAMENTO GATIL CANIL SERVIÇOS CONVÍVIO CÃES CONVÍVIO GATOS INTERAÇÃO ÁREA FUNCIONÁRIOS

N

68


PLANTA 1° PAVIMENTO

N

69


6.2 LAYOUT

PLANTA TÉRREO

70

N


PLANTA 1° PAVIMENTO

71

N


A distribuição dos espaços e setorização do abrigo teve como premissa permitir a interação dos visitantes com os animais e tornar um espaço de uso da comunidade para visitação a fim de aproximar os animais resgatados da sociedades dando ao mesmo uma chance de novo lar.

No térreo do primeiro bloco na entrada localiza-se a recepção e as salas de espera, consultório, vacina, fármacia e arquivo médico.

recepção

corredor consultórios

sala de espera

72


Depois criou-se um mezanino com um pátio descoberto para ventilação no edifício e espaço

destinado a interação dos visitantes, sanitário e rampa que dá acesso aos gatis, situados a um metro de desnível em relação ao térreo. A finalidade do desnível é garantir que exista sim a

interação entre animal/visitante, mas sem um contato extremamente visual e direto para evitar o estresse ao animal. O gatil também possui janelas extrudadas com gradil para que o gato possa interagir com o lado externo.

pátio descoberto - interação

interno gatil gatil em desnível

73

externo janelas


pátio de interação - gatil

pátio de interação - vista sanitários.

74


Através da circulação vertical é possível acessar o primeiro pavimento onde localiza-se o gatil

superior e a sala de espera para visitantes, sanitários e setor de funcionários que conta com espaço de convívio, arquivo, cozinha, salas de reunião de administração.

convívio funcionários

espera visitantes

administração

administração

75


Através da circulação vertical é possível acessar o primeiro pavimento onde localiza-se o gatil

superior e a sala de espera para visitantes, sanitários e setor de funcionários que conta com espaço de convívio, arquivo, cozinha, salas de reunião de administração.

convívio funcionários

espera visitantes

administração

administração

76


Na área externa a área verde interliga os dois blocos formando uma praça com cobertura vazada, seguindo a mesma ideia do gatil de estarem a um metro de desnível do térreo, além disso os canis estão voltados com as frentes das baias de maneira oposta (um canil de costas para o outro) para impedir o contato visual entre os animais, reduzir os estresses e consequentemente diminuir os ruídos (latidos).

Existe uma separação natural feita com talude entre a praça e o canil e uma separação vertical vazada que delimita o espaço de entrada de serviços.

O acesso no canil e área de convívio acontece por rampa e escada e permite que o visitante

caminhe nas baias de canil, no solário do canil e gatil e tenha acesso a outra área de convívío e sanitários externos para servirem como suporte em caso de feiras de adoção e eventos.

praça e vista para o canil

77


baias voltadas para a praça. baias com a face oposta.

78


79


80


81


82


83


84


85


86


87


88


4

6.3 VISTAS

3

2

1

1

2

Vista Frontal

Vista Lateral Direita

Vista Lado Direito - com muro

89


3

Vista Lateral Esquerda

Vista Lateral Esquerda - com muro

4

Vista Fundos

90


6.4 CORTES ESQUEMÁTICOS

A

B

B

A

Corte AA

Corte BB

91



DESENHOS TÉCNICOS

92


5 4 3 2 1

4

1

5

2

6

3

7

16

12

15

11

14

9

10

13

8

sobe

ESCADA SOBE

RAMPA SOBE

RAMPA SOBE

RAMPA SOBE

N


15

16

desce 14 4

3

2

1 6 7 8

9

5

13 12 11 10

RAMPA SOBE

N


RAMPA SOBE

RAMPA SOBE

N



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Link: https://holywestie.com.br/e-um-shopping-nao-e-um-abrigo-de-caes/ Acesso em 24 de Abril de 2020.

Fonte: Archdaily - Palm Springs Animal Shelter

Link: https://www.archdaily.com/237233/palm-springs-animal-care-facility-swatt-miersarchitects.

Acesso em 24 de Abril de 2020. Imagens que compõe o caderno, disponíveis no site de conteúdo livre e gratuito https://www.pexels.com/pt-br/


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