Isabela Prado
Qual a importância de um texto crítico sobre a obra de um artista? Qual a importância de um crítico ou historiador da arte na figura do curador ao acompanhar a obra de um artista?
As distâncias do corpo
São questões as quais me coloco diante do convite para escrever sobre o trabalho de Isabela Prado, que acabo de conhecer, após uma longa conversa que tivemos no dia em que nos encontramos pela primeira vez. Havia me deslocado de São Paulo para a capital mineira para encontrá-la e visitar sua exposição em cartaz na galeria em Belo Horizonte. Em comum, diante do estranhamento e das surpresas reservadas nesses primeiros encontros, é que somos, os dois, mineiros. De imediato, senti reverberações positivas entre mim e o trabalho da artista. Um alívio grande, pois, assim, meio caminho estaria andado para a minha aproximação de sua obra e do texto a ser escrito. Essa relação entre artista, obra e curador ou crítico, só pode dar-se por esta via, a da cumplicidade
plástica e ideológica. E não tenho dúvidas da importância desses encontros, mais ainda para o curador ou crítico de arte, do que para o artista. Significam a oportunidade ou chance de reflexão sobre um novo trabalho de arte, conhecer um novo artista e começar um novo diálogo. Abre-se um novo campo de conhecimento que, sem dúvida, enriquece nosso repertório visual. A sensação era de tranqüilidade. Como se aquele encontro já fizesse parte de nosso cotidiano. Parece ser este um dos temas dos trabalhos apresentados em sua primeira exposição individual, depois de um longo período sem expor em Belo Horizonte: o cotidiano e o seu significado para nossas vidas. A formação da artista começa com a gravura e muito dessa linguagem permanece em suas experiências atuais, quando se pensa nos gestos repetitivos, contidos em suas performances. Ao modelar, reiteradas vezes, por exemplo, o açúcar embebido em água para lhe dar consistência,
durante a realização de “Doce”, de 2005. Isabela Prado faz-nos lembrar, ao vê-la naquela situação, sentada sobre uma montanha de açúcar, na passagem do tempo. Cada gesto, cada esfera concluída, trata da contagem do tempo no espaço. Como se ele pudesse ser calculado ou medido. Se é que se pode dizer isso, pois o tempo não existe como materialidade. Só o percebemos na ação física do envelhecimento de nossos corpos, de coisas materiais perecíveis que existem na natureza ou são criadas pelo próprio homem. O trabalho ainda trata do que é o cotidiano na sua repetição de dias e situações. Como em uma ação ritualística, a artista, pacientemente, vai moldando com as mãos esferas perfeitas de açúcar que estão ao alcance do seu corpo, dos seus braços, em uma sala com o chão coberto dessa substância branca, criando uma espécie de paisagem nevada e fantástica. O cheiro adocicado do açúcar deve ser uma presença inebriante nessa performance. A artista lida, assim, com os sentidos.
O mesmo se passa em “Entre”, de 2006. Isabela novamente moldou, na técnica da cerâmica, centenas de esferas perfeitas de porcelana branca. Como no trabalho anterior, há a predominância dessa cor carregada de espiritualidade. Cor, gesto, silêncio e duração (a “presença” do tempo) criam uma atmosfera que fala da memória, de uma existência que resulta em uma relação física, novamente, com o tempo e o espaço circundante. Em um dos seus trabalhos mais recentes, “Wind catcher” (catador de vento), de 2007, a artista, num gesto poético proposto a um grupo de pessoas locais e outros artistas que participavam do projeto de residência, colore a paisagem árida de uma cidade varrida por fortes ventos, a pequena cidade de Shatana, na Jordânia. Um trabalho de viés político, na proposição de uma interação entre pessoas divididas pela cultura religiosa e de costumes. Diferenças já sabidas entre ocidente e oriente, onde há pouca miscigenação e interação entre os diferentes, particularmente os estrangeiros.
