VIVÊNCIAS E (IN)SEGURANÇAS DE UM CORPO FEMININO NA CIDADE
ISABELA ALMEIDA DE SOUSA
Prezados Professores e avaliadores, o Trabalho de Conclusão de Curso II que vos apresento agora recebeu da minha parte a devida licença poética para que fosse escrito em primeira pessoa. O motivo desta concessão foi em razão de querer deixar evidente as impressões que levaram a autora a eleger como tema “MULHERES E O ESPAÇO URBANO”
FACULDADE METROPOLITANA DE ANÁPOLIS – FAMA ARQUITETURA E URBANISMO
VIVÊNCIAS E (IN)SEGURANÇAS DE UM CORPO FEMININO NA CIDADE requalificando um espaço público a partir de uma perspectiva de gênero na Praça do Âncião – Anápolis/GO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II ISABELA ALMEIDA DE SOUSA
ANÁPOLIS 2019
ISABELA ALMEIDA DE SOUSA
VIVÊNCIAS E (IN)SEGURANÇAS DE UM CORPO FEMININO NA CIDADE requalificando um espaço público a partir de uma perspectiva de gênero na Praça do Âncião – Anápolis/GO
Trabalho apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Metropolitana de Anápolis (FAMA), na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo . Orientadora: MSc. Fernanda Antônia Fontes Mendonça
ANÁPOLIS 2019
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 9 2 O ONTEM ................................................................................................................................. 12 2.1 A MULHER NA PRÉ-HISTÓRIA ........................................................................................ 12 2.2 A MULHER NA SOCIEDADE GREGA SOCIEDADE ROMANA ............................................ 13 2.3 A MULHER NA IDADE MÉDIA ........................................................................................ 14 2.4 A MULHER A PARTIR DO SÉCULO XX ............................................................................. 15 3 O HOJE ...................................................................................................................................... 18 3.1 O CORPO NO CAPITAL E O DIREITO À CIDADE .............................................................. 18 3.2 A CULTURA DO CORPO FEMININO NA CIDADE ............................................................. 20 3.3 VIVÊNCIAS E IN(SEGURANÇAS) DA MULHER NO ESPAÇO PÚBLICO.............................. 25 4 CONCEITO E APROPRIAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS ........................................................... 31 4.1 A RUA, A PRAÇA E O PARQUE............................................................................................ 31 5 ESTUDO DO LUGAR.................................................................................................................. 37 5.1 RE(CONHECER) O LUGAR: ANÁLISES E ESTUDOS .............................................................. 37 5.2 VOZ PARA ELAS: RELATOS E PESQUISA COM MULHERES ANAPOLINAS ........................... 49 6 REFERÊNCIAS PROJETUAIS ...................................................................................................... 51 7 PROPOSTA PROJETUAL ............................................................................................................ 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 84
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A cidade é um espaço que deveria ser justo e seguro para todos sem distinção de cor, classe ou gênero. Sempre acreditei fielmente sobre isto até surgir uma inquietação ao caminhar por espaços públicos e perceber que as mulheres não tinham a sensação de estar livres ou seguras. O sentimento de incômodo nesta situação não é algo recente, mas que de tanto se repetir, tornou-se comum aos olhos até chegar o dia em que a necessidade e a importância de falar sobre e para mulheres “por que elas sentem medo ao utilizar a cidade?” Diante disto surgem percepções a partir de leituras e pesquisas que levaram a entender como a cidade está sendo desenhada não para pessoas e sim para os automóveis fazendo com que as mercadorias circularem mais do que pessoas resultando na solidão da cidade noturna, tornando-a menos segura para os corpos vulneráveis da mulher que ainda são suscetíveis à violência sexual. Há que se voltar os olhos ao desenho urbano de forma a deixar a cidade mais equitativa. Infelizmente este problema em questão é advindo de uma cultura patriarcal introduzida em nossas cidades desde os tempos de um Brasil colônia. A cidade vem se tornando um território opressor e de valores onde as mulheres se segregam quando não podem usufrir dos acessos viáveis que a cidade pode lhe oferecer. Vivendo em um espaço em que homens olham o corpo feminino como uma propriedade, tirando destas mulheres a liberdade de caminhar sem sentir medo de serem violadas. A violência e o assédio nos espaços públicos geram problemas que podem interferir de forma pessoal na vida das mulhres. A exemplo tem-se as vestes que devem obdecer a determinados padrões, os horários que devem ser escolhidos cuidadosamente, a decisão da rota mais segura. Sendo assim por várias vezes os acessos são dificultados, entretanto tem de se chegar ao trabalho, à escola, ou a qualquer outro destino. Tudo então se liga ao questionamento: o que poderá ser feito para tornar este caminhar mais seguro? Como transformar estas impedâncias em facilidades de forma a propiciar a utilização da cidade de forma mais segura pelas mulheres? Como seria um espaço público planejado a partir da perspectiva das mulheres? Em 1961 Jane Jacobs já alertava sobre a insegurança vivida nas grandes cidades e o quanto isso poderia tornar-se um agravente se nada fosse feito, e ela não estava errada. Autora de um manifesto chamado Morte e vida de grande cidades, até hoje
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utilizado como referência para uma cidade melhor comprova a necessidade em olhar para a cidade de uma forma mais humana e sensível às diversidades que compõem as cidades. Verifica-se a necessidade de levar este problema para uma discussões mais profunda no que tange o planejamento urbano, visando a maior respeitabilidade com os corpos femininos para que os mesmos possam ter a segurança necessária, podendo assim transitar tranquilamente por ruas, praças, parques, calçadas e afins, propiciando uma maior segurança de forma que seus medos não as levam a não utilização de determinados locais. Partindo desse pressuposto o trabalho a ser desenvolvido tem por objetivo, planejar o espaço público urbano na perspectiva da mulher identificada através de suas vivências e inseguranças, entendendo de forma geral suas necessidades. A finalidade não será fazer com que homens sintam respeito pelo corpo feminino mas que eles entendam que o espaço urbano é de todos e para todos e que atitudes que intimidam poderão ser minimizadas com um espaço planejado e seguro para as mulheres. Neste sentido irá ser efetuado um estudo baseado na bibliografia sobre o planejamento urbano em uma perspectiva de gênero, pautando questionamentos e soluções viáveis a serem adotadas no local escolhido para requalificação, partindo assim para a criação de uma pesquisa efetuada in loco afim de compreender as necessidades das mulheres que utilizam o espaço. A intenção da pesquisa será dar voz as usuárias e tentar solucionar os seus anseios por um espaço livre, seguro e digno, como consequência dos estudos e análises será apresentada a proposta projetual sendo definidas através de diretrizes que irão nortear para a elaboração do projeto. Certificando-se de que o problema exposto existe, pretende-se entender como se dão as relações de gênero no espaço público. Ao analisar será possível diagnosticar através de um olhar urbanista como propor soluções e melhores condições em relação ao espaço das pessoas, tornando assim o lugar menos excludente ao corpo feminino. Entendendo que para tornar as cidades mais equitativas é necessário fazer um recorte de gênero e perceber os padrões de circulação entre homens e mulheres no local. Para isso será desenvolvido um estudo baseando-se em referências bibliograficas e buscando consolidar as informações, produzindo uma pesquisa in loco. O Capitulo 2 apresenta o Ontem para que possamos entender como o passado é
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essencial neste tema pois é partindo desta concepção que inicia uma cultura que irá refletir até os dias atuais. Sendo abordados alguns períodos históricos julgados importantes no reconhecimento do papel da mulher na sociedade e como isso interferiu no seu uso do espaço público. No Capitulo 3 será dissertado o Hoje sendo referência ao nosso presente nele será abordado o direito a cidade, buscando entender como se dá a liberdade dentro de uma cidade e como o corpo e o capital podem interferir neste meio, como consequência desta base referêncial irá ser questionado neste mesmo capítulo como o corpo feminino está inserido no espaço público nos dias atuais e relatando suas vivências e in(seguranças). O Capítulo 4 serão apresentados conceitos sobre o espaço público, como por exemplo as ruas, praças e parques para então ser entendido a necessidade que cada lugar necessita. No Capítulo 5 apresenta o estudo do lugar que será a Praça do Ancião e seu entorno imediato, área escolhida por ser um local com bastante circulação de pessoas e ser um espaço majoritariamente masculino. No entanto para que um espaço seja requalificado devemos antes ouvir as pessoas que ali os utilizam por este motivo será elaborada uma pesquisa chamada “voz para elas” com o intuito que as próprias usuárias do local fossem
grandes influênciadoras para obter resultados eficazes
seguindo assim com estudos e análises. O Capítulo 6 expõe referências projetuais que irão servir como base para dar inicio a proposta projetual da requalificação. E por fim o Capítulo 7 com todas as intenções e analises produzidas pode-se então formular a proposta projetual que será implantada no local escolhido.
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2 O ONTEM
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Neste capítulo serão abordados temas referentes ao passado para que seja descrito de forma breve como se deram todos os acontecimentos que culmiraram na história dos dias atuais. O hoje é o reflexo do ontem e é na história que buscamos respostas para entender os acontecimentos do presente. Serão pontuadas ocorrências relevantes de forma cronológica levando ao entendimento do processo que resultou na forma como hoje as mulheres são tratadas e como elas usam o espaço urbano.
2.1 A MULHER NA PRÉ-HISTÓRIA Do amor para o medo esta frase resume como se deu o processo feminino na história. Partindo do ínicio quando o ser humano começa a habitar o planeta, também chamado de pré-história a mulher era vista como um ser sagrado e de divindade, sendo ela o personagem central, considerada sagrada pois só a ela era atribuída a função de procriação fazendo com que o homem acreditasse que ele não tinha participação na fertilidade, crendo que a mulher ficava grávida dos Deuses, essa fase fica então conhecida como período matriarcal existindo na Europa e Ásia por volta do ano de 35.000 a.C. Por muito tempo se estendeu a cultura de caça aos animais de pequeno porte apenas para a sobrevivência, mas seguindo a evolução começa-se a guerra por territórios iniciando-se assim a supremacia masculina. No período neolítico surge uma dominação cultural onde homens lutam para conquistar terras férteis para seu plantio, surgindo então as aldeias, dando sequências as Cidades, Cidades-estados, Estados, Impérios e assim dando inicio a sociedade patriarcal que será quando homens descobrem que irá prevalecer aquele que for mais forte, aparecendo então casamentos onde mulheres eram destinadas ao cunho doméstico e reprodutor. Gerando um contexto de quanto maior a reprodução maior a quantidade para defender e cuidar da terra.
