O MÉTODO DAS CONJECTURAS E REFUTAÇÕES (FALSIFICACIONISMO)
CRÍTICA DE KARL POPPER À INDUÇÃO: Segundo Popper, a ciência não se baseia na indução. Popper nega que os cientistas começam com observações e inferem depois uma teoria geral. A indução não desempenha qualquer papel na construção de hipóteses, conjecturas ou teorias porque nenhum número de objectos de uma certa espécie permite estabelecer que todos os objectos dessa espécie terão as propriedades dos objectos observados. Se todos os cisnes observados num dado momento e num dado lugar são brancos, não podemos concluir necessariamente que todos os cisnes são brancos.
ETAPAS DO MÉTODO DAS CONJECTURAS E REFUTAÇÕES (FALSIFICACIONISMO):
1. FORMULAÇÃO DE UM PROBLEMA: OS PROBLEMAS SÃO O PONTO DE PARTIDA DA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA. NO ENTANTO, O PROBLEMA PODE TER RESULTADO DA OBSERVAÇÃO DE UM FENÓMENO.
EXEMPLO: “UM MÉDICO DO PASSADO TEM COMO PONTO DE PARTIDA DA SUA INVESTIGAÇÃO O PROBLEMA: QUAL É A CAUSA DO ESCORBUTO?”
2. FORMULAÇÃO DA TEORIA (HIPÓTESE OU CONJECTURA): O CIENTISTA DE MODO A RESOLVER O PROBLEMA PROPÕE, GRAÇAS À SUA CRIATIVIDADE E IMAGINAÇÃO UMA TEORIA (CONJECTURA, PALPITE).
EXEMPLO: O MÉDICO REPAROU QUE UM DOS SEUS PACIENTES QUE SOFRIA DE ESCORBUTO ESTÁ MELHOR E QUE ELE COMIA MUITA FRUTA, SOBRETUDO LARANJAS. COM BASE NESSES DADOS, O MÉDICO COLOCA A HIPÓTESE (conjectura) DE QUE O ESCORBUTO É PROVOCADO POR UMA ALIMENTAÇÃO POBRE EM FRUTA E PODE SER EVITADO COM A INGESTAÇÃO DE LARANJAS (vitamina c).
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3. TESTE DAS “PREVISÕES EMPÍRICAS” (CONSEQUÊNCIAS DEDUZIDAS) DA HIPÓTESE OU CONJECTURA: 1ª FASE – DEDUÇÃO DE PREVISÕES EMPÍRICAS DA TEORIA OU HIPÓTESE (CONJECTURA); 2ª FASE - Criar condições para observar se as previsões ocorrem: o que implica recorrer à EXPERIMENTAÇÃO (elaboração de dispositivos complexos que tornam a observação possível); Papel fundamental da observação. As hipóteses são enunciados universais e como tal não podem ser verificadas pois exigiria que se observassem todos os casos particulares passados presentes e futuros, o que é impossível. Não podemos mediante a observação e a experimentação mostrar que as nossas hipóteses são verdadeiras. A única coisa que, segundo Popper, podem os cientistas fazer é mostrar ou que são falsas ou que ainda não foi provada a sua falsidade. A atitude a adoptar perante uma hipótese ou teoria científica é esta: perguntar "Pode ser refutada?" e não "Pode ser verificada?". A estratégia da confirmação ou da verificação é substituída pela estratégia da refutação. Assim, a contrastação de uma hipótese consiste em submetê-la a testes cujo objectivo é refutá-la. E se não for refutada, se resistir à tentativa de a refutar ou "falsificar"? Não diremos, segundo Popper, que foi provada, mas sim "corroborada". Corroborar uma hipótese significa dizer isto: não conseguimos refutá-la (mostrar que é falsa), pelo que podemos aceitá-la provisoriamente (pode, no futuro, ser refutada). Devemos considerar todas as leis e teorias científicas como conjecturas que sobrevivem enquanto resistem aos testes destinados a refutá-las.
EXEMPLO: O MÉDICO TESTA A SUA HIPÓTESE ORDENANDO AOS SEUS DOENTES QUE COMESSEM LARANJAS
COM FREQUÊNCIA. SE OS CASOS DE ESCORBUTO NÃO DIMINUÍREM, A PREVISÃO TERÁ FRACASSADO, O QUE SIGNIFICA QUE A CONJECTURA NÃO É VERDADEIRA – FOI FALSIFICADA E SE A PREVISÃO SE REVELAR CORRECTA, ISSO NÃO COMPROVA NEM CONFIRMA A CONJECTURA DO MÉDICO, APENAS A CORROBORA – ACEITE COMO POSSIVELMENTE VERDADEIRA.A QUALQUER MOMENTO PODE OCORRER UM FACTO QUE A FALSIFIQUE.
OBJECÇÕES AO FALSIFICACIONISMO 1- Muitas vezes os cientistas trabalham sobretudo com o objectivo de confirmar as teorias e continuam a defendê-las mesmo quando as previsões empíricas delas deduzidas não ocorreram. „ 2- Não é fácil refutar conclusivamente uma teoria. Dado que as previsões empíricas são deduzidas de um vasto conjunto de hipóteses, se estas fracassarem podemos apenas concluir que pelo menos uma dessas hipóteses (que pode nem pertencer à teoria) é falsa.
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