Ali, num gesto carregado de romantismo, a arte seduz e entra como mediadora. Todos, assim, são convocados a “captar” o vento, fenômeno invisível e sublime da natureza. Já que é invisível, pode levar, em suas lufadas repetidas, a mesma passagem do tempo já descrita anteriormente e, como a artista que molda, a sua ação fica gravada na face da terra. Na sala principal da Galeria Leo Bahia, numa exposição de Isabela Prado, havia uma instalação, “At 1,57M”, (A 1,57m), logo à entrada, que servia de passagem para as salas dos fundos. Essa não foi a primeira vez que a instalação foi apresentada. Em 2005, ela fez parte de uma mostra coletiva nos Estados Unidos, onde a artista residiu por cerca de cinco anos e fez, na The Henry Radford Hope School of Fine Arts, da Indiana University, o Mestrado em Artes. Foi, nesse período, também, que houve uma maior oportunidade para aprofundar-se em suas reflexões plásticas e performáticas.
Dos trabalhos já mencionados, este guarda o branco e a interatividade solicitada para dar sentido à proposta plástica. No meu caso, fui obrigado a me contorcer para atravessá-la. De certa forma, eu já interagia com o trabalho ao percebê-lo no seu desconforto. Tratava-se de uma instalação de fitas elásticas que dividiam o espaço aéreo da sala em duas partes e, conseqüentemente, rebaixava o teto na altura limite da estatura da artista. O que significava, para os meus mais de um metro e noventa, movimentar-me em um espaço exíguo. Só mais tarde percebi, junto à artista, que poderia “furar” aquele teto rebaixado com minha altura ficando com a cabeça do outro lado. Essa atitude causava a sensação de deslocamento ou melhor, de desterramento, já que se perdia a noção de chão. Mas o contato com o material elástico, a possibilidade de se “soltar” sobre as fitas, era bastante agradável. Um convite para relaxar e se entrelaçar naquela rede. Impossível não pensar nas articulações do trabalho com a escola carioca fundada por Lygia Clark e Hélio Oiticica que propunha uma interação entre arte e vida; arte e sensação;
arte e ambiente; e que exige a participação intensa do público. Atravessei essa instalação e me deparei com um outro trabalho em vídeo que, novamente, me deslocava do chão. Ao som de ondas do mar que quebravam na praia, o vídeo propunha um olhar de cima para baixo ao enquadrar os pés da própria artista que atolavam na areia com o vai e vem contínuo da água. Era apenas isso. Simples como as ondas que se desfazem na areia da praia. Mas ao fixar o olhar naquela imagem, o movimento pendular da água que descia pela parede para depois subir, juntamente com o barulho das ondas, causava uma sensação de que se perde a noção do lugar tradicional de uma sala de exposição. Em mais uma instalação interativa, a artista postou duas cadeiras na vitrine da galeria protegida por um vidro que as isolava do exterior. Pedia, assim, que as pessoas ali se sentassem para contemplar o que se via do lado de fora e ouvir pelos fones de ouvido disponíveis, sons sutis, quase inaudíveis, que se “materializavam” em um corpo sugerido, em
movimento. Sons estes que se revelavam como os de uma pessoa existindo, ou se deslocando, num tempo inatingível. Ao sentar-se, o espectador se deparava com o mundo lá fora. Como se tudo que se passasse do outro lado fosse uma cena de um filme noir francês, que tinha como uma de suas características, justamente, produzir uma sensação de alargar nossa noção do tempo com suas tomadas longas e silenciosas. Como as que se observava daquela vitrine protegida pelo vidro: uma cidade silenciosa, em movimento. Silêncio quebrado ou aguçado pelos ruídos estranhos do áudio que se ouvia pelos fones. Novamente, o deslocamento do lugar comum para um outro, imaginado, abstrato. Os trabalhos de Isabela Prado nada mais são do que simples convites que nos permitem sentirmos parte integrante de uma grande matéria, de um lugar maior, chamado mundo. Ricardo Resende Curador Independente São Paulo, 2007