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O período matriarcal só entrou em discussão para uma possível existência no século XIX levando até hoje antropólogos e arqueólogos a estudos para comprovar suas idéias. Em 1861 o suíço Johann Bachofen afirmou a existência de sociedades matriarcais dentre elas estariam na Civilização Cicládica, na Ilha de Malta, Celtas, Minóica, Amazonas Gregas e as Icamiabas que seriam índias da America do Sul. Encontrar as estátuas femininas conhecidas como Vênus sendo uma delas a de Willendorf (Figura 1) ajudaram a entender como elas eram tidas como deusas-mãe. Figura 1 : Vênus de Willendorf foi por muito tempo tida como imagem religiosa
Fonte: Revista Galileu, 2016
2.2 A MULHER NA SOCIEDADE GREGA E SOCIEDADE ROMANA Segundo Alves & Pitanguy (1981) a sociedade grega a mulher era vista para exercer apenas o papel de reprodutora da espécie humana . Possuindo então uma posição inferior ao homem e, em consequência disso, as suas funções eram apenas aquelas destinadas pelo homem como a fiação, a tecelagem, a agricultura e também as relativas ao lar como cuidados domésticos e a criação dos filhos. Embora fosse comum dedicarem-se mais ao aprendizado de serviços domésticos e manuais do que à erudição, as mulheres de origem aristocrática aprendiam a ler (Silva, 2010) algo pouco comum, pois às mulheres não era dada a possibilidade de obter conhecimento. Segundo Alves & Pitanguy (1981)o único centro para a formação intelectual da mulher foi a escola de Safo no ano de 625 a.C. Filósofos como Aristóteles (1998) fizeram análises desta posiçãoh de inferioridade da mulher em relação oao homem, sendo o primeiro a escrever de forma sistemática sobre a questão. Segundo Aristóteles (apud Arruda, 1941), no que diz respeito à sexualidade, a diferença é indelével, pois, independente da idade da mulher, o
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homem sempre deverá conservar a sua superioridade. Na Sociedade Romana a mulher era posta em uma posição superior na Grécia. As mulheres romanas aprendiam a para servir seus maridos e em seu casamento sua função maior era a de reprodução. Na Gália e na Germânia eram sociedades onde a mulher tinha regime comunitário total, semelhantes aos homens. Em Roma era tratada com enorme respeito sendo considerada uma divindade por ser elas capazes de reprodução podendo assim formar populações. Por este motivo um grande episódio ficou marcado, o chamado Rapto das Sabinas (figura 2), em que mulheres foram raptadas por Rômulo, o primeiro governante de Roma, com o objetivo de procriar e povoar a cidade, no entanto as mesmas intercederam na guerra e consiguiram acordo entre os povos. Figura 2 : O Rapto das Sabinas, obra do pintor francês Jacques-Louis David
Fonte: Virus da arte, 2016
2.3 A MULHER NA IDADE MÉDIA A Idade Média foi um período histórico que iniciou-se no século V até o XV. Durante os primeiros séculos da Idade Média quase todas as profissões eram acessíveis as mulheres, permitindo, por algums vezes, a sua participação em assembléias e até mesmo em alguns casos o poder do voto. No campo da educação, mesmo sendo minoritariamente, há registros de que no século XIV, em Frankfurt, quinze mulheres estudaram medicina chegando a exercer a profissão, enquanto em Bolonha algumas se formaram em medicina e direito. Entretanto o trabalho feminino sempre recebeu remuneração inferior ao masculino, o que gerava conflitos pois em consequência havia a desvalorização da mulher provocando a hostilidade de homens ante o trabalho feminino. Mesmo sendo os atributos da mulher realacionados à fragilidade,
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nesta época elas conseguiram sair da esfera doméstica e participar de atividades que, até então, eram destinada aos homens, consituindo-se como um símbolo de resistência já que não existia a valorização do trabalho, da arte ou do conhecimento cientifico dela. Ao final da Idade Média, por volta de 1450, teve inicio a “caça às bruxas”. Tratava-se de uma perseguição política e social baseada em fundamentos religiosos tendo início no século XV. Considerado um dos maiores genocídios cometidos dominantemente contra mulheres, onde Monter (1987) relata que as mulheres representavam a porcentagem maior de todos os inculpados nos processos de bruxaria como na Alemanha com 82% de mulheres mortas acusadas de bruxaria, 85% na Escócia e na França, 66% na Suíça, 76% no Luxemburgo, 92% na Bélgica, 92% na Inglaterra. Michelet, (1974)transcreve em números estarrecedores o que ocorreu naquele tempo. A cidade de Gênova queimou 1513 mulheres, em apenas 3 meses, na Alemanha foram cerca de 500 e em Bispado Bamberg 600. O episódio era comum por atos de desespero. As pessoas culpavam as outras para não serem condenadas, utilizando até mesmo de tortura com a intenção de que a ré confessasse que havia praticado feitiçaria. O auge da caça as bruxas foi atingido entre 1600 e 1650 quando a idade média já tinha chegado ao fim.
2.4 A MULHER A PARTIR DO SÉCULO XX Percebe-se então o quanto a cultura pode interferir nas condições e direitos das mulheres. Sua história é marcada por lutas e revoluções. Por este motivo é importante entender como se desenvolveu a cultura patriarcal em nosso país? Quais direitos as mulheres conquistaram atráves da sua luta? Sendo assim inicia-se um breve entendimento da época do Brasil Colônia (1500-1822) em que mulheres vivam em uma sociedade de repressão dominadas por seus maridos, irmãos ou qualquer outra imagem masculina. Algo bastante comum nas famílias patriarcais que viviam retiradas em seus casarões era em dias de procissões, as mulheres apenas saíam com a autorização dos seus maridos, (Figura 3). Ressaltando que as mulheres negras libertas foram proibidas, por um decreto no Rio de Janeiro, de andarem “rebolativas”. Antes mesmo de abolirem a escravatura, elas já tinham suas limitações que seriam não usar nenhum tipo de vaidade – não podendo se maquiar, usar acessórios ou qualquer meio que as embelezassem. Desse ponto de vista entendesse o não pertencimento da mulher à cidade, ou seja, o espaço urbano não era local adequado às mulheres. Durante o império (1822-1889), as mulheres passam a usufruir do direito de
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estudarem. Dá-se então a criação da primeira escola para meninas no Brasil fundada por Dionísia Golçalves Pin. Figura 3: Retratos do Brasil no período colonial
Fonte: atlas,2017 Ainda no início do século XX muito se discutiu para que as mulheres pudessem usufruir do direito de voto. É então fundada em 1922 a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino em que faziam exigências em prol do direito de voto e livre acesso ao campo de trabalho. Mas apenas em 1934 é autorizado o primeiro voto feminino que, infelizmente foram anulados, mas que abriram grandes discussões para melhorar a cidadania das mulheres. O decreto oficial ao voto aconteceu apenas em 24 de fevereiro de 1934, no governo de Getúlio Vargas, podendo mulheres também se candidatarem nas eleições. Deixando claro que a luta pelo sulfrágio feminino foi algo que percorreu todo o mundo. A Nova Zelândia, por exemplo, foi o primeiro país a permitir o voto feminino em 1893 e o último registro de liberdade para votar foi na Arábia Saudita em 2015. É nos anos 20 que a cidade brasileira prima pela criação de espaços bem acabados e com hábitos de convívios. Seria esse o ponta pé inicial para que as mulheres interagirem ainda de forma superficial no seus espaço mesmo sendo frequente a necessidade de estarem acompanhadas por figuras masculinas, mas podendo algumas exercer funções trabalhando em áreas como telefonistas. Quando chega o século XXI a cidade se transforma em um espaço de convivência humana, prometendo desenvolvimento social, acesso ao lazer, educação, saúde, trabalho e circulação livre. Afim de usufruir de tudo isso (afinal é um direito total e seu), a mulher entra em luta para ganhar seu espaço, mas para que isso seja funcional, a cidade necessita perceber que a presença feminina existe.
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Seguindo assim com outras lutas e buscas por igualdades como por exemplo, equiparação salarial, apoio em caso de assédios, proteção em casos de violências e dentre tantos outros temas pertinentes a condição feminina no Brasil.
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Fonte: acervo autora, 2019
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3 O HOJE O texto anterior deixou claro como se deu a história feminina e chegando aos dias atuais e mostrando todo o processo de lutas e conquistas, mas devemos questionar sobre o hoje e se a segurança é suficiente ou se ainda estamos longe dos objetivos a serem alcançados. Nos dias atuais, é possível comprovar se os corpos femininos são ou não respeitados no espaço público e isso pode ser feito através de dados estatíticos. Notícias se tornam cada dia mais comum em que mulheres vem sendo agredidas, violentadas ou incomodadas ao utilizar a cidade. Neste capítulo será abordado temas relativos à inserção da mulher na sociedade e as formas que comprovam a existência deste problema.
3.1 O CORPO NO CAPITAL E O DIREITO À CIDADE Segundo Jacobi (1986), “direito à cidade quer dizer direito à vida urbana, à habitação, à dignidade. É pensar a cidade como um espaço de usufruto do cotidiano, como um lugar de encontro e não de desencontro”. Portanto falar sobre direito à cidade é falar sobre pessoas e como elas usufruem deste espaço. Para isso será dada a população a oportunidade de participação para buscar entender qual o problema comum a ser solucionado. As cidades brasileiras partem de um convívio capitalista onde Harvey (2015) um dos maiores pensadores marxistas contemporâneo diz “nós estamos construindo cidades para investir, não para viver”. Sendo este processo, voltado para o capital que
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nos leva a usar a cidade de uma outra forma, com nosso principal meio produção “o corpo” se tornando vulnerável aos impasses causados por uma falta de infraestrutura urbana. Partindo desta idéia surge o questionamento em descobrir qual os desafios enfrentados por um corpo e quais serão as circunstâncias de viver em uma sociedade capitalista que nos leva para longe de uma sociedade ideal e coletiva? Segundo Harvey (2014) a qualidade de vida urbana tornou-se uma mercadoria, assim como a própria cidade. Há uma aura de liberdade de escolha de serviços, lazer e cultura – desde que se tenha dinheiro para pagar. Saber que tipo de cidade desejamos é uma questão de associar o direito coletivo, a uma cidade ideal onde existirá bem mais que uma liberdade individual. Harvey (2004) compreende que a conexão entre a escala global e a escala de corpo permite a apreensão das dinâmicas políticas de produção do espaço capitalista e disputas entorno de projetos. Ou seja, o corpo que trabalha está sujeito às diversas exigências de aptidões seja ela em distribuir boas funções até ao aceitamento da condição de mobilidade que enfrenta, resultando que o corpo passe por diversas situações sujeitadas a refletir e produzir patologias, deformidade, doenças e vulnerabilidade social dentro do meio urbano. No entanto as consequências piores estão voltadas à aqueles que não estão inseridos no centro urbano e irão se esbarrar com a necessidade de um deslocamento em maior escala se tornando assim mais propensos a enfrentar os problemas que existem na infraestrutura, segurança, mobilidade, dentre outras. Há uma ausência de participação na formação da cidade de pessoas que foram excluídas no desenvolvimento econômico, sendo assim Harvey (2014) afirma desde o início as cidades emergiram da concentração social e geográfica do produto excedente. Portanto, a urbanização sempre foi um fenômeno de classe. Sendo então este um processo capitalista onde o corpo sofre as consequência de uma urbanização um tanto excludente. Há corpos – muitos deles – que transitam pela cidade que são ordinários, comuns, porém, necessariamente, inventivos. Os corpos ordinários dos praticantes da cidade (CERTEAU, 2008). Para Milton Santos (2008) esses corpos ordinários também são chamados de “homens lentos” aqueles que utilizam a cidade sem as regras inscritas no cotidiano urbano, e justamente por isso seus ritmos são lentos produzindo assim novos sentimentos na cidade. Esses corpos circulam pela
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cidade ainda de forma invisível para o planejamento urbano, mas ainda assim seriam estes que se tornam símbolos de resistência. As mulheres fazem parte desses corpos resistentes, pois mesmo esses espaços não sendo criados a partir da perspectiva de inseguranças, elas o ocupam, mesmo que de forma estratégica, para habitá-los e reivindicar seus direitos. Mesmo seu corpo sendo alvo da vulnerabilidade social e cultural elas se permitem estar presentes sem convite, comprovando que o seu corpo fará parte dos processos sociais com um símbolo de determinação.
3.2 A CULTURA DO CORPO FEMININO NA CIDADE A diferença entre gêneros e direitos esteve sempre perceptível através da história, onde os previlégios eram voltados para o masculino, desde então a mulher vem lutando pelo seu direito de igualdade. O corpo feminino já carrega consigo a história de uma cultura enraizada, segundo Sennett (1943) para os gregos, o corpo quente era mais forte, reativo e ágil do que um corpo frio e inerte. Sendo assim estavam destinados aos homens o corpo quente e como consequência eles possuiam o dominío sobre educação, filosofia, política e vida pública no entanto o corpo frio eram as mulher e os escravos em que mesmo contrário ao posicionamento não obtinham os mesmos direitos. Mas como o corpo feminino é visto hoje na cidade? É necessário que o planejamento urbano seja pensado na perspectiva de gênero? Para obter essas respostas é necessário compreender como a cidade ainda é destinada aos valores capitalistas, como conta Joice Berth arquiteta e urbanista, em uma entrevista para a revista Trip (2017), que pesquisa sobre questões raciais, de gênero e direito à cidade. “A gente tem a lógica da ‘Casa Grande e Senzala’ transposta para o desenho das nossas cidades. Em que as políticas públicas valorizam o centro urbano e minimizam os valores entregues para aréas periféricas algo que ocorre desde o período da pós-abolição e início da revolução industrial no Brasil. Consequentemente isso atinge mulheres pois seu corpo é reconhecido na “cidade” como público, sendo essa afirmativa criada a partir de pesquisas como a realizada em 2016 pela ActionAid onde o Brasil lidera o ranking mundial com 86% das mulheres entrevistadas afirmando que já sofreram assédio público em suas cidades.
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Sendo que os locais onde mais sentem medo é no transporte público, becos, praças, paradas de ônibus e vias públicas. Outra consequência que a pesquisa mostra é o quanto os corpos femininos são abusados em razão dos padrões estéticos determinando a necessidade que eles estejam dentro de um esteriótipo fisico estabelecido. Algo que vem sendo construído com o passar dos anos colocando os corpos numa necessidade de um constante processo de mudança ( Figura 4).
Figura 4: Cronologia dos corpo padrão feminino de cada época
Fonte: site mega curioso (editado pela autora), 2017
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Algo comum de se esperar de uma mulher da nossa sociedade será comportamentos de recato, docilidade e obediência, algo que vem sendo quebrado com o passar dos anos, porém ainda subiste. A submisão é uma consequência do medo de uma “cantada” feita em locais públicos, já que quando isso ocorre as mulheres estão sendo objetificadas. Segundo Belmiro (2015) a objetificação, termo cunhado no início dos anos 70, consiste em analisar um indivíduo a nível de objeto, sem considerar seu emocional ou psicológico.” Pode-se observar isso não apenas nos meios públicos mas nas publicidade de jornais, tv, revistas que resultam na consequência danosa de mulheres serem assediadas e ter seus corpos esteriotipado pela mídia causando a autoobjetificação da mulher. Tudo isso ligando ao fato do corpo feminino ser voltado às submissões do prazer masculino. O corpo feminino é uma questão a ser estudada e decifrada, pois somos vítimas de incômodos e destinadas a ver isso como elogio ao seu corpo, e não poder confrontar. Os rumores de culpabilizar a vítima ainda segue sendo um dos motivos que desencoraja para que a mulher não denuncie, como comentários do tipo: “mas qual roupa estava usando?” “Qual horário você estava na rua? “Você provocou?” Assim, sendo colocadas em testes a todo tempo, a fim de deixar de ser vítima para se tornar culpada. Pollak (1989) em interessante trabalho sobre memória e identidade, argumenta que esses silêncios e “não-ditos” são moldados “pela angústia de não encontrar uma escuta, de ser punido por aquilo que se diz, ou, ao menos, de se expor a mal-entendidos”. Existe uma necessidade em ter que falar sobre a cultura do corpo femino pois apesar da mesma ser definida de várias formas ela resulta nos modos em como as pessoas irão se comportar na sociedade. Segundo Ferreira (1986) a cultura é o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade. Portanto no Brasil é uma das culturas que permite que a mulher se sinta insegura em percorrer determinado trajeto em um espaço público. A “cultura do estrupro” e a “cultura do corpo feminino”, dois conceitos diferentes mas que resultam em violar o corpo da mulher. De acordo com a ONU no Brasil, a “cultura do estupro” é um termo usado para abordar as maneiras que a sociedade culpam as vítimas de assédio sexual e normalizam o comportamento sexual violento dos homens. Ou seja, quando uma mulher é ferida,
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abusada sexualmente, verbalmente ou tem seu espaço invadido sem o seu devido concentimento por um homem, ainda assim se culpabiliza, isso significa que existe uma “cultura do estupro” sendo a mesma resultado de uma “cultura sobre os corpos femininos” sempre levados a acreditar que as mulheres devem seguir padrões impostos pela sociedade, como a fragilidade, feminilidade, reprodução e entre outros aspectos, onde alguns associam o corpo da mulher como submissão aos desejos do sexo oposto. Essa cultura enraizada no país é resultado de um longo processo histórico onde fomos acostumadas a ver como normalidade o recebimento de uma “cantada” na rua, somos ensinadas a ver isso como um elogio. Não, não é normal você ter medo de andar na rua, não é normal você trocar sua roupa por achar que pode chamar atenção de um homem. O espaço é público e deveria ser justo e seguro, a insegurança feminina vai além do medo de ser assaltada e ter sua vida ou objetos violados. Mulheres tem medo de serem abusadas sexualmente, de verem seu corpo sendo usado sem seu consentimento e sem o direito de buscar justiça. A figura 5 mostra como o corpo da mulher está vulneravel e visto como público. Os depoimentos são de homens reais que em seu cotidiano procuram vítimas para seus abusos e como eles ainda acreditam que agem com normalidade diante das circustâncias. Em outros relatos há depoimento de mulheres vítimas de assédio em espaços públicos onde palavras voltada ao corpo são as mais citadas, fazendo entender que existe uma relação de qual corpo é o dominante e qual será o corpo dominado.