“Displei” – Instalação sonora – Duração 4m 56s
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“Displei” – Instalação sonora – Duração 4m 56s
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“At 1.57” – Instalação – Dimensões variáveis
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“Aguapé” – Vídeo – Duração 2min 39 seg
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“Aguapé” – Vídeo – Duração 2min 39 seg
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“Doce” – Performance – Duração aprox. 120 min
sem titulo (da serie “memoria�) fotografia 49.5 x 62 cm
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sem titulo (da serie “memoria�) fotografia 49.5 x 62 cm
Isabela Prado
Isabela Prado nasceu em Belo Horizonte em 1973, onde se graduou em Gravura (1995) e Desenho (1997) pela UFMG. Em 2006, concluiu curso de Mestrado em Artes Visuais pela Indiana University (EUA). Também em 2006, participou de um programa de residência na Ragdale Foundation, em Chicago (EUA). Isabela Prado tem trabalhado principalmente com vídeos, instalações e performances, e discute os limites do corpo, sua fisicalidade, sua espiritualidade, sua memória e as conseqüências de sua existência. Seu trabalho propõe um dialogo estreito com o publico, através do uso de materiais do cotidiano, bem como de obras que permitem ou sugerem interação e participação direta do espectador. Recentemente, Isabela Prado participou de uma residência do Triangle Arts Trust em Amman, Jordânia (Shatana International Artist Workshop), e seu trabalho foi publicado no periódico norte-americano “Chicago Art Journal” (Fall 2006). Isabela Prado participou de exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior (Alemanha, EUA, Itália).
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Isabela Prado was born in Belo Horizonte, Brazil in 1973, where she received her BFA in printmaking (1995) and drawing (1997). In 2006 she concluded her MFA at Indiana University, USA, after which she was a Resident Artist at Ragdale Foundation in Lake Forest, IL. She has been working mainly with video, installations and performances that examine the limits of the body/self, its physicality, spirituality, memory, and the consequences of its existence. Her work involves the viewer in a close dialogue by using references to quotidian and intimate materials, as well as through socially engaging pieces emphasizing the sense of community. Recently, Isabela Prado participated in a Triangle Arts Trust residency in Amman, Jordan (Shatana International Artist Workshop) and her work has been featured in the Fall 2006 issue of Chicago Art Journal. Isabela’s work has been shown in Brazil, Germany, Italy, USA. contact www.isabelaprado.com | pradoisabela@hotmail.com
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Formação Education
Publicações Publications
//2003/2006 Master of Fine Arts - Indiana University Bloomington (EUA) //1996/1998 Bacharelado - Belas Artes/Desenho, UFMG
//2007 “Una Nueva Escena: Testimonio de una artista estranjera en Shatana, Jordania”. In: Di Pascuale, L.. (Org.). Parabrisas (a). Cordoba: Ediciones DocumentA / Escenicas, 2007.
//1991/1995 Bacharelado - Belas Artes/Gravura, UFMG
//2006
Residências Residencies //2008
Proyeto de Residencias y Cruces, Córdoba (Argentina)
//2007 Triangle Arts Trust, Shatana International Artists Workshop, Amman (Jordânia) //2006
Ragdale Foundation, Chicago (EUA)
“Banho”. Chicago Art Journal, volume 16, Fall
Exposições individuais Solo exhibitions //22007 Leo Bahia Arte Contemporanea, Belo Horizonte MG //22005 “At 1.57 m”, Fuller Projects, Indiana University, Bloomington IN (EUA) //1999 Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte MG “Construção”, Centro Cultural UFMG, Belo Horizonte MG