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25 3.3 VIVÊNCIAS E (IN)SEGURANÇAS DA MULHER NO ESPAÇO PÚBLICO
Homens e mulheres possuem trajetos de deslocamento na cidade de forma diferente. Uma pesquisa realizada pelo IPEA (2017) sobre as desigualdades de Gênero e Raça mostra que mulheres brasileiras trabalham em média 7,5 horas a mais que os homens por semana, isso porque as mulhres se deslocam de forma diferente dos homens. É comum que homens adotem caminhos mais diretos como da casa para o trabalho, já as mulheres vivenciam outros trajetos ligados aos mútiplos deslocamentos realizados como por exemplo: ida e vinda de mercado, feiras, escola, trabalho, farmácia, lojas, ou seja, as funções dadas a ela será de forma social e cultural voltada para a figura feminina. Em razão disto foi desenvolvido o primeiro estudo sobre mobilidade com enfoque de gênero produzido pelo Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (2018) na cidade brasileira de Recife onde mostra os padrões de viagem realizados pelas mulheres (Figura 6). Essa diferenciação nos trajetos nem sempre são fáceis de percorrer. A mulher tem uma relação mais próxima com a cidade, pois seu deslocamento permite que a mesma utilize a de outra maneira, com outra velocidade e atenção, geralmente de forma estratégica para não sofrer com a insegurança urbana. Figura 6: Percurso: padrão de viagem na perspectiva de gênero
Fonte: ITDP, 2016
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Segundo Dymén e Ceccato (2012) apesar de todas conquistas, as mulheres ainda tem maior responsabilidade para com as chamadas atividades reprodutivas, tais como cuidar das crianças e idosos e as tarefas domésticas. A realização dessas atividades em uma cidade socialmente segregada e com uma grande desigualdade social, tende a levar vivências nada positiva para mulheres que moram em áreas periféricas e que dependem em um grau maior de uma boa mobilidade e um desenho urbano em que ela possa ser visibilizada. Na cidade, o espaço para mulheres é definido pela falta de segurança. Problemas com infraestrutura e dificuldade de acesso aos serviços públicos tornam o seu caminhar, por muitas vezes, um desafio a ser cumprido no seu dia-a-dia. Muitas vezes tem de optar por um caminho mais longo, porém mais seguro para o seu corpo. Segundo Fenster (2005) medo e insegurança podem ser vistos tanto como uma questão social como também espacial que, em muitos casos, estão relacionados com o desenho dos espaços urbanos. Ruas sem saídas, falta de iluminação, pavimentação precária, parques e praças sem policiamento, locais que são tipicamente dominados por figuras masculinas são algumas circunstâncias que levam as mulheres a sentirem medo e as impedindo de usar a cidade de maneira ativa.
Há dúzias de vazios urbanos desvitalizados chamados parques, destruídos pela decadência, sem uso, desprezados. Como me disse uma mulher em Indiana, quando lhe perguntei se gostava da praça da cidade: "Lá só ficam uns velhos indecentes, que cospem uma gosma de tabaco e tentam olhar por baixo da saia da gente.". (JACOBS,1961)
Um levantamento produzido pelo Datafolha (2017) mostrou que uma parcela de 42% das brasileiras com 16 anos ou mais declara já ter sido vítima de assédio sexual. Nas ruas uma em cada três brasileiras adultas, 29% declara já terem sido assediadas e 22% no transporte público o que causa constrangimento às passageiras (figura 7). A cor da pele também é um fator que entra nesta pauta, pois entre pardas e negras, aproximadamente 45%, afirmaram já terem sido assediadas, ficando acima das mulheres brancas com 40%.
27 Figura 7 – Representação do assédio sofrido pelas mulheres no transporte público
Fonte: Site “Olga” – campanha chega de fiu-fiu, 2013
De acordo com o Mapa da Violência (2015) o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial dos países mais violentos contra mulher, onde o índice de mulheres negras mortas teve um aumento de 54%. A mesma pesquisa mostra que o terceiro local onde as mulheres mais sofrem violência são nas ruas com 31,2%. É necessário entender que todas as mulheres sofrem opressão, no entanto cada uma irá sofrer de forma diferente seja ela branca, negra, de classe alta, média ou baixa, mulheres trans, mais velhas ou mais novas. O problema está inserido na cultura brasileira de forma que o corpo da mulher é objetificado e sexualizado. Em um desenho urbano cujo o traçado, a mobilidade das vias, os acessos, os trajetos públicos ainda estão sobre a perspectiva do homem resulta em leis criadas e aprovadas em sua maioria por base masculina, como prova disto é a pouca atuação da mulher na vida pública. Segundo o último boletim da União Interparlamentar (2015) o Brasil está na 116º no hanking de 190 países com a presença feminina no Parlamento. Como consequência disto o Brasil segue se tornando um país onde as leis serão construídas partindo de uma perspectiva masculina, não sendo questionada as vivências e inseguranças vividas pelas mulheres.
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Partindo deste pressuposto surge um questionamento: quais as inseguranças vividas pela figura feminina no espaço urbano? Um projeto chamado “Chega de fiu-fiu” que representa uma campanha contra o assédio sexual em espaços públicos, buscou responder a essa pergunta fazendo uma pesquisa com 7.762 mulheres, onde 99,6% delas afirmaram que já foram assediadas. Afirmando também, não gostarem de ouvir cantadas, ou que ja deixaram de ir em determinado local por medo de assédio (figura, 8). Figura 8 – Dados estatíticos sobre assédio sexual nos espaços públicos
Fonte: Site “Olga” – campanha “Chega de fiu-fiu”, 2013
Buscando entender como as mulheres se sentem no espaço público em relação ao assédio, surge a criação de uma pesquisa autoral, visando obter respostas de mulheres a fim de que as mesmas pudessem relatar qual a percepção feminina sobre o espaço que ela utiliza. A pesquisa foi realizada por meio de um formulário eletrônico em redes sociais entre os dias 03 a 31 de Maio de 2018, obtendo 470 respostas, com 95% de confiança sendo seu erro máximo de estimativa de aproximadamente 5%. Observe a seguir a pesquisa disponibilizada.
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Fonte: Croqui da autora, 2019
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O resultado da pesquisa mostra o incômodo que o assédio causa às mulhres, e o quanto pode interferir no nosso cotidiano. A pesquisa mostra como existe a idéia de que “ qualquer um pode se sentir no direito de tocar no corpo da mulher”. Existe um processo de luta pela igualdade nos espaços urbanos a fim de que as mulheres não se preocupem com qual roupa usar, ou o horário que irá sair. Se perguntar “uma mulher se sentiria segura andando aqui a noite?” e obter uma resposta positiva provavelmente significa que a maioria das pessoas se sentiria confortável usando aquele espaço. Mulheres podem ser usadas como um termômetro para a segurança e outras prioridades em planejamento.” (WARNER,2014)
Conhecer a história feminina, suas vivências e inseguranças e como seu corpo é visto no espaço público é necessário para se questionar como seria o espaço urbano visto na perspectiva de gênero. Deve-se compreender que a visão masculina é a que rege o espaço urbano e que as amarras do patriarcado ainda estão presente. Não deveria ser normal mulheres terem medo de andar sozinha pelas ruas, não deveria ser normal mulheres utilizarem um caminho mais longo para se sentirem mais segura, não deveria ser normal sertir medo de seu corpo ser tocado no transporte público, não deveria ser normal deixar de ir em uma praça em razão dela ser ocupada por maioria masculina, não deveria ser normal sentir medo de utilizar a cidade apenas por ser mulher.
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4 CONCEITO E APROPRIAÇÕES DOS ESPAÇOS PÚBLICOS Refletir sobre as definições de espaço público vai além de entender sua estruturação. A apropriação do espaço é uma prática que envolve questões políticas e sociais. Analisar o conceito de espaço público é essensial para entender quais as necessidades que devem ser levadas em consideração para poder desenvolver um projeto de uso coletivo com segurança, convívio e que estimule o usuário a caminhar por ele. A caminhabilidade neste contexto é importante pois é ela que irá ser a medida convidativa para a utilização deste espaço. Quando você pensa em um local público para caminhar, certamente irá criar expectativas que te estimulem a querer permanecer ali, essa será o estudo deste capítulo, vislumbrar entender os conceitos que levam a essa possibilidade.
4.1 A RUA, A PRAÇA E O PARQUE O espaço público é o espaço da cidade que, por exelência, deve ser entregue a sociedade para que haja interação e comunicação entre os mesmo. Nele aprendemos a conhecer a cidade. Serpa (2004) refere-se ao conceito de espaço público como sendo em si mesmo o espaço da ação política ou, pelo menos, da possibilidade da ação política na contemporaneidade. Segundo Ascher (1995), o termo de espaço público aparece pela primeira vez num documento administrativo em 1977, no quadro de um processo de intervenção pública, agrupando na mesma categoria os espaços verdes, as ruas pedonais, as praças, a valorização da paisagem urbana, o mobiliário urbano. Alexandra (2009) explica que o
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espaço público constitui-se ou deveria constituir de uma fonte de forte representação pessoal, cultural e social. Pois trata-se de um símbolo para os usuários refletindo-se na utilização e apropriação deste espaço. É necessário em distiguir o espaço público do privado, pois os espaços públicos sofrem alterações ao longo dos seus usos, onde em sua maioria tornam-se mercadoria para uma valorização de imóvel, sofrendo de algum modo com a privatização. Segundo Carlos (2001), o uso e na apropriação do espaço urbano, limita-se às condições e as possibilidades de uso do espaço público pelos seus habitantes, isto é, cada vez mais os espaços urbanos são transformados em mercadoria. Segundo Perahia (apud Minda, 2009) a idéia ou conceito de espaço público tem experimentado mudanças através do tempo. Antigamente espaço público estava associado a termos de “espaço verde” onde haveria um predomínio de vegetações. Nos ultimos anos esta concpeção foi se reformulando de acordo com que o espaço público estivesse ligado com a condiçã e necessidade da cidade. Portanto os espaços verdes como praças e parques se incorpora em um conceito de espaços livres, em que a predominação de usos seja voltada para pedetres, pensando no lazer, passeio e atividades fisícas, etc. Neste sentido Mark Francis (apud Sun Alex, 2008) considera “o direito das pessoas controlar seu uso e o deleite dos lugares públicos” algo essencial para espaços público obrem sucesso na sua utilização e ativação. Para o autor Os espaços públicos são paisagens participativas, e o controle do usuário pode ser compreendido com base nas cinco dimensões propostas por Kevin Lynch para construir bons ambientes: Presença, uso e ação, apropriação, modificação e disposição. Mark Francis
(apud Sun Alex, 2008)
Outro conceito que está estritamente ligado a espaço público é o da acessibilidade. Para Leitão (2002) a acessibilidade é a condição que, do ponto de vista territorial, caracteriza o espaço público. Graças a ela um determindo espaço se torna um espaço comum e, como tal, espaço público por definição. O espaço público necessita que no planejamento urbano ele seja estudado e compreendido, de tal forma que possa implementar os aspectos necessários para sua utilização, procurando criar espaços com qualidade e adequado as necessidades físicas
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e ambientais tornando o lugar confortável e seguro. A composição do espaço público pode ser feita com ruas, praças e parques, pois os mesmo valorizam a paisagem urbana, sendo que cada um possui uma maneira diferente de uso e apropriação. A rua conforme Lamas (1993) é um dos elementos mais claramente identificáveis tanto na forma de uma cidade como no gesto de a projetar. Ela regula a disposição dos edifícios e quarteirões, ligas os vários espaços e partes da cidade, e confunde-se com o gesto criador. Jacobs (1961) diz “A rua então se torna o lugar do encontro casual entre desconhecidos, da diversidade de pessoas e atividades, da troca de experiências, da criação de comunidades, da domesticação e vivência do urbano.” Sendo assim ela pode ser utilizada como meio de transição entre um espaço e outro como pode ser também um espaço de convívio se a mesma for entregue para outras atividade. Algo muito comum como este é a Avenida Paulista em que aos finais de semana fica aberta aos pedestres e ainda mais cheia de vida (figura 9). Figura 9 – Paulista sendo ocupada para o lazer da população
Fonte: Carta Capital, 2017
Um cénario infelizmente ainda muito comum de se imaginar nas ruas é a grande ocupação de automóvel se comparado com a de pedestres. Para Rob Krier (1979), tal veículo não apenas exclui os demais usuários desse espaço, como não tem qualquer relação com seu entorno, ou seja, um automóvel não consegue ter uma relação com a cidade se comparado a um pedestre que necessita caminhar e observar ao seu redor. Por este motivo entregar à caminhabilidade é essensial para que ruas possam ser
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utilizadas com mais segurança e acessibilidade. Para Lamas (1993) a rua é como um elemento que intervém na organização da forma urbana em diferentes dimensões. A praça segundo Lamas (1993) é a continuidade de outros espaços, que são resultado acidental de alargamento ou confluência de traçados - pela organização espacial e intencionalidade de desenho. Deste modo o autor caracteriza a rua como “lugar de circulação” e a praça como “lugar intencional do encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, de manifestações de vida urbana e comunitária e de prestígio, e, conseqüentemente, de funções estruturantes e arquiteturas significativas”. No Brasil segundo Marchi (2015) as praças seguem frequentemente dois tipo de padrões o primeiro sendo o padrão clássico seguindo uma linha francesa (figura 10), onde é caracterizada pelos eixos perimetrais, elementos escultóricos, espelhos d’água e sistema radial com ponto focal central e simetria, bem exemplificado na praça da República de Recife. Figura 10 – Praça da República – Recife
Fonte: ROBBA e MACEDO, 2003
E segundo sendo o padrão linha romântica (Figura 11) por influências inglesas, onde é caracterizado por utiliza o traçado orgânico e sinuoso, faz uso de elementos pitorescos, passeios e caminhos que percorrem toda a área, lagos serpenteantes e imitação do ambiente natural, naturalismo como exemplo , a Praça da República de São Paulo.
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Figura 11 – Praça da República São Paulo
Fonte: : ROBBA e MACEDO, 2003
As praças são espaços livres públicos, com função de convívio social, inseridos na malha urbana como elemento organizador da circulação e de amenização pública, com área equivalente à da quadra, geralmente contendo expressiva cobertura vegetal, mobiliário lúdico, canteiros e bancos. (Mendonça, 2007). Conforme Macedo e Sakata (2003), consideramos como parque todo espaço de uso público destinado à recreação de massa, qualquer que seja o seu tipo, capaz de incorporar intenções de conservação e cuja estrutura morfológica é auto-suficiente. Ou seja os parques estão em uma maior em escala que as praças, onde como sua característica principal deve-se incluir a presença de uma vegetação árborea pois seria essa vegetação em massa seu diferencial para outros tipos de áreas públicas. Essas funções verdes são consideradas por Lamas (1993) como elementos identificáveis na estrutura urbana. Caracterizam a imagem da cidade; têm individualidade própria; desempenham funções precisas: são elementos de composição e do desenho urbano; servem para organizar, definir e conter espaços. Os parques urbanos trazem inúmeros benefícios à população, como contribuir para a sustentabilidade urbana, oferecer minimização dos problemas no entorno, entregar um ambiente agradável e natural, aproximando pessoas, espaço e lazer.
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Além dos espaços públicos aqui citados existe uma vasta gama de outras possibilidades capazes de atentar-se ao uso e ocupação em espaços para fins coletivos. Nishikawa (1984) considera as apropriações como eventos cotidianos relacionados à própria vida urbana e devem ser reconhecidas, entre outros aspectos, como reveladoras de necessidades de reestruturações físicas, de modo a permitir flexibilidade no uso do espaço. Quando o espaço público está degradado seja por falta de manutenção, pouca iluminação ou por ser concebido como um local propício à violência, ninguém os utilizará para passar seu tempo, ou interagir socialmente. Os espaços públicos são fatores importantes para a recuperação urbana, pois sua utilização trará uma série de beneficios para aqueles que o utilizam. Tudo está correlacionado ao bem-estar e saúde – fisica, mental e social – interação social, sensações familiarizada, estímulo para caminhar, correr e observar o entorno. Um bom espaço é aquele que reflete na diversidade de usos, fazendo com que as pessoas se apropriem do mesmo, e para isso existe diversos meios (Figura 12) e condições para a permanência dos usuários, garantindo a vitalidade e a posibilidade de usufruir dos espaços urbanos de diversas formas.
Figura 12 – Princípios fundamentais para projetar um bom espaço público
Fonte: ArchDaily (editado pela autora), 2019
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RESULTADO DAS PESQUISAS
Qual sua idade?
16 a 24 anos 58 %
25 a 34 anos 18%
Qual sua cor/raça?
35 a 44 anos 16%
45 ou mais 8%
Você se sente segura estando neste local?
Não 90%
Sim 10%
Você se sente mais segura caminhando ao
Branca 55,3%
Negra 25,5%
Você usa esse local (Praça do Âncião) frequência?
Parda 19,1%
Não declarou 0%
Do que sente mais medo usando este local?
Asalto/Furto 58%
Assédio Sexual 16%
Dano a integridade 14%
Pessoas marginalizadas 12%
Sim 68%
Não 32%
Você ja recebeu cantada neste local?
Sim 68%
Não 32%
Abaixo será relatada algumas frases que mais se repetiram nos dias de pesquisas: “Acho que o que sinto mais medo é de me levarem alguma coisa”
“Só não tenho coragem de vim aqui a noite” “Geralmente o que dá mais medo são os caras que ficam aqui” Sim 86%
Não 14%
“Eu venho mais aqui quando tem algum evento”
“Sim, eu tenho medo de estar aqui”
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BAIXIO VIADUTO ENG. ANDRADE PINTO
Figura 67 - Usos inseridos no espaço da inter venção
Figura 68 - Usos inseridos no espaço da inter venção
Fonte: Entre Arquitetos
Fonte: Entre Arquitetos
Figura 65 - Usos abaix o do viaduto
O projeto Baixio Viaduto Eng. Andrade Pinto foi vencendor do concurso nacional intervenção baixios de viaduto em Belo Horizonte - MG, Brasil. Onde tinha como proposta levar uxo de pessoas para o lugar, trabalhando o espaço junto com a topograa. Am de levar uma sensação de conforto e segurança para os usuários . Oferecendo ainda a maior possibili dade de usos no local, com a intenção que pessoasse apropriem do espaço de manei ra positiva.
O plano horizontal ajuda na distribuição dos usos do local criando diversos setores. O local serve tanto para os que passam como para os que pretendem permanecer no espaço. Os módulos como a arqui bancada servirá como área de estar serve para se apropriar de acordo com suas nec essidades.