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Principais exposições coletivas Selected group exhibitions //2006 “Amish Friendship Cake”, Galerie Takt Kunstprojektraum, Berlim (Alemanha) M.F.A. Thesis Exhibition, Indiana University Art Museum, Bloomington IN (EUA) “Stories of Women in Print”, Studio Gallery, Texas Tech University, Lubbock TX (EUA) “Powerful Impressions”, Fondazione Bevilacqua La Masa, Veneza (Itália) //2005 “Mas Isto Tambem E’?”, Leo Bahia Arte Contemporanea, Belo Horizonte MG “Sempre Visivel”, Centro Cultural Sao Paulo, Sao Paulo SP “Powerful Impressions”, Italian Cultural Institute, Washington DC (EUA) //2004 “Cream”, Dean Johnson Gallery, Indianapolis IN (EUA) //2003 Regional Drawing Exhibition, Elaine Jacob Gallery, Detroit MI (EUA) //2001 Palácio das Artes, Belo Horizonte MG //2000 “A Obra em Branco”, Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte MG //1999 “Branco sobre Branco”, Sala Corpo de Exposições, Belo Horizonte MG
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//1998 “Rumos Visuais”, Itaú Cultural, Penápolis SP Itaú Cultural, Belo Horizonte MG Itaú Cultural, Campinas SP “O que você quer ser quando crescer”, ABRA, São Paulo SP //1997 “Rumos Visuais”, Itaú Cultural, Brasília DF “Daqui a um Século”, Centro Cultural UFMG, Belo Horizonte MG “Visitante”, Centro Cultural UFMG, Belo Horizonte MG
Performances e intervenções Performances and interventions //2007 “Wind Catcher”, intervenção urbana, Shatana (Jordânia) //2006 “Estrangeiro”, intervenção urbana, Berlim (Alemanha) “Doce”, performance, University of North Texas, Denton TX (EUA) //2005 “Banho”, performance, SoFA Gallery I.U., Bloomington IN (EUA) “Doce”, performance, SoFA Gallery I.U., Bloomington IN (EUA) “Esvaziando”, performance, SoFA Gallery I.U., Bloomington IN (EUA) //2004 Untitled (“Cake”), performance, Indiana University,
What is the importance of a critical essay on an artist’s work? What is the importance of an art critic or art historian as a curator when looking into an artist’s work?
The distances of the body
These are questions I ask myself with the invitation to write about the work of Isabela Prado, who I just got to know, after a long conversation we had on the day we met for the first time. I had come from SĂŁo Paulo to the capital of Minas Gerais to meet her and visit her solo show at the gallery in Belo Horizonte. Facing the oddness and surprises those first meetings have, we found out we are both from the state of Minas Gerais. I immediately felt a positive resonance with her work. It was a great relief, given that this would help me to approach her work and the text I was about to write. This relationship between artist, work, and curator or critic, can only materialize through this path, the
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one of aesthetic and ideological complicity. And I have no doubts about the importance of these meetings, even more for the curator or art critic than for the artist. They mean the opportunity or chance for reflection on a new work of art, to meet a new artist and start a new dialogue. A new field of knowledge is opened then, which certainly enriches our visual repertoire. The atmosphere was one of tranquility. As if that meeting was already part of our quotidian. This seems to be one of the themes of the works presented in her first solo show, after a long period without showing in Belo Horizonte: the quotidian and its meaning for our lives. The artist’s career begins with printmaking, and much of this language remains in her current experiences, when one thinks of the repetitive gestures in her performances. For instance, when modeling repetitively the sugar embedded in water for consistency, while performing “Doce”, from 2005.
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Isabela Prado reminds us of the passage of time, as we see her in that situation, seating on a pile of sugar. Each gesture, each finished sphere, talks about counting of time in space. As if it could be calculated or measured. If one could say so, since time does not exist as materiality. It is only perceived in the physical action of our bodies aging, or on perishable materials that exist in nature or are created by men. The work also deals with the quotidian in its repetition of days and situations. As in a ritualistic action, the artist patiently molds with her hands perfect sugar spheres that are accessible to her body, to her arms, in a room with the floor covered with this white substance, creating a kind of fantastic and snowy landscape. The sweet fragrance of sugar must be an inebriating presence in this performance. The artist deals, thus, with the senses. The same happens in “Entre”, from 2006. Isabela molded once more, this time using ceramics, hundreds of perfect white porcelain spheres. As in the previous work, there is predominance of this color full of spirituality. Color, gesture, silence
and length (the “presence” of time) create an atmosphere that speaks of memory, of an existence that results in a physical relation, again, with time and the surrounding space. In one of her most recent works, “Wind catcher”, from 2007, the artist, in a poetic gesture proposed to a group of locals and other artists participating in a residency, colored the arid landscape of a windy town, the small village of Shatana, in Jordan. A work with a political bias, proposing an interaction among people divided by custom and religious culture. Well known differences between west and east, where there is little miscegenation and interaction between different groups, particularly with foreigners. There, in a romantic gesture, art seduces and acts as a mediator. Everyone, thus, is invited to “catch” the wind, invisible and sublime phenomenon of nature. Since it is invisible, it can take in its repeated blows the same passage of time described before
and, like the artist who molds, its action is engraved on the face of earth. Just as we walked in Isabela Prado’s show, there was an installation, entitled “At 1.57m”, in the main room of Leo Bahia Gallery, which would take us to the other rooms. This was not the first time the installation “At 1.57m” was exhibited. In 2005, it was shown in the United States, where the artist lived for about five years and concluded her M.F.A., at The Henry Radford Hope School of Fine Arts, at Indiana University. Also during this period, she had the opportunity to deepen herself into her aesthetic reflections and performance studies. From the previously mentioned works, this installation keeps the white color and the interactivity needed to give sense to the aesthetic proposal. In my case, I had to contort myself in order to cross it. Somehow, I was already interacting with the work as I felt it in its discomfort. It was an installation using elastic bands that divided the aerial space of
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that room in two parts and, consequently, lowered the ceiling to the height of the artist. This meant, for someone over 1.90m (6 feet) like me, moving in an exiguous space. Later I noticed, with the artist, that I could “poke” in that lowered ceiling with my height, then having my head on the other side. Such position caused a feeling of displacement or, even better, of landlessness, since the notion of the ground was lost. But the contact with the elastic material, the possibility of “freeing” yourself on the bands, was quite pleasant. An invitation to relax and weave yourself into that net. It was impossible not to think on the relations between this work and the school founded in Rio de Janeiro by Lygia Clark and Hélio Oiticica, which proposed an interaction between art and life; art and sensation; art and environment; and which required intense participation of the public. I walked through this installation and faced another work on video which once more displaced me from the ground. With the sound of sea waves breaking on the beach, the video proposed an up-
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to-down look by closing up on the artist’s feet that were getting covered by sand with the continuous movement of the water. That was just it. Simple as waves breaking on the beach sand. However, as I fixed my look into that image, the pendular movement of the water coming up and down the wall, along with the sound of the waves, caused me the sensation of loosing the notion of the traditional place in a gallery room. In another interactive installation, the artist placed two chairs inside the gallery’s vitrine, protected by a glass that would isolate them from the exterior. This way, the viewer was invited to sit there to contemplate what could be seen on the outside and listen through the available headsets subtle sounds, which would “materialize” in a suggested body in movement. These sounds would appear as the ones of a person existing, or moving, in an intangible time. When seated, the viewer faces the outside world. As if everything happening on the other side was a scene of a French film noir that had as one of
its characteristics, precisely, to yield a feeling of widening our notion of time with its long and silent takes. Just like the ones seen through that glass vitrine: a silent city, in movement. Silence broken or enhanced by the strange audio noises coming from the headsets. Once more, the displacement from the common place to another one, imagined, abstract. Isabela Prado’s works are nothing but simple invitations that allow us to feel an integral part of a huge matter, of a bigger place, called world.
Ricardo Resende Independent Curator SĂŁo Paulo, 2007
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catálogo editado para a exposição edited catalog for the exhibit Isabela Prado período: 21 de agosto a 27 de setembro 2007 period: from august 21th until septemberr 27th 2007
apoio - support
Fotografias - Photographs Eduard Eckenfels Páginas - pages,18 e 19 - Songyi Kim Produção Gráfica - Graphics Sebastião Miguel 1000 catálogos - catalogs Rona Editora
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