Fonte: Entre Arquitetos
Figura 69 - C orte AA/BB do BaixioViaduto eng. Andrade iP nto Piso em concr eto desempenado (andar skate, bicicleta, patins
8- Banca de jornal
Figura 66 - Planta do Baixio Viaduto eng. Andrade iP nto
1- Sanitários ú Pblicos 4- Balanços xos na cobertura
FICHATÉCNICA Autores do rojeto: P ENTRE Ar quitetos (Vinícius Capella e Daniele de Souza Capella) junto a Alecsander Gonçalv esipsum Ano: 2014 Área: 5.100m² Local: Baixio do viaduto Silvaobo, L Belo Horizont
5- Playgroud em banco de areia
Área de estar (ler, conversar, tocar violão ,se encontrar)
Estrutura treliçada em per l metálico branco, piso em placa cimentícia
Mesas de ping pong em concreto armado
9 - Mesas de ping-pong em concreto armado 10- Mesa de jogos e leituras
Massa árbor ea ameniza contato direto com automóveis
Parcela do terreno incorporada á área de intervenção
12- Ocina para bicicleta
Área de estar (ler, conversar, tocar violão ,se encontrar)
Mesas de ping pong em concreto armado Banca de jornal (comprar revista/ponto de encontro)
Fonte: Entre Arquitetos (editada pelo autor)
Pontos positivos para a proposta projetual 3- Lanchonete e mesas para alimentação
7 - Área de estar 11- Piscinão para Skatista 6- Área de estar
2- Aterro com terra retirada do piscinão Fonte: Entre Arquitetos (editada pelo autor)
2- Aterro com terra retirada do piscinão
13- Paraciclos
USOS
INFRAESTRUTURA
MOBILIÁRIO ATIVAÇÃO DO ESPAÇO COLETIVIDADE
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CORREDOR VERDE TAICHUNG Figura 70- e Prspectiva da intervenção
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Figura 72 - ePrspectiva da intervenção
O projeto Corredor Verde Taichung foi desenvolvido pelo escritório Mecanoo em Taiwan no ano de 2017, com a intenção de nalização entr e 2018 e 2019. Um parque linear com uma extensa linha ferroviária de 1,7 km de comprimen to que atravessa todo o centro da cidade, irá receber um corredor verde embasado na biodiversidade, ciclismo e caminhada. Durante o processo de projeto o escritório abordou fatores de regeneração do espaço com a participação pública, preservação histórica do local e utilização da área hídrica no entorno ao longo do rio Green. Figura 73 - ePrspectiva da intervenção
Fonte: Mecanoo Figura 74 - ePrspectiva da intervenção
Fonte: Mecanoo
Figura 71 - Planta demplantação I da intervenção
ESC OLA Esporte Tribunal Eventos
Jardim de ervas
Tribunal
Ginástica
Bicicletário
Ciclovia
Praça
Parque de esculturas
Fonte: Mecanoo
Praça para bicicletas
Fonte: Mecanoo
Para se tornar efetivamente usual, o projeto incluirá instalações públicas como, um jardim de hortaliças, equipamentos de ginásticas, playgrounds e umque paraquático. O programa proposto tem como intenção levar uma utilização da comunidade local, entregando espaços de lazer e convívio. Investindo também nas áreas de uso para transporte não motorizados como o uso da bicicleta. Será mantido o caráter histórico da região, baseando o sistema de circulação em enc ontros de linhas érreas. f Fazendo com que as otas r se interliguem e tenham visualmente uma liguagem de infr aestrutura ferroviária. Playground
Ponto de Vista
Boulevard
Parque Aquático
Pontos positivos para a proposta projetual Ciclovia Ferroviária
Ponte
CAMINHOS
RESIDENCIAL Parques Caminhabilidade Jardim Playground
ESP AÇOS Integração Circulação Pedestre Bicicletas
CRIA TIVIDADE Boulevard Calçadão Espaço em Deck Fonte: Mecanoo (editada pelo autor)
CICLISTAS
PEDESTRES CIRCULAÇÃO ARBORIZAÇÃO
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DIRETRIZES PARA ESPAÇOS PÚBLICOS COM IGUALDADE DE GÊNERO É de grande relevância apresentar projetos urbanistícos, onde houve revitalizações pensando na perspectiva de gênero. Onde a idéia é entender as diferenças de interesses e necessidades entre os gêneros, considerando assim um planejamento baseado em avaliação e implantação de políticas públicas. Colaborando com a segurança e incentivando a utilização e permãnencia nesse espaço. Tornando um local um espaço de convívio.
1 -Viena Em 1996 um estudo em Viena, na Áustria, explorou por que havia mais meninos nos espaços públicos que meninas. Os estudos concluíram que meninos se sentiam mais seguros e as meninas geralmente ficavam de fora desta “competição” pelo espaço. Após o estudo em 1999 inicia-se um projeto pensando na perspectiva de Gênero, gerando usos para si próprio sem a necessidade de acontecer competições. Segundo o site The City Fix Brasil (2017) Nas últimas duas décadas, Viena realizou mais de 60 projetos-piloto – em transporte público, moradias e trilhas – para incorporar a igualdade de acesso para homens e mulheres no design. Hoje, a integração da perspectiva de gênero é fundamental para a estratégia de planejamento de Viena
2 - Parque bryant - new york O parque Bryant se localiza em Manhattan, e possui um método para avaliar a qualidade do espaço que seria medindo a quantidade de mulheres que utilizam o local. Todos os dias entre 1h00 e 6h00 da tarde, o guarda do parque caminha, sistematicamente, por ali e registra em dois contadores o número de mulheres e homens (Gehl e Svarre, 2018). No parque as mulheres ocupam 52% e homens 48%. Se a porcentagem de mulheres cair significa que a segurança do local piorou. Figura 75 - Planta do Baixio Viaduto eng. Andrade Pinto
Fonte: Entre Arquitetos (editada pelo autor)
3 - Varsóvia Sob o Programa de “Cidades Mais Seguras” da ONU-Hábitat, um projeto piloto de Auditoria de Segurança das Mulheres foi dirigido pelo escritório local de ONUHábitat de Varsóvia, Polônia em 25 de agosto de 2007. A auditoria foi composta por 8 mulheres do municipío de Varsóvia. A intenção era avaliar a segurança do local baseada na percepção feminina visto que um local seguro para ela seria um local seguro para todos.
54 Através das observações e estudos práticados no local concluíram que a maioria da iluminação adequada, sinalização e infraestrutura em bom estado estavam ao redor dos grandes edifícios e escritórios sendo claramente visível que no local existia uma valorização em segurança apenas nos comércios de condição privada, não sendo algo ruim visto que isso diminuíria, roubos e vandalismo, No entando mostrou que o desenho urbano visava tornar os edificios mais seguros para proteger a propriedade privada enquanto o uso coletivo de pessoas em viver em segurança era précário. Seria de grande importância os planejadores da cidade considerar medidas para o bem da comunidade e segurança pessoal. Como por exemplo: Iluminação, fachadas ativas, redução no tamanho das quadras, pontos de ônibus bem estruturados, calçadas conservadas.
como tornar cidades mais seguras? -Crie espaços dedicados para pedestres -ruas devem ser seguras para todos -Diminua a velocidade do trânsito -rede segura e conectada para os ciclistas -Utilizar dados para detectar áreas problemáticas
4 - Duas propostas à cidade de São Paulo Proposta 1: Comunicação – Centralização, acesso e transparência dos dados ETAPAS: Colher dados e características de violência contra a mulher na mobilidade urbana
sendo o objetivo final poder empoderar mulheres e garantir segurança para que denunciem abusos e violências
qualificar e caracterizar esses dados
conscientizar sobre o tema e registrar leituras mais qualitativas
Proposta 2: Qualidade do transporte público para as mulheres
Figura 76 - Projeto realizado pelo grupo colizão mobilidade urbana na perspectiva das mulheres
- humanização da infraestrutura dos terminais de transporte - aumentar a equidade de gênero - contribuir para o uso do transporte público - melhorar a acessibilidade e a inclusão - promover locais agradáveis para estar e transitar - melhorar a experiência das pessoas nos terminais - ampliação do número de bicicletários nas estações
Pontos positivos para a proposta projetual EDUCAÇÃO MEDIDOR DE QUALIDADE
ATRAVÉS DA QUANTIDADE DE MULHERES
FACHADA ATIVA CONEXÔES SEGURAS REDESENHO DOS PARQUES ILUMINAÇÃO ADEQUADA
Fonte: Práxis Socioambiental
PROPOSTA
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Somos investigadores da vida Urbana
Natália Garcia
A vida feminina no espaço público precisa ser ativa, convidativa e segura. Sendo assim a proposta projetual irá partir das idéais funcionais de duas grandes mulheres que se atreveram dentro do espaço urbano afim de oferecer um lugar seguro e ativo para todos, de um lado Jane Jacobs escritora e ativista politica nos mostra quais os critérios fundamentais para que um parque se torne ativo e funcional do outro Natália Garcia uma jornalista que se questionou sobre o uso ativo da cidade e hoje possui o projeto Cidade para pessoas se tornando de acordo com o site Draft (2017) uma das vozes mais respeitadas no Brasil quando se fala em transformar nossas cidades em lugares melhores para viver. Ela desenvolveu um método investigativo para a cidade que sua conslusão final será interpretar com o objetivo de que o espaço público se torne usual e com qualidade.
Jane defende, que para um parque urbano funcione ele não precisa apenas existir ele necessita de algo que traga vitalidade para seu entorno sendo assim ela defende os critérios a seguir: Praças e parques com vitalidade
Natália acredita no poder da investigação, e que para o problema seja solucionado é necessário primeiro descobrir de onde vem. Por este motivo ela defende seguir os seguintes passos para solucionar problemas na cidade: Errar
Sair, caminhar e buscar observar o que a cidade tem para mostrar Dependem de:
Ouvir Complexidade
Centro definido
Delimitação Espacial Insolação
Ouvir pessoas, ouvir quem usa o espaço e estiver no caminho
Examinar
Entendida como:
Procurar entender a lógica do local e sua organização Diversidade de Uso
Riqueza Espacial
Desenhar
Figura 77 - Pessoas utilizando um espaço público em conjunto O desenho nos convida a entender o traçado urbano
Dimensionar A partir da observação pode-se escolher metragens necessárias para orientar a gestão desse espaço
Interpretar
Com as descobertas na investigativa pode-se então solucionar e apresentar essa interpretação através de mapas, fotografias ou outras linguagens
Fonte - Croqui do Autor (2018)
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“Igualdade de gênero é importânte” Características do local após as observações e análises: Características
Características
POSITIVAS
NEGATIVAS Pouca iluminação para pedestre Presença majoritariamente masculina Falta de infraestrutura para caminhabilidade Ausência de espaços de convivência Ausência de espaços para bikes Valorização do uso privado do automóvel Utilização do transporte público Eventos na praça Arborização Bairro Centralizado Movimento Diversidade
Antes de buscar as soluções a pesquisa e as análises mostram as características principais do local sejam elas boas ou ruim. Características estas que transformam o espaço em um local de passagem e de pouca permanência, tornando assim um local com pouca vitalidade.
Presença de serviços públicos
Fonte: Acervo do autor (2018)
PROPOSTAS :
*Dimensionamento adequado nas calçadas e ruas *Acessibilidade * Priorização aos pedestres e ciclistas * Identidade do Local * Reparo de calçadas * Conforto Térmico * Valorização nas áreas verdes
Figura 78 - Local da intervenção
*Atividades culturais e coletivas * Espaço de convívio * Espaço para eventos * Incentivar ocupação em horários distintos * Diversidade de Usos * Criação de novos Mobiliários * Práticas de Esportes e Lazer * Incentivos a utilização ao transporte público (mapas, indicadores, sinalização) * Participação Social * Tecnologia
* Iluminação adequada e suficiente * Policiamento * Fachada Ativa * Conexões Seguras * Fornecer informações sobre assédio sexual * Sinalização coerente * Ativação posto policial * Medidor de segurança de acordo com a presença feminina
Locais específicos a serem intervidos e revitalizados: 1 2 3
Fonte: croqui do autor (2018)
1
Praça do Âncião
2
Parque urbano
3
Ativação de usos abaixo do viaduto
57
Obs. todos os croquis são de autoria do autor (2018).
1
Praça do Âncião
As soluções propostas na praça do Âncião será trazer vitalidade ao local com espaços caminháveis e fazendo com que as vias na proximidade permita que o pedestre e o ciclista sejam a prioridade no espaço público. Pensando nisto será feita a implantação de uma ciclovia que circundará a praça. O local também deverá receber diversidade de usos para que o coletivo e a permânencia de pessoas seja estimulada.
2
Parque urbano
As soluções propostas para o Parque Urbano será a implantação de espaços para estimular a permanência, diferente de hoje onde o local não conta com nenhum mobiliário ou espaço para sentar, conversar e permanecer. Pensando nisto será desenvolvido mobiliários que colaboram com a coletividade e ativação do espaço.
3
Ativação de usos abaixo do viaduto
As soluções propostas abaixo do viaduto será trazer usos coletivos. Unificando mobiliários, infraestrutura urbana e coletividade. O local receberá a implantação de árvores com o intuito de usa-las como barreira de proteção ja que seu entorno conta com duas vias movimentadas por automóveis. O objetivo é levar vitalidade e fazer com que as pessoas sintam vontade de usar e permanecer no local.
Lembrando que todos os locais que receberão intervenções, são locais poucos seguros para o corpo feminino, e tampouco usado por mulheres pensando nisto a segurança para elas será o estímulo principal para revitalizar o espaço, sendo assim o local irá ser medido a qualidade com a quantidade de mulher que permanece usando-o, será introduzido métodos para que as mesmas permaneça, como por exemplo com iluminação adequada, policiamento e usos coletivos.
59
PÚBLICO ALVO
O local será revitalizado partindo de uma perspectiva de gênero , então o foco será fazer com que corpos femininos se sintam seguros ao caminhar pelo espaço. A idéia é propor um local seguro para elas onde consequentemente será um lugar seguro para todos. Sendo assim o público alvo do projeto serão mulheres que caminha pelo local escolhido para revitalização. Fonte: Acervo fotográfico da autora, 2018
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COMO PROJETAR UM ESPAÇO PÚBLICO PENSANDO NA IGUALDADE DE GÊNERO? 1º ESCOLHA O LUGAR
2º ESTUDE O LUGAR, OBSERVE OS PONTOS NEGATIVOS E POSITIVOS. O QUE PODE MELHORAR? O QUE PODE PERMANECER?
3º OUÇA AS MULHERES DO LUGAR, QUESTIONE. FAÇA UMA PESQUISA
5º DECIDA COMO E ONDE SOLUCIONAR
4º ANALISE AS INFORMAÇÕES COLHIDAS BASEADA NA PERSPECTIVA FEMININA.
6º DESENVOLVA UM DESENHO URBANO QUE VALORIZA O USO DO PEDESTRE E MODAIS ATIVOS
8º PENSAR EM SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS E TECNOLOGICAS AFIM DE LEVAR SEGURANÇA E INTEGRAÇÃO ENTRE AS PESSOAS E O ESPAÇO
7º FALE SOBRE O PÚBLICO ALVO E APONTE AS DIRETRIZES PROJETUAIS
9º O LUGAR PRECISA SER SOCIAL. EXPERIMENTE PROPOR IDÉIAS QUE ENVOLVA EDUCAÇÃO, SEGURANÇA E CULTURA PARA O ESPAÇO E OFERECER A PREFEITURA DA SUA CIDADE.
Desenvolvido pela autora, 2019
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PROGRAMA DE NECESSIDADES Propor soluções sustentáveis e tecnologicas
Preservar vegetação da área
Manter a identidade do local
Melhorar iluminação pública
Introduzir novos mobiliários urbanos e usos com coletividade
Valorizar e incentivar o uso de bicicletas, pedestres e transporte coletivo
EIXO SOCIAL E EDUCAÇÃO
PRIORIZAR TRANSPORTE PÚBLICO
PRIORIZAR PEDESTRES, CICLISTAS CONTEMPLANDO A ACESSIBILIDADE UNIVERSAL IMPLEMENTAR O USO DA TECNOLOGIA ALIADA A SUSTENTABILIDADE
PROPOR ESPAÇOS DE LAZER
MOBILIÁRIOS E EQUIPAMENTOS
Readimensionar calçadas e vias
Propor soluções sustentáveis e tecnologicas
SOLUÇÕES implementar propostas sociais e educacionais afim de incentivar a segurança e permanência feminina, levando informação através de um programa social que será proposto para a prefeitura da cidade colocar em ação.
Redimensionamento das vias priorizando o espaço para o transporte público.
Orientar caminhos e acessos ao local e conexões com o entorno, priorizando o pedestre de forma que a acessibilidade seja universal e criando ciclovia afim de estimular o uso da bicileta.
Projetar um novo mobiliário de parada de ônibus com o uso de tecnologia de forma sustentável, uso de painéis eletrônicos onde os usuários do espaço possam opinar sobre o local. Criação de mobiliários inteligentes que gere energia ou faça captão de agua.
Espaços lúdicos de convívio, espaço para eventos e exercicios fisicos, local para prática de esportes.
Pista de skate, Playgronds, bancas de revistas, lanchonetes, bicicletário.
61
PROPOSTAS DE AÇÕES PÚBLICAS A SEREM IMPLANTADAS NO LOCAL
Será proposto um projeto do qual irá colaborar com a investigação e segurança do espaço. Como a idéia é projetar um espaço público pensando na igualdade de gênero, surge a decisão de incentivar órgãos públicos a observar o local preenchendo uma ficha que deverá ser utilizada duas vezes no mês em horários diferentes por um(a) agente de segurança cujo o objetivo é perceber a quantidade de mulheres permanecem no lugar, e como o espaço encontra em questões como caminhabilidade, permanência e segurança. O lugar precisa ser observado para que melhorias possam ser pensadas. Abaixo segue o modelo de ficha a ser preenchida. Dados do Profissional
Nome: Data: Horario: Local:
PERGUNTAS A partir das observações do profissional, o fluxo de pedestres no local está em qual grau de intensidade? Baixa Média Alta A partir das observações do profissional, a permanência de mulheres no local está em qual grau de intensidade? Baixa Média Alta
A partir das observações do profissional, o uso de bicicletas no local está em qual grau de intensidade? Baixa Média Alta
A partir das observações do profissional, foi presenciado algum tipo de assédio ou violencia contra alguma pessoa que utilizava o espaço público? Sim Não
O Lugar conta com um medidor de segurança onde os que frequentam respondem e deixam sua avaliação. Registre aqui os dados colhidos e qualquer observação a mais.
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Além desta ficha a ser proposta para órgãos públicos, o lugar precisa de ações que incentivem a educação e cultura por este motivo abaixo do viaduto será projetado um espaço para receber ocupações culturais, como bibliotecas ao ar livre, museu, sarau, teatro e qualquer evento que traga a socialização e integração das pessoas com o espaço. O lugar intervido receberá frases de apoio a mulheres que se sentirem intimidadas ou com medo, por este ser uma das maiores reclamações ouvidas na pesquisa realizada em campo. Abaixo segue idéias de artes a serem colocadas no espaço.
ESTE LUGAR FOI PROJETADO PENSANDO NA IGUALDADE DE GÊNERO! ASSÉDIO SEXUAL É CRIME (Lei 10.224/2001art. 216-A)
MULHER A CULPA NÃO É SUA! 85% das mulheres já tiveram seu corpo tocado sem sua permisão. (fonte:campanha Chega de fiufiu)
você não está sozinha. DENUNCIE!
afinal o que é assédio sexual?
é qualquer ato de prazer sem o consentimento do outro. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual Assédio sexual não envolve necessÁriamente algo físico,
"brincadeirinhas" sem consentimento também é considerado assédio sexual.
INISM #FE M
sua cantada nÃO É ELOGIO. #MEUCORPONÃOÉPÚBLICO
UM ESPAÇO SEGURO PARA ELAS SERÁ UM LUGAR SEGURO PARA TODOS!
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RESPEITE NOSSOS CORPOS! lugar de mulher é onde ela quiser
Obs: Todas as artes foram produzidas pela autora, 2019
PROPOSTAS SUSTENTÁVEIS E TECNOLÓGICAS Mobiliário urbano responsivo Mobiliário urbano responsivo (figura79) funciona por meio de um chip implantado nos mobiliários onde a pessoa através de um aplicativo ou site podem se inscrever selecionando as opções que tornariam sua experiência com o espaço público mais confortável quando elas se deslocam. Desta forma o sistema pode aumentar a intensidade da luz para as pessoas com baixa visão, emitir sons indicando locais, auxiliando cegos; possibilita aumento de tempo para atravessar o semáforo, e sendo um método universal pois emite sons na língua nativa do usuário.
Figura 79 : Sistema mobiliário urbano responsivo
Fonte: Ross Atkin Associates (2015)
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Compartilhamento de bicicletas O Brasil ja adotou esse método em varias cidades como, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Porto Alegre, Salvador. Segundo Mobilize (2018) o sistema BikeSampa (figura80) localizado na Região de São Paulo conta com 198 estações onde desde janeiro de 2018 foi percorrido 22 milhões de quilômetros com bicicletas evitando a emisão de 2,6 milhões de quilos de CO². O sistema funciona da seguinte maneira, o usuário faz um cadastro pos meio do site ou por um aplicativo escolhendo um plano que mais se adequa as suas condições, os valores dos planos são: diário, R$ 8; por três dias, R$ 15; mensal, R$ 20; e anual, R$ 160. O cadastro dará ao usuário o direito á um cartão onde com o aplicativo pode-se encontrar a estação mais próxima, as bicicletas poderão ser retiradas através do aplicativo, bilhete único ou cartão do usuário. Figura 80 : Sistema compartilhamento de bikes, BikeSampa
Fonte: Prefeitura de São Paulo (2018)
Mobiliário Inteligente Um mobiliário que permite várias configurações, através de meios sustentáveis. Podendo ser um módulo para iluminação, um abrigo para receber bicicletas, além de ser apenas um lugar para se sentar, que possa receber várias funções. Exemplo disto o WOODY SCORPIO (Figura81) , criado por David Karasek. Figura 81 : Banco para espaço público Woody Scorpio
Fonte: mmcite (2019)
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Um banco amadeirado com um painel solar que fornece energias aos pontos de carregamento e Wif-fi com alcante até de 100 metros, onde em suas pernas contém baterias fazendo com que ele seja usual até mesmo em dias nublados ou a noite, seu design recebe ainda um suporte para biciletas e um protetor de árvores. Mobiliários que oferecem placas fotovoltaicas para gerar energia pode servir de integração entre os ususários assim como mostra o exemplo do projeto Green Life (figura 82) que tem como intenção levar tecnologia e unir atividades individuais e comuns dentro de um contexto público com o objetivo de promover o estilo de vida urbana.
Figura 82 : Projeto Green Life
Fonte: designboom (2009) Totem Interativo (figura83) nos espaços públicos pode permitir ao pedestre que ele trace caminhos, acesse mapas e linhas de ônibus, auxiliando na locomoção e localização da pessoa. Podendo ainda deixar sua opinião sobre a caminhabilidade, segurança e acessibilidade do local. Onde pode ainda possuir uma placa solar para gerar energia e sistema Wifi/Bluetooth. Figura 83 : Totem interativo
Fonte: Senseable City Lab (2019)
O PROJETO
URBANISMO + IGUALDADE DE GÊNERO
Figura 92: Planta de implantação depois da proposta
LEGENDA Área Construída Vazio Área de Intervenção
V $
QWD
V
BAIXO VIADUTO
GD
A pauta abordada neste trabalho tem como ponto principal a igualdade de gênero nos espaços públicos por este motivo o local não poderá apenas sofrer uma requalificação urbana será de grande importância conter propostas com planos sociais, que giram entorno de transformar o lugar sociável e interativo para isso será possível introduzir no espaço cultura, educação, eventos, artes e dentre outros. Para que os planos sociais funcionem o espaço necessita ser requalificado com propostas urbanas melhorando os acessos, a iluminação, a caminhabilidade, os mobiliários urbanos, a acessibilidade, infraestrutura urbana e viária, entregando espaços de lazer que juntamento com propostas de plano de gestão farão que as próprias pessoas usuárias do lugar possam deixar suas verificações e opiniões por meio de mobiliários inteligentes locados no lugar , sendo necessário o órgão público estar presente no lugar questionando e buscando informações para que este lugar possa estar sempre se aperfeiçoando. Com esse caminho trilhado corpos femininos tendem a se sentir mais confortáveis no espaço público, pois será um local sociável e não excludente, um lugar seguro e não inseguro para seu caminhar.
PARQUE CENTRO
5LR
Figura 91: Planta de implantação antes da proposta
66
Plano Geral - Situação Atual esc:1/2000
Após o local ser estudado, observado e questionado o próximo passo será a requalificação que seguirá o seguinte caminho: PROPOSTAS PROJETUAIS PRAÇA ÂNCIÃO
Redimensionamento de calçadas e vias Arborização Lazer
REQUALIFICAÇÃO VIÁRIA
Espaços caminháveis
Plano Geral - Situação Proposta esc: 1/750
Iluminação Adequada Priorização para pedestres e ciclistas
PROPOSTAS PLANOS SOCIAIS
Fiscalização
Cultura Eventos Arte
PROPOSTAS PLANOS DE GESTÃO
Lazer Educação Informação
Pesquisas Colher e buscar Informações Descobrir Opiniões
URBANISMO + IGUALDADE DE GÊNERO
CRIAÇÃO DE MOBILIÁRIOS INTERATIVOS TRATAMENTO DE ILUMINAÇÃO
FEIRA SEMANAL AO AR LIVRE
BIBLIOTECA
ESPAÇOS CAMINHÁVEIS
CINEMA AO AR LIVRE VIAS ARBORIZADAS
REQUALIFICAÇÃO DAS CALÇADAS
BAIXO VIADUTO
PARQUE CENTRO
PRAÇA DO ÂNCIÃO
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Acervo dos Mobiliários Públicos utilizados
68
Totém Informativo Figura 99: mobiliário urbano
1.73
1.00
.51
Totém Informativo irá receber mapas direcionais ajudando na localização das pesso as. Será introduzido no aparelho testes onde os usuários do espaço público irão poder avaliar o local, em questões de segurança, espaços sociáveis de lazer e entre outros quesitos em que possam dar respostas se o local está sendo eciente no que foi proposto.
.66
Fonte: Acervo da autora (2019)
Poste de Iluminação Figura 100: mobiliário urbano
Película Fotovoltaicas Todo o espaço requalicado irá receber um trabalho de iluminação adequado pensando na segurança do pedestre. Com tratamento de iluminação a caminhabilidade feminina se torna mais segura e ativa, por este motivo a distância entre um poste e outro será inferior a 15m, onde a altura dos postes serão inferiores a 5metros, podendo assim fazer uma iluminação eciente no espaço. Tendo ainda placas fotovoltaicas colaborando Mobiliário Responsivo com a sustentabilidade e economia. Regula a intensidade da Luz pela necesidade do usuário com o app do celular Fonte: Acervo da autora (2019)
Lixeiras Recicláveis Figura 101: mobiliário urbano
Fonte: Acervo da autora (2019)
Mobiliários Públicos
69
Banco Figura 96: mobiliário urbano 2.00
Fonte: Acervo da autora (2019)
2.00
Lanchonete Figura 97: mobiliário urbano
Fonte: Acervo da autora (2019)
Quiosque Figura 98: mobiliário urbano
Fonte: Acervo da autora (2019)
1.00
.48
1.01
.84
2.00
Mobiliários Públicos
70
Bancos Interativos e Funcionais Figura 93: mobiliário urbano
Concreto
Espaço para cadeirante
Fonte: Acervo da autora (2019)
Lixeira
Figura 94: mobiliário urbano
Concreto Madeira ripada
Fonte: Acervo da autora (2019) Figura 95: mobiliário urbano
Madeira
Concreto
Fonte: Acervo da autora (2019)
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Projeto #UseBike
Estação tipo PP
Estação tipo M
Logo do Projeto
Estação tipo P O projeto UseBike foi distribuÍdo e dimensionado com o intuito de facilitar a locomoção das pessoas incentivando o uso de bicicletas. Haverá no entorno biciletários, três estações e pontos de recargas, podendo ser colocado também paraciclos em pontos de interesses na cidade. Para adquirir passes o usuário pode comprar através de um site que terá vários planos sendo eles diários, semanais, mensal e anual ou comprar nos locais geradores de viagem. As estações serão disponibilizadas em três tamanhos, estação tipo PP com 10 lugares, estação tipo P com 20 lugares e estação tipo M com 30 lugares. Os pontos geradores de viagem foram postos em locais que irão receber a requalicação, como abaixo do viaduto, na praça do âncião e no Parque Centro, o valor para utilizar as bikes em suas viagens custarão de 5,00 R$ á 100,00 R$.
Local de estação
Estação
Quantidade de espaço
Praça do Âncião
M
30
Baixo Viaduto
P
20
Parque Centro
PP
10
Ponto de Ônibus
PP
10
Pontos geradores de viagem
72
73
Corte AA
Corte CC
Corte BB
Corte DD
74
77
78
Proposta Abaixo Viaduto
79
A
Biblioteca baixo viaduto
Aço corten
Brises verticais
Concreto
Materialidade
Biblioteca baixo viaduto será um projeto desenvolvido afim de levar a leitura e o conhecimento. A região do qual está sendo requalificada recebe pessoas de outros bairros, por este motivo a idéia é fazer com que esses usuários do espaço possam ler e aprender sobre assuntos educacionais e sociais, como a igualdade de gênero no local. A biblioteca irá funcionar de Segunda a Sexta em horário comercial, os livros serão divididos entre os que são apenas de empréstimo e outros que estarão disponíveis como uma “troca” onde quem quiser pode está doando.
Vidro laminado
B
B
Planta Baixa O viaduto possuirá árvores circundando o espaço, com o intuito de que as pessoas que circulam no espaço se sentintam mais seguras em um local com bastante movimento de veículos, a idéia será implantar árvores de médio porte em toda sua extensão.
A
CORTE AA esc: 1/75
CORTE BB esc: 1/75
Vista Frontal
Vista fundo
A iluminação do viaduto será toda em Led com a luminária industrial EHT10-S.
Vista Superior Comportamento da Iluminação
80
81
82
83
Assim que comecei a ler e entender a importância do movimento feminista, descobrir um ciranda muito bonita e nela dizia assim: “Companheira me ajuda Que eu não posso andar só, Eu sozinha ando bem Mas com você ando melhor” Depois disso nunca mais a esqueci, a força desta ciranda é bem mais que possamos imaginar, nela deixa claro como aprendemos a andar sozinha, que por sinal aprendemos muito bem, mas é um passo importante quando percebemos que sozinha andamos bem mas que juntas andamos muito melhor, pois unimos forças para os próximos passos importantes em busca de igualdade. E assim vamos mostrando que juntas de nossas companheiras somos mais fortes.
AVANTE!
Urbanismo e Feminismo podem buscar juntos por uma sociedade equitativa! Isabela Almeida
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